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1 • Aula 03: Direito Internacional da PI; Direitos Autorais (parte I). Disciplina Eletiva de Propriedade Intelectual Prof. Alysson H. Oikawa A cultura como propriedade 2 Templo de Dendur: no Metropolitan Museum of Art em Nova Iorque, E.U.A., desde 1978. (Imagem: arquivo pessoal) 2 A cultura como propriedade • Aumento da exploração comercial de obras de arte, artesanato e de conhecimento de comunidades tradicionais. – Objetos de arte; Música e danças; Temas folclóricos; Conhecimento de valor farmacêutico; Conhecimento de valor agrícola e alimentício. • Preocupação de que as sociedades tradicionais estejam sendo exploradas e prejudicadas no processo. – Prejuízos financeiros; – Perdas permanentes de obras para museus e coleções privadas; – Usos que degradam itens culturais; – Cópias que revertem valores da comunidade (de qualidade inferior ou de material diferente do original). 3 A cultura como propriedade • Conhecimentos Tradicionais estão fora dos principais tratados de proteção de PI. – Em geral, considerados integrantes do domínio público. – Comunidades tradicionais alheias aos processos de proteção. – Falta de recursos técnicos e econômicos para industrializar produtos resultantes de suas descobertas. • Discussão sobre formas de proteção: – Sistema sui generis; – Adaptações ao próprio sistema internacional de PI. 4 3 A cultura como propriedade: Algumas iniciativas internacionais • 1967: A Convenção de Berna de 1886 é revista em Estocolmo para incluir, entre outras modificações, o art. 15(4), que permite a um país-membro designar órgão competente para representar autores desconhecidos de obras não publicadas. • 1976: A Lei-Modelo de Tunis para Direitos Autorais em Países em Desenvolvimento é proposta, por iniciativa da UNESCO e da OMPI. Inclui proteção sui generis para expressões de folclore. • 1982: Grupo de experts reunido pela OMPI e pela UNESCO desenvolvem um modelo sui generis de proteção “tipo-PI” para expressões de conhecimento tradicional: Provisões Modelo OMPI-UNESCO, 1982. • 1996: Adoção dos Tratados da OMPI sobre Direitos Autorais (WCT) e sobre Interpretações e Fonogramas (WPPT). – art. 2º, WPPT: prevê a proteção de intérpretes de expressões de folclore. 5 A cultura como propriedade: Algumas iniciativas internacionais • 1970: Convenção sobre as Medidas a serem Adotadas para Proibir e impedir a Importação, Exportação e Transportação e Transferência de Propriedade Ilícitas dos Bens Culturais. (promulgada no Brasil pelo Decreto nº 72.312, de 31/05/1973) – art. 1º: conceito “bens culturais” – “quaisquer bens que, por motivos religiosos ou profanos, tenham sido expressamente designados por cada Estado como de importância para a arqueologia, a pré-história, a historia, a literatura, a arte ou a ciência [...].” – art. 3º: “São ilícitas a importação, exportação ou transferência de propriedade de bens culturais realizadas em infração das disposições adotadas pelos Estados Partes nos termos da presente Convenção.” – art. 7º: obrigação de recuperar e restituir bens culturais, mediante solicitaçãodo Estado de origem. 6 4 A cultura como propriedade: Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) 7 • 1992: primeiro acordo internacional que reconhece o papel e a contribuição de comunidades indígenas e locais na conservação e no uso sustentável da biodiversidade. (promulgada no Brasil pelo Decreto nº 2.519, de 16/03/1998 ) • As partes da CDB são obrigadas e incentivadas a: – art. 10(c): “Proteger e encorajar a utilização costumeira de recursos biológicos de acordo com práticas culturais tradicionais compatíveis com as exigências de conservação ou utilização sustentável. – art. 18(4): “[...] elaborar e estimular modalidades de cooperação para o desenvolvimento e utilização de tecnologias, inclusive tecnologias indígenas e tradicionais, para alcançar os objetivos desta Convenção”. • Preâmbulo: “[...] os Estados têm direitos soberanos sobre os seus próprios recursos biológicos.” – Acesso a Recursos Genéticos (arts. 15, 16 e 19) dever ser consistente com as obrigações de respeitar, preservar e manter o conhecimento, inovações e práticas das comunidades locais e populações indígenas (art. 8 (j)). A cultura como propriedade: Medida Provisória nº 2.186-16, de 23/08/2001. 