Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Direito e Processo Penal Militar Data: 24/11/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 1 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Assuntos tratados: 1º Horário. Teoria do Crime / Culpabilidade / Inimputabilidade / Potencial Consciência da Ilicitude / Erro de Direito / Erro de Fato / Erros Acidentais / Exigibilidade de Conduta Diversa / Hipóteses de Inexigibilidade de Conduta Diversa 2º Horário. Concurso de Pessoas / Comunicação da Condição de Militar para o Civil / Participação de Menor Importância / Agravantes do Concurso de Pessoas no Direito Penal Militar / Agravantes do Concurso de Pessoas no Direito Penal Militar / Cabeça / Penas no Sistema Penal Militar / Classificação das Penas / Principais / Pena de Morte 1º Horário 1. Teoria do Crime 1.1. Culpabilidade 1.1.1. Inimputabilidade Questão – Analista Judiciário – STM – 2011 Um adolescente com dezessete anos de idade que, convocado para o serviço militar, após ser incorporado, praticar conduta definida no CPM como crime de insubordinação praticado contra superior será alcançável pela lei penal militar, a qual adotou, para os menores de dezoito e maiores de dezesseis anos de idade, o sistema biopsicológico, em que o reconhecimento da imputabilidade fica condicionado ao seu desenvolvimento psíquico. R: Errado, pois o crime de insubordinação é propriamente militar e o adolescente não é alcançado pela lei penal militar, tendo em vista que a parte do CPM que trata do assunto não foi recepcionada pela CRFB, que adota a inimputabilidade do menor de 18 anos (critério biológico puro). Observação: O direito penal militar adota a Teoria da Actio Libera In Causa1 nos casos de embriaguez voluntária ou culposa, assim como o CP, considerando que ao 1 O tema será mais aprofundado em direito penal comum. Direito e Processo Penal Militar Data: 24/11/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 2 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br tempo da embriaguez o agente é imputável por se analisar a imputabilidade no momento anterior à embriaguez. 1.1.2. Potencial Consciência da Ilicitude Neste tema, o sujeito age supondo ser lícito seu comportamento e o CPM apresenta duas situações cabíveis, quais sejam, erro de direito e erro de fato. 1.1.2.1. Erro de Direito (art. 35, CPM) Erro de direito Art. 35. A pena pode ser atenuada ou substituída por outra menos grave quando o agente, salvo em se tratando de crime que atente contra o dever militar, supõe lícito o fato, por ignorância ou erro de interpretação da lei, se escusáveis. Trata-se de espécie de erro de proibição, em que o agente supõe lícito o fato por ignorância ou por erro de interpretação da lei. O erro de direito tem como possíveis consequências, alternativamente: a) atenuação da pena: varia dentro do valor prefixado pelo art. 73, CPM (1/5 a 1/3), ficando a critério do magistrado o quantum a ser aplicado. Quantum da agravação ou atenuação Art. 73. Quando a lei determina a agravação ou atenuação da pena sem mencionar o quantum , deve o juiz fixá-lo entre um quinto e um terço, guardados os limites da pena cominada ao crime. b) substituição da pena por outra menos grave: como o direito penal militar não admite a substituição de pena privativa de liberdade por restritiva de direitos2, a substituição em comento relaciona-se à permuta de reclusão por detenção, ou detenção por prisão. Uma diferença com o CP comum é que, no direito penal militar, o erro de proibição não admite isenção de pena3. Desta forma, o desconhecimento da lei, assim como no direito penal comum, não exclui a culpabilidade, mas atenua a pena (art. 65, CP), mesmo quando escusável. No caso do erro de interpretação, o agente conhece a lei, mas a interpreta de forma equivocada, supondo lícito o fato e mesmo sendo escusável, atenua a pena ou possibilita a sua substituição, diferentemente do CP comum, que permite a isenção de pena no erro invencível. 