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- Fevereiro de 2000 - Antonio Tadeu Lyrio de Almeida MÁQUINAS SÍNCRONAS ÍNDICE CAPÍTULO 1: CONCEITOS FUNDAMENTAIS SOBRE ELETROMAGNETISMO 1 SAINT EXUPERY 1 RESUMO 1 1.0 - TENSÃO INDUZIDA 1 2.0- CAMPO MAGNÉTICO CRIADO POR CORRENTE 2 3.0 - FORÇA E CONJUGADO ELETROMAGNÉTICO 3 4.0 - AÇÕES MOTORA E GERADORA 3 EXERCÍCIOS 4 CAPÍTULO 2: PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO DOS GERADORES SÍNCRONOS 6 GOLBERY DO COUTO E SILVA 6 RESUMO 6 1.0 - INTRODUÇÃO 6 2.0 - PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO - GERADOR MONOFÁSICO 6 3.0 - PRINCÍPIO DE FUNCINAMENTO - GERADOR TRIFÁSICO 8 4.0 - CONSIDERAÇÕES SOBRE TENSÕES INDUZIDAS 8 4.1 - DISTRIBUIÇÃO DE FLUXO 8 4.2 - FATOR DE DISTRIBUIÇÃO 9 4.3 - FATOR DE PASSO 10 4.4- F.E.M. INDUZIDA NOS ENROLAMENTOS DA ARMADURA. 11 4.5. FORMAS DE ONDA DE TENSÃO GERADA 12 5.0 - CONEXÕES DOS ENROLAMENTOS DA ARMADURA 12 QUESTÕES 13 CAPÍTULO 3: PARTES E ACESSÓRIOS DOS GERADORES SÍNCRONOS 15 VOLTAIRE 15 RESUMO 15 1.0 - INTRODUÇÃO 15 2.0 - CLASSIFICAÇÃO DOS GERADORES SÍNCRONOS 15 2.1 - QUANTO AO NÚMERO DE FASES 15 2.2 - QUANTO AO ROTOR 15 2.3 - QUANTO À POSIÇÃO DO EIXO 17 2.4 - QUANTO AO SISTEMA DE EXCITAÇÃO 17 3.0 - PARTES COMPONENTES DO ESTATOR 18 3.1 - CARCAÇA 18 3.2 – NÚCLEO DA ARMADURA 19 3.3 – ENROLAMENTOS DO ESTATOR 19 4.0 - PARTES COMPONENTES DO ROTOR 21 4.1 - MÁQUINAS COM PÓLOS SALIENTES 21 4.2 - PÓLOS SALIENTES 21 4.3 - ENROLAMENTOS AMORTECEDORES 23 4.4 - MAQUINAS COM PÓLOS LISOS 24 5.0 - CONSIDERAÇÕES FINAIS 24 QUESTÕES 25 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 26 MÁQUINAS SÍNCRONAS CAPÍTULO 4: CARACTERÍSTICAS E EQUAÇÕES DOS GERADORES SÍNCRONOS 27 THOMAS FULLER 27 RESUMO 27 1.0 - OPERAÇÃO EM VAZIO 27 2.0 - CARACTERÍSTICA EM CURTO-CIRCUITO PERMANENTE 27 3.0 - RELAÇÃO DE CURTO-CIRCUITO (RCC) 28 4.0 - OPERAÇÃO EM CARGA - REAÇÃO DA ARMADURA 28 4.1 - CONSIDERAÇÕES GERAIS 28 4.2 - REAÇÃO DE ARMADURA PARA CARGAS RESISTIVAS. 29 4.3 - REAÇÃO DA ARMADURA PARA CARGAS INDUTIVAS 29 4.4 - REAÇÃO DA ARMADURA - CARGA CAPACITIVA 30 4.5 - REAÇÃO DA ARMADURA - GERADORES TRIFÁSICOS 31 4.6 - CONSIDERAÇÕES FINAIS 31 5.0 - REATÂNCIAS DA MÁQUINA 31 5.1 - REATÂNCIA DE REAÇÃO DA ARMADURA 31 5.2 - REATÂNCIAS DE DISPERSÃO 32 5.3. REATÂNCIAS DE EIXO DIRETO E EM QUADRATURA 32 5.4 - OUTRAS CONSIDERAÇÕES 33 5.5 - CONCLUSÕES 34 6.0 - EQUAÇÕES E DIAGRAMAS FASORIAIS 34 7.0 - POTÊNCIAS 36 7.1 - CONSIDERAÇÕES GERAIS 36 7.2 - CARACTERÍSTICAS ANGULARES DE UM GERADOR SÍNCRONO 36 7.3 - COORDENAÇÃO TENSÃO - POTÊNCIA 38 8.0 - CURVAS CARACTERÍSTICAS DO GERADOR 39 9.0 - REGULAÇÃO DE TENSÃO 40 QUESTÕES TEÓRICAS 40 QUESTÕES NUMÉRICAS 41 CAPÍTULO 5: PARALELISMO DE GERADORES 43 ULISSES GUIMARÃES 43 RESUMO 43 1.0 - INTRODUÇÃO 43 2.0 - CONDIÇÕES PARA O PARALELISMO 43 3.0 - MÉTODOS PARA O SINCRONISMO 44 QUESTÕES 46 CAPÍTULO 6: DISTRIBUIÇÃO DE CARGA ENTRE GERADORES 47 WINSTON CHURCHILL 47 RESUMO 47 1.0 - INTRODUÇÃO 47 2.0 - GERADORES DE MESMO PORTE EM PARALELO 48 3.0 - GERADOR EM PRALELO COM SISTEMA DE GRANDE PORTE 48 4.0 - CONSIDERAÇÕES FINAIS 49 QUESTÕES 49 MÁQUINAS SÍNCRONAS CAPÍTULO 7: CURVAS DE CAPABILIDADE DE MÁQUINAS SÍNCRONAS 50 RONALD REAGAN 50 RESUMO 50 1.0 - INTRODUÇÃO 50 2.0 - FATORES QUE LIMITAM A CAPACIDADE DE UM GERADOR 50 3.0 - DESCRIÇÃO DA CURVA DE CAPABILIDADE 51 4.0 - UTILIZAÇÃO DA CURVA DE CAPABILIDADE 52 5.0 - CONSIDERAÇÕES COMPLEMENTARES [1] 52 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 53 CAPÍTULO 8: SISTEMAS DE EXCITAÇÃO 54 THOMAS KOCH 54 RESUMO 54 1.0 - INTRODUÇÃO 54 2.0 - EXCITATRIZES ROTATIVAS 54 3.0 - EXCITATRIZ ESTÁTICA 55 4.0 - EXCITATRIZ “BRUSHLESS” 57 5.0 - GERADORES AUTO-REGULADOS DE ANÉIS 61 CAPÍTULO 9: REGULADORES DE TENSÃO 63 JUSCELINO KUBSTCHECK 63 RESUMO 63 1.0 - INTRODUÇÃO 63 2.0 - REGULADORES ELETROMECÂNICOS DE TENSÃO 63 2.1 - REGULADOR DE CONTATOS VIBRANTES (TIPO TIRRIL) 63 2.2 - REGULADOR DE AÇÃO RÁPIDA (TIPO BROWN BOVERI) OU DE SETOR ROLANTE 64 2.3 - REGULADOR TIPO SERVOMOTOR OU SIEMENS 65 3.0 - REGULADOR ELETRÔNICO DE TENSÃO 66 4.0 - A COMPENSAÇÃO “CROSS-CURRENT” 68 5.0 - ENTRADA E REJEIÇÃO DE CARGA 69 6.0 - O AJUSTE DE ESTABILIADE DO REGULADOR 70 7.0 - O REGULADOR DE TENSÃO E A FREQUÊNCIA 71 MÁQUINAS SÍNCRONAS CAPÍTULO 10: CURTO-CIRCUITO E REATÂNCIAS 72 LEOPARDI 72 RESUMO 72 1.0 - CURTO-CIRCUITO TRIFÁSICO BRUSCO 72 2.0 - REATÂNCIAS E CONSTANTES DE TEMPO EM REGIMES TRANSITÓRIOS 74 2.1 - PERÍODO SUBTRANSITÓRIO 74 2.2 - PERÍODO TRANSITÓRIO 74 2.3 - PERÍODO OU REGIME PERMANENTE 74 2.4 - CONSTANTES DE TEMPO 74 3.0 - REATÂNCIAS DE SEQUÊNCIA NEGATIVA E ZERO 74 4.0 - IMPORTÂNCIA DAS REATÂNCIAS 75 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 75 CAPÍTULO 11: PERDAS, RENDIMENTO E AQUECIMENTO 76 PROVÉRBIO CHINÊS 76 RESUMO 76 1.0 - PERDAS 76 1.1 - PERDAS NO FERRO DEVIDO A FLUXOS PARASITAS E PRINCIPAL 76 1.2 - PERDAS POR EFEITO JOULE NOS ENROLAMENTOS DE ARMADURA 78 1.3 - PERDAS NO CIRCUITO DE EXCITAÇÃO 78 1.4 - PERDAS POR ATRITO E VENTILAÇÃO 78 1.5 - PERDAS ADICIONAIS DEVIDO A CIRCULAÇÃO DE CORRENTE PELOS ENROLAMENTOS DA ARMADURA 78 2.0 - RENDIMENTO 79 3.0 - AQUECIMENTO 81 3.1 - CONDIÇÕES GERAIS 81 3.2 - ELEVAÇÃO DE TEMPERATURA EM MÁQUINAS SÍNCRONAS 82 MÁQUINAS SÍNCRONAS ________________________________________________________________________________ Capítulo 1: Conceitos Fundamentais Sobre Eletromagnetismo - 1 CAPÍTULO 1: CONCEITOS FUNDAMENTAIS SOBRE ELETROMAGNETISMO "O essencial é invisível aos olhos" Saint Exupery RESUMO As máquinas elétricas tem seu princípio de funcionamento baseado nas leis da indução e conjugado eletromagnético. Este texto apresenta de forma simplificada algumas destas leis e fenômenos aplicados ao seu estudo. 1.0 - TENSÃO INDUZIDA Sabe-se que sempre que houver movimento relativo entre um campo magnético e um condutor será induzida uma tensão (f.e.m. - força eletromotriz) em seus terminais; esta é simplificadamente, a lei de Faraday, a qual foi quantificada por Newmann, ou seja: e = V l B senθ (1) onde: e - força eletromotriz (tensão) induzida em um determinado instante [V]; v - velocidade relativa entre campo e condutor [m/s]; l - comprimento do condutor imerso no campo magnético [m]; B - indução magnética [Wb/m2]; θ - ângulo formado entre o campo magnético e a velocidade instantânea do condutor, tomando-se “B” como referência [rad]. A figura 1 esclarece o exposto, supondo campo magnético uniforme (ou seja, “B” possui o mesmo valor em qualquer ponto). Na figura 1 mostra-se o sentido da f.e.m induzida, o qual é dado pela regra de Fleming, ou seja: a) sentido de “e” dado pelo polegar da mão direita; b) sentido de “v” dado pelo indicador da mão esquerda; c) sentido de “B” dado pelo dedo médio da mão direita. Figura 1 - Força eletromotriz induzida em um condutor. Observe-se que o ângulo entre “v” e “B” na figura 1 é 90o. Pelo exposto, para que haja um aumento ou diminuição da tensão induzida nos terminais a-b do condutor deve-se alterar as grandezas relacionadasna expressão (1). Assim, para uma modificação na velocidade é necessário atuar mecanicamente sobre o condutor e, para a mudança da intensidade de campo, deve-se utilizar um eletroimã, o qual permite o seu controle. Em relação ao comprimento imerso no campo, pode-se adotar a hipótese de executar um eventual aumento, colocando-se mais condutores em série com o primeiro; desta forma, se houverem “N” condutores em série, resulta: e = N v l B (2) Por outro lado, supondo-se que o condutor execute um movimento circular uniforme, como esquematizado na figura 2, tem-se: φ = ωt (3) onde: ω - velocidade angular [rad/s]; t - tempo [s]. Figura 2 - Condutor em movimento circular uniforme. Sabe-se que no movimento circular uniforme: MÁQUINAS SÍNCRONAS ________________________________________________________________________________ Capítulo 1: Conceitos Fundamentais Sobre Eletromagnetismo - 2 V = ω . R Substituindo (3) e (4) em (2), resulta: e = N . ω . l . B . senωt (5) como: φmax = B . A (6) A = l . D (7) D = 2 . R (8) como: ω = 2πf (9) obtém-se: e = π . Nf φmax senωt = emax senωt (10) A expressão (10) permite dizer que a tensão induzida nos terminais de um condutor em movimento circular uniforme, imerso em campo magnético igualmente uniforme, é alternada e senoidal. Se ao invés de apenas um condutor, houver uma espira, como a mostrada na figura 3, executando o movimento em condições idênticas tem-se: eesp = 2 . e = 2emax senωt (11) Figura 3 - Espira imersa em campo magnético e executando movimento circular uniforme. O valor eficaz da tensão é: E E f N N fRMS max max= = = 2 2 4 44 π φ φ. (12) O valor médio é: E E N fmed RMS max= =111 4 . φ (13) 2.0- CAMPO MAGNÉTICO CRIADO POR CORRENTE Corrente circulando por um condutor cria um campo magnético cuja intensidade é dada pela lei de Biot- Savart e sentido pela regra de Ampère. A lei de Biot-Savart é dada por: H l NI. Re .= = φ (14) onde: H - intensidade de campo [A/m]; l - comprimento do circuito magnético [m]; Re - relutância do circuito magnético, dado por: R l Ae = . 