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TEXTO 1 Introdução à Economia

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1. EconOOti. 2 .••.•ero.co""",. l. ~;c<oeco"""i.
1. Quo "0'1•••1. lI. n<ulo,
Capíttllo I
NOÇOES GERAIS DE ECONOMIA
Capítulo II
QUESTÕES ECONÕMICAS FUNDAMENTAIS DECORRENTES
DO PROBLEMA DA ESCASSEZ E DA NECESSIDADE DE
ESCOLHA
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1 PRÓlOGO
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Deparamo-nos, em n0550dia-a-dia, com diversas questões de natureza econômica.Como exemplo, podemos citar:
• desemprego;
• inflação;
• déficit público;
• alterações nas taxas de juros;
• aumento de impostos; .
• desvalorização da taxa de câmbio.
Na realidade, ,os princípios e as práticas econômicas têm, ao longo do tempo,
moldado o cotidiano dos cidadãos e, por conseguinte, da sociedade.
Atualmente o conhecimento sobre assuntos econômicos se faz maiS necessário do
que nunca, uma yez que a maior parte dos complexos problemas das sociedades
modernas, tais como a globalização, a 'pobreza e a questão do meio ambiente, entre
outros, está atrelada a problemas de natureza econômica.
Entretanto, apesar de a maioria das pessoas participar de atividades de natureza
econômica, poucas póssuem conhecimentos tcóricos que lhes permitam analisar os
problemas econômicos que nos cercam em nosso cotidiano.
Esse é, sem dúvida, o grande motivo pelo qual devemos estudar economia. O seu
estudo nos proporcionará um conjunto de conhecimentos que nos ajudará a formar
opiniões a respeito dos grandes problemas econômicos do nosso tempo, tornando-nos
cidadãos de fato em nossa sociedade. .,
•••
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4 • Prim;ipiQs de EClloomia Capítulol Nações Gerais de Economia- Pa'","!N<>gQmí. S
ESCASSEZ DE BENS
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A escassez é o problema econômico central de qualquer sociedade. Se não houvesse es-
cassez, tampouco haveria a necessidade de se estUdar economia.
Mas, por que existe a escassez?
A escassez existe porque as necessidades humanas a sere.m satisfeitas através do
consumo dos mais diversos tipos de bens (alimentos, roupas, casas etc.) e serviços (trans-
porte, assistência médica etc.) são infinitas e ilimitadas, ao passo que os recursos produ-
tivos (máquinas, fábricas, terras agricultáveis, matérias-primas etc.) à disposição da
sociedade'e que são utilizados na produção dos mais diferentes tipos de produtos são
finitos e limitados, ou seja, são insuficientes para se produzir o volume de bens e
serviços necessários para satisfazer as necessidades de todas as pessoas.
Depreende-se dessas definições que a Economia é uma Ciência Social que tem por
objeto de estudo a questão da escassez.
A economia é o estudo de como as pessoas e a sociedade decidem empregar recursos
escassos, que poderiam ter utilizações alternativas, para produzir bens variados e
para os distribuir para consumo, agora ou no futuro, entre várias pessoas e grupos
da sociedade.
Em termos etimológicos a palavra "economia" vem do grego oikos (c,asa) e nomos
(norma, lei). Terí~mós, então, a palavra oikiJllomia que significa "administração de uma
unidade habitacional (casa)", podendo.também ser entendida como "administração da
coisa pública" ou de um Estado.
Por essa razão, quando nos referimos a uma pessoa tachando-a de econômica,
estamos querendo dizer que ela é cuidadosa e parcimoniosa no gasto de dinheiro ou na
utilização de materiais, ou seja, que ela é cuidadosa na administração dos seus recursos.
Em Economia, por sua vez, estudamos as maneiras pelas quais os diferentes tipos
de sistemas econômicos administram seus limitados recursos com a finalidade de pro-
duzir bens e serviços, objetivando satisfazer as ilimitadas necessidades da população.
"Se o objetivo é atender ao máximo as necessidades da população e se os recursos são
limitados, então a administração desses recursos tem de ser feita de maneira cuida-
dosa, econômica (parcimoniosa), racional e eficiente." Em outras palavras, temos de
"economizar" recursos.
Podemos, então, definir Economia como "a Ciéncia Social que estuda como as pes-
soas e a sociedade decidem empregar recursos escassos, que poderiam ter utilização
alternativa, na produção de bens e serviços de modo a distribuí-los entre as várias pes-
soas e grupos da sociedade, a fim de satisfazer as necessidades humanas".
Na realidade existem muitas definições da Economia como ciência, e elas têm
evoluído ao longo da históna, desde as pnmeuas escolas econômicas, datadas do sécu-
lo XVIII, até o presente. Vejamos, então, as definições de três autores contemporâneos:
• Myron H. Umbreit, Elgin F. Hunt e Charles V. Kinter:1
A economia é o estudo da organização social através da qual os homens satisfazem
suas necessidades de bens e serviços escassos.
• Stonier e Hague;2
Não houvesse escassez nem necessidade de repartir os bens entre os homens, não
existiriam tampouco sistemas econômicos nem Economia. A Economia é, fundamental-
mente, o estudo da escassez e dos problemas dela decorrentes, . .
• Paul A. Samuelson:3
I
j,.
j
to'
RECURSOS PRODUTIVOS
LIMITADOSx
NECESSIDADES HUMANAS
ILIMITADAS
É preciso não confundir escassez com pobreza. Pobreza significa ter poucos bens.
Escassez significa mais desejos do que bens para satisfazê-los, ainda que haja muitos
bens. É preciso também não confundir escassez com limitação. Um bem pode ter sua
oferta limitada, Entretanto, se esse bem não for desejado, se não houver procura por ele,
ele não será escasso.
Assim, o fenômeno da escassez está presente em qualquer sociedade, seja ela rica
ou pobre. É verdade que para países como os Estados Unidos e a Suécia ela não é um
problema tão grave como para países como a Somália e a Etiópia, em que sequer as
necessidades básicas da população são satisfeitas. Mesmo assim, a escassez continua
sendo um problema, uma vez que as aspirações por bens e serviços em geral superam
a quantidade de bens e serviços produzidos pela sociedade.
Pode-se dizer, então, que a escassez é a preocupação básica da Ciência Econômica.
Somente devido à escassez de recursos em relação às - ilimitadas necessidades
humanas é que se justifica a preocupação de utilizá-los da forma mais racional e efi-
ciente possivel. •
Da dura realidade da escassez decorre a necessidade da escolha. Já que não se pode
produzir tudo o que as pessoas desejam, devem ser criados mecanismos que de alguma
forma auxiliem as sociedades a decidir quais bens serão produzidos e quais necessi-
dades serão atendidas.
2 Jlri!.q~Er.1ÁlJÁ~.i;cÃS-sÉZ
3
Uma vez entendido o sentido econômico da escassez, podemos passar para a definição
de Economia.,
UMBREIT, Myron H. el al. Economics: an introduction lo principIes and problems. Nova York:
McGraw-HilI, 1957. .
STONIER,. Alfred W.; HACUE, Douglas C. Teoria romdmiCll. Rio de Janeiro: Zahar, 1971.
SAMUElSON. Paul Anlhony; NORDHAUS, William D. Economia. 12. ed ..Portugal, 1988.
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Pnnclpios de Econom;a capitulo I Noçõ€s Gerais de Economia - Pa=!Nogami • 7
Cabe, então, à Ciência Econômica, através do seu corpo teórico, fornecer respostas,
ainda que pardais, para questões do tipo:
• O que é inflação? Quais suas causas? Como baixá-la?
• Por que existe uma distribuição tão desigual de renda? Como reduzir esse
problema?
• O que é desemprego? Por que ocorre esse fenômeno? Como fazer para que o
nível de emprego aumente?
• Qual o papel do governo no bem-estar da população?
• Como se determinam os preços?
• O que determina a existência de relações econômicas internacionais?
Todaeconomiaopera segundo um conjuntode regras e regulamentos. Exemplificando,
as firmas devem ter liceriçasespecíficas
a fim de que possam produzir e vender seus pro-
dutos; os trabalhadores devem ser registrados em carteira; os economistas, a fim de que
possam exercer sua profissão, devem ser formados em escolas oficia.lmentereconhecidas;
exige-se também que sejam filiados ao órgão de classe (no caso, o Conselho Regional de
Economia - Corecon). Faz-se o mesmo tipo de exigência para profissionais de diversas
categorias, tais como médicos, engenheiros, advogados etc. .
Essas são apenas algumastlas regras existentes em nossa c<:onomia.Assim, todas
as leis, regulamentos, costumes e práticas tomados em conjunto, e suas relações com os
componentes de uma economia (firmas, farrulias - que sãci'unidades domiciliares de
consumo - e governo), constituem o que denominamos "Sistema Econômico".
-
Usaremos a palavra teoria como sinônimo de modelo,
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"&f.~t:r6. RACIOCINANOo'ÇÕ~MTEORTÁSEMlí'ÕELíjS,~~~'TIi1R",~,....,"'''''''..-..."~~._,...•.....•._ ...•.•_-
6.1 Teorias e Modelos
Como qualquer outra ciência, a Economia preocupa-se com a previsão e a explicação de
fenômenos. Para tanto, utiliza-se de teorias.
E o que significa conStruir ,teorias?
Em economia, construir teorias significa extrair conhecimentos sobre o funciona-
mento do sistema econômico.
Uma teoria pode ser apresentada sob a forma de um modelo. Um modelo é a repr~
sentação simplificada da r~aljdade ou d,asP!"incipaiscaracterísticas de uma teoriaJEle é
composto'fiar-Um conjunto de relações que podem ser expressas na forma de palavras,
diagramas, tabelas de dados, gráficos, equaçõcs matemáticas ou qualquer combinação
desses elementos, o que possibilita a simulação de fenômenos, observados empirica-
mente ou não.
