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DIETOTERAPIA NAS DOENÇAS DA CAVIDADE ORAL Anatomia da Cavidade Oral Dietoterapia nas Doenças da Cavidade Oral CONSIDERAÇÕES GERAIS Cavidade oral: recebe o alimento; Dentes: cortam e trituram; Saliva: massa alimentar é umedecida e lubrificada pela saliva; Inicia-se a digestão do amido através da alfa amilase. Comprometimento da cavidade oral pode ser total ou parcial: movimento, mucosa, língua, gengiva e dentes Funções da cavidade oral: ingestão, mastigação, salivação, início da deglutição (1ª estágio), início da digestão e paladar Dentição e adequação de próteses devem ser avaliadas por todos profissionais de saúde, inclusive nutricionista. Dietoterapia nas Patologias da Cavidade Oral Principais comprometimentos da cavidade oral que podem prejudicar a alimentação DISFAGIA - dificuldade de deglutição ODINOFAGIA - dor na deglutição XEROSTOMIA – diminuição da salivação e “boca seca” DISGEUSIA – alteração de paladar MUCOSITE – inflamação da mucosa oral GLOSSITE – inflamação da língua QUEILOSE – inflamação e fissura de lábios ESTOMATITE ANGULAR – inflamação e fissura dos cantos do lábio GENGIVITE E PERIODONTITE – inflamação da gengiva e dos tecidos de sustentação dos dentes ULCERAÇÂO TECIDUAL / HEMORRAGIAS – inflamações e traumas OBSTRUÇÃO – provocada pela presença de massa tumoral ou imobilização para reparação óssea ou tecidual SIALORRÉIA (ptialismo ou polissialia) – secreção abundante de saliva 4 DEGLUTIÇÃO Disfagia DISFAGIA Risco de aspiração do alimento para os pulmões e obstrução de vias áreas. Indicadores de disfagia: • Tossir após as refeições, salivação excessiva, • Alimento saindo pelas narinas, “limpar” a garganta, engasgar, • Infecções respiratórias frequentes, escape oral, regurgitação, • Desconforto após a alimentação com sensação de globus faríngeo, disfonia, estridor. Principais causas da disfagia; • Dismotilidade (geralmente decorrente de prejuízo neurológico) e/ ou obstrução; • Principais consequências: • BCP broncoaspirativa; • Desnutrição. DIAGNÓSTICO História Clínica Exames complementares: Videodeglutograma (avaliação funcional) Nasofibroscopia (avaliação estrutural) Manometria gástrica Importante avaliação multidisciplinar e intervenção do FONOAUDIÓLOGO: avaliação por videodeglutorama e videofluroscopia e intervenção por meio de exercícios de fortalecimento muscular. TRATAMENTO: Multidisciplinar: Médico, nutricionista, fonoaudiólogo 8 VIDEODEGLUTOGRAMA TÉCNICAS APLICADAS: • Adaptação da textura necessita de alto grau de INDIVIDUALIZAÇÃO. • São utilizadas no tratamento evolutivo das DISFAGIAS, em conjunto com o fonoaudiólogo; • Maior risco de aspiração: LIQUIDOS “ralos” → maior dificuldade de controle durante a deglutição; •Sabores como doce ou azedo podem estimular a salivação, mastigação e deglutição: recomendados para alguns casos / pacientes; • Temperatura quente ou gelada (Tº extremas), especialmente quando alternadas podem estimular a resposta à deglutição: recomendadas em alguns casos. ESPESSANTES • Líquidos (frios ou quentes) podem receber ESPESSANTES naturais ou artificiais • Exemplo: amido de milho, mucilagem de arroz, farinhas de aveia e láctea • Comerciais: Resource Thick-up (Nestlé Nutrition), Biosen® (NutriSenior), Thick-easy (Hormel) e Nutilis(Support/Danone). À base de amido de milho modificado Espessantes Comerciais 1ª FASE Indicação: treinamento de deglutição utilizada em pacientes de ALTO RISCO DE ASPIRAÇÃO ALIMENTOS E PREPARAÇÕES: alimentos macios, úmidos e liquidificados SEM líquidos ralos exceto água (entre as refeições), com líquidos espessados. 2ª FASE Indicação: transição entre a fase de líquidos espessos e ralos em pacientes com RISCO DE ASPIRAÇÃO ALIMENTOS E PREPARAÇÕES: alimentos na forma de purê, moídos e macios, necessitando de pouca mastigação, SEM líquidos ralos exceto água (entre as refeições), com líquidos espessados. 