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Trabalho - A RELAÇÃO FAMÍLIA

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A RELAÇÃO FAMÍLIA/ESCOLA
Depoimentos e Comentários:
Tenho encontrado inúmeras dificuldades em realizar reuniões de pais e poucos aparecem. Tenho feito de tudo para que possa ocorrer da melhor maneira, são poucos os que comparecem. Mas não desisto, procuro sempre alternativas para consumar meu objetivo. Rovilson Cartolari
Concordo que todos tenham responsabilidade sobre a Educação. Que O professor estudou e escolheu sua carreira e os pais dos alunos nem sempre tem uma formação acadêmica. Todavia, meus pais também não eram professores e nem Drs. em Psicologia e conseguiram educar seus filhos e ressalto que eles não foram e não são os únicos que conseguiram. Refiro-me a certas noções básicas, para as quais não são necessárias nenhuma das formações acadêmicas, mas sim valores. E quem obtém mais conhecimentos pode se responsabilizar pelos que os cerca - em partes - mas não pode assumir aquilo que não é de sua alçada - pode sim tentar conscientizar as pessoas de que elas também têm suas responsabilidades, seus direitos e deveres. Raros não são os casos de pais graduados e pós-graduados que delegam toda a educação dos filhos à Escola e, além disso, buscam estratégias para justificar os deslizes de seus filhos - mesmo sabendo que estão errados. Nestes casos onde estão as responsabilidades deles? Não restam dúvidas de que a Educação é um tema polêmico no qual todos estão envolvidos, mas enquanto valores familiares forem delegados SOMENTE à escola, o papel dela ficará comprometido sim - basta ler um jornal, assistir a um noticiário de TV para se ter uma breve noção desta situação. Antes de ter a minha Formação Acadêmica, fui e sou mãe e sem formação psicológica ou pedagógica - mas com muita formação familiar, transmiti valores, respeito e dignidade aos meus filhos. Hoje que tenho esta formação e percebo que ela é muito importante sim, mas o que eu aprendi sobre a valorização do outro e seus limites - teve início no convívio familiar e foi aprimorado na Escola. Não pretendo aqui isentar os professores de qualquer responsabilidade sobre seus alunos, mas sim chamar a todos para uma reflexão sobre a relação Família e Escola. Lamento se o assunto causa desconforto em alguns leitores, mas a realidade está aí, para transformá-la precisamos de muita reflexão e, sobretudo, que cada um assuma o seu papel. Ângela Adriana
Acho que todos tem culpa da situação atual, inclusive os professores com longas jornadas, justificando os salários baixos. E os pais das crianças do ensino público? Ganham muito? As relações familiares são completas? A estrutura pai e mãe existe? O professor estudou, se formou, escolheu sua carreira, tem formação psicológica, social, pedagógica, etc. E a família do aluno de ensino público ou municipal freqüentou escolas? É Doutor em psicologia? Pelo menos estudou? Será que quem obtém mais conhecimentos, não tem mais responsabilidade sobre aqueles que o cerca? Eliana LD
A sociedade está um caos e, pelo que parece, tende a piorar, já que o espaço escolar serve cada vez mais de palco para shows de violência e desrespeito dos alunos contra os educadores. E os pais parecem não estar preocupados com isso. Se a escola é uma "mini sociedade", me preocupa quando essa turminha crescer e assumir efetivamente o controle da nossa sociedade. Cíntia.
Relação escola-família, uma história de desentendimentos 
	Foto: Divulgação 
	
	Miriam Abramovay, socióloga, é secretária-executiva do Observatório Violências nas Escolas
	
	
Escola e família são as principais instituições socializadoras da nossa sociedade. Nelas transitam crianças e jovens que se formam e se preparam, iniciando seu longo e contínuo processo de aprendizagem. 
A escola proporciona, em primeiro plano, a aprendizagem e, em segundo, a socialização. Como explicita Morin (1966)1, a aprendizagem e a socialização são projetos necessários para a vida. Para Delors (2001)2, o papel fundamental da escola seria o de propiciar o desenvolvimento de habilidades essenciais para a convivência em sociedade e para a formação de um cidadão crítico. A educação transmitida pela escola é percebida como um meio de inclusão e de mobilidade social. A família, por sua vez, é a primeira referência psicológica e social da criança, constituindo-se no primeiro local de socialização. 
As funções educativas dessas duas instituições, algumas vezes, se confundem e, outras, se sobrepõem. Segundo Aquino (2006)3, são instituições vizinhas, mas uma pertencente ao âmbito público e a outra ao privado. A grande contradição se dá pelo fato de que, no imaginário escolar, as expectativas em relação à educação não são cumpridas pelas famílias, o que gera um diálogo árduo e não raras vezes, mutuamente sem retorno. 
Por que a conversa entre escola e família é tão difícil? 
Em primeiro lugar, porque o público da escola passou a ser mais heterogêneo, distinto daquele que a freqüentava no passado, constituído em sua maioria por uma classe média. A massificação do ensino não foi acompanhada pelo devido acolhimento e integração das famílias no processo de transformação da escola. Os projetos familiares de vida e os projetos pedagógicos das escolas já não seguem com a mesma coerência, causando, assim, tensões entre as duas instituições. 
No Brasil, a partir dos anos 1960, a escola iniciou um processo de mudança, o sistema educacional ampliado passou a receber uma parte da população que estava fora dele. A instituição deparou-se, desde então, com uma grande dificuldade para se adequar à nova população, apresentando-se despreparada para receber um público ao qual não estava habituada e que, na realidade, representa a maioria da população brasileira. Sob tal dificuldade, a escola não tem conseguido se transformar para se comunicar com novos códigos e valores.
Existe, sim, certa perplexidade diante da nova realidade: a escola não possui um papel protetor, de construção de uma cidadania ativa e não constitui um espaço de diálogo aberto.
Em geral, a escola desconfia da instituição familiar e tem dificuldade em compreender os obstáculos que as famílias enfrentam partindo da idéia de que elas não sabem e não educam bem seus filhos. É comum escutarmos acusações de professores e diretores de escolas de que os pais não têm controle, não educam, não ensinam e deixam as principais responsabilidades da educação dos filhos para a escola. As famílias, muitas vezes, aceitam a condenação e se culpabilizam pelo que acontece com seus filhos na escola, enfatizando que a falta de tempo, o acúmulo de tarefas domésticas e extra domésticas e a falta de conhecimento impossibilitam acompanhar os estudos de seus filhos. 
