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TECIDO NERVOSO

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE JOÃO PESSOA 
CURSO: PSICOLOGIA
P1 - (1º ESTÁGIO) 
MATÉRIA: NEUROANATOMOFISIOLOGIA I
PROFESSOR: GUILHERME JORGE STANFORD DANTAS
TECIDO NERVOSO
	O tecido nervoso compreende basicamente dois tipos celulares: os neurônios e as células gliais ou neuróglia. O neurônio é a sua unidade fundamental, com a função básica de receber, processar e enviar informações. A neuroglia compreende células que ocupam os espaços entre os neurônios, com funções de sustentação, revestimento ou isolamento, modulação da atividade neuronal e defesa. Após a diferenciação, os neurônios dos vertebrados não se dividem, ou seja, após o nascimento geralmente não são produzidos novos neurônios. Aqueles que morrem como resultado de programação natural ou por efeito de toxinas, doenças ou traumatismos jamais serão substituídos. Já a neuroglia conserva a capacidade de mitose após completa diferenciação.
NEURÔNIOS
	São células altamente excitáveis que se comunicam entre si ou com células efetuadoras (células musculares e secretoras), usando basicamente uma linguagem elétrica. Classicamente se considera o neurônio como a unidade morfofuncional fundamental do sistema nervoso, isso por que se verificou que a célula nervosa produz e veicula diminutos sinais elétricos, capazes de codificar tudo que sentimos a partir do ambiente externo e do ambiente interno, e tudo que pensamos a partir de nossa própria consciência. O que diferencia os neurônios das demais células do organismo animal é a sua morfologia adaptada para o processamento de informação e a variedade de seus tipos morfológicos. A Fig. 1.1 apresenta uma coleção de tipos de neurônios encontrados em diferentes locais do sistema nervoso.
Fig. 1.1 Os desenhos apresentam neurônios de diversos tipos morfológicos: pseudounipolar (A), estrelado (B), de Purkinge (C), unipolar (D) e piramidal (E). 
 	Um neurônio típico possui quatro regiões morfologicamente definidas: corpo celular; dendritos, palavra de origem grega que significa “pequenos ramos de árvore”; axônio, palavra de origem grega que significa “eixo” e terminais sinápticos, conforme esquematizado na Fig. 1.2. 
Fig. 1.2 Esquema de um neurônio com suas quatro regiões.
Corpo celular
	Contém núcleo e citoplasma com as organelas citoplasmáticas usualmente encontradas em outras células. Como toda célula, o neurônio possui uma membrana plasmática que envolve um citoplasma (pericário ou soma) contendo organelas que desempenham diferentes funções: o núcleo, repositório de material genético; as mitocôndrias, usinas de energia para o funcionamento celular; o retículo endoplasmático, sistema de cisternas onde ocorre a síntese e o armazenamento de substâncias que participam do metabolismo celular; e muitas outras. O corpo celular é o centro metabólico do neurônio, responsável pela síntese de todas as proteínas neuronais, bem como pela maioria dos processos de degradação e renovação de constituintes celulares, inclusive da membrana. Também é, juntamente com os dendritos, local de recepção de estímulos, através de contatos sinápticos.
Dendritos
	Geralmente são curtos e ramificam-se profusamente, à maneira de galhos de uma árvore. Apresentam contorno irregular e podem apresentar os mesmos constituintes citoplasmáticos do pericário. Os dendritos são especializados em receber estímulos, traduzindo-os em alterações do potencial de repouso da membrana. É através dos dendritos que cada neurônio recebe as informações provenientes dos demais neurônios a que se associa. O grande número de dendritos é útil a célula nervosa, pois permiti multiplicar a área disponível para receber as informações aferentes. 
