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Ativ Estruturada de Auditoria Operacional

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GRUPO I – CLASSE V – Plenário
TC 026.597/2011-0 
Natureza: Relatório de Auditoria
Entidade: Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE.
Interessado: Tribunal de Contas da União – TCU. 
Advogado constituído nos autos: não há. 
SUMÁRIO: AUDITORIA DE CONFORMIDADE. FISCALIZAÇÃO DE ORIENTAÇÃO CENTRALIZADA. PROGRAMAS GOVERNAMENTAIS RELACIONADAS AO TRANSPORTE ESCOLAR. PNATE E PROGRAMA CAMINHO DA ESCOLA. CONSOLIDAÇÃO DOS RESULTADOS. CIENTIFICAÇÃO E RECOMENDAÇÕES. CIÊNCIA ÀS INSTÂNCIAS INTERESSADAS. DETERMINAÇÃO DE MONITORAMENTE. ARQUIVAMENTO.
RELATÓRIO
Trata-se de auditoria de conformidade destinada a verificar a regularidade da aplicação dos recursos destinados aos programas Programa Caminho da Escola e Programa Nacional de Apoio ao Transporte do Escolar (Pnate) nos exercícios de 2010 e 2011 – programas relacionados ao fornecimento de transporte escolar pelos estados e municípios, bem como avaliar a adequação dos controles internos do órgão repassador dos recursos – Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). 
2.	Nesta oportunidade, apresenta-se a consolidação dos resultados obtidos em decorrência das auditorias prospectivas realizadas, por amostragem, nos municípios selecionados e no FNDE, com vistas à obtenção de uma visão geral da questão. 
3.	Reproduzo, a seguir, a essência do relatório produzido pela equipe encarregada dos trabalhos, onde constam os principais achados, conclusões e encaminhamentos sugeridos (peça 32):
“II - INTRODUÇÃO
II.1.	Deliberação que originou o trabalho
1. A autorização para realização do presente trabalho foi concedida pelo Ministro José Jorge, conforme despacho de 27/06/2011 (TC 017.397/2011-1, peça 3).
II.2.	Dados das fiscalizações das Secex Regionais
2. Adiante, expõem-se os dados referentes às fiscalizações realizadas pelas Secex Regionais, bem como seus respectivos processos. Em alguns casos, as Secex autuaram um processo para cada município fiscalizado. Em outros, porém, cada processo por elas instruído contém os resultados das fiscalizações realizadas em um conjunto de até quatro municípios. 
	 
	Secex
	Municípios Fiscalizados
	Nº dos processos
	Acórdão
	1
	Secex-BA
	Queimadas
	TC 026.547/2011-2
	não apreciado
	
	
	Quijingue
	TC 034.494/2011-1
	não apreciado
	2
	Secex-GO
	Ipameri
	TC 030.745/2011-0
	não apreciado
	
	
	Catalão
	
	
	
	
	Niquelândia
	TC 030.744/2011-3
	não apreciado
	
	
	Minaçu
	
	
	3
	Secex-MG
	Minas Novas
	TC 026.757/2011-7
	não apreciado
	
	
	Governador Valadares
	
	
	
	
	Teófilo Otoni
	
	
	4
	Secex-PE
	Buíque
	TC 026.746/2011-5
	não apreciado
	
	
	Petrolina
	
	
	5
	Secex-RN
	Assu
	TC 019.697/2011-2
	não apreciado
	
	
	Nova Cruz
	TC 034.468/2011-0
	não apreciado
	6
	Secex-RO
	Cacoal
	TC 026.159/2011-2
	não apreciado
	
	
	Ariquemes
	TC 034.134/2011-5
	não apreciado
	7
	Secex-RS
	Rio Pardo
	TC 034.342/2011-7
	não apreciado
	
	
	Canguçu
	TC 026.122/2011-1
	Acórdão 900/2012-TCU-Plenário
	8
	Secex-SC
	Tubarão
	TC 027.012/2011-5
	Acórdão 901/2012-TCU-Plenário
	
	
	Chapecó
	
	
	
	
	Braço do Norte
	
	
	9
	Secex-SE
	Estância
	TC 026.742/2011-0
	Acórdão 1628/2012-TCU-Plenário
	
	
	Lagarto
	
	
	10
	Secex-TO
	Colmeia
	TC 027.739/2011-2
	Acórdão 2112/2012-TCU-2ª Câmara
	
	
	Aragominas
	
	
	
	
	Carmolândia
	
	
	
	
	Goianorte
	
	
	 
