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OLIVEIRA, Ana M. e FEITOSA, Hélio P. A Segregacao Socioespacial em Morrinhos

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS 
UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE MORRINHOS 
LICENCIATURA PLENA EM GEOGRAFIA 
ANA MARIA DE OLIVEIRA SILVA 
HÉLIO PEREIRA FEITOSA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A SEGREGAÇÃO SOCIOESPACIAL EM MORRINHOS - GOIÁS: 
 
o caso do setor JK 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Morrinhos 
2006 
ANA MARIA DE OLIVEIRA SILVA 
HÉLIO PEREIRA FEITOSA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A SEGREGAÇÃO SOCIOESPACIAL EM MORRINHOS - GOIÁS: 
 
o caso do setor JK 
 
 
Monografia apresentada ao Curso de 
Licenciatura Plena em Geografia como 
requisito para obtenção de Grau de 
Licenciado. 
Orientador Porf. Esp. Claudinei Divino 
Alves. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Morrinhos 
2006 
ANA MARIA DE OLIVEIRA SILVA 
HÉLIO PEREIRA FEITOSA 
 
 
 
 
A segregação socioespacial em Morrinhos – Goiás: o caso do setor JK. 
 
 
 
 
Monografia apresentada à Universidade 
Estadual de Goiás, Unidade Universitária 
de Morrinhos, Curso de Licenciatura Plena 
em Geografia para obtenção de 
Licenciatura em Geografia. 
 
 
 
 
 
 
Banca Examinadora: 
Morrinhos (GO), 01 de dezembro de 2006. 
 
 
 
 
 
Pof. Esp. Claudinei Divino Alves – UEG/GO – UnU/Morrinhos 
Presidente da Banca 
 
 
 
 
 
 
 
Profa. Ms. Magda Valéria da Silva – UEG/GO – UnU/Morrinhos 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Drn. Rildo Aparecido Costa – UEG/GO – UnU/Morrinhos 
AGRADECIMENTOS 
 
 
A Deus por ter concedido-nos oportunidades, principalmente a de termos nos 
conhecido e convivido. 
A todos os familiares pela ajuda e apoio. 
Aos filhos amados. 
A Eliane, Marilene, Cintia, Robson e Francisco pela colaboração. 
E a todos que de alguma forma contribuíram para a realização desse trabalho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Conduzir em ordem meus pensamentos 
[...] começando pelos objetos mais 
simples e fáceis de conhecer para subir 
pouco a pouco, como que por degraus, 
até o conhecimento dos mais complexos. 
 
Descartes 
SUMÁRIO 
 
 
INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 09 
 
I - ASPECTOS FÍSICOS E HUMANOS DE MORRINHOS – GOIÁS .................... 11 
Localização ........................................................................................................... 11 
Características naturais ......................................................................................... 11 
População ............................................................................................................. 13 
Economia .............................................................................................................. 14 
Histórico do povoamento ....................................................................................... 14 
 
II – BREVE REFLEXÃO SOBRE A SEGREGAÇÃO SOCIOESPACIAL URBANA 
BRASILEIRA ......................................................................................................... 16 
Apontamento de Segregação Socioespacial em Morrinhos – GO: O Caso do Setor 
JK ........................................................................................................................... 20 
 
IV – O SETOR JK: A CRISTALIZAÇÃO DA SEGREGAÇÃO SOCIOESPACIAL 
URBANA EM MORRINHOS – GOIÁS .................................................................. 24 
Uma visão externa ................................................................................................ 24 
Uma visão interna ................................................................................................. 31 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 38 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 40 
 
ANEXO 1 ............................................................................................................... 42 
ANEXO 2 ............................................................................................................... 45 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
 
O objetivo desse estudo é de demonstrar que os efeitos negativos da segregação 
socioespacial sobre a cidade independem do tamanho da cidade, mas sim de como 
se trabalha esse processo de segregação. Para esse objetivo foi escolhido o setor 
JK em Morrinhos – GO como objeto de estudo, já que este setor é fruto do processo 
de segregação que fragmenta o espaço urbano. Para tal reunimos dados de 
diversas fontes, inclusive com a aplicação de questionários e entrevistas, sobre o 
tema, a história e a situação atual de Morrinhos e do setor em questão. Como 
resultado obteve-se tabelas e informações que possibilitaram a análise do processo 
de segregação que culminou na estruturação do setor JK, o perfil socioeconômico 
das famílias do setor e uma visão dos aspectos físicos e humanos do setor. 
 
Palavras-chave: Segregação, Espaço, Sociedade e Urbano 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
 
The objective of that study was of demonstrating that the negative effects of the 
segregation Socioespacial on the city do not depend on the size of the city, but of as 
one works that segregation process. For that objective it was chosen the section JK 
in Morrinhos – GO as study object, since this section is fruit of the segregation 
process that fragments the urban space. For such we gathered data of several 
sources, besides with the application of questionnaires and interviews, about the 
theme, the history and the current situation of Morrinhos and of the section in subject. 
As result was obtained tables and information that made possible the analysis of the 
segregation process that generated JK, the socioeconomic profile of the families of 
the section and a vision of the physical and human aspects of the section. 
 
Word-key: Segregation, Space, society and Urban. 
 9 
INTRODUÇÃO 
 
 
 
Esta pesquisa trata do processo de segregação socioespacial no espaço 
urbano de Morrinhos – GO. Através do estudo da estruturação do setor JK, sob a 
ótica da Geografia, pretendeu-se conhecer esse processo de segregação, 
compreendê-lo e explicá-lo em alguns de seu aspectos valendo-se da análise de 
suas variáveis explicativas. 
Ao longo da história brasileira a população urbana de baixa renda vem 
sendo direcionada para áreas periféricas das cidades. Essa população está afastada 
não só pela distância espacial, mas também pela distância social. A periferia enfrenta 
sérios problemas sociais e estruturais como violência, infra-estrutura inadequada, etc. 
Tal situação é suportada pelo fato de que segundo Rodrigues (2001, p. 11), “morar é 
uma das necessidades básicas dos indivíduos, não podendo-se viver sem morar, pois 
não é possível viver sem ocupar espaço”. 
Em qualquer parte a população, em regra, mora de acordo com seu poder 
aquisitivo. No município de Morrinhos, em Goiás, a relação centro/periferia apresenta 
em uma menor escala, os mesmos problemas dos grandes centros urbanos. Desse 
modo à população carente é empurrada para áreas cada vez mais isoladas e 
distantes do centro desprezadas pelas camadas de maior poder aquisitivo não só 
pelo fator de localização espacial, mas também por características físicas do local. 
Valendo-se do pretextode tentar resolver o problema da falta de moradia, 
ou seja, o déficit habitacional o poder público abre loteamentos e cria bairros 
populares o mais afastado possível do centro ou permite que particulares o façam 
para que haja um aumento de arrecadação, finge ignorar os acontecimentos ou se diz 
incapaz de impedir as invasões. Esses fatos ocorrem sem que exista um 
planejamento com o intuito de integrar essas novas áreas urbanas à dinâmica da 
cidade. 
É notório o fato de que a segregação espacial é necessária ao modo de 
produção vigente, bem como a segregação social é inerente a uma sociedade 
estratificada como a nossa. O que não é tão claro são os efeitos provocados quando 
esses dois tipos de segregação ocorrem concomitantemente, formando a segregação 
socioespacial. 
 10 
 Essa situação de desconhecimento ocorre porque embora a segregação 
seja acessória ao capitalismo, tendo tomado sua forma mais clara na passagem da 
manufatura para a maquinofatura com a divisão do trabalho, mesmo que para Villaça 
(2001, p. 38) “a segregação vem sendo trabalhada desde a Escola de Chicago, e foi 
retomada no Brasil a partir da década de 1980”, ou seja, no Brasil somente a vinte e 
seis anos que se aprofundaram os estudos sobre esse tema que existe há décadas. 
Um desses efeitos cristalizado no espaço urbano é a periferização, que 
cria bairros pobres desassistidos de infra-estrutura adequada e de qualidade de vida, 
outro efeito, no campo psicológico, é o não sentimento do direito à cidade por parte 
dos moradores desses bairros, causando problemas a toda a cidade como violência, 
depredações etc. Daí a importância de se trabalhar esse tema, pois “a segregação é 
um processo fundamental para a compreensão da estrutura espacial intra-urbana” 
(VILLAÇA, 2001 p. 312). 
Desse modo, procurou-se demonstrar a nocividade da segregação 
socioespacial não trabalhada através do estudo do caso do setor JK em Morrinhos 
com base na análise e coleta de dados obtidos de órgãos oficiais, pela aplicação de 
questionários com moradores, observação direta e registro fotográfico. Valendo-se de 
fotos. Tabelas e mapas para facilitar o entendimento do trabalho. 
Esse texto foi dividido em quatro partes. Na primeira trata-se da 
caracterização do município em que o objeto de estudo está inserido. Na segunda 
parte discorre-se sobre o tema de forma sucinta procurando-se explicar seu 
surgimento e desenvolvimento. Na terceira parte busca-se fazer a exposição da 
justificativa, objetivos, hipóteses e metodologia empregada. 
A quarta parte é subdividida em outras duas partes onde trata-se da 
caracterização do objeto de estudo e da crítica dos dados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 11 
I - ASPECTOS FÍSICOS E HUMANOS DE MORRINHOS – GOIÁS 
 
