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Atendimento Inicial ao Politraumatizado Prof. Aloísia Pimentel • "Trauma é uma doença negligenciada na sociedade moderna..." CHAWDA, M. N. (2006) Trauma = doença do século XXI Politraumatizado • Pacientes que apresentam duas ou mais lesões traumáticas que necessitem de internação hospitalar para o tratamento de cada uma delas. • Assistência inicial deve ser realizada imediatamente à chegada na emergência por uma equipe multiprofissional capacitados, evitando agravamento das lesões. Introdução • O número de pacientes vítimas de trauma é maior que por outras causas • A chance de sobrevivência de um paciente traumatizado que recebe tratamento é provavelmente maior que a de outros tipos de pacientes • 20-30% das mortes ainda ocorrem por falta de melhor integração entre o pré-hospitalar e hospitalar Epidemiologia • 1 causa de morte entre 1 e 44 anos • 2 causa de morte geral no Brasil • 80% de causa das mortes em adolescentes • 60% de causa das mortes em crianças • 7 causa de morte nos idosos • Superado por câncer e aterosclerose apenas na 5 década de vida Números • Fraturas em membros: presentes em 37,5% das internações por trauma • Lesões de SNC: causa de 50% das mortes associadas por trauma • Trauma torácico: causa de 25% das mortes por trauma • Mortalidade por lesões penetrantes em região cervical: - 1 a 2% por objetos cortantes - 5 a 12% por FA ATLS Distribuição trimodal de óbitos: • 1º pico segundos a minutos do trauma (ex: lesão aorta, coração, gdes vasos). • 2º pico minutos a várias horas do trauma (ex: ruptura de baço, fígado, fraturas pélvicas). • 3º pico dias a semanas do trauma. ATLS, 2010 Emergência Traumatológica • Definições: - Atendimento Pré-Hospitalar - Resgate - Primeiros-socorros - “Hora de ouro” Emergência Traumatológica Tempo resposta: tempo consumido entre o acionamento da viatura para o atendimento até a chegada no local do acidente. Variação internacional de 6,4 a 8,0 minutos. Tempo de cena: tempo consumido desde à chegada ao local e realização do atendimento até a saída da cena para o hospital de destino. Variação internacional de 10,3 a 23 minutos. Tempo de desencarceramento: tempo consumido para a realização de procedimentos de retirada das ferragens. Emergência Traumatológica Tempo de transporte: tempo consumido desde a saída da cena até a chegada ao hospital de destino: Variação internacional entre 7,7 e 16 minutos. Tempo total: tempo consumido desde o acionamento até a chegada no hospital de destino. Valores internacionais entre 36 e 35 minutos. CINEMÁTICA DO TRAUMA “A HISTÓRIA ACURADA DO TRAUMATISMO ALIADA A UMA INTERPRETAÇÃO CORRETA PODE PREDIZER ATÉ 90% DAS LESÕES DAS VÍTIMAS DE TRAUMA ANTES MESMO DO SOCORRISTA EXAMINÁ-LAS.” PHTLS, 2012 CINEMÁTICA DO TRAUMA O desconhecimento da cinemática do trauma leva o socorrista a julgar o dano apenas pelo que é possível ser identificado externamente, lesões óbvias. PHTLS, 2012 CINEMÁTICA DO TRAUMA É preciso sempre se suspeitar das lesões precocemente, identificando-as e tratando-as em tempo hábil CINEMÁTICA DO TRAUMA CINEMÁTICA DO TRAUMA 1o. Lei de NEWTON – O ponto material isolado está em repouso ou em movimento retilíneo uniforme (Princípio de Inércia) 2o. Lei de Newton – A força resultante é o produto de sua massa pela aceleração adquirida. F= Massa(kg) x Aceleração (m/s)2 3o. Lei de Newton – Interação entre corpos é regida pelo princípio da Ação e reação LEI DE CONSERVAÇÃO DA ENERGIA – A energia não pode ser criada ou destruída, mas transformada. CINEMÁTICA DO TRAUMA Formas de dissipar energia Trauma fechado – A energia do objeto é distribuída numa área maior do corpo (podendo não penetrá-lo), lesão menos localizada. Trauma penetrante – A energia do objeto está concentrada numa pequena área do corpo (projétil), lesão localizada de trajeto definido. CINEMÁTICA DO TRAUMA Exame da cena • Deformidade do veículo • Deformidade das estruturas