8 “Art. 8º. Fica protegido por esta Medida Provisória o conhecimento tradicional das comunidades indígenas e das comunidades locais, associado ao patrimônio genético, contra a utilização e exploração ilícita e outras ações lesivas ou não autorizadas pelo Conselho de Gestão de que trata o art. 10, ou por instituição credenciada. § 1º. O Estado reconhece o direito das comunidades indígenas e das comunidades locais para decidir sobre o uso de seus conhecimentos tradicionais associados ao patrimônio genético do País, nos termos desta Medida Provisória e do seu regulamento. § 2º O conhecimento tradicional associado ao patrimônio genético de que trata esta Medida Provisória integra o patrimônio cultural brasileiro e poderá ser objeto de cadastro, conforme dispuser o Conselho de Gestão ou legislação específica. [...] § 4º. A proteção ora instituída não afetará, prejudicará ou limitará direitos relativos à propriedade intelectual.” 5 9 Referências: DRAHOS, Peter. Information Feudalism. Nova Iorque, E.U.A.: The New Press, 2003. SELL, Susan K. Private Power, Public Law. Cambridge, Reino Unido: The University Press, 2003. O caminho para o TRIPs • Os fundamentos atuais de PI são em grande parte produtos das estratégias globais de um número relativamente pequeno de companhias e organizações empresariais. • A globalização da PI beneficiou efetivamente os exportadores de bens intangíveis (principalmente EUA). • Países em desenvolvimento como Coréia do Sul, Singapura, Brasil e Índia conseguiam sua industrialização sem a existência de um regime internacional de PI. Por que Estados, principalmente os não-desenvolvidos, relativizariam suas soberanias em torno de questões tão fundamentais? O caminho para o TRIPS: Indústria do Conhecimento pré-2a. Guerra 10 • 1890: entrada em vigor do “Sherman Act” (Lei Antitruste Norte-Americana). – Desde o séc. XIX, cartéis eram vistos como forma de resolver problemas de superprodução e competição: fixação de preços ou limitação da produção. • As grandes corporações do séc. XXI são empresas com participação norte- americana que investiam pesado em P&D desde o início do séc. XX (ou mesmo antes): “Companhias Criadoras de Conhecimento” (CCCs). – Mas sem alguma forma de reconhecimento de propriedade/exclusividade, qualquer um pode se apropriar de conhecimento/informação. • PI, notadamente Patentes, como alternativa legal à criação/manutenção de monopólios: – Controle sobre preço e produção da invenção. – Restrições sobre preço e produção através de acordos de licença. – Dificuldade em enquadrar cartéis baseados em Patentes: interferência na propriedade privada (direitos reconhecidos pelo Estado). 6 O caminho para o TRIPS: Indústria do Conhecimento pré-2a. Guerra 11 • Cartéis de Commodities Cartéis de Conhecimento – Estratégia básica : aumentar significativamente os investimentos em P&D e transformar o conhecimento adquirido em produtos protegidos através de PI. • Mercados de Commodities deveriam ser evitados. – Número restrito de indústrias. • Nos EUA, em 1938, 75% do pessoal envolvido com pesquisa industrial eram empregados pelas indústrias química, de geração de energia, elétrica, petrolífera e de borracha. – Acordos de Compartilhamento de PI, divisão de mercados mundiais • 1929: DuPont eImperial Chemical Industries (ICI), exploração de explosivos. • 1924: Cartel da Lâmpada Elétrica (Osram, Philips, Tungsram, Int’l General Eletric) • “British Publishers' Traditional Market Agreement”: Acordo entre editoras dos EUA e do Reino Unido, quebrado após ameaça de ação antitruste nos anos 70. O caminho para o TRIPS: Indústria do Conhecimento pós-2a. Guerra 12 • Ameaças ao controle corporativo do conhecimento: – Custos com P&D continuavam a subir, mas os retornos começavam a cair. • Decorrência do aumento de competição de empresas menores e da difusão do conhecimento através de publicações