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APOSTILA CIÊNCIA POLÍTICA II

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 FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ DE CAMPO GRANDE. 
 Curso: DIREITO
 Disciplina: CIÊNCIA POLÍTICA.
 Prof.: JOSÉ CHADID.
 
 CIÊNCIA POLÍTICA II 
 SOCIEDADE POLÍTICA – ESTADO
 Origem e Formação do ESTADO:
	O estudo da origem do Estado implica duas espécies de indagação: 
	- Uma a respeito da época do aparecimento do Estado; 
	- Outra relativa aos motivos que determinaram e determinam o surgimento dos Estados.
	A denominação Estado (do latim status = estar firme), significando situação permanente de convivência e ligada à sociedade política, aparece pela primeira vez em “O Príncipe” de Maquiavel, escrito em 1.513, passando a ser usada pelos italianos sempre ligada ao nome de uma cidade independente.
	O nome Estado só pode ser aplicado com propriedade à sociedade política dotada de certas característica bem definidas.
	Dá-se a designação de Estado a todas as sociedades políticas que, com autoridade superior, fixaram as regras de convivência de seus membros. 
	Conceito de Sociedade Política:
	Em linguagem direta e considerando as respectivas finalidades, podemos distinguir duas espécies de sociedade, que são:
	1. Sociedades de fins particulares;
	2. Sociedades de fins gerais 
	1. Sociedades de fins particulares, quando têm finalidade definida, voluntariamente escolhida por seus membros. 
	Suas atividades visam, direta e imediatamente, àquele objetivo que inspirou sua criação por um ato consciente e voluntário;
	2 - As sociedades de fins gerais são comumente denominadas de Sociedades Políticas, exatamente porque não se prendem a um objetivo determinado e não se restringem a setores limitados da atividade humana, buscando, em lugar disso, integrar todas as atividades sociais que ocorrem em seu âmbito.
	A política engloba a totalidade dos fatores do homem: ideologias sociais, crenças religiosas, interesses de classe ou de grupo, ônus dos fatores pessoais, dentre outros.
	Sociedades Políticas são todas aquelas que, visando a criar condições para a consecução dos fins particulares de seus membros, ocupam-se da totalidade das ações humanas, coordenando-as em função de um fim comum.
	Isso não quer dizer, que a sociedade política determina as ações humanas, mas, que ela considera todas aquelas ações.
	Entre as sociedades políticas, a que atinge um círculo mais restrito de pessoas é a família, que é um fenômeno universal.
	Além dela existem ou existiram muitas espécies de sociedades políticas, localizadas no tempo e no espaço, como as tribos e os clãs.
	Mas a sociedade política de maior importância, por sua capacidade de influir e condicionar, bem como por sua amplitude, é o ESTADO. 
	Origem e formação do Estado:
	As inúmeras teorias existentes, relacionadas com a origem do Estado podem ser reduzidas a três posições fundamentais:
	1ª. Para muitos autores, o Estado, assim como a própria sociedade, existiu sempre, pois desde que o homem vive sobre a Terra acha-se integrado numa organização social, dotada de poder e com autoridade para determinar o comportamento de todo o grupo.
	2ª. Uma segunda ordem de autores admite que a sociedade humana existiu sem o Estado durante um certo período.
	Depois, por motivos diversos, este foi constituído para atender às necessidades ou às conveniências dos grupos sociais.
	3ª. A terceira posição é a dos autores que só admitem como Estado a sociedade política dotada de certas características muito bem definidas.
	Segundo Karl Schmidt, o conceito de Estado não é um conceito geral válido para todos os tempos, mas é um conceito histórico concreto, que surge quando nascem a idéia e a prática da soberania, o que só ocorreu no séc. XVII.
	Ao se estudarem as causas do aparecimento dos Estados é preciso lembrar que há duas questões diferentes a serem tratadas: 
	- De um lado, existe o problema da formação originária dos Estados, partindo de agrupamentos humanos ainda não integrados em qualquer Estado;
	- Diferente dessa é a questão da formação de novos Estados a partir de outros preexistentes, podendo-se designar esta forma como derivada. 
	Examinando-se as principais teorias que procuram explicar a formação originária do Estado, chega-se a uma primeira classificação, com dois grandes grupos, a saber:
	1ª. Teorias que afirmam a formação natural ou espontânea do Estado;
	2ª. Teorias que sustentam a formação contratual dos Estados.
	1ª. As teorias que afirmam a formação natural ou espontâneas do Estado afirmam que o Estado se formou naturalmente, não por um ato puramente voluntário.
	2ª. As teorias que sustentam a formação contratual do Estado afirmam que foi a vontade de alguns homens, ou então de todos os homens, que levou à criação do Estado.
	Os adeptos da formação contratual da sociedade é que defendem a tese da criação contratualista do Estado.
	1ª. As teorias mais expressivas da formação natural ou espontâneas do Estado podem ser agrupadas da seguinte maneira:
	A) Origem familial ou patriarcal;
	B) Origem em atos de força, de violência ou de conquista;
	C) Origem em causas econômicas ou patrimoniais;
	D) Origem no desenvolvimento interno da sociedade.
	A) Origem familial ou patriarcal: 
	Estas teorias situam o núcleo social fundamental na família.
	Segundo essa explicação, cada família primitiva se ampliou e deu origem a um Estado.
	B) Origem em atos de força, de violência ou de conquista:
	Com pequenas variantes, essas teorias sustentam, em síntese, que a superioridade de força de um grupo social permitiu-lhe submeter um grupo mais fraco, nascendo o Estado dessa conjunção de dominantes e dominados.
	OPPENHEIMER afirma ter sido criado o Estado para regular as relações entre vencedores e vencidos e acrescenta que essa dominação teve por finalidade a exploração econômica do grupo vencido pelo vencedor.
	C) Origem em causas econômicas ou patrimoniais:
	PLATÃO, na sua obra “A República”, assim se expressa:
	“Um Estado nasce das necessidades dos homens; ninguém basta a si mesmo, mas todos nós precisamos de muitas coisas” 
	Logo depois, PLATÃO acrescenta:
	“...Como temos muitas necessidades e fazem-se mister numerosas pessoas para supri-las, cada um vai recorrendo à ajuda deste para tal fim e daquele para tal outro; e, quando esses associados e auxiliares se reúnem todos numa só habitação, o conjunto dos habitantes recebe o nome de cidade ou Estado”. 
	Dessa forma, o Estado teria sido formado para se aproveitarem os benefícios da divisão do trabalho, integrando-se as diferentes atividades profissionais, caracterizando-se, assim, o motivo econômico.
	Entre as teorias que sustentam a origem do Estado por motivos econômicos, a de maior repercussão prática foi e continua sendo a de KARL MARX e FRIEDRICH ENGELS.
	Essa opinião de ambos vem muito claramente exposta por ENGELS numa de suas principais obras, “A Origem da Família, da Propriedade e do Estado”.
	Além de negar que o Estado tenha nascido com a sociedade, ENGELS afirma que ele “é antes um produto da sociedade, quando ela chega a um determinado grau de desenvolvimento”.
	D) Origem no desenvolvimento interno da sociedade:
	De acordo com estas teorias, cujo principal representante é Robert Lowie, o Estado é um germe, uma potencialidade, em todas as sociedades humanas, as quais, todavia, prescindem dele enquanto se mantém simples e pouco desenvolvidas.
	Mas aquelas sociedades que atingem maior grau de desenvolvimento e alcançam uma forma complexa tem absoluta necessidade do Estado, e então ele se constitui.
	Não há, portanto, a influência de fatores externos à sociedade, inclusive de interesses de indivíduos ou de grupos, mas é o próprio desenvolvimento espontâneo da sociedade que dá origem ao Estado.
	A criação do Estado por formação derivada, isto é, a partir de Estados preexistentes,é o processo mais comum atualmente, havendo por tal motivo um interesse prático bem maior nesse estudo.
	Há dois processos típicos opostos, ambos igualmente usados na atualidade, que dão origem a novos Estados: o fracionamento e a união de Estados.
	Tem-se o fracionamento quando uma parte do território de um Estado se desmembra e passa a constituir um novo Estado.
