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Título V e VII do CC de 2002

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Resumo de Direito Civil – 3º Bimestre
Título V – Dos Contratos em Geral
Capítulo – Disposições Gerais
Seção I - Preliminares
Contrato é o acordo de vontades que tem por fim criar, modificar ou extinguir direitos e constitui fonte de obrigação e o mais expressivo modelo de negócio jurídico bilateral.
Condições de validade:
Capacidade do agente;
Objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
Forma prescrita ou não defesa em lei;
Consentimento recíproco.
Art. 421 – A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato.
Princípio da autonomia da vontade:
- As partes têm liberdade de contratar se, com quem, o que, e como quiserem.
- Ampla liberdade de contratar → as partes tem o poder de estipular livremente, como melhor lhes convier, mediante acordo de vontades, a disciplina de seus interesses, suscitando efeitos tutelados pela ordem jurídica.
- Pacta sunt servanda: a vontade manifestada no contrato faz lei entre as partes contratantes. 
Princípio da supremacia da ordem pública:
- Atua como limite do princípio da autonomia da vontade, dando prevalência ao interesse da sociedade.
- Os contratantes deverão sujeitar sua vontade às normas de ordem pública, que fixam o interesse da coletividade e as bases jurídicas fundamentais em que repousam a ordem econômica e moral da sociedade e bons costumes, relativos à moralidade social.
Art. 422 – Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé.
Princípio da probidade e da boa-fé:
- Exige que as partes se comportem de forma correta não só durante as tratativas, como também durante a formação e o cumprimento do contrato.
Boa-fé
Subjetiva: atinente ao fato de se desconhecer algum vício do negócio jurídico.
Objetiva: alusiva a um padrão comportamental a ser seguido baseado na lealdade e na probidade, proibindo comportamento contraditório, impedindo o exercício abusivo de direito por parte dos contratantes.
Art. 423 – Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente.
Art. 424 – Nos contratos de adesão, são nulas cláusulas que estipularem a renúncia antecipada do aderente a direito resultante da negociação.
- Contrato por adesão é aquele em que a manifestação de vontade de uma das partes se reduz a mera anuência a uma proposta da outra.
- Um dos contratantes limita-se a aceitar as cláusulas e condições previamente redigidas e impressas pelo outro, aderindo a uma situação contratual já definida em todos os seus termos.
(Exemplo: contrato de seguro ou de cobertura médico-hospitalar).
→ Como o aderente encontra-se em situação menos vantajosa, uma vez que as cláusulas inseridas pelo ofertante são voltadas para atender seus próprios interesses, a interpretação deve ser favorável ao primeiro no caso de existirem cláusulas contraditórias ou ambíguas.
Art. 425 – É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas neste Código.
- Contratos atípicos ou inominados são os não disciplinados expressamente pelo Código Civil ou por lei extravagante, porém admitidos juridicamente, desde que observem as normas gerais estabelecidas pelo Código e não contrariem a ordem pública, os bons costumes e os princípios gerais do contrato.
Art. 426 – Não pode ser objeto de contrato herança de pessoa viva.
Proibição do pacto sucessório: ter-se-á impossibilidade legal, gerando ineficácia do contrato, se o objeto for vedado pelo direito. 
- Não pode ser objeto de contrato herança de pessoa viva, uma vez que o nosso ordenamento jurídico só admite duas formas de sucessão causa mortis: a legítima e testamentária.
Exceção 
Art. 2018 – É válida a partilha feita por ascendente, por ato inter vivos ou de última vontade, contanto que não prejudique a legítima dos herdeiros necessários.
Partilha feita em vida: a partilha feita pelo ascendente em ato inter vivos, podendo abranger parte ou totalidade dos bens, só poderá ser efetivada desde que não prejudique a legítima dos herdeiros necessários, inspirando-se na igualdade e na justiça. Tal partilha-doação, por produzir efeito imediato, constitui adiamento da legítima, sendo nula se excluir o herdeiro necessário, exceto se o excluído premorrer, for declarado indigno ou renunciar à herança.
Partilha-testamento feita por ascendente: na partilha-testamento, feito por ato causa mortis, os bens serão divididos, com abertura da sucessão entre herdeiros, podendo o testador-descendente atribuir ao herdeiro necessário quinhões desiguais, mas essas desigualdades serão imputadas à quota disponível, não podendo lesar a quota legitimaria de qualquer herdeiro necessário.
Seção II – Da Formação dos Contratos
Art. 427 – A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos termos dela, da natureza do negocio, ou das circunstâncias do caso.
- O contrato resulta de duas manifestações de vontade: a proposta e a aceitação.
- A proposta - oferta, policitação ou oblação - é uma declaração receptícia de vontade, dirigida por uma pessoa a outra (com quem pretende celebrar o contrato), por força da qual a primeira manifesta sua intenção de se considerar vinculada se a outra parte aceitar.
- A proposta reveste-se de força vinculante.
- O proponente responderá por perdas e danos se injustificadamente retirar a oferta.
- A obrigatoriedade da proposta consiste no ônus, imposto ao proponente, de não a revogar por certo tempo a partir de sua existência.
Relatividade da força vinculante: 
Se contiver cláusula expressa que lhe retire a força vinculante;
Se a falta de obrigatoriedade fluir da natureza do negócio;
Se as circunstâncias peculiares a cada caso exonerarem o proponente, desobrigando-o.
Art. 428 – Deixa de ser obrigatória a proposta:
I – Se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita;
II – Se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente;
III – Se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado;
IV – Se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do proponente.
Art. 429 – A oferta ao público equivale a proposta quando encerra os requisitos essenciais do contrato, salvo se o contrário resultar das circunstâncias ou dos usos.
Para
Parágrafo único. Pode revogar-se a oferta pela mesma via de sua divulgação, desde que ressalvada esta faculdade na oferta realizada.
- A proposta ao público, em princípio, é igual a quaisquer outras propostas, delas se distinguindo porque, em regra, comporta reservas (exemplo: disponibilidade de estoque, ressalva quanto à escolha da outra parte).
- A indeterminação do aceitante é temporária, visto que a oferta ad incertam personam não é, na verdade, destinada a uma coletividade, mas a cada pessoa que a compõe → a formação do contrato requer determinação do oblato, que se opera com a sua aceitação aderindo á proposta do anunciante. 
A oferta ao público vale como proposta obrigatória quando contiver os elementos essenciais pela espécie de contrato, a fim de possibilitar a aceitação consciente e expressa, sem induzir a erros.
- O anunciante apenas poderá revogar a oferta ao público usando o mesmo meio de divulgação, desde que ressalve essa permissão na proposta feita.
Art. 430 – Se a aceitação, por circunstância imprevista, chegar tarde ao conhecimento do proponente, este comunicá-lo-á imediatamente ao aceitante, sob pena de responder por perdas e danos.
Aceitação: concordância com os termos da proposta.
Deve ser feita dentro do prazo, aderindo a esta em todos os seus termos, tornando o contrato definitivamente concluído, desde que chegue, oportunamente, ao conhecimento do ofertante.
A aceitação tardia não produz qualquer efeito jurídico,porque a proposta se extingue no decurso do lapso temporal determinado para a resposta.