	TOTAL
	26
	 
	
Tabela 1: Municípios Fiscalizados e Processos Autuados
II.3.	Visão geral do objeto
3. O Ministério da Educação, por meio do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), executa, atualmente, dois programas voltados ao transporte de estudantes moradores da zona rural: o Caminho da Escola (Ação Orçamentária 0E53) e o Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar (Ação Orçamentária 0969).
4. O Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar (Pnate) foi instituído pela Lei 10.880/2004, com o objetivo de garantir que alunos do ensino fundamental público residentes em área rural tivessem acesso à escola, bem como de incentivar sua permanência nessa instituição, já que uma das razões mais recorrentes para a desistência dos estudos é a dificuldade que o referido grupo de estudantes encontra para chegar ao estabelecimento de ensino. O programa é viabilizado por meio de assistência financeira, em caráter suplementar, aos estados, Distrito Federal e municípios. 
5. Com a publicação da Medida Provisória 455/2009, transformada na Lei 11.947/2009, o programa foi ampliado para atender aos estudantes de toda a educação básica, tendo sido incluídos, portanto, aqueles que cursam os ensinos infantil e médio nas áreas rurais. 
6. O Pnate consiste na transferência automática de recursos financeiros, sem haver a necessidade de convênios ou quaisquer outros instrumentos congêneres, para custear despesas com reformas, seguros, licenciamentos, impostos e taxas, pneus, câmaras, serviços de mecânica em freio, suspensão, câmbio, motor, elétrica e funilaria, recuperação de assentos, abastecimento e lubrificação do veículo ou, no que couber, da embarcação utilizada para o transporte de alunos da educação básica pública residentes em área rural. Os recursos também podem ser aplicados no pagamento de serviços contratados junto a terceiros para a execução do transporte escolar.
7. Os estados podem autorizar o FNDE a efetuar o repasse do valor correspondente ao transporte escolar de alunos da rede estadual diretamente aos respectivos municípios. Para isso, é necessário formalizar uma autorização por meio de ofício ao órgão. Caso não o façam, os estados terão de executar diretamente os recursos recebidos, ficando impedidos de fazer transferências futuras aos entes municipais.
8. A transferência dos recursos diretamente aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios é feita em nove parcelas anuais, de março a novembro. O cálculo do montante destinado aos entes federados tem como base o quantitativo de alunos da zona rural a serem transportados, número obtido a partir do censo escolar do ano anterior. O valor per capita/ano vai de R$ 120,73 a R$ 172,24, variando de acordo com a área rural do município, a posição deste na linha de pobreza e a população moradora do campo. 
9. A prestação de contas dos recursos financeiros recebidos do Pnate, acompanhada de toda a documentação constante da Resolução do FNDE que regulamenta o Programa, deve ser enviada, no exercício subsequente, ao Conselho de Acompanhamento e Controle Social do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (CACS/Fundeb), pelas secretarias de educação de estados e municípios. O CACS/Fundeb deve, após analisar a documentação, emitir parecer acerca da prestação de contas e remetê-la ao FNDE.
10. Atualmente, o Pnate é regulamentado pela Resolução - FNDE 12/2011.
11. O Programa Caminho da Escola, por sua vez, foi criado pela Resolução - FNDE 3/2007, e consiste na transferência voluntária de recursos, visando a renovar a frota de veículos escolares, garantir a segurança e a qualidade do transporte dos estudantes e contribuir para a redução da evasão escolar, ampliando, por meio do transporte diário, o acesso e a permanência na escola dos alunos da zona rural. O programa tem por premissas a padronização dos veículos de transporte escolar, a redução de seus preços e o aumento da transparência durante suas aquisições.
12. Desde o final de 2007, o FNDE, em parceria com o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), licita, por meio de pregões eletrônicos, veículos com especificações exclusivas, adequadas ao transporte de estudantes e ao trânsito em vias das zonas rurais e urbanas brasileiras. Esse pregão gera ata de registro de preços, a qual deve ser obrigatoriamente adotada pelos entes federativos que recebem recursos da União por meio de convênios para a aquisição de veículos destinados ao transporteescolar.
13. Além de transferência voluntária, os veículos do programa Caminho da Escola podem ainda ser adquiridos por meio de concessão de linha de crédito especial do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) – sendo igualmente obrigatória a adesão à ata de registro de preços do FNDE – ou por meio de recursos próprios ou de outras fontes, havendo, nesta última modalidade, a garantia das condições licitadas, por parte do FNDE, apenas mediante a adesão à referida ata de registro de preços. 
II.4.	Objetivo e questões de auditoria
14. A presente auditoria teve por objetivo verificar a regularidade da aplicação dos recursos destinados aos programas Programa Caminho da Escola e Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar (Pnate) – ligados ao fornecimento de transporte escolar pelos estados e municípios – no que tange à aquisição e manutenção de veículos utilizados para esse fim, bem como avaliar a adequação dos controles internos do órgão repassador (FNDE) sobre esses repasses.
15. O trabalho foi realizado na modalidade de Fiscalização de Orientação Centralizada (FOC), sob a coordenação da 6ª Secex, em duas etapas. A primeira contou com a participação de dez Secex Regionais (BA, MG, RN, RS, SE, GO, PE, RO, SC e TO), as quais realizaram auditorias em 26 municípios. Nos trabalhos por elas realizados, as equipes de auditoria contaram com o auxílio dos respectivos Tribunais de Contas Estaduais/Municipais. A segunda etapa consistiu na realização de auditoria no FNDE por equipe desta 6ª Secex.
16. As questões que orientaram as equipes de auditoria, tanto na primeira quanto na segunda fase, foram as seguintes:
17. Auditorias nos municípios
a) Há inexecução total ou parcial do programa de transporte escolar pelo município?
b) Os veículos destinados ao transporte escolar, de propriedade da Prefeitura, são utilizados para outros fins que não o transporte de alunos da área rural, com prejuízo para o transporte dos alunos? Os veículos destinados ao transporte escolar, de propriedade de terceiros, são utilizados para outros fins que não o transporte de alunos da área rural em horários que deveriam estar atendendo esses alunos?
c) Os veículos que realizam o transporte escolar atendem aos requisitos legais para a condução de escolares? (art. 15, inciso II, “a”, da Resolução - FNDE 12/2011; e Instrumentos de convênio do Caminho da Escola)
d) Os motoristas que realizam o transporte escolar atendem aos requisitos legais para a condução de escolares? (art. 15, II, “b”, da Resolução - FNDE 12/2011)
e) Na aquisição de produtos e serviços para transporte escolar, estão sendo utilizados os seguintes procedimentos previstos nas Leis 8.666/93 e 10.520/2002: realização de processo licitatório, utilização da modalidade adequada, critérios objetivos para habilitação dos licitantes e que não restrinjam a competitividade, julgamento de acordo com os critérios estabelecidos e adequada motivação de eventual anulação/revogação? (art. 15, § 2º, da Resolução - FNDE 12/2011 e legislação específica, estadual ou municipal)
f) Os recursos liberados são geridos em conta bancária específica do PNATE, em instituições financeiras oficiais federais, (art. 7º da Resolução - FNDE 12/2011 e art. 3º da Resolução - FNDE 44/2011), sem a incidência de tarifas bancárias (§ 3º do art. 7º da Resolução - FNDE 12/2011), e aplicados conforme especificado no § 5º do art. 7º da Resolução - FNDE 12/2011 ou conforme legislações específicas (estaduais ou municipais) quando se tratar de outras fontes de recursos?
g) Os recursos administrados pelos municípios para a execução do transporte escolar estão sendo utilizados com as finalidades previstas no art. 15, incisos I e II, da Resolução - FNDE 12/2011 (reformas, seguros, licenciamentos, impostos e taxas, pneus, câmaras, serviços mecânicos, em geral, da frota escolar e pagamento de empresas de transporte escolar terceirizado) e em legislações específicas (estaduais ou municipais)?
h) A movimentação dos recursos na conta específica do Programa está devidamente respaldada por documentos fiscais originais ou equivalentes emitidos em nome do executor, devidamente identificados com o nome do Programa (art. 15, §2º, da Resolução - FNDE 12/2011); foi realizada mediante cheque nominativo ou transferência eletrônica ou, excepcionalmente, saque justificado (art. 7º, §8º, da Resolução- FNDE 12/2011) e obedece aos dispositivos da Resolução - FNDE 44/2011 ou de legislação específica (estadual ou municipal)?
i) O Conselho de Acompanhamento e Controle Social do FNDE (CACS) está devidamente constituído (art. 24, § 1º, IV, da Lei 11 494/2007) e exerce o controle social sobre a aplicação dos recursos do Pnate (§ 13 do art. 24 da Lei 11.494/2007 e art. 16, § único, da Resolução - FNDE 12/2011)?
j) A elaboração, apresentação e análise pelo CACS da prestação de contas obedece aos ritos, prazos e providências da Resolução 12/2011, art. 17 e parágrafos?
k) O Ente Executor realiza a gestão dos contratos de fornecimento de produtos e serviços para o transporte escolar, segundo as normas vigentes (art. 67 da Lei 8.666/93 e art. 15, II, da Resolução - FNDE 12/2011)?
18. Auditoria no FNDE
a) Quais os principais problemas existentes no processo de análise das prestações de contas dos recursos repassados pelo FNDE no âmbito dos programas de transporte escolar?
b) De que forma a fiscalização sobre os programas de transporte escolar pela Coordenação Geral de Apoio à Manutenção Escolar (CGAME) e nas respectivas auditorias efetuadas pela Auditoria Interna do FNDE permite identificar irregularidades na execução dos programas?
c) Quais as providências adotadas pelo FNDE com o objetivo de minorar o descumprimento dos requisitos legais estabelecidos para a condução de escolares no Código de Trânsito Brasileiro (CTB) (Lei 9.503/1997)?
d) Em que medida as ações promovidas pelo FNDE para capacitação dos conselheiros responsáveis pelo controle social no âmbito do Pnate atingem o objetivo a que se propõem?
II.5.	Metodologia utilizada
II.5.1. Videoconferência
19. Antes do início das fiscalizações, além do encaminhamento de mensagens eletrônicas com os principais documentos e informações do programa, foi realizada videoconferência com a participação da 6ª Secex e das unidades regionais envolvidas.
20. Nessa videoconferência, foram apresentadas as informações gerais da FOC, do Programa Caminho da Escola, do Pnate e das fiscalizações nos municípios. Ademais, foram esclarecidas dúvidas a respeito do agrupamento das auditorias nos processos autuados, dos itens de verificação nas fiscalizações e de outros questionamentos apresentados pelas Secex Regionais.
II.5.2. Auditoria piloto
21. No período de 19 a 23/9/2011, foi realizada auditoria piloto no município de Planaltina/GO, com o objetivo de verificar a adequação da matriz de planejamento previamente elaborada pela 6ª Secex a partir das sugestões encaminhadas pelas Secex Regionais e de avaliar o prazo razoável para a realização das demais auditorias pelas equipes dessas Secex.
22. A escolha do município se deu devido ao fato de ser o de Planaltina o mais próximo, entre os que executavam o Pnate e possuíam convênios referentes ao Programa Caminho da Escola, a Brasília. Na ocasião, foram realizados todos os procedimentos previstos nas matrizes aplicáveis ao caso em um prazo de cinco dias úteis. As constatações decorrentes dessa auditoria estão registradas no TC 029.067/2011-1, julgado pelo Acórdão 2095/2012-TCU-Plenário.
II.5.3. Matrizes
23. A matriz definitiva decorreu do aperfeiçoamento da matriz aplicada na auditoria piloto. Esse trabalho de aperfeiçoamento foi realizado em workshop, em Brasília, nos dias 4 e 5/10/2011, por esta equipe técnica em conjunto com as Secretarias Regionais, considerando-se a experiência adquirida em campo com a auditoria piloto.
24. Para a execução das auditorias pelas Secex Regionais, foi realizada, inicialmente, a seleção, com base nos critérios de risco e materialidade eem eventuais trabalhos anteriormente desenvolvidos, dos municípios a serem visitados.
25. Nas Secex Regionais, a fim de que fossem respondidas as questões de auditoria propostas, efetuou-se exame documental referente aos pagamentos efetuados com os recursos dos programas de transporte escolar, aos processos licitatórios para a prestação do referido serviço e aos processos de convênio do Programa Caminho da Escola. Realizou-se, ainda, pesquisa bibliográfica (legislação), consulta a sistemas informatizados, cruzamento eletrônico de dados, inspeção física de veículos destinados ao transporte escolar, conciliação bancária das contas específicas dos programas em questão e entrevistas com atores envolvidos na execução desse serviço.
26. A maior parte das questões de auditoria foi formulada incluindo referências diretas à execução do Pnate, no intuito de se verificar a correta aplicação dos recursos transferidos. Nessa linha, o trabalho de fiscalização buscou verificar o seguinte: 
a) ocorrência de inexecução ou de execução parcial do objeto pactuado;
b) adequação dos veículos e respectivos condutores às regras definidas no Código de Trânsito Brasileiro e em normativos instituídos pelo FNDE, inclusive, no que diz respeito a eventual desvio de finalidade na utilização dos veículos alocados para a realização do transporte escolar rural;
c) observância dos procedimentos previstos na Lei de Licitações e na Lei 10.520/2002, especialmente no que se refere à regularidade das contratações examinadas;
d) regularidade da administração dos recursos geridos nas contas específicas dos programas de transporte escolar, de acordo com requisitos definidos em normativos, inclusive no que se refere à existência de comprovação documental e formas de pagamento;
e) compatibilidade das despesas executadas pelo município com os itens de custeio autorizados pelos normativos;
f) constituição e atuação do controle social, englobando análise da prestação de contas pelo CACS;
g) existência de mecanismos de fiscalização e acompanhamento dos contratos de fornecimento de produtos e serviços custeados com recursos dos programas de transporte escolar.
27. Em um segundo momento, para a realização da auditoria no FNDE, foi efetuada, inicialmente, a consolidação dos resultados das fiscalizações feitas pelas Secex Regionais. Além disso, realizou-se pesquisa bibliográfica nos normativos que regem os programas de transporte escolar, exame documental de informações apresentadas pelos gestores e consulta a sistemas informatizados.
28. Os trabalhos da presente auditoria foram realizados em conformidade com as Normas de Auditoria do Tribunal de Contas da União (Portaria - TCU 280/2010) e com observância aos Padrões de Auditoria de Conformidade estabelecidos pelo TCU. Contudo, ocorreram limitações aos exames realizados, as quais se encontram descritas a seguir.
II.6	Limitações
29. Na primeira fase do trabalho (auditorias realizadas pelas Secex Regionais), as equipes de auditoria apontaram como fatores de limitação ao desenvolvimento dos trabalhos, entre outros, os seguintes obstáculos: grande extensão territorial dos municípios, elevado número de rotas a serem percorridas pelos veículos escolares, grande extensão dos percursos e ausência de informações precisas acerca de preços e distâncias.
30. Além disso, as equipes apontaram limitações relacionadas ao complicado acesso às áreas rurais e ao curto prazo disponível para a aplicação dos procedimentos de auditoria. Ademais, indicaram desorganização administrativa dos entes executores, dificuldade de acesso a informações completas sobre os programas auditados, sonegação de documentos – os quais muitas vezes informava-se estarem desaparecidos – e, inclusive, ameaça velada à integridade física dos auditores. 
31. Na segunda fase do trabalho (auditoria realizada no FNDE), a limitação encontrada foi a ausência de processos de prestações de contas analisados e de relatórios de monitoramento produzidos nas visitas realizadas pelos técnicos da Autarquia.
II.7	Volume de Recursos Fiscalizados
32. O volume de recursos fiscalizados, correspondente à aplicação, pelos municípios auditados, dos recursos destinados aos programas de transporte escolar, incluindo os aplicados diretamente pelos próprios estados e municípios, nos exercícios de 2010 e 2011, alcançou o montante de R$ 89.370.420,65, conforme especificado abaixo:
	