2 É o posicionamento que vem sendo aplicado pelo STF. 3 O erro escusável isenta de pena e o inescusável reduz a pena no CP comum. Direito e Processo Penal Militar Data: 24/11/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 3 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Circunstâncias atenuantes CP, Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena: II - o desconhecimento da lei; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) No caso de crime contra o dever militar, todavia, não é possível que se alegue erro de direito para que a pena seja atenuada ou substituída, pois o militar é obrigado a conhecer seus deveres, sendo o erro sempre inescusável. Observação: São crimes contra o dever militar os previstos do art. 187 ao art. 204, CPM. Deserção Art. 187. Ausentar-se o militar, sem licença, da unidade em que serve, ou do lugar em que deve permanecer, por mais de oito dias: Pena - detenção, de seis meses a dois anos; se oficial, a pena é agravada. Casos assimilados Art. 188. Na mesma pena incorre o militar que: I - não se apresenta no lugar designado, dentro de oito dias, findo o prazo de trânsito ou férias; II - deixa de se apresentar a autoridade competente, dentro do prazo de oito dias, contados daquele em que termina ou é cassada a licença ou agregação ou em que é declarado o estado de sítio ou de guerra; III - tendo cumprido a pena, deixa de se apresentar, dentro do prazo de oito dias; IV - consegue exclusão do serviço ativo ou situação de inatividade, criando ou simulando incapacidade. Art. 189. Nos crimes dos arts. 187 e 188, ns. I, II e III: Atenuante especial I - se o agente se apresenta voluntariamente dentro em oito dias após a consumação do crime, a pena é diminuída de metade; e de um terço, se de mais de oito dias e até sessenta; Agravante especial II - se a deserção ocorre em unidade estacionada em fronteira ou país estrangeiro, a pena é agravada de um terço. Deserção especial Art. 190. Deixar o militar de apresentar-se no momento da partida do navio ou aeronave, de que é tripulante, ou do deslocamento da unidade ou força emque serve: (Redação dada pela Lei nº 9.764, de 18.12.1998) Pena - detenção, até três meses, se após a partida ou deslocamento se apresentar, dentro de vinte e quatro horas, à autoridade militar do lugar, ou, na falta desta, à autoridade policial, para ser comunicada a apresentação ao comando militar competente.(Redação dada pela Lei nº 9.764, de 18.12.1998) Direito e Processo Penal Militar Data: 24/11/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 4 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br § 1º Se a apresentação se der dentro de prazo superior a vinte e quatro horas e não excedente a cinco dias: Pena - detenção, de dois a oito meses. § 2o Se superior a cinco dias e não excedente a oito dias: (Redação dada pela Lei nº 9.764, de 18.12.1998) Pena - detenção, de três meses a um ano. § 2o-A. Se superior a oito dias: (Incluído pela Lei nº 9.764, de 18.12.1998) Pena - detenção, de seis meses a dois anos. Aumento de pena § 3o A pena é aumentada de um terço, se se tratar de sargento, subtenente ou suboficial, e de metade, se oficial. (Redação dada pela Lei nº 9.764, de 18.12.1998) Concerto para deserção Art. 191. Concertarem-se militares para a prática da deserção: I - se a deserção não chega a consumar-se: Pena - detenção, de três meses a um ano. Modalidade complexa II - se consumada a deserção: Pena - reclusão, de dois a quatro anos. Deserção por evasão ou fuga Art. 192. Evadir-se o militar do poder da escolta, ou de recinto de detenção ou de prisão, ou fugir em seguida à prática de crime para evitar prisão, permanecendo ausente por mais de oito dias: Pena - detenção, de seis meses a dois anos. Favorecimento a desertor Art. 193. Dar asilo a desertor, ou tomá-lo a seu serviço, ou proporcionar-lhe ou facilitar-lhe transporte ou meio de ocultação, sabendo ou tendo razão para saber que cometeu qualquer dos crimes previstos neste capítulo: Pena - detenção, de quatro meses a um ano. Isenção de pena Parágrafo único. Se o favorecedor é ascendente, descendente, cônjuge ou irmão do criminoso, fica isento de pena. Omissão de oficial Art. 194. Deixar o oficial de proceder contra desertor, sabendo, ou devendo saber encontrar-se entre os seus comandados: Pena - detenção, de seis meses a um ano. Abandono de posto Direito e Processo Penal Militar Data: 24/11/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 5 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Art. 195. Abandonar, sem ordem superior, o posto ou lugar de serviço que lhe tenha sido designado, ou o serviço que lhe cumpria, antes de terminá-lo: Pena - detenção, de três meses a um ano. Descumprimento de missão Art. 196. Deixar o militar de desempenhar a missão que lhe foi confiada: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, se o fato não constitui crime mais grave. § 1º Se é oficial o agente, a pena é aumentada de um terço. § 2º Se o agente exercia função de comando, a pena é aumentada de metade. Modalidade culposa § 3º Se a abstenção é culposa: Pena - detenção, de três meses a um ano. Retenção