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Prática Profissional e Interdisciplinariedade

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Professora Ms. Amanda Boza Gonçalves
EspEcialização Em GEstão social, políticas públicas, 
REdEs E dEfEsa dE diREitos
 PRÁTICA PROFISSIONAL E INTERDISCIPLINARIDADE
UNOPAR - Londrina
SEPC - Sistema de Ensino Presencial Conectado
Rua Tietê, 1208 - Vila Nova
86025-230 - Londrina - PR
Tel: (43) 3371-7461 / 3371-7416
Fax: (43) 3371-7459
Universidade Responsável:
UNOPAR - UNIVERSIDADE NORTE DO PARANÁ
SEPC - Sistema de Ensino Presencial Conectado
Chanceler Prof. Marco Antonio Laffranchi
Reitora Profa. Wilma Jandre Mello
Pro-Reitora de EAD Profa. Elisa Maria Assis
Especialização em Gestão Social, Políticas Públicas, Redes e Defesa de Direitos
Coordenador: Prof. Rodrigo Zambon
Diagramação:
Melissa Zuan 
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Professora Ms. Amanda Boza Gonçalves
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REdEs E dEfEsa dE diREitos
 PRÁTICA PROFISSIONAL E INTERDISCIPLINARIDADE
1 A PRÁTICA SOCIAL E A PRÁTICA PROFISSIONAL 
Quando pensamos no termo prática profissional logo nos vem em mente “o que o profissional 
faz”. Parece-nos uma definição simplista, entretanto carregada de conceitos. À guisa de introdução, 
parafraseamos Gentilli (2006) no que se refere à temática. Segundo ela, na prática é “constituído o universo 
simbólico profissional, pelo qual são exteriorizadas, objetivadas e legitimadas as atitudes, as condutas e 
as ações” do profissional, se expressa por meio de “referências a valores ideológicos veiculados” pelas 
categorias profissionais. É na prática que se expressa o modo de ser da profissão. 
Karl Marx, na concepção “novo humanismo”, afirma que o homem precisa produzir as condições de 
sua existência por meio do trabalho. O princípio básico de Marx está no materialismo histórico, o qual tem 
o trabalho como seu fundamento. O trabalho é algo de existência natural, considerando que o homem 
tem capacidades físicas e intelectuais para exercer determinadas ações. O trabalho é visto como prática 
na transformação da natureza. Assim, trabalho é a natureza humanizada, constituinte, originária do ser 
social, a objetivação da natureza, o trabalho é a possibilidade de afirmação do gênero humano. Nesse 
contexto, a força de trabalho se torna uma mercadoria, que é vendida pela remuneração mensal.
O trabalhador torna-se tanto mais pobre quanto mais riqueza produz, quanto mais a sua produção aumenta em 
poder e em extensão. O trabalhador torna-se uma mercadoria tanto mais barata, quanto maior o número de bens 
produz. Com a valorização do mundo das coisas aumenta em proporção direta a desvalorização do mundo dos 
homens. O trabalho não produz apenas mercadorias; produz-se também a si mesmo e ao trabalhador como uma 
mercadoria, e justamente na mesma proporção com que produz bens. Semelhante facto implica apenas que o 
objeto produzido pelo trabalho, o seu produto, se lhe opõe como ser estranho, como um poder independente do 
produtor. O produto do trabalho é o trabalho que se fixou num objeto, que se transformou em coisa física, é a 
objetivação do trabalho. A realização do trabalho aparece na esfera da economia política como desrealização do 
trabalhador, a objetivação como perda e servidão ao objeto, a apropriação como alienação (MARX, 2002, p. 111).
 
Para Marx, a lei fundamental de transformação de uma sociedade está vinculada ao desenvolvimento 
das suas forças produtivas, e é na expansão dessas forças que se encontram as relações de propriedade, 
a distribuição de renda entre os homens e as classes sociais.
A prática profissional aponta os caminhos da legitimidade de cada profissão, ou seja, o reconhecimento 
de que essa profissão apresenta respostas às demandas. Elencamos, dessa forma, três dimensões que 
compõem o todo da prática profissional.
A dimensão teórico-metodológica é definida como o modo pelo qual damos significado aos fenômenos 
vinculados à profissão. É necessário um intenso rigor teórico-metodológico a fim de que o profissional 
enxergue a dinâmica da sociedade para além dos fenômenos aparentes, buscando apreender sua 
essência, seu movimento e as possibilidades de construção de novas possibilidades profissionais. Tal 
perspectiva direciona a ampliação da visão acerca do movimento das classes sociais e do Estado, bem 
como suas relações com a sociedade, pois a atual conjuntura, ou até mesmo a construção histórica da 
realidade, não se configura como um pano de fundo da prática profissional; muito pelo contrário, ela faz 
parte da teia que tece o cotidiano profissional, afetando diretamente a sua demanda. 
Na dimensão ético-política, entendemos que o profissional em sua prática social não deve ser 
neutro, mas sim ter um posicionamento político frente às questões sociais, para que possa ter clareza 
de qual é a direção a ser tomada na sua prática. Além disso, ressaltamos algumas orientações que as 
próprias categorias profissionais constroem, como é o caso do Código de Ética dos Assistentes Sociais 
ou psicólogos, ou o Projeto Ético-político do Serviço Social, por exemplo. Trata-se de aspectos valorativos 
que dão um norte à prática profissional e que expressam o compromisso dos profissionais com a defesa 
dos direitos da população, da efetiva cidadania e justiça social, de uma democracia participativa e não 
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somente representativa. Em suma, busca alcançar uma sociedade mais justa e igualitária.
A dimensão técnico-operativa significa ter conhecimento e se apropriar de um conjunto de habilidades 
técnicas que permitam desenvolver as suas atribuições profissionais. Isso garante um desempenho 
qualificado na instituição empregadora, por responder coerentemente às demandas postas no mercado 
de trabalho. 
Neste prisma, nenhuma das dimensões deve ser desenvolvida separadamente para que a prática 
profissional não se torne fragmentada, neutra e vazia de aspectos teóricos e operativos. Toda prática 
deve estar aliada a uma teoria, para que se construa uma prática reinventada, uma práxis.
 
 PRÁTICA + TEORIA = PRÁXIS 
A prática é tudo o que o ser humano faz, nenhuma prática é neutra. A teoria é a abstração mental, 
ou seja, a prática na sua dimensão abstrata. A práxis, por sua vez, é a reunião da prática com a teoria. A 
partir do momento que aliamos esses dois conceitos, temos a catarse, enquanto passagem de um nível 
menor para um nível maior de conhecimento. “Aquilo que eu sabia, agora continuo sabendo de uma forma 
melhor”. Olhar para lado que já se conhecia, entretanto, após o aprendizado, ter um olhar diferenciado. 
