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Existência - Essência; Desafios Teóricos e práticos das Psicoterapias Relacionais

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RIBEIRO, Walter. Existência Essência: Desafios Teóricos e práticos das Psicoterapias Relacionais; São Paulo, SP: Summus. ( Resumo baseado na apresentação e Cap.01)
A nossa história pessoal, o momento histórico em que vivemos, as nossas origens, falam de nós, daquilo que sabemos, de nossas idiossincrasias. de nossos preconceitos que nos influenciam sempre de uma forma ou de outra. Da mesma forma que a história é determinante para a compreensão da sociedade e de seus problemas.
Recebemos desde nosso primeiro encontro com o mundo e com as pessoas significativas em nossa vida uma espécie de “script”, papel a ser desempenhado. A mensagem de que, para ser amados e aceitos, precisamos assumir um personagem, de certa forma, pré-determinado pelo sistema familiar, representante primeiro da cultura, que marca, não apenas nossa visão de mundo como nossos encontros/desencontros com as pessoas do mundo, escolha de profissão, valores – enfim, a nossa identidade.
Em torno de todas essas influências e das demandas sociais somos “condenados à liberdade”, liberdade de escolha de caminhos e de realizações pessoais – não se pode decidir não escolher. Urgente é portanto o conhecimento dessa identidade construída e de suas influencias sofridas, valores paradigmáticos, filosóficos e epistemológicos que norteiam nossas escolhas. 
Muito mais eficaz do que qualquer abordagem em psicologia é o profissional que escolheu a que mais se identifica em sua prática.
Conheceremos a partir de agora um pouco da proposta da Gestalt-Terapia, sua visão de homem, de mundo, de homem-no-mundo, sua proposta epistemológica que nem de longe é a melhor mas se propõe a ser apenas mais uma dentre tantas outras de igual importância e reconhecimento.
O que está aí em todas as sociedades conhecidas e autodenominadas civilizadas é uma concepção velhíssima, fruto do pensamento autoritário segundo a qual o ser humano é errado de nascença, é portador do pecado original e cheio de instintos e impulsos não confiáveis que precisam ser controlados e/ou corrigidos pelos “educadores” dessa sociedade a que pertence. A história nos diz que sempre surgiram pessoas que puseram essas velhas crenças em xeque e que sistematicamente essas contestações - de uma forma ou de outra - foram escamoteadas e seus autores, também de alguma forma, foram escamoteadas e ignorados e/ou perseguidos.
As crenças profundas de que estamos tratando estão fora do alcance imediato da manipulação da mídia na sua produção da subjetividade coletiva (preocupação de Guatari, 1990)
A partir dessa arraigada e endêmica crença (descrença) na originalidade de cada ser humano, nada mais natural do que o desenvolvimento e a idolatria da PALMATÓRIA e da "pedagogia negra" (Alice Miller, I 984a), como os universais absolutos e imprescindíveis instrumentos de “educação” que devemos identificar com suas mil faces, cores e matizes.
Se acreditamos na necessidade do uso da palmatória (punição/reforço, suporte/frustração, castigo/incentivo, competição), é claro e óbvio que não acreditamos nas potencialidades do ser humano, quando livre, aceito e confirmado. Se, por outro lado, acreditamos que ele, realmente, só se move a partir de uma motivação intrínseca e que esta só surge na liberdade e na aceitação, não podemos acreditar em nenhuma das caras metamorfoseadas do autoritarismo e de suas palmatórias.
Por sermos seres-em-relação. o primeiro grande paradoxo com que temos de lidar (como acentuaram Perls et. ai., 1997, notadamente no Capítulo VI) - é o conflito existente entre a sociedade que precisamos criar para nela sermos confirmados desenvolvermos as nossas potencialidades e vivermos essa essencialidade de seres relacionais e a sociedade desconfirmadora, autoritária, desnutritiva e parca de amor e aceitação, que já está aí, criada por outros, produto de uma longa história de guerras, conflitos e lutas pelo poder (por mais insignificante que este possa ser, sociedade que nos é imposta "pronta e acabada"; portanto, sem disposição para se reexaminar, para duvidar dos seus confusos e freqüentemente ultrapassados valores.
Diante de tais reflexões é que surgem as abordagens humanistas. Tomam partido do humano e não das normas historicamente preestabelecidas, dos velhos mitos autoritários, das pseudocertezas e das ilusórias seguranças e, por isso, são muito ameaçadoras para os nossos precários e paralisantes ajustes neuróticos.
O “barulho” dessas idéias ainda nos incomoda muito, contudo, Perls cansou-se de dizer que não se cresce sem sofrimento e é a experiência negativa que nos possibilita a libertação dos dogmas. Alice Miller (1997, Cap. II), diz que o grandioso está preso à sua grandiosidade e só tem oportunidade de se libertar depressão o pegar.
Defender tais idéias numa comunidade científica contaminada, impregnada de valores deterministas, ideologizada pelos ditames econômicos e mantenedores do poder autoritarista que ainda assombra o homem contemporâneo geram incertezas, dúvidas. Geram insegurança, que, por sua vez, mobiliza a defensividade e a resistência, enrijecendo o caráter e, assim, dificultando ainda mais o entendimento da teoria: "erros teóricos fundamentais invariavelmente são caracterológicos,o resultado de falhas neuróticas de percepção, sentimento ou ação ", já escreveram Perls et aI., 1997, Cap lI.