indevida Art. 197. Deixar o oficial de restituir, por ocasião da passagem de função, ou quando lhe é exigido, objeto, plano, carta, cifra, código ou documento que lhe haja sido confiado: Pena - suspensão do exercício do posto, de três a seis meses, se o fato não constitui crime mais grave. Parágrafo único. Se o objeto, plano, carta, cifra, código, ou documento envolve ou constitui segredo relativo à segurança nacional: Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave. Omissão de eficiência da força Art. 198. Deixar o comandante de manter a força sob seu comando em estado de eficiência: Pena - suspensão do exercício do posto, de três meses a um ano. Omissão de providências para evitar danos Art. 199. Deixar o comandante de empregar todos os meios ao seu alcance para evitar perda, destruição ou inutilização de instalações militares, navio, aeronave ou engenho de guerra motomecanizado em perigo: Pena - reclusão, de dois a oito anos. Modalidade culposa Parágrafo único. Se a abstenção é culposa: Pena - detenção, de três meses a um ano. Omissão de providências para salvar comandados Art. 200. Deixar o comandante, em ocasião de incêndio, naufrágio, encalhe, colisão, ou outro perigo semelhante, de tomar todas as providências adequadas para salvar os seus comandados e minorar as conseqüências do sinistro, não Direito e Processo Penal Militar Data: 24/11/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 6 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br sendo o último a sair de bordo ou a deixar a aeronave ou o quartel ou sede militar sob seu comando: Pena - reclusão, de dois a seis anos. Modalidade culposa Parágrafo único. Se a abstenção é culposa: Pena - detenção, de seis meses a dois anos. Omissão de socorro Art. 201. Deixar o comandante de socorrer, sem justa causa, navio de guerra ou mercante, nacional ou estrangeiro, ou aeronave, em perigo, ou náufragos que hajam pedido socorro: Pena - suspensão do exercício do posto, de um a três anos ou reforma. Embriaguez em serviço Art. 202. Embriagar-se o militar, quando em serviço, ou apresentar-se embriagado para prestá-lo: Pena - detenção, de seis meses a dois anos. Dormir em serviço Art. 203. Dormir o militar, quando em serviço, como oficial de quarto ou de ronda, ou em situação equivalente, ou, não sendo oficial, em serviço de sentinela, vigia, plantão às máquinas, ao leme, de ronda ou em qualquer serviço de natureza semelhante: Pena - detenção, de três meses a um ano. Exercício de comércio por oficial Art. 204. Comerciar o oficial da ativa, ou tomar parte na administração ou gerência de sociedade comercial, ou dela ser sócio ou participar, exceto como acionista ou cotista em sociedade anônima, ou por cotas de responsabilidade limitada: Pena - suspensão do exercício do posto, de seis meses a dois anos, ou reforma. 1.1.2.2. Erro de Fato (art. 36, CPM) Erro de fatoArt. 36. É isento de pena quem, ao praticar o crime, supõe, por erro plenamente escusável, a inexistência de circunstância de fato que o constitui ou a existência de situação de fato que tornaria a ação legítima. Trata-se de espécie de erro de tipo4, em que o agente supõe a inexistência de situação de fato (elemento descritivo) que constitui o tipo, recaindo o erro sobre 4 O erro de tipo do CP comum recai sobre elemento de fato ou de tipo. Direito e Processo Penal Militar Data: 24/11/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 7 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br elemento constitutivo do tipo limitado a situações fáticas (não abrange elemento normativo). Esta visão assemelha-se à Teoria Psicológica, segundo a qual dolo e culpa estão incluídos na culpabilidade, sendo possível que se alegue em questão discursiva da DPU que a Teoria Finalista deve ser aplicada aos delitos militares, quando houver erro escusável. Exemplo: subtrair coisa alheia acreditando ser sua é erro de fato, mas o equívoco quanto à postura de garantidor não se enquadra no caso, podendo ser solucionado pelo erro de direito por erro de interpretação (art. 35, CPM). A consequência do erro de fato é a isenção de pena, ou seja, não há exclusão do dolo como acontece no direito penal comum. A 2ª parte, art. 36, CPM trata da discriminante putativa – erro de tipo permissivo –, quando o agente supõe a existência de situação de fato que tornaria a ação legítima, justificada, em uma perfeita repetição do art. 20, parágrafo 1º, CP. Exemplos: legítima defesa putativa e causa de justificação do comandante putativa. Descriminantes putativas CP, Art. 20, § 