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Filosofia e Serviço Social

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Filosofia e Serviço Social
Neste trabalho pretendemos avaliar as particularidades que envolvem a filosofia aplicada ao Serviço Social. Uma vez que através da filosofia podemos chegar a um conhecimento mais aprofundado da realidade, onde o principal objetivo é abstrair idéias e conceitos, buscando a razão de sua existência.Através do serviço social procuramos unir teoria & práxis, construindo alternativas que resolvam os problemas sociais; lançando-nos no conhecido buscando o desconhecido.A filosofia estuda fenômenos da diversidade, pluralidade e singularidade das culturas, respeita e cultiva as diferenças e o saber próprio que cada pessoa carrega. Ela convida o ser humano a buscar através da analise uma maneira de respeitar estas diferenças.
1. -Filosofia na antiguidade Na antiguidade o trabalho manual era menosprezado enquanto o trabalho intelectual era valorizado, consideravam a utilidade dos escravos semelhante à dos animais. O homem livre era aquele que possuía uma atividade intelectual, ou seja, aquele que dedicava a cidadania, ócio, a contemplação e a teoria. Na idade moderna foi valorizado o sucesso econômico. A relação entre ética e riqueza visava acumular lucros. Já na idade contemporânea o trabalho era definido como autoconstrução do homem, algo que liberta e aperfeiçoa. Segundo Marx, “O trabalho consistia em explorar e alienar a vida humana”.
Na industrialização algumas mudanças sociais foram observadas na relação entre produção e consumo, porém muitas pessoas eram excluídas e o “sistema” atendia ao capital e o lucro, logo o trabalho foi mecanizado e os trabalhadores foram dispensados, era à hora do despertar para a crítica. Surge o processo de conscientização de si, onde a reflexão alcançava o interior manifestando-se ao falar, criar e inovar. Sendo assim, passa se a compreender todas as outras consciências e opiniões: a mítica, a religiosa, a intuitiva, a racional, o senso comum e a ideologia. Neste momento entra os filósofos desestabilizando certezas e questionando o que é convencional, pois até então a filosofia era considerada “amor à sabedoria”, apenas um objeto de estudo. A filosofia é uma ciência que estuda as causas e as conseqüências dos fatos, faz uma reflexão crítica e global da conduta e do destino humano, é um conjunto de idéias e sabedoria geral com pontos de vista na sua totalidade real e valores gerais da existência. No processo de conhecimento de maior importância ao sujeito surge então o realismo, o idealismo, conhecimento impossível da verdade, o ceticismo e o dogmatismo; nestes dois últimos a idéia era pregada de forma que era possível conhecer a verdade. Podemos destacar o ceticismo absoluto, o relativo e a crítica ao ceticismo. O dogmatismo se dividia em ingênuo e crítico. No criticismo admite se a possibilidade de conhecer, porém esse conhecimento é limitado e ocorre sob condições específicas, destacando-se como correntes filosóficas: o empirismo e o racionalismo e também o apriorismo kantiano que conjuga essas duas posições.
Ao longo da história da filosofia podemos ver várias vertentes filosóficas, os filósofos possuíam conceitos próprios de refletir sobre a história da filosofia, reaver, formar e redefinir conceitos.
O Pré-Socrático é um período da filosofia antes de Sócrates, abrange os conjuntos das reflexões filosóficas desenvolvidas desde Tales de Mileto até a chegada de Sócrates, Aristóteles e Anaximandro. Aristóteles via filosofia da forma cosmocêntrica, ou seja, originada do cosmo, já Anaximandro pregava algo transcendente; Anaxímenes de Mileto concluiu que o ar é a força vital do mundo. Nas afirmações de Pitágoras a essência são os números onde representam ordem e harmonia; Heráclito com pensamentos dialéticos como bom argumentador dizia que tudo flui nada persiste nem permanece igual; Parmênides buscava a racionalidade onde a essência, coerência e verdade coexistiam; Demócrito tinha a concepção onde o homem é um microcosmo. A filosofia clássica abordava a reflexão antropocêntrica cujo maior interesse está no homem e a sociedade. Os sofistas argumentavam para convencer, tinham objetivo e habilidade de orador. Protágoras via o mundo como a ação do homem, verdade relativa, criticado por parecer subjetivista; Górgia defendia o ceticismo onde nada pode ser conhecido; Sócrates pensava na essência humana, o autoconhecimento, questionava seu próprio saber e dizia: "Só sei que nada sei." Na ironia Socrática quer dizer "interrogação".
Segundo Paulo Ghiraldelli jr. filosofia é a desbanalização do mundo. É um distanciamento para com o mundo, é também a admiração para com o mundo e a natureza, é a forma de como alguns humanos se espantam com a realidade, principalmente com a realidade comum, aquilo que é banal. “O banal é sempre aquilo que as pessoas olham e não vêem, o filosofo, olha e vê aquela coisa simples, começa a admirar, se espanta e pergunta. É neste ponto que o banal começa a ser desbanalizado e isto é o principio da filosofia”.