Se a aceitação chega a seu destino fora do prazo por circunstância imprevista, contra a vontade do eminente, o ofertante deverá comunicar o fato ao aceitante se não pretender levar adiante o negócio, sob pena de responder por perdas e danos.
Art. 431 – A aceitação fora do prazo, com adições, restrições, ou modificações, importará nova proposta.
Contraproposta ou ação modificativa: se houver aceitação modificativa (aditiva ou restritiva) que introduza alterações na oferta, não se terá a conclusão do contrato, pois a resposta do oblato se transforma em proposta ao primitivo ofertante.
Art. 432 – Se o negócio for daqueles em que não seja costume a aceitação expressa, ou o proponente a tiver dispensado, reputar-se-á concluído o contrato, não chegando a tempo a recusa.
Aceitação tácita
Quando não for usual a aceitação expressa.
Quando o ofertante dispensar a aceitação.
Art. 433 – Considerar-se inexistente a aceitação, se antes dela ou com ela chegar ao proponente a retratação do aceitante.
- Se chegar tardiamente a seu destino, o remetente continuará vinculado ao contrato.
- A retratação em tempo oportuno desobrigará o aceitante da aceitação efetivada.
Art. 434 – Os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a aceitação é expedida, exceto:
I – No caso do artigo antecedente;
II – Se o proponente se houver comprometido a esperar resposta;
III – Se ela não chegar no prazo convencionado.
Teoria da expedição:
Os contratos tornam-se perfeitos desde que a aceitação é expedida.
Exceções:
Havendo retratação do aceitante;
Se o proponente se houver comprometido a esperar respostas;
Se ela não chegar no prazo convencionado.
Art. 435 – Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto.
-O contrato será tido como celebrado no local em que se deu a oferta.
Direito internacional privado: a determinação serve para apuração do foro competente e determinação da lei a ser aplicado à relação contratual.
Seção III – Da Estipulação em Favor de Terceiro
Art. 436 – O que estipula em favor de terceiro pode exigir o cumprimento da obrigação.
Parágrafo único. Ao terceiro, em favor de quem se estipulou a obrigação, também é permitido exigi-la, ficando, todavia, sujeito às condições e normas do contrato, se a ele anuir e o estipulante não inovar nos termos do art. 438.
- Estipulação em favor de terceiro é contrato estabelecido entre duas pessoas, em que uma (estipulante) convenciona com a outra (promitente) certa vantagem patrimonial em proveito de terceiro (beneficiário) alheio à formação do vínculo contratual.
- O promitente se obriga a beneficiar o terceiro, mas nem por isso se desobriga ante o estipulante, visto que este tem o direito de exigir o cumprimento da obrigação.
- Na fase de execução contratual, o terceiro passa a ser credor, podendo exigir o cumprimento da prestação prometida, desde que se sujeite às condições e às normas do contrato por ele aceito.
- A anuência do terceiro é imprescindível para que o contrato se aperfeiçoe.
Art. 437 – Se o terceiro, em favor de quem se fez o contrato, se deixar o direito de reclamar-lhe a execução, não poderá o estipulante exonerar o devedor.
- O estipulante poderá exonerar o devedor se o terceiro em favor de quem se fez o contrato não se reservar o direito de reclamar-lhe a execução.
- Se o estipulante liberar o devedor, a estipulação em favor de terceiro ficará sem efeito, salvo se no contrato estiver expressamente determinado o direito do beneficiário de reclamar a execução do contrato. Caso contrário, fica a cargo da vontade do estipulante extinguir ou não esse vínculo contratual.
Art. 438 – O estipulante pode reservar-se o direito de substituir o terceiro designado no contrato, independentemente da sua anuência e da do outro contratante.
Parágrafo único. A substituição pode ser feita por ato entre vivos ou por disposição de última vontade.
Direito de substituir terceiro → pode-se convencionar cláusula de substituição do beneficiário, independentemente da anuência deste e do outro contratante.
 
Seção IV – Da Promessa de Fato de Terceiro
Art. 439 – Aquele que tiver prometido fato de terceiro responderá por perdas e danos, quando este não se executar.
Parágrafo único. Tal responsabilidade não existirá se o terceiro for cônjuge do promitente, dependendo da sua anuência o ato a ser praticado, e desde que, pelo regime do casamento, a indenização, de algum modo, venha a recair sobre os seus bens.
- Não se pode vincular terceiro a uma obrigação → só será devedor o que se comprometer a cumprir uma prestação por manifestação de sua própria vontade, por determinação legal ou por decorrência de ilícito por ele mesmo praticado.
- Se alguém vier prometer ato de terceiro, esse terceiro não estará obrigado, a menos que consinta nisso.
- Se o terceiro não executar o ato prometido por outrem, sujeita o que prometeu a obter tal ato à indenização de prejuízos.
Exclusão de responsabilidade:
O promitente não terá responsabilidade de indenizar por perdas e danos o outro contratante, se o terceiro inadimplente for seu cônjuge e se o ato a ser praticado dependia de sua anuência e desde que, pelo regime matrimonial de bens, a indenização recaia, de alguma maneira, sobre seus bens.
Art. 440 – Nenhuma obrigação haverá para quem se comprometer por outrem, se este, depois de ser ter obrigado, faltar a prestação.
Exoneração de promitente: se o terceiro anuir em executar a prestação e não a cumprir, o promitente, por não ser seu fiador nem co-devedor da prestação, estará exonerado de qualquer obrigação de indenizar pelo inadimplemento daquele dever assumido.
- A reparação dos danos com o inadimplemento recairá sobre o terceiro.
Seção V – Dos Vícios Redibitórios
Art. 441 – A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o valor.
Parágrafo único. É aplicável a disposição deste artigo às doações onerosas.
Vícios redibitórios: defeitos ocultos existentes na coisa recebida em virtude de contrato comutativo, que a tornam imprópria ao uso a que se destina ou lhe diminuem sensivelmente o valor, de tal modo que o negócio não se realizaria se esses defeitos fossem conhecidos.
Requisitos:
Coisa adquirida em virtude de um contrato comutativo ou de doação onerosa;
Defeito prejudicial à utilização da coisa ou determinante da diminuição de seu valor;
Art. 442 – Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato, pode o adquirente reclamar abatimento do preço.
O adquirente, ante o vício redibitório da coisa, poderá:
Rejeitar a coisa defeituosa, rescindindo o contrato, por meio da ação redibitória, reavendo o preço pago e obtendo o reembolso de suas despesas acrescido das perdas e danos.
Conservar o bem, reclamando o abatimento no preço, sem acarretar a redibição do contrato, através de ação estimatória.
Art. 443 – Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o que recebeu com perdas e danos; se o não conhecia, tão-somente restituirá o valor recebido, mais as despesas do contrato.
- Ainda que o alienante ignore o vício, há presunção legal da responsabilidade do alienante pelo vício.
- Somente haverá exclusão dessa responsabilidade se do contrato constar cláusula expressa prescrevendo a irresponsabilidade do vendedor por defeito oculto por ele desconhecido.
