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Apostila de Direito Civil I

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DIREITO CIVIL I (PARTE GERAL)
PROFESSOR GUILHERME TOMIZAWA
2º PERÍODO
CURSO DE DIREITO/OPET
Curitiba/2008
SUMÁRIO
Aula 01 - A importância e a expectativa do curso de Direito na atualidade.................pág. 04
Aula 02 - Conceituação e Divisão do Direito Civil ......................................................pág. 07
Aula 03 - A Relação Jurídica – Conceituação, estrutura interna, elementos................pág. 10
Aula 04 - Da personalidade e dos direitos do nascituro...............................................pág. 12
Aula 05 – Da capacidade civil.......................................................................................pág. 14
Aula 06 – Incapacidade civil absoluta...........................................................................pág. 15
Aula 07 - Incapacidade civil relativa.............................................................................pág. 17
Aula 08 – Da emancipação............................................................................................pág. 21
Aula 09 – Da ausência e da morte presumida...............................................................pág. 24
Aula 10 – Do Estado das pessoas..................................................................................pág. 28
Aula 11 – Dos nascimentos, óbitos, interdição e ausência............................................pág. 32
Aula 12 – Dos direitos de personalidade – definição e características..........................pág. 35 
Aula 13 – Da proteção da imagem, do nome e da privacidade.....................................pág. 38
Aula 14 – Nome Civil de pessoas naturais....................................................................pág. 42 
Aula 15 – Possibilidade de alteração do nome..............................................................pág. 45
Aula 16 – Do domicílio.................................................................................................pág. 49 
Aula 17 – Domicílio de Pessoa jurídica........................................................................pág. 53 
Aula 18 - Prova do 1º Bimestre............................................................................................... 
Aula 19 – Das pessoas jurídicas....................................................................................pág. 56 
Aula 20 – Responsabilidade civil das pessoas jurídicas................................................pág. 59
Aula 21 – Diferenças entre tipos de pessoas jurídicas..................................................pág. 64
Aula 22 – Fundações.....................................................................................................pág. 68 
Aula 23- Transformação e extinção da pessoa jurídica.................................................pág. 71 
Aula 24 – Bens e sua classificação................................................................................pág. 75
Aula 25 – Fatos e atos jurídicos....................................................................................pág. 79
Aula 26 – Aquisição de Direitos...................................................................................pág. 82
Aula 27 – Modificação dos direitos..............................................................................pág. 86
Aula 28 – Extinção dos direitos....................................................................................pág. 89
Aula 29 – Negócios Jurídicos........................................................................................pág. 91
Aula 30 - Defeitos dos negócios jurídicos. Erro e Dolo................................................pág. 93
Aula 31 - Coação, Estado de perigo e Lesão ................................................................pág. 96
Aula 32 – Fraude contra credores e simulação..............................................................pág. 99
Aula 33 – Ato ilícito e abuso do direito......................................................................pág. 103
Aula 34 - Prescrição e decadência ..............................................................................pág. 107
Aula 35 - Prova do 2º Bimestre.................................................................................................
Aula 01 – A importância e a expectativa do curso de Direito na atualidade
Diversos ramos de atuação do curso de Direito
Advocacia Privada (Advogado contencioso ou consultor jurídico) em uma empresa, em um escritório de médio ou grande porte (firmas), ou abrir o próprio escritório;
OU PRESTAR CONCURSO PÚBLICO
Advocacia Pública (procurador municipal, estadual ou federal, defensor público, INSS, Bancos, etc.);
Ministério Público (Promotor de Justiça);
Magistratura (Juiz estadual/federal); 
Delegacia (Delegado Estadual/Federal);
Assessor Jurídico/Técnico Judiciário.
OU AINDA NA DOCÊNCIA na Carreira de:
Professor universitário;
Pesquisador;
Jurista/doutrinador;
Escritor.
30 Ramos do Direito
1) Direito Administrativo
2) Direito Constitucional
3) Direito de Família
4) Direito Civil
5) Direito Penal
6) Direito Trabalhista
7) Direito Previdenciário
8) Direito Tributário
9) Biodireito
10) Direito Aeronáutico 
11) Direito Espacial 
12) Direito Marítimo
13) Direito Agrário
14) Direito Ambiental
15) Direito do Consumidor
16) Direito Desportivo
17) Direito Eleitoral
18) Direitos Humanos
19) Direito Imobiliário
20) Direito Médico
21) Direito de Mercado de Capitais
22) Direito de Negócios
23) Direito de Propriedade Intelectual
24) Direito Sanitário
25) Direito Securitário
26) Direito de Telecomunicações
27) Direito Informático e de Internet
28) Direito Urbanístico
29) Direito Bancário
30) Direito Internacional
Concurso Público ou Carreira privada?
Concurso Público - pode girar desde R$ 2.500,00 até R$ 40.000,00 (dependendo da função, se acumula cargos de chefia, por ex., antiguidade, merecimento, etc.)
Carreira Privada - ????
Dilema
Estabilidade (valor fixo levemente gradual) X Instabilidade (grandes ganhos)
- Vai depender do perfil, da expectativa, dos anseios, sonhos e aspirações de cada um
Curso de Oratória
Sonoridade, intensidade, dicção, timbre, nervosismo, entusiasmo, cacoetes, postura, organização das idéias, etc. ;
Eloqüência: capacidade de sensibilizar, emocionar para convencer com facilidade. 
Retórica: conjunto de regras que constituem a arte do bem dizer. 
Português Jurídico
A forma de comunicação do português jurídico é distinta da língua portuguesa tradicional;
Vocabulário específico; 
Uso do latim;
Leitura específica (livros, artigos, jurisprudências, sentenças, petições);
Construção da frase jurídica é diferente da frase literária. 
Inglês/Espanhol Jurídico (Técnico);
Precisamos ir mais além da tradicional língua estrangeira (fazer um bom curso e se preparar para os testes – TOFEL/CAMBRIDGE);
Ler e redigir contratos em língua estrangeira (privatização e globalização);
Dominar o vocabulário técnico estrangeiro;
Adquirir um bom dicionário jurídico técnico. 
ATUALIZAR-SE SEMPRE com Cursos Adicionais !
Cursos de extensão universitária (durante o curso regular)
Pós-graduação lato sensu (especializações) 
Pós-graduação strictu sensu (mestrado e doutorado)
Enfim... 
O aluno de direito deve ter sempre em mente...
a) Estar bem informado;
b) Ter um currículo sólido e diferenciado;
c) Estar atento às novidades do mercado de trabalho.
Aula 02 – Conceituação e Divisão do Direito Civil
2. Divisão do Direito Civil
A) PARTE GERAL (relações jurídicas e negócios jurídicos);
B) Teoria Geral das Obrigações (poder de constituir situações jurídicas subjetivas com fins civis ou econômicos);
C) Teoria Geraldos Contratos (análise das relações contratuais privadas e dos contratos em espécie);
D) Direitos Reais (relativos à posse e propriedade e suas formas de explicitação);
E) Direito de Família (desde a constituição do casamento até as formas de extinção da “sociedade conjugal”, relações entre cônjuges, ascendentes e descendentes, etc.); 
F) Direito de Sucessão (resultam da transferência de bens por força de herança).
2.1 Conceito de Direito Civil
Direito Civil: trata do conjunto de normas reguladoras das relações jurídicas dos particulares. 
O direito civil tem por conteúdo a regulamentação dos direitos e obrigações de ordem privada, concernentes “às pessoas, aos bens e às suas relações” (art. 1º do CC)
O interesse de suas regras é eminentemente individual. 
O direito civil é o ramo do direito privado que rege as relações familiares, patrimoniais e obrigacionais formadas entre os indivíduos membros da sociedade.
É o direito comum a todas as pessoas, pois disciplina o seu modo de ser e de agir. 
2.2. Divisão e ramos do Direito 
Direito Público pode ser dividido em interno e externo.
Direito Público interno compreende o direito constitucional, o direito administrativo, o direito tributário, o direito penal, o direito processual civil e penal 
Direito constitucional: visa regulamentar a estrutura básica do Estado, disciplinando a sua organização ao tratar da divisão dos poderes, das funções e limite de seus órgãos e das relações entre governantes e governados
Direito administrativo: é o conjunto de normas que rege a atividade estatal, exceto no que se refere aos atos jurisdicionais e legislativos, objetivando a consecução de fins sociais e políticos ao regulamentar a atuação governamental, a administração dos bens públicos, etc.
Direito tributário: voltado aos tributos (impostos, taxas e contribuições);
Direito financeiro: tendo por escopo regular a despesa e a receita do Estado;
Direito previdenciário: conjunto de normas que amparam o trabalhador, garantido-lhe benefícios da previdência e assistência social.
Direito penal: como o complexo de normas que definem crimes e contravenções, estabelecendo penas, com as quais o Estado mantém a integridade da ordem jurídica, mediante sua função preventiva e repressiva; 
Direito processual (civil/penal): que disciplina a atividade do Poder Judiciário e as do que a ele requerem ou perante ele litigam, correspondendo, portanto, à função estatal de distribuir a justiça. 
Direito público externo
Direito internacional público: normas disciplinadoras das relações entre Estados;
Direito internacional privado: se rege as relações do Estado com cidadãos pertencentes a Estados diversos.
