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ANA LUISA ARRABAL DE ALMEIDA -Morfologia: vias aéreas, brônquios (bronquíolos), alvéolos, pleura. -Histologia do trato respiratório: adentrando a cavidade nasal e seios nasais até os brônquios há epitélio pseudoestratificado ciliado com células caliciformes. -Mecanismos de defesa: pelos da narina (evita que partículas grosseiras penetrem no sistema respiratório), lençol muco-ciliar, BALT (tecido linfoide associado a brônquios – são células de defesa que, apesar de estarem em repouso, estão prontas para agirem contra agentes infecciosos). -Cavidade nasal e seios paranasais: epistaxe é a hemorragia que ocorre na cavidade nasal e é observada como sangramento em uma das narinas. Um sangramento no trato respiratório inferior resulta em sinal clínico nas duas narinas e é denominada hemoptise. Obs.: se houver hemorragia pelas duas narinas, ainda existe a possibilidade de haver epistaxe nas duas regiões nasais. -Rinite: tem fatores predisponentes, como gases (amônio, H2S), poeira e baixa umidade do ar. -Causas: temperatura baixa permite que alguns patógenos (virais) permaneçam viáveis por um tempo maior. Dessa forma, é mais frequentemente causada por agentes virais. Algumas bactérias também podem ser causadoras, como a Bordetella bronchiseptica e Pasteurella multocida toxigênica. Alguns fungos também podem causar rinite, como Cryptococcus neoformans e Aspergillus sp. Felinos são frequentemente atingidos na cavidade nasal por agentes fúngicos. -Rinotraqueíte infecciosa bovina: -Causa: herpes-vírus bovino tipo I. Para disseminação, o vírus necessita de alta densidade populacional. As características patológicas incluem lesões necróticas na mucosa respiratória, variando em intensidade. Tem possibilidade de causar impacto reprodutivo por ter tropismo por órgãos reprodutivos e capacidade de atravessar barreira transplacentária. O vírus provoca lesão nas células ciliadas e nas células produtoras de muco. -Macroscopicamente, é observado conjuntivite associada às lesões respiratórias. Nos casos iniciais ou de baixa intensidade, observa-se rinotraqueíte seromucosa. Nos casos mais graves ou complicados por infecção bacteriana secundária, há exsudato mucopurulento, com erosões, ulcerações e hemorragia, com progressão para um exsudato fibrinopurulento ou fibrinonecrótico (diftérico ou pseudodiftérico), nas mucosas da nasofaringe, laringe e traqueia -Garrotilho: -Bactéria causa inflamação e infecção do trato respiratório superior com formação de pus e abscedação de linfonodos regionais – Streptococcus equi subespécie equi. -Mormo: -Doença crônica e caquetizante que afeta equídeos. Caracteriza-se macroscopicamente por exsudato nasal catarral-purulento, lesões nodulares e ulcerativas na mucosa nasal e nódulos granulomatosos nos pulmões. -Causa: Burkolderia mallei. -Rinite granulomatosa: -Ulceração da cavidade nasal com proliferação de tecido, o qual não é neoplásico. A proliferação do tecido ocorre por formações granulomatosas por presença de agentes infecciosos. Nesse caso, é Rhinosporidium seeberi. Quando ocorre, não é possível descartar a possibilidade de ser carcinoma de células escamosas, fazendo-se necessário microscopia. -Rinite atrófica dos suínos: -Facilmente controlada com vacina e agentes antimicrobianos. Não possui um agente etiológico somente, mas um sinergismo de duas bactérias: Bordetella bronchiseptica e Pasteurella multocida (toxinas A e D) – são cepas patogênicas desses organismos, ou seja, Pasteurella pode ser isolada a todo momento do trato respiratório e não possui relevância clínica. -Os osteoblastos são responsáveis por produzir matriz óssea e osteoclastos removem matriz óssea. Uma diminuição da atividade do osteoblasto causa diminuição da deposição da matriz óssea, enquanto a remoção continua normalmente. Para agravo da condição, a atividade dos osteoclastos aumenta, ocasionando perda significativa de matriz óssea (osteoclasia). Juntamente com o processo ósseo de desvio de septo há hemorragia. -Além disso, outros fatores – como infecção pelo citomegalovírus (rinite viral dos suínos), ambiente adverso, principalmente quando há excesso de gases nocivos (como H2 S e NH3 ), e deficiência de cálcio – podem contribuir para o desenvolvimento das lesões. -Citomegalovírus acomete animais neonatos, sendo também um tipo de herpesvírus. Também causa problemas reprodutivos em porcas (não causa rinite em porcos adultos), além