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2013capitulo 7

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1 
 
SISTEMAS DE ESGOTOS SANITÁRIOS 
7.1. ASPECTOS SANITÁRIOS 
A implantação de um sistema público de abastecimento de água gera a necessidade da coleta, afastamento e 
disposição final das águas servidas, constituindo esses dois últimos aspectos, juntamente com o primeiro, serviços 
de infraestrutura indispensáveis a toda comunidade civilizada. 
Nas cidades beneficiadas por um sistema público de abastecimento de água e ainda carentes de sistemas 
de esgotos sanitários, as águas servidas acabam poluindo o solo, contaminando as águas superficiais e freáticas 
e frequentemente passam a escoar pelas valas e sarjetas, constituindo-se em perigosos focos de disseminação 
de doenças. 
Com a construção do sistema de esgotos sanitários numa comunidade, procura-se atingir os seguintes objetivos 
mais importantes: 
a) melhoria das condições sanitárias locais e consequente aumento da produtividade; 
b) conservação de recursos naturais; 
c) coleta e afastamento rápido e seguro das águas residuárias; 
d) disposição sanitariamente adequada do efluente; 
e) eliminação de focos de poluição e contaminação, assim como de aspectos estéticos desagradáveis (por 
exemplo, odores agressivos). 
f) Cronologia dos Sistemas de Esgotos 
A seguir está relacionada uma série de datas com registros de acontecimentos marcantes na história da evolução 
dos sistemas de esgotamento na civilização ocidental. 
 
4000 AC - Mesopotâmia: início de construções de sistemas de irrigação. 
3750 AC - Índia: construção de galerias de esgotos pluviais em Nipur. 
3750 AC - Babilônia: construção de galerias de esgotos pluviais. 
3100 AC - Vários pontos: surgimento de manilhas cerâmicas 
3000 AC - Harada e Mohenjodaro, Pakistão: muitas casas com banheiros abastecidos através de tubos cerâmicos 
e condutos em alvenaria de tijolos para condução de águas superficiais. 
2750 AC - Índia: início dos sistemas de drenagem subterrânea no vale dos hindus. 
2000 AC - Creta: empregado no Palácio de Minos, em Knossos, manilhas cerâmicas de ponta e bolsa com cerca 
de 0,70m de comprimento. 
1700 AC - Creta: instalada a primeira banheira no palácio de Knossos, por Dédalus. 
514 AC - Roma: construção de uma galeria com 740m de extensão e diâmetro equivalente de até 4,30m, de pe-
dras arrumadas, denominada de cloaca máxima, por Tarquínio Prisco, o Velho (c. 580-514 AC). 
500 AC - Roma: construção de galerias auxiliares a principal, em condutos de barro, por Tarquínio, o soberbo 
(540-509). 
 260 AC - Atenas: criação da bomba parafuso, por Arquimedes (287- 212 AC). 
 200 AC - Atenas: criação da bomba de pistão, por Ctesibius (20). 
 32 AC - Roma: Agripa (63-12 AC) ordenou a limpeza das galerias existentes e criou novas de até 3m de largura 
por 4km de extensão. 
1237 DC - Londres: surgimento da água encanada com o emprego de canos de chumbo. 
1370 DC - Paris: construída a primeira galeria com cobertura abobadada. 
1500 DC - Alemanha: uso obrigatório de fossas nas residências. 
1650 DC - Gloucester: instalação de latrinas municipais. 
1680 DC - Londres: início do emprego de água para limpeza de privadas. 
1689 DC - Paris: Denis Papin (1647-1712) inventa a bomba centrífuga. 
1778 DC - Londres: Joseph Bramah (12) inventa a bacia sanitária com descarga hídrica. 
1785 DC - Londres: James Simpson introduz no mercado os tubos de ponta e bolsa. 
1804 DC - Inglaterra: emprego de tubos de ferro fundido. 
1805 DC - Lichfield: substituição de canos de chumbo por de ferro fundido. 
1808 DC - Londres: substituição de estruturas de madeira por canos de ferro fundido. Idem Dublin (1809), Fila-
délfia (1817), Gloucester (1826), etc 
2 
 
1815 DC - Inglaterra: autorizado o lançamento de efluentes domésticos nas galerias pluviais. 
1827 DC - Londres: uso compulsório de tubos de ferro fundido. 
1830 DC - Londres: permissão para lançamento de esgotos domésticos no rio Tâmisa (o que seria proibido em 
1876). 
1842 DC - Hamburgo, Alemanha: iniciada a implantação de um sistema projetado de esgotos de acordo com as 
teorias modernas. 
1847 DC - Londres: lançamento compulsório das águas domésticas nas galerias pluviais. 
1848 DC - Londres: promulgação na Inglaterra de leis de saneamento e saúde pública. 
1855 DC - Rio de Janeiro: contratação dos ingleses para criar sistemas de esgotamento para as cidades do Rio e 
São Paulo. 
1857 DC - Rio de Janeiro: inauguração do sistema de esgotos (separador parcial) da cidade, tornando-se uma das 
primeiras cidades do mundo dotada de rede coletora de esgotos. 
1857 DC - Nova Iorque: inauguração do sistema de esgotos da cidade. 
1873 DC - Recife: iniciada a construção da primeira rede coletora de esgotos sanitários desta capital. 
 1876 DC - São Paulo: inaugurado o primeiro sistema coletor de esgotos (separador parcial) da cidade. 
1879 DC - Memphis, EUA: criação do Sistema Separador Absoluto por George Waring ( ? -1898). 
1889 DC - Irlanda: apresentada pelo autor a expressão de Manning. 
1892 DC - Campinas: execução da rede coletora desta cidade. 
1897 DC - B. Horizonte: inauguração da cidade com água e esgotos projetados por Saturnino de Brito. 
1900 DC - Áustria: início da produção de tubos de cimento-amianto por Ludwing Hastscher. 
1900 DC - São Paulo: Saturnino de Brito inventou o tanque fluxível. 
1907 DC - São Paulo: Saturnino de Brito iniciou as obras de esgotos e drenagem da cidade de Santos. 
1912 DC - Brasil: adoção do sistema separador absoluto. 
1920 DC - São Paulo: invenção do tubo de ferro fundido centrifugado por De Lavaud. 
1928 DC - São Paulo: construção da estação de tratamento de esgotos de Santo Ângelo 
1953 DC - Inglaterra: iniciada a fabricação de tubos de PVC. 
1962 DC - Campina Grande: fundação da primeira empresa pública nacional de saneamento (SANESA). 
1968 DC - Brasília: criação do PLANASA - Plano Nacional de Saneamento. 
1968 DC - São Paulo: criação da CETESB - Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental 
Observando esta série de acontecimentos conclui-se que na Antiguidade as preocupações voltavam-se para 
obras de esgotamento pluvial. Isto justificado pela inexistência de peças sanitárias com descarga hídrica e pela 
ignorância dos povos sobre a periculosidade dos resíduos domésticos. 
Verifica-se também que durante a Idade Média não há registros da evolução na área de saneamento, sendo esta 
situação decorrente dos acontecimentos que caracterizam este período da História. 
O surgimento da água encanada e a disseminação do uso de peças sanitárias com descarga hídrica, aliados ao 
desenvolvimento científico e tecnológico da humanidade após o Renascimento, fizeram com que o homem tomasse 
consciência da necessidade de criar sistemas eficazes de saneamento onde se garantisse o abastecimento da água 
potável e recolhimento das águas residuárias e dá-lhe condições favoráveis de reciclagem na natureza. 
. 
 
