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Laboratório de Geociências Geologia II 1 LABORATÓRIO DE GEOCIÊNCIAS GEOLOGIA II Profª . Drª Maria Judite Garcia Profª MSc. Elza de Fátima Bedani Laboratório de Geociências Geologia II 2 I - GENERALIDADES 1- Definição: A Geologia (Geo = terra; logia = estudo) é a ciência que estuda a terra, desde sua formação, constituição, assim como as alterações endógenas e exógenas que a modelam. 2- O Universo: O surgimento do Universo se deu através de uma grande explosão conhecida como o Big Bang (Big = grande; Bang = explosão). A teoria do Big Bang foi proposta pelos especialistas da Nasa que através de telescópios sofisticados (Huble) comprovaram que as galáxias estão se afastando da terra. As galáxias mais distantes afastam-se da terra numa velocidade de 90 milhões de milhas por hora. Através dessa comprovação e do satélite Cobe, os cientistas calcularam num processo de retrocesso o período em que essas galáxias encontravam-se unidas num núcleo extremamente compacto até o “Instante zero”, quando ocorreu a explosão, onde toda a matéria estava acumulada, criando um sistema de densidade infinita. A densidade média da matéria do universo era cerca de 2 vezes maior do que a atual onde ocorriam conduções de energia e de radiação. Provavelmente a condução dessas partículas elementares e da radiação, juntamente com a densidade tornaram este pequeno aglomerado de matéria uma “bomba”. Ocorreu então a grande explosão, “Big Bang”, originando as estrelas, galáxias, quasares, buracos negros, planetas enfim, todos os componentes do universo. A carga energética era tão intensa a ponto de fazer os limites do Cosmo se expandirem para o dobro da distância a cada bilionésimo de segundo. Como pode-se perceber, essas condições acarretaram na formação de elementos livres, a partir do hidrogênio (H) e hélio (He), os elementos químicos mais pesados devem ter se formado mais tarde no interior das diversas estrelas, como produtos resultantes da geração de energia. O Universo, atualmente, encontra-se em expansão, sugerindo que, deve ter sido bem menor no passado. No entanto, não se sabe se a velocidade da expansão aumenta com o passar do tempo, fornecendo uma idade maior ao Universo. O fato de o universo estar em expansão gerou três subdivisões teóricas: a - a teoria em que “a expansão irá continuar e não tenderá a parar, permanecendo a expansão”. b - a teoria em que “ao cessar a carga de energia que originou a explosão, cessará a expansão”. c - a teoria onde “a expansão executa uma trajetória elipsóide e que posteriormente as galáxias irão se juntar novamente numa massa única, quando então originará uma nova explosão, o Big Crunch”. 3- A Terra e o Sistema Solar A terra é um pequeno corpo opaco, pertence ao grupo de planetas que giram em torno do sol. O conjunto do sol e planetas a ele ligados pela gravidade, constituem o Sistema Solar, que é um fragmento da galáxia a “Via Láctea”. O sistema solar encontra-se em um dos braços da espiral que compõem a Via Láctea e esta, possui um núcleo central formado por estrelas jovens. O nosso Sol é uma estrela de média grandeza, encontra-se formando He pela queima de H, há cerca de 4,6 bilhões de anos, antes de evoluir para a fase de gigante vermelha, anã branca e finalmente tornar-se uma anã negra. Os planetas podem ser classificados em internos (ou terrestre ou ainda telúricos) e externos (ou jovianos). Os planetas internos possuem massa pequena e densidade média semelhante à da Terra, enquanto que os planetas externos possuem massa grande e densidade média próxima à do Sol; os incontáveis corpos de dimensões menores, que orbitam no cinturão de asteróides, apresentam características variáveis, porém mais assemelhadas àquelas dos planetas internos. Os planetas internos possuem poucos satélites e atmosferas finas e rarefeitas. Já os planetas externos possuem normalmente mais satélites e suas atmosferas são muito espessas e de composição muito parecida ã do Sol, com predominância de H e He. Laboratório de Geociências Geologia II 3 A representação esquemática do sistema solar encontra-se ilustrado na figura 1. Figura 1: Esquema do sistema solar. No passado os teólogos e os filósofos defendiam a Teoria do Geocentrismo, fundamentando-se na terra como um centro do Universo, onde os demais planetas e estrelas giravam em torno desta. Durante muitos anos prevaleceu esta teoria, até que surgiu a Teoria do Heliocentrismo, onde o sol era o centro do Universo e demais planetas giravam em torno dele. Atualmente sabemos que o Sol não é o centro do Universo, que somos apenas uma das galáxias que o constitui. Terra ou Gaia (“mãe – terra”, na mitologia grega) como foi formada? Ou melhor, como os demais planetas surgiram após a grande explosão? Para melhor explicar se a formação do sistema solar surgiu várias hipóteses, as mais conhecidas são: · “Hipótese da Nebulosa Primitiva” · “Hipótese Dualista I” · “Hipótese Dualista II” ou “Teoria das Marés” · Retomada da Hipótese da Nebulosa Primitiva · Hipótese da Nebulosa Massiva · Hipótese da Nebulosa da Massa mínima 3.1-Hipótese da Nebulosa Primitiva Propõe que uma gigantesca nebulosa primitiva em espiral (formada de gás e poeira interestrelar) que sob o efeito da atração gravitacional cada vez mais forte, impulsionou as partículas da nebulosa para o centro, condensando-a e diminuindo seu tamanho. Com isto provocou a aceleração da rotação, que atraiu um número maior de partículas, provocando a cristalização da nebulosa com elevada temperatura, denominando-se esta nebulosa de Proto-Sol. Este movimento favoreceu o desprendimento de anéis que por continuarem atraídos pelo movimento do Proto-Sol e da gravidade adquiriram o formato arredondado como são os planetas. Esta hipótese explica as órbitas circulares de todos os planetas, num mesmo sentido, embora o movimento de rotação tivesse que ser menor e em sentido contrário. 