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Paradigmas e correntes em economia do meio ambiente 2007-1

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Aulas de Economia do Meio Ambiente 
Claude Cohen 1
OS DIVERSOS PARADIGMAS E A EVOLUÇÃO DO MEIO 
AMBIENTE NO PENSAMENTO ECONÔMICO 
 
• Preocupação com o meio ambiente 
meados dos anos 
60 
(movimentos libertários da época: países desenvolvidos, sem 
problemas mais graves no atendimento de necessidades 
básicas da população) 
• Anos 70 em diante (Conferência de Estocolmo em 1972) 
 
 
Questão ambiental: preocupação mundial 
• Clube de Roma 
Limits to Growth, 1970, D. 
MEADOWS e 1992: Beyond 
the Limits 
 
Hipóteses do Relatório do Clube de Roma: 
1. Em menos de 100 anos, ceteris paribus, a 
sociedade ficaria sem recursos necessários à 
produção e consumo 
 
 
 
Colapso 
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2. Abordagens gradativas não seriam suficientes 
Ex: Dobrando-se o valor dos recursos = dobra-se a 
poluição 
E 
Solução para problema de recursos escassos 
= 
solução de curto prazo, pois a população tenderia a 
crescer e provocar mais escassez 
 
 
Então: remoção de um limite = aparecimento de 
outro(s) limite(s) 
 
3. Ultrapassagem dos limites apenas através de 
ações imediatas: 
Ações necessárias: redução da população e crescimento zero, 
através de: 
• auto restrição ou 
• próprio colapso 
 
 
Interrupção do crescimento de qualquer forma 
 
 
 
 
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Esse estudo é também denominado de: 
Modelo pessimista básico 
E opõe-se ao 
Modelo otimista básico 
(KHAN, H., 1976, Next 200 years - A Scenarium for America 
and the world) 
 
Estrutura dos modelos: 
PESSIMISTA: 
• Neo-malthusiano 
• Limites físicos dos recursos 
• Feedbacks positivos e/ou negativos 
• Críticas: 
1. supõe inexistência de mecanismos como o 
aumento da eficiência para a redução de preços 
2. Ignora o impacto dos preços sobre a 
restrição da demanda e a viabilização de 
alternativas 
3. Não leva em conta a taxa de crescimento 
negativa da população dos países 
desenvolvidos 
4. considera base de recursos finita e não 
leva em conta recursos renováveis, energias 
alternativas e reciclagem 
 
X 
 
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OTIMISTA 
• Introduz o progresso tecnológico e se baseia muito nessa 
hipótese, supervalorizando-a em relação aos limites 
naturais. 
• Reavalia a observação sobre população, que considera 
ser exponencial até certo ponto, de saturação. 
• Modelo mais qualitativo do que quantitativo, baseado em 
cenários coerentes entre si, baseados no progresso 
técnico. 
• Considera a entrada de energia renováveis e alternativas, 
bem como a reciclagem. 
 
Crítica central aos 2 modelos 
 
perspectiva por demais baseada nas ciências naturais, onde o 
comportamento humano não entra como variável relevante 
 