Em recente pesquisa realizada pelo Fundo das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) com alunos, professores e pais do Ensino Médio, em 13 capitais brasileiras - Rio Branco (AC), Macapá (AP), Belém (PA), Teresina (PI), Maceió (AL), Salvador (BA), Cuiabá (MT), Goiânia (GO), Curitiba (PR), Porto Alegre (RS), São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ) e Belo Horizonte (MG)4-, os professores apresentaram uma lista de queixas sobre as famílias: 
existência de famílias “desestruturadas”;
ausência de regras no ambiente familiar;
ausência dos pais quando chamados para reuniões.
Por outro lado, a relação entre alunos e professores é, muitas vezes, dificultada pela baixa freqüência de alguns alunos às aulas. Para piorar, tal comportamento embasa o estereótipo de que esses são “problemáticos”. Note-se, nos depoimentos seguintes, a culpabilização da família por tal situação e o silêncio em relação ao lugar da escola no que diz respeito às faltas dos alunos:
Tem uma turma que tu não consegue criar um vínculo, porque se tu pegar um caderno de chamada, tem alunos que, assim, vêm uma semana e faltam três. Então, tu não consegue estabelecer uma regra. Alunos que têm uma família desestruturada ou alguma coisa assim. São mais problemáticos. Então, tu tem que bater um pouco de frente. Mas, mesmo assim, não é nada insuportável de mandar pra aquele lugarou coisa mais exaltada. Mas é levável, assim, tu consegue avançar de alguma forma, fazer eles tentarem aprender, se interessar e freqüentar a escola de alguma forma. (Grupo focal com professores de Porto Alegre, feito para o estudo Ensino Médio: múltiplas vozes, UNESCO, 2003)
Tem o caso de alguns alunos que são alunos repetentes, com problemas familiares, que deveriam ter acompanhamento psicológico e não têm. Então, nesses alunos você encontra, geralmente, uma resistência maior ao professor. E, às vezes, até uma ameaça. Mas fica só na ameaça. (Grupo focal com professores de Porto Alegre, feito para o estudo Ensino Médio: múltiplas vozes, UNESCO, 2003)
Existe, sim, certa perplexidade diante da nova realidade: a escola não possui um papel protetor, de construção de uma cidadania ativa e não constitui um espaço de diálogo aberto. Nesse contexto, a família se sente insegura em relação à criança e ao jovem, os quais já não agem e se comportam como seus pais que “são de outro tempo”, como se costuma dizer. 
A massificação da escola, em verdade, não correspondeu a um incremento de sua qualidade. Ao contrário. Hoje a escola acolhe e reforça as desigualdades entre as classes sociais e torna mais visível o bloqueio do sistema às crianças e aos jovens de classes populares.
Deve-se ressaltar que os pais têm muito claro que uma boa escolarização é a única forma de seus filhos terem acesso a algum tipo de mobilidade social. As famílias acreditam na escola. Investem fortemente na idéia de que é um lugar de promoção social. Creditam a ela cumprir o papel de desenvolvimento do conhecimento e do saber. 
As famílias pedem que a escola faça cargo da educação, enquanto que a escola acaba fazendo o mesmo. Nesse sentido, o diálogo família-escola é fundamental e, na teoria, há consenso sobre a importância da relação entre as duas instituições que têm como referência o mesmo sujeito – a criança, o adolescente e o jovem. Somente por meio de um amplo diálogo que se poderá atingir uma educação de maior qualidade. 
*Os textos publicados na área Colunistas são de responsabilidade dos autores e não exprimem necessariamente a visão do portal Pró-menino.
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Opinião: A família e a escola por Ana Cássia Maturano - Especial para o G1 
Escolas ocupam lugar de autoridade na vida das pessoas.
Por isso, é importante ter uma relação de respeito e confiança. 
Semana passada, escrevi sobre a importância de os pais entrarem em acordo na criação de seus filhos. Seguindo uma linha de conduta consensual e tranqüila, ajudam as crianças a lidarem melhor com o sentimento de insegurança em relação ao mundo. Assim, nenhum dos dois, importantes figuras de identificação e de autoridade, perderá a confiança dos pequenos. O mesmo podemos dizer das escolas e de seus profissionais. Eles também ocupam esse lugar de figuras de identificação e de autoridade na vida das pessoas. 
 	Escola e família devem estabelecer uma relação pautada no respeito, na confiança e na troca de idéias. Aprender depende muito da identificação dos alunos com aquele que ensina. Quantos vão bem numa determinada matéria por gostar do professor? Para que isso ocorra, precisa haver atitudes positivas da família para com a escola que, por sua vez, deve ter consideração pelos diferentes públicos que atende. Simples e óbvio, não? Nem sempre.	Há exageros de ambas as partes. As escolas vêm perdendo o status de autoridade, já que algumas famílias contestam qualquer atitude delas em relação aos seus filhos. Muitos consideram desrespeito estabelecer regras e exigir o cumprimento. Pais assim não atentam para o fato de que regras são necessárias para a convivência em grupo. E é no ambiente escolar que os pequenos iniciam a ampliação da convivência social, passo importante no processo de crescimento e socialização. 
 	Nos casos em que se confronta e desautoriza a escola, sua imagem vai se desgastando e o resultado inevitável é a perda do respeito. Se os pais, figuras de autoridade máxima, não aceitam a sua linha de conduta, os filhos menos ainda. O que não quer dizer que eles não devam ficar atentos e intervir diante de condutas inadequadas que a escola possa vir a ter. 
A escola não é absoluta 
 	O inverso também é notado por parte de algumas instituições. Uma coisa é o professor ou diretor conversar sobre determinada transgressão. Outra é ser desrespeitoso, usando de palavreado ofensivo ou medidas punitivas além do indicado. A instituição de ensino não é absoluta. É um lugar onde se deve exercitar o pensar, inclusive o de suas próprias ações. 
 	Quando a escola se coloca como detentora da verdade, é sinal de que não está cumprindo bem o seu papel. E, nesse aspecto, algumas se excedem. Qualquer aluno fora do padrão esperado é visto como problema. E tome discurso sobre a má criação da família, não raramente com explicações psicológicas que os próprios profissionais da área não ousariam dar. 