Direito Privado
E o direito privado engloba o direito civil, o comercial ou empresarial, do trabalho e do consumidor:
Direito comercial ou empresarial: que disciplina as atividades do empresário, e de qualquer pessoa física ou jurídica, destinada a fins de natureza econômica, desde que habitual e dirigida a produção de resultados patrimoniais;
Direito do Trabalho: regendo as relações entre empregado e empregador, compreendendo normas sobre a organização do trabalho e da produção;
Direito do consumidor: conjunto de normas disciplinadoras das relações de consumo existentes entre fornecedor e consumidor.
2.3 Direito objetivo e direito subjetivo
Direito Objetivo: conjunto de normas jurídicas vigentes em determinado país (norma agendi), regentes do comportamento humano e que são impostas coativamente. É uma regra de preceito objetivo. É o direito positivo, escrito, através de leis.
Assim, quando eu me reporto ao Código Penal, ao Código Civil, à Lei do Inquilinato, ao Estatuto da Cidade etc., bem como a qualquer uma de suas regras, estou me referindo ao direito objetivo. 
Exemplo: O direito garante a reparação por dano moral (arts. 186 e 927 do CC e art. 5º incs. V e X da CF; direito de propriedade – art. 5º XXII da CF, etc. 
 
Direito Subjetivo: é a faculdade de que as pessoas têm de exigir seu direito quando violado (facultas agendi), ou a prerrogativa do indivíduo invocar a lei na defesa de seu interesse. Essa faculdade que tenho de movimentar a máquina judiciária para o reconhecimento de um direito que a lei me garante é que constitui o direito subjetivo.
Assim, ao direito subjetivo de uma pessoa corresponde sempre o dever de outra, que, se não cumprir, poderá ser compelida a observá-lo através de medidas judiciais.
Exemplo: Fui protestado indevidamente, vou buscar o ressarcimento devido ao dano moral e/ou material sofridos; violaram ou invadiram a minha propriedade. 
Disso resulta-se que o direito objetivo é o conjunto de leis dirigidas a todos, ao passo que o direito subjetivo é a faculdade que tem cada um de invocar essas leis a seu favor sempre que houver violação de um direito por elas resguardado.
2.4 Análise dos princípios do direito civil
Princípio da personalidade: aceita a idéia de que todo ser humano é sujeito de direitos e obrigações, pelo simples fato de ser homem; 
Princípio da autonomia da vontade: reconhece que a capacidade jurídica da pessoa humana lhe confere o poder de fazer ou deixar de fazer certos atos, de acordo com a sua vontade. 
Princípio da liberdade de estipulação negocial: faz com que a pessoa possa outorgar direitos e aceitar deveres, dentro dos limites da lei, fazendo nascer, assim, os negócios jurídicos, em geral, e os contratos em particular. 
Princípio da propriedade individual: expressa a idéia de que o ser humano, pelo seu trabalho ou pelas maneiras admitidas pela lei, possa exteriorizar sua personalidade em bens móveis ou imóveis que passam a ser objeto exclusivo de seu querer, e de seu patrimônio.
Princípio da intangibilidade familiar: a família é considerada expressão imediata de seu ser pessoal, a família a cobro de indébitas ingerências em sua vida íntima; 
Princípio da legitimidade da herança e do direito de testar: é aceito o fato de que entre os poderes que as pessoas têm sobre seus bens, está incluído o de poder transmiti-los, parcial ou totalmente, a seus herdeiros. 
Princípio da solidariedade social: existe diante da função social dos direitos civis, da propriedade e dos negócios jurídicos e tem como razão de ser a busca da conciliação das exigências da coletividade com os interesses particulares. 
Aula 03 – A Relação Jurídica – Conceituação, estrutura interna, elementos
3. Comportamento humano e a sociedade
Normas de Direito regulam comportamentos humanos dentro da sociedade.
Origem das relações sociais + normas jurídicas = relações de direito
3.1 Conceituação 
“Vínculo entre as pessoas, em razão do qual uma pode pretender um bem a que a outra é obrigada” (Del Vecchio)
Só existirá uma relação jurídica se o vínculo entre pessoas estiver normado, isto é, regulado por norma jurídica, que tem por escopo protegê-lo. (Maria Helena Diniz)
3.2 Norma, relação social e jurídica
A norma jurídica pode ser vista como uma cobertura protetora da conduta humana e dos processos de sua estruturação e garantia.
Quando as relações sociais passam sob a ação dessa proteção é que elas adquirem o significado de relações jurídicas.
3.3. Inexistência de relação jurídica
Sem norma incidente, numa relação social ou fática, essa relação não se eleva ao nível jurídico” (Lourival Vilanova).
3.4. Requisitos da relação jurídica
- Relação intersubjetiva (vínculo entre duas ou mais pessoas);
- Esse vínculo corresponda a uma hipótese normativa, gerando conseqüências obrigacionais.
Ex: Fato Jurídico e inexistência de norma - (Direito Penal) – não há relação jurídica
3.5 Elementos da Relação Jurídica
Segundo Miguel Reale, destacam-se 4 elementos fundamentais:
a) Um sujeito ativo: titular ou o beneficiário principal da relação;
b) Um sujeito passivo: o devedor da prestação principal; 
c) o vínculode atributividade: capaz de ligar uma pessoa a outra, muitas vezes de maneira recíproca ou complementar. Mas sempre de forma objetiva (gerando direitos e deveres a ambos – Ex.: título de crédito);
d) o objeto: que é a razão de ser do vínculo constituído. 
Ex: coisa (casa);
Ex: prestação (pagar X no dia Y);
Ex: pessoa (filho menor).
- Não se admite relação entre uma pessoa e uma coisa!!! 
- E sem duas ou mais pessoas ela também não se constitui (teoria intersubjetiva da relação jurídica)
3.6 Estrutura interna da relação jurídica
A estrutura interna da relação jurídica vem a ser o seu conteúdo, em suma: 
a) Pessoas (elem. subjetivo) 
b) Objeto (elem. objetivo) 
c) Causa (fato ou o acontecimento) - efeitos = fato jurídico
d) Garantia = Sujeito ativo tem a proteção jurídica (autorização normativa para ingressar em juízo) art .75 (CC/1916)
3.7 Tipos de Relações Jurídicas
A) Direito Pessoal (pessoas) erga omnes;
Ex: relações de família, nome, imagem, adoção, busca e apreensão de menor, etc.
B) Direito Real (coisa) erga omnes;
Ex: bens imóveis/móveis
C) Direito Obrigacional (prestação) relativos - somente aos suj. da relação;
Ex: Contratos.
3.8. Concluímos,
“Os fatos e relações sociais só tem significado jurídicos inseridos numa estrutura normativa” (Miguel Reale)
Aula 04 – Direito Civil I
4.1 Da personalidade e dos direitos do nascituro
Como foi enfocado anteriormente, somente o ser humano pode ser titular das relações jurídicas. Entendemos assim, por pessoa o ser ao qual se atribuem direitos e obrigações.
A personalidade jurídica é projeção da personalidade íntima, psíquica de cada um; é projeção social da personalidade psíquica, com conseqüências jurídicas.
Art 1º do CC: “Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil”.
A personalidade, no campo jurídico, é a própria capacidade jurídica, a possibilidade de figurar nos pólos da relação jurídica. Como temos no ser humano o sujeito da relação jurídica, dizemos que toda pessoa é dotada de personalidade. A capacidade é a medida da personalidade.
Os animais e os seres inanimados não podem ser sujeitos de direito. Serão, quando muito, objetos de direito. Nem sempre toda pessoa foi considerado sujeito de direito. O escravo (v.g.) em determinado momento histórico foi considerado coisa, estavam fora do alcance da personalidade.
Todo ser humano é sujeito de direitos, portanto, podendo agir pessoalmente ou por meio de outra pessoa que o represente. A pessoa maior de 18 anos, no sistema atual, com plena higidez mental, possui capacidade de direito e de fato.
Por analogia ao IED, o direito objetivo é a norma, a lei que vigora em determinado Estado (norma agendi). Quando o indivíduo se torna titular de um direito ganha a facultas agendi, o ser humano é guindado à posição de sujeito de direito (direito subjetivo). 
Art. 2º do CC: ”A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro”. Na concepção do Novo Código e os avanços da genética se procurou proteger o embrião como titular de alguns direitos.
A questão do início da personalidade tem relevância porque, com a personalidade o homem se torna sujeito de direitos. No nosso Código se predominou a teoria do nascimento com vida. Verificamos esse nascimento com vida, com o auxílio da medicina, se a criança respirou, então houve nascimento com vida.
Se a criança nascer com vida e logo depois vier a falecer, será considerada sujeito de direitos. Por breve espaço de tempo houve personalidade. Isso é importante para o direito sucessório, pois podemos verificar a partir desse fato que o ser pode receber herança ou transmiti-la a seus sucessores.
Com o advento da reprodução humana assistida a matéria deverá ganhar novos conceitos e novas discussões, inclusive na seara do direito sucessório. Ex: os seres gerados pela inseminação artificial com o sêmen preservado do marido ou do companheiro e aqueles gerados de embriões congelados obrigarão novos estudos, que terão implicações éticas e religiosas, além de uma profunda reformulação jurídica. 