3.2- Hipótese Dualista I - Buffon (1749) Um cometa teria passado perto do Sol arrastando de sua superfície uma série de materiais, que se condensaram nos planetas. Laboratório de Geociências Geologia II 4 3.3- Hipótese Dualista II - “Marés” Em 1900, Moulton e o Geólogo Chamberlain, retomaram a hipótese de substituírem o cometa por uma estrela. Assim uma estrela passou próximo ao Sol e produziu na superfície do sol e da estrela uma atração gravitacional levando à formação de jorros de gás ou flechas; algumas dessas flechas escaparam originando os planetésimos, que depois se uniram formando os planetas. Essa hipótese tem novo fundamento, onde Jeans e Jeffreys sugeriram que não saíram jorros de gás e sim de uma erupção de matéria, que após o resfriamento separou-se em planetas. Invalidada: pelo fato dos planetas apresentarem uma grande distância entre eles. 3.4- Retomada da Nebulosa Primitiva ou Turbulência (1944) Von Weizäacker e Teer Haar retomaram a hipótese Nebulosa Primitiva, o sol já existia e uma nuvem de poeira interestrelar instalou-se próximo a ele e começou a mover-se como um disco que se estendia até a órbita de Plutão. No interior as partículasgiravam segundo órbitas elíptica que por diferença de velocidade formam-se os torvelinhos. Esses torvelinhos começaram a rodar em órbitas concêntricas, no interior dos contratorvelinhos (torvelinhos com sentido contrário) se condensam até originar os diversos planetas. 3.5- Hipótese da Nebulosa Massiva Esta nebulosa teria densidade maior que a anterior, sofrendo a ação do mecanismo solar e num processo de freamento arremessaria partes desta nebulosa a distâncias grandes formando os planetas. 3.6- Hipótese da Nebulosa da Massa Mínima Alguns autores supõem que a massa da nebulosa era mínima, seriam alguns centésimos da massa solar. Que através do movimento de rotação do sol atrairia várias nebulosas formando os planetésimos e os planetas. II - A HISTÓRIA PRÉ - GEOLÓGICA DA TERRA Mesmo que o mecanismo de individualização inicial do planeta Terra seja hipotético, existem fatores importantes que se encontram na raiz de toda a sua história e de sua dinâmica posterior, como no caso da quantidade de massa que se encontra acumulada e que criou o campo gravitacional condicionando a pressão interna. A natureza e a composição desta massa e o calor interno que em sua maior parte procede da evolução da energia que é libertada na desintegração de isótopos radioativos que não desapareceram desde a formação do planeta. Esta quantidade e qualidade da massa do planeta condicionaram e seguem condicionando todos os fenômenos geológicos. As idades mais altas das rochas terrestres encontradas na superfície e estão em torno de 4,6 bilhões de anos (4,6 G.a.) e não são representantes dos materiais formados durante os primeiros milhões de anos da história do planeta. Provavelmente os materiais mais antigos tenham desaparecido, servindo como matérias primas para a formação das rochas conhecidas atualmente como mais antigas, levando em conta a reconstrução a que estão submetidos os materiais terrestres durante os processos geológicos, a probabilidade de encontrar materiais muito antigos é tanto menor quanto maior a sua idade. De qualquer forma os primeiros 1 - 1,5 bilhões de anos = G.a. da história Pré - Geológica são uma incógnita, por ser impossível de desvendar. No entanto tem-se calculado que o calor gerado pelos impactos iniciais das partículas seria suficiente para aquecer o planeta à temperaturas da ordem de 20.000 ºC, mais que o suficiente para transformá-lo em uma massa totalmente fundida. Logicamente, grande parte desse calor se dissipou no espaço por irradiação. Mesmo existindo todas estas dúvidas, geralmente se admite que na primeira fase da formação do planeta, a temperatura deve ter sido muito maior que a atual, não só pelo calor originado nos choques das partículas como também pelo gerado na desintegração de elementos radioativos de vida curta, que hoje desapareceram, e pelos de longa vida, que existiam em maior quantidade que atualmente, assim como pela fricção de matéria originada pelo transporte gravitacional no interior do planeta. Laboratório de Geociências Geologia II 5 As temperaturas eram maiores que as existentes atualmente, os materiais que constituíam o planeta poderiam recristalizar e fundir-se parcialmente ou totalmente, facilitando em qualquer caso o transporte de matéria no interior, por diminuição de viscosidade dos materiais a alguns milhares de graus. Provavelmente no início deste período Pré-Geológico, produziu-se uma diferenciação geral do material terrestre, acumulando-se os elementos químicos, ou