 	Diante de uma situação assim, outra coisa bastante comum é a argumentação de que determinada criança não serve para a escola. Em verdade, o que ocorre é o oposto: a escola é que não está apta para aquele aluno - o que, aliás, não é demérito.	Nenhuma instituição, ou mesmo profissional, pode se dizer preparado o suficiente para toda e qualquer situação. E, ao julgar o aluno culpado, não está contribuindo em nada para seu crescimento e formação. Pode, inclusive, dar margem a um outro tipo de problema, ainda mais grave, como o de colocar no individuo um estigma de fracasso, prejudicando-o pela vida. Jamais devemos perder de vista que o principal desafio da escola é promover o aprendizado, para todo e qualquer tipo de aluno de que ela esteja preparada. 
 	Família e escola devem se unir na difícil tarefa de formar pessoas. Isso dá trabalho e requer reflexão constante sobre o mundo e os seres humanos. Por isso, quando escolhemos uma instituição educacional para nossos filhos, é importante termos consciência do que desejamos para eles e se os valores que a permeiam estejam de acordo com os nossos.A instituição por sua vez deve ser franca e objetiva, de modo a esclarecer o que realmente pode oferecer para as famílias que a procuram. Começando uma relação assim, por meio de um diálogo esclarecedor, muitos dissabores podem ser evitados para as crianças e adolescentes. (Ana Cássia Maturano é psicóloga e psicopedagoga) 
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Projeto da ESCOLA MUNICIPAL ISRAEL PINHEIRO, ONTEM, HOJE E SEMPRE CONSTRUINDO UMA CULTURA DE PAZ, abordando o tema relação família escola. Imagens: 
	
Esse Projeto Família  Escola  Família pretende se constituir em um espaço de formação e discussão de estratégias que possam melhorar o desempenho escolar de nossos estudantes e o convívio familiar.
Também objetiva se constituir em um canal direto das famílias com a escola, fortalecendo laços sociais e cognitivos voltados para uma educação de qualidade, inclusiva e democrática.
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O Julgamento Dentro Da Família
Não há nada mais maravilhoso que a família. Entretanto, é no seio dela que cometemos muitas injustiças. O lar deveria ser o local mais propício para os membros exercitarem os valores necessários para uma vida feliz e fixarem estas aprendizagens de modo tão profícuo, que nem o tempo, nem as intempéries, nada, poderiam apagar. É isso que uma aprendizagem significativa faz. Ela se torna inesquecível!  
     Como seria bom se as escolas ensinassem com real significação! Como seria fácil aprender! Fácil e prazeroso. Em casa, a mesma coisa. Quantas inteligências não poderíamos ter desenvolvido, quantas habilidades e competências não teriam se revelado na destreza sábia das mãos de mães e pais, dedicados à educação dos filhos? E os valores? Como seria a sociedade hoje se os pais fossem mais preocupados com esta formação? Para formar indivíduos valorosos à sociedade, à Pátria e a Deus, não basta a escola trabalhar os conceitos dos valores morais. O ser humano aprende a “ser” através das relações interpessoais; a “fazer” ao enfrentar desafios; a “aprender” ao estabelecer relações entre vivências empíricase o saber cientifico. Para isto ele coleta dados de todos os lados, de todas as direções. A escola, por si só, não faz grandes mudanças na vida dos alunos. É claro que ela é um espaço por demais privilegiado e não há dúvida de sua importância para que sejam aprendidos os conhecimentos, valores, habilidades e atitudes no processo da construção de cidadãos autônomos, críticos e autodeterminados, mas a relação com a família deve ser sempre fértil, com sentimento de confiança e espírito de cooperação, trazendo benefícios à todas as partes. Não existe pedagogia que substitua pai e mãe na formação integral do ser humano.
Assim, a família muitas vezes desgastada, não consegue perceber as desventuras que fazem uns aos outros. Muitas crianças estão esperando um agrado dos pais, um tempo para passar com eles e conversar. Elas necessitam saber o quanto significam para seus pais! E só vão saber se você lhes falar e passar algum tempo com elas, mostrando pelas atitudes que as amam. E os adolescentes, talvez ainda crianças frustradas pelo amor que não veio... Eles precisam da prova de que são dignos do seu amor e que merecem ser amados, incondicionalmente. Isto os encoraja a participar com coragem de todos os aspectos da vida. 
   Hoje, vamos falar do julgamento que fazemos uns aos outros. Comumente fazemos com os nossos “queridos” dentro de casa. Julgamos sem levar em conta que para eles,  crianças e adolescentes, o mundo pode parecer ameaçador e que eles necessitam renovar constantemente, sua confiança. Os pais precisam aprender a ouvir, a deixar falar, a manter a mente aberta, a considerar a opinião dos filhos, motivando-os a ter suas próprias crenças e conceitos. Os pais precisam aprender a controlar as emoções para expressar os sentimentos. Falar sem pensar, com raiva, tristeza e ansiedade, pode distorcer aquilo que precisam ouvir. Aí está um grande perigo que geralmente afeta as relações entre pais e filhos.
   Julgar, no dicionário Aurélio significa, “dar sentença, decisão, fazer exame, decidir, supor, imaginar, conjeturar, formar opinião, sentenciar, condenar, reputar, considerar, formar juízo crítico, pronunciar sentença” que para o julgado, pode ser irrecorrível. Se pudéssemos avaliar quantos os nossos julgamentos podem ser tóxicos para o desenvolvimento harmonioso dos filhos, pensaríamos mais antes de falar qualquer coisa. Eles ferem profundamente e é uma comunicação extremamente negativa. Gera raiva, desejo de vingança, desânimo, baixa auto-estima, falta de confiança própria e os ensina a criticar e censurar sem ética ou respeito. Os pais , em certo sentido, tendem a exagerar sem pensarem que o juízo que fazem, pode estar errado. Se estiverem falando em vez de escutando, jamais poderão compreender o problema do filho para o ajudarem. Os filhos hesitam para falar de seus problemas e angústias evitando os julgamentos paternos. O círculo da confiança mútua não está fechado, assim, raramente querem expor tudo o que sabem, pensam saber ou o que têm em mente, por causa das severas críticas que acompanham as conversas. O que dizer à você pai? Não apresse seu filho, aceite sua decisão de falar e seja sempre compreensivo, esperando o melhor momento e ocasião para aconselhá-lo. Mantenha aberto o canal da amizade entre vocês, porque amigos sempre escutam os amigos e têm liberdade para falarem o que pensam. Trocar idéias é um ótimo recurso para formar conceitos valiosos e conhecer outras pessoas, como elas realmente são. Dê esta oportunidade à vocês. Guarde seu pensamento, olhe sob o olhar do filho, tente ver como ele enxerga, feche a boca e espere a ocasião adequada. Não se antecipe. Cultive a sabedoria. Tenha paciência. Instrua-se. Ore.
