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Patologia do Sistema Respiratório Sumário Considerações gerais ................................................................................................................... 2 Características dos componentes do sistema ........................................................................ 2 Defesas Pulmonares ................................................................................................................ 3 Padrões de doença respiratória .................................................................................................. 3 CAVIDADE NASAL E SEIOS .................................................................................................. 4 Rinites Específicas ................................................................................................................... 5 Rinite atrófica dos suínos .................................................................................................... 5 IBR (Rinotraqueíte infecciosa dos bovinos) ...................................................................... 6 Garrotilho ............................................................................................................................ 7 Rinites granulomatosa ........................................................................................................ 7 Rinite alérgica ...................................................................................................................... 8 Doenças parasitárias da cavidade nasal e seios nasais ......................................................... 8 Miíases .................................................................................................................................. 8 Tumores da cavidade nasal e seios nasais ............................................................................. 8 FARINGE E BOLSAS GUTURAIS .......................................................................................... 8 LARINGE E TRAQUEIA .......................................................................................................... 9 Malformações .......................................................................................................................... 9 Paralisia laringeana ................................................................................................................ 9 Alterações circulatórias .......................................................................................................... 9 Inflamações .............................................................................................................................. 9 Parasitoses ................................................................................................................................ 9 Tumores ................................................................................................................................... 9 BRÔNQUIOS E BRONQUÍOLOS .......................................................................................... 10 Inflamações ............................................................................................................................ 10 PULMÕES ................................................................................................................................. 10 Alterações pós-morte............................................................................................................. 10 Malformações ........................................................................................................................ 10 Atelectasia .............................................................................................................................. 11 Enfisema ................................................................................................................................. 11 Distúrbios circulatórios......................................................................................................... 12 Inflamações ............................................................................................................................ 13 Classificação das Pneumonias .............................................................................................. 13 1. Quanto ao tipo de inflamação .................................................................................. 13 2. Quanto ao local inicial e padrão de disseminação .................................................. 13 Considerações gerais As respostas do trato respiratório à agressão e os padrões resultantes de doença são determinados, principalmente, pela complexidade estrutural e funcional do sistema. A maioria das doenças é causada por agentes que chegam com o ar inspirado (VIA AERÓGENA) ou pelo sangue circulante (VIA HEMATÓGENA). O sistema respiratório está permanentemente sob assalto de agentes potencialmente lesivos, que incluem agentes infecciosos, toxinas intrínsecas e extrínsecas, microrganismos do ar, flora da orofaringe e gases ambientais. Características dos componentes do sistema • Fossas nasais: são estruturas não colapsáveis compostas por ossos, cornetos ósseos e cartilaginosos e divididas por septo de cartilagem. A mucosa é formada por 4 tipos de epitélio: escamoso estratificado, de transição, ciliado (respiratório) e olfatório. • Nasofaringe: revestida por epitélio respiratório com áreas escamosas e numerosos nódulos linfoides. Por meio das trompas de Eustáquio comunica-se com o ouvido médio e com divertículos em equinos (bolsas guturais) sujeitos a infecções bacterianas e fúngicas ascendentes. • Laringe: estrutura sustentada por cartilagens e revestida por epitélio escamoso e respiratório; • Traqueia e brônquios: revestidos por epitélio respiratório (cilíndrico ciliado) e células não ciliadas: serosas, basais e neuroendócrinas. Também linfócitos e fibras nervosas intraepiteliais. As células ciliadas são totalmente diferenciadas e quando descamadas são substituídas por epitélio não ciliado que depois se diferencia em ciliado. As células Claras (não ciliadas) secretam o fluído de revestimento (surfactante). Possuem BALT, macrófagos e diversas imunoglobulinas (IgA, IgG, IgM e IgE), além de anéis de cartilagem hialina. A IgA secretada especifica para vírus e bactérias é um dos componentes mais importantes da imunidade do hospedeiro a patógenos respiratórios. Nas secreções respiratórias a IgA previne a ligação de bactérias e a adsorção de vírus as células epiteliais respiratórias