Imaginemos, como exemplo, um guia com mapas da cidade de São Paulo. De certa
forma, esse guia nada mais é do que um modelo, e é útil porque simplifica.Elenos mostra
as ruas da cidade, o sentido do tráfego, as linhas de ônibus, por onde tais ônibus circu-
lam etc.,de tal forma que um indivíduo consegue, a partir das informações nele contidas,
orientar-se, ir de um ponto a outro da cidade, podendo, inclusive, prever o tempo ne-
cessário para efetuar seus deslocamentos. Esse guia (ou modelo), entretanto, não mostra
determinados aspectos da cidade, porque a maneira pela qual foi desenhado, omitindo
certos detalhes, faz qu~ ele ganhe clareza em função da finalidade para a qual foi pro--
duzido, que é a de orientar pessoas em seus deslocamentos pela cidade. Se mostrasse
cada prédio, cada casa, cada semáforo existente, haveria uma confusão que tornaria
incompreensíveis os detalhes, e o guia seria então inútil.
Um modelo émais fácil de manipular do gue a realidade representada por ele, uma
vez que apenas as características relevantes ou as propriedades importantes da reali-
dade são nele retratadas. Em outras palavras, uma teoria,4 ou um modelo, denota,
aproximadamente, e rião exatamente, os fatos observados, uma vez que é uma simpli-
ficação d~ realidade.
O~:j
..
Um "Sistema Econômico" pode ser definido como a forma na qual uma sociedade está
organizada em termos políticos, econômicos e sociais para desenvolver as atividades
econômicas de produção, troca e constimo de bens e serviços.
4 PORQUEAECO~Or.iIAJ};.Q;~~iõEfiijíj;f~EíjC~~Õ.í:jAl$?=
A Economia, portanto, também é uma Ciência Social, pois se ocupa do compor-
tamento humano e estu'dacomo as pessoas e as organizações na sociedade se empenham
na produção, troca e consumo de bens e serviços.
A Economia é considerada uma Ciência Social porque as ciências sociais estudam a
organização e o funcionamento da sociedade. O Direito, a Sociologia, a Antropologia e
a Psicologia são ciências sociais, uma vez que cada qual estuda o funcionamento da
sociedade a partir de um determinado ponto de vista. A título de exemplo, vejamos as
definições dessas ciências:
• Direito: Ciência das normas obrigatórias que disciplinam as relações dos homens
em sociedade;
• Sociologia: Estudo objetivo das relações que se estabelecem, consciente ou
inconscientemente, entre pessoas que vivem em uma comunidade ou em um
grupo social, ou entre grupos sociais diferentes que vivem no seio de uma
sociedade mais ampla;
• Antropologia: Ciência que reúne várias disciplinas cujas finalidades comuns são
descrever o homem e analisá-locom base nas característicasbiológicas (antropolo-
gia física)e culturais (antropologia cultural) dos grupos em que se distribui, dando
ênfase, através das épocas, às diferenças e variações entre esses grupos;
• Psicologia: Ciência que trata da mente e de fenômenos e atividades mentais.
Ciência do comportamento animal e humano em suas relações com o meio físi-
co e social.
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12 • Prioclpios de Economia
Bens de COl/sumo são aqueles diretamente utilizados para a satisfação das necessi-
dades humanas. Podem ser de uso não-durável, ou seja, que desaparecem uma vez utiliza-
dos (alimentos, cigarros, gasolina etc.), ou de uso durável, que têm como característica
o fato de que podem ser usados por muito tempo (móveis, eletrodomésticos etc.).
Os Bens de Capital (ou Bens de Produção), por sua vez, são aqueles que permitem
produzir outros bens. São exemplos de Bens de Capital as máquinas, computadores,
equipamentos, instalações, edifícios etc.
Tanto os Bens de Consumo quanto os Bens de Capital são classificados como Bens
Finais, urna vez que já passaram por todos os processos de transformação possíveis,
significando que estão acabados.
Além dos Bens Finais existem ainda os Bens Intennediários, que são aqueles que
ainda precisam ser transformados para atingir sua forma definitiva. A título de exem-
plo, podemos citar o fertilizante utilizado na produção de arroz, ou o aço, o vidro e a
borracha utilizados na produção de carros.
as bens podem ser classificados ainda em Bens Privados e Bens Públicos.
Os Bens Privados são os produzidos e possuídos privadamente. Como exemplo
temos os automóveis, aparelhos de televisão etc.
Os Bens Públicos referem-se ao conjunto de bens gerais forne<:ido pelo setor público:
educação, justiça, segurança, transportes etc.
7.3 Recursos Produtivos
Vnnos, até agora, que as necessidades hwnanas são ilimitadas. Algumas são não-econâ-
micas, seja porque não podemos produzir bens que as satisfaçam (necessidade de amor,
por exemplo). seja porque não precisamos produzir bens que as satisfaçam (necessidade
de respirar, por exemplo).
As necessidades remanescentes, que são as necessidades econômicas, caracteri-
zam-se, também, por sefCm ilimitadas. A fim de satisfazê-Ias necessitaríamos de um
conjunto infinitamente grande de bens econômicos. Isso, por seu lado, exigiria um con-
junto infinitamente grande de recursos capaz de produzir tais bens. Entretanto, essa
quantidade infinita de recursos não existe. Surge daí o desafio que o ser humano tem
forçosamente de enfrentar: o desafio da escassez.
Vejamos, agora, no que consistem tais recursos.
Os Recursos Produtivos (também denominados fatores de produção) são elemen-
tos utilizados no processo de, fabri!=ação dos mais variados tipos de mercadorias, as
quais, por sua vez, são utilizadas para sati~fazer necessídades. O trabalho, a terra,
as matérias-primas, os combustíveis, a energia e os equipamentos são, entre outros,
exemplos de recursos produtivos.
Capitulo I Noções Gernis de Economia - P"'sos/Nogami • 13
• Terra (ou Recursos Naturais)
É o nome da?o pelos economistas para designar os recursos naturais existentes, ou
dádivas da naturéza, tais como florestas, recursos minerais, recursos híqricos etc.
Compreende não'50 () solo litilizado para fins1agrícolas, mas também o solo utilizado na
construção de estradas, casas etc., ,, '\'
Na verdade, toda a natureza, a
energia do Sol, os ventos, as marés, a gravidade da
Tei~a são utilizados ná produção de bens econômicos. A utilidade desses elementos vai
variar em função de fatores como facilidade de extração, refino e transporte. O que
devemos destacar é que a quantidade de recursos naturais, ou Terra, é limitada, até
mesmo para as nações consideradas ricas.
• Trabalho
É o nome dado a todo esforço humano, físico ou mental, despendido na produção de
bens e serviços. Assim, constitui trabalho no sentido econômico o serviço prest<!do por
wn médico, O trabalho de wn operário empregado na construção civil, a supervisão de um
gerente de banco, o trabalho de wn agricultor no campo.
O tamanho da população estabelece para esse fator de produção um limite em
termos de quantidade. Entretanto, importa também a qualidade do trabalho. Todos
sabemos que duas pessoas que trabalham oito horas por dia não são, necessariamente,
igualmente produtivas. Por essa razão, em qualquer país, a qualidade e o tamanho da
força de trabalho são limitados, o que implica dizer que a quantidade total do recurso
denoll"lin,ado Trabalho também o é.
• Capital (ou Bens de Capital)
Pode ser definido como o conjunto de bens fabricados pelo homem e que não se desti-
nam à satisfação das necessidades através do conswno, mas que são utilizados no
processo de produção de outros bens. O capital inclui todos os edifícios e todos os
tipos de equipamento que podem ser utilizados na produção de bens. Exemplos de
capital são computadores, máquinas, usinas, estradas de ferro, instalaçõcs fabris, mo-
biliários de escritórios e todos os tipos de equipamento utilizados na fabricação de
bens c serviços.
É usual que, ao falarmos de capital, pensemos em coisas tais como dinheiro, ações,
certíficados etc. Tais instrumentos, entretanto, devem ser considerados como Capital
Financeiro e não constituem realmente riqueza, e sim direitos a ela. Não haverá aumento de
riqueza na sociedade se esses direitos de papel awnentarem sem que ocorra aumento
correspondente de edilidos, equipamentos, estoques etc.
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7.3.1 Classificação dos Recursos Produtivos
Os Recursos Produtivos podem ser classificados em quatro grandes grupos: Terra,
Trabalho, Capital e Capacidade Empresarial.
• Capacidade Empresarial
Alguns economistas consideram a "Capacidade Empresarial" também como wn fator
de produção. Isto porque o empresário exerce funções fundamentais para o processo produtivo.
É ele quem organiza a produção, reunindo e combinando os demais recursos produtivos,
asswnindo, assim, todos os riscos inerentes à elaboração de bens e serviços. É ele quem /
colhe os ganhos do sucesso (lucro) ou as perdas do fracasso (prejuízo). Em algumas, ;' ./L
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14 • Principlos de Economia Capítulo I Noções Gerais de Economia - Pa'_INogam; • 15
Trabalho ) Salário
Cilpacidade Empresarial » wcro
Do exposto até o momento, percebe-se que, se vender °uso temporário da terra, a
renda do proprietário é o aluguel da terra.
Entretanto, o que dizer de um proprietário de terras que em um determinado ano
vende a terra a uma firma (agrícola, comercial etc.)? Devemos chamar o valor pago pela
terra de sua "renda" com a terra naquele ano? Não, se considerarmos a definição de
renda exposta anteriormente. O valor pago pela terra não é renda, porque compra os
serviços da terra não apenas por um ano, mas para sempre (na verdade, a pessoa que
vende a terra de uma vez não recebe renda alguma da terra; ela apenas transfere a pro-
priedade a outra pessoa em troca de dinheiro).