	Município
	Valor total (R$)
	BA
	Queimadas
	R$ 3.811.106,85
	
	Quijingue
	R$ 1.792.552,30
	GO
	Ipameri e Catalão
	R$ 8.023.462,00
	
	Niquelândia e Minaçu
	R$ 30.799.477,59
	MG
	Minas Novas, Governador Valadares e Teófilo Otoni
	R$ 20.815.336,54
	PE
	Buíque e Petrolina
	R$ 4.234.921,66
	RN
	Nova Cruz
	R$ 714.665,56
	
	Assu
	R$ 1.330.158,11
	RO
	Cacoal
	R$ 647.445,43
	
	Ariquemes
	R$ 1.191.699,31
	RS
	Canguçu
	R$ 9.031.135,19
	
	Rio Pardo
	R$ 2.648.079,21
	SC
	Chapecó, Tubarão e Braço do Norte
	R$ 1.502.164,07
	SE
	Estância e Lagarto
	R$ 2.183.554,00
	TO
	Colmeia, Aragominas, Carmolândia e Goianorte
	R$ 644.662,83
	
	Total:
	R$ 89.370.420,65
Tabela 2: Volume de Recursos Fiscalizados. Fonte: relatórios de auditoria nos estados 
II.8	Benefícios estimados
33. Os benefícios estimados das ações de controle decorrentes da apreciação deste processo estão relacionados à correção de irregularidades, ao incremento da eficiência da entidade auditada, à expectativa de controle e aos impactos sociais positivos, conforme as orientações para benefícios do controle e em atendimento à Portaria-TCU 82/2012, e à Portaria-Segecex 10/2012.
II.9	Processos conexos
34. Cabe destacar que os julgamentos dos processos conexos listados abaixo não terão reflexo nas contas do FNDE, nos exercícios de 2010 e 2011, tendo em vista que as medidas saneadoras adotadas nesses autos foram direcionadas aos gestores locais, como, por exemplo, prefeitos e secretários de educação, não envolvendo diretamente a autarquia. 
�
TC 014.493/2011-0
TC 029.067/2011-1
TC 026.547/2011-2
TC 034.494/2011-1
TC 030.745/2011-0
TC 030.744/2011-3
TC 026.757/2011-7
TC 026.746/2011-5
TC 019.697/2011-2
TC 034.468/2011-0
TC 026.159/2011-2
TC 034.134/2011-5
TC 034.342/2011-7
TC 026.122/2011-1
TC 027.012/2011-5
TC 026.742/2011-0
TC 027.739/2011-2
III – CONSOLIDAÇÃO: ACHADOS DAS AUDITORIAS NAS PREFEITURAS
35. Como antes mencionado, foram auditados 26 municípios, distribuídos em dez unidades da federação. Passa-se, adiante, a tratar da consolidação dos achados registrados nessas fiscalizações, agrupados de acordo com cada uma das questões da matriz.
36. Os dados apresentados a seguir, de forma resumida, encontram-se detalhados na peça 28. A amostra considerada é constituída dos 26 municípios fiscalizados. Assim, os percentuais apontados à frente são calculados com base nesse quantitativo.
37. Para fins de consolidação, foram inseridas em tabelas as informações de cada achado considerado mais relevante, do ponto de vista do mapeamento da execução dos programas de transporte escolar. A linha “Outros” das referidas tabelas registra os achados não previstos na matriz de planejamento. 
38. Embora não haja, nos relatórios, menção clara à situação que ensejou a marcação, pelas equipes, da linha “Outros”, procurou-se identificar alguns casos, a título de exemplificação, sempre que o percentual ali registrado era igual ou superior ao do achado de maior incidência na respectiva questão de auditoria.
Q.1 Há inexecução total ou parcial do programa de transporte escolar pelo município?
39. Para a questão 1, foram previstos dois possíveis achados. As informações constantes dos relatórios elaborados pelas Secex Regionais apresentam o resultado abaixo:
	
	Nº ocorrências
	% do Total
	A1. Não há serviço de transporte escolar para a área rural no município
	0
	0%
	A2. A abrangência do serviço de transporte escolar do município é parcial
	3
	12%
	Outros1
	4%
Tabela 3: Achados Questão 1
40. Observa-se que os problemas referentes a esta questão verificados pelas equipes não atingiram índices significativos. A maior incidência ocorreu no achado relativo à abrangência parcial do serviço de transporte escolar, com apenas 12%. 
41. No município de Nova Cruz/RN, a equipe de auditoria constatou que a população real usuária do transporte escolar correspondia a 47% do universo abrangido pelos programas. Foi identificada, ainda, a existência de comunidades que não constavam nas rotas do transporte e de outras que não contavam com atendimento direto, fazendo-se necessária a utilização de rotas próximas. A equipe propôs a audiência do responsável para que ele justificasse as irregularidades encontradas.
42. Na cidade de Assu/RN, a equipe de auditoria verificou que 372 alunos da área rural, matriculados no ensino básico, não estavam sendo transportados às suas escolas e optou por propor ciência da ocorrência aos responsáveis.
43. Destaca-se o verificado no município de Ariquemes/RO, em cujo relatório a equipe registrou a inexecução dos contratos em todas as rotas executadas por determinada empresa contratada pela prefeitura. 
44. Foi constatado, ainda, que, no mesmo município, nos anos de 2010 e 2011, os ônibus escolares provenientes da execução dos contratos vêm, rotineiramente, apresentando problemas diversos, os quais os impedem de completar as rotas a que se destinam. 
45. Verificou-se que o gestor municipal foi omisso ao não aplicar as penalidades previstas em casos de inexecução parcial dos contratos, o que veio a contribuir com a baixa qualidade dos serviços prestados no município. 
46. Diante disso, a equipe de auditoria propôs o chamamento dos responsáveis em audiência para que eles apresentassem razões de justificativa para a não adoção, nos casos anteriormente expostos, das medidas administrativas cabíveis.
47. Com relação ao apontamento da linha “Outros”, menciona-se o ocorrido no município de Rio Pardo/RS. A equipe de auditoria constatou que a prefeitura vinha usando, para o transporte dos alunos, preponderantemente, a concessão de passe estudantil. Segundo os auditores, entretanto, essa sistemática não vinha atendendo adequadamente às necessidades dos estudantes, os quais tinham de fazer grandes sacrifícios para percorrer o trajeto até as escolas, correndo, inclusive, riscos. A equipe concluiu que o serviço estava sendo prestado de forma inadequada e propôs audiência dos responsáveis para que eles justificassem as questões levantadas.
Q.2 Os veículos destinados ao transporte escolar, de propriedade da Prefeitura, são utilizados para outros fins que não o transporte de alunos da área rural, com prejuízo para o transporte dos alunos? 
Os veículos destinados ao transporte escolar, de propriedade de terceiros, são utilizados para outros fins que não o transporte de alunos da área rural em horários que deveriam estar atendendo esses alunos?
48. Essa questão trata de eventuais desvios de finalidade na execução dos programas de transporte escolar. Os registros das equipes de auditoria apresentaram os seguintes resultados agrupados:
	
	Nº ocorrências
	% do Total
	A3. Desvio de finalidade na utilização de veículos destinados ao transporte escolar
	3
	12%
	A4. Descumprimento do itinerário elaborado pela prefeitura
	1
	4%
	Outros
	0
	0%
Tabela 4: Achados Questão 2
49. Aqui, verifica-se, novamente, que a incidência de problemas na amostra foi baixa. Entretanto, vale comentar alguns aspectos relativos aos registros.
50. Na cidade de Quijingue/BA, foi constatado desvio de finalidade na utilização dos veículos escolares, tendo sido observada a condução de alunos concomitantemente com mercadorias/materiais de construção e com pessoas alheias ao ensino público municipal. Segundo os auditores, houve relatos de transporte de caixas de bebidas e de utilização dos ônibus em finais de semana para os mais variados propósitos, nas estradas da região. A equipe propôs a oitiva do prefeito para que ele se manifestasse a respeito das irregularidades verificadas. 
51. Ainda na Bahia, na cidade de Queimadas, a equipe de auditoria verificou a utilização do ônibus escolar para o transporte de mercadorias e de pessoas que não eram estudantes. A equipe propôs a audiência dos responsáveis para que eles justificassem as ocorrências relatadas.
Q3. Os veículos que realizam o transporte escolar atendem aos requisitos legais para a condução de escolares? (art. 15, inciso II, “a”, da Resolução - FNDE 12/2011; e Instrumentos de convênio do Caminho da Escola)
52. Esta questão teve como objetivo avaliar o atendimento às exigências legais a que estão submetidos os veículos destinados ao transporte escolar. Abaixo, expõem-se os dados consolidados das ocorrências registradas pelas equipes:
	
