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;\ -'\T n -,-i ~ r~a'"":' ['~ L"l.. !CilJ__uAJ ':5 ~A} a-II"Y) l~~l~e-r~4- c~11e-~ , .LlL--'J' - j --,---,,-lc-v j (]p'--'-v Luis Enrique Sánchez MODELOS E FERRAMENTAS DE GESTÃO AMBIENTAL A . 1~ avaliação de impacto ambiental (AIA) é um instrumento de plane- jamento da maior importância para empresas privadas e órgãos públicos. Com o objetivo de antecipar os resultados futuros de decisões tomadas no presente, a AlA proporciona um quadro sistemático e estruturadoque permite evitar ou minimizar consequências socioambientais indesejáveis e estabelecer diálogos com as partes interessadas. As potencialidades já demonstradas da' AIA, entretanto, são muitas vezes desconhecidas dos dirigentes empresariais -'e mesmo de seus gerentes de meio ambiente -, que a veem como uma formalidade burocrático- -legal necessária para obter uma licença ambiental. Em alguns casos, despendern-se somas consideráveis na contrataçâo de estudos ambientais, na realização de audiências públicas e mesmo na contrataçâo de serviços especializados de comunicação, com a ,finalidade de obter a aprovação de um novo projeto e a concessão de sua licença ambienta]. Uma vez implantado o empreendimento, outros serviços são contratados para orientar a gestão ambiental, eventualmente até mesmo com a adoção de um sistema de gestão. Os estudos anteriores são esquecidos, reinicia-se o trabalho com o levantamento de aspectos e impactos ambientais, seguido da definição de objetivos e metas, com a expectativa de que se consiga atender aos requisitos legais, entre os quais destacam-se as condicionantes da própria licença ambiental, cuja obtenção foi demorada e custosa (e, ademais, baseada no estudo de impacto arnbientall). O estudo de impacto ambienta] (ElA), suas complementações, os planos de controle ambienta] e demais estudos e documentos exigidos pelos órgãos ambientais somente teriam valor como um meio para a obtenção da licença? . A avaliação de impacto ambiental- ferramenta básica do planejamento am- biental de novos projetos - teria alguma contribuição para a gestão ambiental desse empreendimento? Poderia, de alguma forma, orientar sua implantação, operação ou desativação? É evidente que sim, embora muitos gestores am- . bientais e muitos gerentes de projeto não vejam com clareza essa conexão. Este texto explora algumas ligações possíveis e busca apontar sinergismos entre as etapas de planejamento e de gestão ambiental de empreendimentos. Diversos instrumentos foram desenvolvidos nas últimas décadas para atender às necessidades de planejamento e gestão ambiental de entidades governamentais e privadas, Alguns tornaram-se exigência legal, a exemplo da avaliação de impacto ambiental, da análise de risco, do licenciamento AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL ambiental e, parcialmente, da auditoria ambiental, enquanto outras ferra- mentas encontram suas principais aplicações em iniciativas voluntárias de empresas e demais organizações ou no atendimento a demandas do mer- cado, como os sistemas de gestão ambiental, a avaliação de desempenho ambiental, a investigação e avaliação do passivo ambienta], a avaliação do ciclo de vida, a rotulagem ambiental e a demonstração de responsabilidade social. Essas ferramentas foram desenvolvidas para atender a necessidades específicas e têm sido aplicadas de maneira relativamente estanque. Por exemplo, os estudos prévios de impacto ambiental raramente consideram as necessidades futuras de gestão do empreendimento, e, caso a organiza- ção opte por adotar um sistema de gestão, as informações colhidas durante a elaboração desses estudos raramente são utilizadas. Da mesma forma, os estudos de impacto ambiental raramente consideram os impactos do ciclo de vida dos materiais de construção, das matérias-primas e dos insumos utilizados na implantação e operação de empreendimentos que avaliam. Os próprios profissionais e pesquisadores que atuam no ramo do pla- nejamento e gestão ambíental parecem desenvolver nichos especializados e pouco interagem entre si. Da mesma forma, empresas de consultoria se especializam em determinados tipos de serviços, para os quais empregam um número limitado de ferramentas. Para fins da análise apresentada neste texto, entende-se que as atividades de planejamento ambiental dizem respeito aos estudos prévios, à análise de alternativas, à consulta pública e à decisão final sobre um projeto ou investimento, enquanto as atividades de gestão ambiental significam a apli- cação das medidas preventivas, mitigadoras e demais programas ambientais durante as três principais fases do período de vida de um empreendimento (implantação, operação e desatívaçâo). i\U c' li ''lC' ~ (\ C''I! r, ,;111'&,' \ '-t r t r, ., 1,)(,\,1" ~ {li'1-'Ilv (tl):~ ~(Hy t~I 1._ lJi,[t\.~;U0.,HIJ 1,~;i ,SH,::'lI Q f ,!,' -fi; cõ t-1.,' ç~ t::~ ,CiO,Il4,; 'i'n~,p'1{ " ;~ ,--. J.. LtiL~.:\}u t'LJL ~ N~.J....J ~-,-,J LJl.--, ..~.kJ 11~~~."t.tlt(tt.i ;j É indiscutível que a AIA, ao identificar as consequências futuras de ações presentes, tem corno principal finalidade a análise da viabilidade ambientalde novas decisões de investimento, Nesse sentido, um de seus papéis é certamente o de ajuda à decisão, O processo de AIA informa os MODELOS E FERRAMENTAS DE GESTÃO AMBIENTAL tomadores de decisão - tanto os empreendedores quanto os investidores e as autoridad~s governamentais ~ acerca da magnitude e da importância das alterações socioambientais decorrentes de um projeto. Informa também sobre as medidas necessárias para evitar, reduzir ou compensar os impac- tos adversos e, portanto, sobre os custos de mitigação que deverão ser internalizados para garantir a viabilidade do projeto. Ao promover, de modo estruturado, uma consulta pública, o processo de AIA também possibilita a expressão de pontos de vista da sociedade (que os gestores ambientais chamam de partes interessadas), alertando os tomadores de decisão.' Trata-se, evidentemente, de uma decisão acerca da concessão de uma licença ambiental e das condições a serem impostas .ao empreendedor para que seu projeto possa seguir adiante. Mas há diversas outras decisões tomadas ao longo do processo de AIA que têm implicações para as futuras atividades de gestão ambiental, em caso de aprovação do projeto. Trata-se de decisões acerca de alternativas tecnológicas e de localização (uma das questões centrais da avaliação de impacto ambiental), de decisões acerca de medidas mitigadoras e outras ações de controle ambiental que serão incorporadas ao projeto e mesmo de decisões sobre possíveis modificações de projeto, com vistas a eliminar ou reduzir a magnitude dos impactos adversos. Essas questões são tratadas no EIA e assentam as bases das futuras necessidades de gestão. Assim, a AIA tem também o papel de servir como ferramenta de planejamento de projeto, analisando alternativas, testando hipóteses e propondo soluções de menor risco, buscando assim reduzir os impactos ambientais adversos, ao mesmo tempo que busca maximizar os benefícios econômicos e os impactos socioambientais positivos. Um terceiro papel daAIA éde negociação social. Os projetos com poten- cial de causar impactos ambientais significativos2 tendem a ser controversos. Por isso o processo de AIA inclui procedimentos de consulta pública, como a divulgação antecipada do projeto, a publicidade do relatório de impacto ambiental e mecanismos para que os cidadãos expressem suas preocupações e pontos de vista, como as audiências públicas. Desse processo podem I Acerca da definição de processo de avaliaçãode impacto ambiental e descrição dos principais elementos desseprocesso, ver L. E. Sánchez, Avaliação de impacto ambiental: conceitos e métodos (São Paulo: Oficina de Textos, 2006), p. 496. O processo de avaliação de impacto ambiental e seus componentes também são tratados em vários livros-texto sobre avaliação de impacto ambiental, como P.André et al., EnvironmentalAssessmentfor Sustainable Deuelopment. Processes,Actors and Practice (Montreal: Presses lnternationales Polytechnique, 2004). 2 Estudos de impacto ambiental são requeridos para empreendimentos que tenham o potencial de causar impactos significativos, segundo um princípio adotado internacionalmente e pela Constituição brasileira. 86 AVALlAÇÁO DE IMPACTO' AMBIENTAL surgir modificações do projeto ou medidas mitigadoras ou compensatórias adicionais, que podem ser incorporadas às exigências da licença ambiental. O quarto papel atribuído à AIA é justamente o de instrumento de gestáo ambiental, uma vez que do processo de AIA resultam diretrizes, orientações para a gestão ambiental do ernpreendimento.