Assim é que, se a terra for vendida a uma firma, a partir daí essa firma não pagará
a ninguém pelo uso da terra.
Nesse caso, qual é a renda da terra e quem a recebe?Nessas condições, a renda obti-
da pela terra é combinada com o lucro, e quem a recebe são os proprietários da empresa.
Examinemos agora a renda do capital. Se uma firma alugar um tomo e utilizá-lo no
processo de produção, o valor do aluguel pago ao dono do tomo é considerado um
pagamento pelos serviços do bem de capitai, sendo entendido como um pagamento de
renda ao proprietário do tomo.
Imaginemos, então, outra situação. Suponhamos que os proprietários da firma
sejam, eles mesmos, proprietários dos bens de capital. Nesse caso, a renda do capital é
combinada com o lucro, e é paga aos proprietários da firma.
Existe ainda outra mane~a pela qual os proprietários de urna firma podem obter
bens de capital sem pagar diretamente por eles. Em vez de alugar um bem de capital,
uma firma pode fazer empréstimo e usar o dinheiro para comprar esse bem. Nesse caso
pagará juros sobre o empréstimo, representando esse juro um pagamento pelo uso de
capitai, sendo considerado um pagamento pelos serviços de um fator de produção.
O lucro, por fim, constitui-se na remuneração do recurso capacidade empresarial,
uma vez que, como já dissemos, é o empresário quem organiza a produção, assumindo
os riscos inerentes à elaboração de bens e seIViços.
O Quadro 1 a seguir sintetiza o que foi dito até este momento:
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I:
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III
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firmas o empresário pode ter uma dupla função e ser também o gerente; em outras, tal
fato não ocorre. De qualquer maneira, a função empresarial é necessária na economia.
7.3.2 Os Recursos ProdutNos São Limitados
De maneira geral, pode-se dizer que os recursos produtivos apresentam como caracte-
rística básica o fato de serem limitildos ou escassos, ou seja, não existem em quantidade
suficiente para Produzir todos os bens desejados pela sociedade. Os recursos nahirais,
tais como recursos petrolíferos, terras adequadas para agricultura etc. não existem em
quantidades infinitas. Por essa razão, até mesmo as naçõcs mais ricas se ressentem da
limitação de seus recursos naturais. Da mesma forma, em dado período de tempo, a
quantidade de capital disponível para a produção também é limitada pelo número de
máquinas, tratores, usinas, fábricasetc.existentes. Mesmo o trabalho, que é o fator de pro-
dução mais abundante e mais importante em qualquer sistema econômico, está limitado
pelo número e pela qualidade de pessoas disponíveis para essa atividade. Isso tudo evi-
dencia, como já dissemos, o fato de que os recursos produtivos são limitados.
7.3.3 Remuneração dos Propríetáríos dos Recursos ProdutNos
Qualquer que seja a firma - agrícola, industrial ou de seIViços-, ela necessita, para ope-
rar, do concurso de reçursos produtivos. Necessita, por exemplo, de um pedaço de
terra; necessita também de bens de capital, que são bens utilizados para produzir
outros bens; além disso, muitas vezes o empresário pode ter necessidade de dinheiro
de terceirospara a compra de máquinas, matérias-primas etc.; necessita, finalmente, de
mão-de-obra ou força de trabalho para operar os bens de capital de modo a transformar
os bens intermediários em novos produtos.
O preço pago pela utilização dos serviços dos fatores de produção vai se consti-
tuir na renda dos proprietários desses fatores.
Segundo a definição de renda geralmente aceita, a renda ganha em um ano é o
pagamento pelos serviçosdefatores de produçãodurante o ano.
Isso mereçe uma explicação.
Com relação ao fator trabalho, podemos dizer que o trabalhador é o proprietário
desse recurso, e que a remuneração que ele recebe das firmas pela utilização que
estas fazem desse recurso denomina-se salário (genericamente). Na verdade, a firma
remunera o trabalhador pelo uso do seu tempo, e essa remuneração (salário) pode
ser mensal, semanal etc. A renda do trabalhador, portanto, consiste no salário que
ele recebe.
Com relação ao fator de produção terra, ele pode ser negociado de duas maneiras;
a) o proprietário pode vender o direito de uso durante um mês, um ano, ou qual-
quer outro período que se estabeleça. Nesse caso, o preço pago pelo uso tem-
porário da terra é chamado aluguel; e
b) o proprietário pode vender a terra de uma
vez, o que dá ao seu novo dono o
direito de usá.la.
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Terra
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QUADRO 1
Remuneração dos Proprietários de Recursos
-----------------) Aluguel
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16 • Princípios de Economia
7.4 Agentes Econômicos
Agentes econômicos são pessoas de nahireza física ou jurídica que, por meio de suas
ações, contribuem para o funcionamento do sistema econômico. São eles:
• as Famt1ias (ou unidades familiares);
• as Finnas (ou unidades produtivas); e
• o Governo.
As Faml1ias incluem todos os indivíduos e unidades familiares da economia e que,
no papel de consumidores, adquirem os mais diversos tipos de bens e serviços, objeti-
vando o atendimento de suas necessidades de consumo. Por outro lado, as fanúlias, na
qualidade de "proprietárias" dos recursos produtivos, fornecem às firmas os diversos
fatores de produção: Trabalho, Terra, Capital e Capacidade Empresarial.
Como pagamento elas recebem salários, aluguéis, jlUOS e lucro, e é com essa renda
que compram os bens e serviços oferecidos pelas firmas. Tanto na compra desses bens
como na venda dos serviços dos fatores de produção, as decisões da unidade emnômica
familiar são guiadas pelo propósito de maximizar a satisfação das necessidades.
Firmas são unidades encarregadas de produzir ef ou comercializar bens e serviços.
A produção é realizada por meio da combinação dos fatores produtivos adquiridos
juntos às famílias. Tanto na aquisição de recursos produtivos quanto na venda de
seus produtos, as decisões das firmas são guiadas pelo objetivo de se conseguir o
máximo lucro.
O Governo, por sua vez, inclui todas as organizações que, direta ou indiretamente,
estão sob o controle do Estado, nas suas esferas federais, estaduais e municipais. Muitas
vezes o governo intervém no sistema econômico atuando como empresário e pro-
duzindo bens e serviços através de suas firmas estatais; em outras, ele age como com-
prador - quando, além de contratar serviços, adquire materiaL,>, equipamentos etc. -,
tendo em vista a realização de suas tarefas; outras vezes, ainda, o governo intervém no
sistema econômico por meio de regulamentos e controles com a finalidade de discipli~
nar a conduta dos demais agentes econômicos.
7.5 Mercado
7.5.1 Conceito
Entende-se por mercado um local ou contexto em que comprudores (que compõem o
lado da procura) e vendedores (que compõem o lado da oferta) de bens, serviços ou
recursos estabelecem contatos e realizam trunsações.
O lado dos compradores é constituído tanto de consumidores, que são compradores
de bens e serviços, quanto de firmas, que são compradoras de recursos (trabalho, terra,
capital e capacidade empresarial) utilizados na produção de bens e serviços.
Já o lado dos vendedores é composto pelas firmas, que vendem bens e serviços aos
consumidores, e pelos proprietários de recursos (trabalho, terra, capital e capacidade
empresarial), que os vendem (ou arrendam) para as finnas em troca de remuneração
(salários, aluguéis etc.).
Capllulo I NoÇÕeSGIraiS de Economia ~ Pa<StJ'/Nogltrnj • 17
É importante notar que, para fins de análise econômica, o conceito de mercado não
implica, necessariamente, a existência de um lugar geográfico em que as transações se
realizam. Na realidade, as mercadorias são vendidas segundo os mais diferentes dis-
positivos institucionais, tais como feiras, lojas, bolsas de valores etc., podendo o termo
mercado aplicar-se a qualquer um deles. Basta, para isso, que compradores e vende-
dores de qualquer bem (ou serviço, ou recurso) interajam, resultando daí a possibili-
dade de comercializar esse bem. .
Devemos observar que os mercados estão no centro da atividade econômica. Essa
é a razão pela qual muitos temas importantes em economia estão relacionados com a
maneira de funcionar desses mercados.
7.5.2 Estruturas de Mercado de Bens Finais e Serviços
Os mercados, tal como os entendemos, estão estruturados de maneira diferenciada em
função de dois fatores principais: o número de firmas produtoras atuando no mercado e
a homogeneidade (igualdade) ou diferenciação dos produtos de cada firma.
Com base nesses aspectos, podemos classificar as estruturas de mercado da
seguinte forma:
• Concorrência Perfeita: é um tipo de mercado em que há um grande número
de compradores e vendedores (firmas) e cada um tão pequeno que nenhum
deles, agindo individualmente, consegue afetar o preço da mercadoria. Além
disso, os produtos de todas as firmas que compõem o mercado devem ser
homogêneos. Vários mercados de produtos agrícolas chegam perto de ser inte-
gralmente competitivos.
• Monopólio: é uma situação de mercado em que uma única finna vende um pro-
duto que não tenha substitutos próximos. É uma situação totalmente oposta à
da concorrência perfeita, uma vez que do lado da oferta não há concorrência e
nem produto concorrente. Nessas condições, ou os consumidores aceitam as
condições estipuladas pelo monopolista, ou então abandonam o mercado,
deixando de consumir o produto. Essa situação é encontrada, por exemplo, em
indústrias nas quais o único produtor tenha patente ou controle sobre uma fonte
de recursos essencial para a elaboração do produto.