	Nº ocorrências
	% do Total
	A5. Veículo possui documentação irregular junto ao Detran
	0
	0%
	A6. Veículo não possui equipamentos de segurança obrigatórios ao transporte escolar (art. 136, inciso III a VI, do CTB)
	22
	85%
	A7. Veículo está em mau estado de conservação
	14
	54%
	A8. Veículo não tem autorização do Detran para circular (art 136, caput, do CTB)
	11
	42%
	A9. Veículo não foi submetido à inspeção semestral do Detran (art 136, inc II, do CTB)
	12
	46%
	A10. Veículo não está registrado como veículo de passageiros
	1
	4%
	A11. Veículo possui mais anos de uso do que o estipulado em legislação federal, estadual ou municipal, no contrato ou pelo fabricante do veículo, para prestar serviços de transporte escolar
	8
	31%
	A12. Não foi contratado seguro para os veículos adquiridos no âmbito do Programa Caminho da Escola
	2
	8%
	Outros
	7
	27%
Tabela 5: Achados Questão 3
53. Observa-se elevada incidência de falhas relativas à falta de equipamentos de segurança obrigatórios, ao mau estado de conservação dos veículos, à inexistência de autorização do Detran para a circulação e à idade dos ônibus, a qual muitas vezes é superior ao permitido para a prestação de serviços de transporte escolar. 
54. O achado mais recorrente foi o de veículos que não possuem equipamentos de segurança obrigatórios ao transporte escolar, exigidos no art. 136, incisos III a VI, do Código de Trânsito Brasileiro (85% da amostra). Nos municípios de Minas Novas, Governador Valadares e Teófilo Otoni, de Minas Gerais, Buíque/PE, Cacoal e Ariquemes, de Rondônia, e Colmeia e Goianorte, de Tocantins, a equipe de auditoria identificou veículos que não dispunham de cintos de segurança ou que possuíam cintos ineficientes. 
55. Nas cidades de Assu e Nova Cruz, do Rio Grande do Norte, Canguçu e Rio Pardo, do Rio Grande do Sul, Estância e Lagarto, de Sergipe, e Goianorte, Carmolândia e Aragominas, de Tocantins, os auditores verificaram problemas em itens como luzes de freio, luzes de ré, assentos, buzinas e setas. Além disso, nessas cidades foi constatada a ausência da faixa identificadora de veículo escolar nos ônibus empregados no transporte escolar.
56. As irregularidades citadas foram objeto de propostas de ciência (TO e MG), recomendação (Canguçu/RS), determinação aos responsáveis (RN) e, ainda, de realização de audiência dos responsáveis (SE e Rio Pardo/RS).
57. No que se refere ao estado de conservação dos veículos, 54% da amostra apresentou evidências de descuido com a manutenção. Nesse quesito, os itens mais recorrentes foram pneus carecas, limpadores de pára-brisas quebrados e latarias corroídas pela ferrugem. 
58. Quanto à autorização para circular fornecida pelo Detran, conforme exigência do art. 136, caput, do CTB, verificou-se, em 42% dos municípios auditados, a existência de veículos que não cumpriam com essa obrigatoriedade.
59. No que tange à inspeção semestral realizada pelo Detran, exigida no art. 136, inciso II, do CTB, constatou-se, em 46% das cidades fiscalizadas, a existência de veículos que fornecem transporte escolar sem atender a esse requisito. 
60. Também foram observadosônibus escolares com tempo de uso superior ao permitido. Destaca-se a constatação realizada no município de Niquelândia/GO, onde notou-se ser a frota de veículos de transporte escolar, em sua maioria, muito antiga. Chama-se a atenção para o fato de que dos 136 veículos utilizados no transporte dos alunos, 47 possuem mais de vinte anos de uso. Em virtude desses fatos, foi proposta a audiência dos responsáveis.
61. Com relação ao apontamento da linha “Outros”, a situação mais problemática foi noticiada em Queimadas/BA. Entre outras irregularidades, a equipe de auditoria constatou a existência de 28 motos destinadas ao transporte escolar. Além disso, a equipe relatou que no dia 26/7/2011, uma estudante de onze anos caiu do veículo destinado ao transporte escolar, tendo sido enviada ao hospital e que, no dia 23/11/2011, tendo ocorrido novo acidente, veio a falecer uma estudante de treze anos. A equipe propôs a realização de audiência dos responsáveis a fim de que justificassem as irregularidades observadas.
62. Na cidade de Assu/RN, notou-se a existência de veículos que transportavam uma quantidade de alunos superior à máxima permitida. A equipe optou por propor ciência da irregularidade aos responsáveis. Na mesma cidade, os auditores verificaram que a execução dos serviços de transporte escolar era realizada por veículos de carroceria aberta, os quais, segundo a equipe, totalizavam o número de dez. A equipe propôs audiência do responsável.
63. Convém realçar, também, a grave situação encontrada em Buíque/PE, onde é praticada a condução de alunos em veículos de carga que não são devidamente adaptados ao transporte escolar, descumprindo-se, assim, cláusulas essenciais do contrato celebrado entre o município e a empresa contratada, bem como diversos dispositivos do CTB.
64. No município em questão, a maioria dos veículos que realizam o transporte escolar é composta por caminhões popularmente conhecidos por “paus de arara”, que são desprovidos da necessária adaptação à condução de passageiros. O único ajuste feito nesses veículos é a colocação de tábuas, as quais servem de assento aos estudantes, e de uma lona, que cobre a carroceria de cada caminhão. 
65. O transporte de passageiros em veículos destinados a carga acarreta sérios riscos à integridade física dos passageiros, sobretudo ao se tratar de crianças e adolescentes.
66. Apesar do descumprimento de cláusulas contratuais consideradas essenciais, a contratante, a Prefeitura de Buíque, não rescindiu o contrato com a empresa. Tendo em vista tais fatos, foi proposto dar ciência ao Município de Buíque/PE da situação encontrada.
Q4. Os motoristas que realizam o transporte escolar atendem aos requisitos legais para a condução de escolares? (art. 15, II, “b”, da Resolução - FNDE 12/2011)
67. Esta questão teve como finalidade avaliar o atendimento às exigências legais a que estão submetidos os condutores dos veículos que realizam o transporte escolar. Abaixo, expõem-se os dados consolidados das ocorrências registradas pelas equipes:
	
	Nº ocorrências
	% do Total
	A13. Motorista sem habilitação ou com habilitação vencida ou incompatível com a exigida para o transporte de alunos (art. 136, inc. II, CTB)
	6
	23%
	A14. Motorista sem o requisito de aprovação em curso especializado (art. 136, inc. V, CTB)
	16
	62%
	A15. Motorista sem o requisito de idade mínima (art. 138, inc. I, CTB)
	0
	0%
	Outros
	1
	4%
Tabela 6: Achados Questão 4
68. Nesta questão observa-se índice significativo de motoristas sem o requisito de aprovação em curso de especialização para a condução de veículos escolares. Tal situação constitui desobediência ao inc. V do art. 138 do Código de Trânsito Brasileiro (Lei 9.503/1997).
69. Nas cidades de Queimadas e Quijingue, ambas da Bahia, a equipe de auditoria constatou que os motoristas entrevistados não possuíam o curso de especialização. No primeiro município, foi proposta audiência dos responsáveis e, no segundo, houve proposta de oitiva do prefeito para que ele se manifestasse a respeito das irregularidades verificadas. 
70. Na cidade de Nova Cruz/RN, 22 motoristas entrevistados disseram não ter feito o curso de especialização e outros cinco, que afirmaram tê-lo concluído, não apresentaram os respectivos comprovantes.
71. No município de Assu, no mesmo estado, dos 22 motoristas entrevistados pela equipe de auditoria, vinte afirmaram não ter feito o curso, enquanto dois disseram tê-lo feito, mas não apresentaram os comprovantes. A equipe de auditoria propôs dar ciência aos responsáveis das situações encontradas. 
72. Na cidade de Estância/SE, não foram apresentados certificados de realização de curso especializado por dez motoristas da prefeitura e por 45 condutores de empresas contratadas. 
73. No município de Lagarto, também em Sergipe, a situação encontrada foi semelhante. Constatou-se que outros 45 motoristas também não forneceram os comprovantes de realização do curso. Na mesma cidade, verificou-se a existência de motoristas com habilitação vencida ou com habilitação incompatível com a exigida para o transporte escolar.
74. Diante das irregularidades verificadas, a equipe de auditoria propôs a realização de audiência dos responsáveis a fim de que eles justificassem as ocorrências. 
75. Impende ressaltar a situação encontrada no município de Buíque/PE, onde a equipe de auditoria verificou que nenhum motorista havia feito o curso de especialização para condutores de veículos escolares.
76. Importa observar também que, segundo a Resolução-Contran 168/2004, o curso tem por finalidade habilitar o condutor de veículos escolares a: i) permanecer atento ao que ocorre interna e externamente ao veículo; ii) agir de forma adequada e correta no caso de eventualidades; iii) proporcionar segurança aos seus passageiros e a si próprio; e iv) desenvolver um relacionamento harmonioso com os estudantes que por ele são transportados.
77. A equipe observou, ainda, a existência de alguns motoristas com habilitação vencida e de outros com a habilitação incompatível com a exigida para o transporte de alunos. Diante dos fatos, a equipe de auditoria propôs dar ciência ao Município de Buíque/PE das irregularidades encontradas.
Q5. Na aquisição de produtos e serviços para transporte escolar, estão sendo utilizados os seguintes procedimentos previstos nas Leis 8.666/93 e 10.520/2002: realização de processo licitatório, utilização da modalidade adequada, critérios objetivos para habilitação dos licitantes e que não restrinjam a competitividade, julgamento de acordo com os critérios estabelecidos e adequada motivação de eventual anulação/revogação? (art. 15, § 2º, da Resolução - FNDE 12/2011 e legislação específica (estadual ou municipal)
78. Relativamente a esta questão, procurou-se tabular os principais pontos relacionados às irregularidades observadas em processos licitatórios destinados à contratação de serviços de transporte escolar. Os resultados foram os seguintes: 
	
