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Direito e Processo Penal Militar Data: 01/12/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 1 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Assuntos tratados: 1º Horário. Aplicação da Pena / No Concurso de Crimes / Aplicação da Pena de Morte / Penas Não Privativas de Liberdade / Criminoso Habitual ou por Tendência / Sursis / Revogação Obrigatória e Facultativa / Vedação da Aplicação / Livramento Condicional / Regras / Revogação Obrigatória e Facultativa / Extinção da Punibilidade 2º Horário. Prescrição / Prescrição da Pretensão Punitiva / Pela Pena em Abstrato / Pela Pena em Concreto / Prescrição da Pretensão Executória / Suspensão do Prazo Prescricional para o Réu Ausente / Ação Penal no Direito Penal Militar 1º Horário 1. Aplicação da Pena 1.1. No Concurso de Crimes O CPM, quanto ao tema, tem tratamento bastante diferente do CP comum, tendo em vista que nas hipóteses de concurso material, formal (art. 79, CPM) e crime continuado, a regra, em princípio, é a mesma: o acúmulo de penas. Concurso de crimes Art. 79. Quando o agente, mediante uma só ou mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, as penas privativas de liberdade devem ser unificadas. Se as penas são da mesma espécie, a pena única é a soma de todas; se, de espécies diferentes, a pena única é a mais grave, mas com aumento correspondente à metade do tempo das menos graves, ressalvado o disposto no art. 58. Nos casos de concurso formal e material, se as penas dos delitos forem iguais (exemplo: reclusão e reclusão), a pena única será a soma delas, o que demonstra um tratamento muito mais rigoroso dado pela lei castrense. Todavia, sendo as penas de espécies diferentes (exemplo: reclusão e detenção), observados os limites genéricos das penas previsto no art. 58, CPM, deve-se somar a mais grave das penas com a metade das menos graves, a fim de que se chegue à pena única. Mínimos e máximos genéricos Direito e Processo Penal Militar Data: 01/12/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 2 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Art. 58. O mínimo da pena de reclusão é de um ano, e o máximo de trinta anos; o mínimo da pena de detenção é de trinta dias, e o máximo de dez anos. Exemplo: Se sujeito foi condenado por lesão corporal grave a 4 anos de reclusão e a 2 lesões corporais leves em 1 ano cada, a pena única será de 5 anos de reclusão (4 anos + 6 meses + 6 meses). Observa-se, pois, que a princípio, o CPM dá o mesmo tratamento para o concurso formal e o concurso material, porque a regra é da soma de penas. Os limites genéricos devem ser respeitados individualmente para cada crime, entretanto, na pena unificada, deve-se observar o limite do art. 81, CPM, que varia de acordo com a espécie de pena. Limite da pena unificada Art. 81. A pena unificada não pode ultrapassar de trinta anos, se é de reclusão, ou de quinze anos, se é de detenção. As mesmas regras são aplicáveis ao crime continuado (art. 80, CPM). Crime continuado Art. 80. Aplica-se a regra do artigo anterior, quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser considerados como continuação do primeiro. Parágrafo único. Não há crime continuado quando se trata de fatos ofensivos de bens jurídicos inerentes à pessoa, salvo se as ações ou omissões sucessivas são dirigidas contra a mesma vítima. No entanto, há uma polêmica nos Tribunais Superiores quanto à aplicação da pena ao crime continuado. O STM adota posição bastante benéfica para o réu, entendendo que a regra prevista no art. 80, CPM é extremamente gravosa, motivo pelo qual se deve aplicar o art. 71, CP comum (exasperação da pena) ao caso, por atender melhor aos anseios da boa política criminal. Crime continuado Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subseqüentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, Direito e Processo Penal Militar Data: 01/12/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 3 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste Código.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Em sentido contrário, o STF, que, via de regra, mitiga os rigores legais, entende que a regra aplicável é a do art. 79, CPM, pois a lei comum só pode ser utilizada quando a lei especial for silente e a aplicação do art. 71, CP gera hibridismo penal, violando o Princípio da Legalidade. No entanto, o art. 81, parágrafo 1º, CPM traz uma mitigação a este rigor, sendo possível a redução de 1/6 a 1/4 da pena unificada nos casos de crimes em concurso formal e continuados. Redução facultativa da pena Art. 81, 1º A pena unificada pode ser diminuída de um sexto a um quarto, no caso de unidade de ação ou omissão, ou de crime continuado. 1.1.1. Aplicação da Pena de Morte O art. 81, parágrafo 2º, CPM traz uma regra especial com relação à unificação das penas em caso de uma delas ser a de morte. Graduação no caso de pena de morte Art. 81, 2° Quando cominada a pena de morte como grau máximo e a de reclusão como grau mínimo, aquela corresponde, para o efeito de graduação, à de reclusão por trinta anos. Já o parágrafo 3º, do mesmo dispositivo, trata da tentativa no caso de crimes que prevêem a pena de morte, devendo-se considerá-la como correspondente a 30 anos. Cálculo da pena aplicável à tentativaArt. 81, 3° Nos crimes punidos com a pena de morte, esta corresponde à de reclusão por trinta anos, para cálculo da pena aplicável à tentativa, salvo disposição especial. 1.2. Penas Não Privativas de Liberdade São aplicadas distinta e integralmente, ou seja, não são passíveis de unificação com as demais, de acordo com o art. 83, CPM, cuja redação coincide com a do art. 72, CP. Penas não privativas de liberdade CPM, Art. 83. As penas não privativas de liberdade são aplicadas distinta e integralmente, ainda que previstas para um só dos crimes concorrentes. Direito e Processo Penal Militar Data: 01/12/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 4 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Multas no concurso de crimes CP, Art. 72 - No concurso de crimes, as penas de multa são aplicadas distinta e integralmente. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 1.3. Criminoso Habitual ou Por Tendência O art. 78, CPM trata do criminoso habitual, cuja pena possui prazo indeterminado. Art. 78. Em se tratando de criminoso habitual ou por tendência, a pena a ser imposta será por tempo indeterminado. O juiz fixará a pena correspondente à nova infração penal, que constituirá a duração mínima da pena privativa da liberdade, não podendo ser, em caso algum, inferior a três anos. De acordo com o art. 78, parágrafo 2º, CPM, criminoso habitual é o reincidente que pratica duas reincidências no período de 5 anos (período de depuração). É possível, ainda, a habitualidade presumida, quando o agente, mesmo sem condenação anterior, comete 4 crimes doloso ou mais de mesma natureza, no lapso de 5 anos. Habitualidade presumida Art. 78, 2º Considera-se criminoso habitual aquele que: a) reincide pela segunda vez na prática de crime doloso da mesma natureza, punível com pena privativa de liberdade em período de tempo não superior a cinco anos, descontado o que se refere a cumprimento de pena; Habitualidade reconhecível pelo juiz b) embora sem condenação anterior, comete sucessivamente, em período de tempo não superior a cinco anos, quatro ou mais crimes dolosos da mesma natureza, puníveis com pena privativa de liberdade, e demonstra, pelas suas condições de vida e pelas circunstâncias dos fatos apreciados em conjunto, acentuada inclinação para tais crimes. Outra situação anômala é a do criminoso por tendência, quando o sujeito revela extraordinária intenção de lucro e perversão, o que se observa pela forma de execução do crime. Criminoso por tendência Art. 78, 3º Considera-se criminoso por tendência aquele que comete homicídio, tentativa de homicídio ou lesão corporal grave, e, pelos motivos determinantes e meios ou modo de execução, revela extraordinária torpeza, perversão ou malvadez. De acordo com o caput, art. 78, CPM, a pena é indeterminada, mas não perpétua, partindo-se a pena mínima de três anos, não podendo exceder a 10 anos Direito e Processo Penal Militar Data: 01/12/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 5 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br após cumprida a pena cominada para os delitos, como dispõe o parágrafo único em um verdadeiro bis in idem. Limite da pena indeterminada Art. 78, 1º A duração da pena indeterminada não poderá exceder a dez anos, após o cumprimento da pena imposta. Por todo o exposto, a figura do criminoso por tendência ou habitual não foi recepcionada pela CRFB/88, ante a violação dos Princípios da Individualização da Pena e da Limitação das Penas. Tais circunstâncias serão ponderadas na aplicação da pena, mas não da maneira como apresentado pelo CPM. O único dispositivo que merece atenção é o parágrafo 5º, art. 78, CPM que traz o conceito adotado pelos Tribunais Superiores como definição de crimes de mesma espécie para se entender o crime continuado, sendo os que estão no mesmo tipo penal ou que têm elementos constitutivos comuns. Crimes da mesma natureza Art. 78, 5º Consideram-se crimes da mesma natureza os previstos no mesmo dispositivo legal, bem como os que, embora previstos em dispositivos diversos, apresentam, pelos fatos que os constituem ou por seus motivos determinantes, caracteres fundamentais comuns. 1.4. Sursis O sursis é medida descarcerizadora, que objetiva evitar o aprisionamento de condenados a penas baixas de até 2 anos. Segundo o art. 84, CPM, é possível a suspensão condicional da pena de 2 a 6 anos1, somente cabível ao militar, visto que o civil cumpre pena em estabelecimento comum, segundo as disposições da LEP. Pressupostos da suspensão Art. 84 - A execução da pena privativa da liberdade, não superior a 2 (dois) anos, pode ser suspensa, por 2 (dois) anos a 6 (seis) anos, desde que: (Redação dada pela Lei nº 6.544, de 30.6.1978) I - o sentenciado não haja sofrido no País ou no estrangeiro, condenação irrecorrível por outro crime a pena privativa da liberdade, salvo o disposto no 1º do art. 71; (Redação dada pela Lei nº 6.544, de 30.6.1978) II - os seus antecedentes e personalidade, os motivos e as circunstâncias do crime, bem como sua conduta posterior, autorizem a presunção de que não tornará a delinqüir. (Redação dada pela Lei nº 6.544, de 30.6.1978) 1 No CP comum, varia de 2 a 4 anos. Direito e Processo Penal Militar Data: 01/12/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 6 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br As regras de concessão do sursis são as mesmas do CP comum, não podendo o agente ser reincidente em condenação à pena privativa de liberdade, bem como deve ter circunstâncias judiciais favoráveis. Observação: o sursis da pena privativa de liberdade não afeta as penas não privativas de liberdade (penas acessórias ou principais não privativas de liberdade). As condições obrigatórias estão previstas no art. 626, CPPM e as facultativas encontram-se no art. 608, CPPM. Normas obrigatórias para obtenção do livramento Art. 626. Serão normas obrigatórias impostas ao sentenciado que obtiver o livramento condicional: a) tomar ocupação, dentro de prazo razoável, se for apto para o trabalho; b) não se ausentar do territórioda jurisdição do juiz, sem prévia autorização; c) não portar armas ofensivas ou instrumentos capazes de ofender; d) não freqüentar casas de bebidas alcoólicas ou de tavolagem; e) não mudar de habitação, sem aviso prévio à autoridade competente. Condições e regras impostas ao beneficiário Art. 608. No caso de concessão do benefício, a sentença estabelecerá as condições e regras a que ficar sujeito o condenado durante o prazo fixado, começando êste a correr da audiência em que for dado conhecimento da sentença ao beneficiário. § 1º - As condições serão adequadas ao delito, ao meio social e à personalidade do condenado. (Incluído pela Lei nº 6.544, de 30.6.1978) § 2º - Poderão ser impostas, como normas de conduta e obrigações, além das previstas no art. 626 deste Código, as seguintes condições: (Incluído pela Lei nº 6.544, de 30.6.1978) I - freqüentar curso de habilitação profissional ou de instrução escolar; (Incluído pela Lei nº 6.544, de 30.6.1978) II - prestar serviços em favor da comunidade; (Incluído pela Lei nº 6.544, de 30.6.1978) III - atender aos encargos de família; (Incluído pela Lei nº 6.544, de 30.6.1978) IV - submeter-se a tratamento médico. (Incluído pela Lei nº 6.544, de 30.6.1978) § 3º - Concedida a suspensão, será entregue ao beneficiário um documento similar ao descrito no art. 641 ou no seu parágrafo único, deste Código, em que conste, também, o registro da pena acessória a que esteja sujeito, e haja espaço suficiente para consignar o cumprimento das condições e normas de conduta impostas. (Incluído pela Lei nº 6.544, de 30.6.1978) § 4º - O Conselho de Justiça poderá fixar, a qualquer tempo, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, outras condições além das especificadas na sentença e das referidas no parágrafo anterior, desde que as circunstâncias o aconselhem. (Incluído pela Lei nº 6.544, de 30.6.1978) Direito e Processo Penal Militar Data: 01/12/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 7 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br § 5º - A fiscalização do cumprimento das condições será feita pela entidade assistencial penal competente segundo a lei local, perante a qual o beneficiário deverá comparecer, periodicamente, para comprovar a observância das condições e normas de conduta a que esta sujeito, comunicando, também, a sua ocupação, os salários ou proventos de que vive, as economias que conseguiu realizar e as dificuldades materiais ou sociais que enfrenta. (Incluído pela Lei nº 6.544, de 30.6.1978) § 6º - A entidade fiscalizadora deverá comunicar imediatamente ao Auditor ou ao representante do Ministério Público Militar, qualquer fato capaz de acarretar a revogação do benefício, a prorrogação do prazo ou a modificação das condições. (Incluído pela Lei nº 6.544, de 30.6.1978) § 7º - Se for permitido ao beneficiário mudar-se, será feita comunicação à autoridade judiciária competente e à entidade fiscalizadora do local da nova residência, aos quais deverá apresentar-se imediatamente. (Incluído pela Lei nº 6.544, de 30.6.1978) 1.4.1. Revogação Obrigatória e Facultativa A revogação obrigatória está disposta no art. 86, CPM, sendo distinta do CP comum. Revogação obrigatória da suspensão Art. 86. A suspensão é revogada se, no curso do prazo, o beneficiário: I - é condenado, por sentença irrecorrível, na Justiça Militar ou na comum, em razão de crime, ou de contravenção reveladora de má índole ou a que tenha sido imposta pena privativa de liberdade; II - não efetua, sem motivo justificado, a reparação do dano; III - sendo militar, é punido por infração disciplinar considerada grave. Revogação facultativa 1º A suspensão pode ser também revogada, se o condenado deixa de cumprir qualquer das obrigações constantes da sentença. A revogação é obrigatória se o agente for condenado por sentença definitiva à pena privativa de liberdade por crime ou contravenção, não reparar o dano ou se o militar for punido por infração disciplinar grave. Na revogação facultativa, se o condenado deixa de cumprir outras obrigações constantes da sentença, o juiz pode revogar a suspensão ou prorrogá-la (alternativa), quando possível. 1.4.2. Vedação da Aplicação O rol do art. 88, CPM é taxativo. Direito e Processo Penal Militar Data: 01/12/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 8 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Não aplicação da suspensão condicional da pena Art. 88. A suspensão condicional da pena não se aplica: I - ao condenado por crime cometido em tempo de guerra; II - em tempo de paz: a) por crime contra a segurança nacional, de aliciação e incitamento, de violência contra superior, oficial de dia, de serviço ou de quarto, sentinela, vigia ou plantão, de desrespeito a superior, de insubordinação, ou de deserção; b) pelos crimes previstos nos arts. 160, 161, 162, 235, 291 e seu parágrafo único, ns. I a IV. Um traço comum a esses crimes é que afetam o dever, a ordem e a hierarquia militar. Não é possível que se conceda sursis ao condenado por crime em tempo de guerra, nem ao que, em tempo de paz, tenha praticado crime contra a segurança nacional. No entanto, de acordo com a doutrina, crime contra a segurança nacional, mesmo que praticado por militar, é crime comum pela Lei 7.170/83, de competência da Justiça Federal, conforme determina o art. 109, IV, CRFB, não se sujeitando a esta restrição. Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral; Questão – DPU – 2007 De acordo com o CPM é vedada a concessão de sursis a crime de violência contra inferior . R: Errado, pois a vedação é no caso de violência de inferior contra superior. A doutrina critica as hipóteses de vedação à concessão do sursis previstas no art. 88, CPM, entendendo haver violação ao Princípio da Proporcionalidade, mas a jurisprudência é tranquila em aceitar a restrição legal. Cumprido o sursis, a pena é extinta. 1.5. Livramento Condicional O livramento condicional, no CPM, é incidente da execução, enquanto na LEP, é fase de cumprimento da pena. Desta forma, deve ser requerido, não sendo automático na esfera castrense, diferentemente da seara penal comum. Direito e Processo Penal Militar Data: 01/12/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipede monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 9 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br A decisão sobre o livramento condicional é dada pelo juiz auditor, salvo se o agente possuir prerrogativa de foro. 1.5.1. Regras Estão previstas no art. 89, CPM. Requisitos Art. 89. O condenado a pena de reclusão ou de detenção por tempo igual ou superior a dois anos pode ser liberado condicionalmente, desde que: I - tenha cumprido: a) metade da pena, se primário; b) dois terços, se reincidente; II - tenha reparado, salvo impossibilidade de fazê-lo, o dano causado pelo crime; III - sua boa conduta durante a execução da pena, sua adaptação ao trabalho e às circunstâncias atinentes a sua personalidade, ao meio social e à sua vida pregressa permitem supor que não voltará a delinqüir. Penas em concurso de infrações § 1º No caso de condenação por infrações penais em concurso, deve ter-se em conta a pena unificada. Condenação de menor de 21 ou maior de 70 anos § 2º Se o condenado é primário e menor de vinte