e, deste modo, bloqueia a infecção. A IgA predomina nas vias aéreas e a IgG e IgM predominam nos alvéolos. • Bronquíolos: são colabáveis devido à falta de anéis cartilaginosos, pequeno diâmetro e paredes finas. Estes são muito mais susceptíveis do que os brônquios a processos patológicos do parênquima alveolar. Podem ser obstruídos pelos exsudatos em inflamações agudas. • Alvéolos: são divididos em unidades estruturais e funcionais chamadas ácinos. Um ácino é a unidade de hematose do pulmão suprida por um único bronquíolo terminal e inclui todas as ramificações dos bronquíolos respiratórios, ductos alveolares, sacos alveolares, alvéolos e vasos sanguíneos associados. Muitos ácinos estão agrupados e envoltos por tecido conjuntivo formando lóbulos visíveis macroscopicamente (ruminantes e cavalo). As células mais importantes são os pneumócitos tipo I e II, células endoteliais dos capilares alveolares, fibroblastos e macrófagos alveolares. Os pneumócitos tipo I são células escamosas que revestem 93% da superfície alveolar, reagem mal à agressão pela grande área de membrana e mínimas defesas enzimáticas. Logo após a agressão elas descamam. Os pneumócitos tipo II são célulasque revestem 7% superfície alveolar, sintetizam surfactante e servem como epitélio de reposição, formando novos pneumócitos tipo I. As células endoteliais funcionam como barreira inicial de permeabilidade entre a luz capilar e o interstício pulmonar e tem funções importantes para o transporte de solutos, água e gases. As populações de macrófagos (Mo) pulmonares incluem os alveolares, os intersticiais, os intravasculares e as células dendríticas. Nos pulmões normais, os macrófagos alveolares são a primeira linha de defesa pulmonar. Estes são derivados de monócitos circulantes no sangue e migram para os alvéolos após maturação no espaço intersticial. Além de fagocitose, os Mo alveolares controlam as reações inflamatórias, imunes e de reparação, liberando mediadores químicos como interferon (IFN) beta e gama, interleucina (IL), Fator de necrose tumoral (TNF), etc. Defesas Pulmonares • Trato respiratório superior: umidifica e aquece o ar e remove partículas grandes e gases hidrossolúveis. O aquecimento e a umidificação ocorrem principalmente durante a passagem do ar através do nariz e são facilitados pela riqueza e extensão do plexo vascular submucoso dos cornetos e septo. Muitas partículas se depositam no revestimento mucoso e são retiradas pelo movimento da capa mucociliar. A maioria das secreções mucosas do trato respiratório, junto com as partículas nelas contidas atinge a faringe e são deglutidas. • Proteção específica: a proteção específica dos pulmões também fica a cargo das imunoglobulinas, principalmente (IgA, IgE e IgG); • Proteção não-específica: IFN, lisozima e lactoferrina e flora normal pois ao se fixarem as células epiteliais impedem a adesão e colonização de microrganismos patogênicos. • As defesas físicas e humorais da camada mucociliar são ajudadas por mecanismos celulares e humorais recrutados do sangue no inicio da inflamação e pelo espirro, tosse e broncoconstrição provocada pela irritação dos receptores das vias aéreas. Todas as defesas dependem de um epitélio intacto. A esterilidade dos alvéolos depende da capacidade fagocitária dos macrófagos com opsonização pelas imunoglobulinas e surfactante. Padrões de doença respiratória As doenças respiratórias podem ser causadas por uma grande variedade de agentes infecciosos e não infecciosos. O local da lesão no trato respiratório é determinado pela inter-relação entre a porta de entrada do agente, natureza, concentração do agente e a susceptibilidade relativa dos tecidos expostos ao agente. A porta de entrada é o principal determinante. Agressão aerógena: as vias nasais e aéreas superiores são agredidas por irritantes em grandes partículas, gases altamente solúveis e agentes infecciosos com receptores nas vias aéreas. As vias aéreas inferiores ou distais são agredidas por partículas finas, gases pouco solúveis e agentes infecciosos com afinidade para o epitélio bronco-alveolar. Os lobos pulmonares craniais mais acometidos. Agressão hematógena: se manifesta, dependendo da causa, como lesões difusas, focais ou multifocais disseminadas sem orientação nas vias aéreas. São afetados tanto o parênquima como as vias aéreas, dependendo do agente causador. Outras (menos comuns): traumáticas, pela penetração de corpos estranhos ou extensão de lesões ao longo dos planos faciais e linfáticos dos tecidos ou cavidades adjacentes. CAVIDADE NASAL E SEIOS Anomalias congênitas (raras): ocorrem em todas as espécies e são geralmente parte dos defeitos craniofaciais extensos com variadas combinações de malformações de olhos e boca. A atresia bucofaríngea deriva em natimortos ou morte logo após o nascimento. O defeito mais leve, a fenda palatina é compatível com a vida, mas os animais afetados geralmente morrem por pneumonia por aspiração. Distúrbios metabólicos: nos equinos, às vezes ocorrem depósitos de amiloide na submucosa nasal, como parte de amiloidose generalizada ou não. O amiloide pode ocorrer de modo localizado ou difuso. Há infiltração de Mo e linfócitos e até de células gigantes adjacentes aos depósitos nodulares. A estenose resultante pode causar sinais de obstrução nasal. Distúrbios circulatórios: hemorragia nasal ou epistaxe (o termo não é específico para hemorragias do nariz, mas para hemorragias pelo nariz). A hemorragia originada da região nasal é mais frequentemente causada por traumatismos, inflamação ou neoplasias. A hemorragia nas rinites é associada a ulceração das mucosa, um fato comum nas inflamações agudas. Inflamação da cavidade nasal: RINITE A mucosa nasofaríngea possui uma flora normal residente com função de evitar a fixação e colonização de outros agentes, principalmente bactérias. Lesões na mucosa, imunodeficiência sistêmica ou estresse não específico, como acontece no pós- operatório, propiciam a adesão de microrganismos patogênicos ou induzem atitude patogênica à flora comensal. Infecções oportunistas como as fúngicas, por exemplo, também podem ser atribuídas a uma antibióticoterapia prolongada com desaparecimento da flora comensal. Os agentes de infecção primários geralmente são vírus. Os alérgenos são importantes, principalmente em cães e gatos. Gases voláteis irritantes, pó e ar muito seco são, ocasionalmente, causa de lesão ao epitélio nasal. A rinite pode ser aguda ou crônica e serosa, catarral, purulenta, ulcerativa, pseudomembranosa, hemorrágica ou granulomatosa. Pseudomembranosa, ulcerativa e hemorrágica