seus compostos estáveis, para cada condição específica de pressão e de temperatura em zonas concêntricas, onde os materiais mais densos ocupariam as zonas mais profundas do planeta e os mais leves as zonas mais externas. III - A TERRA 1- Considerações Gerais a- Forma A terra é um elipsóide de rotação, achatada nos pólos e dilatada no equador, este achatamento deve-se ao movimento de rotação terrestre. A ciência que estuda a forma e as medidas da terra é a Geodésia, que faz parte da Geofísica. b- Diâmetros Equatorial = 12.756 Km Polar = 12.712 Km c-Volume O volume corresponde a aproximadamente 1,08 bilhão de Km3, com uma área equivalente de 510 milhões de Km2. d- Massa Corresponde à quantidade de matéria de um corpo, é de aproximadamente 6 sextilhões de toneladas. M = 5,98 x 1024 Kg e- Densidade A densidade global do planeta é de 5,5 g/cm3 f- Gravidade É a força com que a terra atrai qualquer massa situada em seu campo gravitacional. A aceleração da gravidade é mínima no equador, aumentando em direção aos pólos. A aceleração da gravidade na terra = 9,8 m/s2. 2- Curiosidades a - A distância entre a Terra e a Lua varia entre 384.000 e 384.401 km. b - A distância entre o Sol e a Terra é de 150 milhões de Km. c - Galáxia corresponde a aglomerações de estrelas. d - Via Láctea é o nome dado a nossa Galáxia, devido a aparência de mancha leitosa com trilhões de estrelas. e - A luz do sol chega a Terra com 8 minutos de atraso. Laboratório de Geociências Geologia II 6 Figura 2: Esquema representativo do Planeta Terra e suas divisões. IV – GEODINÂMICA 1- Conceitos 1.1- GEODINÂMICA É o ramo das Ciências da Terra, que estuda os processos evolutivos que afetam o planeta, tentando determinar-lhes as causas. 1.2- GEODINÂMICA INTERNA Estuda os processos endógenos, cujas causas provém do interior do planeta, tais como a orogênese, deriva continental, vulcanismo, sismologia, etc. 1.3- GEODINÂMICA EXTERNA Estuda os processos exógenos, que ocorrem na superfície terrestre, tais como a erosão, transporte, sedimentação, etc. 2- Geodinâmica Interna 2.1 - A Estrutura do Interior do Globo Terrestre a- Consideração Gerais As investigações geofísicas sobre a estrutura e a constituição interna do planeta envolvem estudos sismológicos e de meteoritos, que de forma indireta evidenciam mudanças físicas e químicas da matéria, permitindo estabelecer para o planeta uma estrutura das camadas concêntricas. b- Ondas Sísmicas Originam-se no interior do planeta perturbações que atingem a superfície terrestre através de ondas sísmicas provocando os terremotos. A velocidade das ondas sísmicas varia diretamente com a rigidez e inversamente com a densidade das rochas. Deslocam - se devido à eletricidade das rochas que vibram da mesma forma que o ar. o ONDAS P OU PRIMAE São ondas longitudinais, rápidas e chegam em primeiro lugar. Laboratório de Geociências Geologia II 7 A densidade da Terra aumenta com a profundidade provocando um aumento acentuado de velocidade na propagação destas ondas, mas quando penetram em meios fluidos sua velocidade é reduzida abruptamente, sofrendo reflexão e refração. Seu deslocamento corresponde a ações de puxe-empure e sua velocidade varia de 5.6 - 14,00 Km/s. o ONDAS S OU SECUNDAE São ondas transversais, com menor velocidade que as ondas p e chegam em segundo lugar. Deslocam-se através do material e não ao longo dele, numa zona de dois materiais diferentes, caracterizam-se ainda, por não se propagarem em meios fluidos. Seu deslocamento corresponde a ações de abanar, e sua velocidade varia de 3.3 - 7.3 Km/s. o ONDAS L OU LONGAE São ondas superficiais, originam-se a partir das ondas P e S na interfaseterra-água ou terra - ar, são de grande amplitude e transversais. Deslocam-se com velocidade relativamente constante e homogênea de 3.5 - 4.4 Km/s. São mais rápidas nos pisos oceânicos que nos continentes e ocasionam as maiores destruições na superfície terrestre. - Ondas Rayleigh: São as que provocam ondulações no solo (semelhantes às ondas do mar). - Ondas Love: Encontra-se em cada partícula terrestre que se movimenta horizontalmente na direção normal ao raio sísmico. c- Núcleo e o Magnetismo Terrestre De acordo com a teoria do dínamo, o movimento de rotação da Terra provoca um tipo de movimento convectivo no fluido do núcleo externo, no qual se encontram associadas correntes elétricas fracas. A interação das correntes elétricas e da geração mecânica do fluido produz um campo magnético auto sustentável. O movimento contínuo do fluxo condutor elétrico através do campo magnético mantém o fluxo das correntes elétricas e assim sucessivamente: o dínamo se mantém em operação. As variações de duração longa do campo magnético terrestre, parecem ser razoavelmente compatíveis com os movimentos convectivos, num núcleo exterior fluido, mas incompatíveis com correntes elétricas percorrendo toda a parte sólida do interior do planeta. d- Produção de Calor Pela Radioatividade A quantidade de calor produzida pelos diferentes elementos é controlada pelas suas abundâncias, e pelas velocidades de desintegração. Através da radioatividade é possível determinar o tempo gasto para ocorrer a transformação de um elemento em outro, isso acontece devido a mudança do número atômico,com perda de elétrons, mais partículas do próprio núcleo do átomo e energia, na forma da radiação, alguns elementos se transformam em segundos, há outros que levam milhares de anos, conforme já foi apresentado anteriormente. e- Estrutura Geral do Globo Terrestre O Planeta Terra divide-se em 3 camadas principais (Crosta, Manto e Núcleo), que estão subdivididas conforme as figuras 3 e 4.. Laboratório de Geociências Geologia II 8 Figura 3: Estrutura geral do globo terrestre. Figura 4: Estrutura interna da Terra. Laboratório de Geociências Geologia II 9 V - ESCALA DO TEMPO GEOLÓGICO E DATAÇÃO 1- Generalidades As rochas constituintes da crosta terrestre sempre foram objeto de estudos, visando o estabelecimento de suas ordens originais de seqüências. 