1 µ (15) µ - permeabilidade magnética do meio; A - seção transversal do circuito magnético [m2] Figura 4 - Campo magnético criado por corrente Pela figura 5 e expressão (14) nota-se que é possível controlar a imantação de um determinado material magnético, ou seja, aumentar ou diminuir o fluxo magnético, dentro de certos limites, alternando-se a corrente que circula pelas espiras. Esta corrente recebe o nome de “corrente de excitação” e se relaciona como fluxo magnético através da chamada curva de saturação. Figura 5 - Imantação de um material magnético. MÁQUINAS SÍNCRONAS ________________________________________________________________________________ Capítulo 1: Conceitos Fundamentais Sobre Eletromagnetismo - 3 Figura 6 - Curva de saturação (exemplo) 3.0 - FORÇA E CONJUGADO ELETROMAGNÉTICO Um condutor percorrido por corrente imerso em um campo magnético fica submetido a uma força de origem eletromagnética (Força de Lorentz). Figura 7 - Força agindo sobre um condutor (F) Se uma espira percorrida por corrente for inserida no interior do campo magnético, tem-se a situação mostrada na figura 8. Figura 8 - Força sobre uma espira (F). Observando-se que surgem forças sobre ambos os lados da espira, separados por uma distância “d”, caracterizando a existência de um conjugado, ou seja: M = F . d (16) Simplificadamente, pode-se dizer que a força de Lorentz é dada por: F = B . I . l senθ (17) Então o conjugado desenvolvido por uma espira com um condutor apenas é: M = B.I.l.d.senθ = B.A . I. senθ (18) ou ainda: M = θ . I . senθ (19) onde: θ - é o ângulo entre a normal ao plano da espira e o campo. Desta forma, pode-se concluir que o conjugado eletromagnético resulta da interação entre fluxo magnético e a corrente da parte que gira. 4.0 - AÇÕES MOTORA E GERADORA Observe-se que no caso mostrado na figura 8, ao girar a espira no interior de campo magnético será induzida uma tensão, a qual é denominada força contra eletromotriz, cujo sentido se opõe à variação de fluxo. Por outro lado, no caso mostrado na figura 1, verifica-se que o conjugado eletromagnético também surgirá se houver circulação de corrente pela espira. Desta forma, é possível concluir que: a) a ação geradora fornece uma tensão induzida e, se houver circulação de corrente, contrário ao de giro da espira; b) a ação motora fornece conjugado no eixo e induz tensão nos terminais da espira (f.c.e.m.). Aplicados estes conceitos às máquinas elétricas, verifica-se que a ação geradora e motora diferenciam-se pelo sentido de transferência de potência, ou seja: a) Ação Motora: potência absorvida da rede e transmitida no eixo do motor; será considerada como positiva para a análise a seguir; b) Ação Geradora: potência fornecida à rede, sendo esta absorvida de uma máquina primária acoplada no eixo; será considerada como negativa. Desta forma, tem-se que o sentido da potência no eixo é dada por: a) Motor: P > 0 b) Gerador: P < 0 MÁQUINAS SÍNCRONAS ________________________________________________________________________________ Capítulo 1: Conceitos Fundamentais Sobre Eletromagnetismo - 4 Por outro lado, sabe-se que a potência mecânica no eixo [W] de uma máquina é dada por: P M M n= =. . .ω π2 60 (20) onde: M - conjugado (ou torque) desenvolvido no eixo [N.m]; ω - velocidade angular do eixo [rd/seg.]; n - velocidade angular do eixo [rpm]. Como: M > 0 ou M < 0 e, ω > 0 ou ω < 0 obtém-se as seguintes situações operacionais: a) M > 0 e ω > 0; então P > 0, ação motora; b) M < 0 e ω > 0; então P < 0, ação geradora; c) M < 0 e ω < 0; então P > 0, ação motora; d) M > 0 e ω < 0; então P < 0, ação geradora; Tais relações, é claro, referem-se a um determinado sentido de giro, adotado como positivo. A figura 9 esclarece o exposto. ME – Máquina Elétrica; MM – Máquina Mecânica Figura 9 - Situações operacionais para as máquinas elétricas. EXERCÍCIOS 1) Descreva quatro efeitos da conversão eletromecânica de energia. 2) Estabeleça a Lei de FARADAY: a) em suas próprias palavras; b) em termos de uma equação indicando todos os fatores desta equação. 3) Estabeleça a Lei de LENZ. 4) Desenhe um diagrama para uma bobina de uma única espira girando num campo magnético uniforme. Mostre: a) o sentido da f.e.m. induzida em cada lado da bobina; b) o sentido da circulação da corrente quando se liga uma carga aos seus terminais; c) a polaridade dos terminais em relação à carga. 5) A partir do diagrama traçado na questão anterior, explique, partindo do terminal positivo: a) o sentido de circulação de corrente da bobina; b) o sentido de circulação da corrente na carga; c) compare com a circulação de corrente interna e externamente a uma bateria que alimenta uma carga e explique. 6) Explique por que: a) se induz tensão alternada em um condutor que gira em um campo magnético uniforme; b) a forma de onda é senoidal. 7) Para uma bobina com uma única espira explique: a) por que não se induz f.e.m. quando a mesma está perpendicular ao campo? b) Sob que condições a forma de onda não será senoidal? 8) O que é força magnetomotriz? Relacione os principais fatores que a afetam. 9) O que é relutância? 10) Defina corrente de excitação ou de campo. 11) Como tal corrente se relaciona com o fluxomagnético? 12) Explique, de forma simplificada, o porque da saturação de um material magnético. 13) Qual é o efeito sobre um condutor percorrido por corrente elétrica, quando este está imerso em um campo magnético? Mostre o sentido das várias grandezas interrelacionadas. 14) Cite, pelo menos, dois problemas em máquinas elétricas que tem origem na força de Lorentz. 15) Como é possível o surgimento de conjugado em uma espira imersa em um campo magnético e percorrido por corrente? 16) O que é ação motora e geradora? 17) Mostre os fatores que influenciam a potência mecânica no eixo de uma máquina elétrica. MÁQUINAS SÍNCRONAS ________________________________________________________________________________ Capítulo 1: Conceitos Fundamentais Sobre Eletromagnetismo - 5 18) Quais as diferenças entre gerador e motor, considerando-se o conjugado e a velocidade. 19) Para que um motor execute uma ação geradora, o que poderia ser feito? 20) Mostre, igualmente, como é possível reverter o fluxo da potência elétrica. 21) Por que se diz que ação geradora é uma ação de frenagem? 22) No sentido citado na questão anterior, porque um gerador fornece energia continuamente, sem haver sua parada total? 23) O que são os quatro quadrantes de operação de uma máquina elétrica? Ilustre através de um desenho. 24) Explique como se aplica a Lei de LENZ à ação motora e à geradora. 25) Explique, ilustrando através de um desenho, a afirmativa de que a ação geradora sempre é acompanhada de uma ação motora e vice-versa. MÁQUINAS SÍNCRONAS ________________________________________________________________________________ Capítulo 2: Princípio de Funcionamento dos Geradores Síncronos - 6 CAPÍTULO 2: PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO DOS GERADORES SÍNCRONOS “Não interrompa uma pessoa que lhe conta uma história que você já sabe. Uma história nunca é contada duas vezes da mesma maneira e é sempre bom ter mais uma versão” Golbery do Couto e Silva RESUMO Este texto analisa o princípio de funcionamento dos geradores síncronos mono e trifásicos. São mostradas as grandezas básicas e fornecidos alguns termos utilizados no jargão técnico. 1.0 - INTRODUÇÃO Máquinas síncronas são conversores rotativos que transformam energia mecânica em elétrica, ou vice- versa, utilizando-se dos fenômenos da indução e conjugados eletromagnéticos. Assim, podem exercer uma ação motora ou geradora. Um motor síncrono apresenta aspectos construtivos similares ao do gerador e, sendo assim, diferem apenas na forma de serem empregados. A máquina atuando como motor absorve energia elétrica de uma fonte de tensão alternada para desenvolver um conjugado que poderá acionar uma carga mecânica em seu eixo. O gerador, por outro lado, tem a velocidade de seu eixo estabelecida por uma máquina primária, fornecendo energia elétrica com tensões e correntes alternadas. Naturalmente, para que ambas as operações sejam possíveis, é necessário que a máquina seja excitada utilizando-se de uma fonte de energia elétrica contínua. Observe-se que as máquinas elétricas, de uma forma geral, são reversíveis, ou seja, um gerador síncrono sob determinadas condições pode agir como motor, ou vice-versa. Quanto às aplicações dos geradores síncronos, também conhecidos por alternadores, são óbvias pois praticamente toda a geração de energia elétrica mundial ocorre empregando este tipo de máquina elétrica. Os motores síncronos são aplicados em acionamentos onde a velocidade deve-se manter constante e/ou com cargas de grande porte. Além disto, se forem superexcitados, pode-se utilizá-los como compensadores síncronos, atuando no nível de reativo do sistema ao qual está ligado. 