Má-fé do alienante → se o alienante tinha ciência do vício oculto, deverá restituir o que recebeu acrescido das perdas e danos, pagando os lucros cessantes, juros moratórios, honorários advocatícios e outras despesas.
Boa-fé do alienante → se o alienante estiver de boa-fé, ignorando o vício oculto, restituirá apenas o valor recebido e as despesas contratuais.
 
Art. 444 – A responsabilidade do alienante subsiste ainda que acoisa pereça em poder do alienatário, se perecer por vício oculto, já existente ao tempo da tradição.
- Se coisa que contém vício oculto vier a perecer em poder do alienatário (adquirente), em razão do referido defeito já existente no tempo da tradição, o alienante deverá restituir o que recebeu somada das despesas do contrato, muito embora o alienatário não mais lhe possa devolver o bem.
Art. 445 – O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no preço do prazo de trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, contado
Decadência legal: a ação redibitória e a estimatória devem ser propostas dentro do prazo.
30 dias: tradição de coisa móvel;
Um ano: bem imóvel, computado da data de sua efetiva entrega ou a metade se o bem já se encontrava em posse do adquirente.
- Se o vício da coisa, por sua natureza, apenas puder ser detectado pelo adquirente mais tarde, eleva-se o prazo para 180 dias no caso dos bens móveis e de um ano para bens imóveis.
Art. 446 – Não correrão os prazos do artigo antecedente na constância de cláusula de garantia; mas o adquirente deve denunciar sobre o defeito ao alienante nos trinta dias seguintes ao seu descobrimento, sob pena de decadência.
- Os prazos de decadência legal do art. 445 não ocorrerão na constância de cláusula convencional de garantia, por ser causa obstativa de decadência, mas o adquirente deverá, ante o princípio da boa-fé objetiva, denunciar o vício do alienante dentro de trinta dias da sua descoberta, sob pena de decadência, abrindo exceção a benefício do adquirente.
Seção VI – Da Evicção
Art. 447. Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. Subsiste esta garantia ainda que a aquisição se tenha realizado em hasta pública.
Evicção: é a perda da coisa, por força de decisão judicial, que a confere a outrem, seu verdadeiro dono, com reconhecimento em juízo da existência de ônus sobre a mesma coisa, não denunciado oportunamente no contrato.
- Haverá responsabilidade do alienante pela evicção apenas no contrato oneroso translativo do domínio e posse, visto que, se o evicto for privado de uma coisa adquirida a título gratuito, não sofrerá diminuição em seu patrimônio, pois tão somente deixará de experimentar o lucro.
- Haverá responsabilidade por evicção mesmo que a aquisição do bem se tenha efetivado por meio de hasta pública.
Art. 448. Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade pela evicção.
- A lei confere às partes o direito de modificar a responsabilidade do alienante, excluindo, reforçando ou diminuindo a garantia, desde que o façam expressamente.
- Não haverá responsabilidade do alienante se no contrato oneroso constar cláusula expressa que a exclua, isentando-o da indenização por evicção.
Se o contrato nada dispuser a respeito, subenteder-se-á que tal garantia da evicção estará assegurada para o adquirente, respondendo o alienante por ela.
Art. 449. Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta se der, tem direito o evicto a receber o preço que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou, dele informado, não o assumiu.
Efeito da causa de “non praestenda evictione”: 
Com conhecimento do risco da evicção pelo evicto, ter-se-á total isenção de responsabilidade por parte do alienante; logo, o evicto não terá direito a qualquer indenização, perdendo, inclusive, o que desembolsou.
Se o adquirente tem ciência do risco, o alienante responderá 
Sem que o adquirente haja assumido o risco da eviccção de que foi informado, terá o direito de reaver o preço de desembolsou. 
Art. 450. Salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto, além da restituição integral do preço ou das quantias que pagou:
I - à indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir;
II - à indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretamente resultarem da evicção;
III - às custas judiciais e aos honorários do advogado por ele constituído.
Parágrafo único. O preço, seja a evicção total ou parcial, será o do valor da coisa, na época em que se e venceu, e proporcional ao desfalque sofrido, no caso de evicção parcial.
Direitos do evicto
Nos casos de evicção total, poderá o evicto reclamar a restituição integral do preço (por base o valor da coisa ao tempo em que se venceu), incluídos juros legais e atualização monetária e, salvo estipulação em contrário:
Indenização dos frutos que tiver sido obrigada a restituir ao reivindicante;
Pagamento das despesas contratuais e de todos os prejuízos que diretamente resultarem da evicção;
Custas em razão do litigo, compreendendo despesas periciais e honorários advocatícios.
- A indenização deverá ser proporcional ao desfalque econômico ou à perda sofrida, no caso de evicção parcial.
Art. 451. Subsiste para o alienante esta obrigação, ainda que a coisa alienada esteja deteriorada, exceto havendo dolo do adquirente.
- O alienante responderá pela evicção parcial ou total mesmo que a coisa esteja deteriorada, pois o adquirente não tinha o dever de conservá-la.
- O alienante pagará toda indenização ao evicto, como se nenhuma deterioração tivesse havido, salvo se tiver havido dolo por parte do adquirente.
Art. 452. Se o adquirente tiver auferido vantagens das deteriorações, e não tiver sido condenado a indenizá-las, o valor das vantagens será deduzido da quantia que lhe houver de dar o alienante.
Art. 453. As benfeitorias necessárias ou úteis, não abonadas ao que sofreu a evicção, serão pagas pelo alienante.
- O evicto (adquirente) terá o direito de obter o valor das benfeitorias necessárias ou úteis que não lhe foram abonadas, pois se é possuidor de boa-fé deverá receber do alienante o valor delas, tendo o direito de reter a coisa até que seja reembolsado das despesas feitas com tais benfeitorias. 
Art. 454. Se as benfeitorias abonadas ao que sofreu a evicção tiverem sido feitas pelo alienante, o valor delas será levado em conta na restituição devida.
- Se as benfeitorias abonadas ao evicto foram feitas pelo alienante, o valor delas deverá ser levado em conta na restituição devida.
- O alienante receberá do reivindicante a devida indenização, e, se o evicto veio a recebê-la, a importância respectiva será deduzida pelo alienante do preço ou da quantia que terá de pagar ao primeiro.
Se não for feito desse modo, haveria enriquecimento ilícito do evicto.
Art. 455. Se parcial, mas considerável, for a evicção, poderá o evicto optar entre a rescisão do contrato e a restituição da parte do preço correspondente ao desfalque sofrido. Se não for considerável, caberá somente direito a indenização.
- Na evicção parcial pode haver a perda considerável de uma fração ou de parte material ou ideal do bem, ou de seus acessórios, ou mera limitação do direito de propriedade.
- O evicto (adquirente) poderá optar entre a rescisão contratual ou o abatimento no preço proporcionalmente à parte subtraída a seu domínio.
- Se não for considerável a evicção parcial, caberá ao evicto apenas o direito de pleitear uma indenização, proporcional ao desfalque econômico sofrido.
Art. 456. Para poder exercitar o direito que da evicção lhe resulta, o adquirente notificará do litígio o alienante imediato, ou qualquer dos anteriores, quando e como lhe determinarem as leis do processo.