	Nº ocorrências
	% do Total
	A16. Inexistência de licitação para contratação dos serviços de transporte escolar
	4
	15%
	A17. Utilização de modalidade indevida de licitação para contratação de serviços de transporte escolar
	13
	50%
	A18. Restrição à competitividade da licitação em razão da adoção de critérios inadequados de habilitação e julgamento
	9
	35%
	A19. Julgamento ou classificação das propostas em desacordo com os critérios do edital ou da legislação
	1
	4%
	A20. Fraude, conluio ou favorecimento ilícito em procedimento licitatório
	1
	4%
	A21. Irregularidades no processo licitatório para locação de veículos (falta de publicidade, favorecimento de determinadas empresas, fornecimento de veículos não atendem às exigências legais)
	11
	42%
	A22. Licitação com sobrepreço
	0
	0%
	A23. Anulação/revogação de processo licitatório não adequadamente motivada
	0
	0%
	A24. Inexistência de planilha de preços estimativos
	14
	54%
	A25. Planilha de preços estimativos comvalores inexequíveis ou com sobrepreço
	3
	12%
	A26. Incompatibilidade dos preços das propostas vencedoras com a planilha de preços estimativos ou com o mercado
	0
	0%
	Outros
	6
	23%
Tabela 7: Achados Questão 5
79. Dentre as constatações realizadas, cabe destacar algumas que comprometem, de forma mais significativa, o procedimento licitatório realizado.
80. Na cidade de Quijingue/BA, verificou-se, a partir das evidências coletadas, que a empresa contratada para a realização de serviços de transporte escolar era “de fachada”, não existindo, assim, em seu endereço de registro. Foi constatado também que, embora a empresa tivesse como atividade econômica principal o transporte escolar, não possuía veículos e atuava, dessa forma, como mera sublocadora de serviços contratados. 
81. Em seu relatório, a equipe de auditoria afirmou que a firma, mera intermediária, estava “desde 2009 a auferir vantagens financeiras advindas de fraude contra a Administração Pública e prestando um serviço de péssima qualidade no transporte de alunos”. 
82. Diante da situação, a equipe de auditoria propôs a suspensão da transferência de recursos federais do Pnate ao município e a oitiva dos envolvidos na referida contratação. 
83. Nos municípios mineiros de Minas Novas, Governador Valadares e Teófilo Otoni, os auditores verificaram que as contratações de serviços de transporte escolar decorreram de concorrência ou pregão presencial, quando, por se tratar de aquisição de serviços e bens comuns, deveria ter sido usado, preferencialmente, o pregão eletrônico, salvo houvesse justificativa que inviabilizasse a utilização deste. A equipe de auditoria propôs dar ciência aos responsáveis acerca das situações encontradas. 
84. Na cidade de Rio Pardo/RS, observou-se situação semelhante. A equipe de auditoria constatou que, em 2011, a prefeitura havia efetuado processo licitatório para contratação de serviços de transporte escolar por meio de tomada de preços. A equipe propôs dar ciência aos responsáveis para evitar novas ocorrências da mesma espécie. 
85. Além disso, pode-se mencionar a realização de licitações por preço global, e não por itens, apesar de o objeto das licitações ser perfeitamente divisível, o que contraria o disposto no art. 23, §§ 1º e 2º da Lei 8.666/1993 e na Súmula 247/2004 do TCU.
86. Convém salientar que a admissão por itens (rota ou lote de rotas) facilitaria a ampla participação de licitantes que, mesmo não dispondo de capacidade para a execução da totalidade do objeto, poderiam dispor de capacidade para executar determinado item ou lote de itens.
87. Tal fato também foi constatado nos municípios de Catalão, Ipameri, Niquelândia e Minaçu, todos do estado de Goiás, e em Ariquemes/RO. 
88. Outro importante achado da equipe de auditoria do estado de Goiás foi a contratação, feita pela Prefeitura de Catalão/GO, da Associação de Trabalhadores em Transporte Escolar do Estado de Goiás (Atego), no âmbito do Pnate. 
89. A Atego, juntamente com o Sindicato dos Trabalhadores Escolares do Estado de Goiás (Siteg), é responsável pela prestação de serviços de transporte escolar em 53 municípios goianos. Tal fato resultou em um faturamento, nos anos de 2010 e 2011, de R$ 22.845.747,58 à Atego, e de R$ 40.303.845,99 ao sindicato, contrariando o art. 53 do Código Civil (Lei 10.406/2002), que define as associações como uniões de pessoas que se organizam para fins não econômicos, e o art. 564, do Decreto-lei 5.452/1943 (Consolidação das Leis do Trabalho), o qual veda aos sindicatos o exercício de atividades econômicas.
90. Em virtude dos privilégios tributários de que gozam, tais instituições se beneficiam na competição com os demais participantes dos certames. Conforme observação feita pela equipe, em licitações nas quais essas entidades participam, é comum não haver outros interessados.
91. Em Minaçu e Niquelândia/GO foi verificada situação semelhante, levando a equipe a, diante das irregularidades, propor a audiência dos responsáveis.
92. Já em Buíque/PE, os auditores constataram que a restrição da competitividade de licitação ocorre em decorrência de exigência quanto à qualificação técnica, que incluiu disponibilização de software com funcionalidades que extrapolam a prestação do serviço de transporte propriamente dito. 
93. Convém realçar o número bastante expressivo de constatações relacionadas à utilização de modalidade indevida de licitação para a contratação de serviços de transporte escolar. Tal irregularidade compromete a competitividade dos certames, ocasionando contratações de serviços por valores superiores àquele que seria eleito caso fosse utilizada a modalidade devida.
94. No município de Lagarto/SE, a equipe de auditoria verificou a existência de cláusulas de habilitação que, novamente, restringiam a competitividade das licitações. Ressaltou-se que, diante da existência das cláusulas citadas, o edital foi impugnado por empresa interessada em participar do certame. A impugnação, contudo, foi considerada improcedente pela pregoeira, a qual sofreu proposta de audiência, formulada pela equipe de auditoria, para que justificasse a irregularidade verificada. 
95. Ainda no que se refere às irregularidades atinentes ao processo licitatório, vale notar que, no município de Quijingue/BA, a equipe de auditoria verificou, no instrumento convocatório da licitação para a contratação de serviços de transporte escolar, o não estabelecimento de requisitos técnicos mínimos ou mesmo de termo de referência para a caracterização do objeto. Segundo a equipe, essas falhas levaram à contratação de empresa que não atende às exigências para realização do serviço, conforme mencionado nos itens 87 e 88. Assim, foi proposta a oitiva do prefeito para que ele se manifestasse sobre a ocorrência. 
96. Nas cidades de Minas Novas, Governador Valadares e Teófilo Otoni, todas de Minas Gerais, foram constatados problemas no que se refere à divulgação dos procedimentos licitatórios. A equipe propôs dar ciência aos responsáveis acerca das irregularidades verificadas. 
97. Ainda em Governador Valadares, a equipe de auditoria verificou a transferência de serviços contratados a empresas estranhas à relação contratual. Segundo os auditores, as empresas vencedoras delegaram a execução de partes dos serviços a cooperativa, sem que o processo licitatório estabelecesse limite para tal subcontratação. Foi proposta audiência dos responsáveis pelas ocorrências citadas. 
98. Também em Lagarto/SE, verificou-se subcontratação irregular de serviços de transporte escolar, com anuência do prefeito. Foi proposta audiência do responsável para que ele justificasse a irregularidade mencionada. 
99. No município de Assu/RN, a equipe de auditoria verificou, entre outras irregularidades, evidências que conduzem a um possível direcionamento da licitação, caracterizando atos praticados com o objetivo de simular eventual concorrência no certame. A equipe concluiu que as medidas adotadas no processo licitatório seriam evidências preliminares da intenção de favorecimento que eivaria todo o processo de irregularidades. Assim, propôs a realização de audiência dos responsáveis pela licitação. 
100. Outra situação bastante peculiar encontrada ocorreu no município de Carmolândia/TO, onde não foram apresentados à equipe os processos licitatórios referentes aos contratos firmados com os prestadores de serviços de transporte escolar. Os responsáveis alegaram que todos os processos do período 2010 a 2011 foram retirados da Prefeitura, sem autorização, pelo ex-prefeito.
101. Entendendo que a situação merecia ser esclarecida, a equipe de auditoria propôs a audiência do atual prefeito, uma vez que não foi disponibilizado à equipe nenhum vestígio de que os procedimentos licitatórios teriam, de fato, ocorrido.
Q6. Os recursos liberados são geridos em conta bancária específica do PNATE, em instituições financeiras oficiais federais, (art. 7º da Resolução - FNDE 12/2011 e art. 3º da Resolução - FNDE 44/2011),sem a incidência de tarifas bancárias (§ 3º do art. 7º da Resolução - FNDE 12/2011), e aplicados conforme especificado no § 5º do art. 7º da Resolução - FNDE 12/2011 ou conforme legislações específicas (estaduais ou municipais) quando se tratar de outras fontes de recursos?
102. Para esta questão, foram previstos cinco possíveis achados relacionados a eventuais irregularidades na gestão dos recursos dos programas de transporte escolar. A consolidação das informações apresentadas pelas equipes de auditoria apresentou o resultado abaixo: 
	
	Nº ocorrências
	% do Total
	A27. Gestão dos recursos do Pnate em conta não específica/exclusiva ou banco não autorizado
	1
	4%
	A28. Não aplicação dos recursos do Pnate, enquanto não empregados na sua finalidade ou aplicação em títulos não permitidos
	0
	0%
	A29. Rendimentos de aplicações financeiras não aplicados no objeto do Pnate
	0
	0%
	A30. Cobrança de tarifas bancárias pela instituição financeira que contém a conta referente aos recursos do Pnate
	3
	12%
	A31. Gestão de recursos decorrentes de outras fontes de custeio, em desacordo com legislações específicas
	1
	4%
	Outros
	1
	4%
Tabela 8: Achados Questão 6
103. Observou-se baixo índice de achados referentes a esta questão, sendo o mais significativo deles relativo à cobrança de tarifas bancárias pela instituição financeira que contém a conta referente aos recursos do Pnate.
104. Esse procedimento foi verificado nos municípios de Carmolândia e Goianorte, ambos de Tocantins, e de Lagarto/SE e revela-se em desacordo com as normas pertinentes à aplicação de recursos federais transferidos pelo Pnate, conforme art.15, item “d”, da Resolução - FNDE 12/2007, e subsidiariamente os termos do art. 39, inciso VII, da Portaria – Interministerial 127/2008 (Ministério do Planejamento Orçamento e Gestão, Ministério da Fazenda e Controladoria Geral da União).
Q7. Os recursos administrados pelos municípios para a execução do transporte escolar estão sendo utilizados com as finalidades previstas no art. 15, incisos I e II, da Resolução - FNDE 12/2011 (reformas, seguros, licenciamentos, impostos e taxas, pneus, câmaras, serviços mecânicos, em geral, da frota escolar e pagamento de empresas de transporte escolar terceirizado) e em legislações específicas (estaduais ou municipais)?
105. Esta questão teve como objetivo verificar a regularidade das despesas efetuadas com recursos de programas destinados ao transporte escolar. Os resultados obtidos são apresentados na tabela abaixo:
	