2.0 - PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO - GERADOR MONOFÁSICO Considere-se a figura 1 onde se mostra uma espira imersa em um campo magnético uniforme, criado pelos pólos Norte e Sul. Figura 1 - Gerador elementar. Sendo o fluxo constante e girando-se a espira com uma velocidade angular ω definida, resulta em movimento relativo entre esta e o campo. Desta forma, pela lei de Faraday-Lenz, nos terminais desta espira será induzida uma tensão, a qual poderá ser aplicada a um circuito externo através de anéis coletores escovas. Analisando-se o fluxo e adotando-se a espira como referência, pode-se dizer que este é variável no tempo e dado por: φ = φn cosωt = BA cosωt (1) como: e N d dt = − φ (2) tem-se: e E tmax= senω (3) MÁQUINAS SÍNCRONAS ________________________________________________________________________________ Capítulo 2: Princípio de Funcionamento dos Geradores Síncronos - 7 Assim, verifica-se que a força eletromotriz induzida é alternada, como representado na figura 2. Observe-se que, conforme diminui o número de linhas cruzando a espira, aumenta-se a tensão induzida e, vice- versa. Figura 2 - Força eletromotriz induzida nos terminais de uma espira. Da figura 2 tem-se que a espira ao chegar no ponto 3, polaridade da tensão induzida inverte. Em outras palavras, o fluxo magnético que atravessa a espira a partir de uma de suas faces, o faz na face oposta. A cada giro da espira obtém-se um ciclo completo da tensão gerada; o mesmo é válido para cada par de pólos (p) distribuídos alternadamente (um norte e um sul). Se a rotação da espira é “n” rpm e “f”, a freqüência da tensão induzida (Hertz), resulta: f pn = 60 (4) onde: p = pares de pólos; e, n = velocidade em rpm. Observe-se que, até o presente ponto, os pólos estão representados por ímãs permanentes. Entretanto, em geral, a formação do campo magnético ser dá através de eletroímãs, ou seja, pela circulação de corrente contínua em espiras localizadas ao redor das chamadas “sapatas polares”. A este conjunto de espiras denomina-se “enrolamentos de campo”. Por outro lado, na figura 1, observe-se que a tensão induzida pode ser aplicada a um circuito externo através de um conjunto de anéis e escovas. Naturalmente, para potências elevadas este sistema não é adequado. Em outras palavras, para máquinas reais tem-se várias espiras ao invés de uma, constituindo um circuito estático denominado “enrolamento da armadura” e pólos girantes. Assim, a alimentação do enrolamento de campo é efetuado por uma fonte de energia elétrica contínua externa à máquina através dos anéis coletores e escovas, já que os níveis de corrente e tensão deste circuito são menores que o da armadura para alternadores comerciais. A figura 3 mostra esquematicamente os pólos girantes e respectivo enrolamento de campo. Figura 3 - Pólos girantes e enrolamento de campo. Dependendo da velocidade básica da máquina primária podem ser utilizados mais pólos, de modo a se obter uma determinada freqüência, conforme se verifica na expressão(4). A figura 4 mostra um rotor com vários pólos (roda polar). Figura 4 - Roda polar MÁQUINAS SÍNCRONAS ________________________________________________________________________________ Capítulo 2: Princípio de Funcionamento dos Geradores Síncronos - 8 Uma representação simplificada da máquina com pólos girantes e armadura fixa é mostrada na figura 5. Figura 5 - Gerador monofásico simplificado - Armadura fixa e pólos girantes. Note-se que, em máquinas reais, utiliza-se várias espiras para formar o enrolamento e, o mesmo, é distribuído ao longo da armadura e não concentrado como mostrado na figura 5. 3.0 - PRINCÍPIO DE FUNCINAMENTO - GERADOR TRIFÁSICO O emprego de geradores monofásicos são restritos a poucos casos, sendo os trifásicos os mais utilizados. Em princípio, pode-se considerar que o alternador trifásico é composto por três monofásicos iguais construídos em uma mesmamáquina, dispostos a um ângulo equivalente a 120o elétricos um do outro como mostrado na figura 6. Figura 6 - Gerador trifásico elementar - enrolamentos concentrados. Considerando-se que, na figura 6, os enrolamentos A-A’, B-B’ e C-C’ são três geradores monofásicos independentes (ou fases), tem-se como resultado a indução de três tensões distintas. Entretanto, verifica-se que, obrigatoriamente, o zero de cada uma delas se dará a 120o das tensões induzidas nos enrolamentos. Por outro lado, idealmente, para que as tensões sejam simétricas, o número de espiras do enrolamento de cada fase deve ser igual. Note-se que, estando a máquina em operação a tensão gerada poderá ser alterada apenas se houver atuação na velocidade do rotor e do fluxo magnético, o qual por sua vez depende da corrente de excitação (ou de campo). A figura 7 mostra as tensões geradas pelo gerador trifásico elementar em análise. Figura 7 - Tensões induzidas nos enrolamentos de um alternador trifásico. Para que haja circulação de correntes nos enrolamentos, eles poderão ser conectados em delta ou, geralmente, em estrela. Nas máquinas reais, reafirma-se, os enrolamentos são distribuídos ao longo da armadura de tal modo que se obtenha uma forma de onda de tensão o mais próximo possível da senoidal. Além disso, assim como nos geradores monofásicos, pode-se ter vários pólos conforme a velocidade básica da máquina primária. 4.0 - CONSIDERAÇÕES SOBRE TENSÕES INDUZIDAS 4.1 - Distribuição de Fluxo Denomina-se bobina a um conjunto de “N” espiras em série. Se, por outro lado, a máquina possui “p” pares de pólos e bobinas idênticas, as quais estão alojadas sobre cada par de pólos na mesma posição em relação a eles, o enrolamento é dito concentrado. Este é o caso esquematizado na figura 6. MÁQUINAS SÍNCRONAS ________________________________________________________________________________ Capítulo 2: Princípio de Funcionamento dos Geradores Síncronos - 9 A distribuição do fluxo no entreferro da máquina para um enrolamento concentrado é a mostrada na figura 8a, e para dois pólos consecutivos (um norte e um sul) na figura 8b. Figura 8 - Distribuição de fluxo no entreferro. Na figura 8 tem-se: “τ” - passo polar; “e” - tensão induzida; 1-1 - início - fim da bobina. Para a situação da figura 8, a tensão deverá ter a mesma forma de onda que a distribuição de fluxo mostrada e, como se verifica, ela é alternada, mas não senoidal. Portanto, contém harmônicos, que no caso, serão múltiplos ímpares da freqüência fundamental. Os geradores devem ser projetados para fornecerem tensões cujas formas de onda sejam basicamente senoidais, ou seja, contenham a menor distorção possível. Observe-se que níveis elevados de harmônicos podem causar vibrações, ruídos, perdas no núcleo devido às altas freqüências presentes, bem como, um acréscimo nas perdas por efeito Joule nos enrolamentos do estator. Os fabricantes de geradores utilizam considerações especiais de projeto para minimizar a influência destes harmônicos sobre a forma de onda resultante. Além de um formato adequado dos pólos e entreferros convenientes, adota-se medidas relacionadas com os enrolamentos da armadura, os quais, como se sabe, influem diretamente na tensão gerada. 4.2 - Fator de Distribuição Uma das medidas citadas anteriormente é executar um arranjo uniforme distribuído dos enrolamentos. Em outras palavras, tem-se que o número de espiras requeridas por par de pólo não e concentrado em uma bobina, mas sim distribuída entre diversas bobinas conectadas em série e alojadas em “q” ranhuras. A figura 9 ilustra o exposto. Figura 9 - Enrolamentos distribuídos. Verifica-se na figura 9 que o bobinado está distribuído em duas ranhuras por fase e por pólo. O enrolamento completo contém 8 bobinas, agrupadas aos pares e cada duas estão deslocadas uma em relação a outra. A figura 10 mostra a distribuição de fluxo para um enrolamento distribuído e a forma de onda de tensão obtida. Figura 10 - Distribuição de fluxo e forma de onda de tensão. Note-se na figura 10 que existem “q” ranhuras (no caso cinco) sofrendo a influência de um dos pólos. Como a distância entre pólos (passo polar) é 180o elétricos tem-se que o ângulo elétrico entre ranhuras é: q 180 q o e == τ α (5) No caso mostrado na figura 10, o e 36=α elétricos (6) MÁQUINAS SÍNCRONAS ________________________________________________________________________________ Capítulo 2: Princípio de Funcionamento dos Geradores Síncronos - 10 Como uma ranhura forma αe graus com a ranhura seguinte, a tensão induzida na primeira estará defasada de αe da segunda. Sendo assim, a tensão total será a soma fasorial (geométrica) destas tensões, como explicitando na figura 11. Figura 11 - Tensões induzidas. Se αe fosse nulo, a soma das tensões seria aritmética (enrolamentos concentrado), o que fornece um valor de tensão maior, sendo assim, define-se “fator de distribuição” por: Tensões das ritmeticaA Soma nsõesTe das eometricaG Soma kd = (7) Observe-se que a soma aritmética das tensões correspondente a “αe” nulo, ou seja, equivalente à tensão induzida em enrolamento concentrado. Desta forma, resulta: TCdTOT E.kE = (8) onde : ETOT - tensão total induzida no enrolamento distribuído; ETC - tensão total induzida no enrolamento concentrado,. Note-se que, o fator de distribuição apenas é afetado pelo número de ranhuras distribuídas sob um dado pólo. O número de ranhuras, por outro lado, pode ser fracionário. Pode-se dizer de forma bastante generalizada, que máquinas de grande porte possuem número de ranhuras fracionárias por pólo. Pelo exposto, verifica-se que, obrigatoriamente, tem-se: 1k0 d ≤≤ (9) A análise da expressão (9) leva a uma questão: por que utilizar-se de um fator de distribuição menor que a unidade, já que a tensão induzida será menor que a de um hipotético enrolamento concentrado. A resposta torna-se óbvia se for considerado que os harmônicos de tensão também seguem as expressões (7) e (8), ou seja: Harmônico Dado um/p Tensões Aritmética Soma armônicoH adoD um/p ensõesT Geométrica Soma kdv = (10) e tcVdvTOTV E.kk = (11) onde: Kdv - fator de distribuição para um harmônico de tensão de ordem v; ETOTV - soma geométrica das tensões para a “v-ésima” freqüência múltipla da fundamental; ETCV - soma aritmética das tensões para a “v-ésima” freqüência múltipla fundamental. Assim, pela escolha adequada do fator de distribuição pode-se eliminar ou reduzir harmônicos de tensão. Quanto a este aspecto verifica-se que um número de ranhuras fracionárias por pólo comporta-se melhor que o inteiro. 