É diante desse contexto que situamos a prática social às nossas discussões, que nada mais é do 
que o saber acumulado pelo ser humano de sua história. Segundo Triviños (2006, p. 122), “a práxis, ou 
a prática social é a unidade da teoria e da prática. É o mundo material social elaborado e organizado 
pelo ser humano no desenvolvimento de sua existência como ser racional”. O mundo material social está 
em constante processo de movimento para organização ou reorganização. Os seres humanos, grupos, 
indivíduos ou classes sociais, enquanto seres sociais realizam atividades práticas de transformação da 
natureza, da sociedade.
É evidente que existem teorias específicas que não tem a mesma relação com a atividade prática. Mas, não es-
queçamos que estamos a falar neste momento das relações entre teoria e prática no transcurso de um processo 
histórico-social que tem seu lado teórico e o seu lado prático. Na verdade, a história da teoria (do saber humano no 
seu conjunto) e da práxis (das atividades práticas do homem) são abstrações de uma única e verdadeira história: 
a história humana. É uma prova de mecanismo dividir abstratamente essa história em duas, e depois tratar de 
encontrar uma relação direta e imediata entre um segmento
teórico e um segmento prático. Esta relação não é 
direta, estabelecendo-se através de um processo complexo em que umas vezes se transita da prática para a teoria 
e outras desta para a prática (VASQUEZ, 1980, p. 40).
Podemos entender a teoria, conforme Triviños (2006, p. 122), como “um conjunto de conceitos 
sistematicamente organizado e que reflete a realidade dos fenômenos materiais sobre a qual foi construída 
e que serve para descrever, interpretar, explicar e compreender o mundo objetivo”. O autor afirma que se 
trata do mais alto nível de conceitos que o ser humano pode alcançar para explicar a vida social. Além 
disso, o autor assinala que, cotidianamente, o ser humano não precisa recorrer à busca do conhecimento 
referente à essência dos fenômenos materiais, pois basta apoiar-se nas suas percepções pré-adquiridas, 
que já são fruto das suas experiências. Por exemplo, o homem não precisa conhecer a essência da 
água para eliminar a sede, ou, não precisa conhecer a essência da caneta para saber que ela pode ser 
utilizada como um instrumento para a escrita. 
Em que pese sobre outros fenômenos de maior complexidade, é necessário desenvolver esse olhar 
diferenciado na esfera do cotidiano, pois o mesmo pode conter “armadilhas” em sua interpretação. Isto é, 
o profissional trabalha diretamente com o sujeito e suas situações singulares; a princípio cada situação 
posta pelo usuário dos serviços pode, em um primeiro momento, parecer algo singular, pertencente 
somente à sua realidade, todavia, nem tudo o que parece ser singular a uma determinada pessoa, 
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realmente é. A sociedade é uma totalidade, estamos imersos em uma dimensão social e, portanto, não 
podemos considerar as situações isoladamente, somente em sua particularidade. Ambas as dimensões 
(singularidade e universalidade) devem ser analisadas. Proceder com essa análise não é uma tarefa muito 
fácil. É necessário buscar um conhecimento teórico sobre a organização, em um dado tempo histórico, das 
relações sociais fundamentais da sociedade. É oportuno lembrar que nesse caso, o conhecimento em seu 
“senso comum” é importante, todavia ele pode maquiar determinada realidade/fenômeno social, causando 
armadilhas para esse processo. Quando estabelecemos o comparativo analítico da universalidade com 
questões da singularidade, consequentemente entendemos as particularidades de determinadas questões.
Outro ponto importante a ser destacado quando falamos em prática profissional se refere a um item 
integrante e fundamental dessa ação: a sistematização da prática. Ela é importante para os trabalhadores 
da área social porque faz com que o cotidiano se transforme em objeto de reflexão. Conforme o Centro 
Latinoamericano de Trabajo Social, sistematizar a prática significa organizar toda a dimensão teórico-
metodológica e técnico-operativa da profissão.
O passo inicial a se pensar, quando se começa essa sistematização, é: Qual é a minha concepção da 
profissão na qual atuo? Quais são os referenciais teóricos que me baseio para análise da realidade? Qual 
a metodologia de trabalho utilizada? Estabeleço algumas estratégias para minha atuação? Qual é o meu 
objeto de ação no campo cotidiano? Como faço a avaliação dos resultados obtidos com meu trabalho?
Segundo Netto (1989), a sistematização da prática otimiza não somente o trabalho profissional, por 
organizar e generalizar a experiência, fixando procedimento, como também desenvolve teoricamente a 
análise do objeto estabelecido. 
Algumas disciplinas de atuação da área social trabalham cotidianamente com dados muito ricos para 
análise, que, se forem devidamente “aproveitados” e problematizados, podem servir de base para novas 
propostas de atuação profissional, bem como novas propostas de políticas sociais. Entretanto, depende 
muito da posição, postura crítica, investigativa, disponibilidade e vontade do profissional investigador. 
Vale registrar que tal ação colabora com um crescimento exponencial individual do aparato teórico de 
cada profissão, o que, por sua vez, contribui com o desenvolvimento profissional de cada um, aumentando 
a empregabilidade. Além disso, a partir da sistematização o profissional pode identificar a necessidade de 
reordenar algumas ações, a fim de torná-las mais eficientes e eficazes. Um exemplo dessa reflexão é a 
análise acerca dos instrumentos utilizados para o trabalho, eles podem ser avaliados para compreender 
em que medida a utilização dos mesmos está sendo válida e a possibilidade de utilização de novos 
instrumentos e técnicas. O conjunto dessas ações pode fazer com que o profissional caminhe para a 
superação da alienação, tangível ao trabalho em alguns momentos.
Outro fator a ser destacado é a socialização das experiências profissionais. Quanto mais avaliarmos a 
nossa prática profissional, por meio de instrumentos solidamente construídos, mais possibilidade teremos 
de socializar as nossas experiências profissionais, tanto no interior da própria categoria, como também 
para outras áreas, buscando assim alcançar um patamar de discussão e reflexão capaz de amadurecer 
teoricamente cada área.
Ademais, sistematizar a prática profissional não significa que a profissão estará “salva” de atitudes 
equivocadas, mas sim que terá, documental e teoricamente, um respaldo maior para suas ações, 
reafirmando o caráter crítico-investigativo de cada um. Trata-se de uma ação profissional que favorece 
a análise sobre as respostas profissionais que damos ao objeto de cada instituição e a execução de 
determinadas políticas sociais. 
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2 A INTERDICIPLINARIDADE
2.1 – INTERDISCIPLINARIDADE: CONCEITO E PERCURSO HISTÓRICO
A discussão acerca da interdisciplinaridade não é algo novo. A partir do final da década de 1960, 
na Europa, com a insurgência dos movimentos estudantis reivindicando um novo aspecto formativo por 
parte das universidades e das escolas, a interdisciplinaridade se tornou alvo de pesquisas e debates não 
somente no meio acadêmico, como também no mundo do trabalho. 