• Concorrência Monopolista: é uma situação de mercado na qual existem muitas
firmas vendendo produtos diferenciados, mas que são substitutos próximos
entre si. É uma estrutura de mercado intermediária entre a concorrência perfeita
e o monopólio. A diferenciação pode ser de qualidade, forma, desenho, apre-
sentação, embalagem etc. Isso faz que os produtores sejam praticamente os únicos
a produzir tal bem, o que lhes confere, ainda que temporariamente, um certo
poder monopolístico. Como exemplos podemos citar produtos, tais como creme
dental, detergente etc.
• Oligopólio: é uma situação de mercado em que um pequeno número de firmas
domina o mercado, controlando a oferta de um produto. Esse produto pode ser
homogêneo ou diferenciado. Um exemplo de oligopólio diferenciado é a indús-
tria automobilística.
Capllulo I Noçile5 Gerais de Economia - PIWQS/Nogomi • 19
7.6.2 Preços Relativos
7.6 Preços
7.6.1 Preços Absolutos (Mone/ários)
.Entende-se por preços absolutos aqueles relacionados a alguma unidade monetária;
são preços tomados isoladamente, sem comparações com outros. Os preços absolutos são
totalmente irrelevantes para a tomada de decisão até que, inconscientemente, nós os
convertamos em preços relativos.
P,
P,PRA ==
No caso de existirem apenas dois compradores para um fator de prOdução teremos
uma situação de mercado denominada duops8nio.
Podemos ainda dizer que a estrutura oligopsonista está para o mercado de fatores
de produção assim como o oligopólio está para o mercado de bens e serviços.
Entende-se porpreço relativo o preço de um bem em relação aos preços dos outros bem. Esse
é o preço relevante em economia.
Para entender o significado do preço relativo, tomemos como exemplo dois bens,
o bem A e o bem B. O preço relativo do bem A nos diz de quantas unidades do bem B
devemos desistir para obter mais uma unidade do bem A. Para obtermos o preço de A
em relação ao preço de B, dividimos o preço de A pelo preço de B que é o bem de
que se desiste:
e) Concorrência Monopsonística
Trata-se de urna estrutura mercadológica caracterizada pela existência de grande número
de compradores. Nela os fatores de produção são diferenciados, isto é, possuem substi-
tutos próximos, mas não perfeitos.
Em virtude da diferenciação dos fatores de produção, habitua~ente encontra-se a
preferência do comprador direcionada para a oferta de determinado vendedor de um
recurso produtivo, em detrimento de outros vendedores. Entretanto, os compradores
não possuem poder algum sobre os preços dos recursos produtivos.
Podemos dizer, portanto, que a estrutura da concorrência monopsorústica está
para o mercado de fatores de produção
assim como a concorrência monopolista está para
o mercado de bens e serviços.
a) Concorrênóa Perfeita
Algumas das condições de existência de um mercado de concorrência perfeita para os
fatores de produção são:
• existência de grande número de compradores e vendedores do fator de
produção;
• os fatores de produção são homogêneos (idênticos) tanto do ponto de vista dos
vendedores quanto dos compradores;
• existe total transparência de mercado.
18 • PrillCipiosdeEconomie
No mercado de fatores de produção, os indivíduos constituem-se nos vendedores (e/ou
prestadores de serviço) dos recursos produtivos, ao passo que as firmas são os com-
pradores destes. Tais fatores de produção terão um preço determinado pelos mercados
(salários, aluguéis, juros e lucros, conforme o caso), havendo então um pagamento
por parte das finnas aos indivíduos quando das aquisições (e/ou contratações) desses
recursos.
Os fatores de produção serão, então, objeto de transações em estruturas merca-
dológicas que se diferenciam segundo a quantidade de agentes vendedores e com-
pradores, e de acordo com a homogeneidade ou não do fator de produção.
Temos, então, as seguintes estruturas mercadológicas:
7.5.3 Estruturas de Mercado de Fatores de Produção
b) Monopsônio
É o regime ou estrutura de mercado em que um único comprador concentra em suas
mãos a totalidade de compra dos fatores de produção, não obstante ele se defronte com
grande número de vendedores ou ofertantes de tais fatores. Nesse caso, os preços não
são determinados pelos vendedores, mas pelo único comprador.
É comum dizer-se que o monopsônio freqüentemente deriva de um monopólio
instalado. De fato, um monopólio na venda de um produto pode determinar o
monopsônio na compra dos fatores de produção do referido produto. Uma situação
típica de monopsonista é a de um produtor de automóveis que depende de um deter-
minado número de fornecedores de algumas peças que não são utilizadas por outros
fabricantes. Por essa razão, os pequenos fabricantes produzem peças apenas para essa
marca de automóveis. C? produtor de automóveis é, então, um monopsonista.
c) Monopólio Bilateral
É possível a existência de uma situação de mercado em que exista um único comprador
de umdetenninado fator de produção, e que este se defronte com um único vendedor desse
recurso produtivo. Esse caso denomina-se monopólio bilateral, quando então teríamos
um monopolista diante de um monopsonista.
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d) Oligopsônio
Ocorre o oligopsônio quando três ou mais compradores concentram em suas mãos a
compra de fatores de produção. Nesse caso, eles têm condições de influenciar os preços
dos recursos produtivos. Tais recursos poderão ser homogêneos ou diferenciados, con-
forme apresentem ou não substitutos perfeitos.
Onde:
PRA
P,
P,
== Preço relativo do bem Ai
== Preço do bem A; e
== Preço do bem B.
------------------,j
20 • Prlnclpjos de Economia
Cap~ulo I NoçOes Gerais ~a EcooWlia - Possos/Noga",i • 21
a) Preço relativo do microcomputador:
Fazendo as devidas substituições, teremos:
Para exemplificar ainda mais, suponhamos que o preço de um microcomputador
seja de $ 3.(!(x),oo, e que o preço de um equipamento de som seja de $ l.(!(X),OO. Pergunta-se:
a) qual é o preço relativo do microcomputador em relação ao do aparelho de som? e b) qual
é o preço relativo do aparelho de som em termos de microcomputador?
'" Preço relativo do microcomputador;
'" Preço do microcomputador; e
'" Preço do aparelho de som.
Assim, o preço relativo de um aparelho de som é de 1/3 do valor de um micro-
computador.
Verificamos, portanto, que a decisão racional leva em consideração os preços rela-
tivos. Assim, se um sorvete custa $ 1, um CD custa $ 15 e um aparelho de som custa
$ 540, então um CD custa 15 sorvetes e o aparelho de som custa 540 sorvetes ou 36 CDs
(15/1",15,540/1 '" 540 e 540/15 '" 36).
Veremos adiante que, quando os economistas dizem que a oferta e a demanda
reagem às alterações de preço, estão falando sobre as alterações de preços relativos.
Exemplificando: se o preço da Coca-Cola~ aumentar em 20%, e o preço da Pepsi-
Cola@também aumentar em 20%, não deverá acontecer nada oom a demanda (procura)
desses dois bens. Entretanto, se o preço da Pepsi-Colal!laumentar em 200/0, e o preço da
Coca-Cola~ permanecer o mesmo, devemos esperar queda na procura por Pepsi-Cola@
e aumento na procura por Coca-Colal!l.Apesar de a Coca-Colaill não ter apresentado
nenhuma mudança em seu preço absoluto, seu preço relativo diminuiu, quando com-
parado com o preço da Pepsi-Colal!l.
Exemplificando um pouco mais a questão dos preços relativos, °que aconteceria
se todos os preços aumentassem em 50% (incluindo salários e outros tipos de renda)?
Nesse caso os preços permaneceriam constantes, e nem a oferta nem a demanda sofre-
riam alteração.
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PAS
PR.•••.I '"
Onde:
PRM
PM
PAS
I
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I,
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~ I
I,
De acordo com esse resultado, devemos desistir de 3 aparelhos de som se quiser-
mos obter um microcomputador. Em outras palavras, o preço relativo de um micro-
computador é de 3 aparelhos de som.
Onde:
PRS '" Preço relativo do aparelho de somj
P AS '" Preço do aparelho de som; e
PM '" Preço do microcomputador.
Fazendo as devidas substituições, teremos:
b) Preço relativo do aparelho de som:
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I
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PRM'"
PRS '"
3.000
1.000
PAS
PM
"3 1.6.3 Preço de Mercado
Ao nos referirmos a mercados, estamos falando, como já dissemos, da possibilidade de
ocorrerem transações entre compradores e vendedores, ou seja, da possibilidade de mer-
cadorias serem comercializadas a determinados preços.
Se o mercado for competitivo, possivelmente um único preço vai prevalecer nesse
mercado, e será chamado preço de mercado. Caso os mercados não sejam competitivos,
poderá ocorrer de encontrarmos preços diferentes para o mesmo produto. Por exemplo,
dois supermercados, localizados próximos um do outro, podem estar vendendo a mesma
marca de sabão em pó a preços diferentes. Outro caso que pode ocorrer é uma em-
presa cobrar preços mais baixos para tentar conquistar clientes da concorrência. Assim,
duas marcas de sabão em pó podem ser vendidas no mesmo supermercado a preços dife-
rentes. Nesses casos, o preço de mercado será dado pela média do preço entre as marcas
ou supermercados.
O preço de mercado da maioria das mercadorias poderá sofrer alterações ao longo do
tempo. Tais alterações, entretanto, poderão ser rápidas, particularmente quando se trata
de mercadorias vendidas em mercados competitivos. Como exemplo, podemos citar os
preços de commodities, tais como o café, o açúcar, a soja, o trigo, cujos preços podem va-
riar (subir ou descer) de maneira significativa ao longo de um dia, de um dia para outro
ou de uma semana para outra.