	Outro fenômeno, este menos comum, é a separação de uma parte do território de um Estado, embora integrado sem nenhuma discriminação legal, para constituir um novo Estado, o que ocorre quase sempre por meios violentos, quando um movimento armado separatista é bem sucedido, podendo ocorrer também, embora seja rara a hipótese, por via pacífica. Ex.: União Soviética e Iugoslávia.
	Em todo esses casos, o Estado que teve seu território diminuído pela fracionamento continua a existir, só se alterando a extensão territorial e o número de componentes do povo, uma vez que uma parcela deste sempre se integra no Estado recém constituído.
	E a parte desmembrada, que passou a constituir um novo Estado, adquire uma ordenação jurídica própria, passando a agir com independência, inclusive no seu relacionamento com o Estado do qual se desligou.
	O outro processo típico de constituição de novos Estados por formação derivada é a união de Estado, quando esta implica a adoção de uma Constituição comum, desaparecendo os Estados preexistentes que aderiram à União.
	Neste caso, dois ou mais Estados resolvem unir-se, para compor um novo Estado, perdendo sua condição de Estados a partir do momento em que se completar a união e integrando-se, a partir daí, no Estado resultante.
	A formação de Estados, tendo como origem a união de outros preexistentes, tem sido mais comum através da constituição de Federações, preferindo-se esta forma porque, não obstante submeter todos os componentes a um poder central único, bem como a uma Constituição comum, permite a preservação de autonomias locais e das características socioculturais de cada componente da Federação.
	Nada impede, porém, que alguns Estados resolvam unir-se para compor um novo Estado, preferindo dar a este uma organização unitária, não federal.
	O que é característico no processo de constituição de um Estado pela união de Estados preexistentes é que estes últimos perdem a condição de Estados no momento em que se concretiza a união.
	Por último, além dos processos típicos aqui referidos, por motivos excepcionais, pode-se dar a criação de novos Estados por formas atípicas, não usuais e absolutamente imprevisíveis.
	Por exemplo: depois de grandes guerras as potências vencedoras, visando a assegurar o enfraquecimento permanente dos países vencidos, ou procurando ampliar o seu próprio território, procedem a uma alteração dos quadros políticos, não raro promovendo a criação de novos Estados, em partes de território de um ou mais dos vencidos.
	Um fenômeno atípico ocorrido no séc. XX foi a criação de dois Estados alemães – a República Democrática Alemã e a República Federal Alemão -, em lugar do único Estado alemão existente antes da II Guerra Mundial.
	Terminada a guerra, em 1.945, a Alemanha vencida tinha seu território ocupado pelos vencedores, a União Soviética, no lado oriental, e os Estados capitalistas, no lado ocidental.
	No ano de 1.949 a situação de ocupação foi substituída pela criação de dois novos Estados, a República Democrática Alemã e a República Federal Alemã, o que perdurou até 1.989, quando ocorreu a reunificação da Alemanha, desaparecendo a República Democrática e ressurgindo um único Estado.
	Como exemplos de ocorrências atípicas poderiam ser lembrados também o Estado da Cidade do Vaticano e o Estado de Israel.
	Estes são os processos que dão origem à criação de novos Estados.
	Quanto ao momento em que se considera criado um novo Estado, não há uma regra uniforme. Evidentemente, a maneira mais definida de afirmar a criação é o reconhecimento pelos demais Estados.
	Todavia, o reconhecimento não é indispensável, sendo mais importante que o novo Estado, apresentando todas as características que são comuns aos Estados, tenha viabilidade, conseguindo agir com independência e manter, internamente, uma ordem jurídica eficaz.
	ESTADO E POLÍTICA
	Estado e suas definições:
	Ao abordar o tema do Estado nos manuais hoje existentes encontramos semelhanças e divergências entre os autores.
	As semelhanças se concentram basicamente na admissão de que não há Estado sem soberania, sem um elemento humano (povo ou população) e um território.
	No entanto, as divergências quanto ao Estado começam a aparecer se separamos as abordagens ou se procuramos classificá-las por Escolas.
	É possível dizer que há uma abordagem sociológica do fenômeno Estado, mas também uma abordagem jurídica ligada ao positivismo de autores como HANS KELSEN.
	O Estado segundo a ótica sociológica
	Para MAX WEBER, o Estado é uma comunidade humana que pretende, com êxito, o monopólio do uso legítimo da força física dentro de um determinado território.
	WEBER enfatiza o monopólio da força: 	“Sociologicamente, o Estado não pode ser definido em termos de seus fins.Dificilmente haverá qualquer tarefa que uma associação política não tenha tomado em suas mãos, e não há tarefa que se possa dizer que tenha sido sempre, exclusivamente e peculiarmente, das associações designadas como políticas: hoje o Estado, ou historicamente as associações que foram predecessoras do Estado moderno. 
	WEBER conclui dizendo que: “Em última análise, só podemos definir o Estado moderno, sociologicamente em termos de meios específicos peculiares a ele, como peculiares a toda associação política, ou seja, o uso da força física.” 
	A teoria weberiana se esforça para demonstrar o processo pelo qual o Estado moderno expropriou os poderes privados, privando-os de instrumentos militares e políticos, com o objetivo de centralizar os poderes nas mãos do Estado que, paulatinamente, vai concentrando em seus domínios o exército, a administração financeira e o poder jurídico.
	Ao empreender tal abordagem WEBER alude diretamente ao desmonte da configuração política do Feudalismo, responsável por uma pluralidade de ordens políticas dispostas em território sob o comando dos senhores feudais.
	Foi preciso que ocorresse o desmantelamento da velha ordem para que surgisse o Estado moderno, detentor do monopólio da força física em um determinado território.
	Insistindo na idéia de que há uma noção mais elaborada de poder e Estado na teoria weberiana, deve-se analisar ainda a idéia de legitimidade, capaz de explicar a obediência ou aceitação de uma determinada ordem política.
	Isso porque o monopólio da violência se apresenta como condição necessária, mas não inteiramente suficiente para que o Estado exerça seu poder de império sobre as pessoas ao longo de um determinado tema.
	É nesse sentido que deve ser analisada a teoria da legitimidade weberiana:
	“O Estado só pode existir sob a condição de que os homens dominados se submetam à autoridade continuamente reivindicada pelos dominadores”.
	Há, portanto, um motivo adicional que permeia a idéia de obediência dos indivíduos perante o Estado.
	Nenhuma ordem estatal é capaz de sobreviver por longo prazo apenas com base em sua força física.
	É preciso, portanto, que se analise a questão da legitimidade ou, como alguns autores costumam denominar, “das bases da obediência legítima”.
	WEBER argumenta que é condição essencial à existência do Estado a obediência aos detentores.
	Importa, portanto, discutir os fatores sobre os quais se baseia essa relação de domínio. 
	Eis o cerne da discussão da legitimidade.
	É nas noções de dominação tradicional, carismática e racional-legal que se deve buscar os fundamentos da obediência.
	A primeira forma de dominação (tradicional), repousa na conformidade com a ordem estabelecida, com os costumes e tradições típicos, por exemplo, das realezas.
	A segunda (carismática), retira suas bases da crença que os indivíduosdepositam nos dons extraordinários ou heróicos de determinadas lideranças políticas.
	A noção de carisma, bastante popularizada no séc. XX, é assim descrita por WEBER:
	“Há a autoridade do dom da graça (carisma) extraordinário e pessoal, a dedicação absolutamente pessoal e a confiança pessoal na revelação, heroísmo ou outras qualidades de liderança individual.
	É o domínio carismático exercido pelo profeta ou – no campo da política – pelo senhor da guerra eleito, pelo governante plebiscitário, o grande demagogo ou o líder do partido político.”
	Por fim, a dominação racional-legal, baseada na crença da validade dos estatutos legais, regras, como diria WEBER, racionalmente criadas.
	Tal dominação avança no espaço do mundo moderno.
	Se aqui não se faz presente a criatividade da dominação carismática, sobressai a ênfase na rotina dos procedimentos legais, burocráticos e racionais.