	Nº ocorrências
	% do Total
	A32. Pagamento de despesas não relativas ao transporte escolar
	1
	4%
	A33. Pagamento de despesas não permitidas no âmbito do Pnate ou de programas custeados por outras fontes de recursos
	0
	0%
	A34. Pagamento de despesas com veículos que não integram a frota do transporte escolar
	2
	8%
	A35. Pagamento de despesas do Pnate em desacordo com os limites estabelecidos nos normativos (combustível, lubrificante e taxas)
	0
	0%
	A36. Gastos de combustível incompatíveis com a quilometragem percorrida
	1
	4%
	Outros
	5
	19%
Tabela 9: Achados Questão 7
106. Observa-se na tabela que, da mesma forma que ocorreu com a questão anterior, os problemas referentes a esta questão não atingiram índices significativos. O item que apresentou a maior incidência de irregularidades (apenas 8%) foi o referente ao pagamento de despesas com veículos que não integravam a frota de transporte escolar. 
107. A ocorrência acima citada foi verificada nos municípios de Minas Novas/MG e Assu/RN, onde os respectivos responsáveis sofreram proposta de audiência, formulada pela equipe de auditoria. 
108. Contudo, conforme nota-se na linha “Outros”, foram verificados outros cinco achados não constantes da tabela, ocorridos em 19% dos municípios fiscalizados. Esses achados referem-se aos seguintes fatos: 
a) não utilização, em sua totalidade, dos recursos disponíveis na conta específica do Pnate, acarretando sobras financeiras significativas ao final do exercício (Chapecó, Tubarão e Braço do Norte, todos em Santa Catarina). O fato não foi objeto de proposta de encaminhamento, em virtude dos controles exercidos pelo FNDE em relação às sobras de recursos não aplicados; 
b) pagamento de gratificação de produtividade aos motoristas, em desacordo com a norma interna (Teófilo Otoni/MG), ocorrência a qual foi objeto de proposta de ciência ao município; e
c) pagamento irregular de serviços não executados e assunção de IRPJ e CSLL de forma indevida (Ariquemes/RO), achado o qual ensejou proposta de chamamento dos responsáveis em audiência.
Q8. A movimentação dos recursos na conta específica do Programa está devidamente respaldada por documentos fiscais originais ou equivalentes emitidos em nome do executor, devidamente identificados com o nome do Programa (art. 15, §2º, da Resolução - FNDE 12/2011); foi realizada mediante cheque nominativo ou transferência eletrônica ou, excepcionalmente, saque justificado (art. 7º, §8º, da Resolução- FNDE 12/2011) e obedece aos dispositivos da Resolução - FNDE 44/2011 ou de legislação específica (estadual ou municipal)?
109. Esta questão trata da regularidade da movimentação dos recursos repassados no âmbito dos programas de transporte escolar. Os registros das equipes de auditoria apresentaram os seguintes resultados:
	
	Nº ocorrências
	% do Total
	A37. Despesas realizadas sem o devido suporte de documento fiscal ou recibo
	5
	19%
	A38. Transferências a fornecedor estranho à relação contratual
	0
	0%
	A39. Fraudes nos pagamentos ou documentos comprobatórios
	0
	0%
	A40. Ausência da placa do veículo, da identificação do executor e/ou do nome do Programa nos documentos comprobatórios das despesas ou descrição incompleta dos produtos e serviços adquiridos
	8
	31%
	A41. Ocorrência de saques sem comprovação de despesa
	2
	8%
	A42. Emissão de cheques ao portador
	0
	0%
	A43. Pagamentos realizados com cheque após o prazo definido na Resolução - FNDE 44/2011 
	1
	4%
	A44. Ocorrência de saques direto no caixa sem as devidas justificativas e/ou sem respeito aos limites impostos pelo art. 6º da Resolução - FNDE 44/2011
	0
	0%
	A45. Ocorrência de pagamento antecipado
	0
	0%
	A46. Existência de nota fiscal idêntica para comprovação de serviços custeados por diferentes fontes
	0
	0%
	Outros
	1
	4%
Tabela 10: Achados Questão 8
110. Com relação a esta questão, nota-se que o achado o qual apresentou o maior índice de ocorrências foi o referente à ausência de dados obrigatórios nos documentos comprobatórios das despesas. Essa situação constitui descumprimento ao disposto no art. 15, § 2º, da Resolução-FNDE 12/2011. 
111. A ocorrência foi constatada nos municípios de Catalão/GO, Canguçu/RS, Rio Pardo/RS, Braço do Norte/SC e, no estado de Tocantins, nos municípios de Carmolândia, Aragominas, Goianorte e Colmeia. 
112. Tal irregularidade pode vir a facilitar a utilização fraudulenta de documentos de despesa para comprovar gastos de outra natureza/fonte/programa. As ocorrências tiveram como consequência a proposição de ciência aos responsáveis acerca das irregularidades verificadas. 
113. Vale também comentar que nos municípios de Carmolândia e Aragominas, ambos de Tocantins, a equipe identificou diversos saques em espécie sem comprovação da despesa. Diante disso, a equipe propôs a instauração de Tomada de Contas Especial em autos apartados para que fossem citados os responsáveis pela irregularidade constatada.
Q9. O Conselho de Acompanhamento e Controle Social do Fundeb (CACS) está devidamente constituído (art. 24, § 1º, IV, da Lei 11 494/2007) e exerce o controle social sobre a aplicação dos recursos do Pnate (§ 13 do art. 24 da Lei 11.494/2007 e art. 16, § único, da Resolução - FNDE 12/2011)?
114. Esta questão teve como objetivo verificar as condições de atuação dos CACS/Fundeb. Os resultados obtidos pelas equipes de auditoria estão apresentados abaixo:
	
	Nº ocorrências% do Total
	A47. O CACS não está constituído conforme dispõe a legislação pertinente
	4
	15%
	A48. Conselho social não exerce as competências estabelecidas na norma do Pnate
	10
	38%
	A49. Ausência/insuficiência de capacitação dos membros do conselho
	21
	81%
	A50. Ausência/insuficiência de infraestrutura adequada ao funcionamento do Conselho
	7
	27%
	A51. Possível influência de gestores nas decisões do Conselho, em virtude de eventuais relações políticas/familiares
	0
	0%
	A52. Não fornecimento ou fornecimento intempestivo de informações ao CACS pelo Ente Executor
	2
	8%
	Outros
	0
	0%
Tabela 11: Achados Questão 9
115. Na presente questão, como se pode observar na Tabela 11, houve alto índice de achados, sobretudo em relação à ausência/insuficiência de capacitação dos membros do Conselho de Acompanhamento e Controle Social do Fundeb.
116. Na cidade de Queimadas/BA, a equipe de auditoria constatou que não há participação dos conselheiros em cursos de qualificação. Foi proposta a realização de audiência dos responsáveis pela ocorrência. 
117. Ainda na Bahia, na cidade de Quijingue, os auditores verificaram que os membros do Conselho necessitam de capacitação. Assim, propuseram recomendação à Secretaria Municipal de Educação para a realização de ações do referido tipo. 
118. A falta de qualificação dos conselheiros se repetiu nas cidades mineiras de Governador Valadares e Minas Novas, em Estância/SE, em Assu/RN, Nova Cruz/RN, Canguçu/RS e Rio Pardo/RS. 
119. Igualmente, nos municípios do estado de Goiás (Ipameri, Catalão, Niquelândia e Minaçu), não foi promovida, pelo FNDE/MEC, a capacitação dos membros do Conselho (CACS/Fundeb), em afronta ao art. 30, inciso II, da Lei 11.494/2007. Além do mais, nesses municípios ficou constatada a ausência da infraestrutura necessária à execução plena das competências do Conselho.
120. Nos municípios do estado de Tocantins (Colmeia, Aragominas, Carmolândia e Goianorte) também foi constatada insuficiência na qualificação dos membros do Conselho, sem a qual estes veem prejudicada a realização de suas competências. Foi ressaltado, inclusive, pelos próprios conselheiros, que a falta de devida habilitação dificulta o recrutamento e a manutenção de pessoas no cargo.
121. Em Tubarão/SC foi identificada execução apenas parcial das competências atribuídas ao CACS. Seus membros acusaram algumas dificuldades que enfrentam ao exercerem suas funções de acompanhamento e fiscalização da execução do Pnate, dentre as quais podem-se citar: a apresentação intempestiva e incompleta dos documentos solicitados ao órgão executor e a não disponibilização de veículos para o deslocamento de equipes do Conselho aos estabelecimentos escolares.
122. A ocorrência relacionada ao fato de os Conselhos não exercerem plenamente as competências a eles estabelecidas pelos normativos do Pnate foi verificada, também, nas cidades de Queimadas/BA, Governador Valadares/MG, Minas Novas/MG, Teófilo Otoni/MG, Buíque/PE, Assu/RN, Nova Cruz/RN, Canguçu/RS e Rio Pardo/RS. 
Q10. A elaboração, apresentação e análise pelo CACS da prestação de contas obedece aos ritos, prazos e providências da Resolução 12/2011, art. 17 e parágrafos?
123. Esta questão teve como finalidade avaliar a atuação dos conselheiros no que se refere à análise da prestação de contas apresentada pelo ente executor. Os resultados obtidos constam da tabela abaixo:
	
