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Resumo de "QUE É UMA CONSTITUIÇÃO?' Ferdinand Lassale

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI - URCA
DEPARTAMENTO DE DIREITO
RESUMO: “QUE É UMA CONSTITUIÇÃO?” – FERDINAND LASSALE
CREUSA THAYANNE S. R. JACÓ
CRATO- CE
2016
Ferdinand Lassale foi um economista alemão, fortemente influenciado pelo marxismo que lhe fora contemporâneo, chegando a atuar juntamente com Karl Marx, embora possuísse alguns posicionamentos divergentes desse. Nascido em 1825, foi também jornalista político e filósofo, vindo a ser reconhecido por seu caráter agitador, pela fundação do primeiro partido trabalhista alemão e pelo conceito sociológico de Constituição.
“Que é uma Constituição?” ou “Que é uma Constituição Política?” é uma de suas principais obras, tendo sido proferida em uma conferência, datada de 1863, para intelectuais e operários da antiga Prússia. Seu público justifica o uso simples e facilmente compreensível, embora apresente um “caráter altamente científico”, da linguagem utilizada no discurso.
Com um aspecto notadamente socialista, Lassale procura conceituar, através uma forma genérica, o que, verdadeiramente, significa a essência de uma Constituição, partindo da análise do contexto social -chamados fatores reais do poder, por isso sendo atribuído a ele o conceito sociológico constitucional supracitado.
A obra é dividida em capítulos – três, no total - que procuram responder, de forma comparativa, à pergunta feita no título da obra. Em seu primeiro capítulo “Que é uma Constituição?”, o autor questiona qual a verdadeira essência do documento, mostrando que mesmo as respostas jurídicas não seriam capazes de esclarecer onde se encontra a verdadeira essência de Constituição, pois limitam-se a descrever como se formam e o que fazem, não podendo, dessa forma, orientar se tal documento é bom ou mau, durável ou insustentável, realizável ou não, uma vez que se faz estritamente necessário conhecer o conceito de Constituição ideal para comparar se a concreta atende aos seus requisitos. Ele inicia, então, diferenciando Constituição de lei. 
Segundo ele, leis ordinárias – comuns- e leis constitucionais possuem como semelhança somente, e tão somente, o fato de serem, ambas, leis. A diferença, todavia, consiste no fato de que há no consciente de todos que a Constituição é uma lei fundamental, e, como tal, possui um aspecto “sagrado”, devendo ser mais firme e mais imóvel que uma lei comum. Ademais, como lei fundamental, há de caracterizar-se como básica, apresentar-se como fundamento para todas as outras leis e ser, ainda, em suas palavras “uma força ativa que faz, por uma exigência da necessidade, que todas as outras leis e instituições jurídicas vigentes no país sejam o que realmente são [...]. ” (p. 16).
Em seguida, continua o jurista sua análise a partir do que seria, nas sociedades, os fatores reais do poder que dariam força ativa à uma Constituição para que esta seja o que ela é, informando à todas as leis e instituições jurídicas como devem ser o que são. Para esclarecer seu posicionamento, Lassale se utiliza de um exemplo, segundo o qual, há de se construir, através dos fatores reais de poder, as Constituições. Para tal, de modo suposto, ele coloca que, se de uma maneira “sinistra” perdêssemos todas as leis e instituições jurídicas, inclusive a própria Constituição, não sendo possível recorrer a nenhum documento restante, o legislador estaria totalmente livre para, de um modo germinal, instituir novamente a Constituição a seu próprio modo? A resposta é, presumivelmente, negativa, partindo da ideia de que o legislador estaria obrigado a submeter-se à existência de fragmentos sociais detentores de poder que não devem ser ignorados ou contrariados. Seriam esses: a monarquia, estabelecida, em seu exemplo, pelo uso da força do exército; a aristocracia ou nobreza, cuja influência era diretamente exercida na Corte; a grande burguesia, e, de forma direta, por essa influenciada, a pequena burguesia e os operários; e por fim, os banqueiros, de quem muitas vezes o Governo torna-se dependente. Aos interesses desses, as Constituições deveriam estabelecer a garantia de suas vontades.
Ainda nesse capítulo, continua a relacionar as parcelas atuantes na sociedade com o todo representado na Constituição, afirmando que a soma dos fatores reais do poder é que regem o país, transformando-se em direito através da expressão escrita numa folha de papel, que ele vai chamar de Constituição Jurídica -em detrimento da Constituição real. Esses o fazem não de forma direta, mas positivados através de leis, instituindo, assim, as desigualdades existentes entre esses fatores, como fica claro no sistema eleitoral prussiano das três classes. Cita, ainda, o renomado autor, mais alguns fatores que fortemente influenciam a Constituição: a Câmara Senhorial ou Senado, que pesam as decisões escolhidas por toda a Nação através da câmara dos Deputados; e o Rei e o Exército, o primeiro decide toda a atuação do segundo, preenchendo todos os seus postos vagos, cabendo àquele, estando à margem da Constituição, submeter-se à sujeição pessoal do rei, cuja soberania permanece solidificada no poder organizado que o exército possui. Esse poder organizado, prossegue ele, é o que faz perpetuar sua força sobre o poder inorgânico sobre o qual se apoia a nação, que seria infinitamente maior, mas que não consegue ser impulsionado facilmente, carecendo, destarte, dos canhões e ficando, dessa forma, sujeitos à estes, encerrando, assim, o primeiro capítulo.