	É dessa rotina que emerge o líder “servidor” do Estado, expressão utilizada pelo próprio WEBER.
	A crença na autoridade racional-legal é considerada comprovada.
	Diferentemente da dominação carismática, ela não precisa ser reafirmada, pois existe em função de um estatuto.
	Que tipo de dominação predomina na modernidade?
	O Estado que marca a nossa época, notadamente em países democráticos, é uma organização à qual não é dada a possibilidade de:
	“Interferir na vida, liberdade ou propriedade sem consentimento do povo ou de seus representantes devidamente eleitos. Portanto, qualquer lei no sentido substantivo deve ter como base um ato legislativo.”
	Estado segundo MARX e o marxismo:
	Diferentemente de MAX WEBER, KARL MARX procurou situar o Estado no âmbito de suas relação com a sociedade e menos do ponto de vista de suas condições internas.
	De imediato, é preciso ressaltar inevitavelmente a ligação feita por MARX entre o Estado e as classes sociais, notadamente a burguesia.
	A posição mais marcante de MARX sobre o tema indica, inequivocamente, uma relação instrumental entre o Estado e a classe detentora dos meios de produção. 
	Assim, o Estado serviria aos propósitos de exploração da classe operária pela classe burguesa.
	O Estado seria, portanto, um meio, o mais eficaz, de garantir, pela força, as relações de exploração
	Não há, na visão de MARX, a idéia de que o Estado possa vir a beneficiar a todos, representar a todos os indivíduos.
	É inequívoca a posição particularista do Estado, sua utilização pela burguesia.
	Não por acaso, seu desaparecimento é previsto com a chegada do comunismo ou da sociedade sem classes.
	MARX procura mostrar, ao longo de suas obras, como o poder político é utilizado para a manutenção do sistema capitalista.
	As leis, as forças policiais e o exército são meios pelos quais a situação de exploração é capaz de se perpetuar, mostrando-se mais fortes à medida que surgem as ameaças ao capitalismo.
	É nesses momentos que sobressai a face repressiva do Estado.
	Vê-se, portanto, que a visão de MARX sobre o Estado não o desvincula de suas ligações com as forças sociais dominantes.
	Não há como ligar o Estado aos “interesses gerais” da humanidade, senão aos interesses de uma única classe.
	No sistema capitalista, a função do Estado reveste-se de um caráter repressor, buscando deter os movimentos revolucionários oriundos do proletariado.
	Sendo o Estado, basicamente, um instrumento, é possível falar em seu desaparecimento quando a revolução proletária determinar o fim da sociedade capitalista e instaurar, após o socialismo, a sociedade sem classes e comunista.
	A visão durkheimiana de Estado:
	Não se deve encerrar a abordagem das teorias sociais sobre o Estado sem fazer menção à concepção de outro grande pensador da teoria social moderna.
	Embora o legado de ÉMILE DURKHEIM sobre o Estado seja menos influente do que as visões de MARX e WEBER, merece ele atenção pela importância do autor nas escolas sociológicas.
	DURKHEIM se afasta da visão marxista do Estado ao propor que o Estado e sociedade constituem esferas distintas.
	Na verdade, a importância que o autor atribui ao Estado chega a colocá-lo como o centro organizador dos subgrupos sociais.
	Para DURKHEIM: 	“O Estado é um órgão especial encarregado de elaborar certas representações que valem para a coletividade. Essas representações se distinguem de outras representações coletivas por grau mais alto de consciência e reflexão. O Estado, ao menos em geral, não pensa por pensar, para construir sistemas de doutrina e, sim, para dirigir a conduta coletiva.”
	Segundo DURKHEIM, ao Estado se reserva uma tarefa de vulto, que é estabelecer metas, objetivos sociais e buscar a sua realização.
	DURKHEIM demonstra que o mundo moderno registra o crescimento, a um só tempo, dos direitos dos indivíduos e da atuação estatal.
	Como unir os dois fenômenos em benefício da sociedade?
	Para DURKHEIM a solução consistiria na idéia de que os direitos dos indivíduos não são produto de sua própria obra, mas de uma instituição do Estado.
	Tal fenômeno não implicaria a diminuição de importância do indivíduo, senão a garantia de fortalecimento de seus direitos.
	O Estado, assim, produziria uma força liberatriz do indivíduo. O Estado garante o exercício dos direitos individuais. É o grande fiador das liberdades dos homens.
	É necessário ao homem, para que desenvolva sua liberdade individual, não apenas que a sua sociedade seja vasta ou grande o suficiente. É preciso que ele não venha a ser contido por determinados grupos, poderes locais ou familiais. É preciso, pois, um poder superior que garanta a liberdade estabelecendo a lei para todos.
	Só o Estado é capaz de liberar as personalidade individuais das possíveis forças que venham a cercear a liberdade do indivíduo. Dessa forma, a lição durkheimiana é de que Estado e indivíduo não são antagonistas.
	Antes, o Estado é a própria condição da livre existência do indivíduo. Os direitos do indivíduo não são passíveis de exercício sem obstáculos. É necessário que eles sejam conquistados contra as forças que tentam negá-los.
	Daí o caráter imprescindível do Estado, que há de se tornar complexo na mesma medida em que a sociedade se desenvolve.
	Longe, portanto, de se constituir em fator de alienação ou mesmo de garantia de repressão ou exploração dos indivíduos, o Estado na visão de DURKHEIM assume um papel de garantidor das liberdades individuais, além de assumir outras funções vitais para a própria sociedade.
	Ele é um pólo irradiador da moral, ingrediente fundamental a toda a sociedade. Quando se trata do Estado, é imperioso dizer que há também uma missão moral a ser implementada, organizada, regrada e desenvolvida.
	Se o conceito de moral é tão importante para DURKHEIM, constituindo-se mesmo em uma condição de existência das sociedades, é preciso que ela mesma, para existir, seja constituída de disciplina e que possua uma autoridade a garanti-la. Essa autoridade é o ESTADO.
	A visão jurídica do Estado:
	Após as teorias sociológicas, vejamos uma abordagem da visão jurídica do Estado.
	Aqui as variáveis políticas, sociais e históricas devem ser postas de lado, uma vez que se busca uma metodologia exclusivamente jurídica para a teoria do Estado.
	Um dos principais autores dessa corrente de pensamento foi HANS KELSEN, considerado um dos principais expoentes do chamado positivismo jurídico.
	KELSEN esforçou-se para afastar o conhecimento sociológico ou histórico da ciência do Direito, pois esta deveria possuir um status científico autônomo.
	Nesse sentido, KELSEN não admite a concepção de Estado como algo anterior ao conjunto normativo que o estrutura.
	O Estado não é distinto do Direito que lhe dá vida.
	A concepção jurídica busca ater-se a um método próprio que poderia de chamar “monismo jurídico”: fenômenos jurídicos devem ser explicados por métodos jurídicos.
	O Estado e o Direito não devem ser separados como se fossem duas realidades isoladas, pois estão inseridos em apenas uma única realidade: a normativa.O Estado é um conjunto de normas jurídicas: “Sua existência não é natural, mas artificial, um invento humano elaborado com vistas à consecução de objetivo” (Adrian Sgarbi).
	Entender o Estado na perspectiva kelseniana significa, portanto, estreitar o campo de análise, reduzindo-o à esfera normativa e eliminando as especulações, sobretudo as de natureza sociológica.
	O Estado é uma ordem jurídica centralizada formada por órgãos determinados para criar e aplicar as normas. O Estado é elemento produtor da ordem.
	Nesse sentido estrito, há uma certa semelhança com a visão weberiana de Estado, já que ambas o vêem como o detentor do monopólio da violência legítima dentro de circunscrições denominadas território:
	Segundo KELSEN, “a identificação de Estado com ordem jurídica é óbvia a partir do fato de que mesmo os sociólogos caracterizam o Estado como uma sociedade politicamente organizada. Já que a sociedade – como unidade – é constituída por organização, é mais correto definir o Estado como uma organização política. Uma organização é uma ordem. Mas em que reside o caráter político dessa ordem? 	No fato de ser uma ordem coercitiva.