	Nº ocorrências
	% do Total
	A53. Prestação de contas indevidamente (incompleta, incorreta, inverídica e/ou fraudulenta) aprovada pelo CACS
	0
	0%
	A54. Irregularidades encontradas não relatadas na prestação de contas
	0
	0%
	A55. Parecer do CACS é inconsistente, pro forma ou incompatível com os elementos presentes no processo
	6
	23%
	A56. O ente executor não apresentou ou apresentou intempestivamente ao CACS a prestação de contas dos recursos do Pnate
	0
	0%
	A57. O CACS não apresentou ou apresentou intempestivamente a prestação de contas ao FNDE
	0
	0%
	Outros
	0
	0%
Tabela 12: Achados Questão 10
124. O único achado referente a esta questão diz respeito a pareceres inconsistentes, sem a análise devida, emitidos pelos Conselhos. Foram evidenciadas análises “pro forma”, realizadas apenas para cumprir determinação contida no §3 º do art. 17 da Resolução - FNDE 12/2011.
125. No município de Quijingue/BA, a equipe de auditoria informou que a prestação de contas referente aos recursos aplicados em 2010 recebera, do Conselho, parecer pela regularidade. Segundo os auditores, “observa-se que o pronunciamento formal do colegiado não reflete a preocupante realidade do programa em Quijingue, advinda da prestação de um serviço deficiente, inadequado, de alto risco para seus beneficiários e envolto por sérios indícios de corrupção”, como relatado nos itens 87 e 88. A equipe propôs recomendação ao conselho a fim de prevenir novas ocorrências dessa espécie. 
126. O parecer do CACS/Fundeb foi considerado inconsistente e pro forma pela equipe de auditoria que fiscalizou os municípios mineiros de Governador Valadares, Minas Novas e Teófilo Otoni, tendo sido proposta ciência da ocorrência aos responsáveis. 
127. A ocorrência também foi verificada no município de Rio Pardo/RS. A equipe de auditoria entendeu que o achado está ligado à ausência de capacitação dos membros do CACS/Fundeb. Assim, propôs que a equipe coordenadora dos trabalhos recomende ao FNDE a implementação de cursos de capacitação aos conselheiros. Registre-se que o presente trabalho traz proposta de recomendação à Autarquia nesse sentido (item 248). 
Q11. O Ente Executor realiza a gestão dos contratos de fornecimento de produtos e serviços para o transporte escolar, segundo as normas vigentes (art. 67 da Lei 8.666/93 e art. 15, II, da Resolução - FNDE 12/2011)?
128. Esta questão objetivou analisar a atuação do ente executor quanto à sua obrigação de fiscalizar os serviços prestados. As ocorrências relatadas estão consolidadas no quadro abaixo:
	
	Nº ocorrências
	% do Total
	A58. Prestação de serviços e fornecimento de produtos para o transporte escolar sem a devida formalização
	1
	4%
	A59. Inexistência de fiscal para acompanhamento da execução dos contratos de transporte escolar
	14
	54%
	A60. Não realização do efetivo acompanhamento dos contratos de transporte escolar por fiscal do contrato
	4
	15%
	Outros
	3
	12%
Tabela 13: Achados Questão 11
129. Destaca-se a situação encontrada pela equipe de auditoria nos municípios fiscalizados do estado de Tocantins, onde inexistia a figura do fiscal de contrato, em afronta ao previsto no art. 67 da Lei 8.666/1993, o qual possui a missão de acompanhar e fiscalizar a execução dos contratos firmados para a execução do transporte escolar. Em virtude disso, foi proposta a audiência dos responsáveis.
130. No município de Queimadas/BA, constatou-se que, apesar de existir um servidor designado para atuar como fiscal dos contratos de transporte escolar, a gestão do serviço encontra-se concentrada na empresa contratada. Assim, foi proposta audiência dos responsáveis para que eles justificassem a irregularidade verificada. 
131. Nas cidades mineiras de Governador Valadares, Minas Novas e Teófilo Otoni, foi verificada a inexistência de servidor designado para fiscalizar os contratos relativos ao transporte escolar e, por isso, os auditores optaram por propor ciência aos responsáveis acerca das situações encontradas. 
132. Também em Assu/RN não havia controle sobre a prestação dos serviços de transporte escolar, devido, novamente, à ausência de designação de fiscal de contrato. Foi proposta audiência do responsável para justificar a ocorrência. 
133. Já em Lagarto/SE, a equipe de auditoria verificou que a designação do fiscal dos contratos de transporte escolar ocorreu tardiamente e considerou tal irregularidade como grave. Assim, propôs audiência do responsável. 
134. No município de Rio Pardo/RS, a equipe também constatou a ausênciade designação de fiscal de contrato para gerir o serviço de transporte escolar e, somando-se esse fato a outras ocorrências, propôs audiência dos responsáveis. 
135. Igualmente, em Canguçu/RS não houve designação formal de servidor para atuar como fiscal de contrato. Nesse caso, a equipe entendeu suficiente propor ciência aos responsáveis acerca da irregularidade verificada. 
136. No município de Ariquemes/RO, a equipe de auditoria se deparou com diversas falhas graves na execução dos serviços de transporte escolar realizados tanto pela Prefeitura quanto pela empresa contratada.
137. Em um dos casos havia uma motocicleta, de propriedade do motorista, sendo transportada dentro do ônibus. Apesar de a motocicleta estar amarrada, ela poderia causar algum dano aos alunos. Em outra ocorrência, foi identificado um ônibus sem uma das janelas. Ademais, nenhum dos ônibus pertencentes à empresa possuía pneu reserva, fato amplamente conhecido e confirmado por diversos motoristas, alunos, monitoras e funcionários das escolas. Cabe destacar que não foi noticiada qualquer providência adotada pelo fiscal do contrato para resolver os problemas mencionados. 
138. Tais irregularidades, juntamente com outras relatadas pela equipe no relatório de auditoria, demonstram que o fiscal do contrato não realiza o efetivo acompanhamento dos contratos de transporte escolar.
IV – AUDITORIA NO FNDE					
139. A partir dos achados constatados nas auditorias realizadas pelas Secretarias Regionais nos municípios, foi planejada a auditoria executada no FNDE, a qual buscou responder as seguintes questões:
a) Quais os principais problemas existentes no processo de análise das prestações de contas dos recursos repassados pelo FNDE no âmbito dos programas de transporte escolar?
b) De que forma a fiscalização sobre os programas de transporte escolar pela Coordenação Geral de Apoio à Manutenção Escolar (CGAME) e nas respectivas auditorias efetuadas pela Auditoria Interna do FNDE permite identificar irregularidades na execução dos programas?
c) Quais as providências adotadas pelo FNDE com o objetivo de minorar o descumprimento dos requisitos legais estabelecidos para a condução de escolares no Código de Trânsito Brasileiro (CTB) (Lei 9.503/1997)?
d) Em que medida as ações promovidas pelo FNDE para capacitação dos conselheiros responsáveis pelo controle social no âmbito do Pnate atingem o objetivo a que se propõem?
140. O objetivo da auditoria realizada no FNDE foi verificar como a atuação dessa entidade vem contribuindo para sanar as irregularidades apontadas nas auditorias realizadas pelas Secex regionais nos municípios, no que se refere à regularidade da aplicação dos recursos dos programas ligados ao transporte escolar, Programa Caminho da Escola e Pnate, nos exercícios de 2010 e 2011.
141. O FNDE exerce o controle dos recursos repassados no âmbito dos referidos programas por meio das prestações de contas, das fiscalizações in loco e do controle social. Assim, o resultado da auditoria realizada na Autarquia, que será apresentado a seguir, está dividido em três áreas (prestação de contas, fiscalização e capacitação) e organizado por achados.
142. Cabe destacar que o FNDE tem adotado medidas para reduzir o descumprimento dos requisitos legais estabelecidos no CTB para a condução de escolares, como, por exemplo, a criação de grupo de trabalho envolvendo, entre outros, órgão responsável pela legislação de trânsito. Mais informações sobre o assunto são apresentadas no item V.2.
IV.1. PRESTAÇÃO DE CONTAS
ACHADO 1: Ausência de análise da documentação recebida referente às prestações de contas dos recursos repassados.
143. Os arts. 17 e 18 da Resolução - FNDE 12/2011 trazem disposições relativas ao processo de prestação de contas dos recursos financeiros recebidos para a execução do Pnate. A prestação de contas, acompanhada de toda a documentação constante da Resolução do FNDE que regulamenta o programa, deve ser enviada, até o dia 28 de fevereiro do exercício subsequente ao do repasse, ao CACS/Fundeb, pelas secretarias de educação de estados e municípios. O conselho deve, após analisar a documentação, emitir parecer sobre a prestação de contas e remetê-la ao FNDE.
144. A Resolução - FNDE 12/2011 assenta que o CACS/Fundeb é o responsável pelo acompanhamento e controle social, bem como pelo recebimento, análise e encaminhamento, ao FNDE, da prestação de contas do Pnate, conforme já previsto na Lei 11.494/2007. Para tanto, o art. 17, § 2º, da mesma resolução, estabelece que, além da documentação referente à prestação de contas dos recursos repassados no âmbito do Pnate, o conselho poderá solicitar aos entes executores outros documentos que julgar convenientes.
145. Após efetuar a análise da prestação de contas recebida, o CACS/Fundeb emitirá parecer conclusivo a respeito da aplicação dos recursos e encaminhará a documentação ao FNDE até o dia 15 de abril do mesmo ano, conforme disposto no art. 17, § 3º, da Resolução - FNDE 12/2011. 
146. O § 8º do mesmo artigo dispõe que o FNDE, ao receber a documentação referente à prestação de contas, juntamente com o parecer emitido pelo CACS/Fundeb, providenciará a sua análise. Contudo, a norma é silente quanto ao prazo para a realização de tal análise. O inciso I do § 8º estipula que, na hipótese de concordância com o parecer favorável do Conselho, e desde que confirmada a regularidade da documentação apresentada, o FNDE aprovará a prestação de contas. 
147. Porém, impende salientar que a documentação enviada pelo CACS/Fundeb não permite ao FNDE examinar os documentos que embasaram a prestação de contas elaborada pelo ente executor. Essa documentação fica disponível somente para os membros do conselho. 
148. Conforme disposto nos incisos I a IV do art. 17 do normativo citado, após ser efetuada a análise dos documentos, cabe ao CACS/Fundeb enviar ao FNDE apenas o Demonstrativo da Execução da Receita e da Despesa e de Pagamentos Efetuados, o parecer conclusivo a respeito da aplicação dos recursos, os extratos bancários da conta corrente em que os recursos foram geridos e a conciliação bancária, se for o caso. 
149. Sendo assim, a Autarquia não tem condições de verificar, por exemplo, eventual irregularidade na emissão de uma nota fiscal. Esse procedimento reforça a importância da análise da prestação de contas pelo CACS/Fundeb, pois são os membros desse conselho que têm a possibilidade de, em contato direto com a documentação apresentada pelo ente executor, examinar minuciosamente os documentos que respaldam as despesas executadas. 
150. Quanto ao Programa Caminho da Escola, a Resolução - FNDE 7/2010, estabelece as normas para que os municípios, os estados e o Distrito Federal adiram a ele, de modo que possam pleitear a aquisição de veículos para o transporte escolar.
151. O art. 8º do referido normativo autoriza a transferência financeira de recursos orçamentários para estados, Distrito Federal e municípios, por meio de convênio, para a aquisição de veículos destinados ao transporte escolar, no âmbito do Programa Caminho da Escola.
152. O § 2º do artigo mencionado dispõe que a transferência financeira obedecerá ao disposto no Manual de Orientação para Assistência Financeira a Programas e Projetos Educacionais do FNDE no respectivo exercício. 
153. Nas Resoluções - FNDE 2/2009 e 1/2012, que tratam do mesmo assunto, há dispositivos no mesmo sentido. 
154. Por meio da Resolução - FNDE 53/2009 (peça 25), a Autarquia aprovou o manual de assistência financeira, que deve ser aplicado aos convênios firmados sob a égide do Decreto 6.170/2007 e da então vigente Portaria Interministerial MP/MF/CGU 127/2008 (Ministério do Planejamento Orçamento e Gestão, Ministério da Fazenda e Controladoria Geral da União), os quais dispõem a respeito das normas relativas às transferências de recursos da União mediante convênios e contratos de repasse.
155. O item 10 do manual supracitado, referindo-se à prestação de contas, determina que estas sejam apresentadas ao FNDEno prazo máximo de sessenta dias após o término da vigência do convênio.
156. Apesar de o manual não fazer referência ao prazo estipulado para a análise das prestadas de contas recebidas pelo FNDE, o art. 60 da Portaria 127/2008 ratificou a informação contida no § 7º do art. 10 do Decreto 6.170/2007 de que a autoridade concedente tem o prazo de noventa dias, contados a partir da data do recebimento, para analisar as referidas prestações de contas. 
157. Foram solicitadas à Autarquia informações a respeito dos processos de prestação de contas recebidas pelo FNDE referentes aos recursos repassados nos exercícios de 2010 e 2011. 
158. Em resposta, por meio do Ofício 190/2012/GABIN/PRESIDÊNCIA/FNDE/MEC (peça 9, p.1), de 5/3/2012, o FNDE encaminhou os Memorandos 57/2012-DIRAE/FNDE, de 5/3/2012, 13/2012-CGCAP/DIFIN/FNDE/MEC, de 2/3/2012, 38/2012/GAB/DIPRO/FNDE/MEC, de 29/2/2012, e 168/2012- DICIN/COORI/AUDIT/FNDE/MEC, de 1º/3/2012, contendo as informações solicitadas.
159. A Autarquia informou que a apreciação das prestações de contas é dividida em duas etapas de análise: a prévia, relativa ao cumprimento dos aspectos formais (análise de formalidade), e a análise propriamente dita, a qual abarca os aspectos físico e financeiro da prestação de contas (peça 9, p. 3-4).
160. Na mesma resposta, o FNDE apresentou os dados referentes ao exame das prestações de contas do Programa Caminho da Escola e do Pnate em relação aos recursos repassados em 2010.
161. Segundo a Autarquia, dos convênios firmados pelo Programa Caminho da Escola no referido ano, foram recebidos 703 processos de prestação de contas, os quais somavam o montante de R$ 256.210.515,00. Nenhuma dessas prestações de contas havia sido analisada (peça 9, p. 4).
162. Diante do exposto, mostra-se oportuno dar ciência ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação de que a ausência de análise, dentro do prazo de noventa dias, das prestações de contas de recursos repassados por meio dos convênios firmados no âmbito do Programa Caminho da Escola, no exercício de 2010, afrontou o disposto nos arts. 10, §7º, do Decreto 6.170/2007 e 60 da Portaria Interministerial - MP/MF/CGU 127/2008, vigente à época.
163. No que se refere aos recursos transferidos pelo Pnate em 2010, o FNDE apresentou informações relativas às prestações de contas na peça 9, p.3. Contudo, informações atualizadas foram recebidas por meio do Ofício 386/2012/GABIN/PRESIDÊNCIA/FNDE/MEC (peça 24), de 14/5/2012, conforme quadro abaixo:
 