2- Datação Em Estratigrafia, corresponde ao estabelecimento de idade de uma rocha que constitui o objeto da Geocronologia. Neste aspecto, distinguem-se duas modalidades de datações: relativa e absoluta. A primeira estabelece idades apenas em termos posicionais (posição relativa); a segunda, em termos quantitativos (centenas, milhões ou bilhões de anos). 3- Tempo Geológico Consta do tempo decorrido desde o final da fase formativa da Terra até os nossos dias. Antes da descoberta dos métodos de datação absoluta (radiometria), o tempo geológico foi dividido em intervalos diversos, os quais em ordem decrescente de importância hierárquica recebem a qualificação de éon, era, períodos, épocas e idades. Tais subdivisões ainda se mantêm, só que agora se conhece a amplitude cronológica absoluta das mesmas, constituindo as unidades geocronológicas. Dá-se o nome de escala do tempo geológico, ao arranjo das unidades geocronológicas por ordem de idade. Compreende-se a importância do parâmetro tempo nas Geociências, pois sem ele seria impossível situar as rochas em níveis de referência, permitindo dessa forma a reconstituição da história geológica de uma determinada área. 4- Datação Relativa a- Princípio da Superposição Postula este princípio que, em qualquer seqüência de camadas, a camadas de cima são mais jovens que as de baixo. As camadas, via de regra, se dispõem horizontalmente, podendo sofrer deformações tectônicas pós- deposicionais (ex.: dobras), que invalidam o princípio da superposição, quando provocam posições inversas das camadas. Tem-se, também, a datação com base na posição relativa, com referência à coluna estratigráfica. Por exemplo: a unidade B situa-se acima da C e abaixo da A; logo B será mais jovem que C e mais antiga que A. Se as idades de A e C forem conhecidas, a de B será intermediária. (Figura 5) A B C Figura 5: Modelo mostrando o Princípio da Superposição das Camadas b- Relações de Interseção Segundo esse princípio, uma rocha ígnea intrusiva, uma falha ou uma discordância que secciona uma rocha qualquer é sempre mais jovem que ela. Laboratório de Geociências Geologia II 10 c- Métodos Biocronológicos Trata-se da datação relativa com base em elementos paleontológicos, sou seja, nos fósseis. Estes são encontrados nas rochas sedimentares e em alguns tipos de rochas metamórficas (as derivadas das sedimentares), que sofreram metamorfismo pouco intenso. Laboratório de Geociências Geologia II 11 5- Datação Absoluta Baseia-se, este método, na radioatividade, ou seja, na propriedade que possuem os minerais radioativos de se desintegrarem periodicamente através da emissão de partículas e/ou radiações. Na natureza, existem elementos que se transformam em outros em frações de segundo; outros, entretanto, levam milhares de anos para se transformar. São estes que interessam à Geocronologia. a- Idade Radiométrica O nuclídio radioativo original (nuclídio-pai) quando se desintegra transforma-se em um nuclídio-filho, referido como radiogênico. Para calcular a idade de formação de uma rocha (idade radiométrica), é necessário conhecer a quantidade de átomos persistentes do nuclídio radioativo (P), a quantidade de átomos do nuclídio radiogênico (F) e a constante de desintegração. Esta última é específica para cada processo radioativo, é inversamente proporcional à meia - vida do nuclídio-pai. b- Meia-Vida É o tempo de desintegração da metade do átomo “pai” radioativo em um sistema A, onde metade será igual a massa original e a outra metade transforma-se em outra. Cada nuclídeo possui uma meia-vida única. O tempo de vida de um átomo “pai” radioativo em um dado sistema não pode ser especificado, em teoria é infinito. A meia-vida do Urânio é de 4,6 x 109 anos. Desintegração U 238 0,5 g 0,43 g 0,07 g 1 grama Urânio 238 Chumbo Hélio A medição das quantidades de átomos em F e P, em minerais ou rochas, exige o recurso de equipamento de grande precisão, como os espectômetros de massa, tendo-se em conta sua ocorrência em reduzidíssimas quantidades. Pressupõe-se, também, que o mineral ou rocha analisados corresponde a sistemas fechados, isto é, que não tenham sofrido alterações químicas tanto do elemento radioativo como doradiogênico. Em Geocronologia, os radionuclídios mais comumente usados são os seguintes: K - Ar = Potássio - Argônio Rb - Sr = Rubídio - Estrôncio U - Pb = Urânio - Chumbo Exemplos de datações: Poços de Caldas: 60 e 80 Ma. Itatiaia: 65 Ma. Fernando de Noronha: 12 Ma. Depósitos de Ferro de Minas Gerais: 2.700 Ma. c- Datação Radiométrica Consta da datação de rochas e minerais, utilizando