são sinais de dano muito grave. Durante o estágio inicial seroso da rinite a mucosa está inchada e avermelhada ou acinzentada, de acordo com o grau de hiperemia. A secreção é fina, seromucosa, com poucos leucócitos e células epiteliais descamadas. A lâmina própria subjacente está edemaciada e infiltrada por células inflamatórias. Se não resolver, este quadro se agrava pelas alterações da mucosa e pela ação bacteriana. Aumentam a hiperemia, o edema e o acúmulo de secreções mucosas e celulares. O exsudato torna-se catarral ou purulento. A rinite crônica catarral ou supurativa causa fibrose progressiva da lâmina própria com atrofia de glândulas e do epitélio nasal que apresenta metaplasia escamosa focal. A rinite pseudomembranosa pode ser fibrinosa ou fibrino-necrótica (diftérica), mas é geralmente fibrinosa. As rinites mais profundas, fibrino-necróticas, estão associadas com infecções bacterianas graves. A membrana fibrino-necrótica está firmemente aderida ao tecido subjacente e sua remoção deixa uma superfície ulcerada áspera. A rinite granulomatosa é uma lesão típica em várias doenças específicas. As lesões são nodulares ou polipoides ou grandes massas. As pequenas massas são mais firmes, as grandes são friáveis ou gelatinosas. A sequela mais comum é a sinusite. Inflamação dos seios: SINUSITE A sinusite é mais importante nos equinos pela complexidade dos seios paranasais, efeitos de uma drenagem limitada e tendência a periodontite derivar em sinusite. A sinusite é muito comum em ovinos, como resposta às larvas de Oestrus ovis. Os processos seromucosos de etiologia viral não são críticos; quando o exsudato torna-se catarral ou purulento, o edema da mucosa pode causar obstrução dos orifícios dos seios e o processo torna-se crônico. O acúmulo de secreção seromucinosa se conhece como mucocele e o de exsudato purulento como empiema do seio. A sinusite purulenta é mais importante do que rinite pela proximidade com o encéfalo. Rinites Específicas Rinite atrófica dos suínos É caracterizada por atrofia dos cornetos, moderada a severa, associada à distorção ou encurtamento do focinho nos casos mais avançados. A atrofia dos cornetos é causada principalmente por uma toxina proteica produzida por cepaspatogênicas de Pasteurella multocida. A Pasteurella multocida por si só não consegue produzir tal dano, é necessário para a sua colonização e multiplicação para produzir quantidades adequadas de toxina, a presença de fatores adicionais, sendo que o mais importante é infecção simultânea por Bordetella bronchiseptica, que pela ação de sua citotoxina age sinergicamente para promover a multiplicação da cepa toxigênica de P. multocida. Outros fatores adicionais capazes de aumentar a severidade da doença clínica são a infecção por citomegalovirus (Rinite por corpúsculo de inclusão) e circunstancias nutricionais ou ambientais adversas. Os fatores adicionais mais importantes são os que envolvem cálcio e fósforo, por que interferem no metabolismo do osso. Embora não se conheça exatamente a ação da toxina, ocorre degeneração progressiva da cartilagem dos cornetos. A rinite atrófica ocorre nas áreas de maior criação de suínos do mundo. É importante pela perda econômica devido à diminuição da taxa de crescimento e redução da eficiência da conversão alimentar. Os sinais clínicos nos leitões são de rinite com espirros, tosse e corrimento nasal seroso ou mucopurulento. Pode haver estrias de sangue nas secreções e, se o dano for severo, até hemorragias profusas. A deformidade facial consiste no encurtamento e distorção do focinho e ossos faciais, acompanhada de pregueamento da pele de cobertura. A assimetria do processo faz com que o focinho se desvie para o lado mais afetado; quando as lesões intranasais são simétricas, o focinho pode encurtar e se desviar para cima. As lesões de rinite atrófica variam de indefinidas a severas com uma linha pouco nítida entre a normalidade e os pouco doentes. As lesões inflamatórias da mucosa nasal são, geralmente, não específicas e mudam de acordo com o estágio da doença. Em outras espécies, notadamente, cães e cabras, P. multocida pode induzir rinite atrófica através de toxinas do tipo D. IBR (Rinotraqueíte infecciosa dos bovinos) É uma doença aguda, contagiosa do gado, causada pelo Herpesvirus bovino tipo 1 (BHV-1), caracterizada por lesões inflamatórias do trato respiratório alto, traqueia e conjuntiva. Virus relacionados causam meningoencefalite não-supurativa, vulvovaginites e balanopostites. A IBR ocorre em todo o mundo, principalmente quando há excesso de lotação ou confinamento. A morbidade é alta e a letalidade é usualmente baixa, mas pode chegar até 30%. Na maioria das vezes a doença ocorre naturalmente em animais de mais de 6 semanas de idade. Não há variação estacional na incidência, exceto quando um maior número de animais é reunido no outono e inverno. O curso clínico é caracterizado por febre, taquipneia, tosse e secreção nasal serosa. O lacrimejamento é comum. Com o progresso da doença, a secreção torna-se purulenta e há dispneia inspiratória. As lesões nos casos típicos são de uma rinotraqueite e conjuntivite seromucosa. Se houver infecções bacterianas concomitantes, pode haver secreções purulentas, inflamação aguda difusa com hemorragias focais, erosões e ulcerações. Nos casos mais graves formam-se membranas fibrinopurulentas ou fibrinonecróticas nas mucosas nasofaríngeas, laríngeas e traqueais. As bactérias que contribuem para a severidade dessas lesões são Pasteurella spp, Mycoplasma spp, Fusobacterium necrophorum. Histologicamente, nos casos mais leves há discreta inflamação serosa a mucopurulenta com pouca necrose epitelial. Nos casos fatais, há extensa necrose epitelial com formação de uma camada superficial de fibrina e tecido necrótico. Em casos extremos, pode haver pneumonia bacteriana, principalmente por Pasteurella spp. O padrão de doença generalizada em bezerros recém-nascidos é marcante. Os animais têm menos de um mês de idade e apresentam febre, secreção serosa ocular e nasal, dificuldade inspiratória, anorexia e depressão. Há rinite aguda e faringite erosiva com hiperemia intensa. Há lesões necrosantes no epitélio dos pré-estômagos. Há linfadenite aguda com necrose focal, principalmente daqueles que drenam o trato respiratório. Há focos necróticos nos rins, baço e fígado. Quando o vírus causa aborto, os fetos estão edematosos e a autólise avançada indica morte aproximadamente 2 dias antes do aborto. Não há lesões macroscópicas, mas as microscópicas de necrose e infiltrado leucocitário ocorrem em órgãos