	O Estado é uma organização política por ser uma ordem que regula o uso da força, porque ela monopoliza o uso da força. Esse é um dos caracteres essenciais do Direito.
	O Estado é uma sociedade politicamente organizada porque é uma comunidade constituída por uma ordem coercitiva, e essa ordem coercitiva é o Direito.
	Diz-se, às vezes, que o Estado é uma organização política pelo fato de ter, ou de ser, “poder”. O Estado é descrito como o poder que se encontra por trás do Direito, que impõe o Direito.
	Na medida em que tal poder existe, ele nada mais é que o fato de que o Direito em si é efetivo, de que a idéia de normas jurídicas prevendo sanções motiva a conduta dos indivíduos, exerce uma compulsão psíquica sobre os indivíduos”.
	As funções do Estado na teoria kelseniana são exercidas por pessoas que agem em nome do próprio Estado, criando e aplicando a ordem jurídica:
	“O Estado é aquela ordem da conduta humana que chamamos de ordem jurídica, a ordem à qual se ajustam as ações humanas, a idéia à qual os indivíduos adaptam a sua conduta. Se a conduta humana adaptada a essa ordem forma o objeto da Sociologia, então o seu objeto não é o Estado. Não existe nenhum conceito sociológico de Estado do lado do conceito jurídico.
	Tal conceito duplo de Estado é impossível logicamente, senão por outro motivo, pelo menos pelo fato de não poder existir mais de um conceito do mesmo objeto. Existe apenas um conceito jurídico de Estado: o Estado como ordem jurídica, centralizada”.
	Ao analisar a visão kelseniana de Estado, BERCOVICI sustenta que é característico do Estado o fato de este ser um sistema de normas. Se o Estado é um sistema de normas, não pode ser mais do que o ordenamento jurídico.
	Há uma relação de identidade entre Estado e Direito, e o Estado seria, portanto, o próprio ordenamento jurídico. Tal postura significaria, na prática, a desvinculação do Estado em relação à política. Haveria, portanto, em KELSEN, uma preocupação em “despolitizar” o Estado.
	Reside nesse ponto a crítica que alguns autores fazem ao pensador austríaco: Segundo BERCOVICI: “Dentro de sua teoria, KELSEN isola o Estado (=ordenamento) da política, pois a política é a doutrina do Estado justo, ideal, distinguindo-se da Teoria do Estado, que é a doutrina do Estado possível, concreto e real que é o Direito Positivo.
	E este é, talvez, o grande problema da teoria kelseniana: a sua dedicação em despolitizar a Teoria do Estado, tendo em vista a impossibilidade da emancipação do conhecimento científico da realidade histórico-social.
	Além da crítica à despolitização do Estado, a Teoria Geral do Estado de KELSEN também pode ser questionada pelo seu reducionismo. O Estado não pode ser reduzido a apenas um de seus elementos, seja o ordenamento jurídico, o território ou outro qualquer. A função de uma Teoria do Estado é tornar compreensível o conjunto ou a totalidade do Estado concreto, sob pena de este perder a sua legitimidade”.
	Embora tenhamos escolhido o pensamento de KELSEN como ilustrativo da Escola do Positivismo Jurídico, este não se limita apenas ao pensador austríaco, mas possui um grande grupo de ilustre autores como JELLINEK, CARL FRIEDRICH VON GERBER e PAUL LABAND, entre outros.
	Estado e Política:
	Concluímos que estudar o Estado significa deparar-se com múltiplas concepções acerca de seu significado, origem e trajetória histórica. São variadas as interpretações.
	Existem diversas escolas que se propuseram a entender o fenômeno, a começar pela visão sociológica, que ainda hoje possui fundamental importância no estudo do Estado.
	Para melhor entendimento, o pesquisador precisa estar aberto às diversas concepções, evitando o caminho dos conceitos fechados e marcadamente comprometidos com uma ideologia.
	Os grandes pensadores da questão do Estado deixaram contribuições indispensáveis.
	WEBER e MARX, embora metodologicamente diferentes, são autores importantes para o estudo do conceito do Estado, bem como para análise do Estado predominante na Europa do séc. XIX.
	KELSEN e o positivismo influenciaram uma grande geração de juristas com suas propostas de análise do Estado “apartadas” da visão sociológica.
	No campo das ciências sociais, recomenda-se acautela diante do futuro e humildade quanto ao passado. Assim deve ser também com relação ao estudo do Estado.
	ELEMENTOS ESSENCIAIS DO ESTADO:
	Conceito de Estado:
 	Estado, na acepção moderna, é: “Uma ordenação que tem por fim específico e essencial a regulamentação global das relações sociais entre os membros de uma dada população, sobre um dado território, na qual a palavra ordenação expressa a idéia de poder soberano, institucionalizado”. (Giorgio Pallieri). 
	“O Estado é a pessoa jurídica soberana constituída de um povo organizado sobre um território, sob o comando de um poder supremo, para fins de defesa, ordem, bem-estar e progresso social” (Alexandre Groppalli). 
	Já Celso Ribeiro Bastos afirma que: “O Estado é a organização política sobre a qual vive o homem moderno. Ela caracteriza-se por ser a resultante de um povo vivendo sobre um território delimitado e governado por leis que se fundam num poder não sobrepujado por nenhum outro externamente e supremo internamente”.
	Darcy Azambuja consigna que: “O Estado é a organização político-jurídica de uma sociedade para realizar o bem público, com governo próprio e território determinado”.
	A definição de Clóvis Beviláqua é: “O Estado é um agrupamento humano, estabelecido em determinado território e submetido a um poder soberano que lhe dá unidade orgânica”.
	Por fim, Dalmo de Abreu Dallari postula que: “O Estado é a ordem jurídica soberana que tem por fim o bem comum de um povo situado em determinado território”.
	Elementos do Estado:
	O Estado é constituído por cinco elementos básicos:
	1 – Um governo, apto a ordenar o conjunto das relações sociais;
	2 – Um atributo de soberania, qualidade inerente à sua própria institucionalização;
	3 – Um povo, expresso primariamente por todos os que se encontram albergados sob sua tutela;
	4 – Um território, espaço primaz sobre o qual esse poder é exercido;
	5 – E uma finalidade, que define a própria razão essencial da organização do poder político.
 Essa decomposição analítica, que o Estado é formado por esses cinco elementos, é predominante no pensamento político ocidental, encontrando forte acolhida entre os principais doutrinadores brasileiros. 
 Existe um núcleo duro, comum, que permite diferenciar o Estado moderno de outras formas de organização do poder político e social.
 Em sentido lato, a esse núcleo duro correspondem os elementos do Estado (governo, soberania, povo, território e finalidade). Estudemos cada um dos elementos!
	Elementos do Estado:
 1 – GOVERNO
 Governo refere-se àgestão ou à administração cotidiana dos negócios públicos. É expresso pelo conjunto de princípios, normas, aparato técnico administrativo e ações que, sob diferentes fundamentações, sistemas e formas, orientam e condicionam a vida social.
	Positivamente, governo é o conjunto das funções necessárias à manutenção da ordem jurídica e da administração pública.
	A palavra governo tem dois sentidos:
	1º – Coletivo: como conjunto de órgãos que presidem a vida política do Estado, e
	2º – Singular: como poder executivo, “órgão que exerce a função mais ativa na direção dos negócios públicos”.
 Uma das mais clássicas definições de governo provém de ARISTÓTELES, que assim se expressa em sua obra “Política”:
 “A constituição determina, com relação ao Estado, a organização regular de todas as magistraturas, sobretudo a soberana, e o soberano da cidade é, em todas as partes, o governo; e o governo é, pois, a própria constituição”. A seguir, consolidando essa formulação, afirma que: “o governo é o senhor supremo da cidade”. 
	Outra definição clássica de governo é ofertada por JEAN-JACQUES ROUSSEAU. Em sua obra “O Contrato Social” ele afirma que:
	“O governo é um corpo intermediário, estabelecido entre os vassalos e o soberano para possibilitar a recíproca correspondência, encarregado da execução das leis e da manutenção da liberdade, tanto civil como política”. Adiante, afirma que por governo se deve entender: “o exercício legítimo do poder executivo. 	É no governo que se encontram as forças intermediárias, cujas relações formam a relação do todo com o todo, ou do soberano com o Estado.” 