ê O que tem ocorrido é que esse último papel tem sido pouco explorado, apesar de todo o seu potencial. Vários autores, como Bailey, Morrison-Saunders e Bailey,Ridgeway, Sánchez e Hacking, Slinn, Handley e Jay,Van der Vorst, Grafé-Buckens, Sheate e Varnâs, Faith-Ell e Balfors, têm apontado essa lacuna e proposto caminhos para integrar ·asetapas de planejamento e de gestão ambienta! dos empreendimentos, assim como integrar os diversos instrumentos de planejamento e gestão.4 O próprio Conselho Empresarial .\1undial para o Desenvolvimento Sustentável. (World Business Council for Sustainable Development - WBCSD) preconiza a integração com um sistema de gestão ambiental (SGA) como um caminho para "maximizar o valor da AIA".5 01 1\ ''1° - I' . ~1-~O· . 'no s: r!$ M 1n rij ~. \uiuzar ctCta\;auacao ( e ~J ~ • t' hi11P,/) 'f), n "-.n .)"}. .;.~,"p .~, 'i'---""-"J- (le. . ,j c,c.s11 1 Uma grande quantidade de instrumentos de planejamento e de gestão ambienta! foi desenvolvidá a partir da década de 1960. Uma verdadeira caixa Para uma discussão sobre os papéis e o potencial da AIA, ver L. E. Sánchez, "Os papéis da avaliação de impacto ambienral", em L. E. Sánchez (org.), Avaliação de impacto ambiental: situação atual eperspectivas (São Paulo: Epusp, 1993), pp. 15-33 ou L. E. Sánchez, "Os papéis da avaliação de impacto ambiental", em Revista de Direito Ambiental, n20, São Paulo, 1996, pp. )38-157. J. Bailey, "Environrnenral Irnpacr Assessment and Managemenr: an Underexplored Relaríonship", em Enuironmental Management, 21 (3), 1997, pp. 317·327; A. Morrison-Saunders & J. Bailey, "Exploring the EIAlEnvironmenral Managemenr Relarionship", em Emdronmental Management, 24 (3), 1999, pp. 281-295; B. Ridgeway, "The Project Cycle and the Role of ElA and EMS", emJournal of 'Enoironmental Assessment Policy and Management, 1 (4), 1999, pp. 393-405; L. E. Sánchez & T. Hacking, "An Approach to Linking Environrnental Impact Assessrnent and Environmenral Managemenr Systerns", em ImpaetAssessment and Project Appraisal, 20 (1),2002, pp. 25-38; P. Slinn et al., "Connecting EIA to Environmenral Management Systems: Lessons from Industrial Estare Developmems in England", em Corporate Social Responsibility and Enuironmental Management, 14 (2), 2007, pp. 88-102; R. van der Vorsr et ai" "A Systemic Frarnework for Environmenral Decision-Making", em [ournal of Enoironmental Assessmen Policy and Management; 1 (1), 1999, pp. 1-26; A. Varnâs et al. "Línking Environrnenral Impacr Assessrnenr. Environmenral Management Systems and Green Procuremem in Construction Projecrs: Lessons irem the O::,' Tunnel Project in Malmõ, Sweden", em Impact Assessment and Project Appraisal, 27 (I), 2009. pp. 69- -6. World Business Council for Susrainable Developrnenr, Enuironmental Assessment. A Business Perspectice (Genebra: WBCSD, 1996). MODELOS E FERRAMENTAS DE GESTÃO AMBIENTAL deferramentas está disponível na atualidade, como mostra o quadro 1.Algu- mas ferramentas se aplicam ao processo produtivo, enquanto outras foram desenvolvidas para gerenciar aspectos ambientais relativos aos produtos ou serviços. O subconjunto de ferramentas que interessa aqui é aquele que , pode ser utilizado no planejamento e na gestão dos processos produtivos, para que possam ser apontados à lugar da AIA e seu potencial de aplicação. No quadro 1 os instrumentos são divididos em três grupos, segundo suas funções principais: 1. analíticos; 2. gerenciais e 3. comunicativos. É ínreressanre notar que a AIA foi o instrumento pioneiro, aquele que estabeleceu os fundamentos da gestão ambiental e qU,edeu origem a diversos outros desses instrumentos. Por exemplo, são muitos os pontos comuns entre as metodologias empregadas na avaliação de impacto am- .biental de projetos e a identificação de aspectos e impactos ambientais em um sistema de gestão ambiental, ou a avaliação dá ciclo de vida, que vem a ser a avaliação do impacto ambiental de produtos. Idealmente, o gestor ambiental deveria ter um bom conhecimento' de todas essas ferramentas, mas são poucas as organizações nas quais é concebível a aplicação da totalidade delas. O porte da organização, a natureza e complexidade das operações (atividades, produtos e serviços) e as demandas das partes interessadas ditarão a escolha das ferramentas necessárias e adequadas e a consequente especialização do gestor ambiental, O emprego de alguns desses instrumentos em cada etapa do período de vida de um empreendimento é mostrado na tabela 1. Esse quadro sugere que a AIA é útil em todas essas etapas, desde o planejamento até a desativação. Sua aplicação em cada uma dessas etapas - planejamento, implantação, operação e desativação - será discutida nas seções seguintes. 88 AVALIAÇÁO DE IMPACTO AMBIENTAL QUADRO I Principais instrumentos de planejamento e gestão ambiental para as organizações Instrumento' . Referências normativas e diretrizes' : lriternacionais Brasileiras Princípioslaia? . Res, Corama r- O' E6 ',.. Políticasoperacionais do '1' .• Banco Mundiais , Diretrizes MConvenção da Diversidade Biológica' , . Padrões deâesemperÍho da IFC'O , DiretivaSeveso'' GuidelinesAIChE'2 . Análise de risco ecológico e ·.àsaudê hGmàna EPNJ :ASTM1689-95 (2003J1' AUditoria,ambiental Res, Conama nº 306/02ISO 19011: 2002'5 lrívestigação'e avaliaçãodo ,passivo ambienta , . ASTME,I527-0S AST:M E 1528"06 ASTM 19034-97 (2002) , ISO 14015:2001 CSAZ768:2oo2'6 Guia para Avaliaçãodo Potencial de Contaminação em Imóveis, Cêtesb (2003) NBR 15.515-1:"2007 ISO 14004: 2004 " '< ...•. ',. 15014031: 1999 !: ;"" Avaliaçãode de?~inpenho _.>,15014031: 1999 ., ' ambientaí' \ );'),);' \;: >'1',15014032:) 99~ ISO 14040: 2006 ISO 14044: 2006 ,', ISO 14047: 2003 ISO 14048: 2002 1,50 14049: 2000 MODELOS E FERRAMENTAS DE GESTÃO AMBlENTAL .,.,. " ~isteiTIade g~stão de:s~Pcle 'j~;':é;segurança Q(up~cio~ak ; :' c:" : ,-.- :.., -> ' , "~' .Pr~rarnas de atendimento .~ a emergências" " " 'o, '. Responsabilidàde ~ocial ':'.,. ,.Códigos GerenciaisdbPrdgra~a ':AtuaçãoResponsá,vel®20 ' , ISO 1400 I: 2004 ISO 14004: 2004 EMAS'9 Diretrizes, OCDE pap.e~presas multinacionais,(2001)14' , M 1000: 200815 Contabilidade ambiental Relqtório de desempenho amblental"balanço social, . relatório de sustentabiidade Rotulagem e certificação ambiental Nonmas Fasb (EUA) e suas similares em outros países" Diretrizes Unctad Ilsar' -15014020: 2000 ISO 14021: 1999 150 14024: 1999 . ISO 14025: 2006' Programas setoriais de certiflcaçãoJ I Programas de comunicação ernpresàrial 15014063: 2006 * Quadro atualizado até julho de 2009, Trata-se,de referências institucionáis amplamente reconhecidas, Há inúmeras outras não citadas aqui. 6 Inclui avaliação de impacto social, às vezes apresentada como um instrumento de características próprias. 7 Internacional Associarion for Impact Assessmenr, "Principies ofEnvironrnental Irnpacr Assessment Best Practice", laia, 1999. Disponível em www.iaia.org. B Banco Mundial, "World Bank Group Safeguard Policies", dísponjvel em www.worldbank,org/safeguardpolicies. , Decisáo VII7 da 6' Conferência das Partes (Haia, 2002) e Decisáo VIIII28 da 8' Conferênciadas Partes (Curitiba, 2008), disponíveis em www.biodiv.org/convention/cops.asp. 10 Internacional Finance Corporation, disponível em www,ifc.org/ifcextlenviro.nsf/Conrent/EnvSocStandards. 11 Diretiva da União Europeia sobre o controle dos perigos associados a acidentes graves que envolvem substâncias perigosas; recebeu esse nome devido a um grave vazamento de substâncias tóxicas ocorrido na cidade italiana de Seveso,A Diretiva SevesoI (82/S01/EEC) foi aprovada em 24-6-1982; em 9-12-1996 foi substituída pela Diretiva Seveso II (96/82/EEC), cuja última atualização data de 16-12-2003 (2003/10S/EC). Ver europa.eu.inr/comm/ environrnent/seveso . . 12 American Institure of Chemical Engineers, disponível em www.aíche.org/Publications/. 13 Há inúmeras publicações da Environmental Protection Agency dos EUA com diretrizes e recomendações para análises de risco, disponíveis em www.epa.org/rísk. . 14 Substitui ISO 14010, ISO 14011 e ISO 14012. Internacional Organízation for Standardization (ISO), disponível em www.