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Bioquímica do Sangue EXAMES CLÍNICOS Grupo Saúde Coletiva 9º período de Fisioterapia Noturno INTRODUÇÃO A análise bioquímica do sangue - método de diagnóstico de laboratório que permite avaliar o metabolismo e função dos órgãos internos, sendo um dos métodos mais comuns de laboratório para diagnóstico. Permite julgar sobre a composição química do sangue, e por conseguinte, o estado de muitos órgãos e sistemas dos rins e do fígado, pâncreas, sistema imunológico, sistema endócrino, entre outros. GLICOSE A glicose é o carboidrato mais importante na biologia. As células a usam como fonte de energia e intermediário metabólico. A glicose é um dos principais produtos que inicia a respiração celular. As moléculas de glicose são transportadas para dentro das células por um hormônio, a Insulina. Quando a produção de insulina é deficiente, a glicose se acumula no sangue e na urina, causando deficiência nutricional às células. Este distúrbio metabólico é chamado de diabetes, e é classificada de acordo com a causa inicial da insuficiência de insulina. GLICOSE O exame de Glicose pode ser pedido para ajudar o diagnóstico de diabetes em pessoas com sintomas de: Hiperglicemia: Sede aumentada Volume urinário aumentado Fadiga Visão embaçada Infecções que custam a cicatrizar Hipoglicemia: Sudorese Fome excessiva Tremores Ansiedade Confusão Valores de referência nosníveis de GLICOSE Nívelnormal 70 a 99 mg/dL NívelPré-diabetes 100 a 125 mg/dL NíveldiabetesMellitus Acima de 126 mg/dL EXEMPLO ACIMA DO NORMAL NORMAL ABAIXO DO NORMAL LIPÍDIOS São substâncias que possuem como característica principal a insolubilidade em água, mas são solúveis em solventes apolares. Tem como função: Reserva energética Armazenamento e transporte de combustível metabólico; Componente estrutural das membranas biológicas; Originam moléculas mensageiras, como hormônios e prostaglandinas; São moléculas que podem funcionar como combustível alternativo a glicose, já que são compostos bioquímicos mais calóricos para a geração de energia metabólica através da oxidação de ácido graxo; Proporcionam isolamento térmico, elétrico e mecânico para a proteção das células e órgãos; No plasma, os lipídios em maior quantidade são o colesterol, triglicerídeos e fosfolipídeos. Em menores quantidades, ainda existem os ácidos graxos livres, glicolipídeos, hormônios e vitaminas de origem lipídica. EXEMPLO Qual paciente apresenta maior risco de aterosclerose? TRIGLICERÍDEOS: Triglicerídeos, são um tipo de gordura, composto por uma molécula de glicerol e três moléculas de ácidos graxos. são responsáveis pela estocagem de energia, e se acumulam no tecido adiposo na forma de gordura. São formados a partir dos carboidratos (açúcares e massas) e armazenados nas células como reserva calórica, sendo utilizados para obtenção de energia nos períodos de privação de alimento. Seu excesso pode causar depósitos nos dutos pancreáticos, ocasionando doença inflamatória grave, a pancreatite. TRIGLICERÍDEOS: Triglicerídeos aumentados também podem aumentar o risco de doença cardiovascular, portanto pode ser necessário tratamento específico para sua redução nas seguintes situações: Níveis extremamente altos de triglicérides (maior que 1.000 mg/dL) Aumento combinado de LDL-colesterol e triglicérides Presença de doença cardiovascular (prevenção secundária) Forte história familiar de doença cardiovascular Presença de outros fatores de risco cardiovascular. Valores de Referência Normal Menor que 150 Limítrofe 150 a 199 Alto 200 a 499 Muito Alto 500 ou mais CREATININA A creatinina é um catabolito do metabolismo