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6. ELEMENTOS DO ESTADO

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6 - Elementos do Estado 
        6.1 - Soberania 
O conceito de soberania é muito importante para a definição do Estado Moderno, e possui uma conceituação bastante complexa.
Pode-se dizer que a soberania não existiu nos tempos antigos, até o período do Império Romano, e assim resta clara a noção de que o conceito de soberania é totalmente atribuído ao Estado Moderno.
A partir da Idade Média, entretanto, o conceito de soberania foi sendo formado, pois os reis foram assumindo a autoridade e todas as funções do Estado, surgindo um poder soberano, que estava acima de qualquer outro poder.
Essa noção de poder supremo e ilimitado dos monarcas formaria, então, o conceito de soberania.
Os vários autores, na tentativa de uma exata conceituação da palavra soberania, atribuíram a ela inúmeras características.
Jean Bodin, por volta de 1576, desenvolveu uma obra que tratava do conceito de soberania.
Afirma esse autor que soberania é o poder absoluto e perpétuo de uma república, que atua em relação aos particulares, quanto aos agentes públicos.
Pode-se dizer que a característica "absoluta" da soberania significa um poder que não se limita em si mesmo, independente do tempo, do cargo e de quaisquer leis e regras humanas. 
Vale dizer que o poder soberano somente será limitado por leis naturais e divinas que antecedem os homens e estão acima da vontade humana.
Pela característica "perpétuo", pode-se dizer que a soberania será exercida por tempo indeterminado, pois se estiver determinado, aquele que está no poder não será o soberano, mas um depositário do mesmo, que apenas aguarda o momento para repassá-lo.
O autor ainda atenta para o fato de que, embora o soberano repasse parcela do poder para outra pessoa, ele não deixa de ter o poder suficiente para exercer quaisquer funções, estando acima de qualquer outro poder.
Já em Rousseau, por volta de 1762, definiu que soberania não seria um conceito atrelado a uma determinada pessoa como a do governante, mas afirmou que a soberania pertence ao povo, seu legítimo titular.
Rousseau afirma que a soberania é inalienável, por se apresentar como o exercício de uma vontade geral, não podendo ser repassada e nem representada por outra pessoa.
Outra característica apontada por Rousseau é a indivisibilidade, pois a somente pode-se falar de uma vontade geral, se esta refletir a participação do todo.
Dessa forma, Rousseau entende que o pacto social firmado pelos homens para a formação do Estado, forma um corpo político, dotado de um poder absoluto, que atua sobre todos e de acordo com a vontade dos membros e nos limites pré- estabelecidos por eles.
Assim estaria conceituada a soberania.
A partir do século XIX, devido às disputas por territórios, o conceito de soberania foi atrelado à noção de poder político, pois assim, não haveria nada que pudesse ir contra aos objetivos das grandes potências.
Na metade do século XIX, a surge uma nova concepção para o Estado, com o desenvolvimento de uma teoria da personalidade jurídica do Estado, e dessa forma, a soberania vai ser repassada para o Estado.
A partir do século XX, devido ao amadurecimento da teoria do Estado, a soberania passa a ser atrelada ao estado, tornando uma de suas características principais.
Todas as idéias e conceitos relacionados à soberania trazem a idéia de poder, contudo, verifica-se que houve através dos tempos uma evolução.
O conceito de soberania era um conceito político, pois se referia a um poder que não ilimitado e absoluto, independente de ser contrário ao Direito.
Pode-se dizer que o tempo fez surgir um conceito jurídico de soberania, pois o poder seria absoluto, mas limitado ao Direito e à ordem jurídica. Vale dizer que a soberania, também, deverá buscar fins éticos e sociais e o bem comum.
Com base nesses limites e objetivos, a soberania poderá impor seu poder, contando, inclusive com emprego de coação.
Pode-se dizer, atualmente, que a soberania é una, por não admitir que duas soberanias coexistam num mesmo Estado; indivisível no sentido de se referir a todos aos fatos ocorridos num determinado Estado, não admitindo várias partes separadas, inalienável, por não poder ser repassada a outros que não seus legítimos titulares, e imprescritível, por não ter tempo pré- estabelecido para o seu exercício.
Há autores que mencionam algumas características da soberania em relação ao Estado, afirmando que a soberania é um poder originário, pois nasce junto com o Estado, é exclusiva, pois somente pode existir dentro de um Estado, éincondicionada, pois só há limites no próprio Estado, e coativa, pois encontra no próprio Estado meios para fazer impor seu poder.
O autor Duguit discute um aspecto novo ao tratar a soberania como vontade independente.
