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CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 1 www.pontodosconcursos.com.br Aula 4 – Repartição das receitas tributárias: receita da União aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios. Receitas dos Estados distribuídas aos Municípios. Métodos de interpretação. Vigência, aplicação, interpretação e integração da legislação tributária. Interpretações sistemática, teleológica e outras. Olá, chegamos hoje para a nossa quarta aula. O sumário é o seguinte: 1. Repartição das receitas tributárias. 2. Vigência da Legislação Tributária: 2.1. Conceitos de validade, vigência e eficácia jurídica da norma; 2.2 Regra geral da vigência da norma tributária; 2.3 Vigência no tempo; 2.4 Vigência no espaço 3. Aplicação da Legislação Tributária: 3.1 Fato gerador futuro, fato gerador pendente, súmula 584 do STF, retroatividade própria e retroatividade imprópria; 3.2 Aplicação retroativa da legislação tributária. 4. Interpretação e Integração da Legislação Tributária: 4.1 Visão clássica do CTN; 4.2 Princípios gerais de direito privado; 4.3. Direito tributário como direito de sobreposição; 4.4 Métodos de interpretação: literal, lógico, histórico, sistemático e teleológico; 4.5 Interpretação literal e interpretação mais favorável. Então, vamos lá. 1. REPARTIÇÃO DAS RECEITAS TRIBUTÁRIAS A repartição das receitas tributárias ou distribuição de rendas tributárias é assunto disposto no texto constitucional (arts. 157 a 162). Deste modo, a doutrina classifica a repartição de receitas tributárias de repartição direta e repartição indireta. A forma direta acontece sem qualquer tipo de intermediação, sendo que o ente arrecadador se apropria do montante do tributo ou recebe este montante diretamente do ente federativo competente para instituir o tributo, de acordo com o que está disposto principalmente nos arts. 157 e 158 da CF/88. Assim, pertencem aos Estados e ao Distrito Federal: CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 2 www.pontodosconcursos.com.br • O produto da arrecadação do imposto da União sobre renda e proventos de qualquer natureza (100% do IR), incidente na fonte, sobre rendimentos pagos, a qualquer título, por eles, suas autarquias e pelas fundações que instituírem e mantiverem; • Vinte por cento (20%) do produto da arrecadação do imposto residual que a União instituir no exercício desta competência. Estados e Distrito Federal 100% do IR sobre rendimentos pagos, a qualquer título, por eles, suas autarquias e pelas fundações que instituírem e mantiverem; 20% do imposto residual que a União instituir no exercício desta competência. Pertencem aos Municípios: • O produto da arrecadação do imposto da União sobre renda e proventos de qualquer natureza (100% do IR), incidente na fonte, sobre rendimentos pagos, a qualquer título, por eles, suas autarquias e pelas fundações que instituírem e mantiverem, de acordo com art. 158, I, da CF/88; • Cinquenta por cento (50%) do produto da arrecadação do imposto da União sobre a propriedade territorial rural (ITR), relativamente aos imóveis neles situados, cabendo a totalidade (100%) na hipótese de optar em arrecadar e fiscalizar este tributo, de acordo com art. 158, II, da CF/88; • Cinquenta por cento (50%) do produto da arrecadação do imposto do Estado sobre a propriedade de veículos automotores (IPVA) licenciados em seus territórios, conforme art. 158, III, da CF/88; • Vinte e cinco por cento (25%) do produto da arrecadação do imposto do Estado sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação (ICMS). Estas parcelas de receita pertencentes aos Municípios serão creditadas conforme os seguintes critérios: (i) três quartos (3/4), no mínimo, na proporção do valor adicionado nas operações relativas à circulação de mercadorias e nas prestações de serviços, realizadas em seus territórios; (ii) até um quarto (1/4), de acordo com o que dispuser lei estadual ou, no caso dos Territórios, lei federal, segundo art. 158, IV, parágrafo único, I e II, da CF/88. CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 3 www.pontodosconcursos.com.br Quando o texto constitucional se refere aos Municípios, anotamose que tais regras também podem vir a ser aplicadas ao Distrito Federal. Por exemplo, no caso do IOF incidente sobre o ouro, na verdade, toda (100%) a arrecadação pertence ao Distrito Federal, que não pode ser dividido em Municípios (art. 30 da CF/88) e tem também competência tributária municipal. Municípios e Distrito Federal 100% do IR, incidente na fonte, sobre rendimentos pagos, a qualquer título, por eles, suas autarquias e pelas fundações que instituírem e mantiverem; 50% do ITR, relativamente aos imóveis neles situados, cabendo 100% na hipótese de optar em arrecadar e fiscalizar este tributo; 50% do IPVA licenciados em seus territórios; 25% do ICMS. No concurso da FCC para Procurador Municipal/São Paulo/2008 foi adotado como correto o seguinte enunciado: “Dentro do campo da repartição constitucional de receitas tributárias, é correto afirmar que até um quarto dos 25% de ICMS que o Estado arrecada pertence aos Municípios de acordo com o que dispuser lei estadual”. A repartição indireta acontece por intermédio de Fundos de Participação ou com arrecadação para aplicação em programas de financiamento ao setor produtivo das Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, através de suas instituições financeiras de caráter regional, de acordo com o art. 159 da CF/88. Senão vejamos a seguir. A União entregará: • Do produto da arrecadação dos impostos sobre renda e proventos de qualquer natureza (IR) e sobre produtos industrializados (IPI) quarenta e oito por cento (48%) na seguinte forma: (ia) vinte e um inteiros e cinco décimos por cento (21,5%) ao Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal (FPE); (ib) vinte e dois inteiros e cinco décimos por cento (22,5%) ao Fundo de Participação dos Municípios (FPM); (ic) três por cento (3%), para aplicação em programas de financiamento ao setor produtivo das Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, através de suas instituições financeiras de caráter regional, de acordo com os planos regionais de desenvolvimento, ficando assegurada ao semi- árido do Nordeste a metade dos recursos destinados à Região, na forma que a lei estabelecer; (id) um por cento (1%) ao CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 4 www.pontodosconcursos.com.br Fundo de Participação dos Municípios (FPM), que será entregue no primeiro decêndio do mês de dezembro de cada ano, conforme art. 159, I, da CF; • Do produto da arrecadação do imposto sobre produtos industrializados (IPI), dez por cento (10%) aos Estados e ao Distrito Federal, proporcionalmente ao valor das respectivas exportações de produtos industrializados, conforme art. 159, II, da CF; • Do produto da arrecadação da CIDE-Combustíveis, 29% para os Estados e o Distrito Federal, distribuídos na forma da lei, observando a destinação ao financiamento de programas de infra-estrutura de transportes, conforme art. 159, III, da CF. União entregará: 48% do IR e do IPI, sendo: 21,5% ao FPE; 23,5% ao FPM e 3% para aplicação em programas de financiamento ao setor produtivo das Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste; 10% do IPI aos Estados e ao Distrito Federal, proporcionalmente ao valor das respectivas exportações de produtos industrializados; 29% da CIDE-Combustíveis para os Estados e o Distrito Federal. Por sua vez, para efeito de cálculo da entrega de quarenta e oito por cento (48%) do produto da arrecadação dos IR e do IPI previstos no art. 159, I, da CF/88, excluir-se-á a parcela da arrecadação do IR, incidente na fonte, sobre rendimentospagos, a qualquer título, pelos