7.2. CONCEITOS E DEFINIÇÕES 
Define-se como sistema de esgotos sanitários o conjunto de obras e instalações destinadas a propiciar a coleta, 
afastamento, condicionamento (tratamento, quando necessário) e disposição final, adequadas do ponto de vista 
sanitário, das águas servidas de uma comunidade. 
Tendo em vista que o engenheiro deve empregar com precisão a terminologia adequada, é apresentada a 
seguir uma relação de conceitos e definições normalmente utilizados na elaboração de projetos e operação de 
sistemas de esgotos sanitários. 
1. Águas residuárias. Líquidos residuários ou efluentes do sistema de esgotos. Compreendem as águas resi-
duárias domésticas e os despejos industriais. 
2. Águas residuárias domésticas ou despejos domésticos. Despejos líquidos das habitações, estabelecimentos 
comerciais, instituições e edifícios públicos. Incluem as águasimundas ou negras e as águas servidas. 
3. Águas imundas. Parcela das águas residuárias que contêm dejetos (matéria fecal). 
3 
 
4. Águas servidas. Efluentes que resultam das operações de limpeza e de lavagem. 
5. Despejos. Refugos líquidos dos edifícios, excluídas as águas pluviais. 
6. Águas residuárias das indústrias ou despejos líquidos industriais. Efluentes das operações industriais. 
7. Águas de infiltração. Parcela das águas do subsolo que penetra nas canalizações de esgotos através das 
juntas. 
8. Águas pluviais. Parcela das águas das chuvas que escoa superficialmente. 
9. Sistema unitário de esgotamento. Sistema de esgotos em que as águas residuárias, as águas pluviais e as 
águas de infiltração escoam nas mesmas canalizações. 
10. Sistema separador absoluto. Compreende dois sistemas distintos de canalizações, um para as águas 
residuárias (e águas de infiltração) e outro destinado exclusivamente às águas pluviais. 
11. Sistema separador parcial ou sistema misto. Também compreende dois sistemas de canalizações, 
porém é considerada a introdução de uma parcela definida de águas pluviais nas canalizações de águas 
residuárias (águas pluviais que se originam em áreas pavimentadas internas, terraços e telhados dos edif í-
cios). 
12. Sistema de drenagem de águas pluviais ou galerias de águas pluviais. Conjunto de canalizações e obras 
destinadas à coleta e afastamento de águas pluviais. 
13. Rede de esgotos. Conjunto de canalizações compreendendo coletores secundários, coletores-
tronco, interceptores, emissários, estações elevatórias, sifões invertidos e órgãos acess órios. 
14. Coletor predial. Canalização que conduz as águas residuárias dos edifícios até a rede de esgotos. 
15. Coletor de esgotos ou coletor secundário. Canalização de pequeno diâmetro que recebe os efluentes dos 
coletores prediais. 
16. Coletor-tronco. Canalização principal, de maior diâmetro, que recebe os efluentes de vários coletores de 
esgotos, conduzindo-os a um interceptor ou emissário. 
17. Interceptor. Canalização de grande porte que intercepta o fluxo de cole tores-tronco com a finali-
dade de proteger cursor de água, lagos, praias, etc., evitando descargas diretas. 
18. Emissário. Conduto final de um sistema de esgotos sanitários, destinado ao afastamento dos efluentes da 
rede para o ponto de lançamento (descarga), sem receber contribuições em marcha ou no seu trajeto. 
19. Estações elevatórias. Instalações eletromecânicas e obras civis destinadas a elevar as águas, ev i-
tando, dessa maneira, o aprofundamento excessivo das canalizações e, em outros casos, para possibilitar 
a entrada nas estações de tratamento ou a descarga final no corpo de água receptor. 
20. Sifões invertidos. Canalizações rebaixadas, funcionando sob pressão, destinadas à travessia de canais, obs-
táculos, etc. 
21. Órgãos acessórios. Obras e instalações complementares do sistema de esgotos sanitários. Compreendem 
poços de visita, tanques fluxíveis, etc. 
22. Poços de visita. Dispositivos de inspeção localizados em pontos obrigatórios ou convenientes das canali-
zações e obras de esgotos. 
23. Tanques fluxíveis. Dispositivos destinados a dar descargas periódicas de água para limpeza de co-
letores, em trechos onde não houver possibilidade de manter a declividade mínima para assegurar veloci-
dades de autolimpeza. A tendência atual é a de se projetarem tanques fluxíveis apenas em situações espe-
ciais, notadamente quando se verificam as condições apontadas. 
7.3. SISTEMAS DE ESGOTAMENTO 
Para a coleta e afastamento das águas pluviais e residuárias das cidades, são adotados os seguintes sistemas 
de esgotamento: 
a) sistema unitário; 
b) sistema separador parcial; 
c) sistema separador absoluto. 
No primeiro caso, a rede sanitária é construída para coletar e conduzir as águas servidas junt amente 
com as águas pluviais e o sistema também é conhecido sob a denominação de combinado. Obviamente, as 
dimensões dos condutos resultam relativamente grandes, e os investimentos iniciais frequentemente muito 
elevados. 
Durante algum tempo procurou-se reduzir o vulto da descarga de águas pluviais mediante a adoção de 
4 
 