íso.org, AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL '(ormas técnicas da American Society forTesting and Marerials, disponíveis em www.astm.org. '(armas técnicas canadenses da Canadian Standards Association, disponíveis em www.csa.org.ca. ;J rnonitoramento é parte essencial de toda atividade de gestáo ambíental; porém, náohá propriamente normas sobre monitoramento. _" SA 8000 é uma norma certificável. Social Accounrabiliry Inrernational, SA 8000: 200 I, disponível em ·.,,\w.sa-incl.org. :Oco-Management andAudit Scheme (Sistema Europeu de Ecogestáo e Auditoria), estabelecido pela União Europeia "do Regulamento n" 1836/93, modificado pelo Regulamento n" 761/2001, disponível em europa.eu.int/comm/ environment/emas/ . •..crsão brasileira do programa Responsible Care", promovido pela Associação Brasileira da Indústria Química Abiquim), contém seis códigos de prática, disponível em http://www.abiquim.org.br. Occupational Health and Safecy, disponível em http://www.ohsas-18001-occupational-health-and-safecy.com. - Os programas de atendimento a situações de emergência requerem o envolvirnento da organização e a articulação com agentes externos, incluindo a comunidade. Disponível em www.epa.gov/emergencies . .Awareness and Preparadness for Emergencies at Local Level, programa promovido pelo Programa das Nações Unidas cara o Meio Ambiente (Pnuma), disponível em www.uneptie.orglpclapell. Disponível em www.olis.oecd.org/olis/2000doc.nsf/Link To/daffe-ime-wpg(2000) l S-final. Uma versão brasileira foi cublícada pelo Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), disponível em http://www.balancosocial. JIg. brl cgi/ cgilua.exe/ sys/ srart.h tm. '(arma de gestão interna para responsabilidade social corporariva, atualmente desdobrada em três: AA 1000 APS 2008) Accountabiliry Principles Standard, AA 1000 AS (2008) Assurance Standard; e AA 1000 SES (2005) Srakeholder Engagement Standard, Das duas primeiras há versão brasileira, da última há versão portuguesa, disponível =m www.accountabilicy21.net. . :=inancial Accounting Srandards Board (Fasb), em especial Staternent of Financia! Accounting Srandards n"143 sobre "Contabilidade para Obrigações de Retirada de Ativos", disponível em www.fasb.org. '~'nited Nations Conference on Trade and Development (Uncrad), A Manual for tbe Preparers and Users of Eco-Efficiency Indicators, version 1.1, Nova YorklGenebra, 114 p.; e International Standards of Accounting and Reporting (Isar), ambos disponíveis em www.unctad.org. Global Reporting Initiative (GRl), Sustainability Reporting Guidelines 2006, versão 3 das diretrizes e documentos ':ê apoio, Amsterdã, disponível em www.globalreporting.org/ReportingFrameworklG3Guidelines/. .nsciruto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, Guia de Elaboração do Balanço SociaI2002. São Paulo; 30 p., cisponível em www.ethos.org.br, .nsriruro Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), Demonstrativo do Balanço Social, disponível em www. ·calancosocial.org.br. :-Já inúmeros programas internacionai~ de cerrlficação: um dos pioneiros foi o programa de certificação de produtos :êorestais do Forest Stewardship Council; outro exemplo é o programa de certificaçâo na construção civil conhecido como Green Building. ?arte do Programa Aruação Responsável", disponível em www.abiquim.org.br. 91 TABELA I Instrumentos de gestão ambiental de empreendimentos e os diversos usos da avaliação de impacto ambiental Fase do empreendimento Relação com a sociedade/ partes interessadas Instrumentos de planejamento e gestão Relação com o governo Planejamento e projeto de impacto ambiental de risco .Investigação e avaliação 00 passivo ambiental A~álise de rido de vida Licença pré~ia ' Outras licenças exigíveis (i.e. remoção de vegetação, uso de água, alvará Audiência pública Reuniões públicas Programas de comunicação Implantação/construção Monitoramento amblental Programas de gestão ambiental Sistema de gestão ambenta Auditoria ambiental Licença de instalação Relatórios de monitoramento Relatórios de andamento Vistorias e fiscalização Conlitês de acomJanhamento KeI2to,'IOSde atividades de comunicação Operação/funcionamento Monltoramento amblental Programas de gestão ambiental de gestão arnbertal arobicota Avaliação de desempenho ambiental Contablidaceambicnta' e provisão financeira Licença de operação Normas e padrões ambientais Relatórios .de monitoramento e de desempenho Corritêsce acompanhamento de desempenho ambiental Balanço social Relatório de sustentabi!idade Desativação/fechamento Investigação e avaliação do passivo ambiental Plano de fechamento ou de desativação + avaliação de Impacto amoeotal" Plano de de áreas degradadas ou plsno.de rem<2diêlçãode solos ccntaminados" Aud,toria amolental Normas e padrõesambientais Valores de referência (solos e águas subterrâneas) futura autorização de fechamento Relatório de desemoenr,o ambiental AudiênCIa pública Reuniões p'Jbllcas~ Um projeto dê fechamento pode ser objeto de avaliação de impacto arnbiental: a AIA pode auxiliat no estudo das alternativas de fechamemo e na mitigação dos impactos adversos; um ElA é exigido para o fechamemo de certos tipos de empreendimentos em diversos países. .11 A AIA pode ser empregada para avaliar opções de remediação; um ElA também é exigívcl em algumas jurisdições . .35 O monitoramento ambiental pode ser necessário durante alguns anos após ;l desarivação de certos tipos de empreendimentos. AVALIAçÃo DE IMPACTO AMBIENTAL 1\ avaliação de impacto ambienta! e 1J Q ~ '8 ~ O Pi'1PP1~rnnl]TO rio l)'r'OlDTO, .•.CL,-l VJ UJ ,llt./L, v \.k'-' l' i QJ tJ'-'U É na função de ferramenta de planejamento de projetos que a AIA tem tido maior aplicação, e para essa finalidade ela surgiu. A preparação de um estudo de impacto ambiental requer a consideração sistemática de todos os impactos relevantes, benéficos ou adversos, diretos ou indiretos, imediatos ou de longo prazo, locais ou globais, decorrentes de todas as etapas do período de vida do projeto em análise e de suas alternativas. Desde a introdução da AIA como exigência legal, em 1969, nos Estados Unidos-" o estudo de alternativas é um de seus requisitos fundamentais. A AIA surgiu para atender a uma necessidade: que o planejamento de projetos (ou de quaisquer ações que possam afetar negativamente o am- biente humano) leve em conta as consequências ambientais das decisões acerca desses projetos." Um ElA náo só ajuda na seleção das melhores alternativas em termos de localização do empreendimento e seus componentes, de tecnologia de processo e de medidas de controle, mas também facilita a comunicação com as partes interessadas" e a identificação dos riscos associados ao em- preendimento proposto. O esquema 1 indica as atividades essenciais de um processo interativo de definição do projeto e análisede sua viabilidade ambiental. O esquema 2 mostra as principais etapas usualmente seguidas na preparação de um estudo de impacto ambiental. J6 National Environmental Policy Act (Nepa). As origens e a evolução da AIA são descritas em vários livros-texto. Pode-se consultar, por exemplo, L.. Ortolano, Enuironmental Regulation and Impact Assessment (Nova York: John Wiley & Sons, 1997); C. Wood, Enuironmental ImpactAssessment. A Comparatiue Review (Harlow: Longman, 1995). r Nas palavras de Daniel Dreyfus, assessor legislativo do Congresso dos Estados Unidos que acompanhou a discussão do projeto de lei, o objetivo do enuironmental impact statement (estudo de impacto arnbienral) não era "coletar dados ou preparar descrições [do ambiente afetado], mas forçar uma mudança nas decisões administrativas". D. ,,,. Drevfus & H. M. lngram, "The National Environmental Policy Act: a View ofIntenr and Pracrice", ern Sar:t"'[ Resources Journal, 16 (2), 1976, pp, 243-262. ;; A c~nsu1ra pública é parte obrigatória do processo de avaliação de impacto ambienta! em quase rodos 05 países. A consulta pode ser feita de diversas maneiras, como a promoção de reuniões públicas para expor às características do projeto que se deseja implantar e ouvir as preocupações do público. Em muitas jurisdições, inclusive no Brasil, a realização de uma audiência pública promovida pelo órgão governamental responsável é obrigatória. 93 MODELOS E FERRAMENTAS DE GESTÃO AMBIENTAL , ESQUEMA I Uso da avaliação de impacto ambiental no planejamento de projetos CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAl DIAGNÓSTICO AMBIENTAl Fonte: Modificado de World Business Couneil for Sustainable Development, Env;ronmemal Assessment: o Business Perspective (Genebra: WBCSD, 1996). 94 AVALIAÇÁO DE IMPA.CTO AMBIENTAL ESQUEMAl Principais etapas no planejamento e execução de , , um estudo de impacto ambiental ~i: .•..,.' ",;,XARACTERIZAÇÃO DAS ALTERNATIVAS , .' '. AO EMPREENDIMENTO, : ?~ .. .~,F \~'<~'-: ~; CARACTERIZAÇÃO PRElIMINA~ DO AMalENTE IDENTIFICAÇÃO PRELIMINAR DOS IMPAClOS IDENTIFICAÇÃO DAS QUESTÕES RElEVANTES , PLANO DE TRABALHO -Ó, pLANO DE TRABAlHO/JERMOS DE REFERÊNCIA ESTUDOS DE BASE (.' ) , ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAl , RElATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAl \ Fonte: L E. Sánchez, 'Evaluaaón de impacto ambientar', em F. L Repetto & C S. Karez (orgs.), Aspectos geo.'