4.3 - Fator de Passo O passo de uma bobina é a distância média em graus elétricos, entre os seus dois lados. Quando o passo de uma bobina é igual ao polar, tem-se o chamado “passo pleno”, ou seja: Figura 12 - Bobina de passo pleno. MÁQUINAS SÍNCRONAS ________________________________________________________________________________ Capítulo 2: Princípio de Funcionamento dos Geradores Síncronos - 11 Se, y < τ , diz-se que a bobina possui “passo curto” ou “fracionário”. A utilização de bobinas com passo fracionário é quase universal pois possui as seguintes vantagens sobre as com passo pleno: a) consegue-se economizar cobre na parte inativa da bobina (cabeça da bobina); b) permite reduzir ou eliminar a distorção na forma de onda de tensão causada por harmônicos. Figura 13 - Bobina da armadura. Se um enrolamento possui um passo de 2/3 isto significa que os dois lados da bobina estão dispostos a (2/3) 180o ou 120o elétricos. A figura 14 mostra uma bobina de passo fracionário inserida na armadura de umamáquina com quatro pólos. Figura 14 - Bobina de passo fracionário. Na figura 14, verificou-se que o ângulo mecânico (ou físico) entre ambas as partes da bobina é de 60o; isto se deve ao fato de que: me .p αα = (14) onde: −mα graus mecânicos. Portanto, para uma máquina com dois pares de pólos e o e 120=α elétricos, tem-se: oe m 602 120 p === α α mecânicos (15) A bobina com passo fracionário, obrigatoriamente, induzirá uma tensão menor que o passo pleno, ou seja: TCpTOT E.kE = (16) onde: kp - fator de passo. Pelo exposto, verifica-se que: 1k0 p ≥≥ (17) Para os harmônicos de tensão, obtém-se: E kpv ETOTV TCV= . (18) onde: kpv - fator de passo para um harmônico de tensão de ordem v. Desta forma, pela escolha adequada do fator de passo pode-se eliminar ou reduzir harmônicos de tensão. 4.4- F.E.M. induzida nos enrolamentos da armadura. Chamando de “m” o número de fases de uma máquina síncrona e que um enrolamento possua “Nb” bobinas com “Ne” espiras, tem-se que o número total de espiras em uma fase é: m N.N N eb= (19) Assim, a tensão gerada por fase é dada por: θ.f.N.k.k.44,4E dp= (20) sendo: f - freqüência [Hz]; e θ - fluxo magnético [Wb/m2]. Para um harmônico de ordem “v”, tem-se: vvdvpvv .f.N.k.k.44,4E θ= (21) onde: fv - freqüência múltipla da fundamental [Hz]; θv - harmônico de fluxo magnético [Wb/m2]. MÁQUINAS SÍNCRONAS ________________________________________________________________________________ Capítulo 2: Princípio de Funcionamento dos Geradores Síncronos - 12 Observe-se que atuando-se adequadamente nos fatores de passo e de distribuição é possível eliminar ou reduzir os níveis harmônicos de tensão, fazendo com que a forma de onda da tensão resultante se aproxime de uma senoide. 4.5. Formas de onda de tensão gerada Como visto, os geradores devem ser projetados para fornecerem tensões cujas formas de onda sejam basicamente senoidais, ou seja, contenham a menor distorção possível. A distribuição harmônica pode ser definida através de: E E FD n v∑ = 2 (22) onde: Ev - valor eficaz da componente harmônica de ordem “v”, com v > 1; E - valor eficaz da tensão incluindo a fundamental. É possível utilizar-se outro fator para avaliar a forma de onda gerada, denominado “fator de desvio (FDv)”, ele é definido por (23). E v E E FD ∆ = (23) onde: ∆E - máximo desvio da forma de onda da tensão gerada em relação a uma onda de tensão senoidal equivalente; EE - amplitude da senoide equivalente. Por outro lado, uma das mais importantes considerações em relação à forma de onda é o chamado “fator de interferência telefônica (FIT)”. O FIT é medido do efeito indutivo de um sistema de potência sobre circuitos telefônicos próximos, o qual se traduz em ruídos no aparelho receptor. Note-se que a audição humana não é muito sensível a sons com freqüência de ressonância usual de aparelhos telefônicos comuns. Naturalmente, a forma de onda do gerador pode causar o efeito descrito e o seu FIT deve ser determinado. Existem dois tipos de FIT, ou seja: a) FIT balanceado: o efeito citado pode ser efetivamente neutralizado pela transposição dos condutores de linhas e é o único tipo presente em enrolamentos em delta; estrela com neutro isolado ou máquinas com passo de bobina de 2/3; b) FIT - valor residual: é a medida das freqüências múltiplas do terceiro harmônico, as quais não podem ser eliminadas pela transposição e são consideravelmente mais indesejáveis que o balanceamento, principalmente em sistema aterrado. O FIT pode ser calculado por: U E...EE (%)FIT 2 v 2 v 2 2 2 2 2 1 2 1 τττ +++ = (24) onde: Ev - valor eficaz do harmônico da ordem “v” da tensão de linha nos terminais da máquina; U - valor eficaz da tensão de linha nos terminais; τv - fator de ponderação para a freqüência correspondente ao harmônico de ordem “v”. 5.0 - CONEXÕES DOS ENROLAMENTOS DA ARMADURA Os enrolamentos da armadura da maioria dos geradores trifásicos são conectados em ligação estrela. Por outro lado, geradores de pequeno porte permitem religações de modo a poderem fornecer pelo menos duas tensões diferentes. O enrolamento de cada fase é dividido em duas partes iguais. Se ligada as duas partes em série, cada uma ficará submetida à metade da tensão gerada. Outrossim, executando a conexão em paralelo das duas partes, a tensão dos enrolamentos será a metade da anterior. A figura 15 exemplifica. Figura 15 - Ligação série-paralela. MÁQUINAS SÍNCRONAS ________________________________________________________________________________ Capítulo 2: Princípio de Funcionamento dos Geradores Síncronos - 13 Naturalmente é possível executar a conexão série paralela para a ligação delta. Se desejado um terceiro nível de tensão, intermediário entre os possíveis na conexão (por exemplo 380 [V], no caso da figura 15), é comum executar a conexão série e atuar no sistema de excitação da máquina. Observe-se que, em motores síncronos, ainda é possível utilizar a conexão estrela-triângulo. As características desta ligação são: a) Redução do custo do isolamento pois a tensão na fase é 58% menor que as tensões nos terminais (linha). O número de espiras por fase são 58% menor que na conexão delta para a mesma tensão; b) Existência de neutro, o qual poderá ser aterrado se desejado; c) Eliminação de eventuais terceiros harmônicos das tensões de linha bem como de seus múltiplos. Em alguns geradores trifásicos de pequeno porte é possível executar a conexão “zig-zag” para aplicações em circuitos monofásicos. Este tipo de conexão é mostrado na figura 16. Figura 16 - Conexão zig-zag. Na conexão zig-zag, a potência de saída fica reduzida em 33% em relação a conexão estrela. QUESTÕES 1) O que são máquinas síncronas? 2) O que é um motor síncrono? Idem para um gerador. 3) Em que eles se diferem? 4) Quais são as aplicações dos motores síncronos? Idem para os geradores. 5) Descreva o princípio de um gerador síncrono monofásico. 6) Defina os termos “Armadura” e “Excitação” em uma máquina síncrona. 7) Explique por que as grandezas induzidas possuem uma freqüência dada por pn/60. 8) O que é roda polar? 9) Dê três razões para que os geradores síncronos possuam armaduras estacionárias e pólos girantes. 10) Os enrolamentos em um gerador síncrono são concentrados ou distribuídos ao longo da armadura? Por que? 11) Descreva o princípio de funcionamento do gerador trifásico. 12) Por que, em geral, os enrolamentos de um gerador síncrono trifásico estão conectados em estrela? 13) O que é um enrolamento concentrado? Por que a máquina não deve ter esta forma de enrolamento? 14) O que é um enrolamento distribuído? Por que ele é interessante? 15) Explique o que são os fatores de passo e de distribuição. 16) O que significa dizer que uma bobina tem passo fracionário? 17) O que são harmônicos? 18) Quais os problemas que eles causam? 19) Sendo a distribuição de fluxo na máquina alternada, mas não senoidal, o que se deve fazer para reduzir os harmônicos da tensão gerada? 20) O que é fator de interferência telefônico (FIT)? 21) Pesquise sobre os limites para o FIT e harmônicos de tensão em um gerador síncrono? 22) Explane, genericamente, como pode se conectar os enrolamentos de um alternador trifásico. MÁQUINAS SÍNCRONAS ________________________________________________________________________________ Capítulo 2: Princípio de Funcionamento dos Geradores Síncronos - 14 23) Porque os enrolamentos da armadura da maioria dos geradores síncronos trifásicos são conectados em ligaçãoestrela 24) Há possibilidade de um mesmo conjunto de enrolamentos ser conectados para várias tensões? Como? MÁQUINAS SÍNCRONAS ________________________________________________________________________________ Capítulo 3: Partes Componentes dos Geradores Síncronos - 15 CAPÍTULO 3: PARTES E ACESSÓRIOS DOS GERADORES SÍNCRONOS “O supérfluo é uma coisa muito necessária” Voltaire RESUMO Apresenta-se a seguir as partes componentes das máquinas síncronas, suas descrições e alguns dos aspectos tecnológicos envolvidos em sua construção. 