sistemas mistos ou separadores parciais, admitindo-se na rede de esgotamento apenas uma parcela das 
águas de chuva provenientes dos domicílios. 
Posteriormente, foi introduzido o sistema separador absoluto de esgotos sanitários, concebido para rece-
ber, exclusivamente, as águas residuárias da atividade urbana, fazendo-se o esgotamento das águas pluviais 
em sistema próprio, independente. 
7.3.1 Comparação entre os Sistemas 
A evolução dos sistemas de esgotamento deu origem a dois tipos com características bem distintas, principalmente 
do ponto de vista da quantidade e qualidade das vazões transportadas, o Sistema Unitário e o Separador Absoluto, 
sendo este último o mais empregado nos tempos contemporâneos. Para melhor entender esta preferência pode-se 
elaborar uma série de comparações como as relacionadas a seguir: 
a) Desvantagens do Sistema Unitário 
 dificulta o controle da poluição a jusante onerando o tratamento, em virtude dos grandes volumes de es-
gotos coletados e transportados em épocas de cheias e, consequentemente, o alto grau de diluição em con-
traste com as pequenas vazões escoadas nos períodos de estiagem, acarretando problemas hidráulicos nos 
condutos e encarecendo a manutenção do sistema; 
 exige altos investimentos iniciais na construção de grandes galerias necessárias ao transporte das vazões 
máximas do projeto; 
 tem funcionamento precário em ruas sem pavimentação, principalmente de pequenas declividades longitu-
dinais, em função da sedimentação interna de material oriundos dos leitos das vias públicas; 
 implicam em construções mais difíceis e demoradas em consequência das suas dimensões, criando maiores 
dificuldades físicas e no cotidiano da população da área atingida. 
b) Vantagens do Sistema Separador Absoluto 
 permite a implantação independente dos sistemas (pluvial e sanitário) possibilitando a construção por eta-
pas e em separado de ambos, inclusive desobrigando a construção de galerias pluviais em maior número 
de ruas; 
 permite a instalação de coletores de esgotos sanitários em vias sem pavimentação, pois esta situação não 
interfere na qualidade dos esgotos sanitários coletados; 
 permite a utilização de peças pré-moldadas denominadas de tubos, na execução das canalizações devida a 
redução nas dimensões necessárias ao escoamento das vazões, reduzindo custos e prazos na implantação 
dos sistemas; 
 acarreta maior flexibilidade para a disposição final das águas de origem pluvial, pois estes efluentes poderão 
ser lançados nos corpos receptores naturais da área (córrego, rios, lagos, etc) sem necessidade prévia de 
tratamento o que acarreta redução das seções e da extensão das galerias pluviais; 
 reduz as dimensões das estações de tratamento facilitando, consequentemente, a operação e manutenção 
destas em função da constância na qualidade e na quantidade das vazões a serem tratadas. 
 Diante destas circunstâncias é quase inconcebível nos dias de hoje, serem projetados sistemas unitários de 
esgotamento. Em vários países (entre estes o Brasil) é obrigatório o emprego do sistema separador absoluto. Um 
exemplo de sistema unitário moderno é o da Cidade do México, onde praticamente toda a água residuária gerada 
na área urbana é canalizada para utilização em áreas agrícolas irrigáveis. 
7.4. SISTEMA SEPARADOR ABSOLUTO 
No Brasil, adota-se o sistema separador absoluto, que apresenta as vantagens relacionadas a seguir. 
a) As canalizações, de dimensões menores, favorecem o emprego de manilhas cerâmicas e de outros materiais 
(concreto, PVC, fibra de vidro), facilitando a execução e reduzindocustos e prazos de construção. 
b) Dentro de um planejamento integrado, é possível a execução das obras por part es, construindo-
se e estendendo-se, primeiramente, a rede de maior importância para a comunidade, com um invest i-
mento inicial menor. 
c) O afastamento das águas pluviais é facilitado admitindo-se lançamentos múltiplos, em locais mais próxi-
mos. 
d) As condições para o tratamento dos esgotos são melhoradas evitando-se a poluição das águas receptoras 
por ocasião das extravasões que se verificam nos períodos de chuvas intensas. 
As obras do notável engenheiro brasileiro Saturnino de Brito contribuíram decisivamente para a adoção em 
nosso País, desde fins do século passado, do sistema separador, com uma técnica bastante evoluída. 
5 
 
7.5. UNIDADES CONSTITUTIVAS DE UM SISTEMA DE ESGOTOS SANITÁRIOS 
Um sistema de esgotos sanitários compreende 
1. Canalizações: 
a) coletores [secundários e principais (troncos) 
 b interceptores 
c) emissários 
d) sifões invertidos (se necessários) 
2. Órgãos complementares acessórios 
a) poços de visita 
b) tanques fluxíveis (quando indispensáveis) 
3. Estações elevatórias (quando inevitáveis) 
4. Estações de tratamento (se necessárias) 
5. Obras de lançamento final 
7.6. CRITÉRIOS E PARAMETROS DE PROJETO 
7.6.1 Contribuição Doméstica 
7.6.1.1. Origem 
 O consumo contínuo de água potável no desempenho diário das atividades domésticas, produz águas resi-
duárias ditas “servidas” quando oriundas de atividades de limpeza e as “negras” quando contém matéria fecal. 
Como esses despejos têm normalmente origem na utilização da água dos sistema público de abastecimento, espera-
se que a maior ou menor demanda de água implicará, proporcionalmente, na maior ou menor contribuição domés-
tica de vazões a esgotar. 
7.6.1.2. Coeficiente de Retorno “c” 
É natural que parcela da água fornecida pelo sistema público de abastecimento de água não seja transformada em 
vazão de esgotos como, por exemplo, a água utilizada na rega de jardins, lavagens de pisos externos e de automó-
veis, etc. Em compensação na rede coletora poderão chegar vazões procedentes de outras fontes de abastecimento 
como do consumo de água de chuva acumulada em cisternas e de poços particulares. 
Essas considerações implicam que, embora haja uma nítida correlação entre o consumo do sistema público de água 
e a contribuição de esgotos, alguns fatores poderão tornar esta correlação maior ou menor conforme a circunstância. 
De acordo com a frequência e intensidade da ocorrência desses fatores de desequilíbrio, a relação entre o volume 
de esgotos recolhido e o de água consumido pode oscilar entre 0,60 a 1,30, segundo a literatura conhecida. Esta 
fração é conhecida como relação esgoto/água ou coeficiente de retorno e é representada pela letra “c”. De um modo 
geral estima-se que 70 a 90% da água consumida nas edificações residenciais retorna a rede coletora pública na 
forma de despejos domésticos. No Brasil é usual a adoção de valores na faixa de 0,75 a 0,85, caso não haja infor-
mações claras que indiquem outro valor para “c”. 
7.6.2. Águas de Infiltração - QI 
A vazão que é transportada pelas canalizações de esgoto não tem sua origem somente nos pontos onde houver 
consumo de água. Parcela dessa vazão é resultante de infiltrações inevitáveis ao longo dos condutos, através de 
juntas mal executadas, fissuras ou rupturas nas tubulações, nas paredes das edificações acessórias, etc. Este volume 
torna-se mais acentuado no período chuvoso, pois parte das estruturas poderá permanecer situada temporariamente 
submersa no lençol freático, além das contribuições originadas nas ligações clandestinas de águas pluviais. Tam-
bém influi no volume infiltrado o tipo de terreno em que os condutos estão instalados e a pavimentação ou não dos 
arruamentos. É lógico que, por exemplo, em terrenos arenosos há maior facilidade da água subterrânea atingir as 
canalizações que em terrenos argilosos. 
6 
 