Lembrando, a vontade independente significa que o poder soberano não poderia ser limitado por qualquer obstáculo que não for interposto pelo próprio Estado.
O aspecto novo, então, é que essa vontade independente seja exercida externamente, em relação a outros Estados.
Dessa forma, a soberania de um Estado não poderá ser limitada por fatores externos, e somente será soberano o Estado que conseguir atuar no âmbito internacional de forma livre, sem a interferência dos demais.
Pode-se dizer não será lesão à soberania se um determinado Estado quiser assumir uma obrigação Internacional, pois a se foi fruto da própria vontade do Estado, não haverá nenhum desrespeito ao poder soberano.
Ainda há um aspecto relevante da soberania no que diz respeito à justificação e a titularidade.
No início, a justificativa da soberania tinha como base a doutrina cristã, sendo o monarca o único titular legítimo para exercer a soberania.
Posteriormente houve uma mudança de postura, e a justificativa da soberania se deslocou para o ideal democrático, sendo o povo o seu titular, num primeiro momento.
Já num segundo momento a titularidade da soberania é atribuída à nação, e num terceiro momento a soberania é repassada ao Estado, sobretudo a partir do século XIX.
Por fim é importante lembrar que o poder soberano será exercido sobre todos os indivíduos pertencentes a um determinado território. Vale dizer que, dependendo da situação, embora um determinado indivíduo se encontre no território de um Estado, sobre ele o poder não será exercido por ser estrangeiro, ou seja, pertencer a um outro território.
A soberania então terá duas acepções: interna, se referindo ao exercício do poder soberano dentro do próprio território, e em relação aos indivíduos daquele território, e externa, que diz respeito ao exercício do poder na esfera internacional. Esse poder deverá ser independente de outros Estados, tendo a vontade do Estado livre em relação aos atos praticados.
Pode-se dizer que a soberania enquanto um poder jurídico reprime as práticas arbitrárias de poder, pois esse deverá ser exercido em função e em respeito a uma determinada ordem jurídica.
É importante ressaltar que a soberania está atrelada à idéia de igualdade jurídica entre os Estados e respeito recíproco, e dessa forma, qualquer ato de dominação de um Estado mais forte por um mais fraco é considerado irregular, antijurídico e lesão à soberania, podendo o ofensor sofrer penalidades.
6.2 - Território 
Pode-se dizer que a noção de território é fundamental à noção de Estado pois garante que a soberania seja exercida de forma eficiente, perante os indivíduos daquele local, mantendo a estabilidade necessária para o Estado funcione.
Território então seria o espaço físico que compreende e limita uma determinada ordem jurídica, que será exercida exclusivamente dentro daquele determinado local.
Assim, pode-se dizer que num mesmo território não poderão coexistir duas ordens jurídicas diferentes, exercendo dois poderes soberanos distintos.
Pode-se dizer que nenhum Estado existe sem o seu território delimitado. Não há regras quanto à extensão mínima de um território. Mas deve-se atentar que o Estado deverá, necessariamente, possuir um territórioseu.
A perda temporária do território não vai implicar na dissolução do Estado desde que não seja definitiva, ou seja, que haja possibilidades do Estado recuperá-lo.
O Estado, por atuar com seu poder soberano perante o território, poderá dele usar e até dispor, contanto que esteja dentro das finalidades do estado.
O território será, então, impenetrável, por não poder outra ordem jurídica influir, sendo o limite de monopólio do poder soberano do Estado.
Dessa forma, ao mesmo tempo que num determinado território não poderão coexistir duas ordens jurídicas diferentes, o território garantirá que um Estado possa exercer o seu poder de império dentro de suas delimitações.
As fronteiras definem os limites de cada estado, e podem ser naturais, quando decorrem de barreiras geográficas que separam dois estados, ou artificiais, quando negociada entre os estados.
Não somente as fronteiras são responsáveis pelos limites de um território, mas há também as dimensões do subsolo, extensão marítima e espacial.
Pode-se dizer que não há limites específicos para o subsolo, haja vista que essa divisão não geraria maiores complicações, pela impossibilidade de um estado invadir o outro por meio do subsolo.
Já em relação às outras duas dimensões, como vários problemas foram surgindo, foram criadas várias regras para se evitar o conflito.
Depois de inúmeros critérios e debates, e os vários motivos que se destacavam a cada época (segurança, valores econômicos, higiene sanitária, dentre outros), ficou determinado em muitos tratados e convenções internacionais, que o mar territorial, ou seja, a extensão do continente que se projetaria e pertenceria ao território do estado, seria de 200 milhas.