Estados, Distrito Federal, Municípios, suas autarquias e pelas fundações que instituírem e mantiverem. Segundo o §2°, do art. 159, da CF/88, nenhuma unidade federada poderá ser destinada parcela superior a vinte por cento (25%) do montante a que se refere o inciso II, do art. 159, da CF/88 devendo o eventual excedente ser distribuído entre os demais participantes, mantido, em relação a esses, o critério de partilha nele estabelecido. Nesse rumo, os Estados entregarão aos respectivos Municípios vinte e cinco por cento (25%) dos recursos que receberem do IPI (10%), proporcionalmente ao valor das respectivas exportações de produtos industrializados, nos termos do inciso II, do art. 159, da CF/88, observado que as parcelas de receita pertencentes aos Municípios serão creditadas conforme os seguintes critérios: (i) três quartos (3/4), no mínimo, na proporção do valor adicionado nas operações industrializadas realizadas em seus territórios; (ii) até um quarto (1/4), de acordo com o que dispuser lei estadual ou, no caso dos Territórios, lei federal. CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 5 www.pontodosconcursos.com.br Do montante de recursos da Cide-Combustíveis que cabe a cada Estado, vinte e cinco por cento (25%) serão destinados aos seus Municípios, na forma da lei a que se refere o inciso III do art. 159 da CF/88. Portanto, verificamos que a percentagem final recebida pelos Municípios é de 7,25%, que equivale a 25% de 29% da arrecadação total da Cide-Combustíveis. Ademais, segundo o art. 153, §5º da CF, é assegurada a transferência do montante da arrecadação do IOF incidente sobre o ouro nos seguintes termos: (a) trinta por cento (30%) para o Estado, o Distrito Federal ou o Território, conforme a origem; (b) setenta por cento (70%) para o Município de origem. Portanto, a repartição de receita tributária não engloba os impostos municipais (IPTU, ITBI e ISS), o ITCMD de competência estadual e os II, IE, IGF (imposto sobre grandes fortunas) e o IEG (imposto extraordinário de guerra) de competência federal. Decerto, constatamos que a repartição de receitas tributárias engloba somente alguns impostos e a Cide-Combustíveis. No concurso da FCC para Auditor/TCE/SP/2009 foi adotado como correto: “O tributo cuja receita não se submete a repartição de natureza constitucional é o imposto sobre importação de produtos estrangeiros”. Nesse rumo, no concurso do CESPE para Procurador de Contas/ES/2010 foi considerado correto: “A respeito da repartição da receita tributária, nenhum imposto municipal sofre repartição do tributo de sua arrecadação”. Com efeito, na repartição de receitas tributárias, ressaltamos que é vedada a retenção ou qualquer restrição à entrega e ao emprego dos recursos atribuídos aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, neles compreendidos adicionais e acréscimos relativos a impostos (art. 160, CF). No concurso do CESPE para Procurador/Boa Vista/2010 foi considerado errado o seguinte item: “Sujeita-se à condição prevista em programa de benefício fiscal estabelecido pelo estado o repasse da quota constitucionalmente devida aos municípios em função das operações relativas à circulação de mercadorias e em função da prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação”. CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 6 www.pontodosconcursos.com.br Contudo, tal vedação não impede a União e os Estados de condicionarem a entrega de recursos ao pagamento de seus créditos, inclusive de suas autarquias e também ao cumprimento da regra de aplicação de recursos mínimos estabelecidos em lei complementar para as ações e serviços públicos de saúde. De mais a mais, o art. 162 da CF estabelece que a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios divulgarão, até o último dia do mês subseqüente ao da arrecadação, os montantes de cada um dos tributos arrecadados, os recursos recebidos, os valores de origem tributária entregues e a entregar e a expressão numérica dos critérios de rateio. Deste modo, os dados divulgados pela União serão discriminados por Estado e por Município; os dos Estados, por Município. Importante: o STJ entende que pólo passivo nas demandas propostas por servidores públicos estaduais ou distritais, com vistas ao reconhecimento do direito à isenção ou à repetição do indébito relativo ao imposto de renda retido na fonte, é dos Estados-membros ou do DF e não da União, pois o art. 157 da CF dispõe que produto da arrecadação deste tributo não pertence a União. Neste sentido, publicou a súmula 447: “Os Estados e o Distrito Federal são partes legítimas na ação de restituição de imposto de renda retido na fonte proposta por seus servidores”. 2. VIGÊNCIA DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA Antes de se dissertar propriamente sobre a vigência da legislação tributária, devemos diferenciar os conceitos de validade, vigência e eficácia da norma jurídica. 2.1. CONCEITOS DE VALIDADE, VIGÊNCIA E EFICÁCIA JURÍDICA DA NORMA Afirmar que a norma “Y” é válida significa dizer que a norma está de acordo com o ordenamento jurídico, não só por ter obedecido às condições formais para o seu ingresso, mas também as condições materiais de sua produção. Ou seja, para verificar a validade da norma devemos analisar a compatibilidade formal e material da norma com a Constituição, que é o fundamento de validade de todas as demais normas do sistema de dado território. Decerto, a validade é a qualidade ou o predicado da norma. Por exemplo, determinada Câmara Municipal instituiu empréstimo compulsório para atender despesas ordinárias previstas no CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 7 www.pontodosconcursos.com.br orçamento. Tal lei criou norma inválida, pois esta desobedece às condições formais para o seu ingresso (autoridade incompetente - Câmara Municipal), bem como as condições materiais de sua produção (atender despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência). Nesse rumo, tanto a norma criada por autoridade incompetente e conforme o procedimento previsto em lei quanto à norma criada por autoridade competente e sem a observância do procedimento previsto em lei são inválidas, pois não estão de acordo com as normas constitucionais que são o fundamento de suas validades. Já a vigência exige o critério da publicação da norma e diz respeito à possibilidade da norma incidir, de produzir efeitos jurídicos no plano abstrato. Noutro ponto, a eficácia jurídica é a capacidade da norma de Direito produzir efeitos jurídicos no plano concreto. A eficácia jurídica tem relação direta com a possibilidade da aplicação da norma em determinada situação concreta. Assim sendo, a vigência e a eficácia jurídica podem andar juntas, como irmãs siamesas, ou separadas. No direito tributário, é clara a possibilidade de separação entre a vigência e a eficácia jurídica quando visualizamos o princípio da anterioridade. Isto é, uma lei que aumente a alíquota do imposto sobre a renda (IR) pode ser vigente na data da sua publicação (25/12/09), mas só terá eficácia jurídica a partir do exercício financeiro seguinte (01/01/2010), observando-se o princípio da anterioridade anual. Portanto, durante o período compreendido entre 25/12/09 e 31/12/09 a referida lei é vigente (plano abstrato), mas não é eficaz (plano concreto). Noutro exemplo, o lançamento tributário reporta-se à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e rege-se pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada, segundo o caput do art. 144 do CTN. Na hipótese, a norma legal da data da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária pode ser eficaz e não mais vigente. Por exemplo, determinado contribuintepaga um tributo em 2009, cujo fato gerador aconteceu em 2006, aplica-se, então, a alíquota do tributo vigente em 2006, mesmo que em 2009 a alíquota esteja menor. A FCC no concurso para Procurador Estadual/SP/2009 considerou errado: “O lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 8 www.pontodosconcursos.com.br gerador da obrigação e rege-se pela lei vigente à época, salvo se lei superveniente for mais benéfica ao contribuinte do tributo”. 