    Certa vez, ouvi uma história de um galinho garnisé. Ele pesava menos de 700 gramas. Mesmo sendo de pequena estatura, ele era grande no som! Este galo pertencia a um vizinho do meu pai, o senhor Chamberlain, um homem muito educado e paciente, porém, a cantoria da avezinha começou a lhe incomodar. Todas as manhãs, bem cedinho, o pequeno galo empoleirava-se num lugar alto e cocoricava muito. Parecia ansioso para que todos tomassem conhecimento dele, temeroso de que sua importância não fosse reconhecida. Na verdade, era um belo companheiro, mas isto não era razão suficiente, pensava o vizinho de meu pai, para todo aquele orgulho empertigado, manifestado em seus altos e bons cocoricos.
   Sua companheirinha, de cor castanha era modesta e tímida. Ela passava os dias ciscando e trabalhando. Nenhuma só vez cacarejou diante do pequenino ovo que botava. Seu soberbo marido que nada fazia cantava muito mais, sobrepondo-se a ela que humildemente e quietinha punha seus ovinhos no ninho.
   Um dia, o seu chamberlain, cavando o jardim, perto do telheiro onde vivia o garnisé, observou o galinho egoísta cacarejar por nada. Decidido a acabar com o barulho, atirou uma minhoca bem graúda por cima da cerca. O cocorico do galo transformou-se apenas num engrolado. Imediatamente sua pequena galinha veio correndo e ele lhe deu a minhoca. Achando uma grande quantidade de minhocas, o senhor Chamberlain jogou-as todas na área do gritador. Nenhuma vez o galo comeu. Repetia sempre o engrolado e presenteava as minhocas à sua esposinha.
    Intrigado, o senhor Chamberlain tentou a mesma coisa com milho e outros alimentos para aves. O belo cocoricador dava tudo à sua companheira. Ele parecia bem alimentado, mas aquele dia ele só ficou olhando e dava tudo à ela. Altruísmo personificado! Não comeu nada do que diferente havia sido posto na cercado.
    O senhor Chamberlain começou a pensar. Afinal de contas ele achava aquele galo um exibido, soberbo, egoísta... “Quem sabe o garnisé não estava fazendo barulho quando cocoricava! Quem sabe estava cantando louvores a todo o mundo pela pequenina e doce esposa que tinha, ou mesmo cantando cânticos de amor à ela”! 
    O senhor Chamberlain estava tão pronto a criticar e a julgar aquela pobre ave! O que ele pensava era um erro; condenara o que tinha sido a maneira de galo garnisé fazer outros felizes. Seu preconceito e mal-entendido concentraram-se no que pensava ser arrogância, egoísmo, levando-o a perder de vista as admiráveis qualidades do galo.
    Esta simples história nos mostra que devemos esperar um pouco mais para formar opiniões sobre outras pessoas, principalmente nossos preciosos filhos. Devemos respeitar as diferenças, as qualidades individuais, as habilidades que cada um tem. Todo mundo tem algo a dar para contribuir com o próximo, com a humanidade. E os filhos? Ah! Eles precisam ser vistos e admirados em suas qualidades, potencialidades, virtudes, carências afetivas. Precisam ser ouvidos, olhados, amados e mais que tudo, terem ciência do quanto são especiais no lar, que o lugar que ocupam nos corações e nas mentes de seus pais, é nada mais, nada menos, que o primeiro lugar.
    Que possamos humildemente, andar com compreensão, tolerância e bondade, respeitando a todos, dentro lar. Com tal conceito interiorizado, saberemos agir em qualquer lugar, sempre com um olhar de confiança, cuidando para não julgar erroneamente. Para se viver em sociedade, precisamos saber conviver livre de preconceitos.
Eliana Esmaniotto
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Educação Familiar - Sem Ela O Jovem Não Reconhece Seus Limites E Com Isso A Escola Fica Sobrecarregada De Funções tendendo a fracassar
Atualmente - com o excesso de afazeres dos pais - o tempo para conversar, ouvir, ensinar uma tarefa, orientar em um trabalho, ou até mesmo perguntar ao filho como foi o seu dia, tem se tornado cada vez mais escasso. Com isso as crianças tem demonstrado baixo rendimento escolar, uma vez que as tarefas de casa tem como objetivo principal, reforçar o conteúdo trabalhado em sala. A leitura deveria ser parte do cotidiano da criança, não somente na escola, considerando que seu tempo dentro da Instituição nem sempre permite a realização e todas as atividades necessárias a cada faixa etária, colocando novamente a aprendizagem em risco. É estranho como os estudantes de hoje concebema educação.
 O professor tem buscar sempre novas estratégias, métodos e até apelar para o lado sentimental dos alunos, com a finalidade de simplesmente ser ouvido. Ao aluno não importa o aprender, mesmo porque em escolas que aderiram ao regime de ciclo, os alunos afirmam não precisarem de estudar, pois o ciclo não reprova quem não sabe. É deprimente  pensar que estes estudantes vão ingressar no ensino superior, e vão conseguir seus diplomas. Todavia, não terão o conhecimento necessário para executar suas profissões, que estão condenadas ao fracasso eminente - afinal os estudantes não querem aprender e o mais intrigante é que boa parte desta defasagem educacional é atribuída ao professor. À escola foram atribuídas noções de educação básica - a chamada educação de berço - que é de responsabilidade das famílias, que por sua vez, passam o tempo todo em seus afazeres e ao se reunirem em seu convívio diário, não querem orientar os filhos,  premiando-os com presentinhos, internet livre, passeios ao Shpping, e os valores familiares são delegados á escola. Então, o aluno chega na escola completamente sem limites, querendo fazer desta instituição o que ele bem entender, o professor não consegue falar, explicar, orientar, sem que antes seja feito um preparo- geralmente com longos diálogos  - freqüentemente interrompidos e ignorados pela turma - e em alguns casos sendo agredido verbal e fisicamente por seus alunos ao tentar prepará-los para a vida. 