parenquimatosos, linfonodos e placenta. Garrotilho Causado pelo Streptoccocus equi nos equinos e se caracteriza por inflamação das vias aéreas superiores com abscedação dos linfonodos relacionados. Pode ocorrer em qualquer idade, mas é mais comum entre 1-5 anos. Possui distribuição mundial embora seja pouco relatada ultimamente. Inicia com rinite catarral, conjuntivite e tumefação dos linfonodos regionais. Posteriormente há supuração e abscessos na mucosa nasofaríngeana. Raramente ocorre morte, mas em alguns casos (raros) pode haver empiema das bolsas guturais ou disseminação metastática da infecção para o fígado, pleura, pulmões, baço, rins e cérebro. Rinites granulomatosa Dano local à mucosa nasal ou imunodeficiência faz a cavidade nasal propensa a infecções oportunistas por fungos ou leveduras. Os agentes variam com a espécie animal afetada. Aspergillus fumigatus é a causa mais comum em cães, mas rara em outras espécies. A lesão usual é crônica, necrosante a granulomatosa com produção de grande quantidade de exsudato friável. Pode ocorrer lenta destruição dos cornetos e, às vezes, do septo nasal. Penicillium spp. causa lesões semelhantes. Cryptoccocus neoformans é o agente mais comum em gatos e ocorre esporadicamente cães, equinos e outras espécies. A lesão no gato é mais gelatinosa do que granulomatosa, consistindo de massas do microrganismo com ser abundante material capsular. A reação inflamatória mononuclear com presença de células gigantes multinucleadas é geralmente discreta (leve). As lesões consistem de nódulos polipoides ou massas maiores lentamente destrutivas. No gato frequentemente há tumefação facial. Pode haver envolvimento de ossos, pele e mucosa oral. Extensão local pode ocorrer aos olhos e ao encéfalo e ocasionalmente há disseminação aos linfonodos regionais e pulmão ou a várias vísceras. Actinomicose e Actinobacilose (principalmente em ovelhas) envolvem ou são limitadas à cavidade nasal. São manifestações frequentes os tratos fistulosos caseosos no tecido subcutâneo e submucoso. Zigomicoses em equinos são inflamações granulomatosas ulcerativas das regiões facial e nasal, principalmente nas narinas. São dos climas cálidos e causadas por Conidiobolus spp e Basidiobolus spp. Rinosporidiose é uma rinite polipóide crônica causada pelo Rinosporidium seeberi. A doença ocorre em cavalos e bovinos, e menos comumente em cães e cabras. A fonte do microrganismo é desconhecida. A doença depende de lesão traumática da mucosa nasal. Os pólipos são de tamanhos variáveis (até 2-3 cm), moles, róseos, sangram com frequência e podem ser sésseis, pedunculados ou em forma de couve- flor. Histologicamente, consistem de um estroma fibroso recoberto por epitélio. Os microrganismos estão presentes no estroma como corpos esféricos de tamanhos variados. Há pouca reação exceto quando os esporângios rompem, quando ocorre uma resposta granulomatosa ou piogranulomatosa. Rinite alérgica Ocasionalmente é observada em cavalos, cães e gatos. São diagnosticadas pela presença do corrimento nasal e ocular, espirros, coceira no nariz, sacudidas de cabeça, epistaxes e presença de eosinófilos na secreção nasal. As bases patológicas e imunológicas são desconhecidas. Granuloma nasal é uma forma crônica da rinite alérgica. A porçãomais comumente afetada é a posterior do vestíbulo nasal e região anterior do septo nasal. Nos casos mais demorados, a lesão se estende e envolve a cavidade nasal posterior, laringe e traqueia proximal. Os nódulos consistem de epitélio hiperplásico e metaplásico sobre um centro edematoso envolvendo um núcleo de tecido de granulação. Lesões ativas mostram notável presença de eosinófilos e mastócitos em degranulação. Estes fatores sugerem que é um processo de Hipersensibilidade do tipo I alternado com o tipo IV. Os alérgenos parecem ser pólen de plantas e esporos de fungos. Doenças parasitárias da cavidade nasal e seios nasais Miíases Causadas pelas larvas de mosca das famílias Oestridae e do gênero Rhinoestrus. O ciclo vital e efeitos de todos os parasitas são semelhantes aos do Oestrus ovis. As larvas aderem à mucosa, causam danos nos locais de fixação e irritação quando se movimentam. As ovelhas afetadas mostram rinite catarral com corrimento abundante. Raramente, infecções bacterianas secundárias podem derivar em meningite. Outros – Schistosoma nasalis causa rinite em ruminantes e equinos na Índia. Larvas de Habronema spp podem ser depositadas pelas moscas nas narinas anteriores e migram, fazendo túneis, induzindo nódulos semelhantes aos vistos na habronemíase cutânea de equinos. Capillaria aerofila pode ser encontrada na cavidade nasal e seios no seu caminho em direção ao sistema traqueobrônquico de carnívoros. Syngamus nasicola é encontrado nas passagens nasais de ruminantes em regiões tropicais. Tumores da cavidade nasal e seios nasais Com exceção do Tumor etmoidal endêmico, tumores sinonasais primários são raros. A maioria dos tumores são carcinomas, embora outros tipos possam ocorrer (condro, fibro e osteossarcomas). Os carcinomas de células escamosas predominam no cavalo e no gato. No cão, ocasionalmente é observada a presença de TVT (tumor venéreo transmissível) na cavidade nasal. Em muitos países tem sido reconhecida a ocorrência de tumores etmoidais endêmicos com padrões que suportam a visão de que são causados por vírus, provavelmente retrovírus. FARINGE E BOLSAS GUTURAIS As malformações são raras em todas as espécies, mas ocorrem mais no cavalo e no cão. Os processos inflamatórios são parte de doenças que afetam o trato respiratório superior, o trato digestório superior ou ambos. Faringite crônica equina com hiperplasia linfoide é detectada por endoscopia nos cavalos puro sangue de menos de 5 anos de idade. Parece ser causada por contínua estimulação linfoproliferativa pela presença persistente de bactérias (Stretpoccocus zooepidemicus e Moraxella spp) juntamente com dessecação da região. As bolsas guturais são divertículos ventrais das trompas de Eustáquio e sofrem processos inflamatórios de mesmo modo que os seios paranasais. Inflamação supurativa que leva a empiema ocorre principalmente após infecções do trato respiratório superior, particularmente por S. equi ou outros estreptococos. Inflamações fibrinosas ou fibrino- necróticas estão associadas à presença de fungos, geralmente Aspergillus spp. Os tumores das bolsas guturais são raros, mas quando ocorrem são, na maioria das vezes, carcinomas de células escamosas. LARINGE E TRAQUEIA Malformações São raras. Hipoplasia da epiglote tem sido relatada em cavalos e suínos. Agenesia parcial ou