As canalizações internas aos lotes, de responsabilidade do proprietário do imóvel, podem assumir importância 
fundamental para a infiltração, considerando-se que a extensão destes condutos é maior que o total da rede coletora 
e sua execução e manutenção geralmente não é tão cuidadosa como a da rede pública implicando, assim, em um 
acréscimo no volume infiltrado. 
Quando da determinação da infiltração deve-se considerar também a confiabilidade das canalizações de água pró-
ximas às de esgotos, pois a frequência de vazamentos naquelas implica na possibilidade de saturação no subsolo 
em volta podendo, deste modo, contribuir para o aumento da infiltração. Pesquisas para determinação de coefici-
entes de infiltração são raras em nossa literatura e os resultados mais conhecidos estão mostrados no quadro a 
seguir, citados no trabalho Infiltração de Água nos Coletores de Esgotos Sanitários apresentado pelos engenheiros 
D. P. Bruno e M. T. Tsutiya no 12º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental, em 1983, e publi-
cado na Revista DAE n.º 133. Na impossibilidade de dados ou argumentos mais precisos pode-se trabalhar com a 
sugestão da NBR 9649/86 - ABNT que recomenda a adoção de uma taxa de contribuição de infiltração - TI, de 0,5 
a l,0 l/s.km, sob justificativas. 
Exemplos de algumas contribuições de infiltrações estudas e publicadas 
 
AUTORIDADE LOCAL ANO TI - l/s.km 
Saturnino de Brito Santos, Recife 1911 0,10 
Jesus Netto São Paulo 1940 0,30 a 0,70 
T. Merriman USA 1941 0,03 
Azevedo Netto São Paulo 1943 0,40 
Greeley & Hansen São Paulo 1952 0,50 
Fair & Geyer USA 1954 0,10 a 2,70 
DES, Sursan Rio de Janeiro 1959 0,20 a 0,40 
I.W.Santry Dallas 1964 0,30 a 1,40 
Hazen & Sawyer São Paulo 1965 0,30 
SANESP São Paulo 1973 0,30 
PNB - 567 Brasil 1967 1,00 
NBR - 9649 Brasil 1986 0,50 
 
7.6.3.. Contribuições Concentradas - QC 
Além das contribuições domésticas coletadas ao longo da rede e das vazões de infiltração, determinadas edificações 
podem produzir contribuições de águas residuárias que não podem ser consideradas como ligações normais ao 
longo da rede, tendo em vista que, devido ao seu volume, alteram sensivelmente as condições de escoamento para 
jusante. São as chamadas contribuições concentradas, que podem ter origem em estações rodoviárias, grandes 
edificações residenciais e/ou comerciais, lavanderias públicas, centros comerciais, grandes hospitais, clubes com 
piscinas, entre outros, e, principalmente, de estabelecimentos industriais que usam água no processo de produção 
como, por exemplo, uma indústria de bebidas. 
7.6.4. Contribuição Total - QT 
 Estudado cada uma das parcelas formadoras das vazões de esgotos sanitários pode-se, portanto, expressar 
a vazão média coletada na forma 
 QT = QD + QC + QI , 
onde: 
 QT = vazão média total diária; 
7 
 
 QD = contribuição média diária doméstica; 
 QC = contribuições concentradas; 
 QI = águas de infiltrações, que é resultante do produto da taxa de infiltração “TI” com a extensão “L” das 
canalizações subterrâneas. 
 
7.6.5. SEÇÃO MOLHADA DOS CONDUTOS 
Os coletores, interceptores e emissários são projetados para funcionar como condutos livres. Nessas condi-
ções, sempre se conhece o caminhamento do líquido, ao contrário do que acontece para as redes de água (ma-
lhadas). 
Os coletores são projetados para trabalhar, no máximo, à meia-seção, destinando-se a metade superior dos 
condutos à ventilação do sistema e às imprevisões e flutuações excepcionais do nível. 
Os interceptores e emissários, que recebem efluentes de redes relativamente extensas,que corre s-
pondem a populações contribuintes maiores, estão sujeitos a menores variações de vazão e por isso 
podem ser dimensionados para funcionar com lâminas de 2/3 a 4/5 do diâmetro (ou altura dos cond utos). 
 