2.2 REGRA GERAL DA VIGÊNCIA DA NORMA TRIBUTÁRIA Nesse contexto, a vigência, no espaço e no tempo, da legislação tributária rege-se pelas disposições legais aplicáveis às normas jurídicas em geral, que são a Lei de Introdução ao Código Civil – LICC (Decreto-Lei nº 4.567/1942) e Lei Complementar n° 95/1998, salvo dispositivo em contrário disposto no próprio CTN. 2.3 VIGÊNCIA NO TEMPO A respeito da vigência no tempo, a LICC determina em seu art. 1°, que, ressalvado norma dispositiva em contrário, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias (45) depois de oficialmente publicada. Isto é, sendo omissa a lei, aplica-se subsidiariamente o prazo de 45 dias de vacância previsto na LICC. O tempo entre a publicação da lei e a sua entrada em vigor é também denominado de vocatio legis, que serve para a população tomar conhecimento da lei. Normalmente, a lei já dispõe que entra em vigor na data de sua publicação, dispensando a aplicação do prazo de 45 dias. Como exemplo, a LC 104/2001 estatuiu no seu último artigo que “Esta Lei Complementar entra em vigor na data de sua publicação”. As leis que estabeleçam período de vacância deverão utilizar a cláusula ‘esta lei entra em vigor após decorridos (o número de) dias de sua publicação oficial’ (§2°, do art. 8°, da LC 95/98). Neste sentido, a vigência da lei será indicada de forma expressa e de modo a contemplar prazo razoável para que dela se tenha amplo conhecimento, reservada a cláusula “entra em vigor na data de sua publicação” para as leis de pequena repercussão (art. 8° da LC 95/98). A contagem do prazo para entrada em vigor das leis que estabeleçam período de vacância far-se-á com a inclusão da data da publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor no dia subseqüente à sua consumação integral. Por exemplo, a Lei Complementar 118/2005, que alterou diversos dispositivos do CTN estabeleceu em seu último artigo que “esta Lei entra em vigor 120 (cento e vinte) dias após sua CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 9 www.pontodosconcursos.com.br publicação”. A sua publicação oficial foi no dia 9 de fevereiro de 2009, entrando em vigor no dia 9 de junho de 2005. Portanto, o período de vacatio legis foi entre 9/02/2005 e 9/06/2005. O CESPE no concurso para Procurador de Estado/AL/2009 considerou correto: “Caso lei instituindo o tributo de ISS em determinado município tenha sido publicada em 20/12/2008, sem indicar a data de sua vigência, a lei terá aplicação no exercício seguinte ao da sua publicação, mas se terá de esperar 45 dias para sua entrada em vigor”. O ISS deve obedecer a anterioridade anual e nonagesimal. Portanto, quando se diz que a lei terá aplicação no exercício seguinte ao da sua publicação, por conseguinte, não se afirma que não se observará os 90 dias da anterioridade nonagesimal, contados de 20/12/2008. Assim, correta a alternativa, pois a espera de 45 dias para sua entrada em vigor decorre da omissão da lei que instituiu o tributo. Por sua vez, o art. 103 do CTN estabelece regras específicas sobre a entrada em vigor das normas complementares, afirmando que, salvo disposição em contrário, entram em vigor: • Os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas, na data da sua publicação; O CESPE no concurso para AFRE/ES/2009: “Os atos normativos expedidos pela autoridade administrativa entram em vigor na data de sua assinatura, salvo disposição de lei em contrário”. É incorreta, pois entram em vigor na data da sua publicação. • As decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, a que a lei atribua eficácia normativa, quanto a seus efeitos normativos, 30 (trinta) dias após a data da sua publicação; • Os convênios que entre si celebrem a União, os Estados, o Distrito Federal e os Município, na data neles prevista. Em relação às práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas (costume), a entrada em vigor ocorre no momento em que caracterizada, ou seja, no momento em que a conduta da Administração se torna reiterada. O art. 104 do CTN, I a III, estabelece que entram em vigor no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que ocorra a sua publicação os dispositivos de lei, referentes a impostos sobre o patrimônio ou a renda: CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 10 www.pontodosconcursos.com.br • que instituem ou majoram tais impostos; • que definem novas hipóteses de incidência; • que extinguem ou reduzem isenções, salvo se a lei dispuser de maneira mais favorável ao contribuinte, e observado o disposto no artigo 178. Este dispositivo contraria o art. 150, III, “b” e “c”, da CF/88, que não restringe a aplicação da anterioridade apenas aos impostos sobre o patrimônio ou a renda (IR, ITR, IGF, ITCMD, IPVA, ITBI e IPTU), e também a jurisprudência atual do STF que entende como constitucional a inobservância da anterioridade na extinção ou redução da isenção incondicionada. Contudo, o concursando deve ficar atento a literalidade do art. 104 do CTN, que está em vigor e não ainda foi declarado inconstitucional pelo STF. Nesse rumo, a ESAF aplicou inteiramente o art. 104, I, do CTN, na última prova para AFRFB (2010). Assim sendo, a ESAF afirmou “Considerando a publicação de norma, em 15 de dezembro de 2009, visando à majoração de tributo, sem disposição expressa sobre a data de vigência, tratando-se de imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza, poderá ser editada lei ordinária, produzindo efeitos financeiros a partir de 1° de janeiro de 2010”. Isto é, o examinador adotou exclusivamente o art. 104, I, do CTN. 2.4 VIGÊNCIA NO ESPAÇO No que se refere à vigência no espaço (aspecto espacial da incidência), as normas jurídicas devem em regra obedecer ao princípio da territorialidade, dispondo que a lei de cada ente federativo vigora nos limites de seu território. Porém, excepcionalmente, a legislação tributária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios vigora, no País, fora dos respectivos territórios, nos limites em que lhe reconheçam extraterritorialidade os convênios de que participem, ou do que disponham esta ou outras leis de normas gerais expedidas pela União, de acordo com o art. 102 do CTN. Nesse rumo, ressaltamos o entendimento da ESAF em 2010 no sentido da interpretação restritiva do art. 102 do CTN. Isto é, o termo legislação tributária neste dispositivo significa apenas CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 11 www.pontodosconcursos.com.br normas que digam respeito à arrecadação e fiscalização de tributos. Por consequencia, o art. 102 do CTN não outorga poder para que os Municípios, os Estados-membros e o DF instituam tributos fora dos seus limites territoriais, sob pena de afronta a competência tributária. Em outras palavras, o aspecto espacial da norma tributária estadual, distrital ou municipal (local onde ocorre o nascimento da obrigação tributária) tem por limite o próprio território do respectivo ente federativo que criou o tributo, em razão da competência tributária delineada na Constituição. Assim, a norma estadual, distrital ou municipal que cria o tributo não possui extraterritorialidade, que,nos termos dos convênios ou das normas gerais de direito tributário, apenas tem validade no que diz respeito às normas de arrecadação e fiscalização tributária. Por exemplo, segundo os termos da LC 116/03 (norma geral de direito tributário), o ISS pode ser cobrado em local distinto do domicílio do prestador de serviço. Deste modo, as administrações tributárias de dois Municípios podem firmar convênio de colaboração no sentido de ajuda mútua (troca de informações fiscais, apoio do aparato administrativo etc.) para a efetiva cobrança do tributo. Contudo, isto não quer dizer que a obrigação tributária do ISS nasceu fora dos limites territoriais do Município competente para instituir o tributo. A ESAF no concurso da SUSEP/2010 adotou como incorreto o seguinte enunciado: “o aspecto espacial da incidência tributária nem sempre corresponderá ao território da pessoa política tributante, já que a extraterritorialidade da tributação estadual e municipal não necessariamente implica invasão de idêntica competência dos demais Estados e Municípios”. 3. APLICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA A aplicação da legislação tributária refere-se à adequação da norma prevista na lei ao caso concreto, também denominada de subsunção do fato à norma. CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 12 www.pontodosconcursos.com.br Em regra geral, as normas tributárias novas não retroagem para a sua aplicação em situações passadas, em razão do princípio da irretroatividade tributária. Este princípio disposto no art. 150, III, “a”, da CF, estabelece a proibição de cobrar tributos em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado. 3.1 FATO GERADOR FUTURO, FATO GERADOR PENDENTE, SÚMULA 584 DO STF, RETROATIVIDADE PRÓPRIA E RETROATIVIDADE IMPRÓPRIA Com efeito, o art. 105 do CTN, disciplina que a legislação tributária aplica-se imediatamente aos fatos geradores futuros e aos pendentes, assim entendidos aqueles cuja ocorrência tenha tido início e não esteja completa nos termos do artigo 116 do mesmo Código. Segundo esta classificação prevista explicitamente no CTN: (a) fatos geradores futuros são aqueles que ainda irão acontecer; (b) fatos geradores pendentes são aqueles que já iniciaram a sua formação, mas ainda não completaram o seu círculo de formação ou não atingiram a sua perfeição. Em relação à aplicação imediata da legislação tributária aos fatos geradores futuros não há qualquer desentendimento na doutrina ou jurisprudência, observando sempre também o princípio da anterioridade. Resta a controvérsia em relação aos fatos geradores pendentes, sobretudo a súmula 584 do STF. Segundo determinada parte da doutrina, não há distinção entre fato gerador futuro ou pendente, afirmando-se que não existe fato gerador pendente. Só existe fato gerador que ocorre ou que não corre. Deste modo, o fato gerador pendente é aquele sujeito a condição suspensiva (art. 116, II e 117, I, do CTN). Como o fato gerador pendente de condição suspensiva só ocorre com o implemento da condição. O fato gerador pendente acaba se assimilando ou igualando ao fato gerador futuro. Entretanto, outra parte da doutrina sustenta como válida a citada classificação e assevera que fato gerador pendente é o fato gerador complexivo ou periódico, que ainda não se aperfeiçoou. CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 13 www.pontodosconcursos.com.br Neste sentido, o fato gerador pendente é aquele cuja realização ainda não se completou ao longo de um espaço de tempo. Por exemplo, o fato gerador do imposto de renda de pessoa física (IRPF) acontece ao longo de um período de tempo, que, segundo a legislação do IR, é de 1° de janeiro até 31 de dezembro do mesmo ano, estando, portanto, pendente o fato gerador até a data de 31 de dezembro. Assim, a súmula 584 do STF, que ainda continua sendo aplicada pela Excelsa Corte, dispõe que “ao Imposto de Renda calculado sobre os rendimentos do ano-base, aplica-se a lei vigente no exercício financeiro em que deve ser apresentada a declaração”. Do modo, o STF aplica tal entendimento a contribuição social sobre o lucro líquido (CSLL). Assim, uma lei publicada em 31 de Dezembro de 2009 aumentando o valor do imposto de renda atinge situações caracterizadoras do fato gerador do IRPF (aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica de renda ou proventos de qualquer natureza) acontecidas antes da publicação da lei, desde o dia 01 de janeiro de 2009. Logo, a lei nova publicada durante o ano-base pode incidir sobre o IRPF do mesmo ano, pois estará vigente no exercício financeiro seguinte, que é quando o IRPF será lançado por homologação e ocorrerá também a apresentação da declaração de ajuste anual. Nesse rumo, ressaltamos que a retroatividade imprópria (retrospectiva) ocorre quando a lei atuar sobre um fato jurídico ainda não concluído, isto é, no direito tributário acontece quando a lei é aplicada sobre o fato gerador pendente Decerto, a súmula 584 é o exemplo clássico de retroatividade imprópria ou retrospectiva e o STF tem adotado este entendimento (RE nº 104.259-RJ, RTJ 115/1336). Portanto, a retroatividade imprópria, segundo entendimento atual do STF, pode ocorrer nos tributos com fato gerador de período ou complexivo, eis que a lei nova alcança período já decorrido em parte quando da sua publicação. Contudo, no último concurso para ATRFB, a ESAF adotou o entendimento doutrinário de Misabel Derzi, que é contrário a jurisprudência atual do STF, a saber: “A mesma lei que rege o fato é CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 14 www.pontodosconcursos.com.br também a única apta a reger os efeitos que ele desencadeia (como sujeição passiva, extensão da responsabilidade, base de cálculo, alíquotas, deduções, compensações, correção monetária etc.) (...) O princípio da irretroatividade no direito positivo brasileiro não é relativo, mas absoluto e insistentemente repetido nos Textos Magnos nacionais. Descabe entre nós a chamada ‘retrospectiva’ ou retroatividade imprópria, mesmo para o imposto de renda”. Por sua vez, a retroatividade própria (ou autêntica) acontece quando a lei alcança fatos ocorridos apenas no passado, o que é permitido por exceção, como no caso das leis interpretativas previstas no art. 106, I, do CTN. Neste sentido, o STF já decidiu da seguinte forma: “As leis, em face do caráter prospectivo de que se revestem, devem, ‘ordinariamente’, dispor para o futuro. O sistema jurídico- constitucional brasileiro, contudo, ‘não’ assentou, como postulado absoluto, incondicional e inderrogável, o princípio da irretroatividade. A questão da retroatividade das leis interpretativas” (ADI 605-MC). A ESAF no concurso para ATRFB/2010 classificou como verdadeiros os seguintes itens: “I. a irretroatividade da lei tributária vem preservar o passado da atribuição de novos efeitos tributários, reforçando a própria garantia da legalidade, porquanto resulta na exigência de lei prévia, evidenciando-se como instrumento de otimização da segurança jurídica ao prover uma maior certeza do direito; II. o Supremo Tribunal Federal tem como referência, para análise da irretroatividade, o aspecto temporal da hipótese de incidência, ou seja, o momento apontado pela lei como sendo aquele em que se deve considerar ocorrido o fato gerador; III. a mesma lei que rege o fato é também a única apta a reger os efeitos que ele desencadeia, como a sujeição passiva, extensão da responsabilidade, base de cálculo, alíquotas, deduções, compensações e correção monetária, por exemplo”. Contudo, no mesmo concurso, apesar do STF atualmente admitir a retroatividade imprópria, a ESAF considerou falso o seguinte item: “IV. a lei instituidora ou majoradora de tributostem de ser, como regra, prospectiva; admite-se, porém, a sua retroatividade imprópria”. 