Ser-em-relação: contextualização das terapias fenomenológico-existenciais ou relacionais
Caracterizam-se por ser Abordagens inacabadas por vocação e essência.
Lutam contra modelos cientificistas, essencialistas, apesar de o modelo desses cientificistas ter sido superado em quase todas as frentes científicas, a começar pela física.
Fazem parte do grande movimento artístico-científico-filosófico que se acentuou na passagem do século XIX para o século xx e que visava (visa) à superação do pensamento mecanicista do século XIX; movimento ocorrido notadamente na Europa continental.
Prioriza a experiência de contato do psicólogo diretamente com seu cliente (sem a intermediação de preconceitos anteriores)
Não são compreensíveis apenas utilizando-se do pensamento racional
Especialmente a Gestalt-Terapia opõe-se fortemente contra os OU e adere decisivamente aos E: somos isso E aquilo, consciência E corpo, razão E emoção, e assim por diante. Dessa forma, toca de maneira prática no ponto crucial da nossa concepção do conceito de normalidade e, ao mesmo tempo, em como opera o processo de desvio e/ou interrupção do crescimento normal; como ainda, possibilita a criação de poderosos instrumentos clínicos como a atitude de compreensão clara e confirmadora que possibilita o trabalho pessoal de integração criativa de polaridades conflitantes.
Prioriza as relações. Tudo é relação e nada existe fora dela (se a maioria dos problemas advém das relações, elas - por exemplo, a relação terapêutica, também podem ter maior influência sobre eles)
A grande marca dessa "novidade" e a que mais nos interessa é o resgate tanto do subjetivismo que o objetivismo nega, quanto do objetivismo.
Esse resgate nos obrigou obviamente a privilegiar de maneira crescente a relação. A sua contextualização é cada vez mais imprescindível para entender o ser humano e os seus problemas.
Essa compreensão do ser humano como resultado como integração criativa dos seus processos e dos ajustes possíveis nas suas relações, nos levou a relativizar e rever alguns conceitos: notadamente, a ver as coisas menos em termos de preto ou de branco,de céu ou de inferno. A "política da certeza" passou a sofrer derrotas sucessivas e cada vez maiores.
Essa visão globalizada do ser, é imprescindível tanto para os fundamentos teóricos da Gestalt-Terapia como para o trabalho clínico.
O ser só pode ser pensado em relação, em contato. Só pode ser entendido se contextualizado, uma vez que é impensável sem o seu meio, sem a sua história, sem as suas vivências passadas e sem os seus sonhos a respeito do futuro, embora, é claro, só tenhamos acesso a eles no presente, no aqui-e-agora.
Esse paradigmaé visceralmente revolucionário porque afeta não apenas nossas opiniões racionais, mas nossos valores mais arraigados, nossos preconceitos mais velhos e irredutíveis e, principalmente, nossa segurança, nossa necessidade de controle e de estabilidade. É por isso que até hoje causa reações, por vezes violentas, em quase todos nós. Tão violentas que, muitas vezes, "escolhemos" não percebê-la, não entendê-la na sua essência, apesar das contundentes descobertas a seu favor em todas as ciências, em todos os campos.
Somos, inelutavelmente, seres-em-relação: crescemos, nos desenvolvemos, nos constituímos e nos formamos nela. Somos os ajustes, a integração criativa de nossas idiossincrasias em confronto com as forças e as possibilidades externas. Como essas relações jamais foram tranqüilas ou ideais nesse mundo de guerras (e precisamos, nelas, ser aceitos e amados), utilizamos toda a nossa gama perceptiva, toda a nossa sabedoria e nossa criatividade para sobreviver o melhor que pudermos e, assim, nos distorcemos, nos alienamos o quanto for necessário para nos adaptar da melhor forma possível a esses processos relacionais.
A relação é a primeira coisa, é anterior ao Eu, ao Tu e ao Isso, é o que precisamos não só entender racional como aceitar emocionalmente para ficarmos confortáveis e lúcidos em nossa postura. Para isso, não temos necessidade de nos tomar filósofos. Precisamos apenas (apenas?) entender a radicalidade da inversão que constitui essa forma já velha mas, por muitos motivos, ainda revolucionária de entender a nós e ao mundo.
Do existencialismo, a gestalt - terapia destaca, entre outras coisas:
O primado da vivência concreta em relação aos princípios abstratos. Pode ser considerado existencial tudo que diz respeito à forma como o homem experimenta sua existência, a assume, a orienta, a dirige. A autocompreensão para viver, para existir, sem se colocar questões de filosofia teórica, é existencial, é espontânea, vivida, não erudita (refletimos mas só para agir);
A singularidade de cada existência humana, a originalidade irredutível da experiência individual, objetiva e subjetiva;
A noção de responsabilidade de cada pessoa que participa ativamente da construção de seu projeto existencial e confere um sentido original ao que lhe acontece e ao mundo que a rodeia, criando, inelutavelmente, a cada dia, sua relativa liberdade.
Fenomenologia e Gestalt – Terapia:
É mais importante descrever do que explicar (o como ao invés do por que)
O essencial é a vivência imediata, tal como é percebida ou sentida corporalmente - até imaginada - assim como o processo que está se desenvolvendo aqui e agora
A nossa percepção do mundo e do que nos rodeia é dominada por fatores subjetivos irracionais, que lhe conferem um sentido, diferente para cada um
Isso conduz, particularmente, à importância de uma tomada de consciência do corpo e do tempo vivido, como experiência única de cada ser humano, estranha a qualquer teorização preestabelecida.
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