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Psicologia Comunitária e a Psicologia social Aula 2 -2016.1-Histórico Profa. Lúcia Holanda 1 A Psicologia Social Não podemos esquecer de todo um movimento de questionamento crítico dentro da Psicologia como um todo , e da Psicologia Social em particular. Se fizermos uma avaliação da implementação da Psicologia Comunitária , no Brasil, poderemos identificar pelo menos três direções: A primeira como vida acadêmica ,universitária. A segunda , Movimento popular A terceira, a Implementação de programas que incorporam a Psicologia Comunitária, principalmente ligadas ao estado. 2 Caracterização e tendências na sua HISTÓRIA A psicologia desenvolveu-se por quase 2000 anos dentro da tradição filosófica e em parte médico religiosa mas é no final do século XIX e início do século XX que se acentua a relação desta com a área médica (anatomia, fisiologia, biologia) e as emergentes ciências sociais.[8] Segundo Paim [9] distintos movimentos de ideias influenciaram o campo social da saúde durante a emergência e o desenvolvimento do capitalismo que podem ser caracterizados como: Polícia Médica; Higiene; Medicina Social; Saúde Pública; Medicina Preventiva; Saúde Comunitária; Medicina Familiar; Promoção da Saúde; Saúde Coletiva. Esses movimentos ocorridos entre a segunda metade do século XVII e os nossos dias, podem ser caracterizados como vetores ideológicos, sociais, de ação política e produção de conhecimento 3 Movimento e ramificações na história O movimento ideológico da medicina e saúde comunitária é originário dos Estados Unidos na década de 60, como resposta às tensões sociais geradas pelos movimentos dos direitos civis e contra a segregação racial, compondo posteriormente certas políticas de combate a pobreza dos governos Kennedy e Johnson. Tratava-se da operacionalização do discurso da Medicina preventiva acrescentando conceitos estratégicos como participação da comunidade e regionalização, extensão dos cuidados (da atenção primária à saúde) às populações das periferias urbanas e rurais 4 Identidades com a Psiquiatria Na maioria dos movimentos acima enunciados identifica-se uma tendência e modo particular de ação da psiquiatria e proposições de intervenção no social através da classificação de inteligência e concepções da psicopatologia e proposições de tratamento em saúde mental. Nessa perspectiva observe-se a importância que Caplan [10] ao pronunciamento oficial do Presidente Kennedy ao congresso americano em 1963 sobre a prevenção tratamento e reabilitação dos enfermos e retardados mentais enquanto problemas de responsabilidade comunitária. 5 Marco da década de 80 Segundo Donnangelo e Pereira [11] a medicina comunitária é parte de extensão da prática médica e os determinantes desta extensão na sociedade de classes, constituem o referencial mais amplo para compreensão dessa forma particular assumida pela prática médica onde a pobreza é objeto da intervenção em saúde e se passou a requerer o uso do trabalho auxiliar de outras categorias profissionais. Inclusive em Cuba houve a criação do técnico de nível médio em psicologia. [12] A psicologia comunitária da década de 80 que tem como marco o I Seminário Internacional de Psicología en la Comunidad [13] realizado em Havana, 1981 e a análise das transformações do tratamento psicológico e psiquiátrico advindos das revoluções socialistas em especial os serviços de saúde mental cubanos [14] 6 Movimento no Brasil No Encontro Mineiro de Psicologia Comunitária de 1988, descrito por Lane [15] houve uma ênfase dada às técnicas de dinâmica de grupo e conhecimento da realidade para auto-reflexão e ação conjunta organizada exemplificando com o trabalho realizado por Elizabeth Bomfim e Marília N. da Mata na favela de Vila Acaba Mundo em Belo Horizonte (MG) onde sintetizou o trabalho de seu grupo com a afirmação da existência de uma relação estreita entre saúde e condições de vida, cabendo ao psicólogo atuar no sentido de que as condições de vida e modo de vida precisam ser dominados para que haja autonomia de sujeito para exercer sua saúde. Paim [16] analisando os enfoques da medicina comunitária também refere-se à proposição mineira do entendimento de que a população deve compreender a sua capacidade de pressão para obter benefícios coletivos. 7 Psicologia Comunitária Aplicada a Saúde O modelo biomédico, tanto como o modelo “biopsicossocial” compartilham dos pressupostos do grande paradigma da atualidade de “cientificidade”. O conceito distorcido de saúde e o caráter impositivo e normatizador da visão cientifica têm resultado numa progressiva medicalização da vida cotidiana. Embora os denominados comportamentos ou ambientes de risco sejam uma realidade, em conseqüência dessa visão prepotente dos profissionais de serem “donos da verdade”, o método intervencionista tem sido geralmente a o diferencial no que os “técnicos científicos” acreditam ser “práticas saudáveis”. 