óg;cosde p,",ecc;6" ambientol (Montevidéu: Unesco, 2002), pp. 46-78, disponível em http://www.unesco.org.uy/geo/campinaspdf/campinasprimeraspóf. 95. MODELOS E FERRAMENTAS DE GESTÃO AMBIENTAL Um estudo de impacto ambienta] sempre deve ser planejado previa- mente. Em muitas jurisdições é necessária a preparação de um plano de trabalho ou de termos de referência para um estudo de impacto ambienta], Essa prática não é muito usual no Brasil, mas é obrigatória no Rio de Ja- neiro e em São Paulo. Os termos de referência definem a abrangência e o conteúdo do futuro estudo de impacto ambiental, devendo ser elaborados caso a caso." Sua preparação é baseada na identificação das questões-chave, ou dos prováveis impactos mais relevantes do projeto.t? Para a identificação das questões relevantes, normalmente parte-se de uma descrição das alternativas de projeto proposto e de um reconhecimento das condições ambientais da área potencialmente afetada. O cruzamento das ações e atividades do projeto (em suas fases de implantação, operação e desativaçâo) com as características principais do meio fornece uma lista preliminar de prováveis impactos. ambientais. Os impactos mais relevantes são, então, destacados dessa lista usando-se critérios previamente definidos, como a existência de requisitos legais ou a fragilidade dos ambientes afetados. Todas essas iniciativas de planejamento do EIA permitem que ele seja dirigido para elucidar as questões que terão mais peso nas decisões sobre o projeto, como: Haverá perda de fragmentos de vegetação nativa? Haverá interferência sobre espécies de flora e fauna ameaçadas de extinção? Haverá interferência sobre nascentes de água? Haverá deslocamento de populações humanas? Serão afetados elementos do patrimônio cultural? A execução do ElA tem três etapas principais. Os estudos de base fornecem um retrato da situação da área antes da construção do empreen- dimento - é o diagnóstico ambiental. A análise dos impactos fornece um prognóstico da situação ambíental futura e é composta de três atividades: a identificação, a previsão da magnitude ou intensidade dos impactos e a avaliação ou interpretação de sua importância ou significância. A análise dos impactos leva à formulação de medidas de gestão ambiental segundo a ordem de preferência estipulada no quadro 2. 39 No Brasil é comum - e ineficaz - a prática de certos órgãos ambientais terem termos de referência padronizados por tipo de empreendimento, e não desenvolvidos cuidadosamente para cada ElA. -40 Essa atividade é conhecida na literatura internacional sobre AlA como scoping, ou definição da abrangência ou do alcance do estudo de impacto ambiental. A legislação portuguesa denomina essa atividade como definição do âmbito do ElA. A obrigatoriedade e a formalização de uma etapa de scoping são indicações de uma boa prática internacional em AIA., AVALIAÇÃO DE IMPACTOAMBIENTAL QUADRO 2 Preferência no controle de impactos ambientais adversos i c~I:DUZIR OUMINIMIZAR IMPACTOS NEGATIVOS ". "o -ÇOMPENSARI~PAcios NEGATIVOS QUE NÃO PODEM SER EVITADOS OU REDuziDOS RECUPERAR O AMBIENTE DEGRADADO AO FINAL DE CADA ETAPA DO CICLO DE VIDA DO EMPREENDIMENTO Fonte: L. E, Sánchez, Avaliação de Impacto ambiento!.' conceitos e métodos, São Paulo: Oficina de Textos, no prelo, É fundamental compreender que as etapas do planejamento e da exe- CUçãOde um EIA são concatenadas. A mitigação de impactos adversos deve ser baseada na análise dos impactos, que, por sua vez, somente é possível depois da preparação do diagnóstico arnbiental; para que esse diagnóstico forneça informações necessárias para a análise dos impactos e a definição de medidas de gestão,-deve ser baseado na identificação das questões relevan- tes. Finalmente, deve-se lembrar que o processo não é linear: a análise dos impactos pode concluir que determinado impacto é muito significativo, a ponto de inviabilizar o empreendimento, e isso pode, consequentemente, demandar modificações substanciais no projeto. Da mesma forma, as medidas mitigadoras deverão ter seu custo estimado, o que pode requerer uma revisão do estudo de viabilidade econômica do projeto." _. Para uma explanação dos passos e atividades de planejamento e execução de estudos de impacto ambiemal, pode- -se consultar L. E. Sánchez, Avaliação de impacto ambiental, de. 97 MODELOS E FERRAMENTAS DE GESTÃO AMBIENTAL e·)nl1)1~-·{~erjrl-i 1/Y1 e':1 'n to s·.•.Á. C í .'oLtlL. ~1 t. I J. A implantação de um projeto sujeito ao licenciamento ambiental deve, evidentemente, ser feita em observância às condições estabelecidas nas licenças ambientais.f Normalmente o empreendedor assume diversos compromissos, propostos no estudo de impacto ambiental ou nos estudos ambientais" posteriores, ou ainda negociados com o órgão licenciador ou impostos por ele. Tais compromissos tornam-se obrigações a serem cum- pridas em determinadas etapas do período de vida do empreendimento. Por exemplo, um compromisso comum é a obrigação de recompor trechos de vegetação nativa ao longo de cursos d' água (vegetação ciliar), atendendo a um dispositivo do Código Plorestal.r' Automaticamente, a função de gestão ambiental dentro da empresa deve incorporar essas condicionantes da licença ambiental como requisitos legais a serem atendidos. É usual que cada exigência ou um grupo de exi- gências assemelhadas constitua um programa de gestão ou um programa ambiental. Exemplos de programas ambientais usuais durante a fase de implantação de empreendimentos sáo programasde gerenciamento de resíduos sólidos, programas de controle de erosão e programas de cons- cientização e capacitação de pessoal na área ambiental. O cumprimento desses requisitos não é trivial e demanda compro- metimento, empenho, capacidade técnica e gerencial, recursos humanos e.financeiros. Estudos empíricos realizados no Brasil têm mostrado baixa 42 A legislação brasileira (Lei n" 6.938/81, Decreto n" 99.274/90 e extensa legislação complementar) estabelece a necessidade de obtenção sequencial de três licenças ambientais: licença prévia, licença de instalação e licença de operação. A construção e a implantação de um novo empreendimento sujeito a licenciamento somente pode começar após a obtenção da licença de instalação. Essa licença estipula as obrigações especificas do empreendedor, a exemplo da adoção de determinadas medidas de controle e da ímplementação de medidas compensatórias. 43 O termo estudos ambientais é definido pela Resolução Conama nO237/97, artigo 1°, III: "são todos e quaisquer estudos relativos aos aspectos arnbienrais relacionados a localização, instalação, operação e ampliação de uma atividade ou empreendimento, apresentados como subsídios para a análise da licença requerida, tais como: relatório ambiental, plano e projeto de controle ambienral, relatório arnbíental preliminar, diagnóstico ambiental, plano de manejo, plano de recuperação de área degradada e análise preliminar de risco". . 44 Artigo 2" da Lei n" 4.771/65, com diversas modificações posteriores. AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL aderência ao cumprimento das exigências das licenças ambientais" e que os gestores ambientais de empreendimentos sujeitos à. apresentação prévia de. um ElA pouco levam em consideração as recomendações desses estu- dos," mas há exceções notáveis, como a construção da pista descendente da rodovia dos Imigrantes,' no estado de São Paulo, e a construção de um trecho. do gasoduto Bolívia-Brasil no' estado do Mato Grosso do Sul, ca- sos documentados e analisados respectivamente nos estudos de Gallardo, Gallardo e Sinchez e de Küller e Machado.f ~~i,,:' ·,i· .: P':Um caso desucesso do acompanhamento ambienta! durante .~ifase dê construção de um grande empreendimento . ····;;·~.~m·.:se.mpre.•·.~s'9rgã9s ambientais cuidam·····d<fiplicap.Unt ..:programa ... d~igadoso de,aC0nJ.p~~amento. ambiental. Se osprobleIl1as déf.:orrentes •. da falta de ácogrpap.harriento já foram bastante discutidos, ós b~neffció;,;: .;do acorhpanhátn~nto rigoroso também já foram documentados. Como e~ertipfo'd~a-s~'ócasb, da construção da pista descendente da Rodovia . 'dos Imig~átite~;'estudadoem diversos trabalhos conjuntos de Gallardo ·Sánche~.~~Q rigoç'doa,companpamemo desseprojeto deve-se à sua localização e às. caraderística,-s 'aIDQient(lis da área afetada (a rodovia. átr~~essaum: parqlfe estadual tocir~má.nêscentesiIl}por:funte~ deM~ta :Atlàr1tic~.