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Cultura Brasileira http://ead.ugf.br/ 1 Cultura Brasileira Cultura: conceito e características básicas. Cultura Brasileira Cultura Brasileira http://ead.ugf.br/ http://ead.ugf.br/ 2 3 Cultura: conceitos e características básicas 4 Referências 7 Sumário Cultura Brasileira Cultura Brasileira http://ead.ugf.br/ http://ead.ugf.br/ 4 5 Apresentação: Esta aula pretende apresentar a evolu- ção da definição do conceito de cultura assim como de- monstrar a forma através da qual ela opera. Basicamente será visto que o conceito de cultura está associada a toda forma de produção material e imaterial do ser humano que são passíveis de transferir de uma geração para outra e que são utilizadas para dar um sentido ou significado para o mundo. Cultura: ConCeito e CaraCteríStiCaS báSiCaS. As ideias sobre o significado de cultura aparecem na França e na Alemanha a partir do Século XVIII. No primeiro país está associada à ideia de civilisation, isto é, a certo estágio de avanço e de desenvolvimento marcado especialmente pelas transformações da vida material. Já na Alemanha, a ideia de cultura aparece associada á ideia de kultur, que corresponde as realizações intelectuais da nação, é aquilo que dá o espírito (geist) do povo. Edward B Tylor em sua mesa de trabalho Edward B. tylor, antropólogo britânico do século XIX, reuniu estas duas ideias ao definir o conceito de cultura. Na sua concepção, cultura “tomada em seu amplo sentido etnográfico é este todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade” (TYLOR apud LARAIA, 1988, p. 25). A importância de Tylor para o estudo da cultura encontra-se além da síntese que propõe para definir este objeto. Ele inclui nesta definição a idéia de que a cultura não é inata, ela é criada pelo homem e transmitida de forma dinâmica de uma geração para outra. Fez ainda mais do que isso, pois foi hábil para demonstrar que a cultura poderia ser objeto de pesquisas experimentais tais como aquelas que eram praticadas pelas ciências naturais à sua época. Assim como o objeto das ciências da natureza, a cultura é um fenômeno que possui causas e regularidades sendo passível de um estudo sistemático. A definição do conceito de cultura sofreu diversos arranjos e aperfeiçoamentos ao longo do tempo e cada escola antropológica ou doutrina filosófica apresentou sua definição para o termo cultura. Em meados da década de 1930, a antropóloga estadunidense Ruth Benedict afirmou que a cultura corresponde a padrões de comportamento, ou seja, ela é capaz de gerar regulamentos que moldam as personalidades. É aquilo que dá o tom de um grupo social, alguns podem ser mais contidos, outros mais expansivos. Estas formas de comportamento derivam da forma como estas sociedades vêm o mundo, e é por esta razão que Ruth Benedict afirma que a cultura é a lente através da qual os homens vêm o mundo. Como estas lentes são diferentes, as visões que temos das mesmas coisas tornam-se desencontradas. Ruth Benedict De uma perspectiva filosófica distinta, o antropólogo brasileiro Roberto Da Matta entendo por cultura o conjunto de normas e regras que dizem como o mundo pode e deve ser classificado. Trata-se de um receituário, de uma série de instruções que são sutilmente incorporadas à forma como os homens vêm os mundos natural e social e, em função disso, mantém certas formas de interagir com a realidade. A realidade é, portanto, construída com base em representações sociais que nos dizem, dadas as situações enfrentadas, como devemos pensar, sentir e agir. Assim, a cultura tende a ser normativa. Por exemplo, qualquer sociedade humana, independentemente dá época e do local organiza-se inicialmente através de relações familiares e todas elas têm formas próprias de direitos de família com regras para cooperação, sucessão e herança. No entanto, se tendemos a considerar parentes aquelas pessoas que estão vinculadas a linhagem de nossos pais devido às regras de, em outras sociedades, porém, podem ser considerados parentes apenas aqueles indivíduos que se vinculam ou à linhagem materna, no caso de sociedades matrilineares, ou à linhagem paterna, no caso das sociedades patrilineares. Assim, se as regras de parentesco forem patrilineares, o irmão da mãe (na nossa nomenclatura, o tio materno) não será considerado parente, podendo inclusive vir a se casar com a filha de sua irmã (sua sobrinha), manifestando a forma mais radical de uma instituição chamada