O resultado destas ações está estampados em editais, estão faltando professores... O baixo salário, a desvalorização profissional, a dupla ou tripla jornada de trabalho, a agressividade dos jovens e a falta e comprometimento das famílias, tem contribuído para que professores abandonem seus empregos. A permissidade atual tem sido a grande vilã da educação como um todo, os jovens tem direito a tudo e nenhum dever é atribuído a eles, com isso - após passar anos em faculdades, se preparando para o ato sublime de proporcionar condições de aprendizagem a alguém- o professor adquire sérios problemas de saúde e acaba se afastando da escola. É necessário que se repense a relação família escola, afinal os pais devem educar seus filhos e buscar a parceria da escola e não a escola assumir as responsabilidades das famílias e tentar- arduamente - buscar a parceria das famílias.
Angela Adriana de Almeida Lima
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ESCOLA  E  FAMÍLIA:  PARCEIROS  NA TRANSMISSÃO DE VALORES  E NA CONSTRUÇÃO DE UMA SOCIEDADE HUMANIZADA.
                                                                                                    Por Luiza Ricotta
Pais e escola estão juntos na tarefa de transmitir valores necessários para a boa formação do indivíduo. Aos pais parece-nos extremamente natural que se ocupem disso, mas a escola ainda que repensando seu lugar nesse âmbito, parece-nos natural concebê-la como co-responsável pela orientação e formação do indivíduo.
A escola já não mais se presta a  apenas dar o arcabouço teórico necessário  do curriculum formal. Vêm ampliando seu papel junto à sociedade,  lidando com o resultado  direto das influências que a família produz em seus filhos. Educadores vêem refletidas nas crianças e jovens aquilo que em sua família as configura: seus valores, seu padrão relacional, seus conceitos em relação à própria escola e de como esta é valorizada ou não.
É a partir de como os alunos refletem seu comportamento na escola é que entendemos muito dos valores que seus pais emprestam aos seus filhos.
Nestas circunstâncias observamos o aspecto da qualidade e sua importância. Reconhecemos então que valores são estes, pois os vemos representados  nas crianças e jovens,  que, quando em contato com a filosofia e postura da escola,  tornam-se deslocados – parecendo-nos supor que estes se utilizam da escola, assim como um produto de consumo,  um espaço que está unicamente a  favor de prestar um serviço aos  pais.
Ora sem dúvida que a escola presta um serviço, inclusive para a sociedade como um todo, mas há o que acrescentarmos a isso: -  que sua matéria prima é o desenvolvimento e formação de indivíduos.
 Há crianças e jovens que criticam e tratam mal a própria escola pois não lhes foi ensinado o valor de respeito à escola e a importância de  pertencer à ela.Tratam-na como produto.
Isso tudo é muito simples de se enxergar: é visto na conduta da criança e do jovem perante a forma como ela respeita as regras, as normas,  a maneira pela qual ela trata os funcionários, por vezes como seres invisíveis, nem dignos de um bom dia , tratando-os como aqueles que estão ali porque são pagos para isso. Agem assim na verdade porque não lhes foi ensinado o valor da dignidade e do trabalho.
Certamente não vêem seus pais agindo com cordialidade frente aos funcionários, e assim imitam o modelo que lhes é concedido.
Há que refletirmos:
- que valores os pais transmitem?
- que valores seus filhos imitam?
O interessante no processo da ação educativa é que ela não se encerra em si mesma, acaba indo além. Observemos aqueles alunos, que, têm na escola o locus de aprendizado dos valores. De um modo contrário, serão eles os transmissores dos valores aprendidos na escola,  aos pais.
Podemos então compreender que quando a escola cumpre a missão, de transmitir valores essenciais e não negociáveis, ela acaba por educar também aos pais. É onde nossa ação educativa acaba por englobar a família do aluno.
Há alunos por exemplo que demonstram pouco ou nenhum cuidado e zêlo pelas dependêcias da escola. Jogam lixo no chão, não dão descarga no sanitário, riscam as paredes, deixam a torneira aberta, molham o rolo de papel higiênico. E isto não acontece em escolas públicas ou de periferia,  é um acontecimento geral observado, tendo em vista, o valor associado à capacidade de vincular-se e estabelecer uma  relação de respeito e afeto.
 Assim como a cidadania,  de se sentir fortalecido em suas raízes, a escola é um espaço que precisa ser valorizado como tal ela merece, pois ela promove o sentimento de pertencer, preechendo esta necessidade que nós seres humanos possuímos em relação às coisas, pessoas e situações, e que nos dão significado na vida.
Pertencer à uma escola é um valor por demais valoroso, é nossa segunda morada, é o local onde mostramos quem somos e o que precisamos nos tornar. E é pela participação dos educadores e todo pessoal envolvido na formação de uma criança e jovem é que sentimos o quanto de esforço, empenho e trabalho é reunido, para que estes  princípios e a filosofia que envolve todo processo educacional seja concluído.
A aliança entre Família  &  Escola – 
A família é o núcleo que processa, digere, e elabora as transformações que ocorrem num contexto social mais amplo.
Os temas tranversais à educação são parte do interesse escolar, envolvido pela  qualidade da relação professor–aluno e pelas situações familiares que se expressam e interferem diretamente na postura da criança e jovem, ante a aprendizagem e nas relações com o professor, colegas e funcionários da comunidade escolar.
A  aliança necessária entre escola e família parece-nos perfeita para servir de parâmetro para aqueles jovens que com certeza precisam refletir, de maneira que possam ter uma postura firme diante de temas tão controversos como a droga, o sexo precoce, as dúvidas frente a escolha profissional, enfim temas relacionados ao rumo de sua vida e ao próprio destino na  sociedade que o aguarda.
A dificuldade entre as partes, vêm residindo no desconhecimento do que cabe à famíllia e do que cabe especificamente à escola.
O que vêm sendo solicitado por parte dos dirigentes da escola, é  buscar um modo diferente de se reportar nas questões ligadas à família. Temos pais que procuram a escola ou têm na sua finalidade, um lugar seguro para que seus filhos sejam de certa maneira modelados e  que recebam a educação que consideram adequada.
 Que educação é esperada? –
O que é que vêm fazendo parte das expectativas dos pais, que a escola não sabe?
Os pais esperammais que ensino formal?
Veremos então que limites a escola precisa manter da família e  que pontes  podem ser feitas para esta aproximação.
A aliança  entre escola & família nos possibilita refletir sobre que modelo e que valores são necessários enfatizar na construção da personalidade e que limites podem ser construídos para que cada uma -  tanto escola como família – possam de fato reconhecer o que cabe a cada uma.