 
Localização 
 
 
O município de Morrinhos está situado no Centro Sul do estado de Goiás. 
Suas principais rodovias são a BR-153, BR-490 e as GO-213, GO-215, GO-476 e 
GO-147, além de diversas rodovias municipais. Distante a 56 km de Caldas Novas, 
128 km de Goiânia pela BR-153 e 145 km pela GO-147, 336 km de Brasília e 780 km 
de Belo Horizonte (fig. 1). 
Sendo parte da Microrregião do Meia Ponte localizado entre as 
coordenadas 17º30’20” a 18º05’40 latitude sul e 48º41’08” a 49º27’34” de longitude 
oeste no centro geográfico da micro-bacia do Meia Ponte. Seu território é banhado 
pelos rios Meia Ponte e Piracanjuba, além de vários ribeirões e córregos, todos 
pertencentes à bacia hidrográfica do rio Paranaíba. 
Com uma área de 2.846,146 Km² representando 0,79% do território do 
estado de Goiás, limita-se ao norte com os municípios de Piracanjuba e Mairipotaba, 
ao sul com Goiatuba e Buriti Alegre, ao leste com Caldas Novas, Água Limpa e Rio 
Quente e a oeste com Pontalina, Aloândia e Joviânia. Além da sede urbana fazem 
parte da unidade administrativa do município de Morrinhos os povoados da 
Marcelânia e Rancho Alegre, além dos aglomerados rurais da Vertente Rica, 
Espraiado e Jardim da Luz. 
 
 
Características Naturais 
 
 
Com uma altitude de 753 metros e apresentando relevo de topo levemente 
ondulado com interflúvios planos e pouco ondulados, o município está submetido ao 
clima Tropical, quente e semi-úmido, com duas estações: uma seca e outra mais 
chuvosa. Devido à concentração de chuvas em uma única estação há a formação de 
um solo profundo, pobre em nutrientes, ácido e tóxico (devido à lixiviação que retira 
os nutrientes permanecendo, somente, o alumínio), no entanto, essa mesma chuva 
 12 
 
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 13 
proporciona o desenvolvimento da vegetação que caracteriza o domínio 
morfoclimático em que o município está inserido, o Cerrado. 
No geral há predomínio de cerrado com ocorrência de enclaves de 
Floresta Estacional Semidecidual e mata ciliar ao longo dos cursos d’água. 
A zona urbana localiza-se em áreas planas enquanto a rural ocupa tanto 
planas quanto onduladas, havendo o predomínio de agricultura nas partes planas e 
pecuária nas onduladas, como podemos observar na a seguir (fig. 2). 
FIGURA 2 – Vista parcial da cidade de Morrinhos em área plana inclinada. 
Fonte: Ana Maria de Oliveira Silva, 2006. 
 
 
População 
 
 
Segundo o Censo de 2000 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
(IBGE) a população de Morrinhos era de 36.990 habitantes com estimativa para 2005 
de 39.745 habitantes, ou seja, um acréscimo populacional de 2.755 pessoas em 5 
anos. Sendo que 83,6% residentes na zona urbana, com uma taxa de natalidade de 
18 nascimentos para cada grupo de 1000 habitantes correspondendo a um 
crescimento vegetativo de 620 pessoas por ano. 
 
 
 14 
Economia 
 
 
Morrinhos possui uma agricultura relativamente bem desenvolvida, com 
destaque para a cultura de soja, tomate, arroz e milho, além de algodão, abacaxi, 
banana, feijão e mandioca. Na pecuária destaca-se o rebanho bovino destinado ao 
corte e leite e seleção de reprodutores, com preferência para as raças Gir e Nelore. 
No setor industrial conta com diversas indústrias de pequeno porte, principalmente na 
área de laticínios e esmagamento de tomates. 
 
 
Histórico do povoamentoOs primeiros habitantes das terras que dariam origem ao município de 
Morrinhos chegaram no início do século XIX oriundos da província de Minas Gerais. 
No ano de 1833 iniciaram a construção de uma igreja em homenagem a Nossa 
Senhora do Carmo, terminando-a em 1838. Outras famílias vindas das províncias de 
São Paulo e Minas Gerais fixaram residência em torno da igreja formando um 
povoado que foi batizado de Nossa Senhora do Monte do Carmo. 
A lei número 3 de 31 de julho de 1845 desmembrou o povoado da 
Paróquia de Santa Cruz e o elevou a freguesia de natureza coletiva, conservando a 
mesma marcação, à capela curada de Nossa Senhora do Carmo de Morrinhos. Dez 
anos depois, em 1855, os habitantes pediram ao Poder Legislativo que o arraial 
passasse à vila e fosse anexada à comarca do Rio Corumbá. 
Com a lei número 2 de 5 de novembro de 1855 foi criado o município de 
Vila Bela do Paranaíba, formado pelos distritos de Vila Bela do Paranaíba (sede) e 
Santa Rita do Paranaíba. Em troca da criação do município os habitantes tiveram que 
construir com recursos próprios a cadeia e a casa da Câmara, conforme orientação 
do então Presidente da Província. 
Quatro anos mais tarde, com a lei número 6 de 19 de agosto de 1859, é 
suprimido o município de Vila Bela do Paranaíba, cujos distritos são incorporados ao 
município de Santa Cruz. Em 1871 o município é restabelecido com o nome de Vila 
Bela de Morrinhos ou Vila Bela de Nossa Senhora do Carmo de Morrinhos e em 1882 
 15 
é concedido foro de cidade à sede municipal, que passou a ser denominada 
Morrinhos, estendendo-se essa denominação ao município. 
Em 1906 o município de Morrinhos era constituído pelos distritos de 
Morrinhos, Santa Rita do Paranaíba, Caldas Novas e Bananeiras restando em 1944, 
após várias divisões administrativas, somente o distrito sede Morrinhos1. Situação 
que perdura até a atualidade. 
Entre 1964 e 1970 já existiam os setores Central, Jardim América, JK, 
Oeste, Morro da Saudade I, São Francisco de Assis e Jardim Santa Terezinha, na 
década de 1970 somavam-se às vilas Santos Dumont I e II, setor Aeroporto e Jardim 
Venezuela, na década de 1980 os setores Monte Verde, Jardim Santa Fé, Vila São 
Pedro, Residencial Jardim Romano e Morro da Saudade II. 
E na década de 1990, os bairros Bela Vista I e II, Cristo Redentor, Vila Sol 
Nascente e Genoveva Alves, além de outros, desse modo “a cidade é organizada em 
bairros, vilas, setores, loteamentos e jardins, num total de 35 núcleos de espaços 
urbanos ocupados” (SILVA, 2006 p. 86). 
Vimos que a constituição do território do município de Morrinhos variou 
durante sua formação até a constituição atual, onde a sede urbana se desenvolveu e 
como toda cidade sofreu divisões internas de várias naturezas, e é sobre uma dessas 
divisões que trataremos a divisão socioespacial e a relação centro/periferia, pois 
segundo Sposito (1991, p. 5): 
 
não é possível discutir a implantação de loteamentos e periferização sem 
falar de centro/centralidade; falta de equipamentos e infra-estrutura urbana, 
sem falar de concentração destas melhorias no centro [...]. 
 