7.7 Fluxos e Estoques
PRS '"
1.000
3.000 '" 1/3
Geralmente, em Economia, tratamos de coisas que podem ser mensuradas. Podemos, a
titulo de exemplo, mensurar o preço de um produto, o volume de mercadorias pro-
duzido por uma fábrica ou o número de pessoas empregadas em um país.
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Apêndice
Trabalhando com Gráficos e
Outras Ferramentas
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2 RELAÇAO ENTRE OUAS,VARIAVEIS1
2.1 Relação Oireta entre Ouas Variáveis
."
OUADRO A-1
Dados a respeito da renda e do consumo
Vamos, agora, procurar representar esses valores em um sistema de eixos car-
tesianos. No eixo horizontal (eixo X) iremos colocar os dados de renda. Os dados de
consumo, por sua vez, serão representados
no eixo Vertical (eixo Y). A Figura A-I
mostra como fica a representação gráfica desses valores.
A maioria dos gráficos apresentados neste livro representa relações entre duas variá-
veis. Imaginemos, por exemplo, que estejamos analisando as variáveis consumo e renda.
O que desejamos saber é o que acontece com o consumo quando a renda das pessoas
aumenta. Os dados mostrando a evolução do consumo c da renda são apresentados, a
seguir, no Quadro A-1.
Os economistas estão habituados a trabalhar com tabelas e gráficos para expressar as
relações entre variáveis existentes nas teorias por eles desenvolvidas. O que se pretende
neste Apêndice é apresentar ao leitor técnicas de construção de diagramas úteis na
análise econômica.
1 INTROOUÇÃO
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22 • Printlpios da Economia
Definiremos, então, como variável qualquer mensuração capaz de variar. Assim o
preço de um produto será considerado variável se puder aumentar ou diminuir, ou seja,
caso não seja tabelado; da mesma forma, a produção de uma fábrica será considerada
variável se puder expandir-se ou contrair-se; ou ainda o nível de emprego será con-
siderado uma variável caso o número de pessoas empregadas possa sofrer uma ele-
vação ou um decréscimo. Devemos observar também que o fato de essas magnitudes
serem variáveis não implica que deverão mudar, mas apenas que podem mudar.
Faremos, agora, a distinção entre variáveis fluxo e variáveis estoque.
As variáveis fluxo são medidas dentro de intervalos de tempo. As variáveis
estoque, por sua vez, são medidas em pontos (ou momentos, ou instantes especificas)
do tempo.
Para o entendimento adequado desses conceitos, vamos considerar alguns exem-
plos. Experimentemos, então, perguntar a um indivíduo quanto ete gasta em bens e
serviços, ou quanto ele ganha. A resposta terá de vir acompanhada de uma dimensão
temporal, senão carecerá de sentido. Assim, se a pergunta for feita com relação ao mês,
o indivíduo poderá responder que gasta $ 400 em bens e serviços por mês, ou que ganha
$ 600 por mês. Esses valores foram medidos em um período de tempo (um mês), sendo,
portanto, variáveis fluxo.
Experimentemos agora perguntar a esse mesmo indivíduo qual a sua riqueza em
determinada data, por exemplo, em 31/12/2000. A resposta poderá ser a seguinte: $ 200
em dinheiro, $ 300 em títulos e $ 400 em ativos físicos, perfazendo um total de $ 900.
Todos esses ativos foram medidos em um ponto no tempo, sendo, portanto, variáveis
estoque.
Objetivando o entendimento adequado desses conceitos, vamos exemplificar ainda
mais. Imaginemos, então, um indivíduo que mantenha um certo número de cervejas na
geladeira. A quantidade de cervejas existente na geladeira é uma variável estoque.
Devemos observar que o estoque pode variar de um dia para outro, ou de uma semana
para outra, mas a qualquer momento o indivíduo poderá abrir a geladeira e contar
quantas garrafas tem, se duas, seis, oito ou qualquer outro número. Por outro lado, se
perguntarmos quantas cervejas ele bebe, sua resposta, para ter sentido, deverá vir
acrescida de uma dimensão temporal. Assim, ele poderá responder que bebe duas, seis ou
oito cervejas no intervalo de uma semana (ou por semana). Logo, a quantidade de
cervejas que o indivíduo do nosso exemplo bebe semanalmente é uma variável fluxo.
7.8 Renda e Riqueza
É importante, agora, que façamos a distinção entre renda e riqueza. Renda é aquilo
que você ganha em um determinado período de tempo - $ 2.000 por mês ou $ 24.000
por ano. A riqueza, por sua vez, é constituída peio valor total das coisas que você
possui (dinheiro em mãos, dinheiro em contas bancárias, açôes, conjunto de bens que
constituem seu patrimônio - propriedades, obras de arte etc.) menos tudo o que você
deve (hipotecas de residências, débitos em cartões de crédito, empréstimos pessoais
e assim por diante).
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Corno vimos anteriormente, a sociedade não dispõe de recursos produtivos em quan-tidade suficiente para produzir tudo o que a população deseja.
Assim é que toda soàedade, qualquer que seja sua organização política, se defronta
com três questões econômicas básicas decorrentes do problema de escassez;
a) O qu.e e quanto produzir?
Já que não se pode produzir a quantidade desejada pela sociedade dos mais diversos tipos
de bens e serviços, a sociedade deve escolher entre as várias alternativas, quais bens e
serviços serão produzidos e em que quantidade. Devemos produzir mais automóveis do
que roupas? Mais roupas e menos alimentos? Quanto de roupas e quanto de alimentos?
b) Como produzir?
Em segundo lugar, a sociedade tem de decidir a maneira pela qual o conjunto de bens
escolhido será produzido. Normalmente os bens podem ser obtidos mediante difer-
entes combinações de recursos e técnicas. Nesse sentido, deve-se optar pela técnica que
resulte no menor custo por unidade de produto a ser obtido.
d Para quem produzir?
Uma vez decidido que bens produzir e como produzi-los, a sociedade tem de tomar uma
terceira decisão fundamental: quem vai receber esses bens e serviços? Sabemos que
a produção total de bens e serviços deverá ser distribuída entre os diferentes indiví-
duos que compôem a sociedade. De que maneira essa distribuição ocorrerá? Será que." -
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48 • Prlncipios de Economia-
Capfiulo II Questoos EconOmitas Fundamentais Decorrentes do Problema da Escassez.,. - Passos/Nogomi • 49
QUADRO 1
Possibilidades de produção em uma fazenda
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B 1000 7.500
C 2.000 6.500
O 3.000 5,000
E 4.000 3,000
5,000 O
Suponhamos, então, que o fazendeiro decida utilizar toda a sua propriedadl;' (e
demais recursos) no cultivo de milho. Nesse caso será possível produzir no máximo
8.000 quilos de milho (alternativa A) e nenhuma quantidade de soja.
No outro extremo, imaginemos que todos os recursos (terra, trabalhadores etc.)
sejam investidos na produção de soja. Nesse caso, o volume máximo a ser produzido
seria de 5.000 quilos, enquanto a produção de milho será zero (alternativa F).
O Quadro I nos fornece uma escala numérica, com algumas possibilidades inter-
mediárias (B, C, D, E), que refletem a disposição do produtor de optar pela produção
conjunta de ambos os bens.
Devemos observar que na hipótese de plena utilização da terra (e demais recursos),
aumentos na produção de soja ocorrerão somente mediantl;' utilização das áreas desti-
nadas à cultura do milho. Logo, reduz-se a produção de milho em benefício da lavoura
de soja.
Vamos, a seguir, representar graficamente a escala de possibilidades de produção
entre milho e soja (Figura 1). Para tanto, utilizaremos um sistema de eixos cartesianos.
O eixo das ordenadas (vertical) representará a quantidade de milho que a fazenda pode
produzir. No eixo das abscissas (horizontal) representaremos a quantidade de soja que
pode ser obtida.
O ponto A indica uma situação em que toda a terra está sendo utilizada na pro-
dução de milho. Nesse caso, a produção de soja é zero. O ponto F indica o outro
extremo, ou seja. quando toda a terra é usada exclusivamente para plantar soja; logo, a
produção de milho é nula. Os pontos B, C, D e E indicam possíveis combinações inter-
mediárias ao alcance do produtor na hipótese de a terra (e demais recursos) estar sendo
plenamente utilizada.
Podemos, agora, unir os pontos de A até F.A linha resultante denomina-se Curva
de Possibilidades de Produção (ou Fronteira de Possibilidades de Produção) e nos mostra
todas as combinações possíveis entre milho e soja que podem ~er estabelecidas, quan-
do todos os recursos disponíveis estão sendo utilizados (significando estar havendo
pleno emprego de recursos). A Figura 2 nos fornece a representação gráfica desse
nosso exemplo.
2.2 Uma Fazenda e sua Fronteira de Possibilidades de Produção
A análise das ilimitadas necessidades humanas e da escassez de recursos empreendida
até aqui conduz à conclusão de que a Economia é uma Ciência ligada a problemas de
escolha. Esse fato pode ser exemplificado através da utilização de gráficos e de exemplos
aritméticos. Para fins de simplificação, discutiremos o dilema da opção e suas possíveis
soluções aplicados a um empreendimento agrícola. Posteriormente, a questão da escolha
será abordada no âmbito de uma economia.
Três hipóteses básicas são necessárias para que possamos desenvolver o modelo da
"Curva de Possibilidades de Produção":
• Existência de uma qum1tidade fixa de recursos. A quantidade e a qualidade dos recur-
sos produtivos pl;'rmanece inalterada (constante) durante o período da análise.