Se ambas estiverem unidas e afinadas quanto aos valores que querem imprimir e transmitir aos seus alunos e filhos, haverá um laço de co-responsabilidade entre as partes, onde poderão então transmitir valores correlatos ao que um ser humano necessita, fazendo assim prevalecer aqueles aspectos que venham de encontro ao que um indivíduo possa responder frente às questões do mundo.
Geralmente uma escola é conhecida por seu método, pela sua linha pedagógica, por alguma característica específica, que lhe confere uma certa identidade assim como  a família.
Ambas são responsáveis pelo processo de socialização tão importante à criança e ao jovem.
A ação da família em si não  basta.  Precisamos do espaço escolar para a ampliação  de suas interações e desenvolvimento das potencialidades do Ser,  experimentando atributos diferentes daqueles a que são estimulados na família.
Podem vivenciar situações distintas das familiares,  respondendo às situações de formas diferentes, podendo inclusive criar e re-criar as suas relações.
A escola areja as relações intra familiares, já que a família não se esgota em si mesma,  ela caminha para além. Neste caso, a escola e depois … a vida…...
A família destina à escola uma imensa diversidade de estilos e de culturas específicas, onde cada aluno revela a existência de  um modelo de Ser.  Representação esta da sociedade: - cosmopolita, diversa e plural.
O QUE MANTER E O QUE DESPREZAR?- 
Compreender que valores serão desprezados e aqueles que devem fazer parte do repertório da escola acabará por influenciar positivamente as famílias, ao que se refere à uma  postura  ética  que se vê fortalecida, quando há ressonância entre os polos principais da formação de indivíduos: a família e a escola.
Sendo assim, podemos  esperar uma sociedade cujo futuro possa ser viável e humano.
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A RELAÇÃO FAMÍLIA/ESCOLA
Por Sonia das Graças Oliveira Silva
Hoje em dia há a necessidade de a escola estar em perfeita sintonia com a família. A escola é uma instituição que complementa a família e juntas tornam-se lugares agradáveis para a convivência de nossos filhos e alunos. A escola não deveria viver sem a família e nem a família deveria viver sem a escola. Uma depende da outra na tentativa de alcançar o maior objetivo, qual seja, o melhor futuro para o filho e educando e, automaticamente, para toda a sociedade. 
Um ponto que faz a maior diferença nos resultados da educação nas escolas é a proximidade dos pais no esforço diário dos professores. Infelizmente, são poucas as escolas que podem se orgulhar de ter uma aproximação maior com os pais, ou de realizarem algumas ações neste sentido. Entretanto, estas ações concretas, visando atrair os pais para a escola, podem ser uma ótima saída para formar melhor os alunos dentro dos padrões de estudos esperados e no sentido da cidadania.
Atualmente, os pais devem estar cada vez mais atentos aos filhos, ao que eles falam, o que eles fazem, as suas atitudes e comportamentos. E, apesar de ser difícil, a escola também precisa estar atenta. Eles se comunicam conosco de várias formas: através de sua ausência, de sua rebeldia, seu afastamento, recolhimento, choro, silêncio. Outras vezes, grito, zanga por pouca coisa, fugas, notas baixas na escola, mudanças na maneira de se vestir, nos gestos e atitudes. Os pais devem perceber os filhos. Muitas vezes, através do comportamento, estão querendo dizer alguma coisa aos pais. E estes, na correria do dia-a-dia, nem prestam atenção àqueles pequenos detalhes. 
Por vezes, os jovens estão tentando pedir ajuda e, mesmo achando que o filho ultimamente está “meio estranho”, muitos pais consideram isso como normal, “coisa de adolescente”, vai passar, é só uma fase. Há que se observar estes sinais. Podem dizer muito de problemas que precisam ser solucionados, como inadequação, dificuldades nas disciplinas, com os colegas, com os professores, e outras causas. 
Aí entra a parceria família/escola. Uma conversa franca dos professores com os pais, em reuniões simples, organizadas, onde é permitido aos pais falarem e opinarem sobre todos os assuntos, será de grande valia na tentativa de entender melhor os filhos/alunos. A construção desta parceria deveria partir dos professores, visando, com a proximidade dos pais na escola, que a família esteja cada vez mais preparada para ajudar seus filhos. Muitas famílias sentem-se impotentes ao receberem, em suas mãos os problemas de seus filhos que lhe são passados pelos professores, não estão prontas para isso.
É necessária uma conscientização muito grande para que todos se sintam envolvidos neste processo de constantemente educar os filhos. É a sociedade inteira a responsável pela educação destes jovens, desta nova geração. 
As crianças e jovens precisam sentir que pertencem a uma família. Sabe-se que a família é a base para qualquer ser, não se refere aqui somente família de sangue, mas também famílias construídas através de laços de afeto. Família, no sentido mais amplo, é um conjunto de pessoas que se unem pelo desejo de estarem juntas, de construírem algo e de se complementarem. É através dessas relações que as pessoas podem se tornar mais humanas, aprendendo a viver o jogo da afetividade de modo mais adequado.
Percebe-se que muito tem sido transferido da família para a escola, funções que eram das famílias: educação sexual, definição política, formação religiosa, entre outros. Com isso a escola vai abandonando seu foco, e a família perde a função. Além disso, a escola não deve ser só um lugar de aprendizagem, mas também um campo de ação no qual haverá continuidade da vida afetiva. A escola que funciona como quintal da casa poderá desempenhar o papel de parceira na formação de um indivíduo inteiro e sadio. É na escola que deve se conscientizar a respeito dos problemas do planeta: destruição do meio ambiente, desvalorização de grupos menos favorecidos economicamente, etc. 
Na escola deve-se falar sobre amizade, sobre a importância do grupo social, sobre questões afetivas e respeito ao próximo.
Reforço aqui a necessidade de se estudar a relação família/escola, onde o educador se esmera em considerar o educando, não perdendo de vista a globalidade da pessoa, percebendo que, o jovem, quando ingressa no sistema escolar, não deixa de ser filho, irmão, amigo, etc. 
A necessidade de se construir uma relação entre escola e família, deve ser para planejar, estabelecer compromissos e acordos mínimos para que o educando/filho tenha uma educação com qualidade tanto em casa quanto na escola. 