de avunculado (avúnculo = tio) a qual, dada as regras de aliança e de reciprocidade decorrentes do matrimônio ajuda a instaurar um sistema de prestações e contra prestações de bens e serviços entre as famílias do pai e da mãe, pode ser até desejável. Roberto Da Matta A importância do conceito de cultura repousa nas mudanças de atitude frente ao outro, sobretudo ao se contrastar as sociedades ocidentais com as não ocidentais, assim como uma mudança nas perspectivas teóricas sobre o comportamento social dos seres humanos. Em relação às mudanças de atitude observa-se o surgimento do estranhamento e da alteridade. O estranhamento é a atitude que consiste em tornar o familiar em exótico, isto é, em entender que por mais próximo e semelhante que uma sociedade ou grupo social possa ser, é preciso reconhecer que nem sempre se tem informações suficientes a respeito. Nem sempre refletimos em nível científico sobre nossas próprias práticas, ideias e sentimentos, simplesmente as seguimos sem ponderar sobre estes temas. Não ponderamos sobre nossas técnicas de preparar alimentos, de caminhar ou de sorrir. Não ponderamos sobre as opções de estilos e gostos musicais que aderimos, sobre os amigos que escolhemos ou sobre as roupas que usamos. Além disso, na maior parte dos casos, não estamos qualificados para refletir em alto nível sobre todas as variáveis, mecanismos causais e processos sociais que estão ligados à temas como violência, preconceito e desigualdade econômica, embora enfrentemos isto todos os dias. Se não ponderamos nestes termos sobre nós mesmos, fazemos isto a respeito do outro? Normalmente não. Temos uma percepção limitada do outro devido às regras e valores que aprendemos a considerar legítimos. Desse modo, para se compreender o sentido das ações, ideias e pensamentos do outro é necessário considerar estas limitações e reconhecer que o outro não é e nem precisa ser semelhante a nós. Para entendê-lo é preciso reconhecer que o que se sabe a seu respeito é parcial, fragmentado, incompleto e superficial. É preciso tratá-lo como um completo estranho e, então, colocar-se no lugar dele. Quando não se faz isto, há grande chances de que ocorram práticas etnocêntricas, isto é, a tendência de se avaliar o comportamento do outro com base nos nossos valores, práticas e sentimentos. Ao colocar-se no lugar do outro a fim de que seja possível entender seu comportamento cultural, pratica-se a segunda atitude, a alteridade. Só é possível apreender o sentido de um traço cultural dentro do contexto social Cultura Brasileira Cultura Brasileira http://ead.ugf.br/ http://ead.ugf.br/ 6 7 referênCiaS BARBOSA, L. O jeitinho brasileiro: a arte de ser mais igual que os outros. Campus, RJ: [s.n.],1992. BOSI, A. Cultura brasileira: temas e situações. São Pau- lo:Ática, 1999 CASTELLS, M. O poder das identidades. São Paulo: Paz e Terra, 2001. DA MATTA, R. Relativizando: introdução a antropolo- gia social. Rio de Janeiro: Vozes, 1981. _______. Carnavais, malandros e heróis: para uma so- ciologia do dilema brasileiro. Rio de Janeiro: Zahar, 1978. _______. A casa e a rua. São Paulo: Brasiliense: 1985. _______. Explorações. Rio de Janeiro: Rocco, 1986. FREYRE, G. Casa Grande e Senzala. Rio de Janeiro: José Olympio, 1994. HALL, S. A Identidade cultural na pós–modernidade. São Paulo: DPe, 1998. HARVEY, D. Condição Pós–Moderna. São Paulo: Edi- ções Loyola, 1996. MELLO, J. M. 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É preciso estar do lado de lá. Este tipo de atitude permite aquilo que é chamado de relativismo cultural. O relativismo cultural, ao contrário do que pode parecer e é muitas vezes assumido pelo senso comum, não implica na aceitação de todas as práticas. Não é por que se entende o terrorismo árabe, o nazismo, a milícia ou o tráfico que temos que aceita-los como prática cultural. Em grande medida, a ciência é regida pela ética. A ética, de acordo com o filósofo Renato Janine Ribeiro, é fazer coisas positivas, ou ainda, segundo o filósofo Mário Sérgio Cortella, a ética ocorre quando buscamos o equilíbrio entre o que podemos, devemos e queremos fazer. As concepções éticas definem o comportamento do ser humano em termos daquilo que se define como sendo as normas de boa convivência e são amplamente definidas pelos valores culturais. Entre o Local e o Nacional: Uma Reflexão Sobre Éticas de Pertencimento e Identidades Sociais Referências
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