Axônio
	A grande maioria dos neurônios possui um axônio, prolongamento longo e fino que se origina do corpo ou de um dendrito principal. Cada neurônio possui um único axônio, e é por ele que saem as informações eferentes dirigidas às outras células de um circuito neural�. A saída de informação da célula e concentrada no axônio, mas deve ser veiculada a muitos outros neurônios do circuito. É por essa razão que o axônio se ramifica profusamente na sua porção terminal, formando um telodendro (palavra de origem grega para “ramos distantes”) com inúmeros botões de contato com os dendritos das células seguintes. Os axônios são verdadeiros cabos de comunicação entre neurônios situados em diferentes regiões neurais. Neles o essencial é conduzir sinais com a maior velocidade possível. Por isso, muitas fibras nervosas associam-se a certas células gliais que estabelecem em torno da fibra uma espessa camada isolante chamada bainha de mielina�, que possibilita a condução ultra-rápida dos sinais elétricos produzidos pelos neurônios. 
TIPOS FUNDAMENTAIS DE NEURÔNIOS DO SISTEMA NERVOSO 
	Existem três tipos fundamentais de neurônios no sistema nervoso: o neurônio aferente (ou sensitivo), o neurônio eferente (ou motor) e o neurônio de associação. Todos os neurônios do sistema nervoso do homem, embora recebendo nomes diferentes e variados em diferentes setores do sistema nervoso central, podem em última análise, ser classificados em um destes três tipos fundamentais, como mostra a figura Fig. 1.3.
Fig. 1.3 Esquema dos três tipos básicos de neurônios que constituem o sistema nervoso.
Neurônio aferente (ou sensitivo)
	A função do neurônio aferente é levar ao sistema nervoso central informações sobre as modificações ocorridas no meio externo, estando inicialmente em relação com a superfície do animal. Em relação com a extremidade periférica dos neurônios sensitivos surgiram estruturas às vezes muito elaboradas, os receptores, capazes de transformar os vários tipos de estímulos físicos ou químicos em impulsos nervosos, que são conduzidos ao sistema nervoso central pelo neurônio sensitivo.
Neurônios de associação
	O neurônio de associação faz a união entre os neurônios aferentes e eferentes, o aparecimento dos neurônios de associação trouxe um considerável aumento no número de sinapses, aumentando a complexidade do sistema nervoso e permitindo a realização de padrões de comportamento cada vez mais elaborados. O corpo do neurônio de associação permaneceu sempre dentro do sistema nervoso central e seu número aumentou muito durante a evolução. O encéfalo aumentou muito de tamanho durante a filogênese dos vertebrados (encefalização), atingindo o máximo de desenvolvimento no encéfalo humano. Os neurônios de associação constituem a grande maioria dos neurônios existentes no sistema nervoso central dos vertebrados, onde recebem vários nomes. Alguns têm axônios longos e fazem conexões com neurônios situados em áreas distantes. Outros têm axônios curtos e ligam-se apenas com neurônios vizinhos. Estes são chamados neurônios internunciais ou interneurônios. Em relação com os neurônios de associação situados no encéfalo surgiram as funções psíquicas superiores. 
Neurônio eferente (ou motor)
	A função do neurônio eferente é conduzir o impulso nervoso do órgão efetuador, que, nos mamíferos, é um músculo ou uma glândula. O impulso eferente determina, assim, uma contração ou secreção. O corpo do neurônio eferente surgiu dentro do sistema nervoso central e a maioria deles permaneceu nesta posição durante toda a evolução. Contudo, os neurônios eferentes que inervam os músculos lisos, músculos cardíacos ou glândulas têm seus corpos fora do sistema nervoso central, em estruturas que são os gânglios viscerais. Estes neurônios pertencem ao sistema nervoso autônomo e serão estudados com o nome de neurônio pós-ganglionares. Já os neurônios eferentes que inervam músculos estriados esqueléticos têm seu corpo sempre dentro do sistema nervoso central (por exemplo, na coluna anterior da medula) e recebem vários nomes: neurônios motores primários, neurônios motores inferiores ou via motora final comum de Sherrington.
NEURÓGLIA
	Tanto no sistema nervoso centralcomo no sistema nervoso periférico, os neurônios relacionam-se com células coletivamente denominadas neuróglia, glia ou gliócitos. São as células mais frequentes do tecido nervoso, podendo a proporção entre neurônios e células gliais variar de 1:10 a 1:50. 