Parágrafo único. Não atendendo o alienante à denunciação da lide, e sendo manifesta a procedência da evicção, pode o adquirente deixar de oferecer contestação, ou usar de recursos.
Denunciação da lide: ato pelo qual o autor ou o réu chama a juízo terceira pessoa, que seja garante do seu direito, a fim de resguardá-la no caso de serem vencidos na demanda que se encontram.
Permite ao evicto (adquirente) a denunciação direta de qualquer dos responsáveis pelo vício.
O adquirente deverá denunciar a lide ao alienante imediato, ou qualquer dos anteriores, para que intervenha no processo defendendoa coisa que alienou.
Se o adquirente não o fizer, perderá os direitos oriundos da evicção, não mais dispondo de ação direta para exercitá-los.
- Instaura-se, por meio dela, a lide secundária entre o adquirente e o alienante, no mesmo processo da lide principal travada entre o reivindicante e o primeiro.
- Podem ocorrer denunciações sucessivas, se o bem passou por diversos adquirentes.
Art. 457. Não pode o adquirente demandar pela evicção, se sabia que a coisa era alheia ou litigiosa.
- O evicto não poderá demandar pela evicção, movendo ação contra o transmitente, se sabia que a coisa era alheia ou litigiosa, pois assumiu o risco do bom ou mau resultado da demanda.
- Há a presunção que renunciou à garantia da evicção, tendo somente o direito de reaver o preço que desembolsou, se vier perder o bem. 
Seção VII – Dos Contratos Aleatórios
Art. 458. Se o contrato for aleatório, por dizer respeito a coisas ou fatos futuros, cujo risco de não virem a existir um dos contratantes assuma, terá o outro direito de receber integralmente o que lhe foi prometido, desde que de sua parte não tenha havido dolo ou culpa, ainda que nada do avençado venha a existir.
Caracterizam-se pela incerteza, para as duas partes, sobre as vantagens e sacrifícios que deles podem advir e a perda ou lucro dependem de um fato futuro e imprevisível.
- Contrato aleatório é aquele em que a prestação de uma ou de ambas as partes depende de um risco futuro e incerto, não podendo antecipar seu montante.
- Pode ser aleatório em razão de sua natureza (jogo, aposta, seguro) ou em decorrência de ter por objeto coisa de existência ou valor incerto.
- Não é aplicável a teoria da lesão, não estando sujeito aos efeitos de vícios, arras e outros institutos.
Emptio spei
- Modalidade de contrato aleatório em que um dos contratantes, na alienação de coisa futura, toma a si o risco relativo à existência da coisa, ajustando um preço que será devido integralmente, mesmo que nada se produza sem que haja dolo ou culpa do alienante.
Aquisição de um conjunto de coisas futuras por preço global (per aversionem).
Art. 459. Se for aleatório, por serem objeto dele coisas futuras, tomando o adquirente a si o risco de virem a existir em qualquer quantidade, terá também direito o alienante a todo o preço, desde que de sua parte não tiver concorrido culpa, ainda que a coisa venha a existir em quantidade inferior à esperada.
Parágrafo único. Mas, se da coisa nada vier a existir, alienação não haverá, e o alienante restituirá o preço recebido.
Emptio rei sperate
- Espécie de contrato aleatório em que o adquirente, na alienação de coisa futura, assume o risco quanto à maior ou menor quantidade da coisa, sendo devido o preço ao alienante.
Exemplo: o risco da aquisição da safra futura limitar-se-á à sua quantidade, pois deve ela existir, ficando nulo o contrato se nada puder ser colhido.
Art. 460. Se for aleatório o contrato, por se referir a coisas existentes, mas expostas a risco, assumido pelo adquirente, terá igualmente direito o alienante a todo o preço, posto que a coisa já não existisse, em parte, ou de todo, no dia do contrato.
- Venda de coisas já existentes, mas sujeitas a perecimento ou depreciação.
- O alienante tem direito terá direito a todo preço.
Art. 461. A alienação aleatória a que se refere o artigo antecedente poderá ser anulada como dolosa pelo prejudicado, se provar que o outro contratante não ignorava a consumação do risco, a que no contrato se considerava exposta a coisa.
Invalidação de contrato relativo:
Poder-se-á anular venda aleatória de coisa existente sujeita a risco se o adquirente vier a provar que o alienante tinha ciência, quando da efetivação do contrato, de que o bem não mais existia, pois, ante a consumação do risco, veio a perecer ou omitiu dolosamente o ato.
Seção VIII – Do Contrato Preliminar
Art. 462. O contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os requisitos essenciais ao contrato a ser celebrado.
Contrato preliminar (pactum contrahendo) é uma promessa de contratar, pela qual uma ou ambas as partes firmatarias se comprometem a concluir, no porvir, o contrato definitivo.
- Contendo todos os requisitos essenciais ao contrato definitivo, o contrato preliminar, liberto do requisito formal, tem validade e gera para o inadimplente o dever de indenizar.
- A forma do contrato preliminar não precisa ser a mesma do contrato definitivo.
Art. 463. Concluído o contrato preliminar, com observância do disposto no artigo antecedente, e desde que dele não conste cláusula de arrependimento, qualquer das partes terá o direito de exigir a celebração do definitivo, assinando prazo à outra para que o efetive.
Parágrafo único. O contrato preliminar deverá ser levado ao registro competente.
- Efetuando o contrato preliminar sem cláusula de arrependimento, observando-se o disposto no art. 462, CC e assentado no registro competente, terá validade erga omnes, prevenindo direito contra terceiros, e, sendo irretratável, qualquer dos contratantes poderá exigir a celebração do contrato definitivo prometido, cedendo, por meio de notificação judicial ou extrajudicial, um prazo ao outro para efetivação.
Art. 464. Esgotado o prazo, poderá o juiz, a pedido do interessado, suprir a vontade da parte inadimplente, conferindo caráter definitivo ao contrato preliminar, salvo se a isto se opuser a natureza da obrigação.
- Se o contratante deixar escoar o prazo contratual sem cumprir a obrigação, será lícito ao credor pleitear judicialmente o suprimento da vontade de inadimplente, obtendo um condenação daquele a emitir manifestação da vontade a que se obrigou, por meio de uma sentença que, uma vez transitada em julgado, produzirá efeitos da declaração não emitida, conferindo caráter definitivo ao contrato preliminar.
Exceção: se a obrigação for personalíssima, o contrato se resolverá com perdas e danos.
Art. 465. Se o estipulante não der execução ao contrato preliminar, poderá a outra parte considerá-lo desfeito, e pedir perdas e danos.
Rescisão de contrato preliminar: 
- Se o estipulante não vier a executar o contrato preliminar, seu inadimplemento acarretará, se a outra parte assim quiser, a rescisão contratual e a condenação ao pagamento das perdas e danos. 
Art. 466. Se a promessa de contrato for unilateral, o credor, sob pena de ficar a mesma sem efeito, deverá manifestar-se no prazo nela previsto, ou, inexistindo este, no que lhe for razoavelmente assinado pelo devedor.