muscular da fosfocreatina (utilizada pelo músculo para obter energia quase instantaneamente). A creatinina é uma espécie de lixo metabólico resultante deste consumo constante. Após a sua geração, a creatinina é lançada na corrente sanguínea, sendo eliminada do corpo na urina, através dos rins. Sendo assim é um ótimo parâmetro de avaliação da função renal, já que a sua produção apenas depende do metabolismo celular muscular e é quase exclusivamente eliminada por filtração glomerular. Valores de referência Homem Entre 0,6 a 1,2mg/dL Mulher Entre 0,7 a 1,3mg/dL Como a creatinina é uma substância que é produzida no organismo de acordo com o nível de massa muscular, é normal os homens terem maiores níveis de creatinina no sangue, pois eles têm os músculos mais desenvolvidos do que as mulheres. CREATININA Quando os valores de creatinina no sangue estão acima do normal, isso pode indicar uma lesão nos vasos sanguíneos dos rins, uma infecção renal ou redução do fluxo de sangue para os rins, por exemplo. Os valores de creatinina baixa no sangue não são motivo de preocupação e são mais frequentes em grávidas e em pacientes com doenças hepáticas. UREIA Ureia é uma substância produzida no fígado a partir da amônia, resultante do metabolismo das proteínas, sendo eliminada através da urina. Saber a dosagem de ureia no sangue ajuda a avaliar a função renal porque a ureia é uma substância filtrada pelos rins. Dessa forma, o exame de ureia avalia as quantidades da substância no sangue a fim de investigar possíveis doenças renais. Seus valores normais costumam ser de 15 a 45mg/dl. Sinais e sintomas de possíveis Doença renal Hipertensão Infecções Urinárias Volume urinário pequeno Cálculos renais UREIA Valores aumentados Valores diminuídos Insuficiência Renal Infarto do miocárdio Traumas Infecções Tumores Dieta rica em proteínas Doença célica Gestação Insuficiência hepática Dieta pobre em proteínas Desnutrição EXEMPLO ÁCIDO LÁTICO: O Ácido lático é produzido pela oxidação da Glicose nos músculos, ou seja, em um exercício físico intenso, nos primeiros 180 segundos, o corpo metabolizará a glicose, transformando ela em lactato, que por sua vez, será enviado aos mitocôndrias, gerando a energia para os músculos contraírem. Após o uso, esse ácido é enviado ao sangue, que leva até 90 minutos para ser expelido totalmente do corpo, através da urina e do suor. O acúmulo de ácido lático, vai impedir o corpo de continuar a realizar os esforços físicos, até ele ser eliminado totalmente do organismo. Já que o nível de lactato no sangue vai estar alto e os músculos não vão ter mais glicose para metabolizar. ÁCIDO LÁTICO: Principais Achados Valor de referência A Concentração plasmática normal de Ácido Lático é de 4,5 A 19,8 mg/dL Acidose Lática ALTO- é a condição em que o nível de Ácido Lático no organismo é maior do que o normal. Acidose Lática Insuficiência renal Doença hepática Cetoacidose diabética Pós exercício físico Deficiência Metabólica de ácidos graxos ÁCIDO ÚRICO É produzido no metabolismo. Decorrente do metabolismo das purinas (proteínas), por ação de uma enzima chamada xantina oxidase. Alteração do ÁCIDO ÚRICO GOTA IRA IRC Cálculos renais CICLO DO ÁCIDO ÚRICO NO ORGANISMO PURINAS Processo de Degradação XANTINA Ação da xantina oxidase Ácido Úrico Urato de sódio RIM BILE SULCOS A taxa do ácido úrico no plasma humano depende do equilíbrio entre a absorção e produção de um lado e a destruição e excreção de outro lado 18 PRINCÍPAIS ACHADOS Achados Valores Referência Mulheres de 2,4 a 5,7mg/dL e homens de 3,4 a 7,0mg/dL Hipouricemia Ácido úrico inferior a 2,5 mg% Hiperuricemia Ácido úrico acima de 6 