internas • Lesões das vítimas CINEMÁTICA DO TRAUMA: Mecanismos de Trauma Acidentes Automobilísticos Quedas Ferimentos por arma de fogo e por arma branca Afogamento Queimaduras Intoxicações MECANISMOS DE TRAUMA Acidentes Automobilísticos Colisão Frontal • Colisão da máquina • Colisão do corpo • Colisão de órgãos MECANISMOS DE TRAUMA Colisão Momento um: “Colisão da Máquina” MECANISMOS DE TRAUMA Colisão Momento dois: “Colisão do corpo” Momento três: “Colisão de órgãos” Impacto frontal: Impacto na direção e no para-brisa MECANISMOS DE TRAUMA Impacto frontal Fratura de fêmur com luxação de quadril Impacto sobre a tíbia com lesão de poplítea MECANISMOS DETRAUMA MECANISMOS DE TRAUMA Impacto lateral Lesão causada pelo movimento do carro Projeção da porta sobre a vítima MECANISMOS DE TRAUMA Impacto lateral Ombros, clavículas Lesão de fígado ou baço Fraturas de fêmur e bacia Impacto rotacional Combinação de lesões de impacto frontal e lateral MECANISMOS DE TRAUMA Impacto posterior Efeito de “disparo do gatilho” no objeto atingindo Hiper-extensão da coluna cervical MECANISMOS DE TRAUMA Capotamento Impossível saber que tipo de lesões ocorreram MECANISMOS DE TRAUMA MECANISMOS DE TRAUMA Lesões causadas por uso inadequado de equipamento de segurança MECANISMOS DE TRAUMA Colisões com motocicletas: Ejeção, Impacto angular, Impacto frontal MECANISMOS DE TRAUMA Atropelamentos – Adultos Primeiro impacto nos MMII e quadril Tronco rola sobre o carro Vítima cai do carro no asfalto, geralmente com a cabeça MECANISMOS DE TRAUMA Atropelamentos – Crianças Crianças são menores com impacto no tronco ou quadril Segundo impacto é geralmente no tórax, face e crânio Pode ficar em baixo do veículo Esmagamento de membros Atropelamento MECANISMOS DE TRAUMA Quedas Altura da queda Em que superfície a vítima caiu A superfície foi capaz de absorver o impacto da queda Que parte do corpo sofreu o primeiro impacto MECANISMOS DE TRAUMA Explosões Lesões: primária, secundária, terciária Distância da vítima em relação a explosão MECANISMOS DE TRAUMA Ferimentos penetrantes Ferimento por Arma de Fogo Ferimento por Arma Branca MECANISMOS DE TRAUMA Lesões por Arma Branca Tipo de arma Posição do agressor Altura do agressor Trajeto MECANISMOS DE TRAUMA Lesões por arma de fogo Tipo de arma e projétil Distância do atirador Trajeto e angulação MECANISMOS DE TRAUMA Arma de fogo Orifício de entrada e saída Distância do atirador Regras de Sobrevivência • Estacionar a distância segura • Sinalizar a cena • Estabilizaros veículos • Isolar e evacuar a área • Cuidados com outros veículos Regras de Sobrevivência • Indicar responsável • Observar o risco • Usar sempre EPI • Acionar ajuda (SN) • Não descuidar da segurança Prevenção do Trauma • Propicia informar para mudar a atitude da sociedade Abordagem sistematizada-Avaliação inicial inclui: Reconhecimento das FASES Triagem Exame primário: ABCDE do trauma Tratamento Exame secundário Transporte Triagem A triagem é a classificação dos pacientes de acordo com o tipo de tratamento necessário e os recursos disponíveis Triagem • Se o número de vítimas e gravidade não ultrapassam os recursos , tratar primeiro as vítimas graves • BASEADO NO ABC • Se o número de vítimas e gravidade ultrapassam os recursos , tratar primeiro as vítimas com maior chance de sobrevida ATENDIMENTO INICIAL • Objetivos • Identificar situações de risco • Iniciar o suporte básico de vida • Acionar tratamento definitivo A - Via Aérea com controle cervical B - Respiração e Ventilação C - Circulação e controle de hemorragias D - Déficit Neurológico E - Exposição com controle de ambiente IDENTIFICAR E TRATAR SITUAÇÕES DE RISCO DE VIDA AVALIAÇÃO PRIMÁRIA A - Via Aérea com controle cervical • Procurar por Sinais de Obstrução • Ver, Ouvir e Sentir ---- Conversar • Considerar portador de Lesão Cervical • trauma multissistêmico • alteração nível de consciência • trauma acima da clavícula • Aspiração/ retirada de corpo