Contrato preliminar unilateral:
- O contrato preliminar será unilateral se ambos os interessados anuíram para a sua realização, porém só gerará deveres para um deles.
- Trata-se da opção em que se convenciona que um dos interessados terá preferência para a realização do contrato, caso resolva celebrá-lo. Cria obrigações a uma das partes ao passo que a outra terá a liberdade de efetuar ou não o contrato conforme suas conveniências.
(Exemplo: Contrato de promessa unilateral de compra e venda → o vendedor se obriga a vender ao titular da opção, que ficará com uma prerrogativa de lhe exigir a obrigação, mediante um termo e com caráter potestativo. Se não houver prazo estipulado, o promissário-credor deverá manifestar-se no que lhe for razoavelmente assinado pelo promitente-devedor; não havendo manifestação do promissário credor dentro do lapso temporal concedido – contratualmente ou pelo promitente-devedor – a promessa de contrato ficará sem efeito e as partes voltam ao estado anterior, sem fazer jus a indenização).
 
Seção IX – Do Contrato com Pessoa a Declarar
Art. 467. No momento da conclusão do contrato, pode uma das partes reservar-se a faculdade de indicar a pessoa que deve adquirir os direitos e assumir as obrigações dele decorrentes.
Contrato com pessoa a declarar: contrato com cláusula “electio amici”, “pro amico eligendo” ou “pro amico electo” permitindo a um dos contratantes (stipulans) que, tendo o interesse defazer-se substituir por outra pessoa, revele seu nome apenas no momento da conclusão do negócio. A pessoa por ele indicada (electus) é que assumirá perante o promittens os deveres e adquirirá os direitos decorrentes do contrato.
Art. 468. Essa indicação deve ser comunicada à outra parte no prazo de cinco dias da conclusão do contrato, se outro não tiver sido estipulado.
Parágrafo único. A aceitação da pessoa nomeada não será eficaz se não se revestir da mesma forma que as partes usaram para o contrato.
- A indicação da pessoa (electus), que irá adquirir os direitos e assumir as obrigações decorrentes do ato negocial feito por um dos contratantes (stipulans) no momento de sua conclusão, deverá ser comunicado ao outro (promittens) dentro do prazo de cinco dias da conclusão do contrato, salvo se outro termo tenha sido estipulado.
- A aceitação da pessoa indicada só produzirá efeitos se revestida da mesma forma utilizada para efetivação do contrato.
(Exemplo: se o contrato se deu por instrumento particular, a aceitação poderá dar-se por essa via).
Art. 469. A pessoa, nomeada de conformidade com os artigos antecedentes, adquire os direitos e assume as obrigações decorrentes do contrato, a partir do momento em que este foi celebrado.
- Com sua aceitação, revestida da mesma formalidade de ato negocial, a pessoa nomeada passará a ter todos os direitos e deveres oriundos do contrato, a partir do instante de sua celebração, liberando-se o indicante.
- Efeito “ex tunc”: o nomeado passa a ser tido como contratante originário, desaparecendo da relação contratual aquele que fez sua indicação.
 
Art. 470. O contrato será eficaz somente entre os contratantes originários:
I - se não houver indicação de pessoa, ou se o nomeado se recusar a aceitá-la;
II - se a pessoa nomeada era insolvente, e a outra pessoa o desconhecia no momento da indicação.
Haverá vínculo entre os contratantes originários (stipulans e promittens) se:
Não se indicar a pessoa que irá substituir um dos contratantes;
Nomeado se recusar a aceitar sua indicação;
Pessoa indicada (electus) era insolvente, fato esse desconhecido no momento de sua nomeação, caso em que o promitente pode opor-se a sua indicação → nesse caso torna-se ineficaz a cláusula de reserva de nomeação e contrato originário entre stipulans e promittens terá eficácia imediata entre eles.
 
Art. 471. Se a pessoa a nomear era incapaz ou insolvente no momento da nomeação, o contrato produzirá seus efeitos entre os contratantes originários.
- Quem nomear terceiro responderá se este for inidôneo, insolvente ou incapaz.
Capítulo II – Da Extinção do Contrato
Seção I – Do Distrato
Art. 472. O distrato faz-se pela mesma forma exigida para o contrato.
Distrato ou resilição bilateral é um negócio jurídico que rompe o vínculo contratual, mediante declaração de vontade de ambos os contraentes de pôr fim ao contrato que firmaram, produzindo efeito “ex nunc”.
- O distrato submete-se às formas relativas ao contrato, ou seja, o distrato deve respeitar a forma do contrato.
 
Art. 473. A resilição unilateral, nos casos em que a lei expressa ou implicitamente o permita, opera mediante denúncia notificada à outra parte.
Parágrafo único. Se, porém, dada a natureza do contrato, uma das partes houver feito investimentos consideráveis para a sua execução, a denúncia unilateral só produzirá efeito depois de transcorrido prazo compatível com a natureza e o vulto dos investimentos.
- Existem hipóteses excepcionais de resilição unilateral admitidas por lei expressa ou implicitamente.
- Produz efeitos “ex nunc”, não operando retroativamente, de sorte que não haverá restituição das prestações cumpridas, uma vez que as consequências jurídicas produzidas permanecerão inalteráveis.
A resilição contratual opera-se mediante denúncia notificada que não precisará ser justificada, constituindo meio lícito de pôr fim a um contrato por tempo indeterminado e é a manifestação da vontade que visa dar ciência da intentio de rescindir o negócio.
Seção II – Da Cláusula Resolutiva
Art. 474. A cláusula resolutiva expressa opera de pleno direito; a tácita depende de interpelação judicial.
Cláusula resolutiva expressa: os contratantes podem ajustar cláusula resolutiva expressamente, para reforçar o efeito da condição, de tal forma que a inexecução da prestação por qualquer um deles importe na rescisão do contrato de pleno direito, sujeito o faltoso a perdas e danos, sem necessidade de interpelação judicial.
Cláusula resolutiva tácita: está subentendida em todos os contratos bilaterais ou sinalagmáticos e, havendo inadimplemento o pronunciamento da rescisão da avença deverá ser judicial, portanto, o contrato não se rescindirá de pleno direito.
A condição resolutiva tácita deverá ser apurada judicialmente, de modo que o magistrado só decretará a rescisão do contrato se provado seu descumprimento pelo devedor.
Art. 475. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas e danos.
- Se o contrato estiver sob condição resolutiva e um dos contratantes não cumprir sua obrigação, o lesado pela inexecução está autorizado a pedir a resolução do contrato, se não quiser exigir seu cumprimento.
- Em qualquer opção por ele feita será cabível a indenização por perdas e danos.
- Com o pronunciamento judicial do rompimento do liame obrigacional ou da exigência de seu cumprimento, o faltoso deverá reparar todos os prejuízos que causou, compreendendo-se neles o dano emergente e o lucro cessante.
Seção III – Da Exceção do Contrato Não Cumprido
Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro.
- No contrato bilateral cada um dos contraentes é simultânea e reciprocamente credor e devedor do outros, pois produz direitos e obrigações para ambos.