4.2 O nascituro
O nascituro é um ente já concebido que se distingue de todo aquele que não foi ainda concebido e que poderá ser sujeito de direito no futuro, dependendo do nascimento, tratando-se de uma prole eventual (mera situação de potencialidade de formação).
Embora o nascituro não seja considerado pessoa, tem a proteção legal de seus direitos desde a concepção. 
- O nascituro pode ser objeto de reconhecimento voluntário de filiação (art. 1609, parág. Ún.)
- Deve-se nomear curador se o pai vier a falecer estando a mulher grávida e não detiver o pátrio poder (art. 1779)
- Pode ser beneficiário de uma doação feita pelos pais (art. 542), bem como pode adquirir bens por testamento.
Esses direitos outorgados ao nascituro ficam sob condição suspensiva, isto é, ganharão forma se houver nascimento com vida, daí por que nos referimos à categoria de direito eventual. Há quem sustente que ocorre nessa situação apenas uma expectativa de direitos.
Em suma, a personalidade civil do homem começa com o nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.
Nascituro é o ser concebido no ventre materno, mas ainda não nascido. Esse ente é protegido pelo Direito Civil, de maneira que seus interesses ficam preservados caso venha a nascer com vida.
Ex: se morre o pai do nascituro, sem deixar nenhum outro filho, como existe a expectativa provável desse ser nascer com vida, seus direitos ficam preservados, a fim de que o patrimônio de seu pai não seja sucedido por ninguém antes do nascimento. Nascendo com vida a criança será herdeira do pai. E se ela nascer e logo depois morrer, os bens passam para a mãe da criança.
Mas se for natimorto (nascer morta), os herdeiros do seu genitor serão os pais deste, portanto os avós paternos do natimorto.
A existência da pessoa natural termina com sua morte
Aula 05 – Capacidade Civil
5.1 Conceito: 
A capacidade de gozo, que todo ser humano possui, da capacidade de exercício ou capacidade de fato, que é a aptidão de exercer pessoalmente os atos da vida civil, qual pode sofrer restrições, por várias razões. 
Capacidade significa a aptidão que a pessoa tem de adquirir e exercer direitos. A capacidade é a regra, ou seja, pelo código civil toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil; 
A capacidade divide-se em dois tipos: a) capacidade de direito: em que a pessoa adquire direitos, podendo ou não exercê-los, e b) capacidade de exercício ou de fato: em que a pessoa exerce seu próprio direito. 
Com isso, podemos concluir que todas as pessoas possuem capacidade de direito, mas nem todas possuem a capacidade de exercício do direito. (vide art. 1º e ss do CC) 
O ser humano, desde o momento de seu nascimento até a sua morte, tem capacidade para ser titular de direitos e obrigações. Nem todos tem capacidade plena, pois há fatos que reduzem ou anulam essa capacidade. De acordo com o Código Civil de 2002, a maioridade civil ocorre aos 18 anos de idade.
5.2 Debate sobre a capacidade civil
Da maioridade civil e da redução da imputabilidade penal
Do direito de votar e do instituto da emancipação
Aula 06 - Incapacidade civil absoluta 
6. Incapacidade Absoluta: a incapacidade absoluta tolhe completamente a pessoa que exerce por si os atos da vida civil. Para esses atos será necessário que sejam devidamente representadas pelos pais ou representantes legais.
Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil:
I - os menores de dezesseis anos;
II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos;
III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimirsua vontade.
6.1 Menores de 16
O Código Civil estabeleceu que os menores de 16 são absolutamente incapazes, sendo detentores apenas da capacidade de direito; não a possuem de fato. Esses menores, portanto não podem, por si mesmos, exercer os atos da vida civil, senão quando representados legalmente por pai, mãe ou tutor, conforme o caso.
Ao estabelecer essa idade de 16 anos, o legislador considerou não a simples aptidão genérica, isto é, de procriação, porém, o desenvolvimento intelectual que, em tese, torna o indivíduo plenamente apto para reger sua vida. 
A regra é geral: qualquer ato praticado por menor dessa idade é nulo. 
6.2 Deficiência Mental
Qualquer distúrbio mental que possa afetar a vida civil do indivíduo. (vai de pequenos distúrbios até a completa alienação, facilmente percebido até aos olhos leigos). A expressão abrange desde os distúrbios mentais congênitos até aqueles adquiridos no decorrer da vida, por qualquer causa. 
Uma vez estabelecida a anomalia mental, o que é feito com auxilio da Psiquiatria, o indivíduo pode ser considerado incapaz para os atos da vida civil,
Quando o dispositivo diz: “os que por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido”. Quis mencionar os casos de deficiência mental que podem autorizar capacidade limitada, isto é, prática de certos atos. 
A senilidade, por si só não é motivo de incapacidade, a menos que venha acompanhada de estado mental patológico. No exame do caso concreto, deve ser avaliado se o agente, independentemente de sua idade, tinha capacidade de entender o ato ou o negócio jurídico.
6.3 Incapacidade Transitória
Incluem-se as inúmeras possibilidades de privação transitória da capacidade de discernimento, que antigamente se denominava “provação de sentidos”. Assim, serão nulos os atos praticados, por exemplo, pela pessoa embriagada, em estado etílico tal que não possa compreender o ato; por quem tenha ingerido drogas alucinógenas que interferem na compreensão etc. 
Se porém, o estado de incompreensão dessa pessoas é permanente, sua situação será de incapacidade relativa na forma do artigo 4º.
Esse exame de incapacidade transitória depende da averiguação da situação concreta. Nem sempre a perícia médica será conclusiva, mormente quando o ato já decorreu muito tempo e quando não possa o agente ser examinado diretamente. Nesse campo muito mais falível se apresentará a prova testemunhal. O juiz deverá ser perspicaz quando analisar o conteúdo probatório, levando sempre em conta que a regra é a capacidade, e a incapacidade é exceção.
Essa matéria é fértil para a psicologia e psiquiatria forense: atos praticados em estado hipnótico; sob transe mediúnico; em situação de baixo controle emocional em razão de acidentes ou traumas graves, etc. Na maioria das vezes haverá interesse financeiro de monta envolvidos nesses processos. Raramente o mero interesse moral moverá esses processos.
Aula 07 – Incapacidade civil relativa
Incapacidade Relativa: a incapacidade relativa permite que o sujeito realize certos atos, em princípio apenas assistidos pelos pais ou representantes. Trata-se, como se vê, de uma incapacidade limitada.
7.1 Incapacidade Relativa – Maiores de 16 e menores de 18 anos.
Essa modalidade de incapacidade civil atinge determinadas pessoas que podem praticar por si atos da vida civil, desde que assistidas por outrem, legalmente autorizado.
O menor de 18 anos e maior de 16 pode praticar livremente diversos atos, como por exemplo, firmar recibos de pagamentos de cunho previdenciário; equipara-se ao maior no que toca às obrigações por atos ilícitos (art. 928).
O menor não se exime das obrigações que contrai, quando dolosamente oculta sua idade (art. 180). 
O homem e a mulher podem casar-se com 16 anos, mas até que completem 18 anos é necessária a autorização de ambos os pais, ou de seus representantes legais (art. 1.517).
Repita-se que, não havendo disposição especial em contrário, os relativamente incapazes devem figurar nos atos jurídicos com a assistência do pai ou da mãe, ou de um tutor se estiverem sob regime de tutela. Para proporem ações judiciais também necessitam da assistência, e para figurarem como réus nessas ações devem ser citados juntamente com os assistentes. 
7.2 Pródigos
Pródigo é aquele desordenadamente gasta e destrói sua fazenda (Livro 4º., Título 103, parág. 6º). Os códigos de 1916 e 2002 não definem o que seja um pródigo. 
Pródigo, é o indivíduo que gasta desmedidamente, dissipando seus bens, sua fortuna. A prodigalidade não deixa de ser uma espécie de desvio mental, geralmente ligado à prática do jogo ou a outros vícios.
No Código de 1916, só haveria decretação da prodigalidade se esta fosse requerida por uma das pessoas descritas no art. 460 do CC/1916 que rezava: “O pródigo só incorrerá em interdição, havendo cônjuge ou tendo ascendente ou descendentes legítimos que a promovam.” Se não existisse os parentes aí enunciados, a lei não se preocupava com a pessoa que dissipasse seus bens. E mesmo existindo esses parentes, a iniciativa de prodigalidade dependeria dos mesmos. 
O pródigo, enquanto não declarado como tal, é capaz para todos os atos. Declarada a sua interdição, fica o indivíduo privado da prática de certos atos:
“Art. 1.782. A interdição do pródigo só o privará de, sem curador, emprestar, transigir, dar quitação, alienar, hipotecar, demandar ou ser demandado, e praticar, em geral, os atos que não sejam de mera administração.“ 
Note entretanto, que, se a dissipação da fortuna advém de estado patológico de tal monta que afeta a saúde mental do indivíduo como um todo, o caso será de incapacidade por falta de discernimento; absoluta, portanto, e não de simples prodigalidade, que é uma incapacidade restrita. O conceito, de qualquer forma, deve ser fornecido pela psiquiatria.
Como a incapacidade do pródigo é relativa aos atos enumerados no art. 1.782, pode ele praticar todos os demais atos da vida civil, não ficando privado do pátrio poder, do exercício de sua profissão ou atividades, etc.