No capitulo posterior, “Algo de História Constitucionalista”, Lassale procura mostrar, através das transformações sociais na sociedade medieval francesa o que levou os fatores reais do poder a aderir à Constituição escrita, uma vez que, segundo ele, as Constituições sempre existiram, em todos os momentos da história e em todos os países, mesmo que não estivessem escritas, sendo, porém, eficazes e reais, atuando como a expressão clara e simples dos fatores reais do poder. 
 Essa Constituição abstrata (ou Constituição real), afirma ele, baseava-se na existência de precedentes: a norma era continuada ininterruptamente, e sua proclamação constituía a base do Direito constitucional. Esses, somado aos fatos, princípios, foros, estatutos e privilégios formavam a Constituição de um país.
A primeira Constituição a ser analisada no fluxo da história é a feudal, cuja organização social baseia-se na existência de uma monarquia e nobreza -senhores feudais- de poderes quase equiparados, além do restante da população que está sob jugo do domínio da classe senhorial, uma vez que estes possuem grande parte da propriedade territorial. Logo, é possível perceber que não será cabível ao príncipe instituir uma Constituição que não atenda aos privilégios da classe senhorial, uma vez que essa detém as terras e o povo, permitindo que essa ocupe um lugar de destaque, restando ao príncipe ocupar, tão somente, o primeiro posto entre seus iguais hierárquicos.
Continuando na marcha histórica, o aumento da população, o incremento do comércio e o consequente nascimento da burguesia oferecem ao príncipe subsídios para arrefecer o poderio da nobreza, uma vez que se faz necessário “a ordem e a tranquilidade e ao mesmo tempo a organização de uma justiça ordeira do país”, o que fornece ao príncipe justificativas para dispor de bons soldados e um exército forte. Essas transformações dão lugar à uma sociedade embasada na monarquia absolutista, tendo o príncipe a seu dispor do instrumento real e efetivo do poder: o exército, fazendo-o acreditar não ser necessário instituir uma Constituição escrita. Não mais podendo competir com o poder organizado do “Estado militar”, a nobreza volta a ocupar os castelos a fim de perpetuar o poderio que lhe resta.
O contínuo progresso faz surgir uma grande classe que se sobrepõe até mesmo ao exército, que logo entende que também tem voz e deve ser ouvida, tomando a consciência de potência política independente: a burguesia, exigindo que o príncipe governasse também de acordo com sua vontade. Paralelamente, o crescimento vertiginoso dariqueza social é dividida e leva consigo a indústria, as ciências, e cultura geral e a consciência coletiva, que também vêm a incrementar a Constituição. Insurge, desse modo, a Revolução Burguesa, sobre a qual Lassa Le utiliza como exemplo a prussiana de 18 de março de 1848.
Todos esses fatores, avalia ele, foram capazes de adequar a Constituição às necessidades não dos princípios ou questões da época, mas das vontades dos fatores reais do poder em uma disputa para se estabelecer e impor limites entre si, encerrando, assim, o segundo capítulo.
Saindo de um aspecto sociológico e partindo para uma análise mais constitucionalista, o autor inicia seu terceiro capitulo discutindo sobre as características que deveria possuir uma Constituição para ser boa e durável. Segundo ele, uma Constituição jurídica insurgente deverá alinhar-se à Constituição real, tendo suas raízes nos fatores reais do poder que regem o país. Quando não o fizer, aquela sucumbirá a essa, irrompendo inevitavelmente num conflito que a derrogará, uma vez que o poder da nação é superior ao poder do exército.
Entretanto, mesmo sendo superior, o poder da nação não está sempre organizado, diferentemente do exército, que está sempre pronto a lutar e vencer, servindo de instrumento de força ao serviço do rei contra a nação. Desse fato, Lassale explicita consequências da não desarticulação do exército pelo povo no momento oportuno. A primeira consequência é o nascimento prematuro de uma Constituição que não consegue afastar os fatores reais do poder dominante, deixando-lhe margem para vir a dominar quando oportuno, fazendo, novamente, da Constituição escrita apenas uma ‘folha de papel’. Uma outra consequência do não desmoronamento daqueles fatores seriam a não transformação e, consequente, não correspondência à Constituição real, servindo muito bem aos desejos do rei, que faz perpetuar a ordem já existente sem nada lhe modificar ou adequar. Uma terceira consequência, e podemos claramente notar que estão alinhadas, é o fato de continuar a existir um clamor social pela correspondência das Constituições – real e a jurídica, fazendo com que o povo não a respeite, nem queira sua permanência, logo, “essa Constituição poderá ser reformada radicalmente, virando-a da direita para a esquerda, porém mantida integralmente, nunca. ” (p. 62)
Ferdinand Lassale, encerra, portanto, seu terceiro capítulo em “Conclusões Práticas”, onde afirma que os problemas constitucionais são problemas não de direito, mas de poder; as Constituições escritas não têm poder nem são duráveis se não corresponderem fidelissimamente aos fatores reais do poder que imperam na realidade social. Além disso, o exército e os servidores são de grande auxílio para os governantes assim estabelecerem-se, alertando seus ouvintes ao atentarem em dar seus votos ao nascimento de uma Constituição que não venha servir às “forças reais que mandam no país”.
BIBLIOGRAFIA
LASSALE, Ferdinand. Que é uma Constituição? Edições e publicações Brasil, São Paulo, 1993. Tradução: Walter Stönner. EBooksBrasil.com

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