Este antagonismo entre centro e periferia, com o favorecimento do espaço 
urbano destinado às elites, vem sendo sentido no Brasil desde os primórdios da 
cidade colonial, mesmo antes de se iniciar a homogeneização social fragmentando o 
espaço urbano. 
 
 
 
 
 
 
 
1
 FONTES, 1980 p. 16 - 25 
 16 
II – BREVE REFLEXÃO SOBRE A SEGREGAÇÃO SOCIOESPACIAL URBANA 
BRASILEIRA 
 
 
O processo atual de urbanização é um efeito da atuação do modo de 
produção capitalista sobre o espaço e a segregação socioespacial uma 
conseqüência. Devido à ação do capitalismo no século XIX a cidade colonial 
brasileira ganha uma identidade própria, diferenciando-se o urbano do rural e criando-
se uma clara distinção entre as camadas popular e alta sabendo que: 
 
terminado o período de patriarcalismo rural [...] e iniciado o período industrial 
das grandes usinas e das fazendas e até estâncias exploradas por firmas 
comerciais das cidades, mais do que pelas famílias, também na zona rural os 
extremos – senhor e escravo – que outrora formavam uma só estrutura 
econômica ou social, completando-se em alguma de suas necessidades e 
em vários de seus interesses, tornaram-se metades antagônicas ou, pelo 
menos, indiferentes uma ao destino da outra. Também no interior, as 
senzalas foram diminuindo; e engrossando a população das palhoças, das 
cafuas ou dos mocambos: trabalhadores livres quase sem remédio, sem 
assistência e sem o amparo das casas-grandes (FREYRE, 1968 apud 
VILLAÇA, 2001 p. 226). 
 
Com a desvinculação do escravo (homem pobre sem meios para sua 
sobrevivência) do senhor (pertencente à elite) temos a estratificação da sociedade 
brasileira maximizada, ao passo que essa população que residia nas fazendas se 
dirigiu às cidades em busca dos meios de sobrevivência que perdera no meio rural, 
sendo que no espaço urbano não teriam as garantias que outrora tinham por estarem 
vinculados à classe dominante, pois agora estariam no ponto oposto ao da elite e não 
mais junto a ela. 
Essa população desagregada encontra ainda mais dificuldades, pois no 
Brasil com a passagem do escravismo ao trabalho livre assalariado, segundo 
Rodrigues (2001, p. 71) “surge à necessidade de se impedir o acesso dos 
trabalhadores livres a terra para que houvesse oferta de mão-de-obra”, ou seja, 
impedir o acesso aos meios de produção para que a única alternativa dos homens 
livres fosse a venda de sua força de trabalho, não havendo alternativa para a sua 
sobrevivência. 
Dessa forma, em 1824, o Conselho de Estado publicou um parecer que 
dizia que todas as terras deveriam ser vendidas e não mais cedidas e em 1850 
instituiu-se o direito individual de propriedade da terra com a Lei das Terras, 
 17 
passando-se a vendê-las no mercado por um preço inacessível aos trabalhadores, 
constituindo-os efetivamente em mão-de-obra. 
A propriedade da terra não abrange somente o espaço agrário, mas 
também o espaço urbano, que com a intensificação do processo de 
urbanização/industrialização faz surgir também uma classe de proprietários do 
espaço urbano, os burgueses. 
Com a industrialização atingindo o espaço urbano tem-se uma separação 
do local de trabalho da residência, havendo ainda uma canalização do poder político-
administrativo para o centro da cidade, levando a burguesia a se instalar nas áreas 
mais próximas ao centro, fazendo com que as pessoas pertencentes à classe baixa 
que residiam no local de trabalho e na área central fossem expulsas para locais mais 
afastados. 
Tal situação reforça a segregação entre centro e periferia uma vez que: 
 
as expressões da centralidade representam um reforço desta, pois recria a 
centralidade através de um processo de separação socioespacial das 
funções comerciais, de serviços e de gestão no interior da cidade (SPOSITO, 
1991 p. 08). 
 
Como os burgueses se constituíram como proprietários das terras eles 
passaram a especular o valor das áreas próximas ao centro da cidade, sendo que o 
valor do espaço produzido se dá pelos objetos nele construídos (edificações) e pela 
aglomeração (de pessoas, equipamentos públicos, comércios, etc) atribuindo-as 
preços inacessíveis ao proletariado, que é encaminhado para áreas distantes das 
ocupadas pela burguesia ou por ela desprezadas, devido algum aspecto físico ou 
locacional como a existência de veredas, encostas de morros, a proximidade de 
estradas e rodovias etc, promovendo a separação espacial das classes. 
Nota-se então, que segundo o observado por Villaça (2001 p. 71) “o que se 
vende é o espaço e não o solo porqueemprega-se tempo de trabalho social médio 
necessário para sua produção”. 
A separação das funções do espaço urbano, típica do capitalismo (local de 
trabalho diferente de local de moradia) que faz com que o espaço atue como um 
mecanismo de exclusão fundida ao distanciamento espacial entre as classes sociais, 
que já sofreram uma separação social, forma a segregação socioespacial urbana que 
é tipificada segundo Rodrigues (2001, p. 11) por: 
 18 
variações no mesmo tempo e no mesmo espaço [...] espacialmente mudam 
as características da habitação [...] espaços densamente ocupados e outros 
com rarefação de ocupação. 
 
E definida por Villaça (2001, p. 142) como: 
 
um processo segundo o qual diferentes classes ou camadas sociais tendem 
a se concentrar cada vez mais em diferentes regiões gerais ou conjuntos de 
bairros da metrópole. 
 
Esse processo não ocorre somente nas metrópoles, em núcleos urbanos 
como Morrinhos ele também é visível e em sua forma mais clássica o da 
centralidade, ou seja, o antagonismo entre centro e periferia. 
Essa segregação socioespacial se auto reforça ao favorecer o processo de 
crescimento urbano no sentido centro-periferia, para o assentamento da população 
de baixa renda ou para a criação de novas áreas de expansão imobiliária para os 
segmentos de melhor poder aquisitivo, resultando na 
 
sub utilização dos recursos disponíveis nas áreas centrais,como infra-
estrutura, sistemas de transportes e estoques de imóveis; no adensamento 
populacional de baixa renda em áreas não servidas de infra-estrutura e 
distantes dos locais de trabalho e na concentração de atividades econômicas 
em áreas de especulação imobiliária (DIOGO,2001 p. 1). 
 
A segregação não ocorre somente pela concentração de pessoas da 
mesma classe social em determinada área, mas também, pela busca de oferta de 
equipamentos públicos tendo em vista que as áreas ditas nobres, próximas ao centro 
ou de fácil acesso, onde residem as classes mais favorecidas economicamente são 
bem servidas de infra-estrutura e equipamentos públicos, enquanto “os que mais 
precisam usufruir de uma ‘cidade com serviços e equipamentos públicos’ compram 
lotes/casas em áreas distantes, onde o preço é mais baixo” (RODRIGUES, 2001 p. 
22), efetivando-se assim a segregação socioespacial no meio urbano. 
Esse fenômeno ocorre por causas primordialmente de origens estrutural, 
geográfica e política. Estrutural quando alguns loteamentos, depois de muito tempo, 
recebem somente a infra-estrutura básica (redes de luz e água, asfalto e raramente 
rede de esgoto) não sendo contemplados com investimentos e equipamentos 
públicos como escolas, creches, postos de saúde, áreas de lazer etc. isso pode ser 
explicado pelo fato de que “a paisagem urbana se estende muito mais depressa do 
que os serviços destinados a assegurar uma vida correta à população” (SANTOS, 
1990 p. 53), entendendo paisagem como: 
 
 19 
[...] o conjunto de objetos que nosso corpo alcança e identifica. O jardim , a 
rua, o conjunto de casas que temos a nossa frente, como simples pedestres: 
Uma fração mais extensa de espaço que a nossa vista alcança do alto de um 
edifício (SANTOS, 1998 p. 76). 
 