• Existência de plmo emprego dos recursos. A economia opera com todos os fatores
de produção plenamente empregados e produzindo o maior nível de produto
possível.
• A tecnologia permanece constante.
Consideremos inicialmente uma fazenda com uma determinada extensão de terra,
um conjunto de instalações, máquinas e equipamentos e um nÚInero fixo de trabalhadores.
Consideremos ainda que o proprietário dessa fazenda possua qualificações técnicas que
lhe permitam se dedicar a qualquer tipo de atividade agrícola. Ao decidir o que e como
produzir, o fazendeiro estará decidindo a maneira pela qual os seus recursos produtivos
serão distribuídos entre as várías combinações de bens possíveis. Quan.ía terra será desti-
nada à pastagem? E à produção de soja? Será conveniente utilizar parte da área destinada í:
à lavoura de soja e parte para o plantio de milho? Por que não introduzir também a cul- .
tura de arroz? De que modo os empregados serão utilizados nas várias atividades?
Como a análise simultânea de tais problemas é bastantl;' complicada, vamos, para
simplificar, supor que essa fazenda s6 produza dois tipos de bens: milho e soja.
Se o fazendeiro utilizar toda a terra para cultivar milho, não haverá área disponí-
vel para o plantio de soja. Por outro lado, se ele quiser se dedicar somente à cultura de 1
soja, utilizando-se de toda a sua propriedade para este fim, não poderá plantar milho.
Estamos diante de duas opções extremas. Existirão, é claro, soluções alternativas inter-
mediárias, com a utilização de parte das terras para o plantio de soja, ficando a fração
restante para a cultura de milho. As várias possibilidades de produção podem ser
ilustradas através de um exemplo numérico. Tomemos, então, o Quadro 1:
2.1 Introdução
2
todas as pessoas receberão a mesma quantidade de bens e serviços? Ou será que a distri-
buição de bens e serviços será feita segundo a contribuição de cada um à produção? Ou
a cada um segundo a sua necessidade?
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50 • f'fintfpios de Economia
Capllulo 11 Questões Econõmicas fundamenlais !lecom3ntes do Probiema d~ Escassez... - P""so.s/Nog.mi • 51
FIGURA 1
Possibilidades de produção de uma fazenda
FIGURA 2
Curva de possibilidades de produção de uma fazenda
2,000
No nosso exemplo, a fazenda estará funcionando de maneira eficiente sempre que, ao
aumentarmos a produção de um bem, tivermos de reduzir a produção de outro bem.
Assim, teremos eficiência produtiva somente se estivermos situados sobre a fron-
teira (ao longo da linha AF), na qual aumentos na produção de soja deverão vir, neces-
sariamente, acompanhados de diminuições na produção de milho.
Imaginemos, então, que a fazenda esteja operando no ponto D. Nesse ponto são
produzidos 5.000 quilos de milho e 3.000 quilos de soja. Se o fazendeiro optar por um
aumento na produção de soja, a fazenda poderá passar a operar, por exemplo, no ponto
E, no qual serão produzidos 4.000 quilos de soja. Entretanto, esse aumento de produção
(de 3.000 para 4.000 quilos) s6 será possível se parte dos recursos (como, por exemplo,
parte das terras), anteriormente destinada à produção de milho. for desviada para
a produção de soja. Conseqüentemente haverá uma diminuição na produção de milho,
de 5.000 para 3.000 quilos.
2.2.2 Custo de Oportunidade
Acabamos de verificar que, se a fazenda estiver usando eficientemente seus recLUSOS(o
que indica uma situação de pleno emprego), um aumento na produção de soja somente
ocorrerá mediante diminuição na produção de milho. Assim, o custo de um produto
poderá ser expresso em termos da quantidade sacrificada do outro.
Custo de Oportunidade é expressão utilizada para exprimir os custos no que se refere às
alternativas sacrificadas. Ainda de acordo com o nosso exemplo, se estivermos no ponto C
da curva (6.500 quilos de milho e 2.000 quilos de soja) e quisermos passar para o
ponto D, aumentando a produção de soja para 3.(0) quilos, esse aumento SÓserá conse-
guido mediante o sacrifício de 1.500quilos de milho. O Custo de Oportunidade desses 1.000
quilos adicionais de soja será dado pelos 1.500 quilos de milho a serem sacrificados.
Seguindo essa linha de raciocínio, o Custo de Oportunidade de se aumentar a pro-
dução de soja de 3.000para 4.000 quilos (passagem do ponto D para o ponto E da curva
de possibilidades de produção) será de 2.000 quilos de milho.
Sintetizando, para que tenhamos a ocorrência de Custo de Oportunidade é preciso
não s6 que os recursos sejam limitados, mas que estejam sendo plenamente utilizados.
Qualquer que seja o movimento ao longo da curva de possibilidades de produção,
fica claro que haverá uma "troca" entre soja e milho. Essa "troca" é conhecida em eco-
nomia como Custo de Oportunidade. O Custo de Oportunidade é definido corno o valor da
próxima melhor alternativa que deve ser sacrificada quando uma escolha é feita.
Cabe-nos, aqui, fazer uma análise um pouco mais aprofundada a respeito desse
importante conceito na teoria econômica.
Aprendemos desde muito cedo que as pessoas têm de fazer escolhas porque
existe a escassez. Devido às nossas ilimitadas necessidades em face dos limitados re-
cursos existentes, algumas dessas necessidades não serão satisfeitas. Devemos, então,
fazer escolhas. O maior valor da oportunidade ou alternativa não escolhida vem a ser
o que chamamos custo de oportunidade. Toda vez que fazemos uma escolha, in-
corremos em um custo de oportunidade. Você pode, por exemplo, fazer uma escolha:
jogar futebol. Ao fazer essa escolha, você negou a si mesmo os benefícios que obteria
2.2.1 Eficiência Produtiva
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Questões Econõmicas Fundamentais Decorrentes do Probl~ma da Escassez.,. - Passos/Nogami • 53Capitulo 11
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4 , 200
Por outro lado, poderíamos direcionar todos os recursos para a produção de ali-
mentos obtendo, assim, 4 milhões de toneladas. Nesse caso, a produção de minério seria
zero, uma vez que não existiriam recursos disponíveis para esse fim. Essa seria a alter-
nativa E do nosso quadro. É evidente que
se pode produzir, também, combinações dos
dois bens. Dessa forma, poderíamos alocar parte dos recursos para a produção de ali-
mentos e parte para a produção de minérios, obtendo, entre uma infinidade de possi-
bilidades, as combinações B, C e D.
. Podemos agora representar esses dados em um gráfico (Figura 3). O eixo vertical
será utilizado para representar a produção de minério, enquanto o eixo horizontal re-
presentará a produção de alimentos.
QUADRO 2
As possibilidades de produção de uma lJ(;onomia
Consideremos então uma sociedade que produza apenas dois tipos de bens: ali-
mentos, provenientes da agricultura, e minério de ferro
Suponhamos que essa sociedade disponha de uma quantidade fixa de fatores pro-
dutivos: um número fixo de indivíduos, uma determinada quantidade (fixa) de fábricas
e instrumentos de produção e uma quantidade também fixa de recursos naturais (terra,
minérios etc.). Consideremos, também, a existência de um determinado grau de conhe-
cimento técnico, e que ele vai permanecer constante, ou seja, não sofrerá mudanças no
decorrer de nossa análise. Além disso, devemos supor que a mão-de-obra, assim como
os outros fatores de produção, pode ser empregada na produção de alimentos ou
minérios, ou em diferentes combinações de ambos
O Quadro 2 contém um exemplo hipotético das possibilidades de produção dessa
economia
Se empregássemos todos os recursos disponíveis na produção de minério,
obteríamos, no máximo, 50llooo toneladas desse bem. Se todos os recursos estivessem
sendo utilizados na produção de minério, não poderia haver produção de alimentos e,
portanto, ela seria igual a zero (alternativa A).
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Traballiamos até agora com um cenário no qual uma fazenda, com certa dotação fato-
rial e certo nível tecnológico e que produzisse apenas dois bens, teria uma determinada
curva de possibilidades de produção. Vunos também as opções de produção existentes à
disposiçãO do fazendeiro e várias situaçõcs decorrentes da .utilização de seus recursos
produtivos. Veremos agora que o dilema da escolha no âmbito do Sistema EconômicO
é, em essência, semelhante ao do proprietário da fazenda.
Sabemos, de antemão, que um sistema econômico é capaz de produzir milhares de .,
produtos, desde que conte com adequada dotação fatorial. Sabemos também que se a t
Economia deve decidir como os escassos recursOSserão distribuídos entre as inúmeras
possibilidades de produção de bens e serviços, o dilema da escolha toma-se bastante
complexo. É por essa razão que proporemos uma hipótese simplificadora: a de que a
economia a ser estudada produza apenas dois bens econômicos. O raciocínio a ser ela-
borado a partir de agora será semelhante àquele desenvolvido no caso da fazenda.
2.3 A Curva de Possibilidades de Produção de uma Sociedade
pode acontecer, muitas vezes, que a fazenda esteja produzindo abaixo de suas possibili-
dades. Isso pode ocorrer porque os recursos produtivos estão ociosos (terras inativas,
trabalhadores desocupados).Essa situação é representada pelo ponto G no interior da curva de possibilidades
de produção (Figura 2). Nesta hipótese, a produção de milho ou a de soja ou ambas
podem ser aumentadas até alcançar a curva, simplesmente utilizando o serviço dos
fatores ociosos. Fazendo assim poderemos, por exemplo, passar ou do ponto G para o
ponto C (com a mesma produção de soja e uma quantidade maior de millio), ou do ponto
G para o ponto E (com a mesma quantidilde de millio e uma produção maior de soja)
ou então do ponto G para o ponto D, quando então teremos uma produção maior de
ambos os bens.Em contraposição, pontos situados além da curva, tais corno o ponto H, são inatin-
giveis, uma vez que envolvem uma combinação de milho e soja que a fazenda, em virtude
dos recursos e tecnologia disponíveis, não pode produzir. Conclui-se, portanto, que pontos
situados além da fronteira só poderão ser alcançados mediante aumento na disponibilidade
de fatores de produção (a incorporação de novas terras, por exemplo) e/ou mediante
evolução tecnológica (a introdução de sementes melhoradas, por exemplo) que permita
aumento nas possibilidades de produção com os mesmos recursos produtivos.