total da traqueia é rara; hipoplasia traqueal é observada em cães, às vezes associada à hipoplasia bronquial. Parece ser familiar nos Bulldogs ingleses. Malformações com achatamento são observadas em cães, cavalos, cabras e gado. As adquiridas são causadas por pressão externa, por linfonodos aumentados ou lesões inflamatórias ou neoplásicas intraepiteliais. Paralisia laringeana Pode ser uni ou bilateral, sendo a causa mais comum de ronquidão no cavalo. Geralmente é uma hemiplegia laríngea pela degeneração do nervo laríngeo recorrente esquerdo que causa atrofia da musculatura dependente. Há degeneração das fibras nervosas causada principalmente por organofosforados. Alterações circulatórias Hiperemia durante inflamações é comum; hemorragias fazem parte de doenças sistêmicas ou hemorrágicas (peste suína, intoxicação por samambaia, salmonelose em suínos). Edema ocorre nas inflamações respiratórias agudas, na inalação de gases irritantes ou traumatismos locais. Ocorre edema na doença do edema dos suínos e nas condições alérgicas (picada de insetos). Inflamações Ocorrem como parte de processos regionais do sistema. Laringite pode ocorrer como parte da necrobacilose oral (difteria dos terneiros) causada pelo Fusobacterium necrophorum em bezerros e suínos e em processos tóxicos (intoxicação por arsênico). Parasitoses Ocorrem causadas por Syngamus laryngeus, Capillaria aerophila, Filaroides osleri e Spirocerca lupi em ciclo aberrante. Tumores Raros. Os epiteliais são papilomas e carcinomas de células escamosas. Podem ainda ocorrer leiomiomas e rabdomiossarcomas; condromas e osteocondromas; condrossarcomas e osteossarcomas. BRÔNQUIOS E BRONQUÍOLOS Formam a zona de transição entre o trato respiratório alto e baixo, estando, portanto, frequentemente envolvidos como extensão de doenças do trato respiratório alto ou doença pulmonar. Inflamações As principais causas são as infecções aerógenas e, mais raramente, descendentes, ascendentes e hematógenas, por parasitos, alérgenos, gases irritantes, partículas do ar e corpos estranhos. Na bronquite catarral aguda há avermelhamento da mucosa que aparece recoberta por muco branco acinzentado. Na bronquite purulenta aguda o avermelhamento é maior e o exsudato mais fluido e amarelado. A bronquite fibrinosa aguda ocorre principalmente nas pneumonias fibrinosas, IBR, FCM (febre catarral maligna) e peste bovina. Nos casos de aspiração de corpos estranhos e abundantes infestações parasitárias, os animais desenvolvem uma bronquite necrosante. Pode haver infecções bacterianas recorrentes (crônicas). As bronquiolites apresentam os mesmos padrões das bronquites. A diferença é que, às vezes, como consequência da bronquiolite, há estenose ou oclusão das vias aéreas, com formação de enfisema e atelectasia. A bronquiolite obliterante é produzida por um tecido de granulação formado após a destruição de mucosa e lâmina basal, com deformação da luz. Ocorre principalmente após a inalação de gases irritantes como amoníaco, dióxido de nitrogênio e após infecções virais. A difusão periférica dos processos dá lugar a peribronquites e peribronquiolites. Quando crônicas são compostas por infiltrados linfohistiocitários ao redor de brônquios e bronquíolos. Aparecem principalmente no curso de doenças víricas do trato respiratório (principalmente pneumonias intersticiais). PULMÕES Alterações pós-morte A hipostase aparece geralmente na fase agônica; pode haver saída de plasma e leucócitos para os espaços alveolares, induzindo erradamente o diagnóstico de edema pulmonar. A autólise causa o desprendimento de células isoladas ou em grupos. A putrefação acentua esses processos, induzindo o aparecimento de enfisema. Ao ser aberta a cavidade torácica, ocorre retração (colapso) dos pulmões, pelo desaparecimento da pressão negativa na cavidade. Malformações Ocorrem aplasias e hipoplasias de alguns lobos pulmonares com consequente hipertrofia compensatória dos outros. As anomalias numéricas dos lobos se traduzem na falta ou excesso. A melanose maculosa dos pulmões é parte de uma melanose generalizada. A pigmentação de cor negra ocorre por deposição da melanina no tecido conjuntivo, adventícia de vasos e tecido peribronquial. Atelectasia É o colapso do tecido pulmonar pela faltade ar nos alvéolos. As áreas atelectásicas são deprimidas, compactas e de cor vermelha. Quando os pulmões falham em se encher de ar no nascimento é chamada atelectasia congênita. A atelectasia adquirida ocorre quando da abertura da cavidade torácica (pneumotórax), ou por lesões que ocupam espaço (tumores, parasitas, hidrotórax, quilotoráx, hemotórax, empiema, timpanismo), nestes casos são chamadas de atelectasias adquiridas compressivas. Nos casos de oclusão/obstrução de brônquios e/ou bronquíolos (inflamações, edema, material aspirado), chamam-se de atelectasias obstrutivas. Também pode ocorrer a atelectasia em grandes animais mantidos deitados por períodos prolongados, como durante anestesia (atelectasia hipostática). Se a atelectasia é de curta duração, há restauração do tecido. Se for de longa duração, pode ser acompanhada de fibrose e pneumonia. Em geral os pulmões atelectásicos são deprimidos com relação aos pulmões normalmente inflados. A cor geralmente é azul-escuro e a textura é flácida ou firme (edema pulmonar). Enfisema É uma lesão pulmonar primária extremamente importante em humanos, enquanto nos animais é sempre uma condição secundária resultante de uma variedade de lesões pulmonares. Pode ser definido como aumento anormal permanente dos espaços aéreos distais aos bronquíolos terminais, acompanhado de destruição das paredes alveolares (enfisema alveolar). Ou seja, um excesso de ar no pulmão com destruição das paredes alveolares. O enfisema pode ser alveolar ou intersticial, agudo (reversível) – mais corretamente denominado hiperinflação dos espaços aéreos – ou crônico, localizado ou generalizado. Causas: estenose ou obstrução transitória de brônquios e/ou bronquíolos por exsudatos inflamatórios, bronquites, bronquiolites e pneumonias, parasitas e lesões crônicas como tuberculose. Enfisema intersticial ocorre quando o ar penetra o tecido intersticial do pulmão. Há formação de vesículas subpleurais e interlobulares (como colar de pérolas) e pode se estender aos linfonodos regionais, mediastino e até pelo tecido subcutâneo. É mais frequente nos bovinos devido ao tipo de pulmão que possui mais tecido conjuntivo intersticial. Causas: obstrução, estrongilose pulmonar, pneumonias intersticiais crônicas, fratura de costelas, corpos estranhos (bovinos) e traumas. Consequências do