Segundo Fazenda (1994, p. 19):
Esse posicionamento nasceu como oposição a todo o conhecimento que privilegiava o capitalismo epistemológico 
de certas ciências, como oposição a alienação da Academia às questões da cotidianidade, às organizações cur-
riculares que evidenciavam a excessiva especialização e a toda e qualquer proposta de conhecimento que incitava 
o olhar do aluno numa única, restrita e limitada direção, a uma patologia do saber. 
Desde então, muitos debates acerca dessa temática se propagaram; alguns com rigor teórico 
metodológico e outros não. 
Mas o que é interdisciplinaridade? Fazenda (1994) argumenta que “é impossível a construção de 
uma única, absoluta e geral teoria da interdisciplinaridade”, entretanto, é importante fazermos um resgate 
do percurso teórico que fundamentou as principais teorias e definições existentes hoje.
Em 1969, o Centro para a Pesquisa e Inovação do Ensino (CERI), vinculado à Organização para 
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCE), produziu um relatório referente aos programas de 
estudos da universidade, e identificou que faltava uma melhor definição terminológica para a categoria 
interdisciplinaridade. 
Podemos afirmar que a década de 1970 foi crucial para a construção epistemológica da 
interdisciplinaridade. Georges Gusdorf foi um dos principais precursores dos estudos sobre esse tema, e 
escolheu a totalidade enquanto uma categoria de reflexão para essa perspectiva. O referido pesquisador 
apresentou uma proposta de pesquisa interdisciplinar à UNESCO, cujo trabalho foi desenvolvido
e 
publicado posteriormente. 
Com esse estudo, a pretensão seria o levantamento de questões para a construção das ciências do amanhã, no 
dizer de Levi Strauss ou conforme o que dizia Piaget na ocasião: das ciências em movimento, em ação, aquelas 
que realmente se exerciam (FAZENDA, 1994, p. 20).
Conforme Japiassú (1976), nessa mesma década ocorreu o Seminário sobre interdisciplinaridade 
e transdisciplinaridade, que contou com a participação de um grupo de especialistas na área, como 
Jean Piaget e Georges Gusdorf, por exemplo. Esse e os demais eventos realizados colaboraram para a 
construção das bases conceituais da interdisciplinaridade, que, por sua vez, não se caracterizaram como 
uma única base conceitual, por não terem chegado a um consenso. Os principais conceitos definidos 
foram o de pluridisciplinaridade, multidisciplinaridade, transdisciplinaridade e interdisciplinaridade (que 
serão abordados adiante). 
Nessa mesma época, as discussões acerca da interdisciplinaridade também chegam ao Brasil, 
com algumas distorções, advindas de teóricos que a definiram sem uma construção teórica conveniente. 
Fazenda (1994) argumenta que a interdisciplinaridade virou “moda” na época. Estava presente no discurso 
de muitas pessoas, principalmente na área da educação. Tornou-se a “semente e o produto das reformas 
educacionais”, nos anos de 1968 a 1971. Entretanto, independente da utilização do termo, houve um 
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significativo avanço dos estudos sobre a interdisciplinaridade, principalmente a partir das análises de 
Hilton Japiassú, com sua obra Interdisciplinaridade e patologia do saber. 
Conforme citado, a década de 1970 foi de extrema relevância para a construção dos percursos 
teóricos sobre a interdisciplinaridade. A década de 1980 continuou perseguindo esse aprofundamento, 
trazendo em seu bojo não somente uma reflexão puramente teórica, mas sim uma reflexão com base 
no que é prático, na realidade cotidiana. Segundo Fazenda (1994), os mais significativos avanços dessa 
época em relação à interdisciplinaridade poderiam ser assim sintetizados:
- A atitude interdisciplinar não seria apenas o resultado de uma simples síntese, mas de sínteses imaginativas
 e audazes.
- Interdisciplinaridade não é categoria de conhecimento, mas de ação.
- A interdisciplinaridade nos conduz a um exercício e conhecimento: o perguntar e o duvidar.
- Entre as disciplinas e a interdisciplinaridade existe uma diferença de categoria.
- Interdisciplinaridade é a arte do tecido que nunca deixa ocorrer o divórcio entre seus elementos, entretanto, de
 um tecido bem trancado e flexível.
- A interdisciplinaridade se desenvolve a partir do desenvolvimento das próprias disciplinas (FAZENDA, 1994, 
 p. 28-29). 
É fundamental assinalar que para compreender os conceitos da interdisciplinaridade, que nos servem 
como base até hoje, devemos ter claro o que acontecia na esfera social na época, mesmo porque as 
definições dos referidos conceitos, foram influenciadas não somente pelos movimentos sociais, como 
também pela crise do capital, em 1970. 
Nessa época, o Estado de Bem Estar Social começa a apresentar seus sinais de esgotamento. As 
primeiras legislações e medidas de proteção social são criadas no final do século XIX, destacando-se a 
Inglaterra como país originário. Em que pese, as medidas de Seguridade Social no sistema capitalista 
se deram claramente a partir do período de Welfare State ou Estado de Bem-Estar Social. Conforme 
Behring (2007), “as políticas sociais vivenciaram forte expansão após s Segunda Guerra Mundial, tendo 
como fator decisivo a intervenção do Estado na regulação das relações sociais e econômicas”.
O Estado de Bem-Estar Social não chegou a ser constituído no Brasil. No período de estruturação 
desse modelo na Europa, o Brasil direcionava os investimentos públicos em meios de desenvolvimento 
como indústrias, geração de energia, transporte, dentre outros. A interferência do Estado em favor do 
desenvolvimento nacional se dava por meio do agenciamento econômico, visando à garantia das formas 
essenciais de acumulação. 
No entanto o Estado de Bem-Estar começou a apresentar sinais de esgotamento devido a uma crise 
estrutural do capital, fazendo com que se apresentasse uma nova forma de acumulação, o capitalismo 
flexível, deixando em destaque o legado neoliberal. 
Trata-se de uma crise global de um modelo social de acumulação, cujas tentativas de resolução têm produzido 
transformações estruturais que dão lugar a um modelo diferente, denominado neoliberal que tem por base a 
informalidade no trabalho, o desemprego, a desproteção trabalhista e, consequentemente, uma nova pobreza 
(SOARES, 2003, p. 20). 
Assim, as ideias neoliberais nasceram por meio de uma reação contra o Estado de Bem-Estar Social, 
um modelo que até então se apresentava como fundamental propulsor do desenvolvimento no pós-guerra.