A prodigalidade pode ser requerida pelos termos do art. 1.768 (I - pelos pais ou tutores; II - pelo cônjuge, ou por qualquer parente; III - pelo Ministério Público). Com essa nova dimensão propiciada pelo sistema, o juiz, no caso concreto, deve aferir a legitimidade do requerente, pois, em princípio, havendo, por exemplo, cônjuge ou descendentes, não é deferida legitimidade aos colaterais para pretender a interdição. 
7.3 Ébrios, Toxicômanos, Deficientes Mentais e os Excepcionais sem Desenvolvimento Mental Completo 
Esquecida a vetusta expressão loucos de todo o gênero, a mais recente legislação procurou estabelecer de forma descritiva as pessoas que, por não terem perfeito conhecimento da realidade e dos fatos, ficam tolhidas de exercer autonomamente os atos da vida civil, necessitando de assistência.
Caberá ao juiz o caso concreto e com auxílio da perícia médica definir o grau de limitação mental que autorize definir a incapacidade relativa. De fato, a dependência de álcool e tóxicos pode ser tal que iniba totalmente a compreensão dos fatos da vida, de molde a implicar a incapacidade absoluta. Decidirá o juiz, com os meios de prova cada vez mais técnicos e sofisticados que dispõe, bem como pelo conjunto probatório, inclusive seu contato pessoal com o sujeito, contato esse importantíssimo para a conclusão do magistrado. 
O interrogatório do interditando é peça fundamental para sua decisão (art. 1.181 do CPC). Código Civil refere-se expressamente a essa necessidade de exame pessoal do interditando pelo juiz (art. 1.771).
No que tange aos deficientes mentais e os excepcionais, o legislador pátrio fez referência a duas categorias de restrição mental. 
A lei poderia ter restringido mais a fórmula sendo mais genérica, bastando dizer que são relativamente incapazes os que possuem discernimento mental reduzido para a prática de atos. Na verdade, a leisepara os que congenitamente possuem limitação mental daqueles cuja limitação, em tese, venha ocorrer durante sua existência. 
A situação, porém, a ser enfrentada pelo juiz no processo de interdição é a mesma: deverá concluir se o sujeito possui limitação mental que o iniba parcialmente para os atos da vida civil. Se a limitação for total, o caso será de incapacidade absoluta.
Observe, também, que a redução de capacidade mental, em qualquer situação, pode desaparecer, mediante tratamento ou educação adequada. Perante essa contingência, a interdição deve ser levantada, desaparecendo a “capitis de diminutio”. Aduz o artigo 1.186 do CPC que “levantar-se-á a interdição, cessando a causa que a determinou”. A perícia médica definirá a cessação do estado de incapacidade.
7.4 Surdos-mudos. Deficientes visuais. Perspectivas no Atual Código.
O Código do século passado se referia expressamente à incapacidade dos surdos-mudos que não pudessem exprimir sua vontade. No atual estatuto, pessoas nessa situação se incluem entre aquelas que, por enfermidade ou doença mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática do ato. Se esses sujeitos puderem exprimir sua vontade, ainda que na linguagem que lhes é própria, adquirida por meio de educação adequada, serão capazes. 
Ficam restritos, em sua atuação, no entanto, aos atos em que a audição e a fala oral não sejam necessárias. Não podem, por exemplo, servir de testemunhas em testamento, porque essas devem ouvir as disposições testamentárias.
Desse modo, caberá ao juiz, no caso concreto, com o auxílio da prova técnica, definir o grau de incapacidade do surdo-mudo, como em qualquer outro caso de redução da capacidade mental. Nossa Lei civil, não colocou o deficiente visual como incapaz, ficando, porém, restrito para a prática de determinados atos. 
7.5 Silvícolas (a título de complementação)
Nossos indígenas, enquanto afastados da civilização, não possuem habitualmente a experiência necessária para o trato diário da vida civil do chamado “homem civilizado”. A incapacidade perdura até que se adaptem a civilização.
Preferiu-se o termo silvícola, o que é da selva, para tornar claro que se refere aos habitantes da floresta e não àqueles indígenas já absolvidos pela civilização.
A Lei nº 6.001/73 e a lei nº 371/67 autoriza a FUNAI que exerça os poderes de representação ou assistência jurídica tutelar do índio, na forma estabelecida na legislação comum ou em legislação especial.
O Estatuto do Índio procura preservar os usos, costumes e tradições das comunidades indígenas, nas relações de família, na ordem de sucessão, no regime de propriedade e nos atos ou negócios realizados entre os índios, salvo se optarem pelo direito comum (art. 6º). Os índios para se investirem da plenitude dos atos da vida civil (capacidade civil), devem preencher alguns requisitos tais como, art 9º: “I – idade mínima de 21 anos; II - conhecimento da língua portuguesa; III - habilitação para o exercício de atividade útil, na comunhão nacional; e IV – razoável compreensão dos usos e costumes da comunhão nacional. Há outras modalidades da Emancipação do índio no Estatuto, quais, seja, o reconhecimento pelo próprio órgão tutelar, homologado judicialmente, ou decreto do Presidente da República no tocante à comunidade indígena e seus respectivos membros.”
Com a nova maioridade dos 18 anos, essa lei deve ser doravante adaptada.
A Lei 6.015/73 (Lei dos Registros Públicos), no art. 50, parág. 2º, estabelece que “os índios, enquanto não integrados, não estão obrigados a inscrição do nascimento. Este poderá ser feito em livro próprio do órgão federal de assistência dos índios.”
A História demonstra que a proteção dos índios em nossa terra tem sempre se mostrado insuficiente, não tendo o Estatuto do Índio a observância que o legislador almejou. 
Aula 08 – Direito Civil I
8.1 Emancipação
O artigo 5º, depois de estabelecer que a maioridade é atingida aos 18 anos de idade, dispõe, no parágrafo único, acerca da emancipação:
Art. 5o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil.
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos;
II - pelo casamento;
III - pelo exercício de emprego público efetivo;
IV - pela colação de grau em curso de ensino superior;
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria.
8.2 Inciso I (pelos pais)
Essa emancipação deve ser vista como um benefício para o menor. Ambos os pais devem concedê-la, só podendo um deles isoladamente fazê-lo. Na falta, ausência ou impossibilidade do outro progenitor. Tratando-se de filiação natural, reconhecido o indivíduo apenas pela mãe, a esta caberá emancipar, ou a ambos, se o pai constar do registro.
A questão da impossibilidade de um deles estar presente ao ato, por qualquer motivo, deverá ser dirimida pelo juiz no caso concreto. Se um dos progenitores se negar a emancipar, tendo autorizado o outro, a vontade do primeiro pode ser suprida judicialmente se provada que a recusa decorre de mera emulação, sendo injustificada. 
Assim se o menor estiver sob o poder familiar, serão ambos os pais que poderão conceder a emancipação por escritura pública. Por sentença, será deferida a emancipação quando o menor estiver sob tutela. Sendo a plena capacidade estabelecida pelo atual Código aos 18 anos, a emancipação por iniciativa dos pais ou do tutor torna-se possível a partir dos 16 anos.
Nota que o dispositivo transcrito possibilita a um só dos genitores a outorga, na hipótese de falta do outro. Como é curial, também uma vez concedida a emancipação pelos pais, não pode ser revogada a qualquer título, salvo é claro, as hipóteses de nulidade absoluta, ressalvando sempre os direitos de terceiros de boa-fé. A emancipação é direito potestativo dos pais. Por outro lado, o menor, de seu lado, não tem direito de pedir ou exigir a emancipação. O juiz ouvirá o tutor, o progenitor presente se for o caso e o próprio menor. Se entender inconveniente a medida, seja um decreto de emancipação, seja um suprimento de vontade para essa finalidade, poderá negar a pretensão, sempre levando em conta o interesse do menor.
8.3 Inciso II (pelo casamento)
O princípio da emancipação pelo casamento mantém-se no atual diploma civil. A idade núbil, de acordo com o art. 1517�, é de dezesseis anos tanto para o homem como para a mulher. Enquanto não atingirem a maioridade, portanto desejando qualquer um deles contrair matrimônio com menos de dezoito anos, necessitarão autorização de ambos os pais, ou de seus representantes legais. Antes da idade núbil legal, porém, deve ser levada em conta a disposição do art. 1520: 
“Art. 1.520. Excepcionalmente, será permitido o casamento de quem ainda não alcançou a idade núbil (art. 1517), para evitar imposição ou cumprimento de pena criminal ou em caso de gravidez.”
Trata-se de suplementação de idade núbil que somente pode ocorrer por via judicial. De há muito se entende que mesmo para os menores de dezoito anos, ainda que não houver a possibilidade de pena criminal, a suplementação deve ser concedida para evitar reprimenda da legislação repressiva aplicável a menores. Essa tem sido a nossa tradição judiciária.
Como o casamento o homem e a mulher emancipam-se. A lei entende que quem constitui família, com a devida autorização dos pais ou responsáveis ou por autorização judicial, deve ter maturidade suficiente para reger os atos da vida civil. Se assim não fosse, criar-se-ia uma situação vexatória para o indivíduo casado que, a todo momento que necessitasse praticarum ato, precisaria da autorização do pai ou responsável. Essa dependência seria inconveniente para quem assume um lar.
