DIREITO E CIDADANIA

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DIREITO E CIDADANIA
Princípio é considerado fonte da lei, um postulado, uma orientação ou informação a disposição para se atingir o conhecimento. Os princípios fundamentais assumem postura de norma jurídica, portanto o constituinte brasileiro resolveu pela sua inclusão de modo explícito na CF. Tais princípios encontram-se no art. 1º da Constituição.
1º Princípio Republicano: Está no texto constitucional para demonstrar que a forma de governo é a república, que significa coisa pública e, por esta razão contrasta com o domínio exercido pelos particulares sobre os seus bens privados. Desse modo, se o que é de todos, não pertence a ninguém, para garantir a eficaz atuação do governante, em benefício da coletividade, é preciso adotar algumas características nessa forma de governar.
Características:
1ª Responsabilidade: Isto é, exigir do governante e de seus agentes, probidade administrativa, seriedade na gestão da coisa pública, com a devida prestação de contas. É sabido que somente mais recente na história da civilização que isso passou a ser cobrado, uma vez que no passado o rei ou tirano acreditava que recebeu o poder absoluto e político de Deus e, portanto só devia prestar contas a Ele. Foi nessa ocasião em que se consagrou a teoria da irresponsabilidade do Estado, que perdurou até meados do século XIX. A partir de então o entendimento da responsabilidade do Estado, desde que o particular provasse a ocorrência de dolo ou culpa, por parte do agente estatal, surgindo assim a teoria da Responsabilidade com culpa.
2ª Eletividade: Uma vez que a coisa é pública, torna-se necessário e indispensável que a conduta do governante seja avaliada após certo lapso de tempo e, as eleições periódicas precedidas pelas campanhas eleitorais se prestam a formar o convencimento do eleitor.
3ª Provisoriedade dos mandatos: Constituem-se na limitação temporal no exercício do cargo eletivo, hoje limitado a quatro anos.
2º Princípio – Federativo: Para demonstrar que o Brasil adota como forma de Estado a Federação, que vem do latim “folderis” que significa união, pacto com aliança, portanto pela forma federativa os Estados membros ou províncias possuem autonomia política para administrar e também para legislar em alguns assuntos, com tudo jamais deixarão de observar preceitos de uma lei maior, que é a CF. Assim, Confederação em outro significado, onde os Estados membros mantêm poder político isolado e o exercem em grau máximo, decidindo todas as questões internas sem qualquer interferência externa, uma vez que agem com total soberania.
3º Estado Democrático de Direito: A expressão “democrático” foi acrescentado na CF de 1988 para deixar claro que a Carta maior não foi outorgada por nenhuma autoridade civil ou militar, ainda que consagrasse princípios democráticos, mas ocorreu de livre manifestação do próprio povo, os quais exercitaram os seus direitos de participação e comunicação. O Estado Democrático também foi fortalecido por vivermos quase duas décadas (1964 – 1965) em um regime militar autoritário, onde tanto valor do Estado de Direito e da democracia, foram absolutamente desprezados.
Soberania: É a capacidade de a pessoa política decidir a respeito de questões próprias sem a interferência de outro Estado. Significa que o poder do Estado é o mais alto existente dentro do próprio Estado. Dentro do nosso país não se admite força outra que não a dos poderes juridicamente constituídos, não podendo qualquer agente estranho a Nação, interferir nos seus negócios. 
A soberania interna, quer dizer que o poder do Estado, através de normas e leis é o que predomina e não pode ser limitado por nenhum outro poder. 
Pela soberania externa, o Brasil em suas relações recíprocas com outros Estados não guarda nenhuma subordinação nem dependência, mas igualdade e, o que se refere a tratados internacionais o que o Brasil procura é traçar diretrizes para uma convivência pacífica e para uma colaboração permanente entre os Estados.
Dignidade da Pessoa Humana: Está ligada ao cristianismo, uma vez que o homem foi criado a imagem e semelhança de Deus, dotado de livre arbítrio. Tal princípio é o fundamento maior do Estado brasileiro.
Valores sociais do trabalho e da livre iniciativa: A CF contempla valor social ao trabalho humano, uma vez que este não pode ser assumido friamente como mero fator produtivo, mas como fonte de realização moral, material e espiritual do trabalhador.
Pluralismo político: Permite existir no país centros coletivos dotados de multiplicidades de ideologias onde cada pessoa tem a liberdade de participar de um grupo que pratica a mesma ideologia, podendo ainda rivalizar-se com outros grupos, assim como discordar da ideologia praticada pelo representante do governo.
PRINCÍPIOS CONTITUCIONAIS
Cidadania: Representa o exercício do direito político ativo, elegendo representantes para o parlamento ou ao poder executivo das 3 esferas. Ela impõe um rol de direitos, mas também de responsabilidades e deveres. A partir da CF de 88, a cidadania passou a ter duas realidades distintas.