Exceptio non adimpleti contractus
- O contrato bilateral requer que as duas prestações sejam cumpridas simultaneamente, de forma que nenhum dos contratantes poderá, antes de cumprir sua obrigação, exigir o implemento da do outro.
Art. 477. Se, depois de concluído o contrato, sobrevier a uma das partes contratantes diminuição em seu patrimônio capaz de comprometer ou tornar duvidosa a prestação pela qual se obrigou, pode a outra recusar-se à prestação que lhe incumbe, até que aquela satisfaça a que lhe compete ou dê garantia bastante de satisfazê-la.
Efeitos da “exceptio non adimpleti contractus” (caso de inadimplemento total da obrigação) e da “exceptio non rite adimpleti contractus” (hipótese de descumprimento parcial da obrigação).
O contratante pontual poderá:
Permanecer inativo, alegando “exceptio non adimpleti contratus”;
Pedir rescisão contratual com perdas e danos, se lesado pelo inadimplemento culposo do contrato;
Exigir o cumprimento contratual.
Garantia do cumprimento da obrigação: se um dos contrates sofrer diminuição em seu patrimônio,que comprometa ou torne duvidosa a prestação a que se obrigou, poderá o outro recusar-se a cumprir até que aquele satisfaça a sua ou dê garantia suficiente de que ira cumpri-la.
Seção IV – Da Resolução por Onerosidade Excessiva
Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação.
Cláusula “rebus sic stantibus” →a onerosidade excessiva, oriunda de acontecimento extraordinário e imprevisível, que dificulta extremamente o adimplemento da obrigação de uma das partes é motivo legal de resolução contratual por se considerar subentendida a cláusula “rebus sic stantibus”, que corresponde à formula de que nos contratosde trato sucessivo ou a termo, o vínculo obrigatório ficará subordinado a todo tempo, ao estado de fato vigente à época de sua estipulação.
Art. 317, CC: teoria da imprevisão, ao permitir a correção judicial do valor da prestação, havendo desproporcionalidade entre o que foi ajustado durante a celebração de contrato e o valor da prestação na ocasião da execução contratual, desde que a causa da desproporção seja imprevisível e tenha havido requerimento de uma das partes, pois a revisão judicial “ex officio” está vedada.
Resolução do contrato por onerosidade excessiva
O magistrado deverá, para dar ganho de causa ao lesado, apurar a ocorrência dos seguintes requisitos:
Vigência de um contrato comutativo de execução continuada;
Alteração radical das condições econômicas no momento da execução do contrato, em confronto com as do instante de sua formação;
Onerosidade excessiva para um dos contratantes e benefício exagerado para o outro;
Imprevisibilidade e extraordinariedade daquela modificação, pois é necessário que as partes, quando celebraram o contrato, não possam ter previsto esse evento normal.
- Se o órgão judicante conceder ganho de causa, rescindindo o está contrato e a sentença produzirá entre as partes efeitos retroativos desde a data da citação.
Art. 479. A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar eqüitativamente as condições do contrato.
 
- O interessado (réu da ação de resolução do contrato), para evitar a rescisão do contrato, se ofereça para modificar, na contestação ou na transação judicial, equitativamente ou de modo equânime, as condições do contrato, adequando-as a realidade econômico-social, restabelecendo o equilibro contratual.
Art. 480. Se no contrato as obrigações couberem a apenas uma das partes, poderá ela pleitear que a sua prestação seja reduzida, ou alterado o modo de executá-la, a fim de evitar a onerosidade excessiva.
- Se, por contrato unilateral, apenas um dos contratantes tiver deveres a cumprir, poderá ele, para evitar onerosidade excessiva, requerer judicialmente que sua prestação seja reduzida ou que se altere de maneira de executá-la.
Título VI – Das Várias Espécies de Contrato
Capítulo I – Da Compra e Venda
Seção I – Disposições Gerais
Art. 481. Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro.
- O contrato de compra e venda é aquele em que uma pessoa (vendedor) se obriga a transferir à outra (comprador) o domínio de uma coisa corpórea ou incorpórea, mediante pagamento de certo preço em dinheiro ou valor fiduciário correspondente.
Translativo de domínio: não no sentido de operar sua transferência, mas no de servir como titulus adquirendi, uma vez que gera entre os contraentes um direito pessoal, trazendo para o vendedor apenas uma obrigação de transferir o domínio.
A transferência da propriedade só se perfaz com a tradição (coisa móvel) ou pelo assento do título aquisitivo no Registro Imobiliário (bem imóvel).
Coisa a ser transferida, deverá:
Ter existência, ainda que potencial, no momento da realização do contrato, seja ela corpórea (imóvel, móvel ou semovente) ou incorpórea (valor cotado em Bolsa, direito de invenção, credito, direito de propriedade literária, científica ou artística);
Ser determinada ou determinável;
Ser disponível, uma vez que sua inalienabilidade natural, legal ou convencional impossibilitaria a sua transmissão ao comprador;
Ter possibilidade de ser transferida a comprador, ou seja, não poderá pertencer ao próprio comprador ou a terceiro, pois ninguém poderá transferir a outrem direito de que não seja titular.
Pecuniariedade:
- O preço deverá ter o caráter da pecunidariedade, por constituir uma soma em dinheiro, que o comprador paga ao vendedor em torça de coisa adquirida, mas nada impede que pague mediante coisa representativa de dinheiro ou a ele redutível (cheque, duplicata, letra de câmbio, nota promissória, títulos da dívida pública, etc.).
Art. 482. A compra e venda, quando pura, considerar-se-á obrigatória e perfeita, desde que as partes acordarem no objeto e no preço.
- A venda pura e simples, não contendo condição ou termo, será considerada obrigatória e perfeita, passando a produzir efeitos a partir do momento em que as partes contratantes concordarem com objeto e preço.
 
Art. 483. A compra e venda pode ter por objeto coisa atual ou futura. Neste caso, ficará sem efeito o contrato se esta não vier a existir, salvo se a intenção das partes era de concluir contrato aleatório.
- No momento da celebração do contrato, o objeto alienado poderá ter existência potencial, mas na data avençada para sua entrega precisará integrar o patrimônio do vendedor, para que ele possa dele dispor, transferindo sua propriedade, por meio da tradição (bem móvel) ou do registro (imóvel), ao adquirente.
Nem sempre o contrato terá que incidir sobre objeto já conhecido e perfeitamente caracterizado no momento da formação, uma vez que o ordenamento jurídico permite que verse sobre coisa futura.
(Exemplo: frutos de uma colheita esperada ou produtos a serem fabricados, hipótese em que se configurará o contrato obrigatório).
Art. 484. Se a venda se realizar à vista de amostras, protótipos ou modelos, entender-se-á que o vendedor assegura ter a coisa as qualidades que a elas correspondem.
Parágrafo único. Prevalece a amostra, o protótipo ou o modelo, se houver contradição ou diferença com a maneira pela qual se descreveu a coisa no contrato.
- Se a coisa for vendida mediante amostra, protótipo ou modelo e não for entregue nas condições prometidas, o comprador poderá recusá-la no ato do recebimento.
- O adquirente poderá pedir em juízo a competente vistoria ad perpetuam rei memoriam, em que se baseará a ação de rescisão do contrato, com indenização de perdas e danos.