1.0 - INTRODUÇÃO As máquinas elétricas rotativas, de uma forma geral, possuem os seguintes componentes básicos: a) Circuito magnético, o qual ë responsável pela condução do fluxo magnético; b) Enrolamentos da armadura (induzido), nos quais são induzidas as tensões; c) Enrolamento de campo, nos quais circulam correntes que serão responsáveis pela criação do campo magnético; d) Componentes mecânicos, os quais podem ser fixos, para suportar e proteger as partes eletromagnéticas, e rotativos, para a transmissão de energia; e) Isolamento elétrico, composto de isolantes sólidos (como papel e vernizes) e são responsáveis pelo nível de tensão admissível entre as diversas partes da máquina. As partes fixas são denominadas genericamente de "estator" e as móveis de "rotor". Por outro lado, as máquinas síncronas comerciais, na maioria absoluta dos casos, são construídas com pólos girantes e armadura estacionária. A título de ilustração do conjunto como um todo, a figura 1 mostra um gerador síncrono desmontado. 2.0 - CLASSIFICAÇÃO DOS GERADORES SÍNCRONOS Não existe uma classificação normalizada dos geradores síncronos, porém é interessante do ponto de vista técnico agrupá-los como segue: 2.1 - Quanto ao Número de Fases Eles podem ser monofásicos ou polifásicos (normalmente trifásico). Figura 1 - Gerador síncrono (Usina da REPI - Wenceslau Brás/MG -IMBEL) 2.2 - Quanto ao rotor O rotor poderá possuir pólos salientes ou lisos (rotor cilíndrico) O primeiro tipo de gerador possui no rotor, pólos magnéticos individuais e salientes, como mostra a figura 2. São acionados, na maioria das vezes, por turbinas hidráulicas (por exemplo, Francis, Pelton ou Kaplan) e o seu rotor recebe o nome de roda polar. MÁQUINAS SÍNCRONAS ________________________________________________________________________________ Capítulo 3: Partes Componentes dos Geradores Síncronos - 16 Figura 2 - Pólos salientes de uma máquina síncrona. O gerador de pólos lisos possui o rotor com forma cilíndrica, em cuja periferia o enrolamento de campo é alojado em ranhuras. São projetados para funcionarem em altas velocidades e recebem o nome de “turbogeradores”. Em geral, são acionados por turbinas à vapor, a gás ou por motores à explosão, como o Diesel. 1) anéis coletores; 2) anel de bandagem; 3) circuito magnético; 4) cunha não magnética; 5) ventilador; 6) eixo. Figura 3 - Vista de um rotor com pólos lisos. Em relação às máquinas primárias citadas, as figuras 4, 5 e 6 mostram rotores de turbinas hidráulicas, enquanto a figura 7, uma instalação com um turbogerador (vapor) e a figura 8, grupos Diesel. Figura 4 - Rotor de uma turbina Kaplan. Figura 5 - Rotor de uma turbina Francis. Figura 6 - Rotor de uma turbina Pelton. Figura 7 - Instalação com turbogerador. MÁQUINAS SÍNCRONAS ________________________________________________________________________________ Capítulo 3: Partes Componentes dos Geradores Síncronos - 17 Figura 8 – Grupo Diesel 2.3 - Quanto à posição do eixo Podem ter eixo vertical ou horizontal. Os geradores acionados por máquinas primárias, tais como Diesel, turbinas a vapor, a gás ou Pelton, possuem eixo horizontal. Este também é o caso da maioria dos grupos para pequenas centrais hidrelétricas, como exemplificado na figura 9. Figura 9 - Gerador de eixo horizontal (Usina São José - Divinópolis - MG) Os geradores de médio e grande porte acionados por turbinas hidráulicas, possuem eixo vertical, como o mostrado na figura 10. Figura 10 - Máquina síncrona de eixo vertical (Usina do Vigário - Barra do Piraí/RJ - LIGHT). 2.4 - Quanto ao sistema de excitação Podem ser excitados por uma fonte de energia elétrica externa ou pela própria energia gerada devidamente retificada (auto-excitada); assim, tem-se: a) Excitatriz Rotativa: Em geral, um gerador de corrente contínua acionado pelo eixo do gerador. Neste caso tem-se “excitação própria”. Necessita de escovas para alimentação de campo. Figura 11 - Grupo de eixo horizontal e excitatriz rotativa b) Excitatriz “Brushless”: Neste tipo de excitatriz, a tensão de alimentação do campo é retificada por um conversor rotativo localizado no eixo da máquina. Somente pode ser considerada como excitação independente se possuir um gerador de ímã permanente de pólos fixos e armadura girante. Como o próprio nome diz, não possui escovas para a alimentação do campo. Figura 12 - Gerador Brushless Toshiba de 20 MVA. MÁQUINAS SÍNCRONAS ________________________________________________________________________________ Capítulo 3: Partes Componentes dos Geradores Síncronos - 18 c) Auto-Regulado: a corrente de campo é proporcional à corrente fornecida pelo alternador. Para que isto seja possível, utiliza-se de transformadores de corrente e ponte retificadora externa à maquina. Necessita de escovas. Figura 13 - Gerador Auto Regulado (Fabricação Bambozzi) d) Excitatriz Estática: A tensão de alimentação do campo provém de uma fonte independente do alternador, sendo retificada por conversores estáticos. A alimentação do campo é feita através de escovas. Figura 14 - Painel de excitatriz estática. 3.0 - PARTES COMPONENTES DO ESTATOR Fazem parte do estator: a carcaça da máquina, os enrolamentos e o núcleo magnético da armadura, os mancais e, eventualmente, as escovas para alimentação do campo. Figura 15 - Armadura, carcaça e enrolamentos de gerador Siemens de 10 MVA (Hidrelétrica de Paranoá,). 3.1 - Carcaça A carcaça é a estrutura que suporta o núcleo do estator é composta por chapas e perfis de aço. Os esforços sobre carcaça são das mais variadas ordens podendo-se citar, principalmente, àqueles devido ao conjugado atuando no sentido radial, ao peso morto do estator (incluindo-se aí, o peso do rotor e pressão da água, no caso das máquinas verticais), as forças magnéticas de arrasto e a expansão térmica. Os estatores de máquinas horizontais de médio e grande porte são ancorados e sustentados pelo chamado "anel de base", o qual, por sua vez, se encontra ancorado na estrutura de concreto armado e servem de apoio à cruzeta inferior. Esta, por sua vez, é uma estrutura metálica cuja função é servir de suporte adequado aos mancais de escora e aos macacos hidráulicos de levantamento do rotor (no caso de Itaipú, por exemplo), bem como, servir de sustentação para rotor. Os esforços citados anteriormente são transmitidos às fundações por ambos os componentes descritos, os quais são mostrados na figura 16. Figura 16 - Anel de base e cruzeta inferior (Itaipú) Na face externa da carcaça podem existir trocadores de calor, conforme a potência da máquina. A figura 17 mostra o corte em um radiador utilizado em turbogeradores. MÁQUINAS SÍNCRONAS ________________________________________________________________________________ Capítulo 3: Partes Componentes dos Geradores Síncronos - 19 Figura 17 - Corte de radiadores de turbogeradores 3.2 – Núcleo da Armadura Normalmente montado com chapas de aço- silício de alta permeância, visando reduzir as perdas por histerese e Foucault. As chapas são prensadas através de tirantese fixas à carcaça por meio de apoio ou parafusamento. O núcleo pode possuir canais de ventilação e, em sua parte inferior, existem ranhuras no sentido vertical para abrigar o enrolamento da armadura. Figura 18 - Núcleo da armadura (Usina de Itaipú) 3.3 – Enrolamentos do Estator Os enrolamentos da armadura são constituídos por bobinas formadas por condutores inseridos nas ranhuras do núcleo e, normalmente, estão ligados em estrela. Os enrolamentos podem ser do tipo ondulado ou imbricado, conforme mostrado nas figuras 19 e 20, respectivamente. Nas figuras o rotor e a armadura estão retificados. Figura 19 - Enrolamento Ondulado. Figura 20 - Enrolamento Imbricado. Para a escolha do tipo de enrolamento é decisivo o número necessário de conexões ao circuito, bem como o dimensionamento axial da cabeça do enrolamento. Enrolamentos ondulados são utilizados especialmente em máquinas com maior número de pólos, pois, neste caso, o passo polar é, geralmente, pequeno e o fato de se ter um maior dimensionamento axial da cabeça do enrolamento do que em enrolamentos imbricados não é de grande importância. Pelo contrário, a possibilidade de se reduzirem as conexões no circuito em enrolamentos ondulados, garante vantagens construtivas consideráveis. Adicionalmente deve ser observado o fato de uma simplificação em máquinas, cujo enrolamento ondulado possibilita circuitos em paralelo, sem anel de ligação. Para as máquinas com pequeno número de pólos, onde normalmente o passo polar é grande, é preferível utilizar o enrolamento imbricado. Aqui a vantagem do menor dimensionamento axial da cabeça do enrolamento é mais importante que a desvantagem da maior quantidade de conexões no circuito, sendo esta correspondência, automaticamente, três vezes a quantidade de pólos, em máquinas trifásicas. As grandes máquinas usualmente utilizam enrolamentos de barra em duas camadas, ou seja, cada ranhura do estator contém duas barras. Conforme [1], as barras de base (camada inferior) e as barras acima destas (camadas superiores) são inseridas na ranhura com um deslocamento de um passo polar e ligadas uma à outra pelos seus lados frontais. Com esse arranjo e com a forma dada aos lados frontais das barras forma-se um enrolamento com a aparência de uma abobada. Essa forma é mais favorável com respeito à configuração mecânica como também às propriedades elétricas. A substituição de uma barra por uma de reserva é fácil, pois a maioria delas é idêntica. MÁQUINAS SÍNCRONAS ________________________________________________________________________________ Capítulo 3: Partes Componentes dos Geradores Síncronos - 20 O