enfisema: irão depender da intensidade do enfisema; nos graves, há diminuição da área respiratória e, consequentemente, da hematose. Por redução da ventilação pulmonar pode ocorrer Cor pulmonale. Cor pulmonale é o aumento de volume (hipertrofia, dilatação) do coração direito causado por doenças que tem repercussão sobre a estrutura e função pulmonares. Origina-se uma hipóxia alveolar, que inicialmente da origem a uma vasoconstrição funcional e, ao persistir, leva ao estreitamento da luz das artérias pulmonares (esclerose pulmonar). A consequência é o aumento da resistência na circulação pulmonar, que o coração direito terá que vencer incrementando seu trabalho, o que por sua vez determina a hipertonia pulmonar ao aumentar a pressão na circulação menor. Como consequência desta sobrecarga de trabalho, há uma hipertrofia concêntrica compensatória do ventrículo direito (cor pulmonare crônico) que com o tempo se faz excêntrica (dilatação) até acabar provocando uma insuficiência do coração direito com estase na circulação maior (o que levará a congestão passiva crônica hepática, podendo evoluir para necrose centro lobular – fígado de noz-moscada - e consequentemente a insuficiência hepática). Distúrbios circulatórios Isquemia pulmonar ocorre como manifestação de anemia geral (dessangramento, anemias) ou de origem local. A isquemia local origina-se de compressões (colapso em pneumotórax, lesões que ocupam espaço no tórax), de obstruções da rede capilar pulmonar (embolias, pneumonias, fibrose). Hiperemia ocorre principalmente nas pneumonias. Estase pulmonar ocorre como consequência do impedimento da saída do sangue dos pulmões até a aurícula esquerda. A estase pulmonar aguda é consequência da insuficiência cardíaca esquerda por inflamações ou degenerações ou infarto do miocárdio. Há líquido sanguinolento na traqueia e brônquios (edema pulmonar agudo). A estase pulmonar crônica (meses a anos) ocorre por estenose ou insuficiência de valva mitral por endocardiose ou fibrose. Os eritrócitos perdidos para os alvéolos são fagocitados por macrófagos alveolares (eritrofagocitose). Estas células cheias de hemossiderina são chamadas células da falha cardíaca. As consequências da estase pulmonar crônica são graves distúrbios da perfusão, difusão e bronquite por estase. Edema pulmonar é a saída de plasma para os espaços alveolares e/ou intersticiais. Ao se misturar com o ar se faz espumoso e pode atingir as vias aéreas superiores. O pulmão edematoso agudo mostra-se avermelhado, pesado e não se retrai. Da superfície de corte flui espuma esbranquiçada ou rósea. No edema pulmonar crônico, o líquido é rico em células de descamação alveolar pelo qual é turvo e mais espesso. Hemorragias: Per rexis (por ruptura) ocorrem principalmente por ação traumática (fraturas de costelas, feridas cortantes, por armas de fogo e corpos estranhos). Per diabrosis (por corrosão) ocorrem na gangrena pulmonar e nas tromboembolias da artéria pulmonar. Como consequência pode haver dessangramento, aspiração de sangue e morte por asfixia, e hemotórax. Per diapedesis (por aumento da permeabilidade) são decorrentes de processos tóxicos (uremia, intoxicação por dicumarínicos) e infecciosos e na estase pulmonar. Embolia pulmonar: a tromboembolia pulmonar tem origem em tromboses venosas e endocardites trombosantes do coração direito. As consequências dependem do tamanho e número dos êmbolos e da doença subjacente principal. A obliteração de artérias pulmonares de médio ou pequeno calibre, não provoca infarto pela irrigação das artérias bronquiais, sempre que o coração funcione bem. A tromboembolia provoca infarto pulmonar hemorrágico quando há estase pulmonar crônica. O tamanho do infarto depende do tamanho da artéria obstruída. Os êmbolos infectados dão origem a infartos sépticos ou pneumonia embólico-metastática. A embolia gordurosa ocorre após fraturas ósseas ou lesões do tecido subcutâneo. As gotas de gordura penetram nas veias abertas da região da ferida e chegam com o sangue até os pulmões, acumulando nos capilares e causando resistência à circulação do sangue. Não é raro que gotículas de gordura circulem até o cérebro, rins e miocárdio. Embolia tumoral massiva (pneumonia cancerosa) pode ocorrer no carcinoma mamário da cadela e da gata e na leucose em bovinos. Inflamações Pneumonia (PN) é o termo usual para a inflamação dos pulmões envolvendo o parênquima alveolar. Alveolite é outro termo usado para denominar inflamações exsudativas agudas do parênquima pulmonar. Como o uso alternativo desses termos pode dar lugar à confusão, é aconselhado o uso do termo pneumonia. Padrões anatômicos de pneumonia A resposta inflamatória pulmonar varia de acordo com o tipo de agente etiológico (vírus, bactérias, protozoários, fungos, parasitas, etc), sua distribuição (principalmente a via de entrada no pulmão) e quanto a sua persistência. A pneumonia pode ser classificada numa base temporal como aguda, subaguda ou crônica, numa base etiológica pelas principais categorias de agentes (bactérias, fungos, micoplasmas, clamídias, vírus, parasitas, gases irritantes e materiais estranhos aspirados) ou de acordo com a morfologia. Classificação das Pneumonias 1. Quanto ao tipo de inflamação Exsudativas: nas quais a ênfase está no preenchimento dos alvéolos por exsudatocom característica predominantemente catarral, fibrinoso, supurativo, hemorrágico ou necrosante. Proliferativas: nas quais a ênfase está na proliferação de pneumócitos tipo II, fibroblastos, macrófagos, e outros elementos adicionais. 2. Quanto ao local inicial e padrão de disseminação Nesta base, a maioria das pneumonias estão contidas em três categorias principais: broncopneumonia (BPN), pneumonia lobar e pneumonia intersticial. Broncopneumonia (BPN) O fato marcante da BPN é a origem da inflamação na junção bronquíolo-alveolar, como extensão da inflamação bronquial. Isto correlaciona com a via de entrada predominantemente aerógena dos agentes etiológicos, envolvendo principalmente as regiões cranioventrais dos pulmões. A região bronquíolo-alveolar é muito vulnerável aos agentes, pelas seguintes razões: 1. A deposição de pequenas partículas (0,3-0,5 µm) capazes de atingir áreas profundas do pulmão. 2. O epitélio dos bronquíolos é mais susceptível a dano pela falta de proteção da camada mucosa das vias aéreas grandes ou um efetivo sistema alveolar de macrófagos. 