Neuroglia do sistema nervoso central e periférico
	No sistema nervoso central, a neuroglia compreende, principalmente, os oligodendrócitos. A neuroglia periférica compreende, principalmente, as células de Schwann, como mostra a Fig. 1.3 abaixo.
	 Os oligodendrócitos colocam-se entre os neurônios desempenhando diversas funções, entre estas: sustentação e isolamento de neurônios, frequentemente, prolongamentos de gliócitos se enrolam em torno de fibras nervosas para formar a bainha de mielina, importante na condução dos impulsos nervosos; são representantes do sistema imunitário do sistema nervoso, desempenham funções de proteção contra agentes agressores, de absorção de partes dos neurônios que eventualmente degeneram, e até de arcabouço para a regeneração de fibras nervosas em casos de lesão; compreendem o principal sítio de armazenamento de glicogênio no sistema nervoso central, havendo evidências de que podem liberar glicose para uso dos neurônios.
	As células de Schwann circundam os axônios, formando seus envoltórios, ou seja, a bainha de mielina, igualmente importante na condução de impulsos nervosos. Em caso de injúria de nervos as células de Schwann desempenham importante papel na regeneração das fibras nervosas, fornecendo substrato que permite o apoio e o crescimento dos axônios em regeneração. 
Fig. 1.3 Tipos especiais de gliócitos se enrolam em torno das fibras nervosas, formando uma bainha isolante de mielina que contribui para o aumento da velocidade de propagação do impulso nervoso. As células de Schwann são os gliócitos que englobam axônios do SNP (A), e os oligodendrócitos são os que embainham axônios do SNC (B)
FIBRAS NERVOSAS
	Uma fibra nervosa compreende um axônio e, quando presentes, seus envoltórios de origem glial. O principal envoltório das fibras nervosas é a bainha de mielina, que funciona como isolante elétrico. Quando envolvido por bainha de mielina, os axônios são denominados fibras nervosas mielínicas. Na ausência de mielina, denominam-se fibras nervosas amielínicas. Ambos os tipos ocorrem tanto no sistema nervoso periférico como no central, sendo a bainha de mielina formada por células de Schwann, no periférico, e por oligodendrócitos, no central. 
	No sistema nervoso central, distinguem-se, macroscopicamente, as áreas contendo basicamente fibras nervosas mielínicas e neuroglia daquelas onde se concentram os corpos dos neurônios, fibras amielínicas, além da neuroglia. Essas áreas são denominadas, respectivamente, substância branca e substância cinzenta, com base em sua cor in vivo. 
Fibras nervosas mielínicas
	No sistema nervoso periférico, logo após seus segmentos iniciais, cada axônio é circundado por células de Schwann, que se colocam a intervalos ao longo de seu comprimento. Nos axônios motores e na maioria dos sensitivos, essas células formam a bainha de mielina�. Cada célula de Schwann forma um curto cilindro de mielina, dentro do qual caminha o axônio, essas bainhas interrompem-se a intervalos mais ou menos regulares para cada tipo de fibra. Essas interrupções são chamadas de nódulos de Ranvier e cada segmento de fibra situado entre eles é denominado internódulo (ver figura Fig. 1.2).
	A bainha de mielina é composta basicamente de lípides e proteínas, salientando a riqueza em fosfolípides. Esta riqueza lipídica da bainha de mielina permite condução mais rápida do impulso nervoso. Isso é possível dado o caráter isolante da bainha de mielina, que permite à corrente provocada por cada potencial de ação percorrer todo o internódulo sem extinguir-se. 
Fibras nervosas amielínicas
	No sistema nervoso periférico, há fibras do sistema nervoso autônomo (as fibras pós-ganglionares) e algumas fibras sensitivas muito finas, que se envolvem por células de Schwann, sem que haja formação de mielina. No sistema nervoso central, as fibras amielínicas não representam envoltórios verdadeiros, ou seja, jamais uma célula glial envolve um axônio, à semelhança do que ocorre no periférico. 