8 Psicologia Comunitária Aplicada a Saúde Realmente, o modelo se apresenta de forma totalmente funcional às necessidades do sistema sócio-econômico atual. Isso acontece não apenas no que se refere aos interesses econômicos que vêem no modelo uma das melhores fontes de lucro no mercado de consumo de medicamentos (Barros, 1995 apud:...; Velásquez, 1986 apud:...), também no campo das ideias, já que este reforça a visão individual e parcelada dos fatos sociais. 9 Psicologia Comunitária Aplicada a Saúde É assim que, decorrente desse acentuado individualismo e antropocentrismo do sistema, condiciona-se uma visão fora do contexto dos comportamentos humanos, focalizando a responsabilidade das doenças e sofrimentos nos indivíduos, tanto em seus estilos de vida considerados como inadequados quanto nos denominados aspectos “mórbidos” da personalidade [17] O pensamento individual vai também dificultar substancialmente as possibilidades de trabalho em equipe, ficando a relevância do trabalho interdisciplinar na saúde, normalmente restrita ao discurso ou ao papel. 10 Conclusão Em resumo, médicos, enfermeiras, assistentes sociais, psicólogos, fisioterapeutas, nutricionistas deveriam ter oportunidade de compartilhar, desde os primórdios acadêmicos, "um espaço permanente de encontro baseado numa concepção sistêmica ecológica" [18] da vida humana. Este espaço teria como objetivo a geração de uma nova estrutura comum para lidar com o processo saúde-doença numa perspectiva interdisciplinar. 11 Termos e relação conceitual Comunidade Psicologia social Psicologia cultural-histórica Medicina comunitária Psiquiatria comunitária Ideologia Revolução Lutas e revoluções no Brasil Guerra de Canudos Crime organizado Etnicidade Mudança social Questão social Serviço social SUAS 12 Bibliografia 1. BENDER, M.P.(1978) Psicologia na Comunidade. Rio de Janeiro: Zahar. 2. ESCOVAR, L.A.(1977) El Psicólogo Social y el Desarollo. Psicologia. .(1979) Análisis comparada de dos modelos de câmbio social em la comunidad. AVEPSO Boletim, 2, 1979. 3. BERENGER, M.E.(1982) A Psicologia Em Instituições de Assistência Social. Relato de uma experiência. Dissertação de Mestrado. Rio de Janeiro: PUC. 4. BOMFIM, E. M.(1990) Psicologia Comunitária no Brasil.Reflexões históricas, teóricas e práticas. Anais do III Simpósio Brasileiro de Pesquisa e Intercâmbio Científico. Águas de São Pedro, São Paulo: ANPEPP. 5. Fichter, J. H. Definições para uso didático in: Fernades, Florestan. Comunidade e Sociedade: leitura sobre problemas conceituais, metodológicos e de aplicação. SP, Ed Nacional, EDUSP, 1973 13 Bibliografia 6. Sawaia, Bader B. Comunidade: a apropriação científica de um conceito tão antigo quanto a humanidade. in: Campos, Regina H. F. (org.) Psicologia social comunitária: da solidariedade à autonomia. Petrópolis, RJ, Vozes, 2008 7.VASCONCELOS, Eduardo M. O que é psicologia comunitária. SP, Brasiliense, 1989 8.Rosenfeld, Anatol. O pensamento psicológico. SP, Perspectiva, 2006 9. Paim, Jairnilson S. Desafios para saúde coletiva no século XXI. Ba, EDUFBA, 2006 10. Caplan, Gerald. Princípios de psiquiatria preventiva. RJ, Zahar, 1980 11.Donnangelo, Maria Cecília F.; e Pereira, Luiz. Saúde e Sociedade. SP, Duas Cidades, 1979 12. González, Jorge D. Formacion y funciones Del técnico médio em psicologia. Cadernos PUC n. 11 Psicologia, SP, EDUC, Cortez Editora 14 Bibliografia 13. I Seminario Internacional de Psicología en la Comunidad (Cuba). Revista Latinoamericana de Psicología, año/vol. 13, número 002 14. Averasturi, Lourdes Garcia La psicologia de la salud em Cuba. situación actual y perspectivas. Cadernos PUC n. 11 Psicologia, SP, EDUC, Cortez Editora 15. Lane, Silvia T.M. Histórico e funtamento da psicologia comunitária no Brasil, in: Campos, Regina H.F. (org.) Psicologia social comunitária, da solidariedade à autonomia. RJ, Vozes, 2008 16.Paim, Jairnilson S. Saúde Crises e reformas. Ba, Centro Editorial e Didático da UFBA, 1986 17. Sarafino, E.P. Health Psychology. Biopsychosocial Interactions. New York: John Wiley & Sons, 1994). apud: TRAVERSO-YÉPEZ Martha. A interface psicologia social e saúde: perspectivas e desafios. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 6, n. 2, p. 49-56, jul./dez. 2001 18. TRAVERSO-YÉPEZ Martha. A interface psicologia social e saúde: perspectivas e desafios. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 6, n. 2, p. 49-56, jul./dez. 2001 Scielo Nov. 2011 15
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