3. O material celular e não celular retirado do parênquima alveolar, deve passar através do pequeno diâmetro do bronquíolo associado, ficando facilmente trancado, especialmente quando a falta de ventilação colateral impede a expulsão do exsudato. Uma eficiência reduzida na defesa pulmonar ocorre em estados de imunodeficiência congênita ou adquirida e pode ser causada por vários fatores que interferem com a camada mucociliar, com a defesa macrofágica alveolar ou ambos. A desidratação, frio extremo, infecção viral, inalação de gases e partículas tóxicas, alguns anestésicos e anormalidades ciliares inibem a limpeza mucociliar podendo predispor à colonização bacteriana. A atividade macrofágica e linfocítica está inibida em estados de infecção viral, frio severo, intoxicações (gases) e imunossupressão (corticosteroides). As bactérias são a principal causa de BPN clinicamente significativas. Nos bovinos e ovinos: Pasteurella spp, Actinomyces pyogenes; nos suínos: P. multocida, Actinobacillus pleuropneumoniae, Haemophilus spp, A. pyogenes, B. bronchiseptica e Salmonella choleraesuis; nos equinos: Streptococcus spp, Rhodoccocus equi; nos caninos: B. bronchiseptica, Klebsiella spp, estreptos, estáfilos, E. coli; e nos felinos: P. multocida, outras bactérias Gram-negativas. O aspecto macroscópico típico da BPN é uma consolidação irregular das regiões cranioventrais. Os lobos pulmonares craniais e medial são os mais afetados. O pulmão consolidado varia de vermelho-escuro a cinza-róseo e a cinza, dependendo do tempo de evolução e da natureza do processo pneumônico. O critério mais importante no diagnóstico da PN é a firmeza do tecido. Quando a inflamação é severa, estende-se até a pleura para produzir um aspecto áspero, opaco, avermelhado com acúmulo de exsudato fibrinoso amarelo-acinzentado ou fibrinopurulento, indicativo de pleurite. Nas BPN catarrais ou supurativas, material mucopurulento ou purulento pode aparecer nas vias aéreas em estado fluído ou espumoso. Pode haver abscedação franca na inflamação supurativa grave. A superfície de corte da inflamação fibrinosa em contraste tem uma aparência ressequida e coloração acinzentada. Histologicamente, no início os brônquios e bronquíolos estão cheios de células polimorfonucleares (PMN) neutrófilos e, às vezes, de uma mistura de células, detritos celulares, muco e fibrina. Os brônquios apresentam alteração mais leves. Raramente podem ser encontradas inclusões virais (as mais frequentes são de adenovírus). Os alvéolos de regiões adjacentes estão parcialmente atelectásicos ou contém quantidades variadas de edema ou exsudato sero-fibrinoso e leucócitos. Os vasos, no estágio agudo inicial, estão ingurgitados e são responsáveis pela cor vermelha predominante macroscopicamente. A disseminação da infecção é principalmente pelas vias aéreas, através dos bronquíolos proximais. A fase de consolidação vermelha está presente por apenas 2-3 dias numa PN bacteriana típica. O aumento das células e exsudatos fibrinosos reduz o volume capilar e resulta na aparência acinzentada (consolidação cinzenta) dentro de 5-7 dias. Uma inflamação catarral ou purulenta moderada pode iniciar e resolver dentro de 7-10 dias e o pulmão volta ao normal em 3-4 semanas. Se há bronquite ou bronquiolite residual, principalmente se há impedimento à ventilação colateral (expulsão de exsudatos), a bronquiolite e a bronquite persistem. Uma BPN severa causa morte principalmente por uma combinação de hipoxemia e toxemia. Pode haver cura completa, mas isso requer a integridade das membranas basais alveolares, exsudato rapidamente eliminado e rápido extermínio do agente. A necrose dos septos alveolares, exsudato não tratável ou persistência do agente, impedem uma resolução completa, mesmo que o animal sobreviva. A BPN pode se tornar crônica. Ocorre mais nos bovinos e menos em ovinos e suínos. As lesões de BPN crônica são as de supuração crônica com fibrose. O parênquima alveolar está principalmente atelectásico e fibroso. As PN exsudativas agudas graves causam alargamento proeminente das zonas interlobular, subpleural e peribronquial, pelo acúmulo de exsudato serofibrinoso ou fibrinopurulento nas fáscias e linfáticos. Supuração e abscedação severas podem ser causadas por microrganismos piogênicos em cães (B. bronchiseptica), em potros (R. equi), em ruminantes e suínos (A. pyogenes). Os abscessos são de tamanhos variados e a reação purulenta estende-se até a pleura para formar pleurite densa com aderências ou um abscesso pode fistular e produzir empiema pleural. Pode haver abscedação metastática a outros órgãos. Erosão de vasos sanguíneos pode levar a hemorragias fatais. Pneumonia lobar Neste tipo de PN, lobos pulmonares ou a maior parte deles estão difusa e uniformemente consolidados. Patogeneticamente são BPN rapidamente confluentes, fulminantes nas quais não há clara evidência de orientação e disseminação bronquiolar. A PN lobar é causada, usualmente, pela ação de um organismo virulento num hospedeiro com defesas pulmonares alteradas. O protótipo nos animais é a PN causada por P. hemolytica nos bovinos que foram recentemente transportados e que frequentemente tem uma infecção viral respiratória predisponente (Febre do transporte). Outros agentes capazes de induzir processos semelhantes nos animais são: Histophilus somni – ruminantes; Histophilus spp – suínos; Actinobacillus pleuropneumoniae – suínos; Mycoplasma mycoides – cabras e bovinos; P. Multocida – gatos e bovinos; R. Equi – cavalos. Outra causa em todas as espécies é a aspiração de fluídos estranhos ou conteúdo gástrico. As PN lobares infecciosas afetam grandes porções do pulmão cranioventral. As causadas por aspiração podem afetar porções mais baixas na hora da aspiração e zonas laterais de um lobo caudal ou zonas dorsais dos dois lados num animal recumbente. Como é esperado de processos superagudos ou agudos, as PN lobares podem ser hemorrágicas, fibrinosas, fibrinosas, fibrinopurulentas ou necrosantes; às vezes gangrenosas (por aspiração). A apresentação macroscópica depende da idade da lesão e varia de avermelhada escura a vermelho vivo ou marrom acinzentado. A pleura se encontra áspera e coberta por fibrina. As áreas necróticas podem se tornar friáveis e cavitárias. Pode haver vasculite concomitante, e focos necróticos. Uma característica deste tipo de PN é a proliferação bacteriana massiva, especialmente proeminente nas áreas de necrose e nos arredores dos acúmulos leucocitários. As complicações das PN lobares são mais frequentes e mais sérias do que as dasBPN. A morte é frequente, muitas vezes com pleurite e pericardite. Se o animal sobrevive, a resolução sem certo grau de fibrose é praticamente impossível. Pode ocorrer organização por tecido de granulação ou abscedação crônica. Pode haver