 
7.6.6. CRITÉRIOS DE DIMENSIONAMENTO / CONDIÇÕES TÉCNICAS 
 
Os condutos sanitários, exceção os de recalques e sifões invertidos, funcionam como condutos livres e podem ser 
aplicadas no seu dimensionamento, as mesmas leis que regem o escoamento de águas. Os trechos iniciais dos 
coletores têm regimes de escoamento extremamente variáveis, tendo em vista que dependem diretamente do nú-
mero de descargas simultâneas, originárias dos conjuntos ou aparelhos sanitários, conectados às ligações prediais. 
A medida que o coletor estende-se para jusante o número de descargas simultâneas vai aumentando, bem como 
desaparecendo os intervalos sem descargas nos coletores a montante e, associando-se a isto, o decorrer de tempo 
de escoamento do líquido no interior dos condutos, fazendo com que o escoamento para jusante torne-se contínuo, 
variando, contudo, de intensidade ao longo do dia, como ocorre com o consumo de água. 
7.6.6.1. Hipótese de Cálculo 
No dimensionamento clássico utiliza-se a hipótese de que o escoamento dar-se-á em regime permanente e uniforme 
em cada trecho, embora se saiba que, principalmente nos coletores, as vazões crescem para jusante em virtude dos 
acréscimos oriundos das ligações prediais. Outros fatores poderiam também ser considerados como contrários a 
aplicação do conceito citado, tais como: variação de vazão ao longo do dia, presença variável de sólidos, mudanças 
de greide ou de cotas no poço de visita de jusante, etc. No entanto, como o escoamento tem que se dar em condições 
de lâmina livre deve-se considerar, para efeito de cálculo, a situação mais desfavorável, a qual ocorrerá, sem dú-
vida, no instante de maior vazão, na seção do extremo jusante do trecho em estudo. 
Admitindo-se, pois, a vazão máxima de jusante como permanente e uniforme ao longo do trecho, estar-se-á sim-
plesmente dimensionando a favor da segurança quanto a sua capacidade, visto que se espera que para montante 
ocorra, no máximo, em termos de lâmina livre, uma situação semelhante a da seção final, visto que não é permitido 
diâmetros diferentes em um mesmo trecho. Para efeito de validade do conceito aplicado, desconsidera-se também 
o rebaixamento da lâmina a jusante, quando as cotas da calha do extremo jusante no trecho e do montante do 
seguinte forem diferentes. 
No escoamento permanente e uniforme não há variação na velocidade com tempo e na velocidade com a exten-
são, implicando em que o escoamento dar-se-á em virtude do desnível geométrico (igual a perda da carga no 
trecho), confinado em uma canalização capaz de comportar a vazão correspondente e nas condições adequadas. 
1 Justificativa 
8 
 
É fácil entender que a vazão de contribuição a cada instante é uma consequência da utilização simultânea dos 
aparelhos ou conjuntos sanitários, notadamente nas áreas de contribuição iniciais de projeto. No método clássico 
de determinação das vazões de esgotos despreza-se esse conceito, ou seja, não se considera o modo da distribuição 
das contribuições na rede, que é uma consequência do tipo e distribuição do consumo de água e que depende da 
simultaneidade da utilização dos aparelhos, visto a complexidade do estudo de hidrogramas de escoamento, em 
geral construídos a partir de suposições teóricas carentes de confirmações reais. 
O dimensionamento clássico é feito a partir da determinação da vazão máxima de contribuição que, por sua vez é 
calculada a partir do consumo máximo de água. Esse consumo pode ser proveniente de dois tipos: a) consumo 
relativo a trabalhos domésticos, abrangendo gastos na lavagem de utensílios, cozinha, limpeza geral e vazamentos 
e b) consumo de uso pessoal como banhos, descargas sanitárias, abluções e lavagens de roupa. A separação dos 
consumos conceitualmente é válida, pois o primeiro é constante, resultante de tarefas coletivas em cada residência, 
enquanto que o segundo depende, principalmente, dos hábitos individuais, notadamente os higiênicos. 
2. Condições Específicas 
Para dimensionamento de coletores de esgotos uma série de limitações técnicas deve ser observada para que o 
processo de coleta e o rápido e seguro afastamento das águas residuárias seja garantido de forma contínua e ade-
quada durante toda a vida útil do sistema. Com estes objetivos alcançados, consegue-se maior vida útil para as 
tubulações, menores possibilidades de vazamentos (ocorrências mais frequentes em condutos sob pressão) e con-
dições mais desfavoráveis ao surgimento de anaerobiose, condição danosa para alguns materiais utilizados na con-
fecção dos tubos. 
A garantia de funcionamento contínuo obtém-se desde que não haja obstruções ou rupturas nos condutos por causa 
de sedimentação de sólidos ou recalques negativos nas fundações de apoio às tubulações. Para amortizar os possí-
veis problemas de funcionamento por causa das variações de vazão ao longo do dia, maiores vazões implicam em 
maiores velocidades que ajudam a “limpar” o coletor e, durante a madrugada, quando ocorrem as vazões mínimas 
o líquido escoado tem muito menos material em suspensão, ou seja, poucos sólidos a serem transportados. 
A NBR 9649/86 - ABNT relaciona uma série de condições específicas para dimensionamento hidráulico dos co-
letores de esgoto as quais serão apresentadas a seguir: 
 Seção A- Nos sistemas de esgotamento, em geral a seção circular é a mais empregada, considerando-se que 
essa é a que apresenta maior rendimento se comparada às demais seções em condições equivalentes, visto 
ser a que apresenta maior raio hidráulico, além de menor consumo de matéria-prima para moldagem dos 
seguimentos (tubos). Grandes vazões, no entanto, implicam em grandes diâmetros o que pode inviabilizar 
sua especificação diante de várias circunstâncias. As normas e especificações brasileiras indicam, para os 
diversos tipos de materiais, um diâmetro mínimo de do= 100mm. 
 Vazão Q - Para todos os trechos da rede serão sempre estimadas as vazões de início Qi e final de plano Qf , 
para verificação do funcionamento do trecho nas situações extremas de vida do projeto, sendo que a vazão 
a considerar para determinação das dimensões de qualquer trecho não será inferior a 1,50 l/s o que equivale, 
aproximadamente, a descarga de uma bacia sanitária. 
 Velocidade V - É lógico que quanto maior a velocidade melhores serão as condições de arraste, mas por 
outro lado velocidades excessivas colocariam em risco a estrutura das tubulações, principalmente nas jun-
tas, além de danificarem as próprias paredes internas pelo efeito da abrasão, ao longo do tempo. Além disso, 
a turbulência acentuada contribuiria para a entrada de ar no meio líquido aumentando, assim, a lâmina 
líquida no interior do trecho. A NBR 9649 indica como limite máximo a velocidade de 5,0m/s, que logica-
mente, só ocorreria em condições finais de projeto. Para que não haja preocupações do ponto de vista da 
engenharia é recomendável não se trabalhar em trechos consecutivos, com velocidades superiores a 3,0m/s. 
Tradicionalmente são recomendados os seguintes limites de velocidades V: 
 