Encontra-se motivação econômica ao perceber que a faixa de renda dos 
moradores de determinada área favorecerá sua urbanização, a instalação de 
estabelecimentos comerciais e de equipamentos públicos, enquanto os habitantes de 
baixa renda estão distantes dos bens e serviços produzidos por todos e apropriados 
individualmente pela classe mais favorecida economicamente, como observado por 
Santos (1990, p. 55): “Os bairros cuja população dispõe de uma renda alta são mais 
bem contemplados com serviços públicos do que aqueles onde a renda é mais 
baixa”. 
Percebe-se que um dos fatores que promovem a qualidade de vida urbana 
é a renda e que os habitantes de poder aquisitivo reduzido, instalam-se ou são 
instalados cada vez mais longe dos equipamentos públicos e da infra-estrutura da 
cidade, sendo prejudicados pelo reforço a sua pobreza, não só por causas 
econômicas, mas também geográficas ao passo que: 
 
o espaço é instrumental à produção de pobres e da pobreza: um argumento 
a mais para considerarmos o espaço geográfico não apenas como um dado 
reflexo, mas como um fator ativo, uma instância da sociedade como a 
economia, a cultura e as instituições (SANTOS, 1990 p. 59). 
 
A segregação socioespacial é promovida por causas políticas quando as 
diferenças entre os bairros, no que diz respeito à ação do poder público, ocorre por 
“[...] decisão política de satisfazer certas camadas da população em detrimento de 
outras, mesmo quando estão em jogo os serviços essenciais” (SANTOS, 1990 p. 58), 
deixando evidente seu caráter dialético, pois a segregação de uns provoca a 
segregação de outros de forma voluntária ou involuntária. 
Esta (re)organização espacial transforma-se então na organização típica 
das cidades contemporâneas brasileiras, isto é, ela se tornou comum ao espaço 
urbano. A cidade de Morrinhos em Goiás não é indiferente a esse fenômeno, a 
segregação socioespacial no espaço urbano, desse modo, assim, como as grandes 
cidades, este município também sofre esse tipo de organização espacial, 
respeitando-se evidentemente as devidas proporções. 
Mesmo porque “a segregação é um processo necessário à dominação 
social, econômica e política por meio do espaço” (VILLAÇA, 2001 p. 150), e em toda 
parte as pessoas buscam o poder, seja sobre o mundo ou sobre os moradores de 
 20 
uma mesma casa ou cidade. Por esse motivo a elite, que é minoria, segrega a classe 
popular que é a maioria, sendo o contato das diferenças perigosas por poder causar 
revolta na classe menos favorecida. 
 
 
Apontamento de Segregação Socioespacial em Morrinhos – GO: O Caso do 
Setor JK 
 
 
Sabendo da importância da Geografia na análise do espaço urbano há o 
sentimento de dever de trabalhar esse tema, já que 
 
partindo-se de uma análise crítica da sociedade, pode-se deixar claro as 
injustiças sociais resultantes dos privilégios de classe, na ocupação, 
produção e apropriação do espaço, intermediadas pela condição social dos 
indivíduos (SCARLATO apud ROSS, 2001, p. 72). 
 
Para que as periferias não sejam submetidas a atuações pontuais e 
esporádicas, coordenadas por alguns políticos que se valem da condição 
desfavorável das camadas populares e através da máquina pública angariar votos. 
Diante do quadro encontrado no Setor JK com infra-estrutura inadequada, 
falta de equipamentos públicos e de ações governamentais, entre outros problemas. 
Conforme se pode visualizar na figura 3, somado ao fato de que o Plano Diretor de 
Morrinhos está sendo confeccionado. 
FIGURA 3 – Vista de uma rua do setor JK com asfalto de baixa qualidade e ausência de rede de 
águas pluviais. 
Fonte: Ana Maria de Oliveira Silva, 2006. 
 21 
E acreditando que 
 
o planejamento urbano deve ser democrático e igualitário e seu ponto de 
partida deveria ser o conhecimento real da cidade iluminando sua face 
oculta, ilegal e segregada, dando visibilidade aos conflitos e criando espaços 
de debate e participação popular (PEREIRA, 2004). 
 
Observa-se a necessidade de desenvolver um trabalho que abordasse 
esse problema e se configurasse como ferramenta para o planejamento de ações que 
permitam uma melhor convivência com os efeitos da segregação socioespacial, que 
segundo Rolnik (2003, p. 41) “é o movimento de separação das classes sociais e 
funções no espaço urbano”. 
Essa abordagem sobre a segregação socioespacial em Morrinhos, 
presente no setor JK, tem como finalidade servir como prova contundente da 
negligência do poder público com o setor alvo desses estudos, que poderão serutilizados em reivindicações, pelos moradores, por melhorias que proporcionem um 
aumento da qualidade de vida. 
Essas reivindicações são legítimas e encontram propriedade ao serem 
feitas ao poder público, porque o Plano Diretor ou planejamento urbano se constitui 
do: 
 
conjunto das ações de ordenação espacial das atividades urbana que, não 
podendo ser realizadas ou sequer orientadas pelo mercado, tinham de ser 
assumidas pelo Estado, tanto na sua concepção quanto na sua 
implementação (DEAK apud SILVA,2006 p. 129). 
 
Com essas intervenções não só o setor JK seria beneficiado, mas todos os 
setores de classe baixa, tanto os já existentes quanto os que irão surgir. Pois assim 
abririam-se precedentes de acesso a direitos do cidadão, podendo-se generalizar as 
ações ali desenvolvidas. Além do ganho para a cidade com a articulação de todas as 
suas partes, mesmo sendo a urbanização um processo antagônico e dialético. 
Antagônico por criar grandes diferenças dentro do espaço da cidade e dialético por 
esses espaços manterem relações por intermédio de sua sociedade. 
Com o estudo do caso do setor JK, buscou-se demonstrar que a 
segregação socioespacial quando não minimizada gera problemas a toda a cidade 
como aumento da violência, ocorrência de depredações, super-utilização de alguns 
equipamentos públicos e sub-utilização de outros e etc, já que 
 
concentração territorial homogeneamente pobre (ou segregação espacial) 
ociosidade e ausência de atividades culturais e esportivas, ausência de 
 22 
regulação social e ambiental, precariedade urbanística, mobilidade restrita 
bairro, e além dessas características todas, o desemprego crescente que, 
entre outras conseqüências, tende a desorganizar núcleos familiares e 
enfraquecer a autoridade dos pais, essa a fórmula das bombas 
socioecológicas. É impossível dissociar o território das condições 
socioeconômicas e da violência (MARICATO, 200 p. 36). 
 