3.2 APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA: RETROTIVIDADE PRÓPRIA OU AUTÊNTICA A lei tributária pode ter aplicação retroativa, denominando-se igualmente de retroatividade benigna ou in bonam partem, podendo CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 15 www.pontodosconcursos.com.br ser aplicada ato ou fato pretérito nas hipóteses que se seguem, segundo o art. 106 do CTN. Em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados. Tal regra tem por base a retroatividade benigna da interpretação autêntica, que é a interpretação elaborada pelo próprio Poder Legislativo, ressaltando-se que este tipo de interpretação não exclui a apreciação do caso pelo Poder Judiciário. Por exemplo, os arts. 3° e 4°, da LC 118/2005, estabeleceram, respectivamente, que (a) para efeito de interpretação do art. 168, I, do CTN, a extinção do crédito tributário ocorre, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento do pagamento antecipado de que trata o § 1o do art. 150 da referida Lei; (b) esta Lei entra em vigor 120 (cento e vinte) dias após sua publicação, observado, quanto ao art. 3o, o disposto no art. 106, I, do CTN. Interpretando tais dispositivos, o STJ entendeu que: “a) o art. 3º da LC 118/05 só pode ter eficácia prospectiva, incidindo sobre situações que venham a ocorrer a partir de sua vigência; b) o art. 4º, segunda parte, da LC 118/05, que determina a aplicação retroativa do art. 3º, ofende o princípio constitucional da autonomia e independência dos Poderes (CF, art. 2º) e o da garantia do direito adquirido, do ato jurídico perfeito e da coisa julgada (CF, art. 5º, XXXVI)”. Com efeito, o STJ interpretou que o artigo 3º, da LC 118/05, criou direito novo, não configurando lei meramente interpretativa, cuja retroação é permitida. Importante: o esclarecimento do significado de uma lei tributária por outra lei posterior configura também a denominada interpretação autêntica, que é a interpretação da norma realizada pelo próprio Poder Legislativo. Nesse rumo, tratando-se de ato não definitivamente julgado, a lei aplica-se a ato ou fato pretérito (art. 106, II, CTN): • Quando deixe de defini-lo como infração; • Quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; • Quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 16 www.pontodosconcursos.com.br Assim sendo, permite-se a extinção ou redução da multa, moratória ou punitiva, prevista na lei mais nova, por ser mais benéfica ao contribuinte, independentemente de o fato gerador do tributo tenha ocorrido em data anterior a vigência da norma sancionatória. Todavia, ressaltamos que o pagamento regular da multa tributária extingue o crédito tributário, não permitindo a aplicação do art. 106 do CTN. A FGV no concurso para Fiscal de Rendas/RJ/2009 adotou como incorreto o seguinte enunciado: “De acordo com o Código Tributário Nacional a lei aplica-se a ato ou fato pretérito quando reduza a alíquota de tributo cujo fato gerador já foi praticado, desde que a defesa ofertada pelo contribuinte, administrativa ou judicial, ainda não tenha sido definitivamente julgada”. Importante: Ato “não definitivamente julgado” significa ato não transitado em julgado, compreendendo tanto o âmbito administrativo como o âmbito judicial (Poder Judiciário). Neste sentido, é pacífico o entendimento do STJ no sentido de que, tratando-se de execução fiscal não definitivamente julgada, aplica-se o disposto no art. 106 do CTN. 4. INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA A hermenêutica, atualmente, é entendida como uma teoria ou filosofia da interpretação que deve tornar compreensível o significado de determinado texto. Assim, a interpretação hoje é vista como uma tarefa criadora no âmbito da linguagem. 4.1 VISÃO CLÁSSICA DO CTN Sem se aprofundar no estudo da hermenêutica contemporânea, afirmamos, de logo, que o CTN adota uma visão tradicional da hermenêutica, que é entendida como um problema normativo e metodológico. Ou seja, para o CTN a hermenêutica é conjunto de técnicas e métodos destinados a interpretar a norma. Com efeito, de acordo com o art. 107 do CTN, a legislação tributária deverá ser interpretada conforme o disposto no próprio Código. Interpretar no Direito é compreender o sentido e alcance da norma, pressupondo a existência de norma sobre a questão. CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 17 www.pontodosconcursos.com.br Já a integração no direito, segundo a hermenêutica tradicional do CTN, é o preenchimento da lacuna ou do vazio normativo. Isto é, não existe dispositivo expresso para regular determinada situação e o intérprete se utiliza dos métodos de integração para colmatar o vazio normativo. O CESPE no concurso para Assessor Jurídico/Natal/2008: “A integração da legislação tributária importa no trabalho intelectual que consiste em identificar o sentido e alcance da norma, em decifrar o pensamento do legislador”. É incorreta, pois traz conceituação de interpretação e não de integração. Deste modo, o CTN no seu art. 108 estabelece que na ausência de disposição expressa, a autoridade competente para aplicar a legislação tributária utilizará sucessivamente, na ordem indicada: 1. a analogia; 2. os princípios gerais de direito tributário; 3. os princípios gerais de direito público; 4. a equidade. O CESPE no concurso para Advogado/CEF/2010 adotou como correto: “Um dos aspectos mais importantes para se compreender o sistema tributário nacional consiste na interpretação e integração da lei tributária, objetivando o efetivo alcance de tais normas. Na ausênciade disposição expressa, a autoridade competente, por ocasião da aplicação da legislação tributária, deverá utilizar, sucessivamente, na ordem indicada, a analogia; os princípios gerais de direito tributário; os princípios gerais de direito público; e a equidade”. Nesse rumo, o emprego da analogia não poderá resultar na exigência de tributo não previsto em lei, ou mesmo na criação de hipóteses suspensão, extinção ou exclusão do crédito tributário, em face do princípio da legalidade tributária. A analogia é um método de integração que busca o preenchimento da lacuna normativa com a aplicação de uma norma semelhante ao do caso concreto. Podemos considerar os seguintes exemplos discutidos recentemente pela jurisprudência do STJ, a saber: • “O Convênio ICMS 69/98, ao determinar a incidência do ICMS sobre a habilitação de aparelho móvel celular, empreendeu verdadeira analogia extensiva do âmbito material de incidência CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 18 www.pontodosconcursos.com.br do tributo, em flagrante violação ao art. 108, § 1º, do CTN” (AGREsp 956312/RO); • “Deveras, é princípio basilar do Direito Tributário Brasileiro que a imposição de ônus tributário ao contribuinte, que só pode decorrer de lei (CF/88, art. 150, inciso I), não pode resultar do emprego da analogia (CTN, art. 108, §1.