enrolamento de barras garante com suas propriedades térmicas e mecânicas a máxima segurança de funcionamento. Curto-circuitos nas espiras ficam praticamente excluídos, pois cada barra contém somente uma espira, e, assim, a isolação da espira é idêntica à isolação principal. A aplicação e o dimensionamento do enrolamento de duas camadas de barras é devido à intensidade de corrente do condutor. As barras são construídas com numerosos condutores parciais de seção mínima, conforme mostrado na figura 21, isolados um contra o outro e ligados em paralelo formando a chamada barra Roebel ilustrada na figura 22. Figura 21 - Seção transversal de uma ranhura Figura 22 - Barra Roebel (com condutores parciais transpostos). Na barra Roebel, os condutores parciais são, geralmente, posicionados em duas camadas vizinhas, na direção da largura da ranhura. Ainda conforme [1], a transposição dos condutores parciais é feita de tal modo que todos eles passem, no percurso do comprimento do núcleo, em cada posição possível dentro da altura da barra. Tal formação garante um fluxo transversal na ranhura aproximadamente igual para cada condutor parcial. Assim, a corrente se distribui uniformemente pelos condutores parciais e as perdas adicionais são causadas pelos condutores parciais e aquelas causadas pelo deslocamento da corrente na ranhura, são muito reduzidas. Os condutores parciais são continuamente isolados, dentro da ranhura e na cabeça do enrolamento. Nas curvaturas em "S", como afirma [1], a isolação dos condutores é reforçada com peças de tecido de mica. Para dar consistência e estabilidade a essa formação de condutores, a barra é comprimida empregando-se uma prensa com aquecimento elétrico e mantendo-se, assim, as dimensões invariáveis na zona de ranhura. Os espaços ocos restantes nas curvaturas "S" são preenchidos com uma massa especial. As barras assim pré-tratadas são envolvidas com fita de mica em várias camadas, com meia-sobreposição de maneira contínua sobre o lado frontal e de base da barra. A quantidade das camadas e, com isso, também a espessura total do isolante, depende da tensão da máquina. Em cima destas camadas coloca-se como proteção mecânica uma camada de fita de mica reforçada com fibra de vidro. As barras assim envolvidas devem secar em uma estufa. Depois, em um tanque tipo Autoclave, as barras são impregnadas a vácuo com resina, a qual garante uma penetração perfeita na isolação devido a sua baixa viscosidade. As barras impregnadas são colocadas em moldes com dimensões determinadas, e endurecidas em estufa a temperatura elevada [1]. No caso de grande quantidade de barras, as mesmas são fixadas em grupos de moldes de impregnação após o envolvimento com a fita de mica. Posicionadas no molde, elas são impregnadas a vácuo ainda com resina e endurecidas em estufa a alta temperatura. A isolação das barras Roebel corresponde à classe de isolação F. As barras são inseridas nas ranhuras, empregando-se fitas de escorregamento e de enchimento. A ranhura é fechada com uma cunha e entre as barras superiores e inferiores são colocados separadores. Cada barra é inserida numa caixa em forma de "U", de material semicondutor [1]. Entre a caixa e a barra é aplicada, se necessário, uma camada de massa de resina condutiva seca a frio. Esta impede, através do assentamento da caixa sem tolerância, o deslocamento da barra e garante uma fixação mecânica das barras com o núcleo do estator, devido à formação de um ressalto (uma borda côncava) da massa nos canais de ventilação do núcleo [1]. Em máquinas com tensão nominal superior a 5 kV, as barras são completamente isoladas e possuem em suas superfícies, dentro da ranhura, uma camada de verniz condutivo para a proteção externa contra corona. Essa isolação impede, juntamente com a caixa condutiva em "U" e a massa de resina, eventuais diferenças de tensão e com isso a descarga elétrica de corona entre a barra e a face da ranhura. Além disso, as barras de máquinas com tensão nominal superior a 7,5 kV recebem na região externa da ranhura, uma camada semi- condutiva (proteção contra corona nas extremidades), a qual serve para controle do fluxo eletrostático do campo no local da passagem da face da ranhura para superfície frontal da barra. MÁQUINAS SÍNCRONAS ________________________________________________________________________________ Capítulo 3: Partes Componentes dos Geradores Síncronos - 21 Em máquinas síncronas de médio porte, usualmente, os enrolamentos são montados com a bobinas pré-formadas. Dependendo do passo polar, alguma deformação não pode ser evitada durante a sua instalação nas ranhuras da armadura. De forma a prevenir eventuais danos ao isolamento das bobinas, elas são isoladas com fitas de mica seca, inseridas nas ranhuras e ligada. Após este procedimento, o estator completo é impregnado a vácuo com resina epóxi isenta de solventes e finalmente endurecido (curado). Esse método é conhecido por Micadur-completo na denominação da ABB ou impregnação total Micalist para Siemens ou o ainda, Tostinght II, para a Toshiba. A figura 23 mostra as ranhuras, núcleo, cunhas e enrolamentos de uma máquinasendo montada. Figura 23 - Armadura de máquina. 4.0 - PARTES COMPONENTES DO ROTOR 4.1 - Máquinas com Pólos Salientes Em máquinas de pólos salientes de médio porte, o rotor é composto, basicamente, pelas partes relacionadas na figura 24. 1 - Cubo do rotor; 2 - Aranha; 3 - Pólos; 4 - Eixo; 5 - Enrolamento de campo; 6 e 7 - Enrolamento amortecedor. Figura 24 - Roda polar de uma máquina de pólos salientes A figura 25 mostra tais componentes para um dos geradores da Usina de Itaipú. Figura 25 - Roda polar - Usina de Itaipú (Siemens). Normalmente, o anel magnético é construído com chapas lisas de aço, empilhadas e aparafusadas juntas de modo a formar uma estrutura sólida tal que o comprimento radial do entreferro varie uniforme e consistentemente com o aumento ou diminuição da velocidade do rotor na faixa de zero até a velocidade de disparo. A aranha, por sua vez, consiste em um cabo fundido, forjado ou soldado com braços conectados, os quais podem ser desaparafusados ou soldados conforme as limitações de transporte. O eixo, normalmente, é de aço forjado, usinado e tratado termicamente. Figura 26 - Eixo inferior (Usina de Itaipú). 4.2 - Pólos Salientes Os pólos podem ser sólidos ou laminados dependendo dos esforços mecânicos e do tipo de operação da máquina. MÁQUINAS SÍNCRONAS ________________________________________________________________________________ Capítulo 3: Partes Componentes dos Geradores Síncronos - 22 Os pólos sólidos apresentam uma baixa resistência elétrica e, assim, proporcionam a circulação de correntes parasitas (existentes devido aos harmônicos de fluxo) com valores relativamente altos. Desta forma, atuam como o enrolamento gaiola de um motor de indução, quando da eventualidade de condições de operação assíncrona. Por outro lado, os pólos laminados limitam as correntes parasitas e, em conseqüência, também o seu efeito de amortecimento. Neste caso, é necessário empregar-se um enrolamento amortecedor para a requerida estabilidade de operação. Figura 27 - Pólos salientes sólidos. O método de fixação dos pólos à aranha do rotor depende dos esforços causados pela força centrífuga desenvolvida em sobrevelocidade máxima ou na velocidade de disparo. Para as máquinas de médio e grande porte é comum usar-se pólos que podem ser retirados axialmente e que são encaixados em rasgos par denominados no jargão técnico por "cabeça de martelo" e "rabo de andorinha". A figura 28 mostra uma roda polar pronta para a colocação dos pólos e a figura 29, os mesmos já instalados em um encaixe do tipo "rabo de andorinha". Figura 28 - Roda polar preparada para receber os pólos (Usina de Itaipú) Figura 29 - Pólos com encaixe do tipo rabo de andorinha (destaque) A figura 30 mostra um corte transversal rotor de pólos salientes onde a sua fixação é do tipo cabeça de martelo". Em algumas máquinas de menor porte e concepção mais antiga é possível encontrar-se cantoneiras para a fixação dos pólos. 