acadêmicas. • Economia Norte-Americana desenvolvia vantagens competitivas em indústrias com foco em P&D (ex.: computação, eletrônicos, química, farmacêuticos e equipamento científico). – A Divisão Antitruste do Governo Norte-Americano amplia sua atuação com mais recursos. • 180 ações entre 1938 e 1942, quase a metade do número correspondente aos 48 anos anteriores. • Tornou-se perigoso aos grandes “players” adquirir conhecimento através da aquisição de empresas menores (“start-ups”). – Concorrência Internacional: nações soberanas passaram a utilizar o sistema de PI em benefício de seu desenvolvimento. • Outros países desenvolvem indústrias competitivas (ex.: Índia, farmacêuticos genéricos). 7 O Caminho para o TRIPS: Soluções às ameaças do Pós-Guerra • Investir no desenvolvimento de novas áreas e mudar as regras de PI para protegê-las (ex.: biotecnologia, software). • Gastar menos com P&D, contando com empresas menores e com universidades para realizar pesquisas mais básicas. • Estabelecer um padrão internacional de proteção de direitos de PI que fosse condizente com o desejado pelas grandes CCCs. 13 O Caminho para o TRIPS: PI como prioridade política dos EUA 14 • Problemas econômicos 1970-80, tendências protecionistas: proteção de PI como solução para a indústria e estratégica para questões militares. • 1982: “Stealing From the Mind”, The New York Times (B. MacTaggart, executivo da Pfizer International). – Conhecimento e invenções dos EUA estavam sendo roubadas pelos governos do Brasil, Canadá, México, Índia, Coréia do Sul, Itália e Espanha. – A OMPI também é duramente criticada. • O artigo teve grande repercussão nos EUA, o que incentivou levou a Pfizer a dedicar mais esforços em seu objetivo de relacionar PI ao comércio. 8 O Caminho para o TRIPS: PI como prioridade política dos EUA 15 • Edmund T. Pratt Jr. (CEO da Pfizer entre 1972 e 1991): um dos grandes responsáveis pela globalização da PI. – Apontado em 1979 para o Comitê Consultivo em Negociações do Comércio - CCNC (ponte entre os setores privado e público em questões relacionadas ao comércio), chega à presidência em 1981. • Força-tarefa de PI no CCNC, liderada por John Opel (executivo da IBM), estabelece estratégia de 03 pontos: – Multilateralismo: Código de PI no contexto da próxima rodada do GATT; – Bilateralismo: negociações diretas para melhor proteção em PI; – Unilateralismo: ameaçar ou mesmo impor sanções comerciais. O Caminho para o TRIPS: A estratégia do CCNC na prática 16 • 1983: Lei para a Recuperação Econômica do Caribe. – Benefícios fiscais em troca de melhor proteção à PI. • 1984: Lei Comercial Norte-Americana emendada para incluir o Processo 301 (1988, “Special 301”) e o Sistema Geral de Preferências. • Novembro 1985: EUA iniciam Processo 301 contra a Coréia do Sul. – Julho 1986: EUA e Coréia do Sul entram em acordo. • Entre 1985 e 1994: 11 Processos 301 relacionados à PI. – Brasil: 1985, 1987 (tarifas impostas) e 1993. – Coréia do Sul (1985), Argentina (1988), Tailândia (1990 e 1991), Índia (1991), China (1991 e 1994) e Taiwan (1992). • A “rede de vigilância” envolvendo empresas, câmaras de comércio, associações comerciais e embaixadas relacionados aos EUA persiste até os dias de hoje. 9 O Caminho para o TRIPS: A estratégia do CCNC na prática 17 • EUA busca consenso com União Européia e Japão para incluir PI na agenda de discussões do GATT. – A aliança é formada graças ao lobby das corporações. • Setembro 1986: Início da Rodada do Uruguai, PI é incluída na pauta de discussões. – Forte objeção dos países em desenvolvimento, liderados por Índia e Brasil: • O foro apropriado para discutir PI era a OMPI. • Padrões de proteção deveriam levar em conta as diferentes necessidades e níveis de desenvolvimento dos países. O Caminho para o TRIPS: A estratégia do CCNC na prática 18 • Comitê da Propriedade Intelectual, fundado em 1986 por Pfizer e IBM, realiza lobby com empresários de países de economia emergente como a Coréia do Sul, Hong Kong e Singapura. – Diálogo para a divisão: tentativa de demonstrar que Índia e Brasil não estavam interessados em desenvolver um cenário propício para investimentos internacionais. • O Processo 301 de 1987 contra o Brasil culmina com a imposição de US$ 39 milhões em sanções fiscais contra produtos como papel, farmacêuticos e eletrodomésticos. – 1990, sanções suspensas. Negociador brasileiro no grupo TRIPS informa a negociador indiano que estava lá “só para observar”. 