e um ou maior de setenta anos, o tempo de cumprimento da pena pode ser reduzido a um terço. A regra é o cumprimento da metade da pena (requisito objetivo) se o condenado for primário. No entanto, se este for menor de 21 ou maior de 70 anos, basta que cumpra 1/3 da pena, de acordo com o parágrafo 2º, art. 89, CPM. Para o reincidente, o prazo para obter o livramento condicional é de 2/3 da pena cumprida (requisito objetivo). Cumpre destacar que o art. 97, CPM exige 2/3 de pena cumprida para a obtenção do livramento condicional nos casos de crimes contra a segurança externa do país (art. 136 a 144, CPM) e os do art. 149 ao art. 158, CPM. Casos especiais do livramento condicional Art. 97. Em tempo de paz, o livramento condicional por crime contra a segurança externa do país, ou de revolta, motim, aliciação e incitamento, violência contra superior ou militar de serviço, só será concedido após o cumprimento de dois terços da pena, observado ainda o disposto no art. 89, preâmbulo, seus números II e III e §§ 1º e 2º. Hostilidade contra país estrangeiro Direito e Processo Penal Militar Data: 01/12/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 10 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Art. 136. Praticar o militar ato de hostilidade contra país estrangeiro, expondo o Brasil a perigo de guerra: Pena - reclusão, de oito a quinze anos. Resultado mais grave § 1º Se resulta ruptura de relações diplomáticas, represália ou retorsão: Pena - reclusão, de dez a vinte e quatro anos. § 2º Se resulta guerra: Pena - reclusão, de doze a trinta anos. Provocação a país estrangeiro Art. 137. Provocar o militar, diretamente, país estrangeiro a declarar guerra ou mover hostilidade contra o Brasil ou a intervir em questão que respeite à soberania nacional: Pena - reclusão, de doze a trinta anos. Ato de jurisdição indevida Art. 138. Praticar o militar, indevidamente, no território nacional, ato de jurisdição de país estrangeiro, ou favorecer a prática de ato dessa natureza: Pena - reclusão, de cinco a quinze anos. Violação de território estrangeiro Art. 139. Violar o militar território estrangeiro, com o fim de praticar ato de jurisdição em nome do Brasil: Pena - reclusão, de dois a seis anos. Entendimento para empenhar o Brasil à neutralidade ou à guerra Art. 140. Entrar ou tentar entrar o militar em entendimento com país estrangeiro, para empenhar o Brasil à neutralidade ou à guerra: Pena - reclusão, de seis a doze anos. Entendimento para gerar conflito ou divergência com o Brasil Art. 141. Entrar em entendimento com país estrangeiro, ou organização nele existente, para gerar conflito ou divergência de caráter internacional entre o Brasil e qualquer outro país, ou para lhes perturbar as relações diplomáticas: Pena - reclusão, de quatro a oito anos. Resultado mais grave 1º Se resulta ruptura de relações diplomáticas: Pena - reclusão, de seis a dezoito anos. 2º Se resulta guerra: Pena - reclusão, de dez a vinte e quatro anos. Tentativa contra a soberania do Brasil Direito e Processo Penal Militar Data: 01/12/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 11 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Art. 142. Tentar: I - submeter o território nacional, ou parte dele, à soberania de país estrangeiro; II - desmembrar, por meio de movimento armado ou tumultos planejados, o território nacional, desde que o fato atente contra a segurança externa do Brasil ou a sua soberania; III - internacionalizar, por qualquer meio, região ou parte do território nacional: Pena - reclusão, de quinze a trinta anos, para os cabeças; de dez a vinte anos, para os demais agentes. Consecução de notícia, informação ou documento para fim de espionagem Art. 143. Conseguir, para o fim de espionagem militar, notícia, informação ou documento, cujo sigilo seja de interesse da segurança externa do Brasil: Pena - reclusão, de quatro a doze anos. 1º A pena é de reclusão de dez a vinte anos: I - se o fato compromete a preparação ou eficiência bélica do Brasil, ou o agente transmite ou fornece, por qualquer meio, mesmo sem remuneração, a notícia, informação ou documento, a autoridade ou pessoa estrangeira; II - se o agente, em detrimento da segurança externa do Brasil, promove ou mantém no território nacional atividade ou serviço destinado à espionagem; III - se o agente se utiliza, ou contribui para que outrem se utilize, de meio de comunicação, para dar indicação que ponha ou possa pôr em perigo a segurança externa do Brasil. Modalidade culposa 2º Contribuir culposamente para a execução do crime: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, no caso do artigo; ou até quatro anos, no caso do § 1º, nº I. Revelação de notícia, informação ou documento Art. 144. Revelar notícia, informação ou documento, cujo sigilo seja de interesse da segurança externa do Brasil: Pena - reclusão, de três a oito anos. Fim da espionagem militar 1º Se o fato é cometido com o fim de espionagem militar: Pena - reclusão, de seis a doze anos. Resultado mais grave 2º Se o fato compromete a preparação ou a eficiência bélica do país:Pena - reclusão, de dez a vinte anos. Modalidade culposa 3º Se a revelação é culposa: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, no caso do artigo; ou até quatro anos, nos casos dos §§ 1° e 2. Direito e Processo Penal Militar Data: 01/12/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 12 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Motim Art. 149. Reunirem-se militares ou assemelhados: I - agindo contra a ordem recebida de superior, ou negando-se a cumpri-la; II - recusando obediência a superior, quando estejam agindo sem ordem ou praticando violência; III - assentindo em recusa conjunta de obediência, ou em resistência ou violência, em comum, contra superior; IV - ocupando quartel, fortaleza, arsenal, fábrica ou estabelecimento militar, ou dependência de qualquer deles, hangar, aeródromo ou aeronave, navio ou viatura militar, ou utilizando-se de qualquer daqueles locais ou meios de transporte, para ação militar, ou prática de violência, em desobediência a ordem superior ou em detrimento da ordem ou da disciplina militar: Pena - reclusão, de quatro a oito anos, com