	As fibras amielínicas conduzem o impulso nervoso mais lentamente, pois os conjuntos de canais de sódio e potássio sensíveis à voltagem não tem como se distanciar, ou seja, a ausência de mielina impede a condução saltatória. 
NERVOS
	Logo após sair do tronco encefálico, da medula espinhal ou dos gânglios sensitivos, as fibras nervosas motoras e sensitivas reúnem-se em feixes que se associam a estruturas conjuntivas (fibras colágenas), constituindo nervos espinhais e cranianos, que serão estudados posteriormente.
SINAPSES
	Os neurônios, principalmente através de suas terminações axônicas, entram em contato com outros neurônios, passando-lhes informações. Os locais de tais contatos são denominados sinapses, ou, mais precisamente, sinapses interneuronais. No sistema nervoso periférico, terminações axônicas podem relacionar-se também com células não neuronais ou efetuadoras, como células musculares (esqueléticas, cardíacas ou lisas) e células secretoras (em glândulas salivares, por exemplo), controlando suas funções. Os termos sinapses neuroefetuadoras e junções neuroefetuadoras são usados para denominar tais contatos.
	Quanto à morfologia e ao modo de funcionamento, reconhecem-se dois tipos de sinapses: sinapses elétricas e sinapses químicas. 
Sinapses elétricas
	São raras em vertebrados e exclusivamente interneuronais. Nessas sinapses, as membranas plasmáticas dos neurônios envolvidos entram em contato, conservando espaço entre elas de 2-3nm. No entanto, há acoplamento iônico, isto é, ocorre comunicação entre os dois neurônios, através de canais iônicos concentrados em cada uma das membranas em contato. Esses canais projetam-se no espaço intercelular, justapondo-se de modo a estabelecer comunicações intercelulares, que permitem a passagem direta de pequenas moléculas, como íons, do citoplasma de uma das células para o da outra, como mostra a Fig. 1.5. Tais junções servem para sincronizar a atividade de grupos de células e são encontradas em outros tecidos, como o epitelial muscular liso e cardíaco, onde recebem o nome de junção de comunicação. No caso das células cardíacas, por exemplo, é necessário fazê-las contrair-se ao mesmo tempo, para que as cavidades cardíacas possam impulsionar o sangue adiante. 
Fig. 1.5 As junções comunicantes (A) acoplam células elétrica e metabolicamente, através do alinhamento de canais iônicos que formam grandes poros (B).
	Nos animais invertebrados, cujo comportamento é mais simples e estereotipado, as sinapses elétricas são relativamente mais numerosas e desempenham papel relevante nos reflexos e ações motoras desses organismos. Nos vertebrados predominam as sinapses químicas, cuja capacidade de processamento de informação permitiu maior complexidade funcional ao sistema nervoso. 
Sinapses químicas
	A grande maioria das sinapses interneuronais e todas as sinapses neuroefetuadoras são sinapses químicas, ou seja, a comunicação entre os elementos em contato depende da liberação de substância química, denominada neurotransmissor�. 
	As sinapses químicas caracterizam-se por serem polarizadas, ou seja, apenas um dos dois elementos em contato, o chamado elemento pré-sináptico, possui neurotransmissor. Este é armazenado em vesículas especiais, denominadas vesículas sinápticas. Durante muito tempo acreditou-se que as vesículas sinápticas eram produzidas apenas no pericário, sendo levadas até as terminações axônicas através do fluxo axoplasmático. Sabe-se hoje que elas podem ser produzidas na própria terminação axônica.
Sinapses químicas interneuronais
	Na grande maioria dessas sinapses; uma terminação axônica entra em contato com qualquer parte de outro neurônio, formando-se, assim, sinapses axodendriticas, axossomáticas (com o pericário) ou axoaxônicas,como mostra a Fig. 1.6 abaixo. 
Fig.1.6 As sinapses podem estar localizadas em dendritos, no soma ou em axônios.