- Se houver contradição ou diferença com o modo pelo qual se descreveu a coisa no negócio jurídico, a amostra, protótipo ou modelo prevalecerá e o vendedor deverá entregar objeto da mesma qualidade do que se originalmente apresentou, sob pena de rescisão contratual e de pagamento das perdas e danos ao adquirente.
Art. 485. A fixação do preço pode ser deixada ao arbítrio de terceiro, que os contratantes logo designarem ou prometerem designar. Se o terceiro não aceitar a incumbência, ficará sem efeito o contrato, salvo quando acordarem os contratantes designar outra pessoa.
- Ante o princípio da autonomia da vontade, a taxação do preço poderá ser deixada a terceiro, que será um mandatário escolhido entre os contratantes, caso estes não queiram ou não possam determinar o preço.
Art. 486. Também se poderá deixar a fixação do preço à taxa de mercado ou de bolsa, em certo e determinado dia e lugar.
- O preço será determinável se se deixar a sua fixação à taxa de mercado ou de bolsa, em tal dia e local.
- Se a taxa de mercado ou de bolsa variar no dia marcado para fixar o preço, este terá por base ou critério equitativo a média da oscilação naquela data.
Art. 487. É lícito às partes fixar o preço em função de índices ou parâmetros, desde que suscetíveis de objetiva determinação.
- O preço pode ser fixado por tarifamento, estabelecido por intervenção de autoridade pública, que impõe o preço do objeto ou estabelece o limite máximo em função de índices ou parâmetros suscetíveis de uma determinação objetiva.
Art. 488. Convencionada a venda sem fixação de preço ou de critérios para a sua determinação, se não houver tabelamento oficial, entende-se que as partes se sujeitaram ao preço corrente nas vendas habituais do vendedor.
Parágrafo único. Na falta de acordo, por ter havido diversidade de preço, prevalecerá o termo médio.
- Se se convencionar venda sem fixar o preço do bem a ser alienado ou os critérios para sua determinação, não havendotabelamento oficial, entender-se-á que os contratantes se submeteram ao preço que é o corrente na venda habituais do vendedor.
- Não havendo acordo, diante da diversidade ou oscilação do preço, prevalecerá o termo médio dos valores habitualmente usados pelo vendedor na ocasião da efetivação negocial. 
Art. 489. Nulo é o contrato de compra e venda, quando se deixa ao arbítrio exclusivo de uma das partes a fixação do preço.
- O preço não pode ser arbitrariamente imposto por um dos contratantes sob pena de nulidade da compra e venda.
Art. 490. Salvo cláusula em contrário, ficarão as despesas de escritura e registro a cargo do comprador, e a cargo do vendedor as da tradição.
→ Despesas do comprador: escritura pública e respectivo registro e com os emolumentos cartórios, tributos, etc.
→ Despesas do vendedor: tradição da coisa móvel (transporte, pesagem, medição, contagem, etc.).
Art. 491. Não sendo a venda a crédito, o vendedor não é obrigado a entregar a coisa antes de receber o preço.
- Na venda á vista só se entrega o objeto vendido mediante o pagamento imediato do preço.
Art. 492. Até o momento da tradição, os riscos da coisa correm por conta do vendedor, e os do preço por conta do comprador.
§ 1o Todavia, os casos fortuitos, ocorrentes no ato de contar, marcar ou assinalar coisas, que comumente se recebem, contando, pesando, medindo ou assinalando, e que já tiverem sido postas à disposição do comprador, correrão por conta deste.
§ 2o Correrão também por conta do comprador os riscos das referidas coisas, se estiver em mora de as receber, quando postas à sua disposição no tempo, lugar e pelo modo ajustados.
- Como sem tradição ou registro da escritura não se tem transferência de propriedade, o vendedor assumirá os riscos da coisa, visto que seu é o domínio.
- Se o bem se perder os se deteriorar, por caso fortuito ou força maior, até o momento da tradição, o vendedor arcará com as consequências, devendo restituir o preço, se já o recebeu.
- Se a perda ou deterioração se der após a tradição, o comprador arcará com os riscos, pois houve transferência de propriedade.
- Caso de mora: se a coisa foi oportunamente oferecida pelo vendedor ao comprador, que não a quis receber, ele suportará o risco da coisa.
Art. 493. A tradição da coisa vendida, na falta de estipulação expressa, dar-se-á no lugar onde ela se encontrava, ao tempo da venda.
- Estando adimplente o comprador, é obrigação do vendedor entregar a coisa com todos os acessórios, transferindo ao adquirente a sua propriedade, no local convencionado no contrato e, na falta de estipulação expressa, no lugar onde se encontrava por ocasião da venda.
 
Art. 494. Se a coisa for expedida para lugar diverso, por ordem do comprador, por sua conta correrão os riscos, uma vez entregue a quem haja de transportá-la, salvo se das instruções dele se afastar o vendedor.
- Se a coisa for enviada para lugar diferente do convencionado, por ordem do comprador, este assumirá a responsabilidade pelos riscos, uma vez entregue ao transportador, exceto se o vendedor se afastar de suas instruções.
 
Art. 495. Não obstante o prazo ajustado para o pagamento, se antes da tradição o comprador cair em insolvência, poderá o vendedor sobrestar na entrega da coisa, até que o comprador lhe dê caução de pagar no tempo ajustado.
Insolvência do comprador:
- Se a venda foi a credito, devendo a coisa ser entregue por ocasião do pagamento da primeira prestação, poderá o vendedor sustar tal entrega se o comprador, antes da tradição, tornar-se insolvente.
- Tal situação poderá ocorrer ainda que tenha recebido alguma parcela e até que o comprador lhe assegure, por caução, o pagamento integral no tempo avençado.
Prestada a caução (garantia real ou fidejussória), levanta-se a suspensão da execução contratual e o vendedor deverá entregar a coisa, sob pena de responder por perdas e danos.
Art. 496. É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros descendentes e o cônjuge do alienante expressamente houverem consentido.
Parágrafo único. Em ambos os casos, dispensa-se o consentimento do cônjuge se o regime de bens for o da separação obrigatória.
- O ascendente tem direito, a qualquer tempo, alienar seus bens a quem quiser, mas não pode, sob pena de anulabilidade, vender ao descendente sem que os demais descendentes expressamente consintam por meio de escritura pública ou no mesmo instrumento particular do ato principal.
- O cônjuge do alienante deve anuir, salvo se casado sob regime de separação obrigacional de bens, porque essa venda de bens móveis ou imóveis poderia acobertar uma doação em prejuízo dos demais herdeiros necessários.
 - O prazo para anular venda de ascendente a descendente é decadencial de dois anos.
- Se ocorrer venda por meio de interposta pessoa, para beneficiar um filho, tal venda simulada deverá ser invalidada.