Outra característica inerente ao ideário neoliberal é a influência que esse causou no mundo do 
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trabalho. Iniciou-se um ataque frontal aos direitos do trabalho, no qual emergia um trabalho mais 
precarizado, com formas de contratação variadas (temporários, terceirizados, duplas jornadas, dentre 
outros), isso tudo incrementado por uma desconcentração fabril e por um despotismo psicológico operado 
pelo sistema. As lutas sindicais perderam espaço e adesão, individualizando o processo de luta, além de 
torná-las fracas em sua forma macro, e fazendo com que o mercado se torne cada vez mais acirrado, 
individualista e competitivo.
A acumulação flexível proporcionou mudanças à realidade do trabalho provocando um processo de 
redução e precarização, aliado à redução da presença do Estado na intermediação entre capital e trabalho 
e no desenvolvimento das políticas sociais básicas. Os fatores citados contribuem para a exclusão social 
de uma grande parcela da sociedade. Assim, o neoliberalismo se tornou uma categoria que expressa 
terceirização, desemprego, flexibilização das relações de trabalho e direitos sociais, isso com uma 
articulação direta com as políticas de ajuste ditadas pelo Fundo Monetário Internacional e Banco Mundial 
para países mais pobres, reduzindo os gastos sociais com políticas básicas de atenção a população.
O neoliberalismo juntamente com o modelo japonês toyotista de produção, desencadeou profundas 
alterações nas relações trabalhistas, na organização dos trabalhadores, na automação das empresas, o 
que possibilitou ao mercado uma maior competitividade entre as indústrias e em contrapartida uma maior 
margem de lucro aos gestores. Contratos de trabalho se tornaram mais flexíveis, a terceirização tomou 
espaço nas contratações e um conseqüente aumento do desemprego estrutural com a substituição da 
mão de obra por máquinas ou por terceirizados, contribuiu significativamente para a alteração de uma 
grande parcela da sociedade, que teve também sua qualidade de vida alterada. Com o Estado mínimo, 
a garantia dos direitos sociais, trabalhistas e uma qualidade de vida digna era quase nulo. 
Detendo-nos um pouco mais nesse período, temos que uma de suas características principais foi a busca contínua 
de rendas tecnológicas derivadas da monopolização do progresso técnico, direcionada à diminuição dos custos 
salariais diretos, e cuja expressão maior é a automação. Chama atenção que Mandel, em fins dos anos 1960, já 
identificava alguns elementos em desenvolvimentos e que aparecem hoje de forma mais clara e intensa, que são 
essenciais para desvendar os anos 80 e 90 do século XX, no que se refere à extração
da mais-valia e ao mundo 
do trabalho: o forte deslocamento do trabalho vivo pelo trabalho morto; a perda ainda maior da importância do 
trabalho individual a partir de um amplo processo de integração da capacidade social de trabalho; a mudança da 
proporção de funções desempenhadas pela força de trabalho no processo de valorização do capital, quais sejam 
de criar e preservar valor; as mudanças nas proporções entre criação de mais-valia na própria empresa e aquela 
gerada em outras empresas; o aumento no investimento em equipamentos; a diminuição do período de rotação 
do capital; a aceleração da inovação tecnológica com fortes investimentos em pesquisa; e por fim, uma vida útil 
mais curta do capital fixo e a consequente tendência ao planejamento (BEHRING, 2007, p. 47).
À luz dos autores citados, o que se pode identificar, em síntese, é que as relações sociais se tornam 
fragmentadas e individualizadas. Os círculos de qualidade, criados no modelo toyotista, configuram-se 
como uma organização do trabalho pautada na colaboração de cada trabalhador, no que tange a propor 
soluções, detectar problemas, avaliar, e inovar. Para tanto, é necessário à existência de “colaboradores” 
polivalentes, multifuncionais, a fim de garantir não somente a inovação, como também a rentabilidade e 
produtividade. É sob essa ótica que o trabalho em equipe se torna cada vez mais valorizado no modelo 
japonês de produção e que a interdisciplinaridade vai sendo discutida no mundo do trabalho.
Dessa forma, os donos dos meios de produção compreenderam que os trabalhadores não se 
resumem à força física somente, e que têm outras qualidades “produtivas” como a inteligência, por 
exemplo. Foi então que os empresários perceberam que seria interessante colocar a serviço do capital 
essas capacidades intelectuais de um determinado grupo ou até mesmo individualmente. Aplicar a 
interdisciplinaridade no meio empresarial visava garantir um trabalhador multi-habilitado, ao contrário 
daqueles de possuíam uma formação restrita a uma exclusiva demanda de atuação. Era necessário ter 
o domínio subjetivo dos trabalhadores, e não somente da sua força física, assim, se sentiriam parte do 
processo, bem como buscariam atingir cada vez mais os objetivos da organização.
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Nessa conjuntura, percebemos que a interdisciplinaridade foi pensada não somente no bojo dos 
movimentos estudantis, como também no mundo do trabalho, o qual proporcionou uma adequação da 
mesma para o sistema de produção vigente. Foi um dos impulsos para a transição do movimento taylorista 
e fordista - que mantinha os trabalhadores no “chão de fábrica” com tarefas repetitivas, simplificadas e 
rotineiras, para o toyotista. Ademais, podemos afirmar que:
As ideias genericamente veiculadas a respeito da interdisciplinaridade seduzem o trabalhador para o desenvolvimento 
de uma subjetividade adequada ao novo momento de acumulação de capital. Nessa perspectiva a interdisciplin-
aridade é tomada como uma atitude de abertura ao sujeito individual ou coletivo (equipe), disposto à: integração, 
interação, coordenação, colaboração e à cooperação. Além de disposição e abertura, é fundamental desenvolver 
uma posição flexível em face das mudanças, das novidades e das diferenças. O sujeito interdisciplinar é um 
aventureiro que busca ultrapassar as barreiras do conhecimento e inovar, ou seja, ser transdisciplinar. O apelo à 
interdisciplinaridade ajuda a inculcar na mente dos trabalhadores que sem cooperação e compromisso é impossível 
aumentar a produtividade. O trabalhador precisa desenvolver, com o auxílio da perspectiva interdisciplinar, uma 
visão do conjunto do processo produtivo para se adaptar às flutuações da produção com flexibilidade, agilidade e 
eficiência. A interdisciplinaridade seria um meio de estimular a criatividade do trabalhador, sendo ela necessária 
para conferir personificação aos produtos que, no toyotismo, devem ser fabricados de acordo com as preferências 
do cliente. (ANTUNES, 2005 apud MIOTO; MANGINI, 2009, p. 205).
Destarte, não é por acaso que a interdisciplinaridade foi absorvida pelo mundo do trabalho! 
Começaram a pensar mais no ser humano e sua habilidade com as inter-relações, a relação do “eu com 
o outro ou com outros”. Não se tratava somente de força física, e sim da intelectual também, com o foco 
no aumento da produtividade e, consequentemente, dos lucros. E isso acontece na contemporaneidade? 