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Desta feita, observa-se que o CPM dá o mesmo tratamento para o erro sobre elemento fático do tipo e sobre o erro fático nas causas de justificação (erro de ripo permissivo), isentando o agente de pena se escusáveis. O parágrafo 1º, art. 36, CPM trata do erro a título de culpa, caso em que o erro de tipo vencível dá ensejo à responsabilização do agente pelo crime na forma culposa, se houver previsão legal, sendo a mesma consequência atribuída pelo CP comum. Erro culposo 1º Se o erro deriva de culpa, a este título responde o agente, se o fato é punível como crime culposo. Já o parágrafo 2º, art. 36, CPM dispõe acerca do erro de fato provocado por terceiro, caso em que este responde pelo fato, a título de dolo (autoria mediata) ou de culpa. Erro provocado 2º Se o erro é provocado por terceiro, responderá este pelo crime, a título de dolo ou culpa, conforme o caso. Direito e Processo Penal Militar Data: 24/11/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 8 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Exemplo: Médico militar manda que o enfermeiro ministre injeção letal em certo paciente que é inimigo seu, com o intuito de se vingar. Acreditando tratar-se de remédio, o enfermeiro aplica a injeção que mata o paciente, incorrendo em erro de fato, que o isenta de pena por ser escusável. Já o médico é o autor mediato e responde pelo homicídio doloso. Entretanto, se o enfermeiro tinha como saber que a injeção é letal e não procura averiguar, seu erro deriva de culpa, respondendo pelo parágrafo 1º, art. 36, CPM, pelo resultado a título de culpa. 1.1.2.3. Erros Acidentais São abordados no art. 37, CPM e têm o mesmo tratamento dado pelo direito penal comum. Erro sobre a pessoa Art. 37. Quando o agente, por erro de percepção ou no uso dos meios de execução, ou outro acidente, atinge uma pessoa em vez de outra, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela que realmente pretendia atingir. Devem ter-se em conta não as condições e qualidades da vítima, mas as da outra pessoa, para configuração, qualificação ou exclusão do crime, e agravação ou atenuação da pena. Erro quanto ao bem jurídico 1º Se, por erro ou outro acidente na execução, é atingido bem jurídico diverso do visado pelo agente, responde este por culpa, se o fato é previsto como crime culposo. Duplicidade do resultado 2º Se, no caso do artigo, é também atingida a pessoa visada, ou, no caso do parágrafo anterior, ocorre ainda o resultado pretendido, aplica-se a regra do art. 79. a) erro sobre a pessoa: dever ser combinado com o art. 20, parágrafo 3º, CP. Art. 20, § 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) b) erro na execução (aberratio ictus): corresponde ao art. 73, CP. Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste Código. No caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Direito e Processo Penal Militar Data: 24/11/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 9 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br c) erro sobre o bem jurídico (aberratio criminis): deve-se combinar a hipótese com o art. 74, CP. Art. 74 - Fora dos casos do artigo anterior, quando, por acidente ou erro na execução do crime, sobrevém resultado diverso do pretendido, o agente responde por culpa, se o fato é previsto como crime culposo; se ocorre também o resultado pretendido, aplica-se a regra do art. 70 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) d) erro sobre o objeto: é sustentado pela doutrina no direito penal comum, apesar de não encontrar previsão legal, cabendo, a hipótese, igualmente na esfera militar. Exemplo: sujeitoquer subtrair uma granada no paiol do quartel, mas subtrai simulacro de granada, respondendo como se tivesse subtraído a granada verdadeira. 1.1.3. Exigibilidade de Conduta Diversa Trata-se da possibilidade que o sujeito tinha no caso concreto de agir de acordo com as exigências do ordenamento jurídico. 1.1.3.1. Hipóteses de Inexigibilidade de Conduta Diversa O CPM aponta quatro situações de inexigibilidade de conduta diversa: a) estado de necessidade exculpante (art. 39, CPM)5: como o CPM adota a Teoria Diferenciadora Alemã, o estado de necessidade exculpante é uma causa legal de inexigibilidade de conduta diversa. Estado de necessidade, com excludente de culpabilidade Art. 39. Não é igualmente culpado quem, para proteger direito próprio ou de pessoa a quem está ligado por estreitas relações de parentesco ou afeição, contra perigo certo e atual, que não provocou, nem podia de outro modo evitar, sacrifica direito alheio, ainda quando superior ao direito protegido, desde que não lhe era razoavelmente exigível conduta diversa. b) excesso exculpante ou escusável6: ocorre quando o sujeito, por uma surpresa ou perturbação de ânimo, se excede em uma causa de justificação, como previsto no art. 45, parágrafo único, CPM. Excesso escusável 5 No CP comum, que adota a Teoria Unitária, todo estado de necessidade é justificante e exclui a ilicitude. 