de ser uma zoonose. A partir da quarta semana, citomegalovírus não causa mais problemas em suínos. -Consequências: pode ser que a lesão seja estendida para outras vias respiratórias. Dependendo da patogenicidade da bactéria, pode levar o animal à morte. Corpúsculo de inclusão que são maiores que as próprias células de defesa, por isso o nome megalovírus. No ovino, os adenocarcinomas são muito frequentes ou ocorrem em forma de surto, devido ao tumor etmoidal enzoótico. -Neoplasias do revestimento da cavidade nasal, denominadas adenocarcinomas, são o tipo de neoplasia mais relevante. Pode chegar a haver oclusão da cavidade nasal. -Tumor etmoidal enzoótico: -Acomete ruminantes e é causado por um retrovírus. Tem capacidade de expandir para estruturas vizinhas (sistema nervoso central) e se apresentar com um quadro clínico neurológico. Na imagem acima, já há compressão do encéfalo. Metástase são raras pelas características das células neoplásicas. -Colapso de traqueia: -Alteração congênita que ocorre somente em raças pequenas de cães. Tem relevância na clínica média de pequenos animais pelo impacto clínico. Se dá pelo aumento do diâmetro lateral da traqueia e achatamento dorso ventral. -A musculatura lisa presente na porção dorsal vai estar relaxada justamente pela má formação dos semi-anéis cartilaginosos e as vezes entra no lúmen traqueal, prejudicando o processo respiratório. Em condições de esforço muito intenso ou estresse muito grande em que os movimentos respiratórios aumentam em frequência, o colapso pode trazer danos a saúde e pode vir a óbito. O animal começa a tossir e espirrar após exercício físico ou estresse. -Necrobacilose: -Relacionada a alguns agentes específicos: Fusobacterium necrophorum – bactéria que aproveita uma lesão prévia para começar a colonização. Depois da cavidade oral, a colonização é estendida para a laringe. Para se ter um quadro patológico importante, precisa também de imunidade comprometida além da lesão e presença dessa bactéria. É extremamente importante em bovinos, enquanto em ovinos é raro. Outros agentes como Trueperella pyogenes também causam. Lesões pela passagem de uma sonda expõe a região subepitelial a contaminantes oportunistas. -Macroscopicamente, lesões são bem demarcadas, com superfície amarela ou acinzentada e circundada por área de hiperemia da mucosa. O tecido necrótico (amarelo-acinzentado) é friável, aderente à superfície, podendo se desprender, deixando áreas de ulceração profunda da mucosa. -Traqueíte: -Processo inflamatório da traqueia em que há alguns agentes importantes, os quais causam também pneumonia. É mais importante clinicamente falando nos pulmões. Os agentes que causam pneumonia possuem receptores no epitélio traqueal que os permite interagir com essa região e colonizar. Herpesvírus tem capacidade de causar traqueíte em várias espécies. Influenza também causa traqueíte, mas também com impacto maior pulmonar, exceto em aves. -Metaplasia: -Tecido se transformando em outro, mas de mesma origem embriológica. -Transformação de epitélio pseudoestratificado ciliado com células secretoras em epitélio estratificado pavimentoso.Deficiência de vitamina A e intoxicação por iodeto podem causar isso. A vitamina A é usada para processos de diferenciação celular, em que as células precursoras podem se transformar em células ciliadas ou caliciformes. Inicialmente, não tem impacto local muito intenso. A inalação de um composto químico a base de iodo também pode estar relacionado com a causa da patologia. -Melanose: -Migração errática de melanócitos. Se os melanócitos adentrarem o parênquima pulmonar, o diagnóstico é de melanoma. -Hipoplasia pulmonar: -Diminuição do volume pulmonar. Invariavelmente está envolvida com hérnia diafragmática, em que alças intestinais entram na cavidade torácica e impedem o crescimento pulmonar. -Antracose: -Ocorre com frequência em cães que vivem em grandes áreas urbanas. Resulta da inalação contínua e da deposição de partículas de carvão (pigmento exógeno) nos pulmões. Caracteriza-se macroscopicamente por pigmentação preta puntiforme na superfície e no parênquima pulmonares. Com bastante frequência, observa-se o comprometimento de linfonodos mediastinais e bronquiais que drenam os pulmões, que se encontram com coloração preta difusa. Esse achado é explicado pelo fato de os macrófagos pulmonares fagocitarem partículas de carvão e, posteriormente, serem drenados pelas vias linfáticas