Para tal pretendeu-se conhecer o histórico do processo de expansão 
espacial urbana que originou o setor JK, traçar o perfil socioeconômico das famílias 
ali residentes, enumerar os problemas existentes no setor e entender o papel do setor 
na dinâmica socioespacial da cidade. 
Admitimos para fins de investigação que o setor foi criado para abrigar 
famílias carentes que moravam precariamente, que os moradores que ali residem 
não gozam ou não se sentem aptos a “cidade” e que a especulação imobiliária é um 
dos responsáveis pela efetivação da segregação socioespacial por reservar terrenos 
ociosos em áreas melhor localizadas. 
 Com essa finalidade efetuou-se a leitura de bibliografias relacionadas ao 
tema para que se pudesse obter embasamento teórico e histórico sobre o surgimento 
e o desenvolvimento da segregação socioespacial, fazendo também o levantamento 
bibliográfico sobre o processo de urbanização em Morrinhos-GO, inclusive com a 
consulta a documentos e a pessoas idosas que residem no município há bastante 
tempo, para sabermos como ocorreu a ocupação da área que resultou no setor JK, 
bem como o contexto histórico do município para elucidar os motivos que levaram a 
escolha daquela área. 
Com o trabalho de campo buscou-se colher dados do espaço físico do 
setor, dos moradores e da importância do setor JK e seus moradores para o 
município. Para essa coleta de dados usou-se máquina fotográfica e questionários 
aplicados a moradores (anexo 1). 
Com o auxílio de questionários e entrevistas com moradores escolhidos 
por amostragem sistemática de 10% (dez por cento) da população pesquisada, 
procurou-se descobrir a ocupação profissional predominante, assim como os locais 
de trabalho, por que se instalaram no setor, por que habitam esse tipo de casa, grau 
de escolaridade dos moradores da casa, a renda, de cada família residente na casa 
etc e como ele vê a si mesmo e o seu setor no contexto geral da cidade. 
No dia 16 de setembro de 2006, o setor foi percorrido a pé para que se 
consta-se as deficiências estruturais e carências do espaço físico, sendo a máquina 
fotográfica destinada à documentação visual dos problemas descritos. Na mesma 
 23 
ocasião foi feito o levantamento dos tipos de uso do solo (residência, comércio etc.), 
dos tipos de moradias (casas de alvenaria, individuais, coletivas, próprias ou 
alugadas etc) e a aplicação do questionário. 
Desse modo procurou-se traçar o perfil socioeconômico das famílias do 
setor e sua inserção, tanto do setor quanto dos moradores, na dinâmica socioespacial 
de Morrinhos - GO. 
Findada a coleta de dados foram realizadas a tabulação, interpretação e a 
análise que resultou em tabelas que demonstram os resultados da pesquisa sobre o 
estudo do caso do setor JK em relação à segregação socioespacial em Morrinhos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 24 
III – O SETOR JK: A CRISTALIZAÇÃO DA SEGREGAÇÃO SOCIOESPACIAL 
URBANA EM MORRINHOS – GOIÁS 
 
 
Uma visão externa 
 
 
O setor JK está situado na porção sudeste da sede urbana do município de 
Morrinhos, na vertente direita do córrego Maria Lucinda. Limita-se ao norte com o 
setor Central, mais precisamente o centro tradicional, ao sul, leste e oeste com 
chácaras, sendo que a oeste há uma área de vereda degradada com nascentes de 
água ainda ativas e a leste o córrego Maria Lucinda (fig. 4). O fato de o setor ter se 
desenvolvido nessa área, comprimido entre o centro, uma vereda e um córrego, se 
apresenta como o provável motivo que limitou sua expansão e provocou o 
adensamento de construções. 
O JK se liga ao setor central pelas ruas alagoas, São Paulo e Paraíba, ao 
setor Jardim América pela rua Boiadeira e ao setor Morro da Saudade II pela rua “do 
matadouro”, como é chamada pela população. 
Esse setor teria surgido, segundo entrevistas com moradores e dados de 
Cláudia M. R. B. Silva (2006, passim) no início da década de 1970, como invasão 
em uma área desprezada pela elite, para abrigar trabalhadores como empregadas 
domésticas, vendedores, trabalhadores braçais, etc que buscavam se fixar próximos 
ao local de trabalho e aos equipamentos públicos. 
Levando em conta as hipóteses levantadas por Villaça (2001, p. 69) de que 
 
o crescimento dos setores é altamente influenciado pelas vias regionais [...] 
aquelas regionalmente mais importantes passam a ser mais importantes do 
ponto de vista intra-urbano e acabam atraindo maior expansão urbana ao 
longo delas. 
 
Pode-se entender a localização do setor JK na direção oposta a BR-153 e 
a jusante do Córrego Maria Lucinda, já que no final da década de 1960 e início da 
década de 1970, quando surgiu o setor, a BR-153 detinha uma hegemonia da 
importância regional, pois ligava o Sul Goiano a capital do estado, e a jovem Brasília 
além de ligar Goiânia a cidade de São Paulo. 
 
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Figura 04 - LOCALIZAÇÃO DO SETOR JK
 FONTE:
Planta Urbana de Morrinhos, Escala 1:5.000,
Prefeitura Municipal, 
Secretaria de Planejamento, 2006.
 ORGANIZAÇÃO:
Hélio Pereira Feitosa
 LEGENDA
Área Sujeita a Inundação
Área Verde
Drenagem
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Lago Intermitente
Estrada Pavimentada
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Compunha-se assim como um corredor vital não sendo as GOs 147 e 213, 
que levam a Goiânia e Caldas Novas, detentoras de certa importância e que 
pudessem concorrer com a BR 153, assim a área localizada entre o centro tradicional 
e a referida rodovia federal e a montante do Córrego do Açude (que após receber as 
águas do Córrego do Pipoca é denominado de Maria Lucinda) constituiu-se como 
reserva a expansão do centro e a setores destinados a elite, como ocorreu 
posteriormente como o caso do setor Aeroporto, por exemplo. 
Considerada uma área desprezada não só pela sua localização espacial 
,mas também pelos atributos físicos da área, que possui um solo argiloso e separa 
uma vereda da área de inundação do córrego Maria Lucinda (fig. 5). 
FIGURA 5 – Vista parcial de área de inundação do córrego Mª Lucinda ao lado do setor JK. 
Fonte: Ana Maria de Oliveira Silva, 2006. 
 
Esse sentido da expansão da mancha urbana de Morrinhos, só vem a ser 
enfraquecido por influência do desenvolvimento turístico das cidades de Caldas 
Novas e Rio Quente, que passou a atrair mão-de-obra. Ainda assim não enfraquece a 
dedução por deixar mais evidente que “parece haver íntima relação entre as vias 
regionais de transporte e o crescimento físico das cidades” (VILLAÇA, 2001 p. 70). 
O processo que resultou no setor JK se deve ainda a luta de classes em 
torno dos benefícios do espaço produzido, pois a classe popular desassistida pelo 
poder público e incapaz economicamente de residir na área central ou adjacentes ao 
centro, (onde mora a elite e concentra-se a maioria dos empregos no comércio e na 
área de serviços e os equipamentos públicos de saúde, segurança etc, o que eleva 
 27 
os preços de compra e aluguel dos imóveis dessa área) sendo empurradas para 
outras alternativas, como observado por Saches (1999, p. 42) quando expõem que a 
classes populares 
 
excluídas do mercado imobiliário regular por falta de um poder aquisitivo 
suficiente, e na ausência de uma promoção pública adaptada a seus meios, 
ela é obrigada a resolver a questão de sua habitação na cidade ilegal, 
subequipada. 
 
Desse modo, os primeiros moradores desse setor que teriam ocupado 
aquela área sem pagar por ela, poderiam então, desfrutar de algumas vantagens do 
espaço equipado pela influência da classe de maior renda, como a proximidade do 
subemprego, já que o comércio e os serviços destinados a atender as necessidades 
da classe abastada empregam a classe baixa. Ainda assim, essas camadas 
populares ocuparam uma área na direção oposta ao desenvolvimento da mancha 
urbana da cidade que se concentrava nas ruas Goiás e Barão do Rio Branco em 
direção a Praça Monte Castelo, como observado em Silva (84 - 85, 2006). 
A mancha urbana crescia de sua área de origem, o Centro Tradicional, em 
direção a BR – 153, com conseqüente expansão do Centro culminando no 
deslocamento da área comercial, o Centro Principal, onde se localizam a maioria dos 
empregos ocupados pela camada populares, para as rua Senador Hermenegildo de 
Moraes, Pará e outras próximas a Praça Monte Castelo, distanciando-se do setor JK, 
que se instalou na área entre o Centro Tradicional e a “invasão” Morro da saudade I. 
Como pode ser observado pela evolução urbana de Morrinhos (fig. 6). 
Assim temos em Morrinhos a situação descrita por Villaça (2001, p. 225) 
onde “o centro principal concentra a maioria dos empregos para as classes populares 
e o centro tradicional os empregos para a classe alta”, o que é exemplificado em 
Morrinhos pela concentração de escritórios de advocacia e contabilidade e a 
prefeitura, no centro tradicional, e de lojas e prestadoras de serviços no centro 
principal. 
O que devemos destacaraqui é o agravamento da segregação entre o 
local de trabalho e o de moradia, fragmentando ainda mais o espaço urbano, o que 
causa diversos transtornos, como por exemplo: o grande número de ciclomotores 
que transitam pelas ruas da cidade, guiados, geralmente, por pessoas despreparadas 
para o trânsito, já que não é necessária habilitação para pilotá-los. Isso ocorre porque 
não há outra opção viável de transporte intra-urbano, já que o transporte feito por 
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28
 29 
transporte coletivo não atende as necessidades da população que precisa, 
principalmente, se deslocar entre o trabalho e a residência. 
Quando falamos em fragmentação do espaço urbano entendida como 
 