 Das formulações de ARISTÓTELES e ROUSSEAU se pode deduzir, com clareza, que o governo concerne tanto ao aparato organizacional e político do Estado como à expressão do seu poder soberano.
	Cabe a pergunta: Se todo governo responde pela administração dos bens e dos interesses públicos, é igualmente verdade que todo governo é soberano?
	Trata-se verdadeiramente de uma questão controvertida.
	Para o autor SAHID MALUF, não faz sentido a separação entre governo e soberania. Para ele, como para outros autores, essa separação não é “aceitável nem lógica”, uma vez que “a soberania é exatamente a força geradora e justificadora do elemento governo”.
	Em que pese a coerência dessa proposição, há ponderações significativas que apontam para a autonomia relativa do governo em face da soberania. Nas colônias, p. ex., o governo que ali se encontra não é soberano, posto que submetido a uma metrópole. Contudo, a vida social, política e jurídica das colônias possui uma dinâmica própria, algo descolada e diversa da metropolitana. Portanto, o governo colonial teria uma autonomia parcial em face do governo da metrópole, sendo verdadeiramente governo, sem que, contudo, seja soberano.
	Outra visão da cisão relativa entre governo e soberania diz respeito aos países que, por qualquer motivo, estejam sob a tutela de outros sujeitos de direito. Podemos citar o Haiti e o Timor Leste, sob intervenção humanitária da ONU. Nesses países não é pacífico que à organização governamental existente, deveras precária, corresponda qualquer noção consistente de soberania.
	Se o Estado ainda existe nestes países, cabe aceitar que, ainda que em nível analítico e/ou didático, é cabível estudar governo e soberania em separado.
	Elementos do Estado:
 2 – SOBERANIA
 	No plano histórico, o termo soberania, tem sido visto como uma qualidade intrínseca do Estado.
 	Nesses termos, para que exista um Estado nacional, a soberania tem de estar presente, uma vez que o Estado é um ente soberano, ou seja, politicamente independente.
 Soberania é uma autoridade superior que não pode ser limitada por nenhum outro poder.
	Segundo SAHID MALUF, a exata compreensão do conceito de soberania é pressuposto necessário para o entendimento do fenômeno estatal, visto que não há Estado perfeito sem soberania.
	Daí haver SAMPAIO DÓRIA dado ao Estado a definição simplista de “organização da soberania”.
	Para Sahid Maluf a soberania se compreende no exato conceito de Estado. Estado não soberano ou semissoberano não é Estado. Ressalta-se logo a evidência que não são soberanos os Estados membros de uma Federação. O próprio qualificativo de membro afasta a idéia de soberania. O poder supremo é investido no órgão federal.
 Convencionou-se na própria Constituinte de Filadélfia, onde se instituiu o regime federalista, que as unidades estatais integrantes da União se denominariam Estados-Membros, com autonomia de direito público interno, sendo privativo da União o poder de soberania interna e internacional.
 A soberania é uma só, una, integral e universal. Não pode sofrer restrições de qualquer tipo, salvo, naturalmente, as que decorrem dos imperativos de convivência pacífica das nações soberanas no plano do Direito Internacional.
 Soberania relativa ou condicionada por um poder normativo dominante não é soberania. Deve ser posta em termos de autonomia, no contexto geral do Direito.
	A noção de soberania surgiu na Antiguidade Clássica, na Grécia, já que a Pólis era uma organização autárquica. Entretanto, o termo soberania não foi formulado pelos gregos.
	Sua existência histórica foi deduzida das regras do Direito Internacional Público (DIP) vigente na Pólis, que apresentava institutos típicos do Estado Moderno, como a troca de adidos diplomáticos e militares, a independência na gestão dos negócios públicos, a constituição de forças militares próprias e a celebração de tratados.
 Denominava-se o poder de soberania, entre os romanos, suprema potestas. Era o poder supremo do Estado na ordem política e administrativa. Posteriormente, passaram a denominá-lo poder de imperium, com amplitude internacional.
 Historicamente, é bastante variável a formulação do conceito de soberania, no tempo e no espaço. No Estado grego antigo, como se nota na obra de ARISTÓTELES, falava-se em autarquia, significando um poder moral e econômico, de auto suficiência do Estado.
 Já entre os romanos, o poder de imperium era um poder transcendente que se refletia na majestade imperial incontrastável. 	Nas monarquias medievais era o poder de suserania de fundamento carismático e intocável.
 	No absolutismo monárquico, que teve o seu climax em Luiz XIV, a soberania passou a ser o poder pessoal exclusivo dos monarcas, sob a crença generalizada da origem divina do poder de Estado.
 	 Finalmente, no Estado moderno, a partir da Revolução Francesa, firmou-se o conceito de poder político e jurídico, emanado da vontade geral da nação.
	Segundo MIGUEL REALE, a soberania é: “Uma espécie de fenômeno genérico do poder. Uma forma histórica do poder que apresenta configurações especialíssimas que não se encontram senão em esboços nos corpos políticos antigos e medievos”.
 	O Prof. PINTO FERREIRA nos dá um conceito normativo ético-jurídico: “È a capacidade de impor a vontade própria, em última instância, para a realização do direito justo”.
 	 No mesmo sentido é o conceito de CLÓVIS BEVILÁQUA: “Por soberania nacional entendemos a autoridade superior, que sintetiza, politicamente, e segundo os preceitos do direito, a energia coativa do agregado nacional.”
	Atualmente, vive-se a partir da última metade do séc. XX, um novo regime econômico, o neoliberalismo, e uma nova ordem internacional, a globalização.
 	Para alguns autores,como OTÁVIO IANNI, a globalização é um processo que, com avanços e recuos, remonta à expansão do Império Romano, ainda na era pré-cristã.
 	Discutindo a dinâmica da globalização, ROGÉRIO HAESBART afirma que: “A globalização só começa a tomar vulto a partir dos anos 60. A década de 70 é decisiva, pois com a hegemonia do capital financeiro ou de refinanciamento, altamente especulativo, cada vezmais autônomo em relação ao setor produtivo da economia e em relação às lógicas de reprodução das formações nacionais, consolida-se um “Capitalismo Mundial”, onde as empresas multi (ou trans) nacionais,integrando capital de financiamento e capital industrial, acabaram adquirindo tamanho poder que são capazes mesmo de influenciar decisivamente a ação dos Estado”.
 	As reflexões de HAESBART são chaves adequadas para uma compreensão mais acurada da relação entre Estado e soberania no contexto da globalização.
 De fato, no momento em que o neoliberalismo apresenta-se como projeto hegemônico, a soberania estatal tende a ser substituída por múltiplos mecanismos de regulação da ordem legal, como os pactos integracionistas, as ordens corporativas (locais e transnacionais), os mecanismos de negociação, mediação e arbitragem, e os códigos privados de conduta, rompendo, pois, com o monopólio estatal da produção do Direito.
 Se a globalização pode ser definida, segundo o autor M. C. TAVARES, como o “estágio e as formas alcançadas presentemente pela internacionalização da produção e pela difusão global de padrões tecnológicos no qual uma fração crescente do valor e da riqueza é produzida e distribuída mundialmente através de um sistema de redes privadas interligadas”; 
 Se o Estado, novamente mínimo, está adstrito à segurança e organização macroeconômica; Se a sacralização do mercado significa o “fim das ideologias” ou mesmo o “fim da história”;
É o caso de perguntar: No contexto da globalização, em meio às incertezas e crises de um mundo virtualmente unipolar (pretensamente submetido a uma Pax America), os Estados nacionais são efetivamente soberanos? Uma resposta possível, provocativa e inconclusiva é: NÃO!
	Elementos do Estado:
 3- POVO
 	O vocábulo povo, derivado do latim populus, tem hoje duas acepções básicas. Uma de matriz quantitativa e primária, equipara povo a população.