º), e equiparar os meros serviços de aformoseamento prestados pela empresa recorrida aos de construção, demolição, reforma, ampliação de edificação ou outras benfeitorias agregadas ao solo ou subsolo implica analogia in malam partem, vez que resultariam em impor à esta óbices que a legislação vigente não lhe impõe” (Resp 818674/MG). O CESPE no concurso para Assessor Jurídico/Natal/2008 considerou incorreto:“Na ausência de disposição legal expressa, um agente público municipal pode empregar a analogia a fim de impor penalidades pecuniárias a contribuintes inadimplentes”. Realçamos também que não se confunde a analogia com a interpretação extensiva ou analógica, como muito bem ensina o STJ na interpretação da Lista Anexa a LC 116/2003: • “Embora taxativa, em sua enumeração, a lista de serviços admite interpretação extensiva, dentro de cada item, para permitir a incidência do ISS sobre serviços correlatos àqueles previstos expressamente. Esse entendimento não ofende a regra do art. 108, § 1º, do CTN, que veda o emprego da analogia para a cobrança de tributo não previsto em lei. Na hipótese, não se cuida de analogia, mas de recurso à interpretação extensiva, de resto autorizada pela própria norma de tributação, já que muitos dos itens da lista de serviços apresentam expressões do tipo ‘congêneres’, ‘semelhantes’, “qualquer natureza”, ‘qualquer espécie’, entre outras tantas. Não se pode confundir analogia com interpretação analógica ou extensiva. A analogia é técnica de integração, vale dizer, recurso de que se vale o operador do direito diante de uma lacuna no ordenamento jurídico. Já a interpretação, seja ela extensiva ou analógica, objetiva desvendar o sentido e o alcance da norma para então definir- lhe, com certeza, a sua extensão. A norma existe, sendo o método interpretativo necessário, apenas, para precisar-lhe os contornos”. Por sua vez, o emprego da equidade não poderá resultar na dispensa do pagamento de tributo devido (art. 108, §2°). A equidade CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 19 www.pontodosconcursos.com.br é considerada como a aplicação da justiça ao caso concreto, abrandando o rigor da lei, tendo em conta as características pessoais ou materiais do caso. Noutro ponto, o inc. IV, do art. 172 do CTN dispõe que a lei pode autorizar a autoridade administrativa a conceder, por despacho fundamentado, remissão total ou parcial do crédito tributário, atendendo a considerações de equidade, em relação com as características pessoais ou materiais do caso. A FCC no concurso para Fiscal de Rendas/SP/2009: “É correto afirmar que a analogia é a forma de integração da norma jurídica e o seu emprego não poderá resultar na exigência de tributo não previsto em lei”. Por outro lado o CESPE no concurso para Procurador Federal/2010: “Um fiscal da Receita Federal do Brasil, ao aplicar a legislação tributária, na ausência de disposição legal expressa, pode empregar a analogia, desde que isso não resulte na dispensa do pagamento de tributo devido”. O fiscal, ao aplicar a legislação tributária, na ausência de disposição legal expressa, pode empregar a analogia, desde que isso não resulte na exigência de tributo não previsto em lei. Portanto, errada. 4.2 PRINCÍPIOS GERAIS DE DIREITO PRIVADO Por outro lado, os princípios gerais de direito privado utilizam- se para pesquisa da definição, do conteúdo e do alcance dos institutos, conceitos e formas do direito tributário, mas não para definição dos respectivos efeitos tributários, conforme art. 109 do CTN. Exemplos de princípios gerais de direito privado são a eticidade fundada no princípio da dignidade da pessoa humana; a socialidade que é a prevalência dos valores coletivos em detrimento dos valores sociais e a operalidade traduzida na efetivação da norma jurídica, afirmando a doutrina que o direito é feito para ser utilizada e eficaz. Ressaltamos que os princípios gerais de direito privado não definem os efeitos das normas tributárias. Nessa senda, a lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar competências tributárias (art. 110 do CTN). CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 20 www.pontodosconcursos.com.br Por exemplo, o STF entendeu que a ampliação do conceito de receita bruta, pela Lei 9.718/98, para abarcar todas as receitas auferidas pela pessoa jurídica, teria afrontado o conceito de faturamento ou de receita bruta previsto inicialmente no art. 195 da CF/88 (aplicação as situações ocorridas antes da Emenda Constitucional n° 20/98). Portanto, por desobedecer a um conceito de direito privado utilizado por norma constitucional teria ocorrido violação ao art. 110 do CTN. A FGV no concurso para MPE/TC/RJ/2008 considerou incorreta: “A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios ou pelas leis complementares, para definir ou limitar competências tributárias”. A banca adotou a literalidade do art. 110 do CTN, que não prevê “ou pelas leis complementares”. 4.3 DIREITO TRIBUTÁRIO COMO DIREITO DE SOBREPOSIÇÃO Decerto, com fundamento nos arts. 109 e 110 do CTN, parte da doutrina compreende que o direito tributário é um direito de sobreposição ou superposição, pois incide sobre realidades previstas em ramos do direito privado para destes buscar os contornos dos seus institutos, conceitos e formas. Logo, o direito tributário se utiliza dos conceitos e princípios de direito privado (Direito Civil, Empresarial e do Trabalho) para interpretação das suas normas. Por exemplo, “prestar serviços”, “propriedade de bens imóveis”, “remuneração do trabalhador”, “circulação de mercadorias” são institutos regulados por normas de direito privado utilizados no alcance do direito tributário. 4.4 MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO: LITERAL, LÓGICO, HISTÓRICO, SISTEMÁTICO E TELEOLÓGICO Os métodos clássicos da hermenêutica jurídica destinados à interpretação em geral, inclusive o direito tributário, são os seguintes: (i) literal ou filológico; (ii) lógico; (iii) histórico; (iv) sistemático e (v) teleológico. O método literal consiste em discernir o significado literal das palavras que compõem a norma jurídica interpretada, servindo-se CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 21 www.pontodosconcursos.com.br das normas gramaticais existentes no vernáculo, sendo o primeiro passo a ser dado na interpretação jurídica. Isto é, a interpretação gramatical ou literal é aquela que se fundamenta na compreensão das palavras dispostas literalmente na norma jurídica. Ressaltamos que a interpretação literal não se confunde com a interpretação restritiva, pois esta última modalidade interpretativa restringe o sentido e alcance da norma legal, podendo restringir até mesmo o sentido literal do texto normativo. Exemplo recente de interpretação gramatical ou literal pelo STJ é o seguinte: • “A norma que institui benefício fiscal não admite interpretação extensiva, devendo ser observado o princípio da legalidade tributária, do qual redunda a regra contida no art. 111 do CTN, que impõe ao intérprete obediência à literalidade da lei isentiva. Assim, concluiu a Primeira Seção que, ‘por serviços hospitalares compreendem-se aqueles que estão relacionados às atividades desenvolvidas nos hospitais, ligados diretamente à promoção da saúde, podendo ser prestados no interior do estabelecimento hospitalar, mas não havendo esta obrigatoriedade. Deve-se, por certo, excluir do benefício simples prestações de serviços realizadas por profissionais liberais consubstanciadas em consultas médicas, já que essa atividade não se identifica com as atividades prestadas no âmbito hospitalar, mas, sim, nos consultórios médicos’”(REsp 951251/PR). O método lógico pretende encontrar o sentidoe alcance da norma jurídica, sem recorrer a outras disciplinas (sociologia, moral, economia, ética etc.). Utiliza-se a norma posta e a compatibilidade e nexo desta com os diversos dispositivos do texto normativo. O método histórico procura conciliar a intenção daquele que elaborou a lei com o sentido desta norma no momento da interpretação do texto jurídico. O operador do direito leva em consideração a causa histórica da elaboração da lei, tomando parte de todas as discussões (políticas, econômicas, culturais etc.) que envolveram a tramitação do projeto de lei nas Casas do Congresso Nacional. O método sistemático consiste em compreender a estrutura do texto como um todo, repugnando o entendimento da norma vista de maneira isolada para perceber que a norma faz parte de um CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 22 www.pontodosconcursos.com.br sistema. Ou seja, na interpretação, do direito, os textos normativos devem ser estudados como um todo, na busca de uma unidade e harmonia de sentido. Ademais, o método teleológico objetiva revelar a finalidade e o espírito da norma dentro do contexto social de dada sociedade. A FGV no concurso para AFRM/Angra dos Reis (2010) considerou correto o seguinte item: “Com relação respectivamente à isenção, imunidade e à não incidência, é correto afirmar que a isenção requer interpretação literal; a imunidade, interpretação conforme os fins constitucionais; e a não incidência normalmente dispensa norma expressa”. 