Em sentido estrito, representa o direito de eleger seus representantes;
Em sentido amplo, significa vincular ao Estado a obrigação de destinar aos indivíduos um rol de direitos sociais, tais como a liberdade, a igualdade, a vida, a educação, a saúde, ao trabalho, enfim, todos os direitos de caráter prestacional. 
Exercer a cidadania de forma plena e ter direitos civis, políticos e sociais e, desse modo o art. 1º da CF materializa a relação do Estado com a sociedade.
Mesmo assegurado tais direitos, o Estado brasileiro se preocupa em garantir cidadania e vida digna quando também subscrevem tratados ou convenções internacionais, respeitando o conteúdo de vários princípios, como por exemplo, o da prevalência dos direitos humanos, razão pela qual o Brasil aderiu ao pacto São José da Costa Rica de 1969, quando países americanos promulgaram a convenção americana sobre os direitos humanos, ratificada pelo estado brasileiro em 1992. 
Teoria dos Direitos Fundamentais: (Título II da CF). A doutrina e o direito positivo brasileiro, regra geral define direitos fundamentais como sendo expressões sinônimas e equivalentes a direitos humanos, direito do homem, direitos individuais e direitos públicos subjetivos. Entretanto é possível descobrir distinções. Nestes, a expressão é utilizada nos tratados e convenções internacionais. Naqueles, a expressão é usada em específicos sistemas normativos constitucionais.
Há 3 indagações:
Os direitos humanos podem se transformar em direitos fundamentais? (Sim, desde que o ordenamento jurídico do país implante a norma internacional sobre direitos humanos, incorporando-a ao sistema nacional.)
No Brasil por meio de quais institutos jurídicos e como se dá o procedimento de incorporação? (Por meio de ratificação exigindo-se do Congresso Nacional que decida em cada Casa em 2 turnos, por 3/5 dos votos dos respectivos membros, após confirmação, exige-se a manifestação do Presidente da República, mediante DECRETO DE PROMULGAÇÃO (publicar oficialmente).
Uma vez incorporados no sistema normativo brasileiro os tratados e convenções posicionam-se em parte das hierarquias das leis? (Posiciona-se pelo mesmo plano que as leis ordinárias, porque os atos internacionais não dispõem de primazia hierárquica sobre as normas de direito interno. Art. 49, I – CF).
DIREITOS FUNDAMENTAIS
Direitos individuais,
Direitos sociais,
Da nacionalidade,
Direitos políticos,
Dos partidos políticos.
Direitos: São direitos materiais, vida, liberdade, propriedade, etc.
Garantias: São os instrumentos para garantir a efetividade dos direitos individuais. Ex: mandado de segurança, habeas corpus, direito de petição, ação popular, habeas data, etc.
OBS: Se houvesse apenas o conjunto de direitos fundamentais, sem as respectivas garantias, pouca efetividade teria.
Direitos individuais: São espécies de direitos fundamentais, inseridos na CF, no artigo 5º e seus incisos,elencando direitos e garantias aos brasileiros e estrangeiros residentes no país. 
Se a CF defende brasileiros e residentes no país, como fica a situação de estrangeiros não residentes ou até mesmo de turistas? (Não há nenhuma limitação aos não residentes, referente a vida, a liberdade, a propriedade, trata-se de uma norma internacional já incorporada ao ordenamento jurídico brasileiro e, apesar desse reconhecimento, devemos consignar que há algumas exceções, quando tratamos dos direitos políticos exercitáveis exclusivamente dos brasileiros natos e naturalizados.
Gerações dos direitos fundamentais e seus caracteres: A evolução dos direitos fundamentais foi o resultado de novas conquistas de proteção a dignidade humana a partir da Rev. Francesa, as quais foram sendo reconhecidas pelos ordenamentos jurídicos de cada país. Essas evoluções foram classificas em gerações e dimensões, dentro de um processo evolutivo e cumulativo de direitos, antepondo-se as agressões variadas a dignidade do ser humano. (ex: escravidão, tortura, imposição religiosa e a miséria.)
D.H de 1ª geração: São chamados de direitos civis e políticos negativos, porque exige do Estado sua abstenção, que foi universalizada a partir da Rev. Francesa e que ao longo da história encontrou muitos problemas relacionados como arbítrios governamentais. São negativos porque tendem a evitar a intervenção do Estado da liberdade individual, caracterizando-se com uma atitude negativa por parte dos direitos públicos.
D.H de 2ª geração: Surgiram no final do século XIX com o impacto da industrialização, gerando amplos movimentos reinvidicatórios e o reconhecimento progressivo de direitos, atribuindo ao Estado um comportamento de presença ativa na realização da justiça social. Essa geração é constituída pelos direitos econômicos, sociais e culturais, com o fim de obrigar o Estado a satisfazer as necessidades de coletividade, compreendendo o direito ao trabalho, a saúde, a habitação, o lazer, a educação, assim como de proporcionar o bem estar da sociedade.