[...] uma organização territorial marcada pela existência de enclaves 
territoriais distintos e sem continuidade com a existência de rupturas entre os 
vários grupos sociais, organizações e territórios (SALGUEIRO, 1998 p. 39). 
 
Isso nos remetemos a idéia de distanciamento, de separação, características que 
permitem entender o processo de segregação socioespacial, pois assim, a população 
periférica não vive a cidade e sim parte dela. A casa torna-se o lugar de descanso e 
preparação para um novo dia de trabalho. 
Grande parte do dia se passa no trajeto e no local de trabalho e o seu 
espaço de vida se restringe ao espaço da circulação, compondo “a fórmula das 
bombas sociecológicas” descritas por Ermínia Maricato (2001) citada anteriormente 
na página 21, uma vez que todos tem direito à cidade, isto é, de viver a cidade e tudoque ela oferece. 
Esse viver não pode se limitar ao trabalho, a casa, a circulação, ao acesso 
aos bens coletivos e sim o direito a criação, a diferença, ao lazer, a cultura, a 
apropriação e etc. 
Isso porque o indivíduo deixa de apreender a cidade como um todo e 
segundo Lefebvre (2002, p. 46): 
 
a cidade impõem relações, já a separação e a segregação rompem essa 
relação, espedaçando assim o urbano e o direito à diferença. A segregação 
complica e destrói a complexidade. 
 
O que pode ser ilustrado pela violência ao observar os dados da Polícia 
Militar em Morrinhos (2004) que registrou no setor Aeroporto a relação de 1,4 crimes 
“contra o patrimônio” para cada crime “contra o indivíduo”, enquanto no setor JK 
registrou-se o índice de 0,67 para a mesma relação. 
Nota-se que os crimes cometidos no setor Aeroporto são os que podemos 
classificar como contra o patrimônio (furtos, roubos, depredações etc) enquanto os do 
setor JK são brigas entre vizinhos. 
 O que deve prender a atenção é que embora as casas nos setores de 
periferia sejam mais fáceis de serem atacadas, as casas com sistema de segurança, 
da elite, são mais visadas, o que pode ser explicado entre outros fatores pelo fato de 
 30 
que como o segregado da periferia não vê a cidade como um todo, então o espaço 
onde reside a elite é do outro e não tem nenhum vínculo com o dele. 
Deve-se fazer uma ressalva nesse momento para esclarecer que não se 
está dizendo que os moradores da periferia são criminosos e sim que a segregação 
socioespacial pode empurrar as pessoas para a criminalidade e fazer com que os 
criminosos que moram na periferia não se sintam à vontade para cometer seus 
crimes no espaço habitado por ele. 
Ao remeter-se a fragmentação do espaço urbano, principalmente, no que 
tange a criação de vazios urbanos, seja em forma de glebas ou pela retenção de 
lotes em áreas ditas nobres, percebe-se que a produção da cidade, atualmente, é 
ordenada pela vontade do capital associada ao papel do Estado, definindo e 
reorganizando esse processo através da divisão socioespacial do trabalho, da 
especialização dos lugares e do não estabelecimento de uma identidade urbana 
única. Observemos a tabela 01. 
 
Tabela 01 – Contagem de imóveis - 2005 
 Setor Aeroporto Setor JK Morrinhos2 
Residências 700 123 13293 
Comércio 109 06 1589 
Terrenos Baldios 220 04 1560 
Outros1 67 01 561 
FONTE: Fundação Nacional de Saúde – Núcleo de Apoio ao Controle de Endemias. 
1 – Praças, templos religiosos, órgãos públicos etc; 
2 – Menos os valores correspondentes aos setores Aeroporto e JK; 
Organização: Ana Maria de Oliveira Silva. 
 
Pela análise dessa tabela comparativa visualiza-se a ação da especulação 
imobiliária, fazendo com que o número de lotes vazios no setor Aeroporto abrigue 
uma quantidade de uma vez e meia o número de residências existentes no JK, ainda 
com sobra de 35 (trinta e cinco lotes), e se comparado com o número total torna-se 
inquestionável essa ação de retenção de espaços vazios, pois, o número de lotes 
distribuídos por toda a cidade é 12,7 (doze vírgula sete) vezes o número de 
residências do JK. Assim sendo, a segregação não ocorre por falta de espaço. 
Diante disso vislumbramos a presença de um agente efetivador da 
segregação socioespacial, a especulação imobiliária que provoca a retenção dessas 
 31 
áreas ociosas no interior da cidade com o intuito de que recebam cada vez mais infra-
estrutura valorizando-as, como o exposto por Maricato (1998, p. 12) 
 
[...] a localização da moradia tem um preço diferenciado na cidade. Um 
mesmo imóvel pode custar preços completamente diferentes dependendo 
de sua localização, isto é, dependendo principalmente das oportunidades de 
acesso aos equipamentos coletivos e aos serviços de infra-estrutura 
urbanos. 
 
Identifica-se esse agente efetivador e promotor da segregação 
socioespacial por ele estar presente e atuante no processo que resulta nessa 
configuração espacial desigual, caracterizada pela concentração de comércios, de 
serviços, infra-estrutura e equipamentos públicos em áreas de interesse do mercado 
imobiliário levando a 
 
[...] uma forma de crescimento urbano que se caracteriza pela separação das 
diferentes classes sociais no município e pela má utilização dos recursos 
públicos na medida em que, além de não utilizar os que já existe, exige a 
ampliação de infra-estrutura e serviços públicos para áreas não ocupadas 
(DIOGO, 2001 p. 1). 
 
Dessa forma, enquanto o Poder Público busca atender as vontades das 
elites, deixa de suprir as necessidades das camadas mais baixas, nos setores de 
periferia, que acabam por gerar demandas para toda a cidade. Para que se 
contorne tal situação é necessário que se conheça a necessidade de cada parte da 
cidade, o que só é possível através de uma investigação individualizada. 
 
 
Uma visão interna 
 
 
O setor JK é formado por 123 (cento e vinte e três) residências, 6 (seis) 
estabelecimentos comerciais e 4 (quatro) terrenos baldios, segundo contagem feita 
pela Fundação Nacional de Saúde em 2005. Sendo que as residências são 
construções simples, geralmente precárias, separadas por muros baixos ou cercas de 
arame farpado e o comércio é constituído por bares que vendem alguns artigos 
alimentícios, empregando de uma a duas pessoas. 
Percorrendo o setor a pé e conversando com moradores para detectar as 
deficiências da estrutura física, percebe-se que: o setor não possui sistema de 
captação de águas pluviais, só há rede de esgoto em uma rua, o que não atende as 
 32 
necessidades do setor, as crianças brincam nas ruas por não existir área de lazer, 
não há uma unidade básica de saúde, sendo que os moradores são orientados a 
buscar atendimento na unidade do setor Morro da Saudade I e que não há creche ou 
escola. No anexo 2 pode-se visualizar a realidade do setor JK. 
Observou-se ainda vias internas sinuosas e estreitas, com largura nunca 
superior a 3,10 m (três metros e dez centímetros), calçadas com paralelepípedos de 
rocha basáltica (escura) e passeios de pedestres intransitáveis com largura de 50 
cm (cinqüenta centímetros), geralmente ocupadas por plantas, “tocos” (onde os 
moradores se sentam para conversas) e pelos postes da rede elétrica (fig. 7). 
 