estranho AVALIAÇÃO PRIMÁRIA Máscara de O2 • Desobstruir boca e orofaringe com estabilização da coluna cervical; • Aspiração com catéter de ponta rígida; ASPIRAÇÃO 1) Técnicas Básicas de Manutenção das Vias Aéreas • Elevação do mento – chin lift • Tração da mandíbula – jaw thrust • Cânula orofaríngea • Cânula nasofaríngea AVALIAÇÃO PRIMÁRIA A - Via Aérea com controle cervical Chin Lift ( Elevação do Mento) • Com a tração anterior do queixo, a base da língua afasta-se da hipofaringe. • Apreensão do queixo com o indicador e polegar, procedendo sua tração ou apoiando-se os dedos atrás do incisivos inferiores para efetuar a tração e elevação da mandíbula Jaw Thrust ( Deslocamento Anterior da Mandíbula) Apoiando-se a mandíbula de cada lado no ângulo , a mesma é deslocada para a frente, desobstruindo a hipofaringe Manobra de Jaw Trust Abertura de via aérea com cânula oral AVALIAÇÃO PRIMÁRIA Abertura de via aérea com cânula nasofaríngea AVALIAÇÃO PRIMÁRIA 2) Técnicas Avançadas de Manutenção de Vias Aéreas • Intubação orotraqueal • Intubação nasotraqueal • Cricotireoidostomia p/ punção • Cricotireoidostomia cirúrgica AVALIAÇÃO PRIMÁRIA A - Via Aérea com controle cervical 2.1) Indicações de Suporte Avançado de Vias Aéreas: • Inconsciência • Fratura maxilo-facial grave • Risco de aspiração • Risco de obstrução • Apnéia • Movimentos respiratórios inadequados • TCE grave (ECGlaw < 8) AVALIAÇÃO PRIMÁRIA A - Via Aérea com controle cervical Suporte Avançado de Abertura das Vias Aéreas: intubação endotraqueal Instrumento Necessário: Laringoscópio Instrumento Necessário: AMBU (Airway Maintenance Breathing Unit) INTUBAÇÃO ENDOTRAQUEAL TÉCNICA INTUBAÇÃO ENDOTRAQUEAL TÉCNICA LUVAS ESTÉREIS! INTUBAÇÃO ENDOTRAQUEAL Confirmação do posicionamento do tubo Visibilização direta Movimentos respiratórios Ruídos respiratórios Capnografia Teste químico Condensação no tubo Escape de ar Oximetria de pulso Refluxo conteúdo gástrico Radiografia INTUBAÇÃO SELETIVA traquéia brônquio principal esquerdo brônquio principal direito AVALIAÇÃO PRIMÁRIA Intubação às Cegas: máscara laríngea Intubação às cegas com o combitube não é mais indicado! Via área difícil: intubação retrógrada Via aérea cirúrgica: cricotireoidostomia por punção Via aérea cirúrgica: cricotireoidostomia cirúrgica AVALIAÇÃO PRIMÁRIA AVALIAÇÃO PRIMÁRIA • Exposição do Tórax • Inspeção • Palpação • Percussão • Ausculta AVALIAÇÃO PRIMÁRIA B – Respiração e Ventilação Oxímetro de pulso B - RESPIRAÇÃO Vias aéreas pérvias somente não garante ventilação adequada Boa ventilação envolve: funcionamento adequado dos pulmões parede torácica músculo diafragma O tórax deve ser: exposto, inspeção visual, percussão, palpação, ausculta Sinais objetivos de obstrução das vias aéreas OLHE: agitação, torporoso cianose, tiragem intercostal uso da musculatura acessória ESCUTE: ruídos aéreos anormais respiração ruidosa significa obstrução SINTA: movimento do ar durante o esforço respiratório B – Respiração e Ventilação Condições Ameaçadoras da Vida • Pneumotórax Hipertensivo • Hemotórax Maciço • Pneumotórax Aberto • Tórax Instável / Contusão Pulmonar • Tamponamento Cardíaco Tratar AVALIAÇÃO PRIMÁRIA B – Respiração e Ventilação Tratamento das vias aéreas Causa mais rápida de morte devido o não suprimento de sangue oxigenado Via aérea tem que estar protegida e desobstruída Oxigênio suplementar 15 litros/min OU... Ventilação Mecânica Invasiva • Hemorragia é a principal causa de morte pós-traumática evitável • Hipotensão pós-trauma deve ser considerada de etiologia hemorrágica até que se prove o contrário AVALIAÇÃO PRIMÁRIA C – Circulação com controle da hemorragia C-CIRCULACÃO COM CONTROLE DA HEMORRAGIA Objetivos: Correção da volemia Controle das hemorragias aparentes • Nível consciência • Cor da pele • Perfusão capilar • Pulso / PA O que fazer? AVALIAÇÃO PRIMÁRIA C – Circulação com controle da hemorragia Avaliação NÍVEL DE CONSCIÊNCIA –AGITAÇÃO COLORAÇÃO DA PELE – ACINZENTADA/PALIDEZ enchimento capilar < 2 segundos PULSO FINO, AUSENTE Pressão Arterial Média < 80 mmHg C – Circulação com controle da hemorragia • Garantir dois acessos venosos para infusão de líquidos, se dificuldade de punção venosa: punção intra-óssea! • Quais líquidos? Até quanto podemos infudir? C- circulação CONTROLE DA HEMORRAGIA • Externa : Compressão • Interna: Intervenção cirúrgica • Garrotes e torniquetes = NÃO ? AVALIAÇÃO PRIMÁRIA C – Circulação com controle da hemorragia • A – Alerta V - Estímulos Verbais D – Dor I – Inconsciente • Escala de Coma Glasgow (ECGlaw) • Exame Pupilar AVALIAÇÃO PRIMÁRIA D – Exame Neurológico (disfunção) ABOLIDO! Escala de Coma de Glasgow Avaliação Pontuação 1. Abertura ocular Espontânea 4 pontos Por Estimulo Verbal 3 pontos Por Estimulo A Dor 2 pontos Sem Resposta 1 ponto 2. Resposta verbal Orientado 5 pontos Confuso (Mas ainda responde) 4 pontos Resposta Inapropriada 3 pontos Sons Incompreensíveis 2 pontos Sem Resposta 1 ponto 3. Resposta motora Obedece Ordens 6 pontos Localiza Dor 5 pontos Reage a dor mas não localiza 4 pontosFlexão anormal – Decorticação 3 pontos Extensão anormal - Decerebração 2 pontos Sem Resposta 1 ponto Avaliação Pupilar Rebaixamento Nível Consciência • Oxigenação/ perfusão cerebral • Álcool e drogas AVALIAÇÃO PRIMÁRIA D – Exame Neurológico • Despir paciente • Aquecer paciente • Aquecer ambiente • Infusão de soluções aquecidas AVALIAÇÃO PRIMÁRIA E – Exposição com controle do ambiente Avaliação da vítima Atendimento Inicial • Escala de gravidade - Crítico - Instável - Potencialmente Instável - Estável • Rever o ABCD • Considerar Transferência • Medidas de reanimação iniciadas • Certificar normalização dos dados vitais AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA • Exame físico detalhado da cabeça aos pés • “Dedos e tubos em todos os orifícios” • Exames complementares AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA História • A – Alergia • M – Medicamentos • P - Passado/Prenhez • L - Líquidos/Alimentação • A - Ambiente (mecanismo) AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA • Lacerações, contusões e fraturas • Olhos/ acuidade visual • Otorragia AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA Cabeça • Traumatismos maxilo-faciais • Tratamento postergado AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA Face • Lesão de coluna cervical • Inspeção, palpação e ausculta • Ferimentos penetrantes AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA Coluna cervical e Pescoço • Inspeção, palpação e ausculta • Idosos - Rápida Evolução • Crianças - Ausência Lesões Externas AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA Tórax • Inspeção, percussão, palpação e ausculta • Alto Índice de Suspeição • Considerar LPD, US, TC, uretrocistografia AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA Abdome • Contusões, hematomas, lacerações, sangramento uretral e priapismo • Toque retal/ vaginal AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA Períneo/Reto/Vagina • Inspeção: Deformidade, coloração, posição, e ferimentos • Palpação : Crepitação, dor • Pulsos periféricos AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA Extremidades e Dorso • Avaliação sensorial e motora • Escala de Coma Glasgow • Pupilas • Proteção da Medula (exame da coluna) AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA Sistema Nervoso REANIMAÇÃO Tratamento de todas as lesões potencialmente fatais, à medida que são identificadas. Transportar com segurança, reavaliando continuamente: A, B, C, D , E REAVALIAÇÃO • Novos Achados – Melhorou /Piorou • Alto Índice de suspeição • Monitorização Contínua • Alívio da dor TRATAMENTO DEFINITIVO • Centro de Trauma • Hospital apropriado mais perto REGISTROS E ASPECTOS LEGAIS • Documentação precisa e cronológica • Consentimento para o tratamento • OBRIGADA! • aloisiap@hotmail.com
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