métodos radioativos. d- Datação do Passado Geológico Antigo a - Método do U - Pb (Urânio - Chumbo) b - Método do K - Ar (Potássio - Argônio) c - Método do Rb - Sr (Rubídio - Estrôncio) Átomo “Pai” Laboratório de Geociências Geologia II 12 e- Datação do Passado Geológico Recente r Método do Carbono 14 (C14): É um Isótopo Radioativo raro que ocorre naturalmente na atmosfera em plantas e animais. É criado na atmosfera (16 Km acima da superfície terrestre), como um co-produto de bombardeamento de raios cósmicos. Na reação, um átomo de Nitrogênio 14 absorve um nêutron, emite um próton e se transforma em Carbono 14, que é rapidamente incorporado ao dióxido de carbono sendo assimilado no ciclo do carbono. - A meia vida é de 5.730 anos - Data somente até 30.000 anos - Tem sido utilizada na datação do recuo das últimas capas de gelo continental mudança na circulação ocêanica, elevação pós-glacial do mar, ascensão da civilização humana, madeira, turfa, carvão, ossos, folhas, manuscritos, roupagem de múmia e sambaquis. r Tório 230: É utilizado na datação de sedimentos marinhos profundos até várias centenas de milhares de anos de idade. r Tório 230 / Protactínio 231: É utilizado na datação de sedimentos marinhos profundos. Data até 150.000 anos. 6- Calor no Interior do Planeta A temperatura do interior do planeta aumenta com a profundidade, de 10 a 30 metros é influenciada pela média anual da superfície terrestre. 6.1- Grau Geotérmico a - Definição: É o número de metros necessários descer em profundidade, para que ocorra o aumento de 1ºC. O valor normal é de 30 metros. b - Cálculo do grau geotérmico: A mina de Morro Velho, com aproximadamente 2500 metros de profundidade, possui uma temperatura de 64 ºC (desconsiderando a refrigeração artificial da mina). A temperatura média anual da superfície é de 18 ºC. Qual o grau geotérmico da mina? Superfície T = 18 ºC 64 ºC - 18 ºC = 46 ºC 2500 m ÷ 46 ºC = 64 ºC 2500 m Resposta: A cada 54,3 m a temperatura aumenta 1 ºC. 6.2- Considerações Gerais a- Em regiões afetadas por vulcanismo recente, devido à maior proximidade com o magma, o grau geotérmico é menor, uma vez que não haverá muita diferença entre as temperaturas. b- Em áreas estáveis, tectonicamente inativas, o grau geotérmico é maior. Ex.: Regiões com rochas antigas (Complexo Brasileiro) c- A superfície terrestre tem uma perda anual de calor de ± 75 cal / cm2, que é obtido pelo grau geotérmico e pela condutibilidade térmica das rochas. d- A terra já estaria completamente consolidada e fria, se à reserva térmica inicial não fosse sempre adicionado o calor proveniente de outras fontes, como por exemplo, a desintegração radioativa, com 54,3 m / ºC Laboratório de Geociências Geologia II 13 base no teor de elementos radioativos das rochas (Urânio, Tório e Potássio), assim existe uma compensação da perda térmica. VI - NOÇÕES DE MOVIMENTOS TECTÔNICOS 1 – Introdução As forças exógenas, que atuam diretamente sobre a crosta terrestre, de um modo geral, tendem a destruir a superfície dos continentes, transportando os detritos que vão lenta e continuamente preenchendo as depressões marinhas e continentais. Por este processo, realizado desde os primórdios da Terra, a tendência seria de um aplanamento de toda a superfície do globo terrestre. Porém o que se observa é exatamente o contrário, como a presença de, por exemplo, grandes cadeias de montanhas. A explicação para tal fato, é que as forças endógenas, isto é, do interior da Terra, agem em sentido contrário da erosão, impulsionando rumo à superfície, rochas novas e tensões que irão mudar a configuração dos mares e continentes. A dinâmica interna é estudada sob dois aspectos, o magmático e o tectônico. O tectônico, estuda as conseqüências dos diversos tipos de esforços internos que se traduzem em várias feições reconhecíveis nas rochas hoje expostas à superfície e que constituem a crosta terrestre. Admite-se que o globo terrestre seja constituído de camadas concêntricas, de constituição química e física diferente. A crosta terrestre é dividida em duas grandes porções: a crosta superior, também chamada de crosta continental, é formada de rochas de composição granítica, caracterizada pelos elementos Si e Al, por isto chamada Sial; a crosta inferior também chamada de crosta oceânica, possui uma composição basáltica, com predomínio dos elementos Si e Mg, chamada por isto de Sima. As espessuras destas são, respectivamente, de 30 – 50 Km e 6 Km. Não existe o Sial nos oceanos, salvo a poucas distâncias dos blocos continentais, pois as ilhas oceânicas são de natureza basáltica. A crosta é a sede dos fenômenos geológicos relacionados à dinâmica interna, como movimentos tectônicos, sísmicos, magmáticos e metamórficos. A zona inferior da crosta passa para outra camada denominada manto, dividida em três porções: externa, média e interna (ou superior, média e inferior). A crosta mais o manto superior irão compor a litosfera (placas rígidas de espessura variável entre 50 e 200 Km). A região inferior da placa, de menor rigidez, denomina-se astenosfera. (Figura 6) 2- Isostasia Dá-se o nome de isostasia, ao equilíbrio dos blocos continentais (SIAL) e oceânicos (SIMA) que flutuam num substrato mais denso, astenosfera, obedecendo ao princípio de Arquimedes. O plano de ajustamento dá- se à cerca de 50 Km de profundidade. 