aumento de um terço para os cabeças. Revolta Parágrafo único. Se os agentes estavam armados: Pena - reclusão, de oito a vinte anos, com aumento de um terço para os cabeças. Organização de grupo para a prática de violência Art. 150. Reunirem-se dois ou mais militares ou assemelhados, com armamento ou material bélico, de propriedade militar, praticando violência à pessoa ou à coisa pública ou particular em lugar sujeito ou não à administração militar: Pena - reclusão, de quatro a oito anos. Omissão de lealdade militar Art. 151. Deixar o militar ou assemelhado de levar ao conhecimento do superior o motim ou revolta de cuja preparação teve notícia, ou, estando presente ao ato criminoso, não usar de todos os meios ao seu alcance para impedi-lo: Pena - reclusão, de três a cinco anos. Conspiração Art. 152. Concertarem-se militares ou assemelhados para a prática do crime previsto no artigo 149: Pena - reclusão, de três a cinco anos. Isenção de pena Parágrafo único. É isento de pena aquele que, antes da execução do crime e quando era ainda possível evitar-lhe as conseqüências, denuncia o ajuste de que participou. Cumulação de penas Art. 153. As penas dos arts. 149 e 150 são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à violência. Direito e Processo Penal Militar Data: 01/12/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 13 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Aliciação para motim ou revolta Art. 154. Aliciar militar ou assemelhado para a prática de qualquer dos crimes previstos no capítulo anterior: Pena - reclusão, de dois a quatro anos. Incitamento Art. 155. Incitar à desobediência, à indisciplina ou à prática de crime militar: Pena - reclusão, de dois a quatro anos. Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem introduz, afixa ou distribui, em lugar sujeito à administração militar, impressos, manuscritos ou material mimeografado, fotocopiado ou gravado, em que se contenha incitamento à prática dos atos previstos no artigo. Apologia de fato criminoso ou do seu autor Art. 156. Fazer apologia de fato que a lei militar considera crime, ou do autor do mesmo, em lugar sujeito à administração militar: Pena - detenção, de seis meses a um ano. Violência contra superior Art. 157. Praticar violência contra superior: Pena - detenção, de três meses a dois anos. Formas qualificadas § 1º Se o superior é comandante da unidade a que pertence o agente, ou oficial general: Pena - reclusão, de três a nove anos. § 2º Se a violência é praticada com arma, a pena é aumentada de um têrço. § 3º Se da violência resulta lesão corporal, aplica-se, além da pena da violência, a do crime contra a pessoa. § 4º Se da violência resulta morte: Pena - reclusão, de doze a trinta anos. § 5º A pena é aumentada da sexta parte, se o crime ocorre em serviço. Violência contra militar de serviço Art. 158. Praticar violência contra oficial de dia, de serviço, ou de quarto, ou contra sentinela, vigia ou plantão: Pena - reclusão, de três a oito anos. Formas qualificadas § 1º Se a violência é praticada com arma, a pena é aumentada de um terço. § 2º Se da violência resulta lesão corporal, aplica-se, além da pena da violência, a do crime contra a pessoa. § 3º Se da violência resulta morte: Pena - reclusão, de doze a trinta anos. Direito e Processo Penal Militar Data: 01/12/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 14 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Os demais requisitos exigidos para o livramento condicional são comuns para a esfera comum. Importante destacar que é vedado o livramento condicional nos crimes praticados em tempo de guerra, de acordo com o art. 96, CPM, como ocorre no caso de sursis. Todavia, em tempo de paz não há vedação do livramento como ocorre no sursis, mas alguns crimes referidos neste exigem um prazo maior para a concessão do benefício (art. 96, CPM). Não aplicação do livramento condicional Art. 96. O livramento condicional não se aplica ao condenado por crime cometido em tempo de guerra. 1.5.2. Revogação Obrigatória e Facultativa As hipóteses estão previstas no art. 93, CPM. Revogação obrigatória Art. 93. Revoga-se o livramento, se o liberado vem a ser condenado, em sentença irrecorrível, a penal privativa de liberdade: I - por infração penal cometida durante a vigência do benefício; II - por infração penal anterior, salvo se, tendo de ser unificadas as penas, não fica prejudicado o requisito do art. 89, nº I, letra a Revogação facultativa 1º O juiz pode, também, revogar o livramento se o liberado deixa de cumprir qualquer das obrigações constantes da sentença ou é irrecorrìvelmente condenado, por motivo de contravenção, a pena que não seja privativa de liberdade; ou, se militar, sofre penalidade por transgressão disciplinar considerada grave. Infração sujeita à jurisdição penal comum 2º Para os efeitos da revogação obrigatória, são tomadas, também,em consideração, nos termos dos ns. I e II deste artigo, as infrações sujeitas à jurisdição penal comum; e, igualmente, a contravenção compreendida no § 1º, se assim, com prudente arbítrio, o entender o juiz. Haverá revogação obrigatória se o sujeito for condenado por pena privativa de liberdade por infração penal cometida no período de livramento. Existe, ainda, outro caso em que a revogação do livramento será obrigatória, que é quando o sujeito está cumprindo pena, mas é condenado por crime anterior, que exige a unificação da pena (nova pena e o que resta a cumprir), implicando na revogação quando da incompatibilidade. Direito e Processo Penal Militar Data: 01/12/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 15 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br A revogação será facultativa se o sujeito deixa de cumprir qualquer outra obrigação do livramento ou é condenado definitivamente à pena não privativa de liberdade, bem como se for condenado por infração disciplinar considerada grave. Uma vez revogado o livramento, não é possível nova obtenção na mesma execução. Todavia, com relação a novo crime, é cabível a obtenção de livramento, por se tratar de nova execução. O mesmo acontece no caso de unificação de pena por condenação superveniente por crime anterior ao livramento, caso em que é possibilitada a obtenção de novo livramento. Cumprido o livramento condicional, a pena é extinta. 