peritonite por disseminação hematógena ou extensão direta da pleura através dos linfáticos diafragmáticos. Complicações adicionais incluem degeneração toxêmica de órgãos parenquimatosos, endocardite e meningite. Uma complicação tardia é o empiema da cavidade pleural após ruptura de abscessos subpleurais. Pneumonia intersticial (PI) Predominantemente respostas exsudativas e proliferativas envolvendo as paredes alveolares. Uma grande variedade de agentes produz lesão aguda difusa às paredes alveolares, causando uma fase exsudativa que é rapidamente seguida por uma resposta proliferativa e fibrótica. A lesão aguda pode ser causada ou associada a PN viral severa, lesão química, pancreatite aguda e septicemia. Ocorre uma condição conhecida como síndrome de distúrbio respiratório agudo. Patogeneticamente, a PI resulta de lesão malhada ou difusa aos septos alveolares. Macroscopicamente, as lesões estão amplamente distribuídas pelo pulmão, frequentemente envolvendo as regiões dorso-caudais. Este padrão contrasta marcadamente com a distribuição cranioventral das PN lobares e BPN. Na maioria das vezes, o dano aos septos alveolares é causado por via hematógena. Histologicamente, podem variar de agudas a crônicas. Lesão aguda, seja de origem tóxica, metabólica ou infecciosa, causa dano principalmente às células dos capilares alveolares e aos PN tipo I. Durante a fase aguda há exsudação serofibrinosa para os alvéolos e congestão e edema das paredes alveolares. Fibrina e outras proteínas formam membranas hialinas, revestindo os espaços aéreos e fechando a luz. Geralmente há uma mistura de leucócitos e eritrócitos no exsudato alveolar e no interstício alveolar. Se o processo persiste, predominam as células mononucleares. A proliferação dos PN tipo II marca a mudança da fase exsudativa para proliferativa. O início de fibrose marca o momento de irreversibilidade do processo. Se o animal sobrevive, a maioria das PIs agudas resolvem com variados graus de fibrose residual. Geralmente não ocorrem inflamações crônicas progressivas, mas se as houver, estão associadas à exposição repetida ao agente (poeiras, drogas, agentes infecciosos). Os eventos centrais da PI crônica são: 1. Acúmulo intra-alveolar de células mononucleares, principalmente macrófagos; 2. Proliferação e persistência de pneumócitos tipo II; 3. Espessamento intersticial por acúmulo de células linfoides e tecido fibroso. A maioria das PIs nos animais são causadas por vírus, bactérias, fungos, parasitas, poeiras tóxicas, toxinas de plantas (alcaloides pirrolizidínicos de Crotalaria, Trichodesma e Senecio), reações de hipersensibilidade. Abscessos pulmonares e PN embólica Originam de resíduos focais de BPN ou PN lobar supurativas graves ou se êmbolos sépticos se alojam no leito vascular pulmonar. Uma localização crânio-ventral associada à fibrose ou bronquiectasia evidenciam sua origem de uma PN supurativa. Se há abscessos múltiplos, disseminados, a origem é hematógena de êmbolos sépticos de qualquer local do corpo. Causas menos comuns de abscessos pulmonares são: corpos estranhos aspirados ou penetração traumática do pulmão. Complicações da abscedação incluem: fistulação pleural, empiema pleural, hemorragia e BPN supurativa fulminante devido à ruptura num brônquio. Formas especiais de pneumonia Gangrenosa: por complicação de alguma das outras formas, quando há necrose extensa do parênquima pulmonar. Nos bovinos ocorre por entrada de corpos estranhos do retículo ou devido à aspiração de material estranho e bactérias putrefativas saprofíticas associadas. A cor amarelada ou esverdeada escura e o cheiro são característicos. PN por aspiração: ocorre por aspiração de material estranho (líquidos). A resposta ao material inalado depende do tipo do material, das bactérias que carregam junto, e da distribuição do material nos pulmões. Ocorre em animais que aspiram leite, lipídios, conteúdo ruminal, vômito. Pode acarretar em granuloma por corpo estranho, BPN, PN lobar ou gangrena. PN granulomatosa pode ser causada por Actinobacillus, Actinomyces ou Nocardia spp. Geralmente há processo traumático ou de imunodeficiência subjacente. As mais importantes são tuberculose e micoses. Também pode ocorrer pela aspiração de partículas insolúveis (poeira de sílica, fragmentos de alimentos). Pneumonias infecciosas específicas Bacterianas: Tuberculose (Mycobacterium spp); Pasteurelose; Histofilose (hemofilose) – suínos e bovinos; Rodococose - potros. Virais: Cinomose (Morbillivirus); Adenovirus canino tipo 2; IBR (BoHV-1); FCM (OvHV-2); Aujesky (SHV-1). Mycoplasmas: bovinos, ovinos, suínos, equinos; Chlamydia: gatos, bovinos, ovinos, caprinos e equinos; Rickettsias: bovinos, ovinos e caprinos; Micóticas: Aspergilose, Blastomicose, Criptococose, Coccidioidomicose; Protozoários: Toxoplasmose, Pneumocystis carinni; Parasitárias: Dictiocaulose, Protostrongilose, Mueleriose, Metastrongilose, Hidatidose, Aelurostrongilose, Angiostrongilose. Doenças neoplásicas de pulmões e pleura Os tumores primários de pulmão são raros nos animais. Os tipos relatados são: papiloma e adenoma bronquial, carcinoma broncogênico, tumor bronquíolo alveolar, carcinoide. Os tumores metastáticos são extremamente frequentes devido às excelentes condições de implantação do órgão. Eles podem ser de origem epitelial ou mesenquimal. O tumor mais importante da pleural é o mesotelioma. Bibliografia Consultada IRIGOYEN, LF. Notas de aula. Sistema respiratório. McGavin M.D. & Zachary J.F. (ed.) Pathologic Basis of Veterinary Disease. 4th ed. Mosby Elsevier, St. Louis. 1476p Considerações gerais Características dos componentes do sistema Defesas Pulmonares Padrões de doença respiratória CAVIDADE NASAL E SEIOS Rinites Específicas Rinite atrófica dos suínos IBR (Rinotraqueíte infecciosa dos bovinos) Garrotilho Rinites granulomatosa Rinite alérgica Doenças parasitárias da cavidade nasal e seios nasais Miíases Tumores da cavidade nasal e seios nasais FARINGE E BOLSAS GUTURAIS LARINGE E TRAQUEIA Malformações Paralisia laringeana Alterações circulatórias Inflamações Parasitoses Tumores BRÔNQUIOS E BRONQUÍOLOS Inflamações PULMÕES Alterações pós-morte Malformações Atelectasia Enfisema Distúrbios circulatórios Inflamações Classificação das Pneumonias 1. Quanto ao tipo de inflamação 2. Quanto ao local inicial e padrão de disseminação Broncopneumonia (BPN) Pneumonia lobar Pneumonia intersticial (PI) Abscessos pulmonares e PN embólica Formas especiais de pneumonia Pneumonias infecciosas específicas Doenças neoplásicas de pulmões e pleura
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