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Material extra sobre a questão da verdade. 1) Concepção correspondentista da verdade: concepção da verdade como correspondência do enunciado ou da teoria à realidade “em si mesma” (realidade totalmente despida ou desprovida de qualquer elemento oriundo dos sujeitos do conhecimento, como classificações e interpretações dos sujeitos). - Buscam-se critérios ou indícios desta correspondência. - Por se acreditar em observações não interpretadas, ou seja, por se acreditar que observações não interpretadas são observações da realidade “em si mesma”, acredita- se que observações (não interpretadas) favoráveis são indícios da correspondência à realidade em si mesma. Popper: observações não interpretadas favoráveis são observações “corroboradoras”, ou seja, observações que atestam o fracasso de uma “expectativa de refutação”. Empirismo lógico: observações não interpretadas favoráveis são observações “confirmadoras”, ou seja, observações que elevam a probabilidade de o enunciado ou teoria ser verdadeira (corresponder à realidade em si mesma). 2) Concepções “epistêmicas” da verdade: verdade não consiste na correspondência do enunciado ou teoria à realidade “em si mesma”, mas na maior ou menor adequação do enunciado ou teoria a critérios cognitivos (epistêmicos) internos à prática científica dos sujeitos. - Variando o âmbito ou contexto da prática científica, os critérios epistêmicos podem variar. - No âmbito das ciências da natureza, os critérios epistêmicos estão fundados num interesse básico, subjacente à prática das ciências da natureza: o interesse de êxito ou sucesso na lida com uma realidade que não está ao nosso inteiro dispor. - O interesse de êxito na lida com a realidade natural desdobra-se nos seguintes interesses: a) Interesse de explicar e prever o maior número possível de ocorrências e eventos desta realidade. b) Interesse de exercer o maior controle ou manipulação possível sobre as ocorrências e eventos desta realidade. - A ênfase no “subinteresse” (a) dá origem a duas análises (estas análises não são incompatíveis entre si): (a.1) análise que enfatiza a importância da coerência de qualquer hipótese ou teoria mais específica com o quadro teórico mais abrangente preferido pela comunidade científica. Análise que enfatiza também a importância de se ter um quadro teórico capaz de integrar de forma conceitualmente coerente o maior número e variedade possível de informações sobre a natureza. Análise “coerentista” da verdade. (a.2) análise que enfatiza a importância da justificabilidade e aceitabilidade de certa hipótese ou teoria num contexto “ideal” de discussão científica, ou seja, um contexto que incorpore o maior número possível de modelos teóricos, de informações sobre a realidade e de critérios de interpretação e ponderação destas informações. Análise que enfatiza a importância do acordo ou consenso dos cientistas nesse quadro ideal de discussão científica. Análise “consensual” da verdade. - A ênfase no “subinteresse” (b) dá origem a uma análise “pragmatista” da verdade, que enfatiza a importância da utilidade de certo modelo teórico para o controle e manipulação dos eventos e processos naturais (esta última análise também não é incompatível com as análises anteriores – a diferença entre as análises é uma questão apenas de ênfase).
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