1 - Pólos; 2 - Cunhas; 3 - Colar isolante; 4 - Isolamento do corpo do pólo; 5 - Condutores do enrolamento de campo; 6 - isolamento entre espiras; 7 e 8 - Enrolamento amortecedor; 9 - Barra de interligação entre enrolamentos amortecedores; 10 - Cabeça de martelo. Figura 30 - Pólos com encaixe do tipo "cabeça de martelo". Em máquinas pequenas todos os componentes são montados em uma única peça. As bobinas e cada pólo são interligados entre si de tal forma que haja um Norte e um Sul intercalados. O conjunto todo compõe o enrolamento de campo, o qual é conectado à anéis coletores (excetuam-se as máquinas "brushless"). As figuras 31 e 32, mostram, respectivamente, a interligação dos pólos e os anéis coletores. MÁQUINAS SÍNCRONAS ________________________________________________________________________________ Capítulo 3: Partes Componentes dos Geradores Síncronos - 23 Figura 31 - Interligação dos pólos. Figura 32 - Anéis coletores e escovas. Em algumas máquinas é possível encontrar-se um anel coletor adicional no eixo, de forma a aterrá-lo e evitar que correntes indesejáveis surgidas de eventuais desequilíbrios magnéticos circulem pelos mancais. A figura 33 ilustra o exposto. Figura 33 - Anel para aterramento do eixo 4.3 - Enrolamentos amortecedores É prática comum prover os geradores acionados por turbinas hidráulicas com enrolamento amortecedor. Ele oferece as seguintes características operativas: a) Redução das sobretensões induzidas no enrolamento do campo pelos surtos de tensão que atingem o enrolamento do estator e pelas condições desequilibradas no estator, tais como falha em uma bobina; b) Redução das sobretensões no enrolamento do estator causadas por falhas desequilibradas na máquina, particularmente em máquinas ligadas à capacitâncias, tais como linhas de transmissão; c) Redução efetiva na oscilação da saída do gerador ocasionalmente experimentada em máquinas ligadas às suas cargas através de circuitos com alta resistência; d) Pequena ajuda à estabilidade do sistema pela redução da magnitude das oscilações do rotor da máquina; e) Mantêm a operação com carga assimétrica, se necessário; f ) Permite a partida da máquina, como motor de indução. As várias barras do enrolamento amortecedor (cilíndricas ou perfiladas) são conectadas entre si, formando o que se denomina por grade. As grades podem ser descontínuas ou contínuas como as mostradas nas figuras 34 e 35. Figura 34 - Enrolamento amortecedor em grade contínua. Figura 35 - Detalhe do enrolamento amortecedor. MÁQUINAS SÍNCRONAS ________________________________________________________________________________ Capítulo 3: Partes Componentes dos Geradores Síncronos - 24 As grades descontínuas são mais utilizadas devido à sua simplicidade mecânica e por permitir a remoção do campo de um pólo só, sem as interferências que ocorreriam caso a grade fosse contínua. Este último tipo é utilizado, em geral, em motores síncronos ou em máquinas de usinas reversíveis. 4.4 - Maquinas com pólos lisos A figura 36 representa o corte longitudinal de um turbogerador. 1 - Rotor cilíndrico; 2 - Carcaça do estator com câmara de ar; 3 - Pacote de chapas do estator; 4 - Cabeça das bobinas do enrolamento estatórico; 5 - Cobertura dos enrolamentos; 6 - Placas defletoras de ar ; 7 - Terminais do estator; 8 - Mancais; 9 - Excitatriz; 10 - Canal de ar quente; 11 - Resfriadores de ar; 12 - Canal de ar frio. Figura 36 - Corte longitudinal de um turbogerador As máquinas de pólos lisos possuem, na maioria dos casos, apenas um par de pólos (excepcionalmente, dois pares) e, assim, são bastante rápidas. Note-se que, em turbogeradores bipolares de grande porte, é possível ter-se velocidades periféricas da ordem de 150 a 170 m/s ou de 100 a 125 m/s nas tetrapolares. Naturalmente, as forças centrífugas desenvolvidas à estas velocidades resultam em grandes esforços mecânicos em certas partes do rotor, tornando-se necessário que ele possua uma estrutura do tipo monobloco e que o aço empregado seja mais resistente (em grandes máquinas utiliza-se o cromo-níquel- mobidileno). Os enrolamentos de campo e os amortecedores são acomodados em ranhuras longitudinais, fresadas ao longo de todo o comprimento ativo do rotor. Tais ranhuras podem ser radiais ou paralelas, como ilustrado na figura 37. Figura 37 - Tipos de ranhuras em máquinas com pólos lisos A análise da figura 37 permite concluir que existe uma região (cerca de um terço do intervalo polar) que propicia o efeito de pólo. Além disto, é fácil verificar-se que o entreferro ao longo da periferia do rotor varia muito pouco. No lado acoplado, o rotor apresenta um assento para mancal e pode ser equipado com uma flange para acoplamento e, ainda, com um ventilador axial.No lado acoplado, encontra-se um assento para mancal, normalmente um ventilador axial empregado, os anéis coletores e a excitatriz, como ilustra a figura 38. Evidentemente esta descrição não é válida para as máquinas brushless. Figura 38 - Anéis coletores e mancal de um turbogerador. 5.0 - CONSIDERAÇÕES FINAIS Os hidrogeradores de grande porte ainda apresentam uma cruzeta superior como a da figura 39. Figura 39 - Cruzeta superior (Usina de Itaipú) MÁQUINAS SÍNCRONAS ________________________________________________________________________________ Capítulo 3: Partes Componentes dos Geradores Síncronos - 25 Note-se que a cruzeta consiste em uma estrutura metálica, na qual os braços tangenciam o anel central que envolve o eixo superior do gerador e que está fortemente aparafusada no concreto e no próprio estator. Aloja, em seu centro, os mancais de guia superiores e serve de apoio para os anéis coletores. A título ilustrativo, as figuras 40 a 43 mostram algumas das etapas para a montagem de uma das máquinas da Usina de Itaipú Figura 40 - Rotor sendo içado pela ponte rolante. Figura 41 - Transporte do rotor para o poço do estator. Figura 42 - Assentamento do rotor. Figura 43 - Máquina montada. QUESTÕES 1) Quais são os componentes básicos de um gerador? 2) Descreva suas funções. 3) Classifique os geradores quanto: a) ao número de fases; b) ao rotor; c) a posição do eixo; d) ao sistema de excitação. 4) Em relação aos tipos construtivos de rotores utilizados em geradores síncronos, pergunta-se: a) quais os fatores básicos que determinam a escolha do tipo construtivo?; b) como é possível distinguir-se entre os tipos construtivos com base na aparência geral? 5) Em relação à posição do eixo do gerador diga, de uma maneira geral, quais são as máquinas primárias. 6) Descreva, em linhas gerais, o que são as excitatrizes rotativas e "brushless" 7) O que é uma excitatriz estática? 8) O que são geradores auto-regulados? 9) Quais são as partes componentes do estator? 10) Descreva suas funções e como são constituídas. 11 ) Quais o tipos de enrolamentos da armadura? 12) Em linhas gerais, quais são os critérios para a escolha de um determinado tipo de enrolamento? 13) Porque as grandes máquinas, usualmente, utilizam enrolamentos de barra em duas camadas, ou seja, cada ranhura do estator contém duas barras? 14) O que é barra Roebel? Porque é interessante a sua utilização? MÁQUINAS SÍNCRONAS ________________________________________________________________________________ Capítulo 3: Partes Componentes dos Geradores Síncronos - 26 15) Quais são as partes componentes do rotor de uma máquina de pólos salientes? Quais suas funções? 16) Quais são os tipos de fixação dos pólos salientes na roda polar? 17) O que é enrolamento de campo? 18) O que são anéis coletores? Eles estão presentes em todas as máquinas síncronas? 19) Porque em algumas máquinas utiliza-se um anel coletor adicional no eixo? 20) 0 que são enrolamentos amortecedores? 21) Quais as suas características operativas? 22) Quais os seus tipos? 23) As máquinas de pólos salientes maciços, normalmente, não utilizam enrolamentos amortecedores. Explique o porque deste f ato. 24) Porque os turbogeradores são máquinas rápidas? 25) Quais as conseqüências deste fato? 26) Como são acomodados os enrolamentos amortecedores e de campo em um turbogerador? 27) Mostre, ilustrando através de um desenho, que o entreferro varia muito pouco ao longo da periferia do rotor em máquinas de pólos lisos. 28) O que é cruzeta superior? 29) Pesquise sobre os mancais de geradores de pólos salientes e de pólos lisos. 30) Pesquise sobre as máquinas primárias hidráulicas e a vapor. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] - Siemens S/A - "Enrolamento do Estator - Barras. Grupo Construtivo N0 2600" - Informativo Técnico. MÁQUINAS SÍNCRONAS ________________________________________________________________________________ Capítulo 4: Características e Equações dos Geradores Síncronos- 27 CAPÍTULO 4: CARACTERÍSTICAS E EQUAÇÕES DOS GERADORES SÍNCRONOS “Todas as coisas são difíceis até se tornarem fáceis” Thomas Fuller RESUMO Este texto analisa as diversas características elétricas dos geradores síncronos em regime permanente. As cargas são consideradas equilibradas. 1.0 - OPERAÇÃO EM VAZIO Na operação em vazio, supondo a velocidade de acionamento constante, a tensão de armadura é igual à induzida nos enrolamentos e depende apenas do fluxo magnético gerado pelos pólos, ou seja, em última análise, da corrente de excitação que circula pelo enrolamento de campo. Nestas condições, o fluxo principal está livre de eventuais alterações introduzidas pela corrente de carga. Assim, pode-se relacionar a tensão induzida e a corrente de excitação através da denominada característica em vazio, exemplificada na figura 1. Figura 1 - Característica em vazio. Exemplo para máquinas de pólos lisos e salientes. Por outro lado, observe-se na figura 2 que o relacionamento entre tensão induzida e corrente de excitação é praticamente linear até o ponto em que houver saturação. Figura 2 - Característica em vazio para velocidades diferentes. Naturalmente, as curvas são válidas para uma determinada velocidade, ou seja, alterando-se a velocidade há a mudança na característica em vazio da máquina. Normalmente, em máquinas trifásicas, estas características são obtidas por fase. 2.0 - CARACTERÍSTICA EM CURTO-CIRCUITO PERMANENTE A característica em curto-circuito mostra a relação entre a corrente de armadura, quando de um curto-circuito trifásico em seus terminais, e a de excitação, conforme se verifica na figura 3. Figura 3 - Característica em curto-circuito. MÁQUINAS SÍNCRONAS ________________________________________________________________________________ Capítulo 4: Características e Equações dos Geradores Síncronos- 28 Naturalmente, para a obtenção da citada característica, a excitação deve ser incrementada lentamente até que a corrente da armadura assuma valores admissíveis pela máquina. Deve-se observar que, em uma certa faixa, a corrente de curto-circuito independe da velocidade de giro da máquina primária. 