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A necessidade de medir surgiu naturalmente ao longo do caminho evolutivo da humanidade. Inicialmente de forma rudimentar a linguagem utilizadas nas medidas foi se aprimorando e tornando-se cada vez mais complexa e completa. O aprimoramento crescente das civilizações levou a humanidade a enfrentar novas situações em que os números não eram mais suficientes para exprimir concretamente certas necessidades nos relacionamentos interpessoais e unidades de medida rudimentares começaram então a surgir. O uso de partes anatômicas do ser humano como referência foi uma das primeiras soluções naturalmente adotadas. Afinal, estavam sempre disponíveis em qualquer lugar e a qualquer momento. Distâncias expressas em números de passos, braças ou pés foram usadas por muito tempo para atender boa parte das demandas dos tempos antigos. Por exemplo, na Roma antiga foi criada uma distância equivalente a 1000 passos duplos percorridos por um soldado romano de porte médio. Com o desenvolvimento e a evolução da sociedade, especialmente no comércio entre nações, em que produtores e compradores não estavam mais em contato direto, as variações nas medidas em função das diferenças de anatomia começaram a ser percebidas e tornaram-se fontes de problemas e discórdias. Para exprimir comprimentos, os egípcios usavam a unidade denominada cúbito, definida como a distância entre o cotovelo e a extremidade do dedo médio. A solução adotada pelos egípcios no século XIII antes de Cristo para contornar as diferenças anatômicas entre as pessoas foi copiada por milênios: o cúbito do faraó Ramsés II era adotado como referência, tornando-se o cúbito real. Cópias do cúbito do faraó contendo subdivisões denominadas de dígitos, eram reproduzidas em pedra e amplamente utilizadas como numa espécie de escala. Essa mesma solução foi adotada em várias outras ocasiões, como, por exemplo, o estabelecimento da jarda, definida na Inglaterra no ano 1101 como a distância entre a extremidade do nariz ao polegar estendido para cima do rei Henrique I. Outra tentativa de encontrar uma forma mais estável de definir as unidades de comprimento foi adotada no ano de em 1576, na Inglaterra, para encontrar o valor médio do pé: 1/16 do comprimento resultante da soma do comprimento dos pés esquerdos dos primeiros 16 homens que saíram da missa na manhã de domingo. Numa tentativa de tornar a unidade de comprimento independente das características anatômica das pessoas foi desenvolvida na França no final do século XVIII. A ideia foi utilizar as dimensões do planeta Terra com referência. Propôs-se em utilizar uma fração de 10-7 do comprimento do meridiano terrestre que Um pouco sobre a história das unidades de medida parte do Equador e atinge o Polo Norte e passa por Paris. Uma expedição foi organizada para medir a distância entre as cidades de Barcelona (Espanha) e Dunquerque (França), situadas no mesmo meridiano que passa por Paris em latitudes bem conhecidas. Essa missão foi longa, executada entre 1792 e 1798, dificultada pela grande tensão na região, em razão da Revolução Francesa. Os agrimensores eram frequentemente expostos a riscos de morte, acusados de espionagem e, não raro, aprisionados. Regiões montanhosas tiveram que ser transpostas. Finalmente, a missão foi cumprida. Em 10 dezembro 1799, uma barra de platina, com um comprimento resultante dessa nova unidade, foi depositada no Arquivo Nacional da França e recebeu a denominação metro dos arquivos. Somente em 1840, o metro foi finalmente adotado como unidade oficial para medição de comprimentos. Em função de algumas limitações de caráter prático e técnico, a definição do metro passou por algumas modificações até que em 1983 chegou a sua forma atual. Assim como para a medição de comprimentos, para as demais grandezas foram adotadas outras unidades apropriadas. Também em 1799, foi depositado no Arquivo Nacional da França um cilindro de platina que define a unidade de massa, conhecido como quilograma dos arquivos. Em 1946, a Academia Francesa de Ciências propôs a definição de um novo sistema de unidades conhecido como MKSA (metrô, segundo, quilograma e ampere), que foi aceito pelos países membros da Convenção do Metro. Em 1954, o sistema MKSA foi estendido para incluir a candela e o kelvin. Finalmente, na 11ª Conferência Geral de pesos e medidas, realizada em 1960, esse novo sistema foi denominado Sistema Internacional de Unidades (abreviado por SI) e decidiu-se adotá-lo progressivamente em escala mundial. Bibliografia: Albertazzi, Amando. Fundamentos de metrologia científica e industrial. Barueri, SP: Manole, 2008.
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