	Uma sinapse química interneuronal compreende o elemento pré-sináptico, que armazena e libera o neurotransmissor, o elemento pré-sináptico é, no caso, um botão terminal que contém em seu citoplasma quantidade apreciável de vesículas sinápticas, essas vesículas sinápticas se aproximam adequadamente da membrana pré-sináptica para com ela se fundirem rapidamente, liberando o neurotransmissor por um processo de exocitose; o elemento pós-sináptico, que contém receptores para o neurotransmissor e uma fenda sináptica, que separa as duas membranas sinápticas. 
	Na membrana do elemento pós-sináptico inserem-se os receptores específicos para o neurotransmissor. Esses receptores são formados por proteínas integrais que ocupam toda a espessura da membrana e se projetam tanto do lado externo como do lado citoplasmático da membrana. A transmissão sináptica decorre da união do neurotransmissor com seu receptor na membrana pós-sináptica. 
	A transmissão sináptica envolve a conversão do impulso nervoso de natureza elétrica, em uma mensagem química carreada por substâncias neurotransmissoras, e depois novamente em impulsos elétricos já na célula pós-sináptica. 
Sinapses químicas neuroefetuadoras
	Essas sinapses, também chamadas junções neuroefetuadoras, envolvem os axônios dos nervos periféricos e uma célula efetuadora não neuronal. Se a conexão se faz com células musculares estriadas esqueléticas, tem-se uma junção neuroefetuadora somática; se com células musculares lisas ou cardíacas ou com células glandulares, tem-se uma junção neuroefetuadora visceral. A primeira compreende as placas motoras, onde, em cada uma, o elemento pré-sináptico é terminação axônica de neurônio motor somático, cujo corpo se localiza na coluna anterior da medula espinhal ou no tronco encefálico. As junções neuroefetuadoras viscerais são contatos das terminações nervosas dos neurônios do sistema nervoso autônomo simpático e parrasimpático, cujos corpos celulares se localizam nos gânglios autonômicos�.
		
	
NEUROTRANSMISSORES
	O principal meio pelo qual as células se intercomunicam são as substâncias químicas. Os hormônios liberados no sangue pelas glândulas endócrinas podem estimular bilhões de células do organismo em segundos. Os ferormônios são liberados na atmosfera para estimular outros organismos. No entanto, é possível que o uso mais complexo da estimulação química intercelular ocorra no sistema nervoso, onde um único neurônio pode se comunicar com um outro liberando um neurotransmissor químico. Como o nome indica, um neurotransmissor transmite informações de um neurônio a uma outra célula. Os neurotransmissores geralmente atuam sobre distâncias muito pequenas e são liberados em pontos denominados sinapses, onde os neurônios encontram-se em intima aposição. O processo de liberação e de ação de um neurotransmissor é denominado transmissão sináptica química. A grande maioria das sinapses cerebrais transmite informações quimicamente, apesar da transmissão sináptica ser, em raros casos, mediada eletricamente.
	O uso da transmissão química pelo sistema nervoso torna o processo vulnerável à interferência de drogas. Realmente, a maioria das drogas que afeta o sistema nervoso o faz pela alteração do processo da transmissão sináptica. O conhecimento dos neurotransmissores também representa uma ferramenta muito importante para a compreensão de como o cérebro funciona. O uso de drogas que bloqueiam ou estimulam de forma seletiva um ou outro neurotransmissor é uma ferramenta muito poderosa para a compreensão e a modificação da função cerebral. Além disso, pela possibilidade de populações diferentes de neurônios utilizarem neurotransmissores diferentes, nós podemos usar o conhecimento de um neurotransmissor do neurônio para identificar anatomicamente determinadas populações neuronais. 