- ferro fundido 
- PVC, manilhas cerâmicas 
V até 6,0 m/s 
V até 5,0 m/s 
9 
 
- concreto 
- fibrocimento 
V até 4,0 m/s 
V até 3,0 m/s 
 Rugosidade n - O coeficiente de rugosidade de Manning depende do diâmetro, da forma e do material da 
tubulação, da relação y/do e das características do esgoto. Independente desta gama de influências, é 
usual empregar-se n = 0,013 para esgotos sanitários tendo em consideração que o número de singularida-
des (PV, TIL etc) independedo material da tubulação, bem como a formação logo após a entrada em uso, 
da camada de limo junto as paredes, uniformiza a resistência ao escoamento. Em climas mais quentes e 
declividades acentuadas esta camada de limo pode se tornar menos significativa em relação ao material 
das paredes, principalmente na parte inferior da seção molhada. 
 Declividade Io- Definidas as vazões de projeto (inicial e final) em cada trecho segue-se a determinação do 
diâmetro e da declividade. Esta declividade deverá ser de tal modo que além de garantir as mínimas con-
dições de arraste, deverá ser aquela que implique em menor escavação possível, associada a um diâmetro 
escolhido de tal maneira que transporte a vazão final de projeto em condições normalizadas, para cálculo 
de tubulações de esgotamento sanitário. A declividade mínima, pode ser determinada pela equação 
Io,mín = 0,0055 Qi
-0,47 
Io,mín em m/m e Qi em l/s, não sendo recomendável declividades inferiores a 0,0005 m/m. 
 Lâmina d'água y (Figura 6.1) - As lâminas d’água devem, no máximo alcançar 75% do diâmetro do cole-
tor para garantia de condições de escoamento livre e de ventilação. São determinadas admitindo-se o es-
coamento em regime permanente e uniforme e para a vazão final Qf(situação de lâmina máxima de pro-
jeto). Quando a velocidade final Vf for superior a velocidade crítica Vc , a maior lâmina admissível, se-
gundo a NBR 9649/86, será de 50% do diâmetro. Para tubulação funcionando a 3/4 de seção e do até 
300mm (segundo o Professor MENDONÇA, na publicação já citada), a NBR 9649 recomenda que essa 
velocidade crítica pode ser calculada pela seguinte expressão 
 V = 6. (g . R)1/2 , (onde “g” é a aceleração de gravidade local) 
 
 
 
Figura7.1 - Desenhos esquemáticos de lâminas molhadas 
OBS: A relação lâmina d’água/diâmetro ( y/do ) é denominada de lâmina relativa. É importante verificar o valor 
da velocidade resultante de modo a verificar se esta é ou não superior a velocidade crítica, pois velocidades supe-
riores implicam em arraste e mistura de ar com as águas em escoamento. Evidente que havendo a introdução de 
ar na mistura ocorrerá aumento do volume do líquido e, consequentemente, aumento da lâmina líquida, sendo 
10 
 
esta a razão básica para a limitação da lâmina relativa máxima em 50%, quando em funcionamento supercrítico. 
 
O diâmetro mínimo dos coletores sanitários é estabelecido de acordo com as condições locais. 
Áreas exclusivamente residenciais 150 mm 
 Áreas de ocupação indiscriminada e áreas industriais 200 mm 
7.6.7. PROFUNDIDADE 
A profundidade mínima para os coletores está relacionada com as possibilidades de esgotamentos das edificações 
nos lotes, devendo, no entanto, ser limitada pela concessionária de esgotos da cidade, tendo em vista a responsa-
bilidade do esgotamento de subsolos. Como mostrado na Fig. 7.1 a profundidade mínima - Hmín , pode ser equa-
cionada da seguinte forma: 
 
Hmín = h + 0,50m + 0,02L + 0,30m + (D + e) 
onde: 
 h (m) = desnível do leito da rua com o piso do compartimento mais baixo; 
 0,50m = profundidade aproximada da caixa de inspeção mais próxima; 
 0,02 = declividade mínima para ramais prediais - m/m; 
 L (m) = distância da caixa de inspeção até o eixo do coletor; 
 0,30m = altura mínima para conexão entre os ramais prediais; 
 D (m) = diâmetro externo do tubo coletor; 
 e (m) = espessura da parede do tubo. 
 
FIG. 7.2- Posição do coletor em perfil 
De um modo geral, nas extremidades iniciais dos coletores estão as menores profundidades, compatível com os 
primeiros ramais prediais e coma proteção contra cargas eventuais externas, por razões essencialmente financeiras. 
Na falta de informações mais precisas, por exemplo, tipos de sobrecargas externas ou cotas de lançamento final, a 
NBR 9649/86 aconselha um recobrimento mínimo de 0,90m quando a canalização estiver sob leitos carroçáveis e 
0,65m sob passeios exclusivos de pedestres. Este valor decorre da tentativa de proteger a canalização contra esfor-
ços acidentais externos advindos, principalmente, do tráfego sobre a pista de rolamento e a garantia de esgotamento 
na ligação predial. Em geral um mínimo de 1,20m de profundidade atende a maioria das situações para trechos de 
100 ou 150mm de diâmetro. 
Estabelece-se como profundidade mínima tolerada 1,50m (em relação à geratriz inferior dos tubos), para 
possibilitar as ligações prediais e proteger os tubos contra cargas externas. Todavia esse valor deve ser considerado 
excepcional e apenas admissível nos trechos de situação desfavorável. 
A profundidade ótima, geralmente, está compreendida entre 2,00 e 2,50 m para facilitar o esgotamento dos 
prédios e evitar interferências dos coletores prediais com outras canalizações. 
A profundidade máxima relaciona-se com a economia do sistema, tendo-se em vista as condições de exe-
cução e manutenção da rede pública e dos coletores prediais (ligações). O valor 4,50 m pode ser tomado como 
uma indicação frequentemente feita, porém ultrapassada em trechos relativamente curtos, com a finalidade de 
11 
 
evitar instalações de recalque. 
7.6.8. MATERIAIS 
As manilhas cerâmicas podem ser consideradas o material ideal para redes de esgotos sanitários. 
Outros materiais comumente empregados são: tubos de concreto, de cimento-amianto, de ferro fundido, de 
PVC, de fibra de vidro, etc. 
Os materiais à base de cimento são menos resistentes aos despejos agressivos (resíduos industriais). 
Os tubos de ferro fundido somente são aplicados em situações especiais (trechos de pequeno recobrimento, 
trechos de velocidade excessiva, travessias, etc.). 
Os poços de visita são executados com tijolos revestidos, alvenaria de concreto ou com peças pré-moldadas 
de concreto. 
7.7. ROTEIRO BÁSICO PARA A ELABORAÇÃO DE PROJETOS DE SISTEMAS DE COLETA, 
AFASTAMENTO TRATAMENTO E DISPOSIÇÃO FINAL DE ESGOTOS URBANOS (SISTEMA SEPA-
RADOR ABSOLUTO). 
7.7.1. MEDIDAS PRELIMINARES 
Localização e delimitação da área a ser esgotada 
Elaboração do mapa de localização da área a ser esgotada, com indicação dos principais acidentes topo-
gráficos, cursos de água, etc., em escala 1:20000 a 1:100000. 
 