~ têm O potencial de afetar manguezâise;écursos hídricos ,iarlt6 doPlanaltOPaulistano quanto d,aBaixada Santista), _assimcorno, " E. G. C. S. Dias, Avaliação de impacto ambiental de projetos de mineração no Estado de São Paulo: a etapa de acompanhamento, tese de doutorado (São Paulo; Escola Politécnica da:USP, 2001), disponível em http://www,reses. usp.brlteses/disponiveis/3/3134ltde-23052001-1710511publico/Elviradias.pdf; E. G. C. S. Dias & L. E. Sánchez, "Deficiências na irnplemenração de projetos submetidos à avaliação de impacro ambienta! no Estado de São Paulo", em Revista de Direito Ambiental; 6 (23), São Paulo, 2001, pp. 163-204. J. F. Prado Filho & M. P. Souza, '~uditoria em avaliação de impacto ambiemal: uin estudo sobre a previsão de . impactos ambiemais em ElAs de mineração do Quadrilátero Ferrífero (MG)", em.Solos e Rochas, 27 (1), São Paulo, 2004,pp.83-89. ' " A. L. C. F. Gallardo, Análise das prdticas de gestão ambienta] da construção da pista descendente da rodovia dos Imigrantes, tese de doutorado (São Paulo: Escola Politécnica da USp, 2004), disponível em hrtp.r/www.reses.usp.br/ceses/ disponiveis/3/3134ltde-08102004-1130121; A. L. C..F. Gallardo & L. E. Sãnchez, "Follow-up of a Road Building Scheme in a Fragile Environment", em Enuironmental Impact Assessment Review, 24 (1), 2004, pp. 47-58:;>'1. L KülIer & P. R. Machado, "O acompanhamento ambienral ria construção do gasoduto Bolívia-Brasil nos trechos 1II e IV", em Rio Oil 6- Cas Conference (Rio de Janeiro, Instituto Brasileiro do Petróleo, 1998). A, L. C. F. Gallardo & L. E. Sánchez, "Follow-up of a Road Building Scheme in a Fragile Environrnenr", cit., "Práticas de gestão ambienta] da construção da pista descendenre da Rodovia dos Imigrantes: atenuaçâo de impactos sobre o meio Hsico em ambiemes frágeis", em Solos eRochas, v. 29, 2006,.pp. 341-358; e "On rhe Successful Implememation ofMitigation Measures", em ImpactAssessmentandProjectAppraisal, 23 (3), 2005, pp. 182-190. 99 MODELOS E FERRAMENTAS DE GESTÃO AMBIENTAL .; . "'. .... :; ,l.t .•• ,i'<.l"::-Y·'Lf· _. ; ;~-:~ 'i" '} :<:F'<' -: ». ;)I:'~ '\.; . , ,,3l?rov<ivelHÜ~iúe,àsuavisibilidade, A sistemátidt;d,e acompanhamento ,-- '-' . . '--'--- .. ::" " ; ,,:incluiu: ' '"i' ,'i',. . .'"r ' .. ",l( , ,~. um programa .de monitoramento definído.nailícençaâmbiental e que foi implementado à risc~, com relatórios semestrais ,ehviados à Secretaria do Meio Ambiente. ' i, ",.'; lima equipepermanente de meio ambiented~ COnS9felOconstru-. ' " <r tor, com atribuição de irnplementar os programas ambientais e'de ',sup~rvisã~ dasatívidades construtivas ede apoio.' \, 'i' '':':.'; um' sistemade gestão atnbie~tal implemenradopel~ 'pr~p~'n'~;l1~e' dó projeto; baseado na normalSO 14001, ' • a)fo~maçãode uma equipe própriademeio ambiente na e1npr(,lsa proponente e a contrataçâo deserviçosde consultoriapará,s\lpetvi- são.da o.bra, realização do'monitoramenro, docuinenraÇáoid9~GA 'e; preparação de relatórios. , ·a contratação, pela Secretaria do M~io Ambiente (SMA), do Iós- , tituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT); órgão estatal prestadorde serviços, 'para realização de ~istorias semanais para controle dos , impactos sobre o meio físico.' , . ~ . . . :'~ , a .realizaçâo dediversas vistorias por parte de técnicos de diversos , órgãos vinculados à SMA. Esse arranjo de acornpanhamento.jpouco usual.no Brasil.ipermitiu: 1. 'manter os impactos reais da obra dentro do que havia sido estipulado na Iicença ambiental, , ' , , 2~ demonstrar e documentar o atendimento àSe:iigên:cia$;',e"".':' " ~. ' identificar impactos adversos não pryvistOsnoEIA:e imp'la,ntar medidas corretivas, . Esse último benefício do acompanham~nroambientaldoprojeto 'Imlgrarnes deve ser salientado" pojs,revelàa importâl1ci;iqessa etapa e .o necessário vínculo que x~m<&s~restabeIecido entreplar:iejamento , e-gesrão. 0, impacto, em questão 'é,'.a'deterior~çãoda qualidade das águas supêrfidais:p.dSi:c6r.regosda Serra do,Mardev;ido'à alcalinidade da água de drenagetri oriunda da construção dos, túneis. As águas que percolavam pelo' maciço rochoso, onde forani:escavados os túneis se .t ' 100 AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL ·:íJ'(~~./-~i " tornaram alcalinas aoentrat~rticontato com o cimento utilizado para {r~vestit os túneis ..A qete~çã6 do impacto (por meio do programa de "IIlonitoramellto)levotíà il).lplantaçã~ dé quatro estações de tratamento \;;de~flue~tes p~r,:l.:'trat.u.as águas de drenagem. Sem um bom programa .!:'::'de:tc~mpatlhaIllç?to,'tsse impacto significativo, não identificado nos .\.~studos .préyrb~; riãoJetiasidQ mitig<,tqo. ,> . :::,: .,' f, .}:' <o ' " ',', " .~ Esses e outros casos de sucesso mostram com clareza que a avaliação dos impactos ambientais não termina quando um projeto recebe aprovação na forma de uma licença ambiental. Pelo contrário, o processo de avaliação prossegue durante todo o período de vida do empreendimento, ou seja, as etapas de implantação, de operação e mesmo de desativação, incluindo asmodificações que usualmente ocorrem durante o funcionamento de todo. empreendimento. O princípio norteador da AlA, de avaliar as consequ- ências futuras das decisões presentes, é aplicável a todas as decisões tomadas no âmbito de um empreendimento. Da mesma forma, deve-se entender que o uso integrado de instru- mentos de planejamento e gestão também contribui para a redução dos riscos. Em janeiro de 2007, um desmoronamento durante a construção da Estação Pinheiros da linha 4 do Metrô de São Paulo tirou' a vida de sete pessoas que passavam pelo local, próximo às escavações. Nenhum trabalhador foi afetado. Em consequência do acidente, 57 imóveis foram interditados e 61 famílias, removidas. A apuração das condições do acidente nos dias subsequentes constatou que o plano de emergência adotado pelas empresas integrantes do consórcio construtor foi.eficaz para salvaguardar a vida dos trabalhadores, uma vez que houve evacuação da área. Entretan- to, não havia plano semelhante para alertar a população. Nem os estudos ambientais nem os pareceres técnicos que os analisaram haviam apontado a necessidade de algum programa de gerenciamento de riscos voltado para o ambiente externo às obras. Sem entrar no mérito das responsabilidades pelo acidente, questão espinhosa discutida na esfera judicial com base em complexos pareceres técnicos, uma lição de gestão ambiental pode ser ti- rada desse caso: dificuldades técnicas e situações imprevistas são inerentes a diversos tipos de obras de engenharia e é justamente por essa razão que a análise de riscos deve ser integrada à análise de impactos, de modo que suas conclusões sejam traduzidas em requisitos claros de gestão. 101 MODELOS E FERRAMENTAS DE GESTÃO AMBIENTAL Finalmente, é importante considerar que é principalmente com base nos erros que se aprende, e melhorias podem ser introduzidas em processos e procedimentos. Assim, hoje é plenamente reconhecida a importância das etapas do processo de AIA que se seguem à aprovação do projeto, notada- mente a etapa de acompanhamento lfollow-up).49 O acompanhamento é composto pelas seguintes atividades." 1. monitoramento, 2. supervisão, fiscalização ou auditoria, 3. documentação e análise. O monitoramento ambiental se refere à coleta sistemática e periódica de dados previamente selecionados, com o objetivo principal de verificar o atendimento de requisitos obrigatórios, como padrões legais ou condições impostas pela licença ambienta]. Os itens monitorados abarcam parâmetros do ambiente afetado e parâmetros do empreendimento. Quando o moni- toramento ambiental usa os mesmos parârnetros, as mesmas estações de amostragem e os mesmos métodos de coleta e análise, é possível constatar os impactos reais do projeto por meio de uma comparação com a situação pré- -projeto (dada no diagnóstico ambiental prévio, que é um dos itens do estudo de impacto ambiental). Todavia, isso pressupõe qualidade e consistência no monitoramento pré-projeto, que dessa forma se revela como um dos pontos críticos para promover a integração entre o planejamento e a gestão ambiental. A função mais importante do monitoramento não é, entretanto, com- parar os impactos reais com os previstos, mas alertar os gestores para a ne- cessidade de ações corretivas caso os resultados do monitoramento mostrem qualquer não conformidade com relação a algum critério preestabelecido, como um padrão legal ou alguma das condicionantes da licença ambienta]. A supervisão, a fiscalização e a auditoriasão atividades complemen- tares que se superpôern parcialmente e não têm sido definidas de maneira consistente. No sentido mais comum desses termos, a supervisão é uma atividade contínua realizada pelo empreendedor ou seu representante, com a finalidade de verificar o cumprimento de exigências legais ou contratuais por parte de empreiteiros e quaisquer outros contratados para a implantação 49 J. Arts, ElA Follow-up: on the Role of ex Post Eoaluatian in Enuironmental Impact Assessment (Groninga: Geo Press, 1998); J. Arrs