1.2 - Filosofia no renascimento
A filosofia no renascimento surge no século XV, XVI e XVII, marcando transformações sócias culturais européias. Movimento intelectual inspirado no humanismo. Seus principais pensadores defendiam o antropocentrismo, que definia aidéia de que o homem era o centro do pensamento filosofico, ao contrario do teocentrismo, a idéia de Deus como centro do pensamento filosofico. Uma cultura racionalista, uma vez que os pensadores buscavam somente a realidade. Na idade moderna os pensadores não queriam conhecer apenas a realidade e sim exercer o controle sobre ela onde o objetivo era prever para prover.
Nas obras desse período podemos ver que ainda existia a questão medieval a partir de uma nova perspectiva humana de uma “humanização” do divino.
Alguns nomes do renascimento: Na arte; Michelangelo, Rafael Sanzio. Na literatura podemos citar: Camões, Shakespeare, Cervantes, Thomas More, Dante, Erasmo e outros.
Na charge a postura filosófica dos personagens com os princípios da filosofia partem de diferentes atitudes com característica importantes. Uma, de forma social com o raciocínio ligado a questão coletiva, onde a cultura de uma cidade é defendida destacando valores culturais e referências históricas da população, que estava sendo prejudicada pelo capitalismo tirando a máxima rentabilidade e multiplicação do capital, que defendido pelos moradores cobrando uma atitude da administração pública. Já observando o segundo personagem percebemos que o texto é filosofia pura, onde muitos filósofos afirmam que “todos os homens são filósofos” e podemos dizer que a charge mostra o tigre agindo como um “pensador”.
Entendendo o texto Luckesi podemos dizer que o individuo pode exercita sua pratica de filosofa através da educação, na medida em que esta na raiz de todas as condutas humanas e nas suas diversas dimensões, dando-lhes um direcionamento. A filosofia aplicada ao serviço social deve trazer para o cotidiano do profissional do serviço social a postura que sua interferência é importante e decisiva em determinados grupos. Com o passar do tempo ele observara mudanças, no comportamento dos indivíduos e isso serve de parâmetro para outras atividades nesse ou em outros grupos. Sabendo que o individuo é único e que pode receber a mesma informação, mas que pode ser absorvida de várias formas e é justamente este o ponto que contribuir para que o trabalho do assistente social não se perca, pois jamais terá fim, haverá sempre algo que necessite ser trabalhado, repensado e reorganizado para o bem do grupo e da população em sua totalidade, conseguindo alcançar os objetivos que agregam a função do serviço social
1.3 – Filosofia moderna
A filosofia da idade moderna nasceu graças aos trabalhos dos protagonistas do renascimento cultural e científico dos séculos XIV e XV entre eles Nicolau Copérnico, Leonardo da Vinci, e dos esforços de cientistas e pensadores como Galileu Galilei, Francis Bacon, René Descartes e Emanuel Kant nos séculos seguintes e tem entre suas características: O racionalismo, o empirismo e a perfectibilidade,sem, contudo haver uma ruptura dos valores religiosos da Idade Média. Essa abertura veio com os Iluministas franceses como Voltaire e Diderot que produziram obras laicas e seculares e, por vezes extremamente críticas da ação de igreja e sua influência opressiva na sociedade e interferência no governo. Segundo Danilo Marcondes,
“O Iluminismo valorizou o conhecimento como instrumento de libertação e progresso da humanidade, levando o homem à sua autonomia e a sociedade à democracia, ou seja, ao fim da opressão." (2007. p.210). O iluminismo como movimento dentro da modernidade, mantendo a ênfase na racionalidade, tem características próprias tais como: Liberdade e o fim da opressão, popularização da filosofia e a leitura clandestina e o projeto dos enciclopedistas disponibilizando conhecimento para a sociedade. Tal fato é indicativo de que, no iluminismo o progresso é determinado pela razão através do qual o homem caminha rumo ao conhecimento e os descobertos científicos Alcançando tanto pela aplicação da razão como pela experiência empírica Diante do texto da professora Vera Lucia Tieko Suguihiro, percebemos que o serviço social ainda que foi capaz de traçar certas rotinas e procedimentos de registros de suas atividades práticos e interventivas não conseguiu imprimir aos mesmos a marca de um esforço de sistematização. Muitas vezes os registros de seu trabalho acabam se transformando numa peça a mais na burocracia do órgão onde atua. Essa situação dificilmente da ao assistente social uma visão totalizadora da problemática que enfrenta, não acionando o potencial que ele tem para modificar o seu modo de intervenção.È necessário o uso da racionalidade, unindo a teoria a pratica como determinantes que lhes possibilitem a garantia do movimento dialético: pensamento/ação. As ações investigativas não é mais uma opção para mudanças e construção de um novo saber, é essencial para a pratica da construção de uma nova sociedade.
A categoria da mediação é aprendida como uma expressão concreta do processo de passagem que o profissional realiza na medida em que vai desvendando o real, através da leitura do aparente imediato, que exige que se tome uma direção critica ao conjunto das suas praticas cotidiana. O assistente social tem na ação investigativa um poderoso instrumento que o auxiliará a construir um conhecimento novo, critico e criativo, capaz de iluminar e subsidiar as suas ações no cotidiano, apropriando-se do saber para a construção de um fazer competente.