3- Epirogênese – Eustasia Caracteriza-se por movimentos no sentido vertical de vastas áreas continentais, sem perturbar localmente a disposição e a estrutura geológica das formações que compõem os blocos afetados por estes movimentos. Em geral, na epirogênese pode-se observar, simultaneamente, o levantamento de certas partes dos continentes acompanhados de abaixamentos de outras partes, porém sempre à custa de movimentação vertical. Na realidade, a definição original de epirogênese tem sido aos poucos modificada, pois nas elevações continentais, estruturas do tipo arqueamentos e rupturas são verificadas, principalmente no passado geológico. Apesar da grande lentidão dos movimentos epirogenéticos, estes podem ser observados em muitos lugares do globo. Nesta observação é importante assumir o nível do mar como sendo fixo e invariável (nível de base). O fenômeno de levantamento ou rebaixamento do nível marinho chama-se eustasia. A retenção de água sob forma de extensas geleiras continentais resulta, evidentemente, num abaixamento no nível do mar. Por outro lado, a libertação da água pelo degelo a partir das geleiras produz uma sensível alteração do nível do mar. Assim quando ocorre a glaciação o nível do mar baixo e se afasta do continente (regressão marinha), já no desgelo, o nível do mar se eleva e avança sobre o continente (transgressão marinha). O movimento epirogenético é consideradopositivo quando o bloco continental se levanta, determinando o recuo do mar. Inversamente, o movimento epirogenético é tido como negativo, quando se verifica o Laboratório de Geociências Geologia II 14 movimento contrário, ou seja, quando o continente se abaixa, o que ocasiona o avanço do mar, que transgride por sobre o continente. As melhores provas de movimentos epirogenéticos atuais consistem em medidas geodésicas que mostram a existência de mudanças altimétricas. Ex.: Naturalmente, é ainda muito pequeno o lapso de tempo decorrido desde as primeiras observações até os dias de hoje. Por exemplo, na Holanda (Países Baixos) verifica-se um abaixamento de 30 cm por século, em Estocolmo há um levantamento de 19 cm a cada 50 anos, na Escandinávia a linha de praia tem regredido continuamente (1 metro por século). As causas para se tentar explicar a epirogênese têm sido variadas: isostasia, rotação da terra, diferentes tipos de relações químicas na base da crosta, erosão e deposição de sedimentos e tectonismo. 4- Perturbações das Rochas (Estruturas) Uma vez formada uma rocha, qualquer que seja, com as suas características de textura e estrutura próprias do ambiente em que se formou, podem ocorrer mudanças nas condições iniciais. Estas mudanças vão imprimir novos caracteres que poderão mascarar ou mesmo destruir os preexistentes. Trataremos das estruturas perturbadoras, cuja origem está vinculada a movimentos tectônicos. Estes, por sua vez, são os deslocamentos de massas rochosas impostos por forças originadas no interior da terra. O termo estrutura é utilizado para se referir ao arranjo espacial dos constituintes de um todo. Na Geologia, o todo é a Terra e os constituintes podem ser os átomos, íons, os minerais, as rochas, um conjunto de rochas ou camadas da Terra, de modo que podem ser reconhecidas estruturas da escala atômica até a global. Toda estrutura está sujeita a mudanças, passando de um estado inicial para um final. Esta passagem constitui a que se chama de deformação. Os fatores que influem na deformação e comportamento dos materiais naturais são: homogeneidade / heterogeneidade, isotropia/ anisotropia, descontinuidade / presença de fluidos, temperatura, pressão e tempo de atuação dos esforços. Genericamente, o comportamento das rochas perante aos esforços pode ser classificado com rúptil, elástico, friável ou quebradiço, quando prevalecem processos de fragmentação; dúctil ou plástico, quando prevalecer o fluxo plástico. Exemplos do primeiro tipo são as inclinações (basculamentos), diaclases ou juntas e as falhas. As diaclases são trincas ou planos que tendem a separar em duas partes (ou até mais) um bloco de rocha primitivamente único, ao longo do qual não se deu nenhum deslocamento das partes separadas. Já as falhas são fraturas nas quais ocorre um deslocamento perceptível das partes, o que se dá ao longo do plano de fratura. A amplitude deste deslocamento pode ser de milímetro até muitas centenas de metros. As dobras, por sua vez são os melhores exemplos de deformação plástica (feições dúcteis). Normalmente, afetam as rochas que oferecem pouca resistência aos esforços aplicados. A ação mecânica deve atuar lenta e demoradamente, pois, caso contrário dar-se-ia a ruptura ao invés da torção. Figura 7: Falhas em depósitos quaternários em direção aos Vales Nevados – Próximo a Santiago (Chile). Laboratório de Geociências Geologia II 15 Figura 8: Dobras em depósitos sedimentares associadas a Falhas – Santa Figura 9: Dobras na Formação Itararé – São Joana (Chile). Figura 10: Dobras em depósitos Jurássicos – Bajada Del Agrio (AR) Figura 11: Dobras em depostos Jurássicos – Chos Malal – (AR). 