	Segundo o autor PAULO BONAVIDES: “Todas as pessoas presentes no território do Estado, num determinado momento, inclusive estrangeiros e apátridas, fazem parte da população. É, por conseguinte, a população sob esse aspecto um dado essencialmente quantitativo, que independe de qualquer laço jurídico de sujeição ao poder estatal.”
 	Segundo o doutrinador MARCUS ACQUAVIVA: 	 “População é a totalidade das pessoas que se acham, num dado momento, em determinado Estado”.
 Sem prejuízo do sentido demográfico ou quantitativo de povo, vamos privilegiar esse vocábulo a partir de uma acepção qualitativa, onde se elevam três aspectos complementares: o político, o jurídico e o sociológico.
 	Em nível político a categoria povo diz respeito, essencialmente, ao corpo eleitoral, ou seja, àqueles que possuem o direito de votar e serem votados, nos termos da legislação vigente. Nesse nível povo é igual a eleitor. Essa acepção de povo é a que prevalece no ordenamento constitucional brasileiro.
 Assim, quando a Constituição declara que “todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”, faz-se remissão imediatamente ao art. 14 da Carta Constitucional, que determina quem, no âmbito da população brasileira, poderá exercer o poder.
 	Se em nível político o significado do vocábulo povo confunde-se com o de cidadão-eleitor, em nível jurídico ele equivale ao de nacional, nato ou naturalizado, sendo a base daquilo que FÁBIO KONDER COMPARATO denomina nacionalismo-jurídico.
 	 Essa visão é esposada por doutrinadores como CELSO RIBEIRO BASTOS, para quem: “O povo está unido ao Estado pelo vínculo jurídico da nacionalidade.”
 Fora do pensamento político e jurídico, há um terceiro aspecto importante para o vocábulo povo: o sociológico.
 	Nesse caso, povo é igual a nação, ou seja, “agrupamentos humanos dotados de muitas afinidades linguísticas, culturais, religiosas, étnicas, etc.”
 De fato, no âmbito da sociologia, o vocábulo povo assume uma dimensão histórica e cultural que os níveis político e jurídico não poderiam contemplar.
 	A visão sociológica trabalha com realidades históricas e sociais. Nela, para que o elemento nacional se configure, não basta falar o mesmo idioma, ocupar a mesma porção de terras e/ou submeter-se à mesma soberania.
 Para que exista a nação, aspectos como historicidade, comunhão de interesses e aspirações, identidade moral e uma real personalidade coletiva (que diferencie esse povo dos demais) são absolutamente indispensáveis.
	RUI BARBOSA afirma: “A pátria não é ninguém: são todos; e cada qual tem no seio dela o mesmo direito à idéia, à palavra, à associação. A pátria não é um sistema, nem uma seita, nem um monopólio, nem uma forma de governo: é o céu, o solo, o povo, a tradição, a consciência, o lar, o berço dos filhos e o túmulo dos antepassados, a comunhão da lei, da língua e da liberdade”.
 	A intercessão entre as três abordagens qualitativas expressas, permite identificar povo enquanto cidadão, seguindo a visão proposta por ROUSSEAU,que afirma que, no Estado os associados: “Adquirem coletivamente o nome de povo, e se chamam particularmente cidadãos, na qualidade de participantes na autoridade soberana”. 
 Como tal, o povo é titular e/ou beneficiário de direitos civis, políticos e socioeconômicos, estando, enquanto partícipe da ordem constitucional, submetido à jurisdição dum Estado constituído a partir de laços sócio-históricos e culturais.
 Aqui, encontram-se integradas as perspectivas política, jurídica e sociológica, que, sem prejuízo de suas especificidades, interagem necessariamente na percepção fática do povo enquanto categoria histórica.
 	Corroborando a tese de que “não pode haver Estado sem povo”, há que se alertar tanto para a existência de povos sem Estado, bem como para a de Estados plurinacionais.
 No primeiro caso se podem citar, p. ex., os judeus (em especial antes da criação do Estado de Israel); os palestinos, hoje submetidos à soberania judaica (conquanto tenham sua própria autoridade nacional); e os ciganos, que, disseminados nos corpos políticos de diferentes sociedades, jamais perderam suas identidades étnico-culturais.
 No caso de Estados plurinacionais, temos os países como Rússia, Espanha, Iraque e China, que submetem à sua ordem estatal diferentes grupos étnicos e culturais (submissão essa nem sempre voluntária). 
	Elementos do Estado:
 4- TERRITÓRIO
 	Segundo HANS KELSEN, o território é a base física, o âmbito geográfico da nação, onde ocorre a validade da sua ordem jurídica.
 Advindo do latim territorium, nos planos político e jurídico esse vocábulo expressa os limites geográficos pertencentes a um Estado nacional.
	Para DARCY AZAMBUJA: “Território é a base física, a porção do globo por ele ocupada, que serve de limite à sua jurisdição e lhe fornece recursos materiais. O território é o país propriamente dito e, portanto, país não se confunde com povo nem nação, e não é sinônimo de Estado, do qual constitui apenas um elemento”.
 	 A lição de AZAMBUJA é acompanhada por outros doutrinadores, como DALMO DALLARI, para quem:
 	“O território estabelece a delimitação da ação soberana do Estado.Dentro dos limites territoriais a ordem jurídica do Estado é a mais eficaz, por ser a única dotada de soberania, dependendo dela admitir a aplicação, dentro do âmbito territorial, de normas jurídicas provindas do exterior”.
 	O território do Estado não se limita à porção de terras contínuas ou não que ele ocupa. Na delimitação territorial, há de se considerar, o subsolo, o espaço aéreo, o mar territorial e a plataforma submarina.
 	Sob a superfície terrestre, base sobre a qual repousa o povo, o território estatalcompreende também o subsolo. A soberania territorial do Estado compreende igualmente o subsolo e todas as suas riquezas, sendo certo que a exploração das mesmas, seja por quem for, deverá dar-se necessariamente em conformidade com a ordem jurídica do próprio Estado, bem como com as normas do Direito Internacional Público (DIP) atinentes à matéria. 
	O espaço aéreo é outra variável do território. Consoante lição de FRANCISCO REZEK: “O Estado exerce soberania plena sobre os ares situados acima de seu território”.
 	 Por espaço aéreo compreende-se, segundo as normas do DIP, o limite atmosférico que paira sobre as porções de terra e de mar pertencentes ao Estado. Para além desse limite, projeta-se o espaço cósmico, sobre o qual nenhum Estado possui jurisdição territorial.
	Segundo REZEK: “A soberania do Estado costeiro estende-se, além do seu território e das águas interiores (rios, lagos e congêneres) a uma zona de mar adjacente denominada de mar territorial. A soberania, em tal caso, alcança não apenas as águas, mas também o leito do mar, o respectivo subsolo, e ainda o espaço aéreo sobrejacente”.
 	No tocante ao mar territorial, a determinação da zona limítrofe é questão amplamente debatida. Antigamente prevalecia a fórmula preconizada pela Escola do Direito Natural: “cessa o poder territorial onde cessa a força das armas”. Adotava-se o limite de três milhas marítimas, que era o alcance da artilharia costeira, posteriormente ampliado para doze milhas.
 	Atualmente, invocando não só os interesses da defesa externa, mas também os de exploração econômica, os Estados, como o Brasil, Argentina, Uruguai, Chile, Equador e outros, vêm adotando o limite de duzentas milhas marítimas, tendo como lastro de legitimidade imperativos econômico e políticos.
	Segundo REZEK: “Os direitos econômicos do Estado costeiro sobre sua plataforma continental são exclusivos: nenhum outro Estado pode pretender compartilhá-los se aquele não os aproveita.”
 	Por fim, há de se registrar que o Código Penal, Decreto-lei nº 2.848/1940, prevê que, para efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro, onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.
 	O edito em tela também prevê que será aplicada a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil (Código Penal, art. 5º, §§ 1º e 2º).
	Elementos do Estado:
 5- FINALIDADE
	O art. 3º da Constituição afirma que os objetivos fundamentais do Estado brasileiro são: “Construir uma sociedade livre justa e solidária; garantir o desenvolvimento nacional; erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor idade e quaisquer outras formas de discriminação”.