2.2.3 Desemprego
ao fazer qualquer outra atividade. Certamente, você estará deixando de lado uma série
de outras coisas que também gostariil de fazer: ler um livro, ir ao cinema, assistir a uma
novela na televisão etc. Qualquer coisa que você escolha fazer ao decidir não jogar fute-
bol é o seu custo de oportunidade de jogar futebol. Exemplificando: se você optar por
ir ao cinema em vez de jogar futebol - supõe-se que ao não jogar futebol você optou
por aquilo que considera a próxima melhor alternativa, uma vez que age racionalmente,
e não iria escolher uma altemativa pior -, então o custo de oportunidade de jogar fute-
bol é ir ao cinema.
52 • Principios de Economia
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o fenômeno dos custos crescentes verifica~sequando, para obter as mesmas quanti-
dades adicionais de um bem, a sociedade deve sacrificar quantidades cada vez maiores de
outro bem.
De acordo com o nosso exemplo, a produção do primeiro milhão de toneladas de
alimentos "custa" 50.000toneladas de minério, que é a quantidade desse bem que terá
de ser sacrificada (com a economia pas~ando do ponto A para O ponto B da curva de
possibilidades de produção).
Se, por acaso, a sociedade optar por um milhão de toneladas de alimentos a mais
(passando do ponto Bpara o ponto C e totalizando 2milhões de toneladas de alimentos),
esse segundo milhão de toneladas "custará" 100.000 toneladas de minério, que é a
quantidade de minério que deixará de ser produzida.
O custo de alimentos em termos de minério é cada vez maior, lato este que deter-
mina o formato da curva de possibilidades de produção: côncava em relação à origem.
Isso ocorre porque os recursos utilimdos em uma atividade podem não ter a mesma eficímcia
quando transferidos para outra atividade.
Vejamos,então, como isso acontece.
Normalmente, é de se esperar que as terras adequadas à produção de alimentos
sejam pobres em minério de ferro, e que as terras que contenham grandes quantidades
de minério sejam inadequadas ao plantio.
Se fizermos a suposição de que toda a terra esteja sendo utilizada na extração de
minério, a economia estará produzindo uma grande quantidade desse produto (500.000
toneladas) e nada de alimentos. Entretanto, se parte das terras férteis for liberada para
o plantio de produtos destinados à alimentação, haverá uma pequena redução na pro~
dução de minério (uma vez que os solos férteis são também pobres emminério de ferro)
e uma grande expansão na produção de alimentos.
Essa escolha é representada por um movimento de A até B na curva de possibi-
lidades de produção e indica diminuição de 50.000toneladas de minério e aumento de
1milhão de toneladas na produção de alimentos.
Se desejarmos continuar aumentando a produção de alimentos, disporemos cada
vez menos de terras férteis, e seremos obrigados a utilizar cada vez mais terras inade-
quadas para a agricultura, mas ricas em minério de ferro.
Desse modo, para conseguir o mesmo aumento na produção de alimentos, tere-
mos de renunciar a quantidades cada vez maiores de minério de ferro. Assim, para
aumentar a produção de alimentos em mais um milhão de toneladas (passando do ponto
B para °ponto C da curva), teremos de renunciar a 100.000 toneladas de minério de
ferro. Verificamos então que o custo de oportunidade de alimentos aumenta cada vez
mais, o que reflete as características especializadas dos recurs~s produtivos.
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Capitulo 11 Questões EC()Ililmicas fundamentais Decorrenles ~o Problema ~a EOCiIssel... - P.'''''INag"m; • 55
Se, por exemplo, a economia estiver operando no ponto C, com uma produção de
350.000toneladas de minério e dois milhões
de toneladas de alimentos, e a sociedade
decidir passar para °ponto D, qual será o custo de oportunidade do alimento? O
custo de oportunidade será dado pelas 150.000toneladas de minério que a economia
deixará de produzir para que se produza um milhão de toneladas a mais de alimentos.
2.3.2 Custos de Oportunidade Crescentes
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2.3.1 Novamente o Custo de Oportunidade
Na situação de pleno emprego, para se produzir mais alimentos, devemos desistir de
uma determinada quantidade de minério, a fim de liberar recursos utilizados na pnr
dução de minério para a produção de alimentos. Estamos novamente às voltas com o
conceito de custo de oportunidade. Nesse caso, °custo de quantidades adicionais de ali~
mentos pode ser expresso em termos da quantidade sacrificada de minério.
FIGURA 3
Curva de possibilidades de produç:to de uma economia
A linha que mostra todas as combinações possíveis dos bens que a economia está
apta a produzir _ a partir de um determinado nível de conhecimento tecnológico e pres-
supondo-se a plena utilização dos limitados recursos produtivos - passa pelos pontos
A, 8, C, D e E.Como é de nosso conhecimento, ela se denomina Curva de Possibilidades de Produção
e n05 mostra as combinações máximas entre dois bens que a sociedade está apta a
produzir.Do mesmo modo que no exemplo da fazenda, produzir em um ponto dentro da
curva de possibilidades de produção, tal como F, significará que os recursos não estão
sendo plenamente empregados. Pontos situados fora da curva, tais como o ponto G,
representam combinações de bens impossíveis de se obter com a atual disponibilidade
de recursos e grau de conhecimento tecnológico. Pontos situados na CUIVade possi~
bilidades de produção indicam uma situação de pleno emprego.
54 • Princlpios de Economia
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Capitulo 11 Queslões Econômicas Fundamentais Qecorrenles do Problema da Escassfl< ... - Posws/NaW'trli • 57
Alimentos
Como sabemos, o sistema econômico produz bens de consumo objetivando atender as
necessidades diretas da população; produz também bens de produção (ou bens de capi-
tal) destinados à produção de outros bens.
Ocorre, no entanto, que as instalações, máquinas e demais bens de produção sofrem
desgaste à medida que vão sendo utilizados. Assim, para que o sistema pelo menos
mantenha sua capacidade produtiva, faz-se necessária a produção de outros bens de
produção, a fim de repor aqueles que se desgastaram ao longo do processo produtivo.
2.4.2 Mudanças na Curva de Possibilidades de Produção: O Crescimento e o
Dilema da Escolha entre Bens de Consumo e Bens de Capital
FIGURA 5
Oestocamento da curva de possibilidades de produção
favorecendo a produção de alimentos
Da mesma forma, progressos tecnológicos, tais como a descoberta de um fertilizante
que aumente a produtividade na agricultura ou o aperfeiçoamento no processo de
extração de minério, poderão causar aumento nas possibilidades de produção de ambos
os bens e um deslocamento para a direita da curva de possibilidades de produção,
mesmo que a quantidilde de fatores tenha permanecido inalterada. Se os fatores que causam
deslocamentos da curva de possibilidades de produção forem mais favoráveis na
direção de um bem do que na do outro, maior será o deslocamento da curva em favor
desse bem. A Figura 5 mostra wn caso em que o progresso tecnológico foi mais favorá-
vel à produção de alimentos do que de minérios.
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FIGURA 4
Oeslocamenfo da curva de possibilidades de produção
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2.4.1 Mudanças na Curva de Possibilidades de Produção: O Crescimento
Observando o exemplo anterior, verificamos que os pontos situados à direita da fron-
teira de possibilidades de produção (tais como o ponto G,por exemplo) eram inatingíveis,
dada a tecnologia existente e a limitação de recursos produtivos.
Ocorre, entretanto, que a capacidade de produzir bens e serviços pode aumentar
com o passar do tempo, devido a aumentos na dotação de recursos produtivos da
economia. Assim, aumentos na força de trabalho, expansão do número de fábricas e
instrumentos de produção etc. determinarão um aumento nas possibilidades de pro-
dução da economia, por meio de uma tecnologia em constante evolução. Isso implicará
um deslocamento para a direita da curva de possibilidades de produção.
Podemos observar na Figura 4 a curva cheia, mostrando as possibilidades de pro-
dução referentes ao ano de 2000, quando o ponto F era inatingível. Depois do cresci-
mento, não só o ponto F pôde ser alcançado, como também uma série de combinações
pôde ser estabelecida (curva pontilhada, referente ao ano 2010).
2.4 Curva de Possibilidades de Produção: Algumas Aplicações
Veremos, a seguir, como uma simples curva de possibilidades de produção pode nos
ajudar na comprecns.'io de muitos conceitos básicos de economia.
56 • PMncipios de Economia
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sa • Princípios de Economia
Além dL"50,é conveniente que a produção de bens de capital seja superior às necessi~
dades de reposição para que no futuro tenhamos aumento na capacidade de pnxiução da
economia, tanto no setor de bens de consumo quanto no setor de bens de capital.
A importância do investimento (ou da formação de capital) pode ser mais bem com-
preendida através da Curva de Possibilidadesde Produção. Observemos,entâo, a Figura 6.
Nela o eixo vertical representa as possibilidades de produção de Bensde Capital, en-
quanto o eixohorizontal representa as possibilidades de produção de Bensde Consumo.