3ª FASE Indicação: pacientes SEM RISCO DE ASPIRAÇÃO ALIMENTOS E PREPARAÇÕES: alimentos macios e picados necessitando de pouca mastigação com a inclusão de líquidos ralos. TRATAMENTO PARA DISFAGIA TRÊS NÍVEIS DE TEXTURA baseados na capacidade oral, de acordo com as seguintes indicações e características: 12 Consistências Exemplos de dieta para disfagia Refeição FASE I Pastosa liquidificada c/ líquidos espessados FASE II Pastosa c/ líquidos espessados FASE III Pastosa Desjejum Mingau de farinha de aveia Café c/ leite espessado Papa de banana Pão de forma sem casca com geléia Café c/ leite espessado Banana amassada Pão de forma sem casca com geléia Café c/ leite Banana amassada Almoço Canja espessada Arroz pastoso liquidificado Purê de beterraba c/ batata Carne moída liquidificada Pudim de leite Suco de maracujá coado espessado Canja espessada Arroz pastoso Purê de beterraba c/ batata Carne moída Pudim de leite Suco de maracujá coado espessado Canja Arroz pastoso Purê de beterraba c/ batata Carne moída Pudim de leite Suco de maracujá coado 13 Exemplos de dieta para disfagia Refeição FASE I Pastosa liquidificada c/ líquidos espessados FASE II Pastosa c/ líquidos espessados FASE III Pastosa Lanche da tarde Leite com achocolatado espessado Leite c/ mamão e maçã e farinha láctea Leite com achocolatado espessado Leite c/ mamão e maçã e farinha láctea Leite com achocolatado Leite c/ mamão e maçã e farinha láctea Jantar Sopa de feijão c/ batata Arroz pastoso liquidificado Creme de espinafre Frango liquificado Creme de manga Suco de uva espessado Sopa de feijão c/ batata Arroz pastoso Creme de espinafre Frango desfiado Creme de manga Suco de uva espessado Sopa de feijão c/ batata Arroz pastoso Creme de espinafre Frango desfiado Creme de manga Suco de uva Ceia Creme de abacate Chá com espessante Creme de abacate Chá com espessante Creme de abacate Chá Pão com geléia 14 DIETOTERAPIA Objetivos da Terapia Nutricional •Fornecer uma dieta de consistência adequada à disfagia; •Reduzir o esforço da mastigação, estimular a deglutição; •Atender às necessidades nutricionais do paciente; •Manter e ou recuperar adequado estado nutricional. Terapia Nutricional •Dieta hipercalórica e hiperprotéica (se necessário); •Consistência irá depender do grau da disfagia •Pode ser indicada Nutrição Enteral em casos de disfagia mais grave Tipo de Alimento Adicionar para enriquecer Leite Leite em pó, mel, creme de leite, sorvete Sopas Azeite ou óleo vegetal, margarina, queijo ralado ou picado, requeijão Carne Ovos, queijo, molhos a base de leite Frutas Farinhas, leite condensado, mel, aveia, leite em pó, chocolate, sorvete Pães e Cereais Geléia, mel, manteiga o margarina derretida, queijo Suplementos em pó ou líquidos Incluir nos intervalos entre as refeições Sugestões para aumentar a oferta energética e protéica REFLUXO GASTROESOFÁGICO Inflamação da mucosa esofágica decorrente do refluxo do conteúdo ácido-péptico gástrico Esofagite Diminuição da pressão do esfíncter (não se contrai após a passagem do alimento para o estômago, permitindo o retorno Fisiologia Normal da DigestãoControle da Pressão do EEI Sistema nervoso e humoral Fase Gástrica gastrina Aumenta a pressão Fase Intestinal Colecistocinina (CCK) e a Secretina Diminuem a pressão A cafeína, teobromina, as xantinas e o álcool também diminuem a pressão do EEI, portanto contribuem para o Refluxo EEI = Esfíncter Esofágico Inferior Mecanismo de controle do EEI • Presença do alimento no esôfago “abre” e no estômago “fecha”; • Fatores hormonais principais: – Gastrina ( pressão e mantém a contração); – Secretina e Colecistocinina ( a pressão e relaxa). • Diminuem a pressão do EEI: – Fármacos (anticolinérgicos, anticoncepcionais, benzodiazepínicos, bloqueadores do canal de cálcio, corticóides e nitratos); – Fumo; Álcool; – Alimentos: cafeína, ácidos. Principais causas de Refluxo • Doença multifatorial • Alterações no mecanismo do Esfíncter Esofagiano Inferior (EEI); • Pode ocorrer devido à diminuição da pressão basal do EEI; • Outros fatores que podem contribuir com a ocorrência são: • Acalasia; • Ascite ( da