FIGURA 7 – Vista da rua 1 do setor JK (via interna). 
Fonte: Ana Maria de Oliveira Silva, 2006. 
 
fO que já de início confere ao setor JK a condição de insalubridade por não 
satisfazer as exigências contidas nas Normas Técnicas da Superintendência de 
Vigilância Sanitária de 1998, capítulo II, artigo 19, inciso II na página 14 que trata do 
traçado viário de loteamentos: 
 
II – terem as ruas largura total não inferior a 15 m (quinze metros) 
reservando-se no mínimo 07 m (sete metros) para a pista de rolamento e 
3,50 m (três metros e cinqüenta centímetros) para o passeio em ambos os 
lados da via pública. 
 
Tal situação de insalubridade é encontrada ainda no que diz respeito aos 
terrenos e a falta de áreas de lazer. No que tange aos terrenos no setor JK eles tem 
 33 
formas e dimensões variadas sendo que a forma mais comum é a trapezoidal e as 
dimensões variam de 6 m (seis metros) a 9 m (nove metros) de frente por 16 m 
(dezesseis metros) a 19 m (dezenove metros) de comprimento, isto é, o maior terreno 
encontrado mede 171 m² (cento e setenta e um metros quadrados). 
No tocante as áreas de lazer, elas simplesmente são inexistentes sendo 
que as normas técnicas supracitadas recomendam nos seus artigos 21 e 24, 
respectivamente, que a “área mínima destinada a sistemas de recreio deve ser de 
10% (dez por cento) da área total do loteamento e que os lotes devem ter frente 
mínima de 12 m (dozemetros) e área mínima de 360 m² (trezentos e sessenta 
metros quadrados)”, ou seja, os lotes do setor JK deveriam ter mais que o dobro da 
área que tem. 
 Segundo dados da tabela 2, colhidos no dia 16 de setembro de 2006 
através de questionário e entrevista, em aproximadamente 41,7% dos domicílios 
pesquisados os moradores alegaram terem como residência anterior, outros bairros 
da cidade de Morrinhos, 25% oriundos da zona rural, 16,7% de outras cidades e 
16,6% nasceram e foram criados no setor. Tendo alegado como motivo principal em 
25% dos casos casamento, 25% pela localização próxima ao centro, 16,7% viuvez e 
8,3% motivos diversos, sendo que em 66,7% dos casos o motivo secundário foi a 
restrição econômica, como no caso de casamentos, viuvez e êxodo rural. 
 
Tabela 2 – Procedência dos atuais moradores do setor JK – 09/2006 
Quanto ao local de origem 
Outros bairros (%) Outras cidades (%) Zona Rural (%) Outros (%) 
41,7 16,7 25 16,7 
FONTE: Levantamento de campo dia 16/09/2006. 
Organização: Ana Maria de Oliveira Silva. 
 
Outro dado interessante nesse item é o fato de que 41,7% das amostras 
se mudaram para o JK a partir de 2000, mesmo havendo outras opções, como 
também 66,7% da amostra alegou ter escolhido o setor. 
Essa situação leva a inferir que a força de atração do setor ainda é a 
mesma que o criou, a sua localização, isto é, a moradia barata, o acesso facilitado ao 
local de trabalho e a proximidade do Centro. Facilidades que não eram encontradas 
 34 
agrupadas no local de domicílio anterior e que fizeram com que os atuais moradores 
escolhessem o JK. 
 Segundo a tabela 3, em 41,7% da amostra, a residência anterior (fora do 
JK) era própria comprada, 33,3% alugada e 16,7% cedida, sendo que em 75% as 
moradias eram individuais, em 91,7% de alvenaria, 75% com mais de três cômodos, 
91,7% com banheiro sendo em 58,3% fora da casa. Enquanto na moradia atual 75% 
são próprias compradas, 16,7% alugadas e 8,3% cedidas, sendo 83,3% individuais, 
91,7% de alvenaria com 41,7% oriundas de auto-construção, 100% com mais de três 
cômodos e 100% com banheiro dentro de casa. 
 
Tabela 3 – Características da residência anterior (fora do JK) – 09/2006 
FONTE: Levantamento de campo dia 16/09/2006. 
Organização: Ana Maria de Oliveira Silva. 
 
O que se pode observar é que a precariedade das moradias (comparando 
a anterior à atual) caiu em vários aspectos, proporcionando uma melhora no aspecto 
geral da moradia dessas pessoas, ou seja, as pessoas que se mudaram para o JK 
buscavam fugir da precariedade das suas residências anteriores, fato comprovado ao 
considerar que nas moradias atuais houve um aumento no conforto, pois em todas as 
amostras há mais de três cômodos e banheiro dentro de casa. 
Houve ainda um aumento de 33,3% no número de famílias com casa 
própria é conseqüente redução de 17,2% de residentes em casas alugadas e de 
Alugada (%) Cedida (%) Própria comprada (%) Própria cedida(%) 
33,3 16,7 41,7 0 
Coletiva (%) Individual (%) De fundo (%) 
8,3 75 8,3 
Alvenaria (%) Outros materiais (%) 
91,7 0 
Quantidade de cômodos (%) 
1 2 3 Mais de 3 
0 0 16,7 75 
Banheiro (%) 
sim não Dentro de casa Fora de casa 
91,7 8,3 58,3 33,3 
 35 
8,4% em casas cedidas, o que caracteriza uma melhoria em quase 60% dos casos 
na moradia das famílias entrevistadas e provavelmente no componente psicológico, 
já que a aquisição da casa própria segundo o senso comum, constitui-se em um 
sonho do brasileiro. Tal situação comprova a tese de que os moradores que se 
dirigiram para o JK moravam precariamente e buscam melhores condições de 
moradia. 
Quanto ao perfil dos moradores pesquisados nota-se na tabela 4 que 50% 
dos domicílios pesquisados abrigam até duas pessoas enquanto o restante se 
distribui de forma equilibrada de três a cinco pessoas por domicílio. 
 
 Tabela 4 – Número de pessoas por domicílio (%) – 09/2006 
1 2 3 4 5 
8,3 41,7 16,7 16,7 16,6 
FONTE: Levantamento de campo dia 16/09/2006. 
Organização: Ana Maria de Oliveira Silva. 
 
Na tabela 5 vemos que a faixa de renda se concentra, principalmente em 
dois salários mínimos com 33,3% e um salário mínimo com 25%, resultando em uma 
média de um salário mínimo e meio para 58,3% dos casos, enquanto o percentual de 
domicílios com renda superior a três salários mínimos é igual ao percentual dos que 
declararam renda menor que um salário mínimo, 16,7%. 
 
Tabela 5 – Renda em salários mínimos por domicílio (%) – 09/2006 
menos de 1 1 2 3 mais de 3 
16,7 25 33,3 8,3 16,7 
FONTE: Levantamento de campo dia 16/09/2006. 
Organização: Ana Maria de Oliveira Silva. 
 
Observando a tabela 6 vê-se que a maioria das pessoas entrevistadas não 
completaram sequer o Ensino Fundamental, seguida de outra parte com o Ensino 
Médio incompleto, sendo ainda a quantidade de pessoas com o Ensino Médio 
completo igual a de analfabetos, que é o dobro do número de pessoas que cursaram 
o Ensino Superior. 
 