10 O Caminho para o TRIPS: Do consenso à assinatura 19 • Dezembro 1991: Arthur Dunkel, Diretor-Geral do GATT, apresenta projeto de acordo em todas as áreas negociadas durante a Rodada do Uruguai. • No tocante ao TRIPS, todos os países principais conseguiram algum tipo de vitória: – UE perdeu em Direitos Morais do Autor, mas ganhou em indicações geográficas para vinhos e bebidas; – Os EUA ganharam com a extensão de patentes para todos os campos do conhecimento, mas teve de tolerar a opção de excluir alguns elementos como matérias patenteáveis. – Já os países em desenvolvimento ganharam o “benefício” de períodos de transição antes de estarem efetivamente obrigados. TRIPS: principais inovações 20 • Arranjo detalhado de parâmetros mínimos de proteção sobre a disponibilidade, extensão e utilização de direitos de PI. • Reservas dependem de consenso dos outros membros. • Especifica obrigações de aplicação efetiva de sanções civis e criminais. • Estabelece alguns requisitos procedimentais relativos à aquisição e manutenção administrativa de direitos de PI. • Incorpora o mecanismo de solução de controvérsias da OMC. Chegamos a um balanço correto? 11 21 Direitos Autorais e Conexos 22 Propriedade Literária e Artística Propriedade Industrial Direitos Autorais: Obras literárias, artísticas e científicas (Fotografias, filmes, músicas, etc.) Marcas Indicações Geográficas Repressão à Concorrência Desleal Patentes (Invenções e Modelos de Utilidade) Desenhos Industriais Programas de Computador Logomarcas Know-how Segredos Industriais Obtenções Vegetais Topografia e Circuitos Integrados Direitos Conexos: Interpretações/execuções, fonogramas e transmissões por radiodifusão O que é “Propriedade Intelectual”? Objetos de Proteção 12 Legislação de Direitos Autorais • Lei de Direitos Autorais (LDA) em vigor: Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. • Programas de Computador: Lei nº 9.609, de 19 de fevereiro de 1998. – “O regime de proteção à propriedade intelectual de programa de computador é o conferido às obras literárias pela legislação de direitos autorais e conexos vigentes no País, observado o disposto nesta Lei.” (art. 2º, Lei nº 9.609/98) – “Os programas de computador são objeto de legislação específica, observadas as disposições desta Lei que lhes sejam aplicáveis.” (art. 7º, §1º , Lei nº 9.610/98).• Art. 184, Código Penal: “Violar direitos de autor e os que lhe são conexos: Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.” – Se houver intuito de lucro: reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. 23 O que não é objeto de proteção da LDA • Obras utilitárias (ex.: marcas, desenhos industriais, patentes). – Finalidade/aplicação técnica. – Proteção via Lei da Propriedade Industrial – LPI (Lei nº 9.279/96). 24 Modelo de Utilidade Desenho Industrial Invenção 13 Logomarca: obra artística e utilitária • As logomarcas demandam esforço de imaginação (criação de cores, formato e modo de veiculação). • Proteção mista via Direitos Autorais (LDA) e Propriedade Industrial (LPI). • Necessidade de autorização do autor para registro da marca perante o Instituto Nacional da Propriedade Industrial – INPI. – “Não são registráveis como marca: [...] XVII - obra literária, artística ou científica, assim como os títulos que estejam protegidos pelo direito autoral e sejam suscetíveis de causar confusão ou associação, salvo com consentimento do autor ou titular;” (art. 124, LPI) 25 Caso “Brahma” (STJ, 4ª T - Resp 57449/RJ, Rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, j. 24/06/1997) • Profissional com “grande experiência no mercado” foi contratado como gerente de propaganda, para promover estudos de campanhas e peças promocionais para indústria de cervejas. • Em julho de 1973, encaminhou ao diretor comercial da empresa proposta de criação e sistematização de um novo logotipo da marca “Brahma”. – Com desenhos e textos, para demonstrar a necessidade da remodelação da marca, sobretudo a partir de nova programação visual. – A proposta foi aceita e implementada, e teria contribuído significativamente para o desempenho da Cervejaria. 