O ponto A, situado na curva referente ao ano 2000, representa uma situaçâo
extrema, em que todos 05 recursos são utilizados na produção de Bens de Capital. Nesse -t
caso, a economia produz muitas máquinas, fábricas etc., mas nenhum Bem de Con-
sumo, o que não é interessante para a população.
No outro extremo, representado pelo ponto B, todos os recursos estão sendo dire-
cionados para a produção de Bens de Consumo. Nesse caso, a produção de Bens de
Consumo, visando à satisfação imediata da população, é a maior possível. OCOITe,
entretanto, que nesse ponto nenhum Bem de Capital estará sendo produzido.
Essa situação também não é interessante, uma vez que com o correr do tempo
tomam-se inevitáveis a quebra e o desgaste das máquinas, equipamentos, instalações
etc. Por falta de reposição dessas máquinas e equipamentos, a produção de Bens de
Consumo começará a declinar, diminuindo o atendimento às necessidades de consumo
da população.
Constatamos, então, que nenhuma das situações extremas é desejável, uma vez
que, cedo ou tarde, implicarão sacrifícios para a sociedade.
FIGURA 6
Possibilidades de produção entre bens de consumo e bens de capital
Capltlllo 11 Questões EconOmir;as fundamentais Decorrentes do Problema da Eseasse~ ... - Pa,SDS/Nogomí • 59
Constatamos, também, outro fato: além de fabricar Bens de Consumo, é necessário
produzir Bensde Capital, não só para repor aquilo que se desgastou, mantendo assim o
nível atual de produção de Bensde Consumo, como também para ampliar a capacidade
produtiva da Economia. O ponto C, por exemplo, indica que a Economia está produzin-
do Bensde Consumo e Bensde Capital. Essa situação possivelmente permitirá não só a
produção de máquinas para manter a capacidade prooi'l.tivada Economia,como também
para ampliá-la. Parte da produção de Bens de Constuno, porém, terá de ser sacrificada.
Com o passar do tempo, a
fronteira de possibilidade de produção pooerá deslocar-se
para a direita (ano 2010), como resultado do processo de crescimento. Tomando o ponto
D como referência, podemos verificar que de fato aumentaram as possibilidadl;'s de
produção de ambos os bens.
Esse exemplo serve para ilustrar o fato de que é necessário um sacrifício no con-
sumo presente para que no futuro as possibilidades de consumo se ampliem.
Assim, uma nação pode optar por direcionar parte dos recursos à produção de
Bens de Capital, acumulando bens como máquinas, fábricas etc. (que, como já vimos,
chama-se processo de formação de capital) e parte dos recursos para a produção de bens
de consumo, tais como roupas, rádios etc.
Aquestão que se colocaé: em que ponto da curva devemos nos situar? Próximo de
B, com uma produção maior de bens de consumo hoje, sacrificando talvez o consumo
futuro? Ou próximo de A, sacrificando o consumo presente tendo em vista a ampliação
das possibilidades de produção no futuro?
3 ORGANIZAÇé.[[ÇQ~~M!.CA
3.1 Introdução
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Bens de CDnsumc
As soluções para os problemas centrais de uma sociedade vão depender, fundamental-
mente, do tipo de organização econômica vigente.
De maneira geral, pode-se dizer que são três as formas pelas quais a soóedade
organiza sua economia, a fim de resolver os problemas de o que, como e para quem pro-
duzir: economia de mercado (ou de livre-empresa), economia planificada centralmente e
economia mista.
3.2 Ecouomia de Mercado
o sistema de Economia de Mercado é típico das economias capitalistas, as quais têm,
como característica básica, a propriedade privada dos meios de produção, tais como
fábricas e terras, e sua operação, tendo por objetivo a obtenção de lucro, sob condições
em que predomine a concorrência.!
o çapitali5mo é descrito como um si51~ma d~ m~rcados livres, operando sob condições de rollrorrinda,
rorlromnda entre vendedores de bens similares, para atrair clienles; C()rlrorrrncia entre compradores,
para garantir OSbens que desejam; concorrtnda entre trabalhadores, para obl~r empregos; concorrência
entre empregadores, para conseguir trabalhadores.
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60 • Prirn:lpios de ~conomia
Em uma economia baseada na propriedade privada e na livre iniciativa, os agentes
econômicos (indivíduos e empresas) preocupam-se em resolver isoladamente seus
próprios problemas, tentando sobreviver na concorrência imposta pelos mercados.
Nesse tipo de sistema econômico, os consumidores e empresas, agindo individual-
mente, interagem através dos mercados, acabando por determinar o que, como e para
quem produzir.2
3.2.1 O Sistema de Preços
Em uma Economia de Mercado a ação conjunta de indivíduos e firmas permite que
milhares de mercadorias sejam produzidas de maneira espontânea, sem que haja uma
coordenação central das atividades econômicas. Na verdade, existe um mecanismo de
preços automático e inconsciente, que trabalha garantindo o funcionamento do sistema
econômico, dando a ele uma certa ordenação, de maneira tal que tudo é realizado sem
coação ou direção central de qualquer organismo consciente.
Para se ter uma idéia, tomemos como exemplo a cidade de São Paulo: milhares
de mercadorias abastecem a cidade diariamente, sem que para isso exista o comando de
qualquer organismo consciente.
A esse mecanismo de preços automático e inconsciente é que se dá o nome de
"Sistema de Preços". ~
E como funciona o sistema de preços? ~,
Vimos anteriormente que todos os bens econômicos têm seu preço. Em um merca-
do livre, caracterizado pela presença de um grande número de compradores e vende-
dores, os preços refletem as quantidades que os vendedores desejam oferecer e as quan-
tidades que os compradores desejam comprar de cada bem.
Para exemplificar, suponhamos que por um motivo qualquer as pessoas passem a
desejar uma quantidade maior de calçados. Se a quantidade disponível de calçados for
menor que a quantidade procurada, então haverá uma disputa entre os compradores
para garantir a aquisição desse bem. Isso fará que o preço do calçado acabe se elevando,
em parte porque as pessoas se dispõem a pagar mais pelo produto, em parte porque os
produtores, perce,?endo o grande int,eressepela.sua merca.?ori~,a_cabampor elevar-lhe Í'
o preço. A elevaçao de preço acabara por excluu os que nao dlspoem de recursos para .
pagar preços mais altos. Com a alta do preço, os produtores de calçados serão estimu. -I
lados a aumentar a produção. Se esse aumento na produção for muito grande, poderá •
haver excesso de calçados no mercado, além da quantidade procurada. Como canse- "I
qüência haverá uma concorrência entre os produtores, a fim de desovar o excesso de
mercadoria. Essa concorrência provocará diminuição no preço. Um preço mais baixo I
estimulará o consumo de calçados, e os produtores procurarão ajustar a produção à
quantidade adequada.
Esse é o conceito de NMão Invisível" desenvolvido por Adam Smilh em seu livro Riqu= dns Nnções. ~
Significa que existe uma coordenação invisível que assegura a consistência dos planos individuais em li
uma sociedade em que predomina um sistema de mercado. Assim, em uma economia de mercado, "'
nenhum agenle econômico (indivíduo ou empresa) se preocupa em gerenciar o funcionamento do sis-
tema de preços. Preocuparn-se, sim, em resolver isoladamente seus próprios negócios. Agindo dessa JI
forma egoísta, no conjunto, a sociedade resolve inconscientemenle os problemas de o que e quanto, I'
como e para quem produzir. !
Cap~ulo fi Questões EcollÕmicas Fu~damenlals Qecorrenles do Problema da Escassez ... - Pa,_fNogomi • 61
Em uma Economia de Mercado, tanto os bens e serviços quantos os recursos pro-
dutivos têm seus preços e quantidades determinados pelo livre jogo da oferta e da
procura, ou seja, pela livre competição. Do confronto entre oferta e[rocura resulta um
preço, e é esse preço que exerce uma função econômica básica. ele que, por suas
variações, orienta a produção e o consumo.
O mecanismo de preços é, portanto, um vasto sistema de tentativas e erros, de
aproximações sucessivas, para alcançar o equilíbrio entre oferta e procura. O desejo das
pessoas determinará a dimensão da procura, enquanto a produção das firmas deter-
minará a dimensão da oferta. O equilíbrio entre a oferta e a procura será atingido pela
flutuação do preço.
O que é verdade para mercados de bens e serviços também o é para mercados de
recursos produtivos (Terra, Trabalho, Capital e Capacidade Empresarial). Assim, se
houver maior necessidade de engenheiros do que de advogados, as oportunidades de
emprego serão mais favoráveis aos primeiros. O salário dos engenheiros tenderá a
aumentar e o dos advogados, a diminuir.
Em uma economia complexa e interdependente, as peswas não conseguem dizer
diretamente aos produtores o que desejam consumir. O mecanismo de mercado fornece,
através dos preços, uma forma de comunicação indireta entre consumidores e produ-
tores, possibilitando uma adaptação da produção às necessidades de consumo; possi-
bilita, ao mesmo tempo, uma adaptação do consumo à escassez relativa dos diferentes
tipos de bens e serviços.
3.2.2 Como uma Economia de Mercado Resolve os Problemas "O Que, Quanto,
Como e Para Quem Produzir"
Em uma economia de mercado, o Estado não deve intervir em nenhum aspecto da ati-
vidade produtiva, devendo ficar sua ação restrita ao atendimento das necessidades
coletivas, tais como a justiça, a educação etc. Cabe ainda ao Estado o estabelecimento de
regras visando proteger a liberdade econômica, zelando, assim, pelo livre jogo da oferta
e da procura. Uma economia de mercado resolve os três problemas econômicos funda-
mentais simultaneamente, conciliando oferta e procura em cada mercado específico.
Vejamoscomo

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