3.5 INTERPRETAÇÃO LITERAL E INTERPRETAÇÃO MAIS FAVORÁVEL De acordo com o art. 111, I a III, do CTN, interpreta-se literalmente a legislação tributária que disponha sobre: • Suspensão ou exclusão do crédito tributário; • Outorga de isenção; • Dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias. O CESPE no concurso da AGU/2009: “É lícita a interpretação restritiva de lei que conceda isenção de impostos e contribuições federais a uma categoria de empresas localizadas em determinada região brasileira”. É errada, pois é lícita a interpretação literal e não a interpretação restritiva. Por outro lado, a ESAF no concurso da PFN/2007: “O Decreto n. 40.643/96, do Estado de São Paulo, que aprovou os termos do Convênio n. 132/95, concedeu certa isenção para os estabelecimentos industriais. A circunstância de a Lei Federal n. 4.502/64, que, para os fins nela previstos, equiparou o estabelecimento industrial ao importador, permite, segundo o CTN, a interpretação de que também o importador se beneficia da isenção?” A resposta é não, de acordo com o art. 111 do CTN. Sobre o tema, destacamos algumas decisões do STJ cobradas em concurso: • Em regra, revela-se proibida a interpretação das normas concessivas de isenção de forma analógica ou extensiva, restando consolidado entendimento no sentido de ser incabível interpretação extensiva da isenção à situação que não se enquadre no texto expresso da lei (EDcl no REsp 872095/PE). CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 23 www.pontodosconcursos.com.br • O ato normativo infralegal que impõe restrições para fruição de benefícios fiscais, além daquelas contidas em textos legais, fere o princípio da legalidade estrita (REsp 115823 SP). • O art. 111 do CTN não pode levar o aplicador do direito à conclusão de que esteja ele impedido de aplicar as normas de direito, de valer-se de uma equilibrada ponderação dos elementos lógico-sistemático, histórico e finalístico ou teleológico, os quais integram a metodologia de interpretação das normas jurídicas (REsp 192.531/RS). A ESAF no concurso para ATRFB/2010 adotou como corretos os seguintes itens: “De modo geral, podemos afirmar que é vedada a analogia em legislação que verse sobre a outorga de isenções”; “Não é vedada a ponderação dos elementos sistemáticos e finalísticos da norma por parte do aplicador do direito”; “Embora o comando legal seja no sentido de que seja dada interpretação literal à legislação que disponha sobre a outorga de isenções, admite-se uma interpretação mais ampla da referida norma”. Por outro lado, a ESAF, no mesmo concurso, considerou incorreto: “Requisitos estabelecidos por ato normativo infralegal, como um Ato Declaratório Normativo expedido pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, por exemplo, podem impor restrições válidas, além daquelas contidas em textos legais, para a fruição de benefícios fiscais”. É incorreta. Por sua vez, a lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades, interpreta-se da maneira mais favorável (benigna ou in bonam parte) ao acusado, em caso de dúvida quanto: (i) à capitulação legal do fato; (ii) à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão dos seus efeitos; (iii) à autoria, imputabilidade, ou punibilidade; (iv) à natureza da penalidade aplicável, ou à sua graduação. A ESAF no concurso para MPC/GO/2007 considerou incorretos os seguintes itens: “As lacunas do Direito Tributário são colmatadas pela mesma sistemática da Lei de Introdução ao Código Civil; A outorga de isenções é interpretada finalisticamente, cabendo ao aplicador da lei buscar o objetivo perseguido pelo legislador; A lei tributária, em alguns casos, pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado para definir ou limitar competências tributárias”. Por outro lado, no mesmo concurso, a ESAF considerou correto o seguinte item: “Em existindo dúvida quanto à capitulação legal do fato, deve-se interpretar a lei tributária definidora de infrações da maneira mais favorável ao acusado”. CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 24 www.pontodosconcursos.com.br Agora, vamos trabalhar exclusivamente com as questões da FGV: 1. (FGV/OAB/2010) De acordo com o Código Tributário Nacional, aplica-se retroativamente a lei tributária na hipótese de: (A) analogia, quando esta favorecer o contribuinte. (B) extinção do tributo, ainda não definitivamente constituído. (C) graduação quanto à natureza de tributo aplicável, desde que não seja hipótese de crime. (D) ato não definitivamente julgado, quando a lei nova lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo de sua prática. A questão questiona o art. 106, II, “c”, do CTN. Portanto, a resposta é a letra “d”, pois a lei aplica-se a ato ou fato pretérito, tratando-se de ato não definitivamente julgado, quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. 2. (FGV/OAB/2010) O emprego da analogia, em matéria tributária, resultará na (A) majoração de tributo. (B) instituição de tributo. (C) exclusão do crédito tributário. (D) impossibilidade de exigência de tributo não previsto em lei. O emprego da analogia, em matéria tributária, resultará na impossibilidade de exigência de tributo não previsto em lei, conforme o art. 108, §1°, do CTN. 3. (FGV/ICMS/RJ/2010) Com relação à interpretação e integração da legislação tributária, analise as afirmativas a seguir. I. O emprego da equidade poderá resultar na dispensa do pagamento de tributo devido. II. A lei tributária, expressa ou implicitamente expressa pela Constituição Federal, pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado utilizados para definir ou limitar competências tributárias. CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 25 www.pontodosconcursos.com.br III. Interpreta-se literalmente a legislação tributária que disponha sobre suspensão, extinção ou exclusão do crédito tributário. Assinale: (A) se nenhuma afirmativa estiver correta. (B) se somente a afirmativa I estiver correta. (C) se somente a afirmativa II estiver correta. (D) se somentea afirmativa III estiver correta. (E) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas. Item I. O emprego da equidade não poderá resultar na dispensa do pagamento de tributo devido, conforme § 2º do art. 108 do CTN. Logo, incorreta. Item II. A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, de acordo com o art. 110 do CTN. Logo, incorreta. Item III. Interpreta-se literalmente a legislação tributária que disponha sobre suspensão ou exclusão do crédito tributário, conforme art. 111, I, do CTN. Não se enquadra na regra do art. 111 do CTN a extinção do crédito tributário. Logo, incorreta. Portanto, a resposta é a letra “a”, pois nenhuma afirmativa está correta. 