5- Orogênese A orogênese é um movimento que se caracteriza sobretudo por resultar em formação de montanhas. Os movimentos orogenéticos são relativamente mais rápidos que os epirogenéticos e, quando se manifestam, geralmente deformam as camadas de rochas, na forma de grandes falhamentos e/ou dobramentos. Outros fatores, tais como vulcanismo e erosão também podem proporcionar o aparecimento de montanhas. VII - TECTÔNICA DE PLACAS E DERIVA CONTINENTAL 1 – Deriva Continental Ao longo do Tempo Geológico, os continentes foram se formando, juntando e novamente se fragmentando (ciclo de Wilson). As primeiras áreas continentais originaram o continente UR, durante o período Arqueano. No período Proterozóico inferior formaram-se algumas áreas continentais denominadas de Ártica, Báltica e Atlântica. No período Proterozóico médio uniram-se a Ártica e a Báltica formando o continente Nena que por sua vez, no Proterozóico superior, se uniu à Atlântica e ao UR formando o supercontinente Rodínia. Laboratório de Geociências Geologia II 16 Ainda neste período o Rodínia se fragmentou em três continentes: E - Gondwana, W - Gondwana (Atlântica e outras placas da África) e Laurásia (Kazakistão, N - China, S - China e outras placas que formavam a Ásia). No Início do Paleozóico, período Cambriano, uniram-se E - Gondwana e W - Gondwana formando o continente Gondwana. No período Carbonífero os continentes Gondwana e Laurásia uniram-se e formaram o segundo Supercontinente, o Pangea, rodeado pelo mar Pantalassa. No final do período Permiano, este Supercontinente iniciou nova fragmentação que se concretizou no período Triássico, resultando novamente em dois continentes: o Gondwana e a Laurásia e entre eles o mar de Thethys. Ainda neste período o Gondwana se dividiu em 4 continentes, África-América do Sul, Austrália-Antártida, Índia e Madagascar. Durante o período Jurássico o continente Laurásia se dividiu e originou dois outros continentes: América do Norte e Eurásia (Europa e Ásia), e entre estes se instalou o Atlântico Norte. No final deste período a América do Sul e a África começaram a se fragmentar e separam-se definitivamente no período Cretáceo. No período Terciário separou-se a Antártida da Austrália, a Índia chocou-se com a Ásia, formando a Cordilheira do Himalaia e a América do Sul ligou-se à América do Norte pelo Istmo do Panamá.(fig. 10) Figura 12: Esquema da Deriva Continental Laboratório de Geociências Geologia II 17 Figura 13: Deriva continental desde o Permiano até os dias atuais. 2- Concepções Iniciais a -Francis Bacon (Filósofo inglês), século XVII, formulou a hipótese de que, os continentes com seus contornos, se encaixavam como peças de um quebra-cabeça e estariam se afastando uns dos outros. b -Alfred Wegener (Meteorologista alemão), formulou a hipótese de que toda a superfície da Terra já constituíra um só supercontinente PANGEA, que se rompeu, formado a configuração atual dos continentes. c - P. M. S. Blackett ; E. Bullard ; B. Hospero & S. K. Runcorn, demonstraram que as diferentes direções de magnetização das rochas antigas, poderiam-se reunir em um modelo estável, supondo-se que os continentester-se-iam movido em relação aos polos magnéticos. d - R. S, Dietz denominou “expansão dos pisos oceânicos” à movimentação dos continentes. e - R. Ewing & B. C. Heazen, sugeriram que um sistema de cordilheiras centro-oceânicas se estendiam através de todos os oceânos do mundo. f - P. M. Hurley, determinou a idade de muitas rochas Pré-Cambrianas na África e na América do Sul, notando semelhança ao longo das costas destes continentes. Laboratório de Geociências Geologia II 18 g - E. Suess, notou também uma correspondência íntima entre as formações geológicas das terras do Hemisfério Sul, que os uniu dentro de um único continente que denominou de Gondwana, e para o Hemisfério Norte Laurásia. Figura 14: Limites das placas tectônicas VIII - A TECTÔNICA DE PLACAS 1- Conceitos A litosfera (crosta mais manto superior) é constituída por fragmentos rígidos denominados placas. Existem placas formadas somente por oceanos, outras somente por continentes, e outras ainda continente-oceano. r Prováveis Placas Africana, Norte-Americana, Euro-asiática, Indo-Australiana, Pacífico, Antártida, Caribe, Cocos, Nazca, Filipinas, Juan de Fuca, Arábica, Scotia, Carolina e Bismarck. A espessura das placas é de aproximadamente 100 m. 2- Localização As placas, movem-se sobre a Astenosfera, de naturezas menos rígidas, formadas por materiais plásticos, que descansa sobre uma região de rígida consistência, a Mesosfera. Laboratório de Geociências Geologia II 19 3- Mecanismo das Placas O choque entre uma placa continental Margem Divergente “A” (América do Sul) e uma placa Oceânica Margem Convergente “B” (Oceano Pacífico), resultou numa destruição nas bordas de ambas as placas, e a reabsorção de materiais pesados, que constituem o piso oceânico, para a Astenosfera “C”. O local de reabsorção denomina-se Zona de Subdução “D”. O resultado do choque é a formação de uma bacia profunda “E”, onde futuramente, devido ao material erodido no continente que é depositado nesta bacia, atividades plutônicas, vulcânicas e sísmicas com dobramentos e falhamentos ocorre a formação de montanhas, ex.: Andes. Na Zona de Benioff “F”, o piso oceânico mergulha na Astenosfera sendo reincorporado ao material magmático e provocando a saída de material magmático pelas Fossas Tectônicas “G”, originando as Cadeias