Uma vez alcançada a maioridade pelo casamento, não haverá retorno ao estado anterior de incapacidade relativa, pela dissolução do vínculo conjugal, por morte de um dos cônjuges, pela separação judicial ou pela anulação do casamento. A emancipação, uma vez ocorrida, sob qualquer modalidade, é ato pleno e acabado.
8.4 Inciso III (pelo exercício de emprego público efetivo)
 A função pública pode ocorrer nos níveis federal, estadual ou municipal. Somente se emancipará quem for nomeado em caráter efetivo. Não são atingidos pela norma os simples interinos, contratados a título temporário, os cargos de confiança cujos ocupantes podem ser exonerados ad nutum. Não há possibilidade no ordenamento, em princípio, que alguém com menos de dezoito anos ascenda a cargo público efetivo.
8.5 Inciso IV (pela colação de grau de ensino superior)
Também continua o atual código a mencionar como modalidade de emancipação, a colação de grau de ensino superior. Pelo nosso sistema é praticamente impossível que alguém com menos de dezoito anos conclua curso universitário. 
8.6 Inciso V (pelo estabelecimento civil ou comercial)
Há, pois, a possibilidade de ser atingida a maioridade também com relação de emprego que proporcione economia própria. Sendo assim, dois requisitos são necessários para essa modalidade de emancipação: estabelecimento civil ou comercial ou relação de emprego e a idade mínima de 16 anos. 
A simples relação de emprego e estabelecimento próprio, portanto, não será suficiente para o status, pois estaria a permitir fraudes. Discutível e apurável será no caso concreto a existência de economia própria, isto é, recursos próprios de sobrevivência e manutenção. Esse status poderá gerar dúvidas a terceiros e poderá ser necessária sentença judicial (declaratória) que declare a maioridade do interessado nesse caso. 
A simples relação de emprego, por si só, não comprova a maioridade perante o universo negocial, como a própria lei demonstra. O emancipado, estabelecendo-se comercialmente, ficará também sujeito à falência�. 
O art. 974 do Código Civil permite que o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido, continue a empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor da herança. A oportunidade e a conveniência dessa atividade por parte do incapaz serão aferidas no caso concreto pelo juiz. O incapaz desempenhará sua atividade mediante alvará judicial. A situação é especialíssima. 
Aula 09 – Direito Civil I
9.1 Ausência 
Conceito: É a pessoa que deixa seu domicílio e não há mais notícias de seu paradeiro. Não basta, no entanto, a simples não-presença: o ausente deve ser declarado tal pelo juiz. Washington de Barros Monteiro coloca tal definição em uma fórmula: não-presença + falta de notícias + decisão judicial = ausência.
“Art. 22. Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela haver notícia, se não houver deixado representante ou procurador a quem caiba administrar-lhe os bens, o juiz, a requerimento de qualquer interessado ou do Ministério Público, declarará a ausência, e nomear-lhe-á curador.”
Será nomeado curador quando o ausente deixar mandatário que não queira, ou não possa, exercer ou continuar o mandato, ou se seus poderes forem insuficientes (art. 23). O cônjuge do ausente, sempre que não esteja separado judicialmente, ou de fato por mais de dois anos antes da declaração da ausência, será o seu legítimo curador (art. 24). Na falta do cônjuge, a curadoria incumbirá aos pais ou descendentes, nessa ordem, salvo existir impedimento que os iniba de exercer o cargo. Os descendentes mais próximos excluem os mais remotos. Na falta dessas pessoas, o juiz a escolherá um curador de sua confiança, denominado na prática de curador dativo.
9.2 Fim da personalidade natural. A morte presumida no atual Código
A existência da pessoa natural termina com a morte. Como com a morte termina a personalidade jurídica, é importante estabelecer o momento da morte ou fazer sua prova para que ocorram os efeitos inerentes ao desaparecimento jurídico da pessoa humana, como a dissolução do vínculo matrimonial, o término das relações de parentesco, a transmissão de herança, etc.
A regra geral é que se prova a morte pela certidão extraída do assento de óbito. Em sua falta, precisamos recorrer à prova indireta. O art. 88 da Lei dos Registros (Lei nº 6.015/73) permite uma modalidade de justificação judicial de morte:
“para assento de óbito de pessoas desaparecidas em naufrágio, inundação, incêndio, terremoto ou qualquer outra catástrofe, quando estiver provada a sua presença no local do desastre e não for possível encontrar-se o cadáver para exame”�.
Hoje, os excluídos da herança por indignidade são considerados como se mortos fossem: seus descendentes herdam normalmente. 
Essa declaração de ausência tradicionalmente tem por finalidade a proteção do patrimônio do desaparecido, levando à sucessão provisória e à sucessão definitiva. Os fins do instituto são exclusivamente patrimoniais.
No presente Código, o legislador aponta que sejam mortes presumidas as situações que autorizam a abertura de sucessão definitiva (art. 37 ss). Nesse sentido dispõe o art. 6º do CC: “A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva.”
No entanto, o atual ordenamento foi mais além, autorizando a declaração de morte presumida em outras situações, independentemente da declaração de ausência:
“Art. 7o Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência:
I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida;
II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra.
Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento.”
 
Tudo que é presumido é altamente provável, mas não constitui certeza. Caberá ao juiz, fixar a data da morte presumida do desaparecido na sentença, estabelecendo no dia de sua última notícia, segundo a prova apresentada.
A presente disposição menciona ainda o desaparecido em campanha ou feito prisioneiro quando não é encontrado até dois anos após o término da guerra. Essa declaração de morte do atual Código, dependerá de sentença judicial, em procedimento no qual todas as investigações devem ser permitidas, além do esgotamento das buscas e averiguações de que fala a lei.
Por outro lado, ainda que haja certeza da morte, pode haver dúvida sobre o momento do passamento, a data da morte, a qual gera importantes conseqüências jurídicas, mormente no campo sucessório.
Para fins exclusivamente patrimoniais, 10 anos depois de passada em julgado a sentença que concede a abertura da sucessão provisória do ausente, poderão os interessados requerer a sucessão definitiva e o levantamento das cauções prestadas. Também pode ser requerida a sucessão definitiva, uma vez provado que o ausente conta com 80 anos de idade e que de cinco datam suas últimas notícias.
A ausência cessará com o retorno da pessoa, com a certeza de sua morte ou com a declaração de morte presumida. Em face da possibilidade latente de reaparecimento da pessoa, afirma-se que a sentença que admite a morte presumida, embora opere efeitos em relação a todos, não faz coisa julgada. Qualquer interessado poderá impugná-la provando que teve notícias do paradeiro do desaparecido, insurgindo-se, quanto à data da morte provável estabelecida na decisão, o que poderá alterar a ordem de vocação hereditária.
Se um dia o declarado morto regressa, existe desde esse momento certeza de que não faleceu e que, por isso, muito menos perdeu seus direitos. Seu patrimônio, em tese, nãofoi juridicamente transferido aos presumidos herdeiros, tendo pertencido ao titular como anteriormente. A declaração de falecimento não ocasionou precisamente a perda da capacidade jurídica nem a transmissão de seu patrimônio aos sucessores. Ex: retenção e indenização de benfeitorias, responsabilidade pela perda ou deterioração da coisa, etc.
9.3 Comoriência 
“Art. 8o Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos.”
O assunto é de vital importância, já que a pré-morte de um casal, por exemplo, tem implicações no direito sucessório. Se faleceu primeiro o marido, transmitiu a herança à mulher; se ambos não tivessem descendentes ou ascendentes e a mulher falecesse depois, transmitiria a herança a seus herdeiros colaterais. 
O oposto ocorreria se se provasse que a mulher faleceu primeiro. A situação prática pode ocorrer em catástrofes, acidentes ou mesmo em situações de coincidência. 
Na dúvida sobre quem tenha falecido anteriormente, o Código presume o falecimento conjunto�.
9.4 Momento da Morte
Tal qual o momento do nascimento, o momento da morte é de vital importância. Hoje defrontamo-nos com o problema científico do diagnóstico do momento exato do passamento.
Moderadamente, a morte será diagnosticada com a paralisação da atividade cerebral, circulatória e respiratória. 
Pergunta-se: já não teria ocorrido a morte quando toda a atividade cerebral esteja paralisada, mantendo-se um simulacro de vida, inviável, mercê de um sem-número de aparelhos altamente sofisticados? A resposta é afirmativa. Quando a atividade cerebral se mostra irremediavelmente perdida, não se pode negar que exista morte. 
Em que pese à morte tudo findar, há incontáveis conseqüências jurídicas que dela decorrem: e.g.: o art. 354, a legitimação dos filhos falecidos aproveitaria seus descendentes no Código Civil anterior; o art. 948� prevê a indenização em caso de homicídio, e o art. 951� manda que os médicos satisfaçam ao dano sempre que agirem com culpa. 
Além de tudo, a honra dos mortos é protegida em prol dos vivos, seus parentes, em homenagem a sentimentos com relação às pessoas caras. 
Aula 10 – Direito Civil I
10.1 Estado das pessoas 
Existem atualmente 3 status, o da liberdade (libertatis), o da cidadania (civitatis), e o familiar (familiae).