Vale dizer que tal medida não poderá ser uniforme para todos os estados do mundo uma vez que entre as áreas há inúmeras diferenças naturais e interesses distintos.
Já em relação ao espaço aéreo, a situação é um pouco mais complicada.
É certo que o espaço existente em cima de determinado território pertence ao Estado.
Contudo, foi convencionado entre os Estados o direito de passagem inofensiva, para viabilizar a passagem de um avião de um Estado pelo território aéreo de outro, sem que isso signifique ofensa à soberania.
Dessa forma, o critério que prevalece seria o da fixação de determinado limite de altitude para o exercício da soberania de um determinado estado.
Mas o assunto ainda não possui uma conclusão totalmente determinada, gerando inúmeras polêmicas, pois ainda não se definiu esse limite.
6.3 - Povo 
Primeiramente é importante dizer que "povo" é elemento essencial do Estado, e como tal apresenta características próprias.
Dessa forma, é necessário se estabelecer algumas distinções principais, pois é muito comum que a noção do significado de "povo" seja confundida com outros termos, que, embora se pareçam, não podem ser utilizados como sinônimos.
Um dos termos que traz essa dificuldade seria população. Por população entenda-se a mera expressão numérica de pessoas que habitam um determinado território.
Não há nenhuma especificação sobre o vínculo a que essas pessoas estariam submetidas, mas tão somente à quantidade de pessoas.
Outros termos que apresentam problemas de distinção para "povo" seriam nação e nacionalidade.
O termo nação se refere a um Estado que possui na população uma unidade homogênea, ou seja, pessoas que possuem origens, cultura e costumes comuns.
E o termo nacionalidade decorreria desse conceito, caracterizando cada pessoa pertencente à nação.
Pode-se dizer que é um conceito mais sociológico do que jurídico.
Mas o termo "povo" é uma noção muito mais específica do que as já citadas.
Vale dizer que durante a história a noção do termo variou muito, de acordo com a cultura, sendo, muitas vezes, uma noção extremamente restritiva, em que apenas determinadas classes estariam incluídas na condição de povo.
Foi somente a partir do Estado moderno que a noção de povo surge livre de qualquer discriminação de classes.
A consagração do princípio do sufrágio universal foi um dos grandes impulsos para que essa idéia fosse reforçada.
O termo povo, então, possui dupla significação pois, sobre a população de um determinado território, deverá existir uma relação de subordinação e coordenação.
Explicando, tem-se que uma relação de subordinação é aquela em que os pólos da relação encontram-se em situações diferentes, sendo que uma parte está submetida ao poder de outra.
Essa é a relação que deverá existir entre a população perante o poder do Estado, sendo que os indivíduos terão de acatar esse poder.
Já as relações de coordenação são aquelas em que as partes se encontram em situação de plena igualdade, tendo as duas, poderes iguais dentro da relação.
Dessa forma, tem-se que os indivíduos que compõem o Estado são, também, sujeitos de direitos perante o poder do Estado, pois ao Estado caberá garantir que cada indivíduo não sofra ofensas aos seus direitos, tanto em relação aos seus semelhantes, quanto em relação ao em relação ao próprio Estado.
É importante ressaltar que as pessoas, a partir de um determinado momento se unem e formam o Estado, possuindo com ele um vínculo permanente.
Essas pessoas que participam tanto da formação, quanto do exercício do poder do Estado, são consideradas cidadãos.
O indivíduo, desde o nascimento pode ter adquirir a sua cidadania, mas dependendo do Estado, poderá condicionar esse reconhecimento a alguns requisitos, que somente depois de preenchidos é que o indivíduo terá a sua cidadania.
Pode-se fazer uma distinção entre cidadania e cidadania ativa.
A cidadania é a condição adquirida pelo indivíduo no próprio nascimento.
Já a cidadania ativa é a aquela em que o indivíduo somente adquire se comprovado o atendimento a alguns requisitos exigidos.
Vale dizer que a condição de cidadão de um indivíduo o tornará sujeito de direitos e deveres perante um determinado Estado, e essa condição acompanhará esse indivíduo ainda que ele esteja localizado em outro território.
Importante dizer que o indivíduo pode perder a sua cidadania ativa, se por acaso deixar de possuir algum dos requisitos exigidos.
Contudo, a cidadania "simples" somente será perdida em casos totalmente excepcionais, pois o indivíduo que perdeu a sua, corre o risco de ficar se nenhuma outra proteção, dificultando a própria interação do indivíduo com seus semelhantes.

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