26 14 Caso “Brahma” (STJ, 4ª T - Resp 57449/RJ, Rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, j. 24/06/1997) • Indignado com o não-pagamento de qualquer valor pela realização do desenho, após a rescisão do contrato de trabalho, pleiteou indenização pela criação da obra, pela metade do valor da marca. – A antiga Lei de Direitos Autorais (Lei nº 5.988/73, art. 36) previa que se a obra fosse produzida em cumprimento a dever funcional ou a contrato de trabalho ou de prestação de serviços, os direitos do autor pertenceriam a ambas as partes, salvo disposição em contrário. • Decisão: “Todo ato físico, literário, artístico ou científico resultante da produção intelectual do homem, criado pelo exercício do intelecto, merece a proteção legal, o logotipo, sinal criado para ser o meio divulgador do produto, por demandar esforço de imaginação, com criação de cores, formato e modo de veiculação, caracteriza-se como obra intelectual.” – “Sendo a logomarca tutelada pela lei de direitos autorais, são devidos direitos respectivos ao seu criador, mesmo ligada a sua produção a obrigação decorrente de contrato de trabalho.” 27 O que não é objeto de proteção da LDA • Ideias em si mesmas (art. 8º, I) – Regra geral: Direitos Autorais devem proteger expressões e não as idéias, métodos ou conceitos em si. – Justificativa: a criatividade só pode se desenvolver de forma eficiente se elementos essenciais como temas, tramas, enredos, tons, harmonia, cores e perspectivas continuem no domínio público. 28 15 Caso “Big Brother x Casa dos Artistas” (TJ-SP, 5a Câm. D. Priv – Agr. Regim. no Agr. Instr. 225.882.4/1-01, Rel. Des. Marcus Vinícius dos Santos Andrade, j. 08/11/2001) • 07/08/2001: Endemol Entertainment International B.V. (“Endemol”) e TV Globo Ltda. (“Globo”) celebram contrato de licença exclusiva para a produção e veiculação do programa “Big Brother” no Brasil. – Meses antes, a TV SBT Canal 4 de São Paulo S/A (“SBT”) tentou negociar, sem sucesso, com a Endemol. – SBT teria sido notificado da necessidade de sigilo em relação aos direitos de propriedade intelectual e à transação, e advertido a não usar direitos e informações da Endemol em seus programas. • 28/10/2001: SBT lança o “Casa dos Artistas”, sem qualquer divulgação prévia e sem a negociação de cotas de patrocínio. 29 Caso “Big Brother x Casa dos Artistas” (TJ-SP, 5a Câm. D. Priv – Agr. Regim. no Agr. Instr. 225.882.4/1-01, Rel. Des. Marcus Vinícius dos Santos Andrade, j. 08/11/2001) • Globo e Endemol propõem ação alegando, dentre outras teses, que a “Casa dos Artistas” constituiria plágio do “Big Brother”. – Juízo da 4ª Vara Cível da Comarca de Osasco⁄SP concede liminar proibindo o SBT de apresentar a “Casa dos Artistas”, sob pena de multa diária de R$ 200 mil. – “A idéia central do programa Casa dos Artistas é idêntica a do programa Big Brother, a semelhança dos cenários e roteiro é gritante”. – SBT recorre da decisão ao TJ-SP. 30 16 Caso “Big Brother x Casa dos Artistas” (TJ-SP, 5a Câm. D. Priv – Agr. Regim. no Agr. Instr. 225.882.4/1-01, Rel. Des. Marcus Vinícius dos Santos Andrade, j. 08/11/2001) • 08/11/2001: TJ-SP suspende a decisão de primeira instância entendendo não haver plágio entre a Casa dos Artistas e o Big Brother (AR 225.882-4). • “Programa tipo 'reality show' sem roteiro, por não possuir conteúdo definido em um texto pré-determinado - idéia de circunscrever pessoas em recintos fechados e método operacional de realização, visando expor os comportamentos dos participantes, não protegidos pelo direito autoral (Lei n.9.610 98, art.8º, I) - Formato televisivo que não se confunde com assunto, argumento ou obra literária.” 31
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