mg% nas mulheres e 7 mg% nos homens. ELETRÓLITOS Eletrólito é o termo médico para um sal ou um íon no sangue ou em outro líquido corporal que leva uma carga, são essenciais às várias funções corporais e um desequilíbrio do eletrólito pode ser perigoso. O balanço de níveis do eletrólito consequentemente é mantido com cuidado no corpo e pode ser verificado dentro do sangue ou da urina como uma medida da saúde. Em sistemas biológico os eletrólitos mais comuns são: Cálcio (Ca) Magnésio (Mg) Potássio (K) Sódio (Na) SÓDIO (Na+) É o principal cátion do fluido extracelulare é essencial na manutenção da pressão osmótica do sangue, plasma e fluidos extracelular. Sua absorção ocorre rapidamente no trato gastrointestinal. Sua excreção é principalmente na urina. Ajuda a regular a quantidade de água que está dentro e em torno das células e a manter a estabilidade da pressão sanguínea. Sem o sódio, tanto nervos quanto músculos não funcionam corretamente. Achados Valores Natremia Valordentro do normal- 135 a 145 mol/L. Hiponatremia Valor abaixodo normal (135 mol/L) - confusão, cólicas abdominais, apreensão, oligúria, dor de cabeça, tremores, convulsões, coma. Hipernatremia Valor acima do normal (145 mol/L) - membranas mucosas secas, febre, sede e inquietação POTÁSSIO (K+) É um cátion intracelular, essencial à síntese de proteínas e metabolismo de carboidratos. Apresenta especial influência na transmissão nervosa, tonicidade intracelular e contração muscular. É absorvido em 90% na dieta oral. Sua reabsorção e excreção são mediadas pelo rim, havendo fatores que influenciam como: equilíbrio ácido básico, ingestão de sódio e volume filtrado. Achados Valores Normal Entre 3,5 e 5,5 mol/L. Hipocalemia Abaixo de 3,5 mol/L Hipercalemia Acima de 5,5 mol/L Incapacidade Renal Deficiência de insulina Baixas concentrações plasmáticas de aldosterona Alcalose metabólica Necrose celular CÁLCIO (Ca) É um macroelemento, importante nos processos de coagulação sanguínea, excitabilidade neuro muscular e transmissão dos tecidos nervosos. É essencial à manutenção e função das células da membrana. Está presente na circulação preferencialmente em sua forma iônica (50 a 65%) ou ligado a albumina. Sua absorção é dependente da presença da vitamina D. Achados Valores Normal Adultos 8.9 - 10.1 mg/dl. Crianças em idade de crescimento 12 mg/dl. Hipocalcemia Abaixo do normal Hipercalcemia Acima donormal Deficiência de vitamina D Disfunção Paratireoide MAGNÉSIO (Mg) A distribuição de magnésio entre os compartimentos extra e intracelular está ligada ao equilíbrio ácido-básico, regulação de cálcio e aldosterona. É ativador do sistema enzimático que controlam o metabolismo de carboidratos, gorduras, proteínas e eletrólitos, além disso, media as contrações musculares e transmissão de impulsos nervosos, circula ligado a albumina e é armazenado nos ossos (60 a 65%) e músculos (27%) e outros tecidos (06 a 08%). Achados Valores Normal 1, 8 a 2,5 mg/dl. Hipomagnesemia Abaixo do normal Hipermagnesemia Acima donormal Hipomagnesemia é uma complicação comum nos tratamentos quimioterápicos com cisplatina. Falha Renal Anorexia, náusea, debilidade, apatia, fibrilação muscular, tremores, ataxia, tetania, hiperreflexia, e ocasionalmente hiporreflexia, depressão, irritabilidade. 