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Sociologia - O poder da midia

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Trabalho de Sociologia 
O Poder da Mídia
Nomes: Felipe Arndt de Siqueira (RA 00175893); Pedro Henrique de Souza (RA 00176008); Rafael Henrique Garms Nogueira (RA 00175438)
Professora: Ida do Valle
Turma: NA2
1- Introdução 
Ao longo do tempo a mídia atravessou diversos estágios de desenvolvimento. Tal evolução sempre esteve diretamente relacionada com o desenvolvimento das economias e sociedades à sua volta. Dessa forma os livros, os jornais assim como as revistas a seu modo transformaram a civilização, e de certa maneira moldaram a esfera pública, consequentemente modificaram a cultura. Um dos fatores marcantes que contribuiu diretamente nas grandes mudanças políticas e sociais da humanidade, ressaltando a Revolução Francesa entre outros. Entender a evolução da mídia leva a compreensão do próprio comportamento humano. 
A impressora de Johannes Gutenberg, concebida no século XV, possibilitou a expansão de ideias e filosofias desenvolvidas anteriormente que, antes, ficavam restritas a poucos livros escritos à mão, agora de forma inédita passam a ser produzidos em maior quantidade. Neste período, não coincidentemente, houve uma grande expansão do protestantismo, dos ideais liberais e da alfabetização. Com o advento de novas técnicas, houve o surgimento de novas maneiras de informar e produzir conhecimento e o que hoje é denominado como sociedade midiática – um sistema fortemente influenciado pelo poder dos meios de comunicação.
Foi no início do século XVII que as publicações começaram a adquirir caráter de circulação diária e nos séculos seguintes passa a dominar o modelo de jornalismo com fins pedagógicos e políticos, ao qual se denominou “jornalismo literário”, cuja principal preocupação era oferecer à burguesia material para seus debates políticos e entretenimento, atividade que levou ao surgimento de pelo menos 200 diferentes publicações somente na Paris do século XIX. Durante a revolução industrial o jornalismo tornou-se parte importante no ramo da indústria pois a venda de exemplares já não sustentava os custos do processo de produção, transformando-se em mercadoria que para ser produzida, exigia um considerável aporte de capital.
A história da imprensa coincide, especialmente no caso brasileiro, com a história do desenvolvimento da sociedade de democracia capitalista. A pesada influência que o modelo norte americano exerceu sobre o modelo brasileiro de jornalismo modelaram os primeiros grandes compromissos a regerem o funcionamento da imprensa brasileira: a multiplicação de capital e a consequente manutenção do sistema que lhe dá esta possibilidade 
No mundo do capital, jornalismo se baseia pela satisfação de uma demanda de mercado que se dá basicamente em três sentidos: entretenimento, serviço e informação sobre a atualidade. Ao desempenhar sua função, o jornalista submete-se a uma linha editorial imposta pelos proprietários da publicação, embora esta imposição implique em certas concessões ao corpo funcional, o que leva a uma espécie de ‘‘controle negociado’’ das redações.
2- Modelos de Impresa 
Como dito anteriormente, a imprensa é estritamente ligada ao capitalismo. No entanto, não é atividade exclusivamente movida por interesses financeiros. Em boa parte dos países europeus, os jornais costumam afinar-se com linhas doutrinárias de caráter político partidário.
Várias foram as pesquisas para apontar as teorias dos modelos de imprensa. Em 1956, três pesquisadores americanos apontaram que as teorias de modelos de imprensa teriam origem em duas concepções de sociedade: a do absolutismo estatal e a do livre mercado. A primeira estritamente ligada ao poder do Estado, com controle por meio de patentes, autorização e censura. A segunda a partir do desenvolvimento do liberalismo.
Temos também o modelo da ‘‘responsabilidade social’’. O grande comércio financia a produção e a distribuição dos meios de comunicação em massa. E quem paga, geralmente, manda. A quarta teoria é a ‘‘comunista soviética’’. De acordo com essa teoria, a tarefa principal da imprensa seria de apoiar a preservação e o progresso do sistema socialista e do seu partido.
Em tese, quanto mais livre é a atividade econômica, tanto mais livre é o exercício da comunicação social, o que nem sempre é sinal de qualidade. No caso brasileiro, há dois modelos distintos de funcionamento dos meios de comunicação social. Os meios impressos, que reúnem jornais e revistas, regem-se puramente pelas leis de mercado, havendo total liberdade para que sejam criados e façam suas opções editoriais. Em relação aos meios eletrônicos o interessado precisa de submeter a uma concorrência pública para conseguir concessão federal autorizando a exploração do serviço, em como autorização do Ministério das Comunicações. Isso ocorreu a partir da Constituição de 1988.Anteriormente a Constituição, seja no período da Ditadura Militar ou na retomada da democracia, o Governo Federal fez um intenso uso de seu poder para atribuir concessões a seus aliados, em troca de apoio político. Isso fez com que as principais emissoras de TV tenham filiais ligadas a políticos.