A resposta é sim, os trabalhadores desenvolvem essas e outras habilidades a fim de se manterem no 
mercado de trabalho! O nosso cotidiano profissional também está imerso nessa teoria. As referidas autoras 
destacam que a categoria interdisciplinaridade foi cooptada pelo modo de produção capitalista, e que, 
tanto no mundo do conhecimento, como no do trabalho, a interdisciplinaridade tem sido invocada para 
fins puramente instrumentais. 
Mioto e Mangini (2009) afirmam que “com a difusão do conceito de interdisciplinaridade, as exigências 
de trabalho em equipe, competência, polivalência, multifuncionalidade, desespecialização, ganham 
respaldo acadêmico/científico, ou seja, base teórico-metodológica”. A não absorção desses conceitos, 
somada a falta de conhecimentos técnicos, por sua vez, geram motivos para que se aumente o número 
de demissões no mercado de trabalho. 
A partir do percurso histórico supracitado, desde os anos 60, podemos compreender que não se 
trata de uma nova perspectiva de atuação, na área do conhecimento e do trabalho, mas de conceitos e 
práticas que vêm ao longo dos anos se desenvolvendo e se incorporando ao cotidiano. Neste prisma, 
quais os principais pressupostos teóricos sumariados acerca da interdisciplinaridade? Compreendemos 
que a mesma é aplicável em áreas distintas, entretanto, o que podemos entender por tal termo?
Interdisciplinaridade não é um conceito que mantém o mesmo sentido em empregos diferentes. 
Mesmo porque “a partir da constatação de que a condição da ciência não está no acerto, mas no erro, 
passou-se a exercer e a viver a interdisciplinaridade das mais inusitadas formas” (FAZENDA, 1994, p. 
24). Atualmente o termo é utilizado em muitos eventos, sem uma base comum e com uma demanda 
proveniente de diferentes naturezas, visões de conhecimento e de mundo.
Segundo Pombo (2006, p. 130): 
A interdisciplinaridade traduz-se na constante emergência de novas disciplinas que não são mais do que a estabili-
zação institucional e epistemológica de rotinas de cruzamento de disciplinas. Este fenômeno, não apenas torna mais 
articulado o conjunto dos diversos “ramos“ do saber (depois de os ramos principais se terem constituído, as novas 
ciências, resultantes da sua subdivisão sucessiva, vêm ocupar espaços vazios), como o fazem dilatar, constituindo 
mesmo novos espaços de investigação, surpreendentes campos de visibilidade.
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Conforme a autora, esse fenômeno rompe com uma concepção exclusivamente fragmentada 
do conhecimento, para uma concepção com um cunho mais unitário. Tem características práticas e a 
identificamos em distintas experiências como pesquisas universitárias, departamentos empresariais, 
programas de pesquisas de laboratórios, que, por sua vez, podem criar novas organizações ou ciências. 
Japiassú (1976, p. 82) diz que “a atitude interdisciplinar nos ajuda a viver o drama da incerteza e da 
insegurança. Possibilita-nos darmos um passo no processo de libertação do mito do porto seguro. Sabemos 
o quanto é doloroso descobrirmos os limites de nosso pensamento, mas é preciso que façamos”. O autor 
também afirma que a interdisciplinaridade se efetiva por meio
da troca entre especialistas, bem como 
pela integração das disciplinas envolvidas em um mesmo projeto, pois nenhuma profissão é absoluta. E, 
para que isso seja objetivado, é necessária uma nova espécie de cientista, o interdisciplinar, aquele que 
é participe da comunicação. Esse caráter decorre do próprio homem, enquanto ser social, um sujeito e 
objeto do conhecimento social. Sobre esse aspecto, reiteramos que:
A metodologia interdisciplinar em seu exercício requer como pressuposto uma atitude especial ante o conhecimento, 
que se evidencia no reconhecimento das competências, incompetências, possibilidades e limites da própria disciplina 
e de seus agentes, no conhecimento e na valorização suficientes das demais disciplinas e dos que a sustentam. 
Nesse sentido, torna-se fundamental haver indivíduos capacitados para a escolha da melhor forma e sentido da 
participação e sobretudo no reconhecimento da provisoriedade das posições assumidas, no procedimento de 
questionar. Tal atitude conduzirá, evidentemente, à criação de expectativas de prosseguimento e abertura a novos 
enfoques ou aportes (FAZENDA, 1994, p. 69).
Trata-se de um trabalho de troca, de diálogo e também um processo de planejamento. É necessário 
que se tenha uma postura de humildade diante dos limites do conhecimento individual e, em alguns 
momentos, ter que desconstruir algumas verdades fragmentadas, romper com paradigmas, em virtude 
de uma visão da totalidade. Nesse cenário, o conhecimento específico/especializado é de fundamental 
importância para participar desse processo de construção. Trata-se de uma atitude coletiva de integração 
das disciplinas, com um objetivo específico imerso no cotidiano profissional e acadêmico.
 
A perspectiva interdisciplinar não fere a especificidade das profissões e tampouco seus campos de especialidade. 
Muito pelo contrário, requer a originalidade e a diversidade dos conhecimentos que produzem e sistematizam acerca 
de determinado objeto, de determinada prática, permitindo a pluralidade de contribuições para compreensões mais 
consistentes deste mesmo objeto, desta mesma prática (MARTINELLI, 1995, p. 157).
Nessa conjuntura, falar da interdisciplinaridade é focar também o campo das diferenças. Somos 
pessoas diferentes, com conhecimentos diferentes, cotidianos diferentes e formação humana diferente. 
Nem sempre lidar com o diferente é uma tarefa fácil, portanto, para colocar em prática uma efetiva 
interdisciplinaridade é necessário uma postura profissional capaz de lidar com o diferente, que nem 
sempre, é como nós queremos ou somos.
Fazenda (1994) fala também dos cuidados a serem tomados na constituição de uma equipe 
interdisciplinar, como, por exemplo, estabelecer conceitos-chave a fim de facilitar a comunicação entre 
os membros da equipe. Enfatiza outros aspectos da metodologia interdisciplinar como a relevância 
em delimitar o problema ou a questão a ser desenvolvida, a forma como as tarefas serão divididas e 
como os resultados serão informados. Acima de tudo, a interdisciplinaridade se desenvolve a partir do 
desenvolvimento das próprias disciplinas. 
A necessidade da interdisciplinaridade, principalmente na produção de conhecimento, se justifica 
pelo próprio caráter dialético da realidade social. O conhecimento que temos hoje talvez seja descartado 
amanhã após o anúncio de uma nova verdade. Em uma sociedade onde as mudanças são constantes, 
quanto mais fragmentado e isolado for o nosso conhecimento, mais dificuldade teremos para compreender 
os fios que tecem a teia do real. 