7.7.2. COLETA DE DADOS BÁSICOS DISPONÍVEIS REFERENTES À ÁREA ,A SER ESGOTADA, NE-
CESSÁRIOS À ELABORAÇÃO DOS ESTUDOS 
Dados referentes aos aspectos físicos Elementos topográficos (mapea-
mento) 
1. Compilação de mapas e fotografias aéreas existentes. 
2. Compilação de plantas resultantes de levantamentos planialtimétricos já efetuados, em escala conveni-
ente: 1:2 000 a 1:25 000. 
3. Compilação de plantas resultantes de levantamento cadastrais ou semi-cadastrais. 
Elementos geológicos 
1. Reconhecimento geológico da superfície. 
2. Compilação de estudos geológicos existentes. 
3. Dados referentes à profundidade média de ocorrência de rochas e afloramento das mesmas. 
4. Características geológicas e geotécnicas do subsolo. 
Elementos hidrológicos 
1. Comportamento hidrológico das formações geológicas da área em estudo. 
2. Compilação de dados pluviométricos e hidrométricos existentes. 
3. Reconhecimento geral da bacia com relação aos corpos de água existentes, possíveis receptores. 
4. Compilação de mapas existentes da bacia hidrográfica. 
5. Dados referentes ao lençol freático: profundidade média, etc. 
Elementos sanitários 
1. Dados referentes à poluição atual e potencial dos corpos de água, possíveis receptores. 
2. Legislação vigente de proteção da qualidade das águas. 
Dados referentes aos aspectos técnicos 
1.Compilação de estudos hidrológicos existentes sobre os cursos de água da área em estudo e/ou regiões 
circunvizinhas: vazões máximas, vazões mínimas, período crítico, etc. 
2. Dados técnicos e informações sobre sondagens de reconhecimento do subsolo. 
12 
 
3. Exames físicos, bacteriológicos e análises químicas dos cursos de água existentes na área a ser esgotada 
ou regiões circunvizinhas. 
4. Dados sobre a disponibilidade de recursos locais de materiais e mão-de-obra para construção civil, ener-
gia elétrica e recursos mecânicos, assim como informações sobre os custos dos mesmos. 
Dados referentes aos aspectos urbanísticos e de serviços de infra-estrutura 
1. Verificação da existência de Planos Diretores. 
2. Dados sobre projetos ou estudos urbanísticos setoriais existentes na área a ser esgotada. 
3. Reconhecimento local das áreas edificadas: classificação quantitativa e qualitativa das construções exis-
tentes. 
4. Informações sobre as normas e regulamentos para construção na área a ser esgotada. 
5. Análise da tendência de construção na área a ser esgotada. 
6. Cadastro dos sistemas de água, esgotos, galerias e águas pluviais, energia elétrica, telefone, gás, etc., 
existentes e projetados, cujas obras possam eventualmente interferir com as obras do sistema de esgotos em 
estudo. 
7. Características e tendências do sistema de abastecimento de água existente. 
Dados referentes aos aspectos socioeconômicos 
1. Compilação de dados referentes à evolução histórica e demográfica da área em estudo. 1 
2. Compilação de dados censitários. 
3. Verificação da existência de estudos estatísticos sobre a evolução do nú mero de 
a) edificações e/ou construções licenciadas; 
b) ligações de luz e força; 
c) ligações de água. 
4. Dados sobre a arrecadação estadual e federal no município da área a ser esgotada. 
5. Informações sobre as atividades econômicas atuais e sua evolução. 
6. Padrões de vida da população ocupante da área em estudo. 
7. Informações sobre a arrecadação de impostos, taxas e tarifas, caracterizando as fontes de receita. 
8. Valor da produção industrial. 
Dados referentes aos aspectos sanitários 
1. Compilação de dados estatísticos de centros de saúde, hospitais e instituições congêneres no referente 
a) à epiderniologia, 
b) à mortalidade infantil, 
c) às doenças de veiculação hídrica, etc. 
2. Descrição detalhada dos serviços existentes de abastecimento de água e esgotos sanitários da área em 
estudo. 
3. Dados sobre a organização, operação e manutenção dos serviços existentes de água e esgotos. 
4. Informações sobre o destino final dos despejos industriais. 
5. Informações sobre a área e população não-abastecida pela rede pública de água. 
6. Informações sobre a área e população não-servida pela rede pública de esgotos. 
7. Descrição do abastecimento de água e destino final das águas servidas da população 
não-atendida pela rede pública de água e de esgotos. 
8. Verificação da existência de planejamento na disposição de esgotos para a área em estudo. 
9. Verificação da existência de dados sobre o consumo de água e a sua variação. 
10. Verificação da existência de legislação sobre poluição. 
7.7.3. ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS 
1. Ordenação e tabelamento dos dados coletados. 
2. Análise dos dados existentes disponíveis para o projeto em questão. 
3. Programação para a obtenção de novos dados indispensáveis para a elaboração do projeto. 
a) Complementação e/ou atualização dos levantamentos topográficos. 
13 
 
b) Informações sobre os recursos locais para a execução de serviços especializados, como, 
por exemplo, levantamentos topográficos, altimétricos, geotécnicos e hidrológicos eve ntualmente 
necessários. 
c) Normas, especificações e regulamentos relativos ao sistema de esgotos existente. 
d) Levantamento completo das indústrias existentes e futuras na área em estudo: porte, tipo, 
produção, número de empregados, especial idade, etc. 
e) Levantamento das instituições hospitalares existentes e futuras na área em e studo. 
 