et al., "Environrnental Impact Assessmenr Follow-up: God Practice and Future Directions - Findings frorn a Workshop ar the lAIA fOOO Conference", em Impact Assessment and Project Appraisal, 20 (4), 2001, pp. 229-304; R. Marshall er al., "Inrernational Principies forBesr Practice ElA Follow-Up", em Impact Assessment and Project Appraisal, 23 (3), 2005, pp. 175-181; A. Morrison-Saunders et al., "Roles and Srakes in Environrnenral Assessment Follow-up", em ImpactAssessmentandProjectAppraisal, 19 (4), 2001, pp. 289-296. . ;0 L. E. Sánchez, Avaliação de impacto ambientei, cito 102 AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL ou operação de um empreendimento. O termo supervisão também é usado para designar as atividades de verificação do cumprimemo das condições contratuais realizadas por um agente financiado r. A fiscalização é uma atividade correlata, porém realizada por agemes governamentais no cumprimento do poder de polícia do Estado." A fisca- lização muitas vezes se faz por amostragem e é discreta, em comraposição ao caráter usualmente contínuo e permanente da supervisão. Já a auditoria, genericamente definida como "procedimento em que uma terceira parte independente sistematicamente examina evidência de conformidade de alguma prática com um conjunto de normas ou padrões para aquela prática e emite uma opinião profissional't.> analisa a conformidade com critérios prescritos, nesse caso o atendimento aos requisitos legais, aos termos e condições da licença ambiental ou a outros critérios, como os que podem ser impostos por agentes financiadores do projeto. Tem sido demonstrado, por meio de vários estudos de caso, que a supervisâoambiental é ferramenta da maior importância para assegurar: 1. o cumprimento efetivo das medidas mitigadoras e demais condições impostas; e53 2. a adaptação do projeto ou de seus programas de gestão no caso de impactos não previstos ou de impactos de magnitude maior que o ,esperado. 54 A documentação é parte da fase de acompanhamento que envolve o registro sistemático de resultados de monitoramento, de constatações de não conformidades, de evidências de atendimento a requisitos e de quais- queroutrasiriformações relevantes. Os registros devem ser armazenados de modo tal que permitam sua fácil recuperação e submetidos a uma análise que possa alertar para a necessidade de adotar medidas corretivas caso os critérios preestabelecidos não sejam atendidos. 51 o poder de polícia do Estado é o poder de limitar o direito individual eI!' benefício da coletividade. 52 T. A. Schwandt, "Auditíng", em V. JuPP (org.), lhe Sage Dictionnary o/Social Researcb Metbods (Londres: Sage, 2006). 53 R Goodland & J. R. Mercier, lhe Eoolution o/ Enuironmensai Assessment in the W'orld Bank: from "Approual" to Results, n" 67, The World Bank Environment Department Paper, 1999. 54 A. L. C. F. Gallardo & L. E. Sánchez, "Follow-up of a Road Building Scheme in a Fragile Environmem", cit.; e R. Marshall, "Environrnenral Impact Assessment Follow-Up and irs Benefits for Industry", em Impact Assessment and Projea Appraisal, 23 (3), 2005, pp. 191-196. 1°3 MODELOS E FERRAMENTAS DE GESTÃO AMBIENTAL Monitoramento, supervlsao, auditoria e documentação têm sido reconhecidos como atividades essenciais para assegurar a implementaçâo satisfatória das condições da licença ambiental e o atendimento aos requi- sitos legais)5 A articulação dessas atividades na forma de planos de gestão ambienta! já previstos no EIA promove a integração entre o planejamento e a gestão ambienral/" Assemelhanças com os requisitos de um sistema de gestão ambiental, particularmente o modelo preconizado pela norma ISO 14001, não sâo uma coincidência, mas o resultado de necessidades quase idênticas: 1. gerir o empreendimento com observância dos requisitos legais (e demais requisitos aplicáveis); e 2. demonstrar o cumprimento desses requisitos. O esquema3, na página seguinte, ilustra a relação entre planejamento e gestão ambienta! de um novo empreendimento, o lugar da fase de-acom- panhamento e sua relação com os demais instrumentos de gestão ambiental. ·l. " ,.., 11". 'l -" , Li O'e~l~n ó'! mt» Pll"'a ~ cura ntD a·1..l\. ~ O-.J",l·t,V Gt ,JJ1,--, Ll. ,1. LH ..! 0.;,1.1.'<:0 <I U - -I i" tr\;!"\ -.''''''6'11 (" q ri. 'l '\ TV -a')' \ ,éS' 1 n T"- , '1~. fi lt..~" 1, ,i;rlil : - --~,~ U ; l ~ . -~ ~ s .' ~- s li '. 'VljCl(~~ç." ce e~J_J~reC~..ulnJtvL~ÜS Quando um empreendimento entra em funcionamento, começam tam- bém asatividadesrotineirasde gestãoambiental. Como sesabe,essasatividades podem ser organizadasna forma de programas ou de sistemasde gestão, sendo , prerrogativa da empresa escolhera forma.que mais lhe convenha. Independen- temente do formato escolhido, as atividades de gestão ambienta! já terão sido largamente definidas (ainda que demodo implícito e àsvezesnão reconhecido pelos gestores ambientais) durante o planejamento do projeto. É possível planejar as futuras atividades de gestão ambiental desde a preparação do estudo de impacto ambienta! de um novo empreendimento. Sánchez e Hacking'? sugerem que a integração entre a AIA e o SGA será' ss LWilson, "A Practical Mcchod for Envíronrnental Assessmenc Audits", em Enviro';mental ImpactAsse~ent Review, n" 18, 1998, pp. 59-71. 56 C. Wood et ar, "Audiring the Assessment of che Environmencal Impacr of Planning Projecrs", em Journal o/ Environmental Planning and Management, 43 (I), 2000, pp. 23-47. ;7 L E. Sánchez & T. Hacking, 'AA Approach to Linking Environmental Impact Assessment and Environmental Managernent Systems", cir. 1°4 AVALIAçÃo DE IMPACTO AMBIENTAL ESQUEMA 3 Relaçãoentre OS papéis da avaliação de impacto ambiental (AIA) e dos sistemas de gestão ambiental (SGA) nas principais fases do ciclo de vida de um empreendimento, mostrando a função da etapa de acompanhamento na ligação entre o planejamento e a gestão ambiental PLANEJAMENTO DO PRQJÇTO IMPLANTAÇÃO OPERAÇÃO , DESATlVAÇÃO Fase de acompanhamento ., AUditoria ambienta I Ã'i;;!;açi: c: cesE"1penho ambiental Rú;:' ::: i~ít:n,abilidade E QEra:i f;"2Tn:::'i d, ~:;;:ãoambienta! Fonte: Adaptado de R- MarshaJl, "Mitigation Linkage: ElA Fc c.'. -_c - - -: _,- :-ó -c : :,-_: - :': .':: - - õ-:- s: : - ::-"-_:::.Cc Projects", em /A/IiO·/, Cartagena [Intemational Associatioc ':- .- "" C2:ó;: - ,--: ~:: == _: : .. facilitada se o EIA já identificar os aspectos e .rnpacros arnbientais relevantes do projeto analisado. Identificar impactos ambientais é tarefa obrigatória em todo estudo de impacto arnbiental, e o mesmo ocorre quando do pla- nejamento de um SGA de acordo com a ISO 1400l. O quadro 3 mostra a complementaridade entre o planejamento e a . execução de um EIA e o planejamento de um SGA. Há diversas tarefas comuns ou semelhantes entre os dois instrumentos, como a preparação de planos ou programas de gestão para atingir determinados objetivos e metas, que por sua vez devem obedecer aos requisitos legais. Urna diferença significativa, contudo, é que o SGA foi idealizado para empreendimentos em funcionamento, enquanto o ElA é preparado para um projeto que alguém tenCiona implantar. Dessa forma, a maioria dos SGAs não cobre os impactos ambientais decorrentes da fase de implantação de empreen- dimentos, enquanto o EIA deve necessariamente identificar impactos e propor medidas mitigadoras para todas as fases do empreendimento. 1°5 MODELOS E FERRAMENTAS DE GESTÃO AMBIENTAL QUADRO 3 Comparação entre a preparação de um ElA e o planejamento de um SGA 'Etapas dôprQ(es~o de AIA SGA.lSO 1400 I' " '~-*~I-de~n-ti~~lc-a~--o~d~+-q-ue-~-ô-e-sr-e-le-v.rn-·~~-s~·~:~4-.2~i~~'C-o-m-p-ro-m-e-ti~m-en-t-o-e-p-ol~rri-a~~~~~.. ~~~~ etermos de referência para o ElA ': . . , Descrição do projeto ..•. '~~--~----~--~~", Análisé da <:ompatibilidade com. requisitos legais e com planos e programas goverrerneotais . 4.11 Identificação de aspectos e impactos arnbierllais o f-1-D~ia~gn-ó-st-lc-o-am-:-"-bi-en""'ta""'I"""'''''''''''--'-+-'-..,-1 ';Det~rminação dos impactossignifiativos '~ . Identificasão, previjao eavalação ~ . ..g dos jinpacj:ós' , .' '. .~~ r-~~~~+-~~~~~~--r--~~-+-~+----~--------~-~~ ~ '['; ., ." 4.3.2 Identificação de requisitqslegajs ;r' .~ Preparação deJilanos de gestáp 4.33, ESí2.beleclmento de objetivos emetas '. .~ õ: : ambi~ntal(me?idas rnitigadorqse\ \4JA',Oefiriçãqde programas àégestão ambi~ntal •. cornpensªtór\~sdo$i(l1Pélctos> ' ."' adversoSie'poterícialltadoras dos impactos benéfkos) . Estabelecrnemo deumplano de rrontoramento arnbiéntal [Estes itens do SGA podém ser . tratadoscbnceitualmente nos . plan?s de ge~ãodo ElA] :, I· , I ':.' " .. ' ." 4.4.1 Estrutura e responsábil.idad,e ,::;~--r------~--~-~--~--~~ 4.4.2 T~inamento, c0n,scientização e cómpetê~cia , '! 