	Atuação dos neurotransmissores
	Os neurotransmissores são sintetizados pelos neurônios, armazenados em vesículas nos terminais nervosos e liberados quando os neurônios são despolarizados. Após um neurotransmissor ser liberado na fenda sináptica (o pequeno espaço existente entre dois neurônios adjacentes), ele liga-se a um receptor localizado na sinapse, sobre o neurônio receptor. O receptor é simplesmente uma proteína grande cuja estrutura inclui um sítio de ligação para o neurotransmissor. Quando um neurotransmissor liga-se ao receptor, este modifica a sua forma. Essa alteração de forma (denominada alteração conformacional) acarreta uma alteração da fisiologia ou da química da célula pós-sináptica. Diferentes receptores produzem diferentes alterações, mas apenas duas classes amplas de receptores são conhecidas. Os receptores que permitem que os íons passem através da membrana são classificados como receptores ionotrópicos. A outra classe de receptores acarreta uma alteração química na célula. Como as alterações químicas são mediadas por uma proteína intracelular móvel denominada proteína-G, esses receptores são denominados receptores acoplados à proteína-G�.
	Os receptores ionotrópicos, na realidade formam um canal na membrana através do qual pode ocorrer a passagem de íons. Esse fluxo iônico altera o potencial de membrana da célula, produzindo excitação ou inibição. Os canais normalmente encontram-se fechados e são abertos pela ligação do neurotransmissor ao receptor. Veja representação de um receptor ionotrópico na Fig. 1.7 ao lado.
Fig. 1.7 A imagem mostra um receptor ionotrópico formando um canal de membrana por onde passam determinados íons, neste caso, cálcio e sódio.
	
	Os receptores acoplados a proteína-G iniciam uma ampla série de alterações químicas na célula mediada pela proteína-G. Essas alterações podem incluir a desativação de enzimas e alterações da condutância de canais iônicos. As proteínas-G receberam essa denominação por conterem um sítio de ligação do trifosfato de guanosina que é ativado pelo receptor do neurotransmissor, como mostra a Fig. 1.8 ao lado. Os vários tipos de proteína-G produzem diferentes tipos de respostas nas células. Todos os receptores de neurotransmissores acoplados à proteína-G apresentam estruturas semelhantes. 
Fig. 1.8 Os receptores metabotrópicos atuam por meio de reações químicas intracelulares. Muitos empregam a proteína G para colocar em comunicação o receptor com a proteína efetora (A). Neste caso, quando o receptor é ativado pelo neurotransmissor (B), uma das subunidades da proteína G desliza da membrana até encontrar a proteína efetora (C), ativando-a por fosforilação (D). É a proteína efetora que irá ativar canais iônicos ou outras reações intracelulares.
	As etapas da transmissão sináptica podem ser resumidas do seguinte modo:
Síntese, transporte e armazenamento do neurotransmissor (síntese).
Deflagração e controle da liberação do neurotransmissor na fenda sináptica (armazenagem).
Difusão e reconhecimento do neurotransmissor pelo receptor pós-sináptico (Liberação).
Deflagração do potencial pós-sináptico (ligação com o receptor).
Desativação do neurotransmissor (Destruição/recaptação).
	Os neurotransmissores são de três tipos químicos: aminoácidos, aminas e purinas, como mostra a tabela abaixo.