até os linfonodos. Geralmente, o acúmulo de partículas de carvão nos pulmões e nos linfonodos não compromete a função desses órgãos. -Hiperemia (passiva ou congestiva): -Aumento do fluxo sanguíneo dentro do vaso. Tem relação com insuficiência cardíaca esquerda. -Casos de compressão externa, obstrução de veia pulmonar e processos inflamatórios agudos também causam hiperemia nos pulmões. Para qualquer hiperemia, ao corte flui grande quantidade de sangue pelo aporte sanguíneo aumentado na região. Possuem macroscopicamente um aspecto mais armado (não colapsado) e coloração mais avermelhada. -Edema: -Presença de espuma nas vias aéreas. Pulmão armado que também não colapsa, de peso maior. Sua cor e superfície pulmonar não muda e se torna hipocreptante, já que onde teria ar, tem líquido. As causas de edema são: 1. Diminuição da pressão oncótica; 2. Aumento da pressão hidrostática; 3. Obstrução na drenagem linfática; 4. Aumento da permeabilidade vascular. -Hemorragia: -Chamada hemoptise (trato respiratório inferior). É importante na espécie equina quando exposta a exercício físico extenuante. Processo hemorrágico é evidenciado também nas vias aéreas. -Atelectasia: -Expansão incompleta do pulmão, que pode ser localizada ou generalizada, e resulta no colapso de alvéolos previamente preenchidos por ar. Algumas patogêneses estão relacionadas: • Pode ser congênito: atelectasia completa (natimorto). Decorre da expansão incompleta dos alvéolos. • Pode ser adquirido: devido ao colapso pulmonar. o Compressiva: componente comprime externamente o parênquima pulmonar. Por vezes ocorre presença de conteúdo na cavidade torácica. Pode ser causado também por hemotórax, hidrotórax, piotórax, quilotórax e pneumotórax. o Obstrutiva: ocorre devido à obstrução de vias respiratórias. • Focos de atelectasia (distorsia): quadro de hipóxia no centro respiratório do SNC. -Enfisema: -Importância maior na medicina humana. É a distensão excessiva e anormal dos alvéolos associada à destruição de paredes alveolares, o que caracteriza excesso de ar nos pulmões, ou seja, condição contrária à atelectasia. Nos equinos, ocorre asma equina que obstrui a passagem parcial de ar (falha na eliminação de ar). -Tipo de pneumonia indica a sua patogênese. Todas as classificações também podem ser caracterizadas de acordo com o exsudato. -Além disso, os processos pneumônicos podem seguir diferentes cursos. -Broncopneumonia: -Ocorre por via aerógena, ou seja, se instala através da entrada do agente agressor pela inspiração. A broncopneumonia é um processo inflamatório cujo local de instalação inicial é na junção bronquíolo- alvéolo, isso porque nesse local: • Há troca do epitélio respiratório (proteção diminuída); • Não há macrófagos (diminuição da fagocitose); • Ação da gravidade; • Menor extensão das vias aéreas; • Entrada de ar começa a diminuir sua velocidade e diversas partículas podem se depositar nessa região; • Ocorre majoritariamente no lobo cranioventral pela menor extensão das vias respiratórias que suprem essa região, o que proporciona menor eficiência na filtragem do ar inspirado pelo lençol mucociliar; maior turbilhonamento do ar nessa área, o que pode causar maior desgaste do epitélio; e a ação da gravidade, que dificulta a eliminação das partículas infecciosas e de exsudato dessas porções do pulmão. -Fatores predisponentes: • Confinamento; • Desidratação: falha na umidificação do ar; • Imunossupressão sistêmicas ou locais; • Substâncias tóxicas: lesão direta no epitélio respiratório – predisposição. -Evolução: 1. Congestão (poucas horas): nome errôneo, já que é hiperemia ativa. 2. Hepatização vermelha: broncopneumonia instalada chamada dessa forma pela consistência da região pulmonar (hipocreptante ou acreptante). Vermelha, pois, há alterações circulatórias ainda presentes. 3. Hepatização cinzenta: diminuição dos fenômenos vasculares, aporte sanguíneo retorna às condições normais. 