D.H de 3ª geração: São determinados direitos de solidariedade / fraternidade, desenvolvidos no século XX, compondo os direitos que pertencem a todos os indivíduos, com um interesse difuso, que tende a proteger os grupos humanos. Ex: direito a paz, a auto determinação dos povos (vontade), meio ambiente, qualidade de vida, conservação do patrimônio histórico cultural.
Tem por fim proporcionar bem estar a toda coletividade de forma difusa, como por exemplo: qualidade de vida e meio ambiente.
D.H e 4ª e 5ª geração: Surgiram na última década em razão do grau avançado de desenvolvimento tecnológico da humanidade, os quais ainda não se concretizaram por completo, uma vez que ainda se encontram no campo da pretensão de direitos. 
No caso dos direitos de 4ª geração, a doutrina vem se evoluindo em defesa das minorias que de pouco em pouco estão almejando direitos e conquistando espaços na sociedade. 
Com relação aos direitos de 5ª geração, pretende-se aperfeiçoar os direitos à democracia pendentes a obter uma amplitude de direitos em favor da população.
Ambos os direitos ainda estão em construção pela doutrina, havendo também muitos opositores.
DIREITO À VIDA
Tem por fim proteger direitos sempre ameaçados por outras pessoas, e que a CF tem intenção de preservar, tais como a intimidade, a vida privada, a honra, a imagem, consciência de crença, domicílio e a correspondência.
Não podemos confundir inviolabilidade (diz respeito a tutela ou proteção do valor da vida, contra a ação ou omissão de terceiros) com indisponibilidade (não permitir ao próprio titular abrir mão ou renunciar ao direito constitucionalmente protegido, o qual não tem autonomia de vontade para renunciar à vida. Esta é um bem indisponível e um direito inviolável. Ex: pacientes que se recusam a submeter-se a transfusões de sangue por convicções religosas.)
A pena de morte no Brasil, nesse sentido o direito à vida tem caráter absoluto ou relativo? (Em regra, não temos a pena de morte, mas em caso de guerra, sim. Para defender a soberania nacional, ela é permitida na guerra. Para a CF, a vida tem caráter relativo, por causa da exceção a regra da pena de morte. Para demonstrar que havendo conflito entre o direito à vida e a sobrevivência do Estado, afasta-se aquele em prol da manutenção do Estado brasileiro, para livrá-lo de agressão estrangeira, protegendo a vida dos integrantes da sociedade política.)
DIREITO À VIDA E ABORTO
O ordenamento jurídico prevê o aborto como figura típica no CP, no entanto fez ressalvas apenas nas hipóteses de aborto necessário, quando não há outro meio de salvar a vida da gestante, ou no caso de gravidez resultante de estupro. Dessa forma, via de regra, o CP protege o direito a vida intra uterina. A interrupção terapêutica de feto anencéfalo não está contemplada no CP, contudo, a solução para a interrupção da gravidez deve ser encontrada na análise do direito à vida, do princípio fundamental da dignidade da pessoa humana.
É justo deixar a mulher prosseguir com a gravidez, sabendo da severa anomalia do seu feto? (Dentro dessa linha de raciocínio, o plenário do STF em abril de 2012 concluiu que não tipifica crime quando a mulher decide pela antecipação do parto em caso de gravidez de feto anencéfalo.)
DIREITO À VIDA E A EUTANÁSIA
A CF ao garantir o direito à vida impede que terceiros, ainda que movidos por sentimentos altruísticos, promovam a sua interrupção como se sucede a eutanásia.
O CP brasileiro não consente a eutanásia e atualmente, o assunto tem opiniões divergentes entre a ciência médica e os ideais do cristianismo. 
Os ideais do cristianismo surgiram depois do judaísmo, como religião, que nos deixou herança hebraica, na época do judaísmo, o povo hebreu colocava a vida em um segundo plano, onde filhos indesejados eram rejeitados e o médico desvirtuava de sua vocação ao prolongar a vida de quem estava com moléstia incurável. Por fim, o suicídio era gesto nobre de quem desejasse abandonar a vida atribulada. 
EUTANÁSIA é diferente de DISTANÁSIA e ORTOTANÁSIA
Eutanásia: É a interrupção do direito à vida.
Distanásia: é o prolongamento da vida do paciente, mediante recursos e métodos terapêuticos e de reanimação. (BRASIL)*
Ortotanásia: Compreende a morte natural que sobrevêm à interrupção de tratamento terapêutico em hipóteses cuja continuidade seria inútil, em se tratando de quadro clínico irreversível. Os únicos medicamentos que se ministram é para aliviar dores e outros sintomas incômodos. 
DIREITO À VIDA E PESQUISAS COM CÉLULA TRONCO
Em sua decisão, o STF declarou a constitucionalidade do artigo 5º sobre o fundamento que a norma concretiza valores protegidos pelo sistema constitucional brasileiro, destacando a dignidade da pessoa humana.