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É oportuno lembrar que o conceito de interdisciplinaridade traz, em seu bojo, outros conceitos 
correlatos. Dessa forma, entretanto, refletir sobre essa temática significa também trazer à luz outros 
conceitos que apresentam similaridade com o objeto desta análise. Em ordem crescente o ressaltamos:
Figura 1 – Conceitos correlatos de insterdisciplinaridade
 
 
 
 Fonte: da autora
 
- Multidisciplinaridade: trata-se de um trabalho que se efetiva de forma mais isolada. A
 troca e cooperação entre as disciplinas do saber acontecem em menor intensidade.
- Pluridisciplinaridade: ocorre uma troca entre as disciplinas, entretanto cada profissional
 decide isoladamente sua ação.
- Interdisiplinaridade auxiliar: uma disciplina coordena as demais, fazendo com que a 
 disciplina da coordenação prevaleça sobre as outras. 
- Interdisiplinaridade: as relações entre os profissionais e até mesmo as relações de poder 
 tendem a uma horizontalidade. Dizemos o mesmo sobre a troca de conhecimentos e sobre a
 busca por atingir objetivos com estratégias em comum. 
- Transdisciplinaridade: Termo criado por Piaget, onde todas as disciplinas operacionalizam 
 a coordenação, aumenta-se o campo de autonomia teórica. Predomina a existência de um
 pensamento complexo e organizador que visa a unidade do conhecimento.
São conceitos correlatos que nos fazem refletir: a interdisciplinaridade se dá sob as mesmas formas 
em todas as áreas? Com certeza não! A interdisciplinaridade é multifacetada. Isso porque temos objetivos 
diferentes e, dessa forma, o trabalho interdisciplinar precisa se adequar a eles. O profissional deverá 
pensar no objetivo a ser alcançado e qual o conhecimento precisará desenvolver para tanto. E isso 
não se difere dos momentos em que o profissional terá que atuar isoladamente. Em muitos momentos, 
você, enquanto profissional habilitado, será questionado: “o que pensa sobre isso?”. O conhecimento 
lhe proporcionará melhores bases para as suas respostas. Em suma, você deve estar preparado para 
interagir com os conhecimentos provenientes de outras disciplinas do saber. 
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2.2 – A INTERDISCIPLINARIDADE E A RESOLUÇÃO DOS CONFLITOS
Como tratamos acima, trabalhar interdisciplinarmente é trabalhar com pessoas, que, por sua vez, 
podem gerar conflitos relacionais. Assim, apresentamos um breve estudo acerca de uma teoria, cujo foco 
principal é a resolução dos conflitos.
O Sistema 4 de Likert busca auxiliar a resolução de conflitos dentro de um clima organizacional. 
Ele trabalha de forma com que os esforços humanos possam se integrar de forma eficiente, trabalhando 
assim com a formação de grupos de trabalho e que esses grupos possam alcançar confiança entre os 
membros. Conforme afirmativa: 
Sistema 4 consiste na formação de grupos de trabalho com alto grau de lealdade grupal entre os membros, atitudes 
favoráveis e de confiança entre os colegas, superiores e subordinados. Também estão presentes aí consideração 
pelos níveis relativamente altos de habilidade na interação pessoal (LIKERT 1979, p. 17). 
Este sistema de trabalho nas organizações irá exigir uma liderança mais complexa e que se utiliza de 
técnicas de interação para com os trabalhadores e outros membros do grupo. O Sistema 4 é apresentado 
hoje como um sistema desenvolvido e que representa uma evolução social, apresenta ainda processos 
mais efetivos do que os sistemas tradicionais para tratar dos diferentes conflitos que podem surgir nas 
organizações, conforme Likert (1979).
Tal sistema apresenta resultados importantes para as organizações, conforme segue: 
Os membros da organização estão altamente motivados para alcançarem os objetivos do grupo. Altos níveis de 
influência recíproca ocorrem e obtêm-se altos níveis de influência total coordenada. A comunicação é eficiente e 
efetiva. A liderança é competente tecnicamente e atinge altos níveis de desempenho. (LIKERT, 1979, p. 17). 
O Sistema 4 de Rensis
Likert é um estudo que identificou quatro tipos básicos de liderança nas 
organizações. O sistema um, o líder autoritário coercivo. O sistema dois, o líder autoritário benevolente. 
O sistema três, o líder consultivo. O sistema quatro, o líder participativo. Cada sistema apresenta suas 
características, abordadas por Likert (1979):
O Sistema 1 Autoritário Coercivo, neste caso o conflito entre as forças motivacionais enfraquecem 
a motivação para atingir os objetivos, as atitudes do grupo são hostis e sempre contraditórias aos objetivos 
da organização, este grupo demonstra medo, sofre ameaças, punições e as recompensas são ocasionais. 
O Sistema 2 Autoritário Benevolente mostra que em geral existem conflitos, às vezes as atitudes 
podem ser contraditórias aos objetivos ou não, ele puni de forma real e há recompensas. Este grupo 
demonstra responsabilidade nos níveis de administração e em níveis médios é relativamente pouca esta 
responsabilidade pelos objetivos da organização. 
O Sistema 3 Consultivo mostra moderada interação do grupo, muitas vezes e visível certa 
quantidade de confiança e crédito uns nos outros. 
Já por sua vez, no Sistema 4 Participativo, o clima é bom, a confiança é completa, a comunicação 
é excelente em todos os níveis, os funcionários pos sua vez se sentem totalmente à vontade para discutir 
esses assuntos com seus superiores. 
A cooperação é vista em toda a organização havendo assim confiança uns nos outros. São sempre 
envolvidos nas decisões relacionadas com seu trabalho. Há participação e envolvimento grupal e 
responsabilidade pessoal com todos os níveis, há pouca punição e recompensas sociais. 
Assim trabalhando com o participativo a organização apresentará alta produtividade, trabalho em 
equipe, aumenta o nível de rentabilidade e boas relações grupais. Os itens que Likert (1979) cita para 
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alcançar maior produtividade nas relações interpessoais são uma supervisão orientada, liberdade no 
ambiente de trabalho, a confiança uns com os outros, técnicas de trabalho participativas e decisões 
consensuais. 
Likert (1979, p. 123-124) propõe que:
Emprega-se participação para estabelecer objetivos organizacionais que integrem satisfatoriamente as necessidades 
e desejos de todos os membros da organização [...] para provocar os motivos que ensejam atitudes cooperativas 
e favoráveis e não atitudes hostis, a participação e o comprometimento nas decisões fazem parte dos proces-
sos de liderança. O emprego extensivo da participação é uma das mais importantes abordagens utilizadas pelos 
administradores de alta produtividade.