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Refletindo Sobre a Relação Família-Escola
Percebemos atualmente que a escola não pode viver sem a família e a família não pode viver sem a escola, pois uma depende da outra para alcançar seu maior objetivo. Objetivo este que é fazer com que o educando / filho aprenda para ter um futuro melhor e assim construir uma sociedade mais justa e digna para se viver. Conforme o Art.53 do Estatuto da Criança e do Adolescente (1990), A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa (...).
A escola necessita saber de que é uma instituição que complementa a família, e que ambos precisam ser um lugar agradável e afetivo para os alunos/filhos. Os pais e a escola devem ter princípios muito próximos para o benefício do filho/aluno (TIBA, 1996, p.140). Tal parceria implica em colocar-se no lugar do outro, e não apenas enquanto troca de favores, mas cooperando: supor afetos, permitir escolhas e desejos, para que a criança desenvolva-se integralmente. Se o educando/filho não cumpre as regras da escolaporque os pais o acobertam e discordam da escola, a criança aproveita destas divergências conquistando o que desejava. Pensar na parceria família/escola requer então aos professores inicialmente, uma tomada de consciência de que, as reuniões baseadas em temas teóricos e abstratos, reuniões para chamar a atenção dos pais sobre a lista de problemas dos filhos, sobre suas péssimas notas, reuniões muito extensas, sem planejamento adequado, onde só o professor pode falar, não têm proporcionado sequer a abertura para o iniciar de uma proposta de parceria, pois os pais faltam às reuniões, conversam paralelamente, parecem de fato não se interessar pela vida escolar das crianças. Portanto a construção dessa parceria é função inicial dos professores, pois transferir essa função à família somente reforça sentimentos de ansiedade, vergonha e incapacidade aos pais, uma vez que não são eles os especialistas em educação, não entendem de psicologia, desconhecem a didática, a sociologia, enfim, os resultados desta postura já se conhece muito bem: o afastamento da família.
As famílias não se encontram preparadas sequer para enfrentar, quanto mais para solucionar os problemas que os educadores de seus filhos lhes entregam e ou transferem nas reuniões de pais.
Como Tiba (2002, p. 67), Faz parte do instinto de perpetuação os pais cuidarem dos filhos, mas é a educação que os qualifica como seres civilizados. Atualmente nas escolas e em casa, os pais/educadores não sabem mais como fazer para que as crianças sejam disciplinadas.
Encontramos a resposta desta dificuldade nas próprias gerações, esta geração viveu a questão da disciplina de um modo peculiar e muito sofrido. A geração dos avós educou seus filhos de maneira patriarcal, com autoridade vertical. Devido a isso os pais viveram massacrados pelo autoritarismo. Com a intenção de não repetir o mesmo, estes criaram seus filhos de forma extremamente permissiva, aderindo a horizontalidade. Esta geração é o reflexo disso tudo, inclusive erro do instinto materno de se sentir culpada por ficar fora de casa o dia todo, pois trabalha fora. Se o filho tem problemas de disciplina na escola, a mãe pensa: onde foi que eu errei. A mãe continua transferindo para si toda a responsabilidade de educar seus filhos, e o pai não se sente cobrado da mesma maneira. Desde os primórdios o homem trazia o alimento para sua família e descansava enquanto a mulher preparava a refeição. Hoje ainda percebemos muito disso, por mais que tenhamos evoluído o que ficou registrado no ser humano dificilmente se altera. É necessária uma conscientização muito grande para que todos se sintam envolvidos neste processo de constantemente educar os filhos/educandos. É a sociedade inteira a responsável pela educação destas crianças, desta nova geração. Percebemos o quanto à mídia também influencia, e pouco lutamos para que isso não aconteça. Apenas temos consciência e nada fazemos. As novelas, propagandas e programas alteram tudo o que é colocado pelos pais. O que mais vemos são cenas de sexo/sexualidade, mentiras, corrupção e, como nada acontece com estas pessoas, tudo se torna muito natural para todos. Parece que a sociedade está viciada em ver assaltos, roubos, homicídios, atropelamentos por imprudência, e tantos outros que não vale aqui ressaltar. Mas, obrigatoriamente, precisamos fazer alguma coisa para mudar isso tudo.
Segundo Tiba (2002, p.74), As crianças precisam sentir que pertencem a uma família. Sabemos que a família é a base para qualquer ser, não referimos aqui somente família de sangue, mas também famílias construídas através de laços de afeto. Família, no sentido mais amplo, é um conjunto de pessoas que se unem pelo desejo de estarem juntas, de construírem algo e de se complementarem. É através dessas relações que as pessoas podem se tornar mais humanas, aprendendo a viver o jogo da afetividade de maneira adequada.
Conforme o que Tiba (1996, p. 13) nos diz, Recuperar a autoridade fisiológica não significa ser autoritário, cheio de desmandos, injustiças e inadequações. O que verificamos atualmente é que um grande número de pais acredita no falso mito da liberdade total. Libertam os filhos antes mesmo de eles terem criado asas para vôos mais altos, e o resultado disso é um comportamento desastroso na maioria das vezes. O adolescente que se deixa levar pelo impulso em direção ao prazer imediato (natural do ser imaturo) vai dirigir seu vôo para alturas inadequadas ao tamanho de suas asas, e, com certeza, se desorganizar e se ferir. E a permissividade dos pais será sentida como desinteresse, abandono, desamor, negligência. A família tem a função de sociabilizar e estruturar os filhos como seres humanos. A violência na infância e na adolescência, por exemplo, existe tanto nas camadas menos favorecidas como nas classes média e alta. O que faz a diferença é a capacidade da família estabelecer vínculos afetivos, unindo-se no amor e nas frustrações.
A família é o âmbito em que a criança vive suas maiores sensações de alegria, felicidade, prazer e amor, o campo de ação no qual experimenta tristezas, desencontros, brigas, ciúmes, medos e ódios.  Uma família sadia sempre tem momentos de grata e prazerosa emoção alternados com momentos de tristeza, discussões e desentendimentos, que serão reparados através do entendimento, do perdão, tão necessário, e da aprendizagem de como devemos nos preparar adequadamente para sermos cidadãos sociáveis. Conforme o Art. 19 do Estatuto da Criança e do Adolescente (1990): 
Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente livre da presença de pessoas dependentes de substâncias entorpecentes.