24 CASO CLÍNICO 01 Um homem de 50 anos procurou seu clínico para uma avaliação de rotina. Ele aparentava ser saudável. Queixou-se de dor no peito ocasional, que era acompanhada por uma sensação de tontura, falta de ar e formigamento dos dedos. Isto geralmente acontecia no final da tarde, durante a caminhada que ele fazia após o jantar. A dor no peito tinha duração muito curta e desaparecia quando ele parava de caminhar. Por este motivo ele parou com suas caminhadas recentemente. Ao exame físico não apresentou nenhuma anormalidade. O paciente tem história familiar de doença arterial coronariana: seu pai foi diagnosticado aos 60 anos e submeteu-se a cirurgia de ponte safena e seu avô paterno morreu de ataque cardíaco aos 60 anos. O paciente relata grande estresse. Os exames laboratoriais são mostrados na tabela abaixo. Colesterol total – 270 ml/dL Triglicerídeos - 376ml/dL LDL - 145ml/dL HDL - 28ml/dL De acordo com a interpretação dos resultados, o paciente apresenta alterações? Se sim, quais os riscos que essas alterações apresentam? CASO CLÍNICO 02 Paciente MLL, 19 anos, gênero feminino, foi internada devido ao estado de inconsciência em que foi encontrada em seu apartamento. Informaram que a mesma era usuária de drogas injetáveis, fumante ativa e alcoólatra moderada. Observação rápida indicaram várias injeções no braço esquerdo, suspeitando de overdose. Após exames clínicos mais detalhados o médico solicitou uma investigação laboratorial, com os seguintes resultados: Analisado Resultado Referência Hemoglobina 13,6 g/dL 11,5 - 15,5 g/dL Leucócitos t. 9.000 4.000 – 11.000 Plaquetas 230.000 150.000 – 400.000 Sódio 137mmol/L 135 – 145mmol/L Potássio 7,8mmol/L 3,5 – 5,5mmol/L Ureia 58mg/dl 15 – 45mg/dl Creatinina 2,8mg/dL 0,7 a 1,3mg/dl Glicose 90mg/dL 70 a 99mg/dL Cálcio 1,64mmol/L 8,9 – 10,1mmol/L Interprete os resultados indicando as alterações e o que elas podem causar. RESPOSTAS CASO 01 Colesterol total – 270 ml/dL (Alto risco) Triglicerídeos - 376ml/dL (Alto) LDL - 145ml/dL (Limítrofe) HDL - 28ml/dL (Baixo) Os exames laboratoriais, a história familiar e seu estilo de vida sugerem um alto risco para aterosclerose, podendo levar a Acidente Vascular. RESPOSTAS CASO 02 Analisado Resultado Referência Interpretação Hemoglobina 13,6 g/dL 11,5 - 15,5 g/dL Dentro do normal Leucócitos t. 9.000 4.000 – 11.000 Dentro do normal Plaquetas 230.000 150.000 – 400.000 Dentro do normal Sódio 137mmol/L 135 – 145mmol/L Dentro do normal Potássio 7,8mmol/L 3,5 – 5,5mmol/L Hipercalemia Ureia 58mg/dl 15 – 45mg/dl Acimado normal Creatinina 2,8mg/dL 0,7 a 1,3mg/dl Acima do normal Glicose 90mg/dL 70 a 99mg/dL Dentro do normal Cálcio 1,64mmol/L 8,9 – 10,1mmol/L Abaixo do normal Hipercalemia: pode indicar uma incapacidade renal. Ureia e Creatinina acima do normal: pode indicar uma insuficiência renal, lesão nos vasos sanguíneos dos rins. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CUNHA, C. L. F. Interpretação de exames laboratoriais na prática do enfermeiro. 1 ed. Rio de Janeiro: Rubio, 2014. Abc da Saúde – Ácido Úrico [Internet]. Disponível em https://www.abcdasaude.com.br/nefrologia/acido-urico. Acesso em 02 de março de 2016. Portal Minha Vida – Hiponatremia [Internet]. Disponível em http://www.minhavida.com.br/saude/temas/hiponatremia. Acesso em 02 de março de 2016. Medicina Net [Internet]. Disponível em http://www.medicinanet.com.br/ . Acesso em 02 de março de 2016. Dr. Dráuzio – Doenças e Sintomas [Internet]. Disponível em http://drauziovarella.com.br/letras/a/acido-urico/. Acesso em 02 de março de 2016. Marzzoco, I. A. ; Torres, B. B. (1999) Bioquímica Básica. 2nd.Ed., Guanabara - Koogan, Rio de Janeiro. Ler Saúde - Triglicerídeos x Colesterol: qual a diferença entre eles? [Internet]. Disponível em http://www.lersaude.com.br/triglicerideos-x-colesterol-qual-a-diferenca-entre-eles/. Acesso em 08 de março de 2016. GARCIA, M. A.; KANAAN, S. Bioquímica Clínica. 1 ed. São Paulo: Atheneu, 2008.
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