Art. 497. Sob pena de nulidade, não podem ser comprados, ainda que em hasta pública:
I - pelos tutores, curadores, testamenteiros e administradores, os bens confiados à sua guarda ou administração;
II - pelos servidores públicos, em geral, os bens ou direitos da pessoa jurídica a que servirem, ou que estejam sob sua administração direta ou indireta;
III - pelos juízes, secretários de tribunais, arbitradores, peritos e outros serventuários ou auxiliares da justiça, os bens ou direitos sobre que se litigar em tribunal, juízo ou conselho, no lugar onde servirem, ou a que se estender a sua autoridade;
IV - pelos leiloeiros e seus prepostos, os bens de cuja venda estejam encarregados.
Parágrafo único. As proibições deste artigo estendem-se à cessão de crédito.
- Os que têm, por dever de ofício ou profissão, zelar pelos bens alheios, estão proibidos de adquiri-los, mesmo em hasta pública (leilão), sob pena de nulidade, por razões de ordem moral, pois, por velarem por interesses do alienante, poderiam influenciá-lo de algum modo.
Os tutores, curadores, testamenteiros e administradores não poderão comprar bens confiados à sua guarda e administração.
Os servidores públicos não poderão comprar bens ou direitos da pessoa jurídica – União, Estados ou Municípios – a que servirem ou que estiverem sob sua administração direta ou indireta, visto que poderão influenciar deliberação da venda ou da fixação do preço.
Juízes, secretários de tribunais, arbitradores, peritos e outros serventuários ou auxiliares da justiça não poderão adquirir bens ou direitos em litígio, no local onde servirem ou a que se estender sua autoridade.
Art. 498. A proibição contida no inciso III do artigo antecedente, não compreende os casos de compra e venda ou cessão entre co-herdeiros, ou em pagamento de dívida, ou para garantia de bens já pertencentes a pessoas designadas no referido inciso.
- Exceção legal para o art. 497 nos casos em que não houver conflitos de interesse, desaparecendo o perigo de especulação desleal e o antagonismo entre o dever e interesse próprio.
Art. 499. É lícita a compra e venda entre cônjuges, com relação a bens excluídos da comunhão.
- Consortes, em regra, não poderão efetivar contrato entre si, caso o regime seja de comunhão universal de bens, visto que se terá uma venda fictícia, pois os bens do casal são comuns e ninguém pode comprar o que já lhe pertence.
- A venda será lícita, nesse regime ou em outro, desde efetiva e real e não lesiva aos interesses alheios, quando relativa aos bens excluídos da comunhão.
Art. 500. Se, na venda de um imóvel, se estipular o preço por medida de extensão, ou se determinar a respectiva área, e esta não corresponder, em qualquer dos casos, às dimensões dadas, o comprador terá o direito de exigir o complemento da área, e, não sendo isso possível, o de reclamar a resolução do contrato ou abatimento proporcional ao preço.
§ 1o Presume-se que a referência às dimensões foi simplesmente enunciativa, quando a diferença encontrada não exceder de um vigésimo da área total enunciada, ressalvadoao comprador o direito de provar que, em tais circunstâncias, não teria realizado o negócio.
§ 2o Se em vez de falta houver excesso, e o vendedor provar que tinha motivos para ignorar a medida exata da área vendida, caberá ao comprador, à sua escolha, completar o valor correspondente ao preço ou devolver o excesso.
§ 3o Não haverá complemento de área, nem devolução de excesso, se o imóvel for vendido como coisa certa e discriminada, tendo sido apenas enunciativa a referência às suas dimensões, ainda que não conste, de modo expresso, ter sido a venda ad corpus.
Venda “ad mensuram” → aquela em que se determina a área do imóvel vendido, estipulando-se preço por medida da extensão.
Se houver diferença inferior a um vinte avos, ter-se-á presunção, juris tantum de que a menção à área foi meramente enunciativa, ou seja, empregada apenas para dar uma indicação aproximativa do todo que se vende.
Se a área encontrada for maior do que a indicada no título, provando que o vendedor tinha motivos pra ignorar a sua medida exata, o comprador poderá optar entre a complementação do preço ou a devolução do excesso, nos casos em que agiu de boa-fé.
Venda “ad corpus” → o vendedor aliena o imóvel como corpo certo e determinado, logo, o comprador não poderá exigir o implemento da área nem devolução do excesso, pois o adquiriu pelo conjunto e não em atenção a área declarada, que assume caráter meramente enunciativo.
Art. 501. Decai do direito de propor as ações previstas no artigo antecedente o vendedor ou o comprador que não o fizer no prazo de um ano, a contar do registro do título.
Parágrafo único. Se houver atraso na imissão de posse no imóvel, atribuível ao alienante, a partir dela fluirá o prazo de decadência.
- A complementação da área (ação ex empto), a rescisão contratual (ação redibitória) ou o abatimento do preço (ação quanti minoris) devem ser pleiteadas dentro do prazo decadencial de um ano, contando do registro do título na Circunscrição Imobiliária competente ou em caso de atraso por culpa do alienante, a partir da imissão da posse do adquirente do imóvel.
- Se o atraso se der por culpa do comprador, por força maior ou caso fortuito, nenhuma alteração haverá do marco inicial do decurso do prazo decadencial.
 
Art. 502. O vendedor, salvo convenção em contrário, responde por todos os débitos que gravem a coisa até o momento da tradição.
- O vendedor, salvo estipulação em contrário, responderá por todos os débitos, inclusive fiscais, que gravarem a coisa alienada até o momento da tradição ou do registro, porque o domínio é seu.
- O comprador só responderá pelas dívidas que recaírem sobre a coisa que adquiriu, dede posteriores à tradição, salvo cláusula contratual em contrário.
Art. 503. Nas coisas vendidas conjuntamente, o defeito oculto de uma não autoriza a rejeição de todas.
- O alienante terá responsabilidade por defeito oculto nas vendas de coisas conjuntas.
- Se o objeto for uma universalidade, responderá pela existência desse complexo, não respondendo individualmente pelos objetos que o compõem.
Defeito oculto de um deles, individualmente considerado, não autorizará a rejeição de todos pelo comprador. 
Art. 504. Não pode um condômino em coisa indivisível vender a sua parte a estranhos, se outro consorte a quiser, tanto por tanto. O condômino, a quem não se der conhecimento da venda, poderá, depositando o preço, haver para si a parte vendida a estranhos, se o requerer no prazo de cento e oitenta dias, sob pena de decadência.
Parágrafo único. Sendo muitos os condôminos, preferirá o que tiver benfeitorias de maior valor e, na falta de benfeitorias, o de quinhão maior. Se as partes forem iguais, haverão a parte vendida os comproprietários, que a quiserem, depositando previamente o preço.
- O condômino, se a coisa comum for divisível, não poderá vender sua parte ideal a estranho, se o outro consorte a quiser, tanto por tanto; logo, deverá dar preferência aos demais condôminos.
- O condômino a quem não se der conhecimento da venda da coisa poderá, depositando o preço, anular a venda e haver para si a parte vendida a estranhos, se o requere no prazo decadencial de cento e oitenta dias, contando da data em que teve ciência da alienação.
- Havendo vários condôminos interessados, preferir-se-á o que tiver benfeitorias de maior valor e, na falta de benfeitorias, o de quinhão maior. Se as partes ou quotas forem iguais, terão a parte vendida os comproprietários que a quiserem, depositando previamente o preço correspondente.

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