6 Não é previsto no CP comum, sendo construção doutrinária aceita como causa supralegal de inexigibilidade de conduta diversa. Direito e Processo Penal Militar Data: 24/11/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 10 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Art. 45, Parágrafo único. Não é punível o excesso quando resulta de escusável surpresa ou perturbação de ânimo, em face da situação. c) coação irresistível (art. 38, “a”, CPM): afasta a culpabilidade por inexigibilidade de conduta diversa quando for moral, apesar de o CPM não ser expresso neste sentido, pois a coação física irresistível exclui a conduta, caso em que há caracterização da autoria mediata, respondendo o coator pelo fato. Art. 38. Não é culpado quem comete o crime: Coação irresistível a) sob coação irresistível ou que lhe suprima a faculdade de agir segundo a própria vontade; No entanto, deve-se atentar que crime contra o dever militar não admite a excludente de culpabilidade da coação moral irresistível, conforme dispõe o art. 40, CPM, somente podendo alegar a coação física irresistível ou material, por eliminar a conduta7. Coação física ou material Art. 40. Nos crimes em que há violação do dever militar, o agente não pode invocar coação irresistível senão quando física ou material. Exemplo: Se um soldado do exército é ameaçado pelo traficante da comunidade em que reside, o que o faz faltar a mais de 8 dias no quartel, pratica o crime de deserção. Não poderá invocar a inexigibilidade de conduta diversa para não ser punido, tendo em vista ter que vencer as pressões externas. Questão – DPU – 2004 Admite-se a coação moral irresistível como causa de exclusão da culpabilidade no crime de deserção. R: Errado, porque o crime de deserção é contra o dever militar. d) estrita obediência hierárquica (art. 38, “b”, CPM): a estrita obediência hierárquica tem que ser direta de superior hierárquico e em matéria de serviços, sendo possível que o servidor civil que trabalhe na esfera militar alegue esta causa de exclusão da culpabilidade também. Art. 38. Não é culpado quem comete o crime: Obediência hierárquica b) em estrita obediência a ordem direta de superior hierárquico, em matéria de serviços. 1° Responde pelo crime o autor da coação ou da ordem. 7 Se o candidato a concurso público perceber que a letra da lei é que está sendo abordada na prova, deve sustentar que a coação física irresistível exclui a culpabilidade, pois o art. 38, CPM parece indicar a adoção da Teoria Psicológica. Direito e Processo Penal Militar Data: 24/11/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 11 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br No entanto, como dispõe o parágrafo 2º, art. 38, CPM, se a ordem for manifestamente criminosa, não pode ser cumprida, sob pena de o inferior responder pelo crime. Ademais, o inferior também será responsabilizado pelo excesso no cumprimento da ordem. Em ambos os casos, resta caracterizado o concurso de agentes. Art. 38, 2° Se a ordem do superior tem por objeto a prática de ato manifestamente criminoso, ou há excesso nos atos ou na forma da execução, é punível também o inferior. No caso de dúvida, o art. 41, CPM dispõe que se a ordem não for manifestamente ilegal, o juiz pode atenuar a pena do agente, diferentemente do que ocorre no direito penal comum, em que a hipótese exclui a culpabilidade. Atenuação de pena Art. 41. Nos casos do art. 38, letras a e b , se era possível resistir à coação, ou se a ordem não era manifestamente ilegal; ou, no caso do art. 39, se era razoavelmente exigível o sacrifício do direito ameaçado, o juiz, tendo em vista as condições pessoais do réu, pode atenuar a pena. 2º Horário 1.2. Concurso de Pessoas O CPM adota a Teoria Monista Temperada, considerando-se crime como uma unidade para todos os concorrentes e prevendo a responsabilização do agente na medida da culpabilidade, por ser a referida teoria desdobramento da Teoria da Conditio Sine Qua Non. O art. 53, CPM dispõe que quem concorre para o crime de qualquer forma, incide nas penas a ele cominadas, repetindo o disposto no art. 29, CP. Coautoria Art. 53. Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas. CP, Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) O parágrafo 1º, art. 53, CPM faz uma individualização com relação à culpabilidade, além de estabelecer que as condições e circunstâncias de caráter pessoal na se comunicam, salvo se elementares ao crime. Direito e Processo Penal Militar Data: 24/11/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 12 Barra: ShoppingDowntown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Condições ou circunstâncias pessoais Art. 53, § 1º A punibilidade de qualquer dos concorrentes é independente da dos outros, determinando-se segundo a sua própria culpabilidade. Não se comunicam, outrossim, as condições ou circunstâncias de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime. 1.2.1. Comunicação da Condição de Militar para o Civil No caso do art. 176, CPM, a ofensa aviltante a inferior tem como pressuposto a relação hierárquica militar, mas o STF e o STM têm julgados reconhecendo que a condição de militar se comunica com o civil, que passa a responder pelo mesmo delito. Ofensa aviltante a inferior Art. 176. Ofender inferior, mediante ato de violência que, por natureza ou pelo meio empregado, se considere aviltante: Pena - detenção, de seis meses a dois anos. Todavia, há casos em que não se permite esta comunicação, como entende a doutrina majoritária e o STM: a) quando o legislador prevê um crime para o militar e outro independente para o civil (exceção dualista: quebra da Teoria Monista). Exemplo1: O civil responde pelo art. 301 e o militar pelo art. 163, ambos do CPM. Recusa de obediência Art. 163. Recusar obedecer a ordem do superior sobre assunto ou matéria de serviço, ou relativamente a dever imposto em lei, regulamento ou instrução: Pena - detenção, de um a dois anos, se o fato não constitui crime mais grave. Desobediência Art. 301. Desobedecer a ordem legal de autoridade militar: Pena - detenção, até seis meses. Exemplo2: O civil não responde pela revolta, mas responde pela incitação. b) nos casos de crimes de mão-própria (propriamente militar). Exemplo: crime de deserção e abandono de posto. 1.2.2. Participação de Menor Importância Direito e Processo Penal Militar Data: 24/11/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 13 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Também chamada de somenos importância, auxílio secundário e cumplicidade desnecessária, acontece quando o sujeito teve envolvimento muito pequeno com a realização do tipo penal. Trata-se de causa de redução de pena, pelo art. 29, CP comum, mas de acordo com o art. 53, parágrafo 3º, CPM, é atenuante. CP, Art. 29, § 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Atenuação de pena Art. 53, 3º A pena é atenuada com relação ao agente, cuja participação no crime é de somenos importância. De acordo com a posição dominante, esta participação deve ser em sentido estrito, pois o partícipe contribui sem realizar a figura típica diretamente, sendo sua conduta secundária (não abrange coautor). No entanto, parte da doutrina (Cezar Roberto Bittencourt) sustenta que o sentido da participação é amplo, admitindo-se o benefício para o coautor igualmente. Questão – Analista Judiciário – STM – 2011 O CPM ao adotar o Princípio da Participação de Menor importância estabeleceu uma exceção à Teoria Monista. R: Certo. Ao agente que pretendeu praticar crime menos grave, situação chamada de “participação em crime menos grave” pelo direito penal comum, aplica-se a pena do crime menos grave, por haver desvio subjetivo de conduta ou cooperação dolosamente distinta (art. 29, parágrafo 2º, CP). Art. 29, § 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) No entanto, a participação em crime menos grave não é expressamente prevista no CPM, entendendo a doutrina que é possível aplicação da analogia in bonam partem no direito penal militar e não há qualquer decisão até o presente momento vedando a possibilidade8. Entretanto, em sentido contrário, existe grande resistência dos Tribunais em aplicar o direito penal comum quando o direito penal militar não o faz, como no caso do arrependimento posterior. 