Conceito de estado de pessoa: como o conjunto de atributos que ela detém e desempenha entro da sociedade. O Estado de liberdade só pode ser perdido pela condenação à pena privativa de liberdade.
Como ensina Orlando Gomes: estado é uma qualificação que encerra elementos de individualização da personalidade. A pessoa se posiciona em três formas: em relação a sua posição na sociedade política, em relação a sua posição na sociedade familiar e em relação a sua condição física.
Os atributos da pessoa na sociedade são irrenunciáveis, inalienáveis e imprescritíveis. Por exemplo: renunciar ao estado de filho. A pessoa não pode pura e simplesmente abrir mão do estado de filiação, como não podemos abrir mão dos deveres do pátrio poder.
Também é imprescritível o status. Por maior que seja o tempo decorrido quanto à reivindicação de determinado estado, poderá o indivíduo pleitear sempre, por exemplo, o estado de filho.
Quanto ao estado político, as pessoas podem ser nacionais (brasileiros) e estrangeiras. Os nacionais dividem–se em brasileiros natos e naturalizados. A lei faz distinções no tocante ao gozo e exercício de direitos entre brasileiros natos, naturalizados e estrangeiros.
Quanto ao estado familiar, se dividem em duas situações. A de cônjuge, criada pelo casamento, e a de parente, por meio dos vínculos sangüíneos. O vínculo conjugal não é considerado um parentesco e cria a afinidade, que é o cunhadio, ou seja, a relação de um cônjuge com os parentes do outro cônjuge. 
O parentesco difere segundo o grau, podendo ser na linha ascendente (pais, avós, bisavós, etc.) e na linha descendente (filhos, netos, bisnetos, etc.). Essas são as chamadas linhas diretas. Na linha colateral são encontrados os irmãos, tios, sobrinhos, etc. 
O instituto da adoção pode, artificialmente, introduzir alguém em uma família, no estado de filho.
O estado civil (solteiro, casado, viúvo, separado judicialmente ou divorciado) cria direitos e deveres específicos; assim como o parentesco, que dá nascimento a deveres e direitos, nos campos do direito de família e das sucessões.
O estado individual pode ser encarado sob o aspecto da idade (maiores, ou menores); do sexo (homens e mulheres); e da saúde (do ponto de vista mental), que pode tornar a pessoa relativa ou absolutamente incapaz, e conforme certos defeitos físicos, como cegueira, surdo-mudez, etc., inibir o indivíduo para certos e determinados atos da vida civil.
O estado, portanto qualifica a pessoa dentro da sociedade. Quando desejamos situar uma pessoa, diferençando-a de outra, devemos verificar sua qualificação, isto é, o status, nessas três esferas, ocupado pelo indivíduo na sociedade.
O estado civil é uno e indivisível, pois ninguém pode ser, ao mesmo tempo, maior e menor, brasileiro e estrangeiro, filho natural e filho legítimo, etc. As normas que regulam o “estado” do indivíduo são de ordem pública, daí porque o status é indisponível. Qualquer modificação de estado decorre de norma autorizadora, sob determinadas condições e formalidades legais.
O estado da pessoa é um atributo da personalidade. Sua importância reside no fato de ser ele pressuposto ou fonte de direitos e deveres, assim como fator fundamental para a capacidade e legitimidade da pessoa para a prática de determinados atos. Ex: há atos que a pessoa casada só praticar com a autorização do cônjuge; cargos que somente podem ser exercidos por indivíduos brasileiros natos, dentre tantas outras situações.
Essas denominadas ações de estado, tem por finalidade criar, modificar e extinguir um estado, conferindo um novo à pessoa. Ex: ação de investigação de paternidade, ação de separação judicial entre cônjuges, ação de divórcio, etc. 
Essas ações têm a característica de serem personalíssimas, isto é, apenas as pessoas interessadas podem promovê-las. Ex: só o marido pode promover ação de separação judicial contra a mulher, e vice-versa. A finalidade dessas ações é justamente conseguir, via sentença judicial, uma modificação no estado. Ex: interditar um pródigo, a pessoa passa de capaz para o estado de prodigalidade, que é um estado de incapacidade relativa.
Tais ações são também imprescritíveis, pois enquanto persistir o estado em questão, a ação pode ser proposta. Ex: direito de propor seu reconhecimento contra o pai que renega tal estado. A grande maioria dessas ações também é intransmissível, como conseqüência do caráter personalíssimo.
10.2 Atos do Registro Civil
O art. 1º da Lei nº 6.015/73 explica a finalidade do Registro Público, ao dizer:
“Art. 1º Os serviços concernentes aos Registros Públicos, estabelecidos pela legislação civil para autenticidade, segurança e eficácia dos atos jurídicos, ficam sujeitos ao regime estabelecido nesta Lei. 
        § 1º Os Registros referidos neste artigo são os seguintes: 
        
I - o registro civil de pessoas naturais;
        	II - o registro civil de pessoas jurídicas;
        	III - o registro de títulos e documentos; 
 	IV - o registro de imóveis.
        § 2º Os demais registros reger-se-ão por leis próprias”
Para o legislador, portanto os registros públicos tem a finalidade de conferir autenticidade, segurança e eficácia aos atos jurídicos atinentes à matéria tratada no § 1º do artigo citado.
O registro público, quer para os atos que a lei tem como obrigatórios, quer para os atos que a lei tem como facultativamente registráveis, além dessas finalidades interpretadas pela própria lei, tem em mira, nagrande maioria dos casos, a formalidade de oponibilidade a terceiros. Determinados atos, constantes dos registros, presumem-se, de iure, conhecidos de todos. São atos oponíveis erga omnes.
Além dessa importante formalidade de valer e ter eficácia contra terceiros, os atos constantes do registro ganham eficácia entre as partes envolvidas no ato registrado.
Sinteticamente, podemos afirmar que o registro público tem feição de publicidade, de notoriedade dos atos registrados. Se for público, desejando saber a quem pertence determinado imóvel, basta pedirmos uma certidão desse bem. Se pretendemos saber a filiação de determinada pessoa, basta pedirmos certidão de seu assento de nascimento. Se necessitamos cópia de um documento registrado, para tantos pedimos certidão do documento.
Outro exemplo, para adquirir propriedade por nosso direito é imprescindível a transcrição do Registro Imobiliário (a matrícula do imóvel, com suas vicissitudes). Só será proprietário de um imóvel, regra geral, quem o registro público indicar.
Por outro lado, se duas partes contratam particularmente um empréstimo, podem, facultativamente, registrar o documento no competente registro de títulos e documentos, para se acautelarem contra possível destruição ou extravio do documento, bem como para comprovação de data.
A Lei dos Registros Públicos, trata, portanto, do registro civil das pessoas naturais e jurídicas, do registro de títulos e documentos e do registro de imóveis. Há outros registros, como o registro do comércio, por exemplo, que não são tratados pela lei.
O art.9º de nosso Código Civil estatui:
“Art. 9o Serão registrados em registro público:
I - os nascimentos, casamentos e óbitos;
II - a emancipação por outorga dos pais ou por sentença do juiz;
III - a interdição por incapacidade absoluta ou relativa;
IV - a sentença declaratória de ausência e de morte presumida.”
 
O registro civil da pessoa natural, além das finalidades gerais dos registros públicos já delineadas, apresenta a utilidade para o próprio interessado em ter como provar sua existência, seu estado civil, bem como um interesse no Estado em saber quantos somos e qual a situação jurídica em que vivemos. O registro civil também interessa a terceiros que vêem ali o estado de solteiro, casado, separado, etc. de quem contrata, para acautelar possíveis direitos. No Registro Civil encontram-se marcados os fatos mais importantes da vida do indivíduo: nascimento, casamento e suas alterações e morte. 
Aula 11 – Direito Civil I
11.1 Nascimentos
De acordo com o art. 5º da Lei de Registros Públicos, todo nascimento deve ser dado a registro, no lugar em que tiver ocorrido o parto, dentro do prazo de 15 dias, ampliando-se até 3 meses para os locais distantes, mais de 30 km da sede do cartório. Nos termos do art. 1604 do CC, ninguém pode vindicar estado contrário ao que resulta do registro de nascimento, salvo provando-se erro ou sua falsidade. A filiação legítima era provada pela certidão do termo de nascimento, decorrendo daí a obrigatoriedade do registro do nascimento e a imposição de multas para o não-cumprimento.
Aos brasileiros nascidos no estrangeiro são aplicadas as mesmas disposições (parágrafo 4º, art. 5º. da Lei de Registros Públicos), sendo competentes as autoridades consulares brasileiras para os atos do registro civil, de acordo com o art. 18 da Lei de Introdução ao Código Civil.
O art. 52 da Lei dos Registro Públicos, por sua vez, determina que são obrigados a fazer a declaração de nascimento: o pai; em falta ou impedimento do pai, a mãe, sendo nesse caso o prazo para declaração prorrogado por 45 dias; no impedimento de ambos, o parente mais próximo, sendo maior e achando-se presente; em falta ou impedimento do parente referido, os administradores de hospitais ou os médicos e parteiras que tiverem assistido o parto; ou pessoa idônea da casa em que ocorrer, sendo fora da residência da mãe; finalmente, as pessoas encarregadas da guarda do menor. O parág. 1º do citado artigo dispõe que, quando o oficial do registro tiver motivo de dúvida da declaração, poderá ir à casa do recém-nascido verificar sua existência, ou exigir atestado médico ou parteira que tiver assistido o parto, ou o testemunho de duas pessoas que não forem os pais e tiverem visto o recém-nascido.