	ALGUNS NEUROTRANSMISSORES MAIS COMUNS
	Aminoácidos
	Aminas
	Purinas
	Ácido γ-amino-butírico (GABA)
	Acetilcolina (ACh)
	Adenosina
	Glutamato (Glu)
	Adrenalina ou Epinefrina
	Trifosfato de adenosina (ATP)
	Glicina (Gly)
	Dopamina
	
	Aspartato
	Histamina
	
	
	Noradrenalina ou Norepinefrina (Na ou Ne)
	
	
	Serotonina
	
	Para que a sinapse funcione normalmente, ambos os neurônios (pré e pós-sináptico) devem manter um complexo sistema de síntese e armazenamento das substâncias relevantes à transmissão sináptica. O neurônio pré-sináptico, é claro, deve ser capaz de sintetizar seu neurotransmissor. Essa síntese é geralmentefeita por sistemas enzimáticos existentes no corpo celular, ou então no próprio terminal. Os aminoácidos, por exemplo, são normalmente sintetizados no citoplasma de todas as células, geralmente a partir de glicoses ou de proteínas decompostas em seus elementos constituintes. É o que ocorre com o glutamato e a glicina. A exceção é o ácido gama-aminobutírico (GABA), sintetizado especificamente pelos terminais dos neurônios que o utilizam como neurotransmissor, a partir do glutamato. As aminas são também sintetizadas no citoplasma do terminal sináptico. A acetilcolina, por exemplo, é sintetizada pela enzima colina-acetil-transferase a partir da colina proveniente da alimentação, ou resultante da degradação da própria Ach, e do acetato que o citoplasma normalmente possui. As indolaminas têm como principal representante a serotonina, que é sintetizada a partir de um aminoácido, o triptofano, utilizando uma cadeia de duas reações químicas. Finalmente, as catecolaminas, grupo que inclui a dopamina, a adrenalina e a noradrenalina, são sintetizadas em sequência a partir do aminoácido tirosina que é normalmente captado para o citoplasma do terminal, utilizando diferentes sistemas enzimáticos para cada etapa de síntese. O conhecimento das diferentes etapas de síntese dos neurotransmissores é especialmente importante para os neurologistas e psiquiatras, uma vez que algumas doenças atingem diretamente a síntese dos neurotransmissores. É o caso do Parkinsonismo, uma doença de indivíduos idosos que produz distúrbios motores por que certos neurônios dopaminérgicos do sistema nervoso perdem a capacidade de sintetizar dopamina (e posteriormente degeneram e morrem). É o caso também de certos tipos de depressão, que parecem atingir os mecanismos da serotonina e da noradrenalina em neurônios do SNC. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MACHADO, A. B. M. Neuroanatomia funcional. 2. ed. São Paulo: Ateneu, 2006.
LENT, R. Cem bilhões de neurônios: conceitos fundamentais de neurociência. São Paulo: Ateneu, 2005.
COHEM, H. Neurociência para fisioterapeutas. 2. Ed. São Paulo: Manole, 2001.
� Sendo unidades funcionais de informação, os neurônios operam em grandes conjuntos, e não isoladamente. Esses conjuntos de neurônios associados formam os chamados circuitos ou redes neurais. Por exemplo, as células nervosas da retina, que captam as imagens formadas pela luz do ambiente, só se tornam capazes de propiciar a visão se veicularem os sinais elétricos que geram em resposta à luz a outros neurônios localizados na própria retina e depois no cérebro. Cada um deles realiza uma pequena parte do trabalho cooperativo que ao final nos possibilitará ler um livro, ver um filme, ou admirar uma obra de arte. 
� Substância branca lipídica que forma uma bainha ao redor das fibras nervosas e serve como isolante elétrico (importante no fenômeno da condução saltatória, ou seja, no aumento da velocidade da transmissão dos impulsos nervosos). Os axônios podem ou não conter estas substâncias.
� O processo de formação da bainha de mielina, ou mielinização, ocorre durante a última parte do desenvolvimento fetal e durante o primeiro ano pós-natal.
� Substância química produzida e secretada pelos neurônios com o objetivo de transmitir informação para outro neurônio ou para um efetor, promovendo excitação (despolarização) ou inibição (hiperpolarização).
� Quanto à função, as sinapses podem ser excitatórias ou inibitórias. No primeiro caso, o resultado da transmissão é um potencial pós-sináptico despolarizante (entrada de sódio no neurônio), que tende a aproximar do limiar o potencial de repouso do neurônio. Fica mais fácil a ocorrência de potencias de ação (passagem do impulso nervoso) no neurônio pós-sináptico, e por isso se diz que ele foi excitado. No caso das sinapses inibitórias acontece o oposto: o resultado é um potencial pós-sináptico hiperpolarizante (entrada de cloreto ou saída de potássio), que afasta do limiar o potencial de repouso do neurônio. Fica, então mais difícil para o neurônio pós-sináptico produzir potencias de ação. Por isso, diz-se que ele foi inibido.
� Os receptores acoplados a proteína-G são também chamados receptores metabotrópicos.

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