Tabela 6 – Grau de escolaridade dos entrevistados (%) – 09/2006 
 *Fundamental 
incompleto 
*Fundamental 
completo 
*Médio 
incompleto 
*Médio 
Completo 
*Superior 
Incompleto 
*Superior 
completo 
16,7 25 33,3 8,3 16,7 
FONTE: Levantamento de campo dia 16/09/2006. 
 * Acrescente-se Ensino. 
Organização: Ana Maria de Oliveira Silva. 
 36 
Tomando por base todos os dados apresentados até esse ponto podemos 
deduzir que o perfil da família residente no JK é de uma família pequena que está 
sendo iniciada ou reiniciada (devido ao número de casamentos e viuvez) com renda 
entorno de dois salários mínimos e baixo grau de escolaridade. 
Unindo perfil dos moradores do setor com os dados da tabela 7 pode-se 
visualizar a segregação social que faz com que metade das pessoas entrevistadas 
nunca tenham tido acesso a cultura e lazer, o que pode ser explicado pela baixa 
escolaridade que provavelmente provoca a ausência da consciência da importância 
do contato com manifestações culturais e práticas de lazer ou ainda pela falta de 
condições econômicas, já que para isso ele tenha que se deslocar ao espaço onde se 
concentra a elite pois: 
o centro que é considerado um espaço público torna-se aos poucos um lugar 
do não encontro, ou então o lugar dos iguais da hegemonia. O outro o 
diferente permanecerá distante ou freqüentará no centro os espaços 
permitidos, ou apenas como lugar de passagem. Tem-se então a 
privatização do espaço público e o fim do espaço coletivo (PEREIRA,2004). 
 
Tabela 7 – Freqüência de acesso a atividades culturais e lazer (%) – 09/2006 
sempre de vez em quando nunca 
25 25 50 
FONTE: Levantamento de campo dia 16/09/2006. 
Organização: Ana Maria de Oliveira Silva. 
 
Assim sendo a diversão para os moradores do JK é assistir a jogos de 
futebol no campo do Comercial Futebol Clube (time amador da cidade) localizado 
entre o JK e o Jardim América ou ficar perambulando a noite pela praça Monte 
Castelo (Praça do Mercado), que é o local onde eles tem acesso a cultura e lazer 
quando nesse local ocorre algum show aberto ao público. 
Quando perguntados se sentem-se discriminados por morar no JK, 75% 
dos moradores ouvidos responderam que não, quanto a importância dos moradores 
e do setor para a cidade 91,7% disseram que o setor e os moradores são importantes 
sendo que em 41,7% dos casos disseram que essa importância está relacionada ao 
desenvolvimento econômico e social da cidade e 58% não souberam dizer de que 
forma. 
O fato da maioria dos entrevistados não se sentirem discriminados pode 
ser entendido por fatores relacionados a história do surgimento do JK e a área que 
ele ocupou. Pelo setor ter sido criado por trabalhadores (ao contrário das outras37 
invasões da cidade) não se constituiu no inconsciente coletivo, dos moradores da 
cidade, uma imagem negativa dos habitantes do JK não sendo visto como uma área 
desvalorizada para o mercado imobiliário, mesmo sendo ela relacionada ao Centro 
Tradicional. 
O que explica quase a totalidade dos entrevistados dizerem-se importantes 
para a cidade é a visão que eles tem de si próprios enquanto participantes da 
economia local, uma vez que 50% declararam trabalhar em estabelecimentos 
localizados no Centro. Já o cenário que mostra a maioria não sabendo dizer de que 
forma contribuem para a cidade é reflexo da segregação que une os outros 50% que 
são representados pelos que trabalham em outra cidade, no bairro ou não trabalham 
com o pequeno percentual que se sente discriminado, formando a maioria. 
Ao serem questionados sobre o que falta no setor, uma pequena maioria 
citou a unidade básica de saúde, seguida por local de lazer e escola. Isso se dá pela 
distância que tem de ser percorrida para que se possa receber atendimento médico, 
o que é penoso para uma pessoa doente já que não há transporte coletivo e o 
alternativo (moto-táxi) não é adequado a pessoas enferma e com renda reduzida. 
Lembrando que o setor não conta com nenhum desses equipamentos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 38 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 
Para justificar a escolha do setor JK façamos uma reflexão sobre esse 
trabalho, desse modo pode-se observar que a ocorrência da segregação 
socioespacial está presente nas diferentes escalas, de uma metrópole à um bairro 
minúsculo de uma cidade como Morrinhos que não chega a 40.000 habitantes e só 
um olhar geográfico possui todos os atributos necessários para que se fizesse tal 
análise como destacado por Cavalcanti (2001, p. 17): “Aliás, considero que essa 
problemática da produção de diferentes lugares na cidade, sua caracterização, sua 
identificação é particularmente geográfica”. 
Diante do exposto o setor JK sem dúvida é um fruto da segregação 
socioespacial, desde o seu surgimento, passando pela sua estruturação até a 
situação atual. 
Deve-se mencionar que a principal dificuldade encontrada para a 
realização desse trabalho residiu na inexistência ou inacessibilidade de documentos 
que contenham a história do surgimento e do desenvolvimento do setor JK, tendo em 
vista que se criou um “jogo de empurra” nos órgãos oficiais quando procurados para 
que se coleta-se dados sobre o setor. 
Ao ser procurado o IBGE, em sua sede regional localizada em Morrinhos, 
não forneceu qualquer informação indicando a Prefeitura Municipal como provável 
fonte de dados, o que não ocorreu. Na Prefeitura indicaram a Secretaria de 
Planejamento, a qual teve diversos setores visitados até que se chegasse a 
Superintendência de Infra-estrutura Pública, onde se encerrou a tentativa de se obter 
dados sobre o Setor junto a Prefeitura. 
Os cartórios ao serem acionados disseram desconhecer a situação legal 
do setor JK. Essa situação não surpreendeu pois Villaça (2001, p. 226) já havia dito: 
[...] impressionante é o esforço e o empenho da sociedade em “fazer” a 
história dos bairros ricos, em chocante contraste com a total negligência e 
pouco-caso para com a história dos bairros populares. 
Até o encerramento desse trabalho não havia qualquer ação do Poder 
Público, em curso ou com previsão de ser iniciada, que contemplasse o setor JK, 
deixando claro que o descaso que segrega não tem previsão de ser interrompido. 
Em relação ao espaço físico do Setor, para reduzir os efeitos da segregação 
as medidas que aparentam ter maior viabilidade são a inclusão dos moradores no 
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programa “Cheque reforma”, para que adeqüem suas residências a condições mais 
confortáveis. 
Sugere-se também instalação de rede de esgoto em todas a ruas para 
atender todas as casas, de águas pluviais nas vias que necessitem e a substituição 
do calçamento escuro por paralelepípedos de concreto que são mais claros e de 
forma regular propiciando uma menor absorção de luz e conseqüente redução da 
radiação de calor e uma melhor estética a o Setor que não possui praças nem jardins. 
Outra ação recomendada seria a destinação da área ao lado do setor JK para 
a construção de uma unidade básica de saúde, um local para recreação de crianças 
e a construção de um salão comunitário onde devem ser ministrados cursos 
profissionalizantes (corte e costura, informática, confecção de bijuteria etc) para que 
os moradores pudessem ter alternativas que ajudassem a melhorar sua renda. 
Um programa habitacional gerido por representantes da sociedade civil 
organizada e agentes do poder público constituído por lei municipal, para que 
sobreviva a mandatos políticos, é outra ação que se apresenta como necessária para 
coibir a ação desprovida de responsabilidade sobre o espaço urbano. 
Em resumo a alternativa para minimizar os efeitos da segregação 
socioespacial seria uma mine reforma urbana. 
Assim conclui-se que, atualmente a segregação socioespacial não pode ser 
extinta somente enfraquecida pelo combate as suas causas e efeitos, o que é feito 
pelo respeito aos direitos das pessoas e o cumprimento de seus deveres fazendo 
com que as pessoas deixem de ser povo e tornem-se cidadãos. Com isso mudaria-
se não somente a cidade mas também a sociedade pois “o espaço que nos interessa 
é o espaço humano ou espaço social” (SANTOS, 2002 p. 151). 
Queremos que a discussão de tema não se encerra com esse trabalho, 
havendo muito ainda o que ser trabalhado, uma vez que somente arranhou-se a 
superfície de um tema que carece de uma investigação demorada e profunda. 
 
 
 
 
 
 
 
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