1.6. Extinção da Punibilidade As hipóteses de extinção da punibilidade estão previstas no rol taxativo do art. 123, CPM. Causas extintivas Art. 123. Extingue-se a punibilidade: I - pela morte do agente; II - pela anistia ou indulto; III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso; IV - pela prescrição; V - pela reabilitação; VI - pelo ressarcimento do dano, no peculato culposo (art. 303, § 4º). Parágrafo único. A extinção da punibilidade de crime, que é pressuposto, elemento constitutivo ou circunstância agravante de outro, não se estende a este. Nos crimes conexos, a extinção da punibilidade de um deles não impede, quanto aos outros, a agravação da pena resultante da conexão. Em consonância com o art. 123, CPM, a morte extingue a punibilidade, assim como a anistia, o indulto, a graça e a comutação, apesar de a lei não ser expressa com relação a estas últimas hipóteses. Isto porque, graça e indulto têm o mesmo significado, sendo a primeira individual e o segundo instituto coletivo. Já a comutação é um indulto parcial que pode extinguir a pena. Direito e Processo Penal Militar Data: 01/12/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 16 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Outros casos em que a punibilidade é extinta são a abolitio criminis, a prescrição, a reabilitação2 e a reparação do dano no crime de peculato culposo3 (art. 303, parágrafo 4º, CPM). Extinção ou minoração da pena Art. 304, § 4º No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede a sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta. O perdão judicial (juiz deixa de aplicar a pena), apesar de não estar no rol do art. 123, CPM, extingue a punibilidade em um único caso, qual seja, de receptação culposa preenchidos os requisitos legais, pelo art. 255, parágrafo único, CPM4. Receptação culposa Art. 255. Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela manifesta desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso: Pena - detenção, até um ano. Parágrafo único. Se o agente é primário e o valor da coisa não é superior a um décimo do salário mínimo, o juiz pode deixar de aplicar a pena. Mister consignar que decadência, perempção, perdão do ofendido e renúncia não extinguem a punibilidade no direito penal castrense, tendo em vista não haver ação penal pública condicionada à representação ou privada na esfera castrense. 2º Horário 1.6.1. Prescrição 1.6.1.1. Prescrição da Pretensão Punitiva Esta hipótese é chamada de prescrição da ação penal pelo CPM. 1.6.1.1.1. Pela Pena em Abstrato 2 Não extingue a punibilidade no direito penal comum. 3 O art. 312, parágrafo 3º, CP traz a mesma regra, assim dispondo: “No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta.”. 4 A mesma previsão é feita no art. 180, parágrafos 3º e 5º, CP, através da seguinte redação: “Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, pode o juiz, tendo em consideração as circunstâncias, deixar de aplicar a pena. Na receptação dolosa aplica-se o disposto no § 2º do art. 155.”. Direito e Processo Penal Militar Data: 01/12/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 17 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br A prescrição pela pena em abstrato ocorre antes da condenação e possui seus critérios apontados no art. 125, CPM, em redação bastante semelhante com a do art. 109, CP. A diferença encontra-se na previsão, pelo CPM, de prescrição para a pena de morte e na mínima prescrição de 2 anos (a Lei 12.234/10 só alterou o mínimo prazo prescricional para 3 anos no CP comum). Prescrição da ação penal CPM, Art. 125. A prescrição da ação penal, salvo o disposto no § 1º deste artigo, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-se: I - em trinta anos, se a pena é de morte; II - em vinte anos, se o máximo da pena é superior a doze; III - em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior a oito e não excede a doze; IV - em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro e não excede a oito; V - em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois e não excede a quatro; VI - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou, sendo superior, não excede a dois; VII - em dois anos, se o máximo da pena é inferior a um ano. Prescrição antes de transitar em julgado a sentença CP, Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo odisposto no § 1o do art. 110 deste Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-se: (Redação dada pela Lei nº 12.234, de 2010). I - em vinte anos, se o máximo da pena é superior a doze; II - em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior a oito anos e não excede a doze; III - em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro anos e não excede a oito; IV - em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois anos e não excede a quatro; V - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou, sendo superior, não excede a dois; VI - em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior a 1 (um) ano. (Redação dada pela Lei nº 12.234, de 2010). O marco inicial é a data do fato, indo até o recebimento da denúncia (marco interruptivo,) considerando-se a pena máxima abstratamente cominada, bem como do recebimento até a sentença condenatória (marco interruptivo). Note-se que, de acordo com o art. 129, CPM, o prazo prescricional é reduzido pela metade se o agente for menor de 21 anos ou maior de 70 anos. Redução Direito e Processo Penal Militar Data: 01/12/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 18 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Art. 129. São reduzidos de metade os prazos da prescrição, quando o criminoso era, ao tempo do crime, menor de vinte e um anos ou maior de setenta. Há, no entanto, algumas regras especiais: • crime de insubmissão: a prescrição só começa a correr quando o indivíduo completa 30 anos, quando se tratar de trânsfuga. O trânsfuga é aquele que não se apresenta e nem é capturado (ausente), sendo certo que contra ele, a prescrição só começa a correr quando completar 30 anos (art. 131, CPM). Prescrição no caso de insubmissão