O governo federal historicamente também utiliza de sua condição de maior anunciante do país para exercer um relativo controle sobre os meios, dos quais os meios impressos não escaparam. No entanto, a atribuição de verbas e publicitárias e concessões não chega a ser o maior problema da mídia brasileira.
A monopolização é um caso problemático para quem deseja uma sociedade igualitária e democrática. Embora existam leis que procurem coibir o monopólio do setor, a realidade é bem diferente. No Rio de Janeiro, por exemplo, o Sistema Globo controla emissoras de televisão e rádio, editoras de livros e revistas, um jornal diário, TV a cabo, uma gravadora de música e um portal na internet. O grupo proíbe seus artistas de aparecerem na tela de outras emissoras e chega mesmo a contratar alguns com o objetivo de afastá-los da concorrência. Não se pode deixar de salientar que muitas emissoras filiadas à Rede Globo são de propriedades de políticos conhecidos, como por exemplo José Sarney e Fernando Collor de Melo.
3- O Espetáculo Midiático
Os meios de comunicação não agem de forma maquiavélica, como muitos pensam. Eles ‘‘vendem’’ aquilo que seu público deseja consumir, usando e abusando de recursos tecnológicos, em uma sociedade capitalista em que tudo se transforma em mercadoria. Isso faz com que muitos assuntos sérios sejam deixados de lado para que o entretenimento do público seja satisfeito. Daí nasce a diferença entre ‘‘interesse público’’ e ‘‘interesse do público’ ’Por esse motivo, as coberturas jornalísticas privilegiam narrar fugas e rebeliões em presídios ao invés de questionar o modelo judiciário.
Um episódio que mostra até que ponto chega a mídia é a do programa do apresentador ‘’ Serginho Malandro’’ em 23 de fevereiro de 2002, no qual chamou duas ‘‘mulheres de programa’’ e o ‘‘agenciador’’ para debater no palco. Inconformado com a explícita evidência de tráfico internacional de garotas, um procurador da república unido a uma delegada foi até a sede da emissora e descobriram que tudo não passava de uma armação.
Outro caso, no entanto, agora marcando que nem sempre o meio de comunicação consegue seus objetivos, foi a eleição em que a Rede Globo teve que engolir a vitória de Leonel Brizola, para o governo do Estado do Rio de Janeiro. Na época, não havia apuração eletrônica, o que possibilitou a emissora e a empresa de apuração Proconsult priorizarem a divulgação dos resultados das urnas em que o candidato já perdia o pleito. Brizola percebeu que o clima de ‘’já perdeu’’ poderia influenciar, o que abriria margem para fraudes e manipulação de resultados. Reagiu a altura e conseguiu autorização judicial para fazer um pronunciamento na própria Rede Globo.
4- Valores da Notícia
No mundo do capital, jornalismo se baseia pela satisfação de uma demanda de mercado que se dá basicamente em três sentidos: entretenimento, serviço e informação sobre a atualidade. Ao desempenhar sua função, o jornalistasubmete-se a uma linha editorial imposta pelos proprietários da publicação, embora esta imposição implique em certas concessões ao corpo funcional, o que leva a uma espécie de ‘‘controle negociado’’ das redações. De outro lado, os jornalistas ainda são levados a tentar descobrir quais temas e abordagens mais agradem a seus leitores, ou seja, quais assuntos estariam na pauta do dia da preocupação de seu público. Uma terceira ordem de valores vem do próprio jornalista, comprometidos que juram ser com o relato fiel dos acontecimentos de relevância noticiosa. Por fim, o profissional de imprensa ainda está sujeito as pressões e articulações oriundas das próprias fontes de informação e agente social.
5- Direitos e Liberdade
Se algum dia for preciso debater o tema ‘‘liberdade de imprensa’ ’coloque o cidadão como sujeito da frase, transferindo o debate para ‘’ direito de informação’ ’que está inserido na Constituição de 1988. Os meios de comunicação são empresas que apresentam interesses, sendo o primeiro deles o de cuidar de sua própria sobrevivência na lógica capitalista. No entanto, quando a frase é alterada para ‘‘direito a informação’ ’entramos no campo da cidadania. É preciso se pensar numa justiça midiático, em que todo tem acessam aos meios de comunicação. No entanto, é difícil pensar nessa cidadania em um país com tanta miséria, em que os índices de analfabetismo ainda são enormes.