	Fosse a letra legal (CF) uma efetiva garantia de direitos, o Brasil seria uma sociedade justa e igualitária. Não é!
	Ao contrário, pode-se afirmar que o Brasil real é a antítese quase perfeita de suas finalidades formais.
 Essa assimetria entre finalidades formais e a vida real é uma constante em quase todas as sociedades, no eixo sul do planeta.
	O descumprimento dessas finalidades formais ratificam, de plano, sua existência, completando-se, pois, o quadro dos elementos constitutivos do Estado.
	Muitas são as perspectivas pelas quais se podem construir as finalidades do Estado. Ponderando sobre os propósitos do Estado Democrático de Direito, consagrado no art. 1º da Carta Magna Brasileira, MIGUEL REALE consigna que:
 	 “O Estado deve ter origem e finalidade de acordo com o Direito, manifesto livre e originariamente pelo próprio povo. Estado Democrático de Direito, nessa linha de pensamento, equivaleria, em última análise, a Estado de Direito e de Justiça Social”.
 Para os marxistas, tais como MARX, ENGELS, LÊNIN, GRAASMSCI e OPPENHEIMER, o Estado moderno (Estado burguês por excelência) tem por finalidade garantir a dominação da burguesia sobre o conjunto da sociedade, ratificando, pois, as relações de alienação, exploração e dependência que são inerentes ao capitalismo. Por ser um instrumento de dominação de classe, o Estado deveria ser destruído em favor da auto-organização da sociedade.
 	Qualquer que seja a matriz sob a qual se determine as finalidades do Estado, deve-se observar que as vertentes teóricas que versam sobre essa finalidades possuem, em essência, valor especulativo análogo às teses que pretendem explicar as origens do fenômeno estatal.
 	Igualmente, é importante notar que elas invariavelmente revelam uma ordem política e jurídica dominante, com forte componente ideológico, que de alguma forma busca legitimar seu projeto de poder e organização social.
 Por isso, a discussão sobre as finalidades do Estado, bem como a que se relaciona com a sua fundamentação, encontra-se entre os temas mais áridos e difíceis do Direito, da teoria e da filosofia política, uma vez que pretende solver um problema virtualmente indissolúvel: o da justificação doutrinária do poder.
	Elementos do Estado:
 CONSIDERAÇÕES FINAIS:
 	Após uma exposição crítica sobre os elementos constitutivos do Estado, resta uma questão final:
 	Um Estado pode existir se faltar qualquer um desses elementos?
 	É inequívoco que sem o elemento Povo o Estado resta inviável, pois, em seu sentido primário, o Estado seria a forma específica de organização social e política de um agrupamento humano.
 	Do mesmo modo, é certo que todo Estado pressupõe a existência de um Governo, já que inexiste qualquer organização social sem o estabelecimento de normas e regras diretivas das condutas humanas, bem como da administração dos negócios públicos.
 	Igualmente, todo Estado possui suas Finalidades, sendo certo que tais finalidades variam de Estado para Estado e, também, podem variar no eixo tempo. (Ex.: as finalidades de Portugal, quando da expansão marítima, não são as mesmas do Portugal contemporâneo).
 	Inobstante, outros elementos carecem da mesma certeza.
	É o caso da Soberania. Veja-se o caso de um povo dominado por outro. Como exemplo, temos o Haiti (ora ocupado por tropas internacionais capitaneadas pelo Brasil, a partir de um mandado da ONU) e o Iraque (na época da ocupação militar capitaneada pelos EUA). 
	Igualmente, cabe questionar: A dependência econômica de um Estado em face de outro(s) é um elemento limitador ou mesmo extintivo da Soberania?
 A ascendência que empresas privadas possuem sobre diversos governos, ao redor do mundo, é um elemento que avilta e/ou faz soçobrar a soberania desses Estados?
 	Essas questões, que desafiam autoridades públicas, intelectuais e todos os que, de alguma forma, se debruçam sobre as novas realidades do Estado, conduzem, por certo, a uma derradeira interrogação:
 	No âmbito das novas realidades globais, seria possível resgatar a acepção de soberania firmada por J. BODIN e outros pensadores, ou este instituto capital do Direito Internacional Público (DIP) e da Ciência Política restaria, hoje, como um conceito oco ou quiçá suplantado por noções interdependência e policy (política) planetária?
 	A relevância dessas interrogações torna-se maior ao se perceber que, crescentemente, questões vitais para o destino dos povos são deliberadas fora das fronteiras estatais, locus privilegiado do poder soberano. 
 De fato, no presente estágio da globalização, a soberania encontra-se desconstituída de sua significaçãohistórica e, nesse contexto, uma revalorização do Direito Internacional, em suas novas disciplinarizações, é um imperativo insofismável.
 	E um Estado pode existir sem um território determinado? Internacionalistas importantes como LÉON DUGUIT e LOUIS LE FUR asseveram que o território não é indispensável à existência do Estado, argumentando que o Direito Internacional contemporâneo tem reconhecido a existência de Estados sem território, como é o caso do Vaticano.
	Finalizando: OS ELEMENTOS ESSENCIAIS DO ESTADO, são: o Governo, a Soberania, o Povo, o Território e as Finalidades que caracterizam cada ordenamento estatal.
	Assim, de modo sumaríssimo:
 	O Governo foi compreendido como o ente administrativo e gestionário do Estado.
 	A Soberania, em inexorável processo de transformação, alude à autonomia de gestão dos negócios internos e à independência na esfera internacional.
	O Povo deve ser pensado em pelo menos duas variáveis fundamentais. A primeira, de caráter quantitativo, compreende o povo como população. A segunda, de matriz qualitativa, é tripartida em três níveis: político, jurídico e sociológico.
	Em nível político povo corresponde à noção de cidadão-eleitor.
	Em nível jurídico, à noção de nacional, nato ou naturalizado.
	Em nível sociológico, ao de nação.
	Por seu turno, o Território é tido tanto pela porção contínua ou descontínua de solo ocupada pelo Estado, quanto pelo subsolo, pelo espaço aéreo, pelo mar territorial e pela plataforma continental, ou seja, o leito e subsolo marinho onde estão os minérios exploráveis, inclusive hidrocarbonetos como petróleo e gás natural.
	Hoje, após a Instrução Normativa nº 17, de julho de 2007, e em conformidade com as normas de Direito Interno e Internacional que regem a matéria, a plataforma continental brasileira se estende potencialmente até o limite de 350 milhas náuticas.
	Por fim, as Finalidades do Estado foram vistas em sua multiplicidade, ou seja, como aquelas determinadas pela dialética das relações políticas, jurídicas e sociais.
 	Assim, não se buscou idealizar ou legitimar uma visão singular acerca de tais finalidades, sendo certo que elas são mutáveis no eixo tempo-espaço.
 	Em considerações finais, foi discutida a eventual dispensabilidade de qualquer dos ELEMENTOS acima trabalhados para a constituição do Estado.
 Em síntese, a despeito das novas realidades globais, que alteram principalmente o conceito clássico de Soberania, propugnou-se pela indispensabilidade desses ELEMENTOS para a formação do Estado nacional.
	 FORMAS DE GOVERNO:
 A organização das instituições que atuam no poder soberano do Estado e nas relações entre essas instituições fornecem a caracterização das Formas de Governo.
 Para a maior parte dos autores, forma de governo e regime político são sinônimas.
 	MAURICE DUVERGER utiliza esta última expressão, estabelecendo uma distinção entre regime político em sentido amplo, quando indica a forma que, num dado grupo social, assume a distinção geral entre governantes e governados.
 	E regime político em sentido estrito, aplicável somente à estrutura governamental de um tipo particular de sociedade humana, que é o Estado.
	O conceito de forma afeta os diferentes graus da realidade política, permitindo a identificação de três espécies distintas:
	Regime político, quando se refere à estrutura global da realidade política, com todo o seu complexo institucional e ideológico;
Forma de Estado, se afeta a estrutura da organização política, e Sistema de governo, quando se limita a tipificar as relações entre as instituições políticas.
 	A rigor, a expressão Forma de Governo é mais precisa, quando se trata de estudar os órgãos de governo, através de sua estrutura fundamental e da maneira como estão relacionados.