8 É o posicionamento que deve ser adotado em provas discursivas de DPU. Direito e Processo Penal Militar Data: 24/11/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 14 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br 1.2.3. Agravantes do Concurso de Pessoas no Direito Penal Militar O art. 53, parágrafo 2º, CPM fixa quatro agravantes do concurso de pessoas não inseridas no rol genérico do art. 72, CPM. Agravação de pena Art. 53, § 2° A pena é agravada em relação ao agente que: I - promove ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos demais agentes; II - coage outrem à execução material do crime; III - instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua autoridade, ou não punível em virtude de condição ou qualidade pessoal; IV - executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa de recompensa. Art. 72. São circunstâncias que sempre atenuam a pena: Circunstância atenuantes I - ser o agente menor de vinte e um ou maior de setenta anos; II - ser meritório seu comportamento anterior; III - ter o agente: a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral; b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as conseqüências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano; c) cometido o crime sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima; d) confessado espontâneamente, perante a autoridade, a autoria do crime, ignorada ou imputada a outrem; e) sofrido tratamento com rigor não permitido em lei. Não atendimento de atenuantes Parágrafo único. Nos crimes em que a pena máxima cominada é de morte, ao juiz é facultado atender, ou não, às circunstâncias atenuantes enumeradas no artigo. a) líder: quem promove, organiza e dirige atividade dos demais concorrentes terá a pena agravada de 1/5 a 1/3. b) coator: trata-se do caso de coação resistível, em que o coator tem a pena agravada. Lembre-se que se a coação for irresistível, haverá autoria mediata e não será caracterizado o concurso de pessoas. c) aquele que dá ordem não manifestamente ilegal ou criminosa d) motivo torpe: agente executa ou participa do crime recebendo qualquer tipo de vantagem para tal. Atente-se que não se trata do produto do crime, mas do recebimento de alguma vantagem além. Direito e Processo Penal Militar Data: 24/11/2011 O presentematerial constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 15 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br 1.2.3.1. Cabeça Esta figura está prevista no art. 53, parágrafos 4º e 5º, CPM. Cabeças Art. 53, 4º Na prática de crime de autoria coletiva necessária, reputam-se cabeças os que dirigem, provocam, instigam ou excitam a ação. 5º Quando o crime é cometido por inferiores e um ou mais oficiais, são estes considerados cabeças, assim como os inferiores que exercem função de oficial. O agente é denominado como cabeça nos seguintes casos: a) crime de concurso necessário (parágrafo 4º): a pluralidade de pessoas é requisito para a existência do crime, sendo o cabeça quem lidera o delito. Exemplo: motim e revolta. Como consequência, o cabeça tem pena mais gravosa prevista no tipo penal e a agravante prevista no art. 53, parágrafo 2º, CPM não se aplica ao caso, evitando-se o bis in idem. Exemplo1: amotinamento de presos previsto no art. 182, CPM, liderado por um soldado. Este terá pena de reclusão de até 2 anos e os demais terão pena mais branda. Amotinamento Art. 182. Amotinarem-se presos, ou internados, perturbando a disciplina do recinto de prisão militar: Pena - reclusão, até três anos, aos cabeças; aos demais, detenção de um a dois anos. Responsabilidade de participe ou de oficial Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem participa do amotinamento ou, sendo oficial e estando presente, não usa os meios ao seu alcance para debelar o amotinamento ou evitar-lhe as conseqüências. Exemplo2: nos crimes de motim e revolta, o cabeça tem a pena agravada em 1/3. b) crimes de concurso necessário ou eventual (parágrafo 5º): o oficial é sempre considerado cabeça quando pratica crime em concurso com praça (inferior), mesmo que não lidere. A praça que exerce função de oficial é igualmente considerada cabeça. Exemplo: Se oficial participa de motim é considerado cabeça, mesmo que não seja o líder. O mesmo no caso de sargento que comanda pelotão na ausência do comandante. Questão – DPU – 2007 Direito e Processo Penal Militar Data: 24/11/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 16 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Embora o CPM tenha se filiado à Teoria da Equivalência dos Antecedentes causais, consideram-se cabeça, nos crimes de autoria coletiva necessária, os oficiais ou inferiores que exercem função de oficial. R: Certa. Questão – DPU – 2001 O oficial militar que em concurso com praças vier a praticar crime de autoria coletiva necessária, não será considerado cabeça somente em decorrência do Princípio da Hierarquia com os inferiores. R: Errada, pois pelo Princípio da Hierarquia o oficial merece maior reprovação e será sempre considerado cabeça quando praticar crime em concurso com subalternos. 