• Nas ciências econômicas, comportamento do homo 
economicus é central 
• Ecoêntricos X Tecnocêntricos: 2 lados de uma estrutura 
de problematização do uso dos recursos naturais e do 
meio ambiente, que segundo TURNER (1993), subdivide-
se em 4 grandes grupos: 
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Escolas de análise do Meio Ambiente 
Ecocentrismo extremado ou de 
sustentabilidade muito forte 
Extremista, preservacionista 
radical, centrado na preservação 
integral da biosfera. Bioética. Deep 
ecology. Valor intrínseco da 
natureza. Direitos morais para 
espécies não humanas. 
Movimentos ambientalistas em 
geral 
Ecocentrismo socialista, 
coletivista ou de 
sustentabilidade forte 
Preservacionista com restrições ao 
crescimento econômico diante dos 
limites físico-sociais. Sistema sócio-
econômico descentralizado para 
garantir sustentabilidade. Valor 
intrínseco e instrumental da 
natureza. Desenvolvimento 
sustentável. Economia Ecológica. 
René Passet. 
Tecnocentrismo complacente ou 
de sustentabilidade fraca 
Considera que é possível conciliar 
crescimento econômico com 
equilíbrio ecológico se forem 
adotadas regras de gerenciamento 
do uso de recursos naturais. 
Conservacionista: substituição total 
dos recursos não é realista. 
Antropocentrismo. Valor 
instrumental da natureza. Escola 
de Londres. 
Tecnocentrismo extremado, de 
sustentabilidade muito fraca ou 
Cornucopiano 
Eficiência econômica, análise C/B, 
otimismo tecnológico (mercado 
assegura infinitas opções de subst. 
de fatores de produção através dos 
preços. Utilitarismo. Direitos de 
propriedade. Otimismo com relação 
à escassez de recursos a longo 
prazo, ética intragerações 
(repartição), também chamada de 
ética do crescimento econômico. 
Valor instrumental da natureza. 
Banco Mundial 
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Essa subdivisão apóia-se em uma abordagem 
relacionada à concepção do universo, desenvolvida 
pela reflexão filosófica ou científica: 
 
 
O lugar do homem e de suas 
atividades dentro do mundo físico 
fundamenta-se em 4 grandes formas, 
constituindo os paradigmas 
concorrentes na compreensão e 
explicação do universo. 
 
 
 
Essa divisão determina as próprias clivagens existentes não só 
dentro da economia do meio ambiente, como da própria análise 
econômica. 
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Os grandes paradigmas: 
1. O Naturicista 
 • Primazia da natureza e da ética 
• Metafísica 
• Qualitativo 
• Submissão do homem à ordem natural 
• Não indicado para desenvolvimentos econômicos 
• Em relação ao meio ambiente: geo ou biocentrado X 
economia do MA, auto-regulação, relações sem conflitos 
entre homem e MA. Economia em prol da ecologia 
 
 
 
 
 
Os 2 seguintes relacionam-se à física X metafísica: concepções 
da natureza racionalista e científica. 
• Se situam a a partir das leis da física 
• Divergem quanto à explicação dos fenômenos, e ao 
tipo de disciplina ao qual se reportam: mecânica ou 
termodinâmica 
• Deram origem a muitas construções econômicas: 
teoria neoclássica e análise convencional de 
recursos naturais e meio ambiente. 
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O Economicista 
 
• Universo mecânico: grandezas 
• Reversibilidade 
• Universo existe na medida em que é quantificável 
• Pouca importância dada ao qualitativo 
• Racionalismo: ações sem limites do homem sobre o 
universo físico modelo único para 
explicação de fenômenos físicos, do mundo vivo (animais, 
máquinas) e dos fenômenos sócio-econômicos. 
• Instrumento: razão de Descartes: natureza é um objeto 
externo ao mundo pensante, sem conotação espiritual ou 
ética. 
• Paradigma Newtoniano até século XIX; leis únicas, 
autoregulação, estabilidade, equilíbrio, reversibilidade do 
tempo, tempo mecânico e não histórico. 
• Ética antropocêntrica e utilitarista, além de imediatista 
• Racionalidade substancial: maximização de uma função 
objetivo sujeita a restrições, por meio de otimizações 
• Sem restrições com relação à reprodução ecológica 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2. O Termodinâmico 
 • Limites ecológicos absolutos 
• Leis da física mas segundo outra abordagem 
• Irreversibilidade do tempo, entropia e leis da termodinâmica 
• Racionalista e determinista, mas é a primeira tentativa de 
analisar a economia segundo outro paradigma: 
GEORGESCU-ROEGEN 
 
 
 
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3. A destruição criativa 
 • Acentua a especificidade do mundo vivo 
• Revisão da termodinâmica + biologia molecular 
• Tenta unir estabilidade da física + evolução Darwinista 
• Esferas econômica, social e biosfera 
• Analogia biológica e mudanças qualitativas 
• Desenvolvimento sustentável 
• PASSET, PRIGOGINE

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