 	As formas de governo são extremamente variáveis, não havendo um só Estado que não apresente em seu governo uma peculiaridade exclusiva.
	Por esse motivo a classificação das formas de governo só pode ser feita em termos gerais, pela identificação de certas características básicas encontradas em grande número de Estados.
 	Essa classificação só é possível porque inúmeras vezes, tendo em vista o êxito alcançado por um Estado com a adoção de uma forma de governo, outros Estados passam a segui-lo, adotando as mesmas linhas fundamentais.
 	Surgem, assim, as formas de governo que se tornam clássicas.
	Na classificação só se procuram as características das formas normais de governo, aquelas que se estabelecem em decorrência da evolução natural dos fenômenos políticos.
	As formas anormais, que são os totalitarismos ou as ditaduras de homens ou de grupos, não comportam subclassificações, porque são regimes apoiados na força e que impedem a expansão natural das vocações políticas.
 	Dessa maneira, seria inútil estudá-los, porque eles não obedecem a outra lei que não a da força.
 	Basta mencioná-los como regime de força, dando-lhes o nome de tirania, despotismo, totalitarismo ou ditadura, de acordo com o uso de cada época e lugar.
 	A classificação mais antiga das formas de governo que se conhece é a de ARISTÓTELES, baseada no número de governantes.
	Distingue ele três espécies de governo:
	1 – A Realeza, quando é um só indivíduo quem governa;
	2 – A Aristocracia, que é o governo exercido por um grupo, relativamente reduzido em relação ao todo;
 	3- E a Democracia (ou República, segundo alguns tradutores), que é o governo exercido pela própria multidão no interesse geral.
 	Cada uma dessas formas de governo pode sofrer uma degeneração, quando quem governa deixa de se orientar pelo interesse geral e passa a decidir segundo as conveniências particulares.
 	Então aquelas formas, que são puras, são substituídas por formas impuras.
 	A realeza degenera em tirania, a aristocracia em oligarquia e a democracia em demagogia.
 	Essa classificação, que é feita em termos bem gerais baseando-se apenas no número dos governantes e na preponderância do interesse geral ou particular, é válida até hoje, sendo utilizada na teoria e na prática.
 	Depois de ARISTÓTELES é com MAQUIAVEL que vai aparecer nova classificação, já então mais precisa e atenta para as características que se iam revelando na organização do Estado Moderno.
	Em 1532 publica a obra “O Príncipe”, em cujas primeiras linhas diz MAQUIAVEL:
	“Os Estados e soberanias que tiveram e têm autoridade sobre os homens, foram e são ou Repúblicas ou Principados”.
 	Os governos aristocráticos, conhecidos entre alguns povos da Antiguidade, já não eram admitidos no tempo de MAQUIAVEL, consagrando-se a República e a Monarquia como as formas de governo possíveis no Estado Moderno.
	Mais tarde MONTESQUIEU, em sua obra “Do Espírito das Leis”, apontaria três espécies de governo: o republicano, monárquico e o despótico, esclarecendo:
	“O governo republicano é aquele em que o povo, como um todo, ou somente uma parcela do povo, possui o poder soberano;
	A monarquia é aquele em que um só governa, mas de acordo com leis fixas e estabelecidas, enquanto, Que no governo despótico, uma só pessoa, sem obedecer a leis e regras, realiza tudo por sua vontade e seus caprichos.”
	Na realidade, ainda hoje, a monarquia e a república são as formas fundamentais de governo, sendo necessário, fazer a fixação das características de cada uma e o exame dos principais argumentos favoráveis e contrários a elas.
	Formas de Governo:
 MONARQUIA
 	A monarquia é uma forma de governo que já foi adotada, há muitos séculos, por quase todos os Estados do mundo.
 	Com o passar dos séculos ela foi sendo gradativamente enfraquecida e abandonada.
 	Quando nasce o Estado Moderno a necessidade de governos fortes favorece o ressurgimento da monarquia, não sujeita a limitações jurídicas, dondeo qualificativo de monarquia absoluta.
 	Aos poucos, entretanto, vai crescendo a resistência ao absolutismo e, já a partir do final do séc. XVIII, surgem as monarquias constitucionais.
 	O rei continua governando, mas está sujeito a limitações jurídicas, estabelecidas na Constituição.
 	Depois disso, ainda surge outra limitação ao poder do monarca, com a adoção do parlamentarismo pelos Estados monárquicos.
 	Adotando o sistema parlamentar de governo, com a manutenção da monarquia, o monarca não mais governa, mantendo-se apenas como Chefe de Estado, tendo quase só atribuições de representação, não de governo, pois este passa a ser exercido por um Gabinete de Ministros.
	As características fundamentais da monarquia são:
	1- Vitaliciedade: O monarca não governa por um tempo certo e limitado, podendo governar enquanto viver ou enquanto tiver condições para continuar governando.
	2 – Hereditariedade: A escolha do monarca se faz pela simples verificação da linha de sucessão. Quando morre o monarca ou deixa o governo por qualquer outra razão, é imediatamente substituído pelo herdeiro da coroa.
	3 – Irresponsabilidade: O monarca não tem responsabilidade política, isto é, não deve explicações ao povo ou a qualquer órgão sobre os motivos pelos quais adotou certa orientação política.
	Formas de Governo:
 REPÚBLICA
 A república, que é a forma de governo que se opõe à monarquia, tem um sentido muito próximo do significado de democracia, uma vez que indica a possibilidade de participação do povo no governo.
 	Desde o séc. XVIII muitos teóricos e líderes pregavam a abolição da monarquia, não lhes parecendo que bastasse limitá-la por qualquer meio.
 	Ao mesmo tempo que se apontavam os males da monarquia, aumentava a exigência de participação do povo no governo, surgindo a república, mais do que como forma de governo, como símbolo de todas as reivindicações populares.
 	A república era expressão democrática de governo, era a limitação do poder dos governantes e era a atribuição de responsabilidade política, podendo, assim, assegurar a liberdade individual. 
 As características fundamentais da república, mantidas desde o séc. XVIII e que foram a razão de seu prestígio e de sua receptividade, são as seguintes:
	1 – Temporariedade: O Chefe de Governo recebe um mandato, com o prazo de duração predeterminado. E, para evitar que as eleições reiteradas do mesmo indivíduo criasse um paralelo com a monarquia, estabeleceu-se a proibição de reeleições sucessivas.
	2 – Eletividade: Na república o Chefe de Governo é eleito pelo povo, não se admitindo a sucessão hereditária ou por qualquer forma que impeça o povo de participar da escolha.
	3 – Responsabilidade: O Chefe de Governo é politicamente responsável, o que quer dizer que ele deve prestar contas de sua orientação política, ou ao povo diretamente ou a um órgão de representação popular.
 	Essas características básicas, entretanto, sofreram adaptações, segundo as exigências de cada época e de cada lugar, surgindo peculiaridades que não chegaram a desfigurar o regime.
	Formas de Governo:
 MONARQUIA E REPÚBLICA
 Além da distinção entre monarquia e república, outras classificações podem ser feitas, de acordo com certas características que se tornaram clássicas.
 	Assim, as relações entre o legislativo e o executivo determinaram a configuração de dois sistemas, o parlamentarismo e o presidencialismo, que por longo tempo disputaram a primazia, tanto na monarquia quanto na república.
 	O exame das características desses dois sistemas e de sua evolução é indispensável para que se possa fazer a identificação das tendências do Estado contemporâneo.
BIBLIOGRAFIA:
DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de teoria geral do Estado. . ed. São Paulo: Saraiva, 2010
GUANABARA, Ricardo; FERREIRA, Lier Pires; JORGE, Vladimyr Lombardo. Curso de ciência política. Rio de Janeiro: Campus, 2008.
GUANABARA, Ricardo; FERREIRA, Lier Pires; JORGE, Vladimyr Lombardo. Curso de Teoria Geral do Estado. Rio de Janeiro: Campus, 2009.
MALUF, Sahid. Teoria geral do Estado. 30. ed. atual. São Paulo: Saraiva, 2010.
				
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