4. Resolução. Porção normal do pulmão sobrepõe a lesão (diminuição da superfície avermelhada, deprimidas). Também disposto na região crânio-ventral. Hepatização cinzenta. Área de Hepatização vermelha na região cranioventral. Aspecto microscópio com vias aéreas com muitas células inflamatórias. Consistência mais firme porque, ao invés de ar, são vistas células inflamatórias. -Agentes causadores de broncopneumonias são muitos – influenza, vírus da cinomose (predisposição). -Pneumonia lobar: -Broncopneumonia hiperaguda (mais intensa). Acomete todo o lobo pulmonar. A diferença entre a broncopneumonia e pneumonia lobar é que a evolução da pneumonia lobar é mais rápida e o processo é mais extenso. Isso é explicado por dois fatores importantes: • Broncopneumonia pode ser causada por bactérias muito patogênicas (desafio maior para o sistema imune); • Imunossupressão excessiva do animal. -Agentes importantes em diferentes espécies: • Bovinos: Mannheimia haemolytica – associado ao estresse pelo transporte. O nível de estresse diminui a capacidade imunológica. • Suínos: Actinobacillus pleuropneumoniae. • Gatos: Pasteurella multocida; • Equinos: infecção grave por Streptococcus sp. -Pneumonia intersticial: -Geralmente tem origem viral e tem início nos septos alveolares, não ocorrendo envolvimento das vias respiratórias. Acontece de forma hematógena, ou seja, chega aos pulmões pelos vasos sanguíneos e se instala no interstício pulmonar. Ocorre proliferação de pneumócitos II, fibrose intersticial e dos espaços alveolares, células inflamatórias no interstício. Aspecto macroscópico de pulmão armado. Além disso, tem coloração mais avermelhada com distanciamento que caracteriza edema. Células inflamatórias do septo não deixam o pulmão regredir na respiração. Pneumonia intersticial aguda. -Pneumonia hipostática: -Corre por decúbito lateral prolongado devido à natureza porosa do pulmão, ou seja, ocorre no pulmão pressionado pela posição do decúbito. Ocorre desvitalização do tecido, ou seja, perda de vida aparente e consequente infecção bacteriana. Obs.: hipostase cadavérica. -Pneumonia tromboembólica: -Tem cunho bacteriano mais importante que a pneumonia intersticial. É hematógena. 1. Inflamação supurativa em alguma região do organismo que será a origemda infecção; 2. Formação de êmbolos sépticos; 3. Êmbolos na circulação sanguínea; 4. Aprisionamento dos êmbolos nos capilares dos pulmões; 5. Reação inflamatória local = (micro) abcessos. Lesões de aspecto necrótico. Por vezes presença de pus dependendo do caráter piogênico da bactéria. -Pneumonia aspirativa: -Conteúdos aspirados podem estar altamente contaminados (conteúdo ruminal). Vômitos também contém grande quantidade de bactérias. Existe a possibilidade de uma sondagem errônea ser a causa. -Alteração congênita em que não há palato, lesões no centro do vômito, bezerros que utilizam de baldes no processo de amamentação são todos fatores que predisponentes. Onde o componente passa pelas vias respiratórias causa lesão. Deposição de conteúdo fibrinoso na superfície mostrando a passagem de componente irritativo. -Pneumonia gangrenosa: -Consequência da pneumonia aspirativa, invariavelmente fatal. Corte na superfície pulmonar mostrando áreas escuras necrosadas. -Pneumonia verminótica: -Vermes presentes na região pulmonar. Diagnóstico etiológico por visualização do verme ao abrir as vias aéreas. -Pneumonia granulomatosa: -Formação de granuloma, ou seja, ocorre somente quando o agente causal forma essa estrutura. Ex.: tuberculose por Mycobacterium. Reação granulomatosa. Estruturas circulares delimitadas ficam amareladas ao corte. Pode ser classificada como necrose (caseificação). -Primária: principal é adenocarcinoma pulmonar. -Secundárias (metastáticas): pulmão por ser um órgão muito vascularizado, serve de peneira para metástases neoplásicas. É mais comum que neoplasia primária: carcinoma mamário, osteossarcomas, hemangiossarcomas. -Mesotelioma: neoplasia benigna do mesotélio (tecido que reveste pleura, peritônio e pericárdio). -Hidrotórax: presença de conteúdo líquido translúcido edematoso. Como consequência, a depender da intensidade, ocorre um quadro de atelectasia (compressão). -Hemotórax: extravasamento de sangue na cavidade torácica. Lesão vascular (traumatismo) é a causa. Pode haver também comprometimento cardíaco, onde a parede atrial perde a vitalidade – inicialmente, o sangue vai para o saco pericárdico. -Quilotórax: importante nos felinos, há ruptura de vasos linfáticos com deposição de produtos linfáticos esbranquiçado na região torácica. -Pleurite: presença de exsudato purulento pode ser denominado de piotórax. Coloração do pus tem relação com a espécie bacteriana causadora. Formação de tecido fibroso entre as duas pleuras, pleurite crônica com processo cicatricial fibrinoso. Não é possível ser removida com a mão. Consequências econômicas por condenação parcial ou total da carcaça.
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