6- Influência e Política
Os meios de comunicação, desde a descoberta da imprensa, sempre foram grandes instrumentos para as pessoas se informarem. Com a evolução dos meios tecnológicos do século XX poder da mídia aumentou ainda mais. É certo a sua importância para o mantimento de uma democracia, no entanto é necessário analisar até que ponto ela pode influenciar em um Estado Democrático de Direito. Essa pergunta tem fundamento no fato de que sempre que é necessário o apoio social para alguma ação específica, a sociedade é utilizada como massa de manobra, sendo bombardeada com notícias, reportagens, propagandas e publicidades.
Todo tipo de reportagem apresenta algum ponto de vista mesmo que esteja implícito. Isso obviamente acaba refletindo na opinião geral. O problema disso tudo é que na mídia, diferentemente do que ocorre no mundo judicial, não existe o princípio do contraditório ou da ampla defesa. A notícia, quando chega na casa das pessoas, a influência de tal maneira que elas tomam isso, na maioria das vezes, como verdade absoluta. Isso acaba prejudicando o sistema judiciário brasileiro. Não precisamos ir tão longe para lembrar do caso da Escola Base da zona sul do Rio de Janeiro. Os donos dessa escola foram acusados de pedofilia e de drogar as crianças para essa prática. A mídia, logo de cara, já fez seu julgamento e os condenou emitindo grandes reportagens (de capa de jornal). No campo da lei não foi bem assim que ocorreu. As acusações eram infundadas e eles foram absolvidos. No entanto, já era tarde para os donos da escola. Suas dependências foram pichadas e depredadas. Como eles continuariam a viver? A receber salários? A sustentar suas famílias? 
Por conta de sua influência, a mídia sempre andou paralelo os detentores de poderes políticos. A política e os políticos trabalham com um material especial, que é a credibilidade. A matéria prima da política é a credibilidade, um capital simbólico. Ora, a mídia é o meio de produção desse capital, tanto para construí-lo, como para destruí-lo, como é o caso do escândalo político. Quando se fala em mídia como quarto poder é necessário ressaltar, de imediato, que esse assim chamado poder também ser um poder usurpado. Isso por que esse poder que a mídia se atribui não lhe foi conferido pelo povo, origem do poder legítimo nas sociedades democráticas. A mídia se arrogou esse poder por conta própria, sem levar em conta a população, mas baseada apenas em sua força econômica, política e ideológica, acumpliciando-se a setores da classe política. Ninguém conferiu esse poder a ela.
7- Conclusão
Toda generalização nos induz ao erro. Não podemos acreditar que tudo que vem da imprensa deve ser descartado e jogado fora. No entanto, por seu histórico e por vários exemplos concretos temos que aprender a filtrar informações. É necessário que formemos nossas próprias conclusões, não deixando que formem pela gente. A média de horas que um brasileiro fica diante da TV é de 4 horas, recebendo uma grande 'carga de informação', porém cabe a nós perceber que a mídia não é onipotente. Devemos exercer de forma pacifica e legitima o nosso poder, diria o quinto poder, lutando pela democratização dos meios de comunicação, pois com isso certamente a mobilização popular e as iniciativas de mudanças serão muito mais fáceis e rápidas.
No Brasil a relação de interesses transcende as questões informativas e passa ao âmbito político para arregimentar públicos e, consequentemente, formar opiniões. Este quadro ajudou a moldar significantemente o quadro político-partidário brasileiro. Entre os proprietários de emissoras afiliadas à Rede Globo de Televisão, estão diversas personalidades políticas, o que não significa que a poderosa emissora dê apoio incondicional a seus “aliados” já que em algumas poucas oportunidades, nas quais teve de escolher entre seus aliados ou a audiência, optou pelo lado público. No Brasil, os veículos de comunicação de massa fazem a opção ideológica a favor do capital, necessariamente por se tratarem de empresas sujeitas às leis da livre-concorrência; mas também fazem, em muitos casos a opção pelo clientelismo por pertencerem, em larga escala, a políticos que tornaram empresários do setor, ou empresários do setor que encontraram na política um caminho menos árduo que o da livre-concorrência. Ademais os meios de comunicação ainda se submetem a vontade do público, sem o qual nenhum meio de comunicação mereceria a atenção por parte das autoridades ou do próprio sistema lhes dá sustentação.

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