pressão intra-abdominal); • Obesidade ( da pressão intra-abdominal); • Gestação ( da pressão intra-abdominal e hormonal); • Gastrite/ Úlcera; • Uso prolongado de sonda nasogástrica ou nasoduodenal. REFLUXO GASTROESOFÁGICO Objetivos da Terapia Nutricional •Prevenir a irritação da mucosa esofágica na fase aguda; •Auxiliar na prevenção do refluxo gastroesofágico; •Contribuir para aumento da pressão do EEI; •Corrigir e manter o peso ideal. Consequências do DRGE • Regurgitação do conteúdo gástrico para o esôfago; • Pirose (dor toráxica em queimação); • Esofagite; • Ulcerações e hemorragias locais; • Hematêmese (vômitos com sangue) e anemia; • Esôfago de BARRET (metaplasia de epitélio devido a uma lesão prolongada), com risco elevado de ADENOCARCINOMA; • Emagrecimento e desnutrição; • Plenitude pós prandial (empachamento) sialorréia, halitose, faringite, rouquidão, aspiração e estenose. • Diagnóstico • Quadro Clínico • pHmetria , EDA, Esofagodeglutograma e Manometria • Exame radiológico de contraste • Tratamento • Antiácidos (hipossecretores) e procinéticos ( pressão do EEI); • Cirurgia em casos mais graves para reconstrução do EEI; Comportamental: – Cabeceira da cama elevada (12 a 15 cm); – Evitar posições que elevam a pressão intra-abdominal: posturas inadequadas, cintas e roupas apertadas; – Deitar-se após 2 horas da última refeição; – Não fumar ( pressão do EEI). RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA ESOFAGITE/DRGE Característica Recomendação Nutricional VET Suficiente para manter o peso ideal Lipídios Hipolipídica (<20% das calorias totais); evitar alimentos e preparações gordurosos, uma vez que a CCK diminui a pressão do EEI Consistência da dieta Fase aguda: liquida ou semi-líquida com evolução até a dieta geral Fracionamento 6 a 8 refeições ( pequenos volumes) Líquidos Oferecer entre as refeições, evitar no A e J para diminuir o volume Excluir Alimentos que diminuem a pressão do EEI: café, mate, chá preto, bebidas alcoólicas, chocolate; Alimentos que irritam a mucosa inflamada: sucos e frutas ácidas, tomate Alimentos que estimulam a secreção ácida: com teor de purinas Recomendações Gerais Não comer antes de dormir (duas horas) Comer em posição ereta Não deitar após as refeições Manter horários regulares para evitar aumento do volume das refeições Não usar roupas apertadas Manter a cabeceira da cama levantada SAÚDE BUCAL X CÁRIE • CÁRIE DENTAL = desmineralização do dente (descalcificação) e destruição ácida (CHOs + bactérias orais) • Saliva lubrificante - ajuda neutralizar nível ácido • Vômitos freqüentes (bulimia, hiperêmese gravídica) • Xerostomia (CA garganta – RT – gl. Salivares) • SACARÍDEOS: parte do amido consumido fica retido na cavidade oral, sobre coroas ou proximidades • Alimentos cariogênicos: freqüência da ingestão de CHOs e tempo de permanência na boca e aderência (caramelos) • Alimentos cariostáticos: proteínas e gorduras DANIFICAÇÃO ESMALTE EROSÃO DENTÁRIA SAÚDE BUCAL X CÁRIE • Conduta Nutricional - Água: hidratação e limpeza - Fibra (celulose): limpeza e favorece irrigação - Evitar lanches isolados com excesso de CHO - Bebidas ácidas (refrigerantes, sucos cítricos) erosão do esmalte dentário. Duração de exposição do ácido é importante!! Tomar refrigerante em 10 minutos é menos prejudicial que em 1 h. - Fornecimento adequado de Ca = formação esmalte forte (começa no útero) HIGIENIZAÇÃO BUCAL ADEQUADA !! EXERCÍCIO GH, 87 anos, internada após AVC. Evolui com baixa ingestão oral. Após avaliação fonoaudiológica, observa-se disfagia nível III. •Peso atual: 49.6kg •Altura: 1.57m •Peso habitual: 56kg • Calcule a NET (fator atividade: 1,25; fator injúria: 1,3) • Elabore um cardápio qualitativo 25 Bibliografia •Fraga LM, Calvitti SV, Lima, MC, Leitão, MC. Nutrição na maturidade – aspectos da disfagia. Nestlé Nutrition. •Caruso, L. Distúrbios do trato digestório. IN: Cuppari, L. Guia de nutrição: nutrição clínica no adulto. Manole, 2005. 26
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