Existe, portanto, uma gradação, uma ordem de pessoas obrigadas a fazer a declaração de nascimento.
Se ocorrer erro no registro de nascimento, atribuindo-se pais diferentes, ou sexo diverso, por exemplo, é indispensável a retificação por via judicial.
O dispositivo do art. 52 não prevê penalidade para a obrigação, mas o art. 46 da mesma lei dispõe que as declarações de nascimento feitas fora do prazo só serão registradas mediante despacho do juiz e recolhimento de multa de um décimo do salário da região, sem estabelecer penalidade para a pessoa que deixa de fazer a declaração.
O art. 54 da mencionada lei diz que os requisitos essenciais do assento de nascimento, colocando entre eles no nº IV, o nome e o prenome, que foram postos à criança. 
11.2 Óbitos
A morte deve ser atestada por médico, se houver local (art. 77 da Lei dos Registros Públicos). Se não houver, deve ser atestada por duas pessoas qualificadas que a tiverem presenciado ou verificado.
O registro do óbito é regulado pelos arts. 77 a 88 da Lei dos Registros Públicos.
O sepultamento sem assento de óbito é prévio e admitido por exceção, quando não houver possibilidade de se efetuar dentro de 24 horas do falecimento, pela distância ou outro motivo relevante. Nesse caso, a lei recomenda urgência no registro, que deve ser feito dentro de 15 dias, prazo ampliado para três meses para lugares distantes mais de 30 km da sede do cartório. A lei prevê as hipóteses comuns no interior do país, com dimensões continentais.
As pessoas obrigadas a declarar óbito vêm discriminadas no art. 79 e o conteúdo do assento é estatuído no art. 80. 
Não só no tocante ao nascimento, como também ao óbito ou com referência a qualquer erro constante nos registros públicos, sempre deve ser feita a retificação mediante autorização judicial.
11.3 Emancipação, Interdição e Ausência 
A emancipação, concedida pelos pais ou por sentença do juiz, de acordo com o art. 9º, parág. 1º, inciso I, do Código Civil, ou de acordo com o art. 5º do atual Código, deverá ser também inscrita no registro público (art. 89 da Lei dos Registros Públicos)�.
As sentenças de interdição serão registradas (art. 92 LRP; atual Código, art. 9º, III), assim como as sentenças declaratórias de ausência (art. 94 LRP; atual Código, art. 9º, IV).
11.4 Considerações Finais
Todos esses registros são inscritos no Registro Civil. A inscrição é o registro básico, mas pode vir a sofrer alterações, como, por exemplo, um reconhecimento de filiação. Tais alterações são procedidas mediante averbações nos assentos, a sua margem. As averbações são, portanto, complemento do registro e vêm reguladas pelos arts. 97 a 105 da Lei dos Registros Públicos, que explicitam o modo pelo qual tais averbações devem ser feitas.
A averbação é, pois, um registro feito à margem do assento ou, não havendo espaço, no livro próprio, corrente, com notas e remissões que facilitem a busca dos dados. Para qualquer averbação do Registro Civil é indispensável a audiência do Ministério Público. Em caso de dúvida, a solução é entregue ao juiz.
Além das averbações, o oficial de registro deve proceder a anotações (arts. 106 a 108 LRP), que são remissões feitas nos livros de registro para facilitar a busca e favorecer a interligação dos diversos fatos acontecidos na vida do indivíduo. Por exemplo, o art. 107 determina que deverá ser anotado, com remissões recíprocas, o óbito, nos assentos de casamento e nascimento, e o casamento deve ser anotado no registro de nascimento.
O cargo de Oficial de RegistroCivil é privativo de servidores nomeados pelo Estado para o exercício dessas funções, de acordo com a legislação judiciária de cada Estado. Trata-se de uma delegação outorgada pelo Poder Público. O delegado registrador é responsável pelos atos que praticar e pela exatidão de suas declarações que merecem fé pública. Sua competência é limitada a uma circunscrição territorial fixada pela lei. 
No entanto, a força probante dos registros públicos em geral não é absoluta. Permanece enquanto não for modificado o registro, ou cancelado, por meio de ação judicial, que tenha por indevido ou incorreto.
As alterações do registro podem ocorrer em decorrência de ação judicial contenciosa ou de meras retificações, geralmente de erros materiais, mas sempre com supervisão do juiz competente. Quando a alteração do registro, ou mesmo seu cancelamento, decorrer de sentença judicial, emanará de uma ação de estado.
A utilidade do registro é importantíssima, pois o instituto fixa a condição jurídica do homem, em seu próprio interesse, de sua família, da sociedade e do Estado. O Registro Civil, em especial constitui uma segurança não só para o próprio indivíduo como também para aqueles que com ele contratam, já que fornece um meio seguro que prova o estado civil e a situação jurídica, em geral, das pessoas.
O sistema de registros públicos entre nós deve entrar para a era da informática. Ainda que isso possibilite uma invasão talvez excessiva na vida privada da pessoa, a tendência é para que no futuro todas as informações do registro pertençam a banco de dados e que cada pessoa tenha uma só identificação, desde o nascimento até sua morte, eliminando-se o sem-número de registros, tais como o Registro Geral, expedido pelas repartições policiais; Carteiras Profissionais; Certificado de Reservista; inscrição no Cadastro de Pessoa Física (CPF – CIC) etc. 
Para tal há necessidade de um Registro Nacional de Pessoa Natural, colocando-se definitivamente o direito no campo da Informática. É fato que o Brasil é constituído de vários “Brasis”: o das metrópoles e o do sertão; o Brasil com recursos materiais e culturais e o Brasil totalmente desamparado desses aspectos, mormente por suas dimensões. Ainda que os registros sejam feitos de modo uniforme e na melhor das intenções, há constantes falhas que dão margem a freqüentes nulidades e anulações. 
Aula 12 – Direito Civil I
12.1 Direitos de Personalidade – Noção e compreensão
Há direitos denominados personalíssimos porque incidem sobre bens imateriais ou incorpóreos. As Escolas de Direito proclamam a existência desses direitos, por serem inerentes à personalidade. São, fundamentalmente, os direitos à própria vida, à liberdade, à manifestação de pensamento. A Constituição Federal enumera longa série desses direitos e garantias individuais (art. 5º). São direitos privados fundamentais, que devem ser respeitados como conteúdo mínimo para permitir a existência e a convivência dos seres humanos. São direitos natos, ínsitos à pessoa, cabendo ao Estado reconhecê-los. 
Os princípios dos direitos da personalidade estão expressos de forma genérica em dois níveis. Na Constituição Federal, que aponta a sua base, com complementação do Código Civil, que os enuncia de forma mais específica.
Cada vez mais a sociedade avulta de importância a discussão acerca da proteção à imagem, à privacidade do direito ao próprio corpo, sobre a doação e transplante de órgãos e tecidos, à natalidade, etc. Esses direitos da personalidade ou personalíssimos relacionam-se com o Direito Natural, construindo o mínimo necessário do conteúdo da própria personalidade.
Diferem dos direitos patrimoniais, porque o sentido econômico desses direitos é absolutamente secundário e somente se aflorará quando transgredidos. Tratar-se-á de uma reparação pecuniária indenizatória pela violação do direito, que nunca se colocará no mesmo patamar do direito violentado.
Os danos que decorrem da violação desses direitos possuem caráter moral. Os danos patrimoniais que eventualmente podem decorrer são de nível secundário, Fundamentalmente, é no campo dos danos morais que se situa a transgressão dos direitos de personalidade. De fato, em linhas gerais, não há danos morais fora dos direitos de personalidade.
12.2 Direitos de Personalidade, Características. Enumeração. 
Por estarem ligados à pessoa humana, as características dos direitos de personalidade são as seguintes:
são inatos ou originários porque se adquirem ao nascer, independendo de qualquer vontade;
são vitalícios, perenes ou perpétuos, porque perduram enquanto perdurar a personalidade, isto é a vida humana. Na verdade transcendem a própria vida, pois são protegidos também após o falecimento; 
são imprescritíveis;
são inalienáveis, ou seja, indisponíveis, pois estão em princípio, fora do comércio e não possuem valor econômico imediato;
são absolutos, no sentido de que podem ser opostos erga omnes. Os direitos de personalidade são direitos subjetivos de natureza privada.
Os direitos de personalidade se dividem em direito à vida, a própria imagem, ao nome e à privacidade. Essa classificação não é exaustiva, devido aos direitos de família puros, tais como o direito ao reconhecimento da paternidade e o direito de alimentos que se insere nessa categoria. 
O art. 11 abre o tema: “Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária”. A lei se refere apenas a três características desses direitos entre as apontadas: intransmissibilidade, irrenunciabilidade e indisponibilidade.
Os direitos de personalidade são os que resguardam a dignidade humana. Desse modo, ninguém pode, por ato voluntário, dispor de sua privacidade, renunciar à liberdade, ceder seu nome para utilização de outrem, renunciar ao direito de pedir alimentos no campo de família, por exemplo. 