Portanto, é possível verificar que a rede de interação e influência nesses sistemas consistem em 
uma estrutura de processos de liderança, na qual é fundamental para que o sistema se desenvolva de 
forma eficiente. A eficiência, nesta rede, muitas vezes ficará dependente da adequação dos processos 
de interação entre o grupo e a grande influencia do líder. 
3 – SENTIDO E DIRECIONALIDADE DA AÇÃO PROFISSIONAL: projeto soci-
etário e projeto profissional.
3.1 - O PROJETO SOCIETÁRIO
Eu tenho um projeto ético-político?
Qual é o seu projeto profissional?
Qual é o meu projeto institucional?
Qual é o meu projeto societário ?
Esse é um diálogo que cada um deve assumir para si mesmo! Falamos há pouco sobre a 
sistematização da prática profissional e, antes de efetivá-la, devemos compreender o que a categoria 
profissional e cada um, como profissionais, entendem e pensam sobre a realidade atual, sobre a dimensão 
técnico-operativa da sua profissão, sobre a linha teórica adotada, dentre outros. Qual é a sociedade que 
queremos? Desejamos a continuação desse sistema em que vivemos hoje? Com suas ações, atitudes 
políticas, opção pelo neoliberalismo, enfim, com todas as características que vivenciamos cotidianamente 
e que, no dia-dia do profissional, principalmente do que trabalham na área social, são mais evidenciadas 
ainda. 
Vivemos cotidianamente com diversas ideologias e todos assumem a sua, ampla ou singularmente. 
A opção ideológica de cada um tem uma força significativa na escolha por um projeto societário.
E por falar em visão de mundo, projetos, profissão, seres-humanos, o que vem a ser projeto societário?
Toda a atividade do ser humano, independente de ser individual ou coletiva, é composta considerando 
sempre as suas necessidades, os seus interesses, ou seja, essas ações implicam sempre em um 
determinado projeto, que, nada mais é, do que a intenção de determinadas finalidades as quais se quer 
chegar. Isso ocorre a partir de uma invocação de valores que vêm legitimar determinados meios para 
alcançar essas ações. Assim, os projetos societários são projetos coletivos, que apresentam uma imagem 
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que deve ser construída da sociedade. Para justificar essa imagem, os projetos afirmam determinados 
valores e privilegiam alguns meios que consideram necessários, como material e cultural, a fim de 
concretizar tal imagem.
Podemos dizer que a gênese dos projetos societários acontece por meio de projetos macroscópicos, 
que trazem em seu bojo propostas para o conjunto da sociedade. Dessa forma, o projeto societário é o 
único que apresenta a característica da amplitude, o que não acontece no caso do projeto profissional, 
por exemplo.
Ao olharmos para a nossa sociedade, entenderemos que os projetos societários acabam sendo 
projetos de classe simultaneamente. Com o estado neoliberal, essa situação se objetivou cada vez mais, 
prorrogando a consecução dos antagonismos. Portanto,
A primeira questão que se deve considerar quando pensamos em projetos (individuais ou coletivos) em uma so-
ciedade de classes é o caráter político de toda e qualquer prática. Todas as formas de prática envolvem interesses 
sociais os mais diversos que se originam, através de múltiplas mediações, das contradições das classes sociais 
em conflito na sociedade. O que as movem na verdade são as necessidades sociais reais que lançam os homens 
em atividades humano-criadoras percebidas no metabolismo social (trabalho – ato fundante das relações sociais). 
As necessidades humanas, constituídas e desenvolvidas ao longo do desenvolvimento sócio-histórico do ser social, 
levam a humanidade a um processo interminável de busca de sua autorreprodução, estabelecendo, assim, um 
mundo prático-material composto de várias atividades e práticas distintas. A constituição desse mundo prático-
material desencadeia um consequente e necessário mundo prático ideal, que reproduz o primeiro no campo das 
ideias (TEIXEIRA; BRAZ, 2009, p. 186).
Se pensarmos nessa questão, também podemos analisar que no projeto societário, como em qualquer 
outro projeto coletivo, existe uma dimensão política muito forte, a qual envolve necessariamente relações 
de poder. Isso não significa que esta dimensão obriga os projetos a serem diretamente identificados com 
determinados posicionamentos partidários, por mais que reconheçamos aqui que os partidos políticos são 
considerados instituições indispensáveis e até mesmo insubstituíveis para a efetivação da democracia 
no capitalismo desses novos tempos.
Se olharmos para a história verificaremos que, como na cena contemporânea, temos a marca das 
classes sociais, e os projetos societários, por sua vez, vêm responder os interesses essenciais desses 
núcleos, além de se configurarem como estruturas flexíveis e passíveis de mudança, ao tomarem para si 
novas aspirações, e, podendo se transformar segundo a conjuntura histórica e política vigente. 
Diante disso, poderia dizer tranquilamente que na contemporaneidade,
como na história, existe 
certa concorrência entre os distintos projetos societários e isso pode se configurar como um fenômeno 
da nossa democracia política. Mas e no período ditatorial? Nesse contexto, o projeto societário vigente 
estava relacionado à vontade política de quem estava no poder, utilizava-se de métodos de repressão e 
coerção, o que dificultava significativamente a tentativa de levante de outros projetos de classe. Só com 
a liberdade política que os projetos societários puderam se confrontar efetivamente, buscando, cada vez 
mais, a adesão da população. Essa afirmativa significa que, na cena contemporânea, os projetos societários 
“competem” em condições iguais aos de quem está no poder? A resposta é não! Independente de sermos 
uma sociedade que chamamos de democrática politicamente, os projetos societários vinculados a classe 
dos trabalhadores e até mesmo à uma classe mais subalterna, têm, visivelmente, condições desfavoráveis 
para enfrentar os projetos societários das classes dominantes.
A partir dessa análise, podemos dizer que os projetos societários assumem duas configurações, 
podendo ter a roupagem de uma delas somente. Ou eles são transformadores ou conservadores. A 
disputa entre os distintos projetos societários que vêm determinar, em última instância, a conservação 
ou transformação da ordem social vigente.
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3.2 - O PROJETO PROFISSIONAL
Quando falamos em projeto profissional, entendemos que estes são inscritos em projetos coletivos 
referentes às profissões, principalmente àquelas que possuem uma regulação jurídica e que precedem 
uma formação teórico-prática, normalmente acadêmica, em nível de graduação.
A autoimagem da profissão é apresentada pelo projeto profissional! Nele estão presentes os valores, 
objetivos e funções da profissão, bem como as condições teóricas, práticas e institucionais para o seu 
exercício. Prescreve as normas sobre a forma como os profissionais devem se comportar, balizando 
também a relação profissional-usuário, profissional-outras áreas, profissional – organizações públicas e 
privadas.
 Figura 2 – Projeto profissional
 
 Fonte: da autora
Como afirmamos acima, o projeto profissional pode prescrever normas para a categoria profissional. 