Art. 131. A prescrição começa a correr, no crime de insubmissão, do dia em que o insubmisso atinge a idade de trinta anos. Desta forma, se o insubmisso é capturado ou se apresenta, deixa de ser trânsfuga e a prescrição passa a correr a partir desse momento pela regra geral, considerada a pena em abstrato. • crime de deserção: a prescrição começa a contar aos 45 anos de idade para praças e 60 anos para oficiais, como prevê o art. 132, CPM, embora o delito esteja previsto no art. 187, CPM, tendo a pena máxima de 2 anos. Deserção Art. 187. Ausentar-se o militar, sem licença, da unidade em que serve, ou do lugar em que deve permanecer, por mais de oito dias: Pena - detenção, de seis meses a dois anos; se oficial, a pena é agravada. Neste diapasão, necessário relembrar-se a discussão em que a posição majoritária, inclusive do STM, entende que o crime de deserção é permanente – apesar de haver quem entenda ser crime instantâneo de efeitos permanentes – começando a contagem da prescrição quando cessada a permanência. Questão – DPU – 2004 Se um oficial da aeronáutica, aos 25 anos de idade, desertasse e fosse capturado 25 anos depois, a ação penal já se encontraria prescrita em abstrato, pois o crime de deserção possui a pena máxima de dois anos. R: Errado, pois, embora decorrido o prazo, somente aos 60 anos de idade será extinta a punibilidade por se tratar de oficial em crime de deserção. Importante mencionar que a regra em comento aplica-se apenas ao trânsfuga, que é o desertor ausente. No momento em que é capturado, cessa a permanência, seguindo-se a posição majoritária, e o desertor passa a ser presente, começando a correr a prescrição, que passa a ser contada pela pena máxima em abstrato. Direito e Processo Penal Militar Data: 01/12/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 19 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Observação1: Prescrição das penas de reforma ou suspensão – são penas principais não privativas de liberdade e prescrevem em 4 anos, conforme dispõe o art. 127, CPM. Prescrição no caso de reforma ou suspensão de exercício Art. 127. Verifica-se em quatro anos a prescrição nos crimes cuja pena cominada, no máximo, é de reforma ou de suspensão do exercício do posto, graduação, cargo ou função. Observação2: Prescrição das penas acessórias – as penas acessórias, pelo direito penal militar, são imprescritíveis5 pela regra do art. 130, CPM, não ferindo a CRFB por as penas acessórias terem como pressuposto a aplicação de uma pena principal. Imprescritibilidade das penas acessórias Art. 130. É imprescritível a execução das penas acessórias. Proferida a sentença condenatória, não há mais que se falar em prescrição pela pena em abstrato, passando-se à análise da prescrição pela pena em concreto. 1.6.1.1.2. Pela Pena em Concreto Começa a correr após a condenação e o cálculo se dá com base na pena em concreto, subdividindo-se em: a) retroativa: assim como no CP comum, não pode ter como marco inicial fato anterior ao recebimento da denúncia e opera apenas da sentença condenatória até o recebimento daquela. Isto porque, antes da Lei 12.234/10, que extinguiu a prescrição retroativa até o fato no CP comum, o STF e o STM reconheciam-na na esfera castrense (Vide HC 103.407, STF), o que não se torna mais viável. Desta forma, para os fatos anteriores a maio de 2010, cabe a aplicação da retroatividade até o fato, o que não é mais admitido com relação a fatos posteriores. HC 103407 / RJ - RIO DE JANEIRO HABEAS CORPUS Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA Julgamento: 10/08/2010 Órgão Julgador: Segunda Turma Publicação DJe-173 DIVULG 16-09-2010 PUBLIC 17-09-2010 EMENT VOL-02415- 03 PP-00442 RJSP v. 58, n. 395, 2010, p. 185-188 RT v. 100, n. 904, 2011, p. 537- 539 5 No direito penal comum as penas acessórias (mais leves) prescrevem com as mais graves. Direito e Processo Penal Militar Data: 01/12/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 20 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br EMENTA: HABEAS CORPUS. ESTELIONATO PREVIDENCIÁRIO. CRIME INSTANTÂNEO DE EFEITOS PERMANENTES. PRESCRIÇÃO. OCORRÊNCIA. ORDEM CONCEDIDA. Segundo precedentes recentes do Supremo Tribunal Federal, o chamado estelionato previdenciário (CP, art. 171, § 3º) é crime instantâneo de efeitos permanentes.Por conseguinte, a sua consumação se opera com o recebimento da primeira prestação do benefício indevido, contando-se, daí, o prazo prescricional (HC 99.363, rel. p/ o acórdão min. Cezar Peluso, DJe de 19.02.2010). No caso, a sentença registrou as "condutas delituosas iniciaram em maio de 1998", sendo que a denúncia somente foi recebida em 02.05.2008. Considerando que entre a consumação do ilícito e o recebimento da inicial acusatória se passaram mais de quatro anos, impõe-se o reconhecimento da prescrição do crime pelo qual a paciente foi condenada, uma vez que o montante da pena aplicada foi de dois anos (art. 125, VI, § 2º, a, e § 5º, I, do Código Penal Militar, c/c os arts. 109, V, 110, §§ 1º e 2º, e 117, I, do Código Penal, na redação anterior à Lei 12.234/2010, por ter o fato ocorrido antes da sua entrada em vigor, o que se deu em 06.05.2010). Ordem concedida, para declarar extinta a punibilidade da paciente, pela ocorrência da prescrição, considerada a pena em concreto. Decisão: Concedida a ordem, nos termos do voto do Relator. Decisão unânime. Falou, pelo Ministério Público Federal, o Dr. Wagner Gonçalves. Ausente, justificadamente, neste julgamento, a Senhora Ministra Ellen Gracie. 