4. (FGV/JUIZ DE DIREITO/PA/2007) Com base no CTN, em relação à legislação tributária, assinale a afirmativa incorreta. (A) O emprego da analogia não poderá resultar na exigência de tributo não previsto em lei. (B) O emprego da eqüidade não poderá resultar na dispensa de pagamento de tributo devido. (C) A lei tributária se aplica a ato ou fato pretérito, quando o ato não definitivamente julgado cominar penalidade menos severa que a prevista na lei ao tempo da sua prática ou reduzir o valor do tributo devido. (D) Dentre as normas complementares das leis, dos tratados e convenções internacionais e dos decretos, encontram-se as práticas reiteradas observadas pelas autoridades administrativas. (E) A lei tributária que define infrações ou lhe comina penalidades, em caso de dúvida quanto à natureza da CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 26 www.pontodosconcursos.com.br penalidade aplicável ou a sua graduação, deve ser interpretada de maneira mais favorável ao acusado. A alternativa “a” é correta, pois, conforme o art. 108, §1°, do CTN, o emprego da analogia não poderá resultar na exigência de tributo não previsto em lei. A alternativa “b” é correta, pois, conforme o art. 108, §2°, do CTN, o emprego da equidade não poderá resultar na dispensa de pagamento de tributo devido. A alternativa “c” é incorreta, pois, conforme o art. 106, II, “c”, do CTN, a lei tributária se aplica a ato ou fato pretérito, quando o ato não definitivamente julgado cominar penalidade menos severa que a prevista na lei ao tempo da sua prática e não na hipótese de redução do valor do tributo devido. A alternativa “d” é correta, pois, dentre as normas complementares das leis, dos tratados e convenções internacionais e dos decretos, encontram-se as práticas reiteradas observadas pelas autoridades administrativas (art. 100, III, do CTN). A alternativa “e” é correta, pois, conforme o art. 112, IV, do CTN, a lei tributária que define infrações ou lhe comina penalidades, em caso de dúvida quanto à natureza da penalidade aplicável ou a sua graduação, deve ser interpretada de maneira mais favorável ao acusado. 5. (FGV/MPE/TC/RJ/2008) Assinale a afirmativa correta. (A) A lei tributária que define infrações ou lhe comina penalidades interpreta-se da maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto à capitulação legal do fato, bem como quanto à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão dos seus efeitos. (B) Na ausência de disposição expressa, a autoridade competente para aplicar a legislação tributária utilizará sucessivamente, na ordem indicada: a analogia; os princípios gerais de direito tributário; os princípios gerais de direito e a eqüidade. (C) A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios ou CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 27 www.pontodosconcursos.com.br pelas leis complementares, para definir ou limitar competências tributárias. (D) Interpreta-se literalmente a legislação tributária que disponha sobre: suspensão, extinção ou exclusão do crédito tributário; outorga de isenção e dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias. (E) A definição legal do fato gerador é interpretada considerando-se a validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes, responsáveis, ou terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos. A alternativa “a” é correta, pois, conforme o art. 112, I e II, do CTN a lei tributária que define infrações ou lhe comina penalidades interpreta-se da maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto à capitulação legal do fato, bem como quanto à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão dos seus efeitos. A alternativa “b” é incorreta, pois, conforme o art. 108, I a IV, do CTN, na ausência de disposição expressa, a autoridade competente para aplicar a legislação tributária utilizará sucessivamente, na ordem indicada: a analogia; os princípios gerais de direito tributário; os princípios gerais de direito público e a eqüidade. A alternativa “c” é incorreta, pois, conforme o art. 110, do CTN, a lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar competências tributárias. Isto é, no art. 110 do CTN não há seguinte previsão que estava contida no enunciado da letra “c”: “ou pelas leis complementares”. A alternativa “d” é incorreta, pois, segundo o art. 111 do CTN, não há previsão para interpreta-se literalmente a legislação tributária que disponha sobre extinção do crédito tributário. A alternativa “e” é incorreta, pois, conforme o art. 118 do CTN, a definição legal do fato gerador é interpretada abstraindo-se a validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 28 www.pontodosconcursos.com.br contribuintes, responsáveis, ou terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos. 6. (FGV/Fiscal de Rendas - RJ/2007) Conforme definição do Código Tributário Nacional, são denominadas normas complementares: I. as decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, a que a lei atribua eficácia normativa; II. as práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas; III. decretos editados pelos entes federados. Analise os itens acima e assinale: (A) se nenhum item estiver correto. (B) se somente os itens I e III estiverem corretos. (C) se somente os itens II e III estiverem corretos. (D) se somente os itens I e II estiverem corretos. (E) se todos os itens estiverem corretos. A alternativa “d” é correta, pois, segundo o art. 100 do CTN, são denominadas normas complementares os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas; as decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, a que a lei atribua eficácia normativa; as práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas e os convênios que entre si celebrem a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. 7. (FGV/Fiscal de Rendas - RJ/2007) Segundo o Código Tributário Nacional, impõe-se interpretação literal de norma tributária que disponha sobre: (A) moratória. (B) compensação. (C) transação. (D) prescrição. (E) remissão. A alternativa “a” é correta, pois, segundo o art. 111 do CTN, há previsão para interpreta-se literalmente a legislação tributária que disponha sobre suspensão (moratória) e não extinção do crédito tributário.8. (FGV/ATE/MS/2006) A isenção concedida por lei estadual ao Estado em relação ao pagamento de custas judiciais: (A) estende-se às autarquias no âmbito federal. CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 29 www.pontodosconcursos.com.br (B) é estendida a qualquer outra autarquia federal, estadual ou municipal. (C) é extensiva, não só às autarquias, mas também às empresas públicas. (D) é extensível às sociedades de economia mista estaduais. (E) não é extensível, devendo ser interpretada literalmente. A alternativa “e” é correta, pois, segundo o art. 111, I e II, do CTN, interpreta-se literalmente a legislação tributária que disponha sobre exclusão e isenção do crédito tributário. Neste caso, o CTN foi repetitivo... 9. (FGV/Fiscal de Rendas - RJ/2009) De acordo com o Código Tributário Nacional a lei aplica-se a ato ou fato pretérito. A esse respeito analise as afirmativas que apresentam as situações em que a lei se aplica. I. Em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados. II. Quando reduza a alíquota de tributo cujo fato gerador já foi praticado, desde que a defesa ofertada pelo contribuinte, administrativa ou judicial, ainda não tenha sido definitivamente julgada. III. Tratando-se de ato não definitivamente julgado, quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado falta de pagamento de tributo. Assinale: (A) se somente a afirmativa I estiver correta. (B) se somente a afirmativa II estiver correta. (C) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas. (D) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas. (E) se todas as afirmativas estiverem corretas. Segundo o art. 106 do CTN, a lei aplica-se a ato ou fato pretérito: (i) em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; (ii) tratando-se de ato não definitivamente julgado: (a) quando deixe de defini-lo como infração; (b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 30 www.pontodosconcursos.com.br pagamento de tributo; (c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Portanto, a alternativa “c” é a correta (itens I e III estão corretos).
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