Um exemplo claro é a emissão de notas, documentos e resoluções do Conselho Federal de Serviço Social 
sobre determinadas práticas ou áreas. É o caso, por exemplo, da resolução (554/2009) emitida pelo 
CFESS, a qual “dispõe sobre o não reconhecimento da inquirição das vítimas crianças e adolescentes 
no processo judicial, sob a Metodologia do Depoimento Sem Dano/DSD, como sendo atribuição ou 
competência do profissional assistente social”. Esse é apenas um exemplo, mas poderíamos citar várias 
com a mesma função. 
O projeto profissional é efetivado pelo conjunto de profissionais que compõem a área. Assim, o projeto 
não é pensado por um profissional isoladamente, mas pela soma de profissionais que dão efetividade à 
profissão. É a união de profissionais da academia, dos conselhos representativos da categoria, sindicatos, 
estudantes da área, como também profissionais que estão inseridos nas mais diversas organizações, 
que fazem com que a elaboração do projeto seja efetuada e tenha significativa representatividade. 
Vale ressaltar que, para que o projeto profissional tenha visibilidade, respeito e solidez na sociedade, é 
necessário que a categoria profissional esteja bem organizada.
Da mesma forma que os projetos societários, os profissionais devem ser compostos por estruturas 
dinâmicas, para que possa responder a qualquer necessidade social, considerando seu ínfimo movimento 
de transformações no decorrer da História. Sua estrutura deve ser dinâmica também pelo fato de que o 
próprio desenvolvimento teórico-prático da profissão acompanha as mudanças da sociedade. Outrossim, 
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quando falamos em projetos profissionais, entendemos que eles se modificam e se renovam, não são 
imutáveis.
O projeto profissional estabelece uma intrínseca relação com o projeto societário, conforme segue:
Ainda que a prática profissional do (a) assistente social não se constitua como práxis produtiva, efetivando se no 
conjunto das relações sociais, nela se imprime uma determinada direção social por meio das diversas ações pro-
fissionais – através das quais, como foi dito, incide se sobre o comportamento e a ação dos homens –, balizadas 
pelo projeto profissional que a norteia. Esse projeto profissional por sua vez conecta se a um determinado projeto 
societário cujo eixo central vincula se aos rumos da sociedade como um todo [...]
Os projetos profissionais são impensáveis sem esses pressupostos, são infundados se não os remetemos aos 
projetos coletivos de maior abrangência: os projetos societários (ou projetos de sociedade). Quer dizer: os proje-
tos societários estão presentes na dinâmica de qualquer projeto coletivo, inclusive em nosso projeto ético político 
(TEIXEIRA; BRAZ, 2009, p. 189).
A relação do projeto profissional com o projeto societário remete à dimensão política do projeto. 
Entretanto, quando falamos em dimensão política, não podemos ter a visão “romântica” de que toda a 
categoria profissional tem a mesma postura. Somos plurais! Estamos em um universo heterogêneo! E 
que bom que é assim. Nós, que compomos o projeto profissional, somo indivíduos diferentes e, portanto, 
podemos ter preferências teóricas, políticas distintas, cada uma carregada da sua própria trajetória 
histórica. Assim, a categoria profissional é um espaço plural, na qual podemos identificar o surgimento 
de projetos profissionais diferentes um do outro. O individual é um universo, com suas tensões e suas 
lutas! É claro que isso não significa ou até mesmo não justifica a existência de vários projetos profissionais 
no corpo da profissão, ou seja “cada um por si”. Não é porque somos seres distintos um do outro que, 
também na categoria profissional, as ações podem ser pautadas nisso. É a partir da existência dessa 
realidade que afirmamos a necessidade de se criarem projetos profissionais mediante debates, por meio 
do confronto de ideias, desconsiderando uma possível ação coercitiva ou excludente nessa construção. 
Mesmo pensando nessa construção participativa, sempre terá algum profissional, ou grupo de profissionais 
que queira apresentar alguma proposta alternativa, e isso é normal. Mesmo que o intuito seja falar em 
nome de toda a categoria, um projeto nunca será exclusivo, essa é a diversidade!
Ratificamos que a categoria profissional assumir uma perspectiva pluralista na elaboração do 
projeto é diferente de ser liberal diante desse ecletismo. Nem tudo é aceitável e nem tudo convém! 
Principalmente no caso dessa categoria, com fortes bases teórico-metodológicas. O pluralismo, nesse 
caso, remete ao respeito. 
Ao falarmos em construção de um projeto profissional, devemos ter claro que isso não se dá em 
um curto espaço de tempo. É imperativa a existência de recursos políticos, organizacionais, debates e 
pesquisas teórico-práticos.
Muitas categorias profissionais possuem uma diversificada quantidade de normas, a identidade 
profissional sólida, conhecimentos teóricos que servem como base para os saberes interventivos, e é assim 
que se caminha para um bom projeto profissional. Devemos estar sempre atentos para as discussões que 
são fomentadas no interior da profissão, nas academias, nas assembleias dos conselhos profissionais, 
congressos, dentre outros espaços de produção e debate da categoria. 
3.3 - O PROJETO INSTITUCIONAL
Falamos do projeto
societário, do projeto profissional e agora trataremos do projeto institucional. 
São terminologias distintas, porém articuladas.
Ao passar pelo processo de formação profissional, o trabalhador se insere no mercado de trabalho, 
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como as instituições sociais, sejam elas públicas ou privadas. Comumente as instituições têm um 
planejamento estratégico, delimitam sua missão, valores, além de terem clareza do público alvo a ser 
atendido, conforme as características dos serviços prestados. Ou seja, a instituição tem clareza quanto 
ao seu projeto institucional! Portanto, atente-se ao fato: uma coisa é o seu projeto de intervenção 
(lê-se também plano de ação ou projeto de trabalho), algo mais específico, voltado para a sua atuação 
profissional. Outra coisa é o projeto institucional, mais amplo, voltado para toda a equipe. Elaborar um 
projeto de intervenção na instituição significa estreitar mais o objetivo do seu projeto, de algo mais amplo, 
para algo específico relacionada à sua área de trabalho. Se o público-alvo da instituição for o de pessoas 
com deficiência física, por exemplo, o seu projeto de intervenção deve estar voltado para tal área. 
É por meio do projeto de intervenção que o profissional deve apresentar propostas profissionais no 
seu espaço sócio-ocupacional, que sejam diretamente vinculadas ao projeto da instituição. Com o projeto 
de trabalho elaborado, ele será importante até mesmo diante das diferentes áreas de conhecimento 
inclusas na instituição. Por meio dele, a instituição terá mais conhecimento acerca das suas atribuições, 
estabelecendo assim parâmetros importantes na relação profissional-instituição. 
 
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