3.0 - RELAÇÃO DE CURTO-CIRCUITO (RCC) Define-se “relação de curto-circuito (RCC)” ao quociente da divisão do valor da corrente de campo que produz a tensão de armadura nominal em vazio com velocidade nominal e a corrente de campo requerida para produzir a corrente nominal de armadura com velocidade nominal, quando a máquina opera em curto-circuito, ou seja: n o i i RCC= (1) Para se entender a importância da relação de curto-circuito, considere-se duas máquinas com as mesmas características nominais e relações de curto- circuito diferentes. Em termos de operação, supondo-se que haja uma determinada mudança na carga (ou seja, na corrente de armadura), a máquina com a relação de curto- circuito menor requer uma mudança maior e mais rápida da corrente de campo para se adaptar à nova situação. Em outras palavras, a RCC pode ser considerada como uma medida da estabilidade da máquina ou de sensibilidade à mudança de cargas (seja ela real ou uma falta). Desta forma, a máquina com menor Rcc requer um sistema de excitação mais confiável, sensível e capaz de executar grandes alterações na corrente de campo. Ambas as máquinas diferem fisicamente, pois a de maior RCC emprega uma quantidade maior de material em suas partes elétricas e magnéticas. Naturalmente, o invólucro e partes estruturais também mudam e, então, pelo exposto, o custo de uma máquina se altera coma relação de curto-circuito. De uma forma geral, comparando-se ambos os geradores, tem-se que o de maior RCC: a) é maior fisicamente,pesa e custa mais; b) as correntes de curto-circuito assumem níveis elevados (portanto, a impedância síncrona é menor); c) a relação entre as correntes de campo, as quais fornecem a tensão de armadura nominal em vazio e em plena carga, são maiores; d) há um pequeno incremento das perdas devido ao maior tamanho da máquina, bem como, melhores condições de dissipação de calor; e) é mais saturada, permitindo uma regulação de tensão melhor. A relação de curto-circuito varia de 0,8 a 1,5 para os hidrogeradores e de 0,4 a 0,6 nos turbogeradores, aproximadamente. 4.0 - OPERAÇÃO EM CARGA - REAÇÃO DA ARMADURA 4.1 - Considerações Gerais Ao se conectar uma carga aos terminais de um gerador síncrono em vazio, estabelece-se uma circulação de corrente no sistema formado pela máquina e carga. Esta corrente cria um campo magnético ao fluir pelos condutores que formam os enrolamentos da armadura, conforme mostra a figura 4. Figura 4 - Campo criado pela corrente de armadura. Este efeito é denominado “reação da armadura” e depende da relação de fase existente entre tensão e corrente e, portanto, do fator de potência da carga. A figura 5 é a representação esquemática do rotor e armadura (sem núcleo e com um condutor por ranhura) de uma máquina considerada como ideal (ou seja, sem quedas de tensão internas). A figura 5 fornece o sentido das correntes de cargas resistivas, indutiva e capacitiva puras em relação à tensão induzida em vazio. Figura 5 - Reação da armadura MÁQUINAS SÍNCRONAS ________________________________________________________________________________ Capítulo 4: Características e Equações dos Geradores Síncronos- 29 4.2 - Reação de armadura para cargas resistivas. Nas máquinas reais, se a corrente de armadura está em fase com a f.e.m induzida, o fator de potência nos terminais do gerador será um pouco inferior à unidade. Por outro lado, considerando-se a máquina como ideal, pode-se dizer que o fator de potência é unitário (carga resistiva) e conforme ser verifica na figura 5, tem-se que cada condutor produz um fluxo com os sentidos mostrados; naturalmente, há a interação entre eles, resultando em um único, como representado na figura 6. Observe-se que o fluxo de reação de armadura (φRA) é máximo na região interpolar e está atrasado de 90o do principal (φ) no entreferro. É possível imaginar a situação mostrada como dois conjuntos de pólos girantes, sendo um deles responsável pela criação do fluxo principal (φ) e, outro, pelo fluxo de reação de armadura, conforme esquematizado na figura 7. O fluxo de reação de armadura e o principal sempre giram à mesma velocidade e no mesmo sentido, conforme será analisado em tópico posterior. Figura 6 - Reação da armadura – carga resistiva pura. Figura 7 - Representação esquemática de reação da armadura. De forma a facilitar a análise, é possível utilizar- se da notação fasorial para representar as diversas grandezas. Note-se que a f.e.m induzida E está atrasada de 90o do fluxo principal e, desta forma tem-se a situação mostrada na figura 8. Figura 8 - Diagrama fasorial - carga resistiva. Na figura 8, tem-se: IA - corrente de armadura; φR - fluxo resultante; ERA - tensão induzida por φRA; ER - tensão resultante. Verifica-se que a reação de armadura para a carga resistiva tende a distorcer o campo principal. 4.3 - Reação da Armadura para Cargas Indutivas Nesta caso, considera-se uma máquina ideal, a corrente está atrasada de 90o da tensão gerada. Analisando-se a figura 5, verifica-se que cada condutor produz um fluxo, resultando em um único, cuja direção é a mesma do principal. A figura 9 representa a reação de armadura para esta carga. Figura 9 - Reação de armadura - carga indutiva. Observe-se na figura 9, que o fluxo de reação da armadura (φRA) produz como resultado um enfraquecimento do fluxo magnético no entreferro. Um MÁQUINAS SÍNCRONAS ________________________________________________________________________________ Capítulo 4: Características e Equações dos Geradores Síncronos- 30 aumento de carga indutiva provoca uma desmagnetização maior da máquina e a f.e.m induzida decresce; para compensar este efeito é necessário aumentar a excitação da máquina. Para controlar, de forma automática, a corrente de excitação utiliza-se um “regulador de tensão”. Os reguladores agem no sentido de: a) incrementar a corrente de excitação quando a carga indutiva é aumentada nos terminais da máquina; b) reduzir a corrente de excitação quando a carga indutiva é diminuída nos terminais da máquina. Observe-se que a atuação do regulador será fundamental para assegurar uma tensão adequada nos terminais da máquina. Representando-se a reação da armadura por pólos girantes tem-se a situação na figura 10 a seguir. Figura 10 - Representação esquemática da reação da armadura - carga indutiva. O fluxo principal e o de reação da armadura sempre giram à mesma velocidade e no mesmo sentido, obrigatoriamente. A figura 11 fornece o diagrama fasorial das grandezas analisadas. Figura 11 - Diagrama fasorial - carga indutiva. 4.4 - Reação da Armadura - Carga Capacitiva Considerando-se uma máquina ideal, a corrente está adiantada de 90o da tensão gerada. Analisando-se a figura 5, verifica-se que cada condutor produz um fluxo, resultando em um único, cuja direção é a mesma do principal. A figura 12 representa a reação da armadura para esta carga. Figura 12 - Reação da armadura - carga capacitiva. Observe-se na figura 12, que o fluxo de reação da armadura produz como resultado um fortalecimento do fluxo magnético no entreferro; em outras palavras, a reação da armadura possui um efeito magnetizante, resultando em um aumento na f.e.m induzida. De forma a manter a tensão nos terminais da máquina em um valor determinado, o regulador deve agir no sentido de: a) diminuir a excitação, se a carga capacitiva aumenta; b) aumentar a excitação, se a carga capacitiva diminui. Representando-se a reação da armadura por pólos girantes tem-se a situação mostrada na figura 13. Figura 13 - Representação esquemática da reação da armadura - carga capacitiva. MÁQUINAS SÍNCRONAS ________________________________________________________________________________ Capítulo 4: Características e Equações dos Geradores Síncronos- 31 A figura 14 fornece o diagrama fasorial das grandezas analisadas. Figura 14 - Diagrama fasorial - carga capacitiva. 4.5 - Reação da Armadura - Geradores Trifásicos Sabe-se que corrente alternada circulando por um condutor cria um campo magnético igualmente alternado; se, entretanto, tem-se três enrolamentos montados a 120o elétricos, percorridos por correntes defasadas de 120o uma da outra, há a criação de um campo girante, cuja velocidade é igual à síncrona. Isto é o que ocorre com um gerador trifásico pois os seus enrolamentos são montados como descrito. Esta situação é a “reação da armadura” para os geradores trifásicos. Pode-se provar que se forem conectadas cargas resistivas, indutivas ou capacitivas equilibradas nos terminais do gerador, os efeitos da reação da armadura são os mesmos para cada fase considerada individualmente. 4.6 - Considerações Finais Resumindo os efeitos da reação de armadura, tem-se que para: a) carga resistiva: o fluxo de reação da armadura distorce o principal; b) carga indutiva: o fluxo de reação da armadura causa um efeito desmagnetizante, opondo-se ao principal; c) carga capacitiva: o fluxo de reação da armadura causa um efeito magnetizante, adicionando-se ao principal. Para cargas intermediárias, o fluxo de reação da armadura é a resultante dos vários efeitos em conjunto. A figura 15 mostra o diagrama fasorial para uma carga intermediária genérica. Figura 15 - Diagrama fasorial
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