Há, porém, situações da sociedade atual que pessoas autorizam que seu comportamento seja monitorado e divulgado permanentemente; que sua liberdade seja cerceada e sua integridade física seja colocada em situações de extremo limite de resistência, etc. Não restando dúvidas que nesses casos ora citados, os envolvidos negociam seus direitos “em tese” irrenunciáveis. A situação retratada é meramente contratual, nada tendo a ver com cessão de direitos da personalidade, tal como é conceituado. Evidente, assim, que nunca haverá de se admitir invasão de privacidade de alguém, utilização de sua imagem ou de seu nome sem sua expressa autorização.
12.3 Tutela dos Direitos de Personalidade 
Aquele que for ameaçado ou lesado em seus direitos de personalidade, honra, nome, liberdade, recato, etc., poderá exigir que cesse a ameaça ou lesão e reclamar perdas e danos, sem prejuízos, de outras sanções, como dispõe o art. 12. Nesse prisma, a indenização por danos morais assume grande relevância. 
O Código de Processo Civil fornece instrumentos eficazes para que a vítima obtenha celeremente provimento jurisdicional que faça cessar a ameaça ou lesão a direito personalíssimo. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou, se procedente o pedido, determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento.
Esse instrumento é importante meio para que não se concretize a ameaça ou para que se estanque a lesão aos direitos de personalidade, Assim o juiz pode conceder essa modalidade de tutela liminarmente ou após justificação prévia, sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de ineficácia do provimento final. (art. 461, parág. 3º, do CPC). Desse modo, o provimento jurisdicional antecipatório pode, por exemplo, determinar que o réu cesse a utilização indevida de um nome, paralise a divulgação de um fato desabonador ou impeça que se concretize invasão de privacidade. 
Para assegurar a eficácia dessatutela antecipatória, o juiz pode impor multa diária ao réu, a fim de que a decisão seja cumprida (art. 461, parág. 4º, do CPC). Ainda pode o juiz, para efetivação da tutela específica ou para obtenção de resultado prático equivalente, poderá o juiz, de ofício ou a requerimento, determinar as medidas necessárias, tais como a imposição de multa por tempo de atraso, a busca e apreensão, remoção de pessoas e coisas, desfazimento de obras, impedimento de atividade nociva, se necessário com requisição de força policial. 
Trata-se de importante instrumento colocado à disposição da parte e facultado ao juiz, usar de toda cautela e prudência em sua utilização, não permitindo que o instituto não se converta em instrumento de retaliação ou vingança privada ou panacéia para todos os males da sociedade.
12.4 Legitimidade para a Tutela dos Direitos de Personalidade 
Em princípio, cabe apenas a própria pessoa atingida na sua incolumidade moral tomar as medidas acautelatórias, preventivas e repressivas que a situação requer.
Por outro lado, é certo que os direitos de personalidade extinguem-se com a morte, todavia há resquícios ou rescaldos que podem a ela sobrepor. A ofensa à honra dos mortos pode atingir seus familiares, ou pode ocorrer que certos familiares próximos estejam legitimados a defender a honra pessoal da pessoa falecida atingida, por serem “fiduciários” dessa faculdade. Nesse diapasão, o art. 12, parágrafo único do atual Código, dispõe:
“Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau.” 
Não se pode negar, também ao companheiro ou companheira, na união estável, o direito de defender a honra do morto. Nesses casos, no entanto, e em outros que a riqueza da vida em sociedade faz brotar, a legitimidade para a causa deve ser examinada no caso concreto, evitando-se abusos e o alargamento dessa legitimidade para extensão não colimada pelo legislador. 
Aula 13 – Direito Civil I
13.1 Proteção da Imagem, Nome, Privacidade e outros aspectos afins
O capítulo do atual Código tocante aos direitos da personalidade, afora os princípios gerais mencionados, refere-se especificamente ao direito e proteção à integridade do corpo da pessoa, a seu nome e imagem e à inviolabilidade da vida privada da pessoa natural. Não é exaustiva a enumeração legal, pois a ofensa a qualquer modalidade do direito da personalidade, dentro da variedade que a matéria, pode ser coibida, segundo o caso concreto.
O art. 20 faculta ao interessado pleitear a proibição da divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa, sem prejuízo de indenização que couber, se for atingida a honra, a boa fama ou a respeitabilidade ou se se destinarem a fins comerciais. Pode-se perceber que o Código Civil preocupou-se com a divulgação da imagem com relação a danos à honra ou ao destino comercial. Entretanto não se pode deixar de ser levado em conta o aspecto do agente que se recusa a divulgar a sua imagem sob qualquer fundamento, respeitado sempre o interesse público nessa divulgação. Antes mesmo da divulgação, há que se levar em conta o ato da captação da imagem, que também não pode ser de interesse do agente. A simples captação da imagem pode, nesse prisma, configurar ato ilícito. Nesse diapasão, o mesmo dispositivo estatui que essa proibição não vingará, quando esses comportamentos forem autorizados ou a divulgação ou atividade semelhante for necessária a administração da justiça ou à manutenção da ordem pública. 
O princípio geral é no sentido de que qualquer pessoa pode impedir tais formas de divulgação. A matéria entrosa também os direitos intelectuais e direitos de autor. Em qualquer caso, porém, deve ser comprovado o legítimo interesse. Nem sempre esse legítimo interesse saltará a evidência à primeira vista. O prudente critério, em síntese, será do juiz ao analisar o caso concreto. Sem dúvida a imagem da pessoa é uma das principais projeções de nossa personalidade e atributo fundamental dos direitos ditos personalíssimos. O uso indevido da imagem traz, de fato, situações de prejuízo e constrangimento. No entanto, em cada situação é preciso avaliar-se, de fato, há abuso na divulgação da imagem. Nem sempre a simples divulgação da imagem é indevida, doutra forma seria inviável noticiário televisivo, jornalístico ou similar. 
A CF, ao tratar dos direitos fundamentais nos quais se coloca a proteção à personalidade, em três oportunidades menciona a tutela ao direito à própria imagem (art. 5º, V, X e XXVIII), dentro do contexto de proteção a ofensas de índole moral, referindo-se à inviolabilidade da intimidade e da vida privada.
Há aspectos objetivos e subjetivos nesse campo que devem ser analisados. A exposição da nudez é tolerada em nosso país, por exemplo, em um desfile carnavalesco, mas não o será em outros países ou em outras situações. A divulgação da imagem de alguém de mero cunho jornalístico não deve ser entendido como abuso. Todavia se se tratar de um programa de assistência à vítimas e a testemunhas ameaçadas (Lei nº 9.807/99), podendo gerar direito à indenização se o divulgador era sabedor do fato. 
Da mesma forma, é abusiva objetivamente a divulgação de imagem da pessoa em sua vida íntima, no recôndito de seu lar. Os astros de cinema e de televisão, os esportistas e políticos notórios vivem efetivamente da divulgação de sua imagem, mas devem gozar do direito de privacidade, quando não atuando, no âmbito de sua atividade profissional, direta ou indiretamente. 
De outro lado, a divulgação de imagem pode atender a interesse da administração da justiça e da manutenção da ordem pública. Não pode insurgir contra a divulgação de sua imagem o indivíduo condenado criminalmente, pernicioso à sociedade nos cartazes de “procurados” ou em programas televisivos. 
Em cada caso dessas hipóteses, para fins de indenização, deve ser avaliado se a divulgação atingiu a honra, a boa fama ou a respeitabilidade da pessoa envolvida. Se a manifestação teve finalidades comerciais, aflora diretamente o dever de indenizar. Nem sempre, no entanto, a proteção objetiva a imagem da pessoa e direitos da personalidade correlatos implicarão dever de indenizar. O parágrafo único do art. 20, aduz que se a pessoa atingida é morto ou ausente, são partes legítimas para requerer a proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes. Nessa hipótese, também se avaliará se há prejuízo avaliável e indenizável. Da mesma forma, o grau de legitimidade deve ser avaliado na medida em que essas pessoas apontadas ligavam-se mais ou menos afetivamente à pessoa falecida.
A divulgação de escritos, gravações de voz ou outras manifestações que a tecnologia permite esbarra na proteção aos direitos intelectuais e gera direito à indenização, mormente se utilizados com fins comerciais.
O art. 21 dessa lei reporta-se à tutela da privacidade, ao direito de estar só:
“A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a requerimento do interessado, adotará as providências necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrário a esta norma.” 
A tutela da intimidade torna-se cada vez mais preocupação de todos e não afeta unicamente pessoas que se destacam na sociedade. A notoriedade, é verdade, traz um preço social. Caberá, porém, ser estabelecido um limite no qual se proteja a vida íntima das pessoas notórias. Em matéria de direito matrimonial nesse mesmo campo de personalidade, o legislador preocupou-se com a proteção da intimidade do casamento, vide CC (art. 1513):
“É defeso a qualquer pessoa, de direito público ou privado, interferir na comunhão de vida instituída pela família.”
Não se pode permitir que a tecnologia, os meios de comunicação e a própria atividade do Estado invadam um dos bens mais valiosos do ser humano, que é seu direito à intimidade, direito de

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