4.4.3 .ComuniaçãQ ' ..'. ,::;, lf ,4.4..4' Ç)ocurnentaçãodoSGA .... '. .~ . .. f----f-~-~-------~---- __ _1 ~ 4.4.5 Controle de dccumeotos .. :§~--r--~----------~~__~~; 4.4:6 Controle operacional . ti ).4) .Preparação eatendrrerto a eri1ergênci~ '"> ;,Monitoramento e 1)1~dição . . .~ f----~~--~~--~~----~----------_1 e Não ~onfolTIlidade;e ações' corretiva e preventiva . '~ '. '.-- ~ Registro '..' 'e,cr 4.5.4 AuditoriaQo SGA ~ ~---r------------~-----------------1~ Análise crftica pela administração ~ / "y Fonte: Adaptado de L. E. Sánchez & 1 Hacking, ':.\r) Approach to Linking Environmentallmpact Assessment and Environmental ' Management Svsterns", em lmpoa Assessment and Project Appraisal, 20 (I), 2002, pp. 25-38. Nota: Todos os itens da norma NBR 1400 I :2004 são citados, porém nem todas as etapas do processo de AIA frguram no quadro: foram selecionadas somente aquelas correlacionáveis ao SGA Acompanhamento (rronitoramento, ." '(S, . supervisão, auditoria) , s 'Q. o '"o '''' ~~ ~ 4,5.1 4.5.3 4.6 106 ,. AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBlENTAL Os EIAs frequentemente apresentam os impactos identificados por meio de matrizes que correlacionam as atividades de cada fase do empreen- dimento com elementos ou fatores ambienrais (como ar, solo, ambientes aquáticos, etc.), enquanto os SGAs geralmente utilizam planilhas nas quais, para cada atividade, produto ou serviço, apontam-se ~s aspectos ambien- tais e em outra coluna os impactos ambientais associados. Ao preparar um EIA, os analistas não precisam se preocupar em identificar os aspectos ambientais, pois isso não é requerido pela regulamentação, mas, para um SGA, a norma ISO 14001 obriga a identificação dos aspectos ambientais para que em seguida sejam apontados os impactos associados." A organização deve estabelecer e manter procedimentots) par~ identificar os aspecros ambienraís de suas atividades, produros ou serviços que possam por ela ser controlados e sobre os quais presume-se que ela tenha influência, a fim de determinar aqueles que tenham ou possam ter impacto significativo sobre o meio ambiente. A organização deve assegurar que os aspectos relacionados a esses impactos significativos sejam considerados na definição de seus objetivos ambientais." Nada impede que o levantamento dos aspectos ambientais já seja feito durante a preparação do ElA. O quadro 4 mostra um exemplo, extraído de um estudo de impacto ambienta], de uma relação de aspectos e de impactos ambientais da fase de operação de uma mina de bauxita, Essa forma de apresentação facilita a visualização da relação entre.as causas (atividades, produtos ou serviços) e as consequências (impactos ambientais) por meio de um mecanismo ou processo (aspecto ambiental). Esse tipo de matriz, proposto por Sánchez e Hacking," é estruturado em dois campos. No primeiro, à esquerda, a relação de atividades dessa fase do empreendimento é correlacionada com os aspectos ambientais; além de se apontarem as interaçôes, os aspectospodem ser classificados em signifi- cativos ou não significativos, segundo critérios previamente definidos e que devem ser aplicados sistemática e homogeneameme a todos os aspectos. No 58 A versão oficia! brasileira NBR ISO 14001 :2004 adota as seguintes definições: "3.3 Aspecto ambiental: elemento das atividades, produtos ou serviços de uma organização que pode interagir com o meio ambiente. Nota: Um aspecto ambienta! significativo é aquele que tem ou pode ter um impacto ambienta! significarivo, 3.4 Impacto ambienral: qualquer modificação do meio ambiente, adversa ou benéfica, que resulte, no todo ou em parte, das arividades, produtos ou serviços de uma organização". 59 NBR ISO 14001:2004, item 4.3.1. 60 L. E. Sánchez & T. Hacking, "An Approach to Linking Environmemal Impacr Assessmem and Environrnenral Management Sysrerns", cit. 1°7 MODELOS E FERRAMENTAS DE GE~TÁO AMBIENTAL QUADRO 4 Matriz de identificação de aspectos e impactos ambientais lG ,ê, '" 'o ~" ~o s C~ '" E 8.~ !3o 2 § ,'" '".., .~ ,.~ "S § .8 {. 10 f 8:~. E '" :t o,·~·i""O <;"5 ~o 2 ,ilI'~1!",,, "'E "o m,t", O"" ~â-g ~~' fií~ lil-E ~lG u~ "aumento do tráfego de caminhóes aumento da demanda de bens e serviços aumento ca rrsssa monetíriá local" geração de inipostos o"' (coot.) 108 AVALIAÇÁO DE IMPACTO,AMBIENTAL IMPACTOS AMBIENTAII '.,.-; (i. , ~ ~~ :itf' .:;1 ~ ~ ~o ~ ~ e-o -o a 12 .o '" ~ " ~ -~ ·Si -g i;R §Li cr .~ " ~-s -s -so o :o ,§.'[3. '[3.~ ee-oe ~.~ o ~ .>1 .g;g 'Ç} ~ ili[;"o- &o" L ASPECTO SIGNIFICATIVO .'- IMPAGO DE PEQUENA IMPORTÂNCIA ú; ASPECTO POUCO SIGNIFICATIVO IMPACTO DE MÉDIA IMPORTÂNCIA IMPACTO DE GRANDE IMPORTÂNCIA Fonte: Matriz: L E. Sánchez & T Hacking,lmpact Assessment and Project Appro,'so;, 20 (i). (Gü:ld'ord: Beecafree. 2002). pp. 25-38. Dados extraídos de: Prominer Projetos S/C Ltda., ElA Minas de Bauxita de Divinolândia, Ci a. Ger;;: de Minas, 2003, reoroduzco com autorização (com modificações). 1°9 MODELOS E·FERRAMENTAS DE GESTÃO AMBlENTAL segundo campo, à direita, os aspectos já identificados são correlacionados a impactos ambientais sobre os meios físico, biótico e antrópico, como devem ser feitos nos EIAs. Os impactos são também classificados, neste caso, em três graus de importância, também segundo critérios previamente definidos. Naturalmente, a classificação dos impactos, um dos requisitos tanto do EIA quanto do SGA, pode ser feita em outras categorias, sendo mostrado apenas um exemplo. O passo seguinte para a integração entre o EIA e o SGA é formular as medidas mitigadoras e demais programas ambientais em termos compatíveis com a norma e, ao mesmo tempo, aceitáveis para o órgão governamental que irá analisar o ElA e possivelmente emitir a licença ambiental. Talvez a recomendação mais importante seja a de que as medidas de gestão ambiental preconizadas no ElA sejam formuladas de maneira tal que sejam passíveis de verificação (ou seja, auditáveis). Infelizmente, essas medidas são muitas vezes formuladas de maneira vaga e imprecisa, dificul- tando ou mesmo impossibilitando a verificação de atendimento. Não são poucos os auditores que, ao realizar uma auditoria de conformidade legal, se deparam com a dificuldade de interpretar o significado das condicio- nantes da licença ambiental. Dias,61ao estudar a implantação de medidas mitigadoras propostas em seis ElAs preparados para diferentes projetos de mineração de areia e brita, observou que, de um total de 122 medidas mitigadoras descritas nos EIAs, somente 41 eram plenamente passíveis de verificação ou fiscalização, enquanto para 23 dessasmedidas simplesmente não havia meios de verificar seu cumprimento. As restantes 58 medidas foram classificadas como parcialmente fiscalizáveis, ou seja, sua verificação demanda interpretação da parte do fiscal ou auditor, interpretação que, inevitavelmente, pode não ser a mesma de outro auditor ou daquela de um fiscal de um organismo governamental. Outro mecanismo que pode contribuir para:maior eficácia eeficiên- cia da gestão ambiental é capacitar as equipes envolvidas na operação e informá-Ias sobre o histórico de avaliação e licenciamento arnbiental do empreendimento. Sabedores dos motivos que levaram à elaboração de cada um dos programas de gestão socioambiental, os gerentes operacionais terão maior condição de implementá-los satisfatoriamente. 61 E. G. C. S. Dias, Avaliação de impacto ambienta] de projetos de mineração no Estado de São Paulo: a etapa de acompanhamento, cit., P: 171. 110 AVALIAçÃo DE IMP~CTO AMBlENTAL t-l PS;:~tivacão (i ~ cmn T'P ',!;,',1i mentes\..1,,," ,)Lt ~'''''t;-i1'l-IL . A.v \.J_t. .<'J j '..... ,> .i..LJU.. ~.U G A avaliação de impacto ambiental também pode ser empregada para planejar a desativação de um empreendimento, ou seja, corno se dará o final de sua vida útil, sempre objetivando reduzir os impactos adversos. No passado, o fechamento de urna indústria, de urna mina, de um aterro de resíduos ou de qualquer outro empreendimento causador de impactos significativos não era seriamente considerado urna etapa de seu ciclo de vida. Os empreendimentos eram simplesmente fechados ou mesmo aban- donados, ou então uma nova atividade passava a funcionar no mesmo local, esquecendo os usos .anteriores e às vezes sofrendo as consequências. A contaminação de solos e águas subterrâneas é um resultado fre- quente de práticas inadequadas de gestão usadas em grande variedade de empreendimentos. A necessidade de recuperar áreas degradadas e de remediar áreas contaminadas é agora imposta pela legislação.'