1.3. Penas no Sistema Penal Militar O sistema sancionatório do direito penal militar é bastante distinto do adotado na esfera comum. Um exemplo desta discrepância é de que o sistema sancionatório do CPM é incompatível com a justiça consensual da Lei 9.099/95, de acordo com seu art. 90-A, prevalecendo a especialidade do direito penal militar. Art. 90-A. As disposições desta Lei não se aplicam no âmbito da Justiça Militar. (Artigo incluído pela Lei nº 9.839, de 27.9.1999) Outro ponto que merece destaque é a não previsão de pena de multa, pelo CPM. Questão – MPE/ES – 2010 Nos crimes militares, a pena de multa somente poderá ser imposta a autores de crimes militares impróprios, por expressa previsão no CPM. R: Errada, por não haver previsão de multa no CPM em hipótese alguma. Mister destacar, ainda, que não há substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos no âmbito militar. 1.3.1. Classificação das Penas As penas podem ser principais ou acessórias e estas últimas acompanham a pena principal, sendo com ela cumuladas e não alternativamente aplicadas. Quando o CPM tratar de alternatividade, apenas estará se referindo à aplicação de reclusão ou detenção, que são penas principais. Direito e Processo Penal Militar Data: 24/11/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 17 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Observação: Paralelamente, há as medidas de segurança, que têm disciplina completamente distinta do direito penal comum, assemelhando-se muito mais às penas restritivas de direitos. 1.3.1.1. Penas Principais Estão previstas no rol taxativo do art. 55, CPM. Penas principais Art. 55. As penas principais são: a) morte; b) reclusão; c) detenção; d) prisão; e) impedimento; f) suspensão do exercício do posto, graduação, cargo ou função; g) reforma. 1.3.1.1.1. Pena de Morte No Brasil, a pena de morte é executada mediante fuzilamento, como previsto no art. 56, CPM, e seu procedimento está no art. 707, CPPM. Pena de morte CPM, Art. 56. A pena de morte é executada por fuzilamento. Execução da pena de morte CPPM, Art. 707. O militar que tiver de ser fuzilado sairá da prisão com uniforme comum e sem insígnias, e terá os olhos vendados, salvo se o recusar, no momento em que tiver de receber as descargas. As vozes de fogo serão substituídas por sinais. 1º O civil ou assemelhado será executado nas mesmas condições, devendo deixar a prisão decentemente vestido. Socorro espiritual 2º Será permitido ao condenado receber socorro espiritual. Data para a execução Penas Principais Pena de Morte Penas Privativas de Liberdade (reclusão, detenção e prisão) Pena Restritiva de Liberdade: trata-se do impedimento, aplicável apenas ao insubmisso Penas Restritivas de Direitos (suspensão e reforma) Direito e Processo Penal Militar Data: 24/11/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 18 Barra: Shopping Downtown – Av.das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br 3º A pena de morte só será executada sete dias após a comunicação ao presidente da República, salvo se imposta em zona de operações de guerra e o exigir o interesse da ordem e da disciplina. De acordo com o art. 57, CPM, a sentença definitiva de condenação à morte deve ser comunicada ao Presidente da República e só pode ser executada passados 7 dias dessa comunicação. Esta necessidade se dá tendo em vista que o Presidente pode conceder indulto ou comutar a pena. Comunicação Art. 57. A sentença definitiva de condenação à morte é comunicada, logo que passe em julgado, ao Presidente da República, e não pode ser executada senão depois de sete dias após a comunicação. Todavia, se a pena for imposta em zona de efetivas operações militares, o prazo de 7 dias não precisa ser respeitado, como disposto no parágrafo único, desde que exigido o interesse da ordem e da disciplina militares, mas a necessidade de comunicação ao Presidente da República não foi dispensada. Art. 57, Parágrafo único. Se a pena é imposta em zona de operações de guerra, pode ser imediatamente executada, quando o exigir o interesse da ordem e da disciplina militares. O prazo prescricional para a pena de morte é de 30 anos, como vem disposto no art. 125, I, CPM. Art. 125. A prescrição da ação penal, salvo o disposto no § 1º deste artigo, regula- se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-se: I - em trinta anos, se a pena é de morte;
Compartilhar