	2010
	Quantitativo
	Montante (R$)
	Total de processos com documentos a título de prestação de contas autuados
	5.055
	589.631.792,09
	Total de prestação de contas com análise de formalidade realizada
	4.923
	574.997.917,56
	Total de prestação de contas aguardando análise de formalidade
	131
	14.633.000,91
	Total de prestação de contas reprovadas (análise financeira)
	1
	873,62
Tabela 14: Prestações de contas - Recursos Pnate 2010
164. No mesmo documento, a Autarquia ratifica a informação de que foi feita apenas uma análise financeira das prestações de contas referentes ao exercício de 2010, no âmbito do Pnate (peça 24, p. 1).
165. Especificamente no que diz respeito ao Pnate, conforme mencionado no item 153, a Resolução - FNDE 12/2011 não traz dispositivo referente ao prazo estipulado para a análise efetuada pelo FNDE da documentação recebida dos CACS/Fundeb.
166. Ainda assim, não se pode considerar razoável que, da totalidade de processos de prestação de contas recebidos em 2011, apenas um tenha sido examinado. O atraso na análise das documentações recebidas pode dificultar a tomada de eventuais providências por parte do FNDE, caso sejam verificadas impropriedades na aplicação dos recursos repassados. 
167. Diante do exposto, entende-se oportuno recomendar ao FNDE que estabeleça, nos normativos que regulamentam o Programa Nacional de Apoio ao Transporte do Escolar, prazo para que a Autarquia analise a documentação referente à prestação de contas dos recursos recebidos no âmbito do Programa, enviada pelo CACS/Fundeb. 
168. Convém destacar que o elevado estoque de processos de prestação de contas de recursos repassados pelo FNDE por meio de transferências automáticas pendentes de análise já havia sido constatado quando da realização de fiscalização na Autarquia no âmbito do TC 019.162/2008-9, que resultou no Acórdão 2.576/2009–TCU-Plenário, de 6/11/2009.
169. Segundo o relatório que fundamentou o acórdão supracitado, “ao final de 2007 estavam pendentes de análise, em relação aos recursos repassados por transferências automáticas, cerca de 87% das prestações de contas recebidas nesse ano e 30% das recebidas em 2006”.
170. A constatação originou a deliberação contida no item 9.2.3 do referido acórdão, que recomendou que o FNDE avaliasse a conveniência de acompanhar a evolução do estoque de prestações de contas das transferências automáticas pendentes de análise, estabelecendo metas, a cada exercício, para reduzi-lo.
171. Cabe destacar que, no Relatório de Gestão do FNDE de 2011 (peça 31, p. 140-144), há informações sobre o estoque de prestações de contas sem análise. As informações são apresentadas de forma consolidada, não detalhadas por programa. O que se verifica, no referido relatório, é que a quantidade de prestações de contas não analisadas pela entidade ainda é muito elevado.
172. Para exemplificar, pode-se mencionar que o “Quadro A.6.5 – Visão geral da análise das prestações de contas de convênios e contratos de repasse” (peça 31, p. 143-144), ao tratar de transferências automáticas, informa que nenhuma das 17.122 contas prestadas, referentes ao exercício de 2010, foi analisada e que, das 18.407 contas prestadas, referentes ao exercício de 2009, apenas 206 foram analisadas. 
173. De acordo com informações apresentadas pela entidade, o FNDE espera que, com a implementação do Sistema de Gestão de Prestação de Contas (SIGPC), o passivo de processos de contas pendentes de análise seja consideravelmente reduzido. O relatório de gestão supracitado faz referência ao sistema na parte que trata de projetos desenvolvidos pela entidade (peça 31, p. 77). 
174. Quanto aos recursos repassados em 2011 no âmbito do Programa Caminho da Escola e do Pnate, o FNDE informou que os repasses foram alcançados pela Resolução - FNDE 2/2012. 
175. O referido normativo estabelece orientações, critérios e procedimentos para a utilização obrigatória, a partir de 2012, do SIGPC, desenvolvido pelo FNDE para a gestão do processo de prestação de contas.
176. De acordo com o art. 8º da resolução, os prazos para a entrega das prestações de contas dos recursos repassados em 2011 foram estendidos, conforme se depreende de sua redação: “visando ao acesso e à correta utilização do SIGPC, nos termos da Lei nº 9.784/99, ficam suspensos por cem dias os prazos de entrega das prestações de contas das Transferências Voluntárias e Obrigatórias/Legais que tenham vencimento entre 1º de janeiro e 31 de julho de 2012”.
177. O FNDE estima que a quantidade de processos de prestação de contas referentes a recursos repassados no âmbito do Pnate em 2011 deve chegar a 5.165 (peça 9, p.3). A Autarquia não informou a previsão para a prestação de contas de recursos do mesmo exercício no âmbito do Programa Caminho da Escola.
178. No que se refere às prestações de contas de recursos concedidos pelo FNDE, a entidade apresentou informações a respeito da sua nova sistemática, a qual funcionará mediante a utilização do SIGPC (peça 9, p. 10-14).
179. Segundo o FNDE, o sistema teve sua implantação iniciada no primeiro semestre de 2011 e seu maior impacto no processo de prestação de contas acontece com a disponibilização do módulo “PC Online”, regrado e detalhado na já mencionada Resolução - FNDE 2/2012, o qual foi disponibilizado no sítio da Autarquia em 2/2/2012. 
180. Conforme informações da entidade, “o Módulo PC Online será utilizado para envio pelos responsáveis e recebimento e análise pelo FNDE, entre outras, das

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