2ª Turma, 10.08.2010. O termo inicial da prescrição retroativa, desta feita, é o último marco que interrompe a prescrição em abstrato, ou seja, a sentença condenatória (art. 125, parágrafos 1º, 2º e 5º, CPM). Superveniência de sentença condenatória de que somente o réu recorre Art. 125, § 1º Sobrevindo sentença condenatória, de que somente o réu tenha recorrido, a prescrição passa a regular-se pela pena imposta, e deve ser logo declarada, sem prejuízo do andamento do recurso se, entre a última causa interruptiva do curso da prescrição (§ 5°) e a sentença, já decorreu tempo suficiente. Termo inicial da prescrição da ação penal § 2º A prescrição da ação penal começa a correr: a) do dia em que o crime se consumou; b) no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa; c) nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência; d) nos crimes de falsidade, da data em que o fato se tornou conhecido. Interrupção da prescrição § 5º O curso da prescrição da ação penal interrompe-se: I - pela instauração do processo; II - pela sentença condenatória recorrível. Direito e Processo Penal Militar Data: 01/12/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 21 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br b) superveniente: é observada da sentença condenatória até o acórdão, considerando-se que há recurso exclusivo da defesa, não sendo possível que a situação do réu piore. No entanto, havendo recurso da acusação, é possível que o réu tenha sua condenação agravada, mas, se o recurso for improvido, conta-se a prescrição superveniente da sentença até o acórdão igualmente. 1.6.1.2. Prescrição da Pretensão Executória É chamada pelo CPM de prescrição da pena, começando a correr do trânsito em julgado da sentença penal condenatória, seguindo a mesma abordagem do CP comum. 1.6.2. Suspensão do Prazo Prescricional para o Réu Ausente O réu que, citado por edital, não comparece nem constitui advogado, é declarado revel, seguindo o processo sem a sua presença, com a nomeação de defensor para sua defesa técnica, em conformidade com o CPPM. Desta forma, não se aplica, por analogia, o art. 366, CPP, que se trata de norma híbrida por veicular matéria processual (suspensão do processo) e matéria penal (suspensão da prescrição). Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312. (Redação dada pela Lei nº 9.271, de 17.4.1996) (Vide Lei nº 11.719, de 2008) A doutrina e a jurisprudência entendem não ser possível que se faça analogia no caso, visto que a norma processual penal comum possui aspecto penal gravoso e não é cabível analogia in malam partem, por a suspensão do prazo prescricional ser ruim para o réu. 2. Ação Penal no Direito Penal Militar6 A regra está disposta no art. 121, CPM, sendo sempre pública e, em regra, incondicionada, pois os bens jurídicos são indisponíveis. Propositura da ação penal Art. 121. A ação penal somente pode ser promovida por denúncia do Ministério Público da Justiça Militar. 6 É tema recorrente em provas de concurso. Direito e Processo Penal Militar Data: 01/12/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 22 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Só há uma situação em que a ação pública é condicionada na esfera militar, que é nos crimes contra a segurança externa do país praticados por militar (arts. 136 a 141, CPM), quando é necessária a requisição do Ministro da Defesa, dirigida ao Pocurador-Geral da Justiça Militar (art. 122, CPM). Dependência de requisição Art. 122. Nos crimes previstos nos arts. 136 a 141, a ação penal, quando o agente for militar ou assemelhado, depende da requisição do Ministério Militar a que aquele estiver subordinado; no caso do art. 141, quando o agente for civil e não houver co-autor militar, a requisição será do Ministério da Justiça. Hostilidade contra país estrangeiro Art. 136. Praticar o militar ato de hostilidade contra país estrangeiro, expondo o Brasil a perigo de guerra: Pena - reclusão, de oito a quinze anos. Resultado mais grave § 1º Se resulta ruptura de relações diplomáticas, represália ou retorsão: Pena - reclusão, de dez a vinte e quatro anos. § 2º Se resulta guerra: Pena - reclusão, de doze a trinta anos. Provocação a país estrangeiro Art. 137. Provocar o militar, diretamente, país estrangeiro a declarar guerra ou mover hostilidade contra o Brasil ou a intervir em questão que respeite à soberania nacional: Pena - reclusão, de doze a trinta anos. Ato de jurisdição indevida Art. 138. Praticar o militar, indevidamente, no território nacional, ato de jurisdição de país estrangeiro, ou favorecer a prática de ato dessa natureza: Pena - reclusão, de cinco a quinze anos. Violação de território estrangeiro Art. 139. Violar o militar território estrangeiro, com o fim de praticar ato de jurisdição em nome do Brasil: Pena - reclusão, de dois a seis anos. Entendimento para empenhar o Brasil à neutralidade ou à guerra Art. 140. Entrar ou tentar entrar o militar em entendimento com país estrangeiro, para empenhar o Brasil à neutralidadeou à guerra: Pena - reclusão, de seis a doze anos. Entendimento para gerar conflito ou divergência com o Brasil Direito e Processo Penal Militar Data: 01/12/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 23 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Art. 141. Entrar em entendimento com país estrangeiro, ou organização nele existente, para gerar conflito ou divergência de caráter internacional entre o Brasil e qualquer outro país, ou para lhes perturbar as relações diplomáticas: Pena - reclusão, de quatro a oito anos. Resultado mais grave 1º Se resulta ruptura de relações diplomáticas: Pena - reclusão, de seis a dezoito anos. 2º Se resulta guerra: Pena - reclusão, de dez a vinte e quatro anos. Entretanto, sendo o agente civil e não agindo em concurso com militar na hipótese de crime do art. 141, CPM, a requisição será feita pelo Ministro da Justiça. Porém, segundo a doutrina, crime praticado por civil contra a segurança nacional é crime político e a competência é da Justiça federal, não podendo o art. 141, CPM ser aplicado aos civis7. A noticia criminis pode ser feita por qualquer pessoa ao MPM, que pode requisitar a instauração de inquérito policial militar ou oferecer denúncia. Não existem, no direito penal militar, ação pública condicionada à representação e ação privada exclusiva, ante a regra da indisponibilidade da ação penal, face aos bens protegidos. Todavia, a ação privada subsidiária da pública8, em que pese não ser mencionada no CPM, é sempre cabível por força de comando Constitucional (art. 5º, LIX). Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal; 7 Em provas, deve-se atentar se a questão está abordando apenas a letra da lei. 8 É um dos mecanismos de controle da indisponibilidade da ação penal pública, sendo o outro a hipótese a de o juiz rejeitar o arquivamento do feito, notificando o PGJ.