Mesoceânicas “H”. Parte desse material é expelido e o restante, devido a um resfriamento rápido, se acumula na própria fossa tectônica. Como freqüentemente há a necessidade de saída de material magmático, este pressiona as paredes da fossa provocando uma força expansiva e conseqüentemente o afastamento das placas ao longo das Cadeias Mesoceânicas. O movimento do material magmático é caracterizado por diferenças de temperatura e pressão entre a Mesosfera, que é mais quente e tem uma pressão maior em relação a Astenosfera, originando assim movimentos de convecção da Mesosfera (mais quente) para a Astenosfera (menos quente) Correntes de Convecção “I”. Tal convecção é auxiliada pelo movimento de rotação terrestre e colabora com o movimento de afastamento, empurrando as placas. Figura 15 – Mecanismo das placas tectônicas (Modificado de WYLLIE , 1976). 4- Cadeias Mesoceânicas ou Médio Dorsais São alinhamentos de relevos submarinos desdobrados como se fossem cordilheiras submersas. A primeira dorsal descoberta foi a Dorsal Meso-Atlântica, que se estende desde a Islândia até ao Sul do Oceano Atlântico, dividindo-o em duas metades simétricas. Esta dorsal prolonga-se pelo sul da África e junta-se à dorsal índica, que está estritamente relacionada com o sistema de fossas tectônicas (Rifts Valleys) da África oriental, que são Zonas de Expansão da crosta terrestre. A dorsal do Oceano Índico prossegue pelo sul da Austrália e liga-se à dorsal do Oceano Pacífico. Uma dorsal típica, é formada por dois alinhamentos montanhosos de várias centenas de quilômetros de largura, separados por uma fossa tectônica denominada de Rift Médio-Oceânico, longitudinalmente as dorsais são formadas por segmentos retilíneos, deslocados uns em relação aos outros e separados por falhas Laboratório de Geociências Geologia II 20 de transformação (de direção perpendicular à dorsal), provocando o deslocamento dos blocos que delimita. É a causa principal dos numerosos movimentos sísmicos, cujos focos se localizam nas dorsais. As falhas de transformação lembram as falhas-transcorrentes, são semelhantes apenas no movimento horizontal. As dorsais oceânicas emergem em diversos pontos e dão lugar a arquipélagos e ilhas de natureza vulcânica, por exemplo, a dorsal do Atlântico é suporte de vários arquipélagos como a Islândia e Açores. O estudo das características magnéticas e paleomagnética das rochas de zonas próximas às cadeias mesoceânicas, permitiu descobrir importantes anomalias magnéticas de difícil explicação. O magnetismo das rochas, conforme perfis submarinos, perpendiculares ao eixo de uma dorsal, detecta anomalias magnéticas caracterizadas por uma alternância em seu sinal. Estas, anomalias magnéticas são confirmadas por estudos paleomagnéticos, sugerindo no decorrer das idades geológicas, inversões freqüentes de polaridade no campo magnético do planeta. É o que se denomina de “padrão zebrado de anomalias magnéticas”. As dorsais oceânicas são zonas de ascensão de materiais do manto que se derrama de ambos os lados das mesmas e dão lugar à crosta oceânica. Devido a este processo, os oceanos alargam-se e os continentes separam-se paulatinamente de ambos os lados das dorsais. 5- Correntes de Convecção Os movimentos verticais e horizontais da litosfera são originados por correntes e deslocamentos de massas, que se substituem mutuamente nas profundidades situadas abaixo da crosta terrestre. O ciclo das correntes de convecção, inicia-se nas profundezas do manto, em regiões irregularmente aquecidas em relação às partes circunvizinhas. Estabelece-se um desequilíbrio físico entre a parte profunda mais aquecida, com a parte superior menos aquecida, e assim, as massas quentes tendem a subir para a zona externa. Quando o calor transportado pelas massas atinge a parte superior, graças ao transporte de convecção, verifica-se o movimento da circulação no sentido horizontal, formando assim as correntes laterais junto à base dos blocos flutuantes do Sial. Figura 16: Esquema do funcionamento das correntes de convexão. 6- Fatos que Comprovam A Teoria a- Encontra-se uma seqüência similar das camadas de idades Triássica na África, América do Sul, Índia e outros continentes do Hemisfério Sul; sustentando a idéia de que o Hemisfério Sul era um só continente: O Gondwana. b- Somente na África e na América do Sul, ocorre um réptil do Permiano, “Mesosaurus”, que vivia em lagos de influência marinha. c - Homologia Geográfica: comparação dos contornos dos continentes. Laboratório de Geociências Geologia II 21 d - Fisiografia dos fundos oceânicos, as rochas mais velhas das cadeias mesoceânicas estão muito afastadas da fossa tectônica, enquanto que as mais jovens encontram-se mais próximas.e - As cadeias mesoceânicas acompanham as sinuosidades dos continentes. f - A datação de rochas na costa da África e América do Sul, indicam a mesma idade. g -Comparação das margens Leste (E) do Brasil com a Oeste (W) da África, incluindo tipos de rochas, fósseis, paleoclima, paleomagnetismo, glaciações e desertos. h - Associação da Assembléia Paleobiogeográfica do continente do Gondwana. 7- Conseqüências do Deslocamento das Placas a - Expansão dos pisos oceânicos. b - Separação e/ou aproximação dos continentes.
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