1.4 – filosofia contemporânea
No idealismo o sujeito é aquele que sobressai em relação ao objeto, é adquirir conhecimento da realidade que é construída pelas nossas idéias, pela nossa percepção. Assim, os objetos seriam construídos de acordo com sentimento do sujeito. O serviço social é uma profissão legitimada, e tem uma função social. As profissões são criadas para corresponderem as necessidades dos homens. Assim como as necessidades de novas profissões, considerando outras com menor valor social. O objetivo do serviço social, esta vinculado a uma visão de homem e mundo; fundamentado numa perspectiva teórica que, no modo capitalista de produção, envolve em uma escolha política, o serviço social tem construído uma ação voltada para uma população maior. Em 62 anos o serviço social realizou varias mudanças dentro da profissão. Começou depositando aos homens a culpa pelas situações que vivenciavam. Chega, em 1999, assumindo uma postura marxiana, analisando a forma de produção social como sendo a causa essencial das desigualdades. O objeto do serviço social, no Brasil, tem sido restringido em virtude das dificuldades políticas e sócio-econômicas do país.
Depois o serviço social ultrapassa a idéia do homem como objeto profissional. E passa a entender que esse homem pobre, desempregado, etc. não e só de uma incapacidade individual e sim de um conjunto de situações. Objeto do serviço social se coloca como a situação social problema. Com a mobilização popular contra a ditadura militar na década de 70, o serviço social revê seu objeto, e o define como transformação social. Teoricamente, o serviço social passa a orientar-se pela analise marxiana da sociedade burguesa, o objeto passou a ser definido como questão social, questão esta, enraizada na contradição capital x trabalho, em outras palavras, é uma categoria que tem sua especificidade definida no âmbito do modo capitalista de produção. Nem todos compreendem que existe uma contradição entre o capitalista e o trabalho, na visão da sociedade, a categoria “questão social”. A maioria da população vende sua força de trabalho para sua sobrevivência, é da para entender as diferenças entre o capitalista e trabalhador, no acesso a direitos, nas condições de vida e nas desigualdades.E as conseqüências da desigualdade são as mais diversas: analfabetismo, violência, desemprego, favelação, fome e analfabetismo político. E cria profissões informais que são frutos desse impacto. A questão social, e suas expressões: o desemprego, a fome e as favelas etc. ela só apresenta a determinação prioritária do capital sobre trabalho, onde seu objetivo é acumular capital é não se responsabilizar pela melhoria de vida para a população.
Não se discute a inserção da intervenção do serviço social no âmbito das desigualdades sociais, pois a questão social e o serviço social e o único capaz de atuar nas mudanças e transformações da sociedade e que cada profissional atua em sua área de abrangência, como o médico que atua nos problemas relacionados à saúde entre outros, o engenheiro na habitação , o advogado que atua em defesa dos direitos das pessoas sem recursos, enfim as mais diferentes profissões. “A expressão questão social e tomada de forma muito genérica, embora seja usada para definir uma particularidade profissional. Se for entendida como sendo as contradições do processo de acumulação capitalista, seria, por sua vez, contraditória colocá-la como objeto particular de uma profissão determinada, já que se refere a relações impossíveis de serem tratadas profissionalmente, através de estratégias institucionais relacionais próprias do próprio desenvolvimento das praticas do serviço social. Se forem as manifestações dessas contradições o objeto profissional, e preciso também qualificá-la para não colocar em pauta toda a heterogeneidade de situações que, segundo Netto, caracteriza, justamente, o serviço social”. (FALEIROS, (1997, P. 37).
CONCLUSÃO A filosofia impede que o homem paralise no tempo, é a filosofia que explica perspectivas de melhoria do ser humano. Neste contexto, é aí que entra a filosofia na Assistência Social. O profissional do serviço social sabe da grande utilidade da filosofia na profissão, pois utilizando conceitos da filosofia obtém se varias maneiras de orientar usuários do serviço social, aprofundar-se na sua própria ideologia, no seu próprio ser ou não ser, de achar saída para os seus problemas sem se subtrair, podendo trabalhar a analise de conjuntura, analisar todas as características do individuo; familiar, pessoal, e todo seu histórico de vida, e mostrar-lhe que ele pode sim mudar sua vida, com seu próprio esforço, com sua força de trabalho. O Assistente Social lida com as classes mais desfavorecidas, pessoas com pouca informação, e perspectiva de vida, sem esperança na resolutividade dos seus problemas. Na questão ética e política a filosofia tem uma posição muito critica, já que quase sempre a filosofia vai de contra o sistema, uma vez que ela se resume em ideologias diferentes e que confronta o modo que o sistema age, exclui a minoria, ou seja, os “dominados”.
Sendo assim, Podemos concluir que a filosofia sempre teve um papel relevante e enriquecedor no inicio do serviço social e no decorrer da historia tomou formas que contemplavam com grandes conhecimentos necessários, que agregados ao serviço social trouxeram enriquecimento e alavancou o reconhecimento do profissional do serviço social, junto a uma grande parcela da sociedade que se beneficiou com intervenções valorosas de igualdades para todos.

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