? Projetos de remediação visam tornar uma área contaminada apta para um novo uso seguro, mas esses projetos, embora tenham a melhoria da qualidade ambiental e a redução dos riscos como objetivos, também podem causar impactos socioambientais negativos. Poluição do ar e de águas superficiais, ruído, tráfego de caminhôes e equipamentos e geração de resíduos sólidos são alguns dos problemas ambientais encontrados na remediação de áreas contaminadas. Tais impactos podem ser significativos em determinados projetos de rernediaçâo, a ponto de justificarem o usodaAIA para planejá- -los e promover uma consulta pública. Projetos de remediação fazem parte dá lista de atividades sujeitas à AIA em locais como Canadá, Austrália e Hong Kong, mas não no Brasil. Urna medida para evitar que o passivo ambiental'" seja transferido a terceiros é o planejamento do fechamento de empreendimentos que possam causar degradação ambiental significativa. No Brasil, a prática de elaborar planos de desativação é ainda incipiente. As exigências legais ainda 61 A evolução das exigências legais no trato das áreas contaminadas é, examinada por: L E. Sánchez, "Revitalizaçâo de áreas contaminadas", em E. Moeri & A. Marker (orgs.), Remediaçâo e reuitalizaçâo de áreas contaminadas (São Paulo: Signus, 2004), pp. 79 ..90, '3 Passivo ambienta! é um conceito de múltiplos significados. Ver L. E. Sánchez, "Danos e passivo ambienta!", em A. Philippi [r. & A. CaJfé (orgs.), Curso interdisciplinar de direito ambienta] (Baruerl: Manole, 2005), pp. 261-293. III MODELOS E FERRAMENTAS DE GESTÃO AMBIENTAL são muito genéricas e demasiado formais, sem que tenha havido um apro- fundamento sobre o conteúdo e os objetivos dos planos de fechamento/" Porém, em diversos países um estudo de impacto ambiental é exigido para o fechamento de certos tipos de empreendimentos, como refinarias de pe- tróleo, algumas instalações industriais, usinas de geração de energia elétrica, instalações militares e aeroportos. Nesses casos, e de modo similar ao seu uso para avaliar os impactos da construção ou ampliação de empreendimentos, a AIA serve para avaliar alternativas de fechamento, para estruturar o processo de participação pública e para definir medidas rnitigadoras e compensa- tórias, enquanto a' análise de riscos é usada para estabelecer objetivosde remediação para a contaminação de solos e águas subterrâneas. Um exemplo da aplicação da AIA à fase de desativaçâode empreendi- mentos é dado pelos estudos realizados nos Estados Unidos para remoção de barragens. Barragens têm sido removidas por não se prestarem mais aos usos para que foram construídas, ou porque o custo de manutenção da estrutura pode superar os benefícios auferidos com a continuidade da. operação da barragem, ou simplesmente por razões de ordem ambiental, para recuperar ambientes aquáticos e suas comunidades faunísticas.f Ao vencerem as licenças federais concedidas para as barragens pela Federal Energy Regulatory Commission (Fere), o proprietário deve apresentar um estudo de impacto ambiental que considere alternativas de manutenção ou, em certos casos, a opção de remoção da barragem. Nesses casos, o EIA é em tudo similar a um estudo preparado para um novo empreendimento: identifica, prevê e avalia impactos, benéficos , e adversos, e aponta medidas mitigadoras. Portanto, dá diretrizes para 64 Exemplos de mençãoa planos de desarivação na legislaçãoambiental brasileira são: Resolução Conama n" 316/2002, sobre sistemas de tratamento térmico de resíduos; dispóe que, "Na hipótese de encerramento das atividades, o empreendedor deverá submeter ao órgão ambiemal competeme o Plano de Desativação do sistema (Anexo V), obtendo o devido licenciamento" (artigo 26, § 3Q) e "O encerramento das atividades dos sistemas de tratamento térmico deverá ser precedido da apresentação de Plano de Desativação" (artigo I", Anexo V); Decreto Estadual (São Paulo) n" 47.400/2002, sobre licenciamento ambiemal, que estabelece que "Os empreendimentos sujeitos ao llcenciamenro ambiental deverão comunicar ao órgão competente [...) a suspensão ou o encerramento das suas atividades. § 10 - A comunicação a que se refere o 'caput' deverá ser acompanhada de um Plano de Desativaçâo que contemple a situação ambiental existente e, se for o caso, informe a implernentação das medidas de restauração e de recuperação da qualidade ambiemal das áreas que serão desativadas ou desocupadas" (artigo SO). O estado de Minas Gerais passou a exigir a partir de 2008 a apresentação de um Plano Ambienral de Fechamento para Minas (Deliberação Norrnativa Copam n2 127, de 27-11-2008). 65 Sobre desativação e remoção de barragens, ver L. E..Sánchez, Desengenbaria: opassivo ambiental na desatiuaçâo de empreendimentos industriais (São Paulo: Edusp, 2001). . 112 AVAlIAÇÁO DE IMPACTO AMBIENTAL gerenciar O projeto de desativaçâo'" até que seja atingido seu objetivo - a remoção de uma barragem, o fechamento de uma mina, de um aterro de resíduos ou de uma indústria -, garantindo a proteção ambiental, a recuperação de áreas degradadas e a mitigação dos impactos sociais. Fecha- -se, assim, um ciclo, e o terreno, reabilitado, fica disponível para novo uso, cujo projeto pode requerer um novo estudo de impacto ambiental e assim sucessivamente. o gestor ambiental dispõe hoje de uma completa e cada vez mais so- fisticada caixa de ferramentas. Do mesmo modo que em marcenaria ou em mecânica, algumas ferramentas sáo multifuncionais, enquanto outras são extremamenteespecializadas e somente servem para determinado uso muito particular, algumas são usadas para um trabalho bruto, enquanto outras para acabamento ou trabalhos de precisão. Saber escolher a ferramenta cena para cada problema é uma das habilidades requeridas do profissional dessa área. A avaliação de impacto ambienta! é uma ferramenta multifuncional. Nestetexto procurou-se mostrar os usos múltiplos da AIA, que vão além das exigências legais de licenciamento ambiental. A vertente mais utilizada da AIA é justamente aquela de instrumento de política ambiental pública; diferentemente da maioria dos outros instrumentos de planejamento e gestão, aAIA é instituída por lei e é obrigatória para um grande número de atividades. Ademais, a AIA é também regida por princípios e convenções internacionais, como a Declaração do Rio" e a Convenção da Diversidade Biológica." '5 A desativação de um empreendimento é a preparação paraseu fechamento. Corresponde ao termo, em inglês, decommissioning, às vezes inadequadamente transladado para o português como descomissionamento, cf L. E, Sánchez, "Planejamento do ciclo de vida de 'uma mina e redução dos impactos arnbienrais", em L. A. A. S. Silva & R. T. Blanco (orgs.), 1 Semana Ibero-Americana de Engenharia de Minas (São Paulo: Epusp, 2004), pp.347-352. Á Declaração do Rio é um dos documentos resultantes da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Cnumad), realizada no Rio de Janeiro em 1992, Seu princípio 17 estabelece o seguinte: "A avaliação do-impacto arnbíenral, como um instrumento nacional, deve ser empreendida para atividades propOStas que tenham probabilidade de causar um impacto adverso signilicarivo no ambiente e sujeitas a uma decisão. da autoridade nacional competente". .s Artigo 14, avaliação de impacto e minimização de' impactos negativos: "1) Cada Parte Contratante, na medida do possível; e, conforme o caso, deve':a) Estabelecer procedimentos adequados que exijam a avaliação de impacto ambienral de seus projetos propostos que possam ter sensíveis efeitos negativos na diversidade biológica a fim de evitar ou minimizar tais efeitos e, conforme o caso, permitir a participação pública nesses procedimentos". II3 MODELOS E FERRAMENTAS DE GESTÃO AMBIENTAL Mas o emprego daAIA como instrumento de planejamento e gestão em organizações - a vertente aqui tratada - ainda é virtualmente desconhecida dos gestores ambientais. Seus benefícios potenciais precisam ser divulgados e explorados. A AIA pode desempenhar quatro papéis complementares: planejamento de projeto, auxílio à decisão, promoção da participação pú- blica e·gestão ambiental. É justamente sua função como ferramenta para planejar e organizar a gestão ambienta! de um empreendimento que tem sido insuficientemente explorada. A solução de controvérsias quando da discussão e do licenciamento de um novo projeto muitas vezes depende, em larga medida, da capacidade gerencial demonstrada pelo empreendedor: conseguir a aprovação de um novo projeto quando serem um histórico de mau desempenho ambiental é muito mais difícil. De modo análogó, a possibilidade efetiva de mitigar impactos adversos e de conseguir su- cesso na implementação das medidas preconizadas em um ElA depende tanto do desenho de medidas eficazes quanto da capacidade gerencial de implementá-las .. 114
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