 
7.7.4. FIXAÇÃO DOS CRITÉRIOS E PARÂMETROS DE PROJETO 
1. Fixação do período de alcance das obras abrangidas pelo projeto. 
2. Determinação das etapas de construção das obras. 
3. Verificação da dotação média per-capita de água distribuída na área de projeto, levando em consideração 
os índices de consumo observados. 
4. Determinação da relação entre o volume de esgotos encaminhados aos coletores e o volume de água 
consumido. 
5. Fixação dos coeficientes referentes aos dias de maior descarga (kl) e às horas de maior contribuição 
(k2). 
6. Avaliação das densidades demográficas de saturação na área de projeto, verificando a correspondência 
com dados existentes em planos diretores ou estudos setoriais ou regionais. 
7. Avaliação precisa das contribuições industriais e hospitalares existentes e próximas futuras, tanto quan-
titativa quanto qualitativamente, levando dados junto às próprias instituições. 
8. Avaliação da vazão de infiltração na rede coletora. 
9. Avaliação da contribuição de escoamento clandestino de águas pluviais na rede coletora de esgotos. 
14 
 
10. Fixação de valores contidos nas normas para elaboração de projetos (quando existentes). 
a) Profundidades mínimas e máximas de implantação da rede coletora, a serem respeitadas. 
b) Diâmetro mínimo dos coletores secundários. 
c) Determinação do diâmetro máximo do sistema coletor secundário permissível para ligação domiciliar. 
d) Velocidades mínimas e máximas permissíveis nas canalizações coletoras. 
e) Fixação das declividades mínimas permissíveis. 
f) Fixação das limitações da lâmina de água para as condições de funcionamento dos coletores secun-
dários, coletores-tronco, interceptadores e emissários do sistema. 
g) Distância máxima entre poços de visita. 
11. Localização dos coletores e poços de visita. 
12. Determinação dos materiais a serem utilizados nas diversas partes do sistema. 
13. Justificativa da fórmula a ser utilizada no cálculo hidráulico da rede coletora. 
14. Determinação dos coeficientes que levam em consideração a rugosidade do material dos tubos da rede 
coletora. 
15. Determinação do enquadramento do sistema em estudo no planejamento eventualmente existente. 
16. Verificação da observância da legislação sobre poluição se existente. 
7.7.5. CONCEPÇÃO GERAL DO SISTEMA 
Nesta fase deverá ser delineado um número conveniente de alternativas possíveis para as diversas par-
tes do sistema, devendo resultar, após um criterioso estudo técnico-econômico, a solução mais conveni-
ente para cada caso. 
Sistema coletor 
1. Subdivisão da área a ser esgotada em bacias e sub-bacias de esgotamento. 
2. Confecção de uma planta, em escala conveniente (1:5 000 a 1:25 000) com todas as indicações necessá-
rias: bacias e sub-bacias de esgotamento, densidades demográficas adotadas para cada área, acidentes topográfi-
cos, cursos de água, etc. 
3. Estudo das várias alternativas de localização dos coletores-tronco, interceptores e emissários. 
4. Pré-dimensionamento dos coletores-tronco, interceptores e emissários. 
5. Verificação da possibilidade de minimização de instalações de recalque. 
6. Confronto técnico-econômico das alternativas estudadas. 
7. Escolha da melhor alternativa. 
8. Elaboração de desenhos. 
Estações elevatórias de esgotos 
1. Localização em planta. 
2. Verificação da disponibilidade de locais para implantação. 
3. Avaliação da área necessária para as instalações. 
4. Reconhecimento dos possíveis locais. 
5. Determinação do tipo de estrutura. 
 
6. Estudo da disposição relativa das diversas partes componentes das estações elevatórias projetadas: medição 
de vazão, unidades desarenadoras, sistema de gradeamento,poços de sucção, casa de bombas, tubulações e órgãos 
acessórios, etc. 
7. Estudo do sistema de extravasamento. 
8. Verificação da disponibilidade de energia elétrica com tensão adequada para alimentação dos motores elé-
tricos. 
9. Diagrama unifilar e lay-out das instalações elétricas. 
10. Pré-dimensionamento das diversas partes. 
11. Estudo das várias alternativas. 
12. Análise técnico-econômica comparativa das alternativas estudadas. 
15 
 
13. Escolha da alternativa representativa. 
14. Estudo da configuração arquitetônica dessa alternativa. 
15. Elaboração de desenhos. 
Estações de tratamento de esgotos 
1. Localização das estações de tratamento de esgotos. 
2. Verificação da disponibilidade de área para implantação. 
3. Avaliação da área total necessária para a implantação da estação de tratamento. 
4. Reconhecimento do local. 
5. Verificação da conveniência e possibilidade de pré-tratamento de certos efluentes industriais das próprias 
indústrias. 
6. Estudo da capacidade receptora volumétrica e orgânica do corpo de água. 
7. Determinação do grau de tratamento e do processo. 
8. Análise qualitativa e quantitativa dos esgotos sanitários: 
a) Sólidos suspensos e sedimentáveis, orgânicos e minerais. 
b) Sólidos em solução. 
c) Sólidos totais. 
d) DBO. 
e) Temperatura, pH, etc. 
9. Análise qualitativa e quantitativa dos efluentes industriais. 
10. Escolha do processo de tratamento. 
11. Disposição geral das unidades de tratamento na planta do terreno disponível. 
12. Elaboração do fluxograma. 
13. Pré-dimensionamento das diversas unidades de tratamento e bombeamento e de canalizações principais. 
14. Estudo da disposição final e acondicionamento de lodo, escuma, material gradeado, areia, etc. 
15. Verificação da existência e disponibilidade de energia elétrica com tensão adequada para alimentação das 
unidades acionadas eletricamente. 
16. Diagrama unifilar e lay-out das instalações elétricas. 
17. Concepção cio sistema de instrumentação e controle de operação. 
18. Estudo das alternativas possíveis. 
19. Escolha da alternativa representativa. 
20. Estimativa de custo preliminar da alternativa representativa. 
21. Estudo da configuração arquitetônica. 
22. Elaboração de desenhos. 
Disposição final dos esgotos 
1. Determinação do(s) ponto(s) possível(is) de lançamento. 
2. Pré-dimensionamento hidráulico das obras para lançamento final. 
3. Análise de alternativas. 
4. Confronto técnico-econômico das alternativas estudadas. 
5. Escolha da alternativa representativa. 
7.8. EXEMPLO DE CÁLCULO 
Estuda-se o projeto de uma pequena rede de esgotos, com 650 metros de extensão (Fig. 7-3), para servir a 
25 casas existentes e mais 50 lotes de construção futura. Admitindo-se que seja 6 o número médio de habi-
tantes por casa, a população futura será 450 habitantes. 
 
 
 
16 
 
 
Figura 7-3. Pequena rede de esgotos 
Sendo o consumo máximo diário de água 2001/hab., a contribuição máxima diária para os es-
gotos é calculada em 
80 % x 200 = 160 l/hab. 
 
 
Admitem-se, ainda, um coeficiente de variação horária de 1,5 e a infiltração para os coletores como desprezível. 
Calcula-se, então, o coeficiente para cálculo da rede 
 
 450 x 160 x 1,5 = 0,001921/s por metro. 
 650 x 86 400 
Foi adotado o valor 0,0021/s. 
O cálculo encontra-se na folha própria (Fig. 7-2). 
 
17

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