Sabemos que muito tem sido transferido da família para a escola, funções que eram das famílias: educação sexual, definição política, formação religiosa, caratê, dança, entre outros. Com isso a escola vai abandonando seu foco, e a família perde a função. Além disso, a escola não deve ser só um lugar de aprendizagem, mas também um campo de ação no qual haverá continuidade da vida afetiva. A escola que funciona como quintal da casa poderá desempenhar o papel de parceira na formação de um indivíduo inteiro e sadio. É na escola que deve se conscientizar a respeito dos problemas do planeta: destruição do meio ambiente, desvalorização de grupos menos favorecidos economicamente, etc. Deve-se falar sobre amizade, sobre a importância do grupo social, sobre questões afetivas.
Não é possível respeito aos educandos, à sua dignidade, a seu ser formando-se, à sua identidade fazendo-se, se não se levam em consideração às condições em que eles vêm existindo (...), (FREIRE, 1997, p. 71).
Acima de tudo, devemos respeitar o que a criança vivenciou, partindo desse pressuposto podemos vê-la de uma forma ou de outra, tanto no âmbito familiar quanto no escolar.
Está surgindo uma nova visão de escola, muito diferente do que tínhamos como entendimento durante anos, que fazer escola é disciplinar, é ensinar a obedecer sem saber exatamente o porquê e engavetar os sonhos e os projetos de crianças e adolescentes cheios de alegria e capazes de produzir conhecimento. Atualmente, as escolas estão buscando desenvolver uma prática de qualidade, mais atentas à formação global e holística, que proporciona às crianças a vivência da criatividade, da ludicidade, da relação escolafamília, da cooperação, da participação e do exercício da cidadania. A família inserindo-se na escola, indo mais além através de contatos informais, as conversas breves, onde cada escola e cada educador desenham em conjunto com a família, caminhos e alternativas de partilhamento. O propósito é que essa parceria se construa através de uma intervenção planejada e consciente, para que a escola possa criar espaços de reflexão e experiências de vida numa comunidade educativa, estabelecendo acima de tudo a aproximação entre as duas instituições (família-escola).
A necessidade de se estudara relação família e escola se sustenta e é reafirmada quando o educador se esmera por considerar o educando, sem perder de vista a globalidade da pessoa, ou seja, compreendendo que quando se ingressa no sistema escolar, não se deixa de ser filho, irmão, amigo etc. Os pais precisam ter consciência de que servem como exemplo para seus filhos, portanto sua responsabilidade é redobrada. Segundo Tiba (1996), Os filhos usam tudo aquilo que aprendem a seu favor. Se o filho percebe o quanto seus pais discordam e criticam a escola de seu filho, este fará o mesmo e desrespeitará os professores. Isso, por sua vez, irá distanciar ainda mais a família da escola. Os pais devem tentar entender o motivo da escola fazer de determinada maneira, através de diálogos sempre que for necessário. Ainda não inventaram melhor forma de trocar idéias do que o próprio diálogo, pois o olho-no-olho aproxima as pessoas e é mais provável que se chegue num denominador comum.
É uma relação permeada pelos mais diversos fatores: o sofrimento dos pais por afastarem seus filhos de si mesmos; os desejos de que a escola lhes ofereça o melhor, em todos os aspectos; a necessidade da garantia dos melhores cuidados para com as crianças; os ciúmes que sentem os pais ao dividirem os filhos com os professores; o medo do fracasso escolar; as projeções dos próprios fracassos compensados através dos filhos; o pouco interesse pela vida escolar dos filhos; as superexigências dos pais; as atitudes de aceitação ou não dos filhos; as questões de rejeição ou negligência; as dificuldades pessoais dos pais; o contexto sócio-econômico-histórico em que se fundamenta a família; a permissividade ou o autoritarismo; as relações de amor e hostilidade; a violência contra os filhos, ou entre familiares; as atitudes, padrões e valores morais da família; o relacionamento entre casal e filhos; doenças, separação, desemprego; os diferentes modelos de organização familiar, ou seja, está implícito tudo o que determinada família tem em seu histórico. É uma relação que deve ter acima de tudo vínculo, pois através do vínculo família-escola. A escola, portanto também necessita dessa relação de cooperação com a família, pois os professores precisam conhecer as dinâmicas internas e o universo sócio-cultural vivenciados pelos seus alunos, para que possam respeitá-los, compreendê-los e tenham condições de intervirem no providenciar de um desenvolvimento nas expressões de sucesso e não de fracasso diagnosticado. Precisam ainda, dessa relação de parceria, para poderem também compartilhar com a família os aspectos de conduta do filho: aproveitamento escolar, qualidade na realização das tarefas, relacionamento com professores e colegas, atitudes, valores, respeito às regras. Segundo Grossi (2000, p. 205), O conhecimento só é conhecimento porque é socializável..., ou seja, só podemos partir de um ponto se o conhecemos. Tanto a família quanto a escola só pode ter um objetivo em comum com determinismo e persistência se souber como o educando / filho está no outro ambiente (familiar/escolar). Caso contrário ambos caminham de forma transversal ou cada um para um lado; paralelo, mas na contramão.
Como temos no Parágrafo único do Capítulo IV do Estatuto da Criança e do Adolescente (1990), É direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo pedagógico, bem como participar da definição das propostas educacionais, ou seja, trazer estas famílias no convívio escolar já está prescrito no Estatuto da Criança e do Adolescente e o que falta é concretizá-lo. Devemos pensar no que se espera fazer, pois Pensar é ponderar o que se quer e o que é viável, é avaliar o que se deseja e o realizável, conforme diz Ramos (2001, p.217).
A necessidade de se construir uma relação entre escola e família, deve ser para planejar, estabelecer compromissos e acordos mínimos para que o educando/filho tenha uma educação com qualidade tanto em casa quanto na escola. Construindo uma parceria dando sustentação no papel da família no desempenho escolar dos filhos e o papel da escola na construção de personalidades autônoma.
A relação escola-família se resume no respeito mútuo, o que significa tornar paralelos os papéis de pais e professores, para que os pais garantam as possibilidades de exporem suas opiniões, ouvirem os professores sem receio de serem avaliados, criticados, trocarem pontos de vista. O objetivo é conscientizar a escola do papel que possui na construção dessa parceria: a intervenção pedagógica a estas questões, deve ser no sentido de considerar a necessidade da família vivenciar reflexões que lhes possibilitem a reconstrução da auto-estima, afim de que se sintam primeiramente compreendidos e não acusados, recepcionados e não rejeitados, pela instituição escola, além de que esta última possa fazê-los sentir-se reconhecidos e fortalecidos enquanto parceiros nesta relação.  Segundo Tiba (2002, p. 123), Felicidade não é fazer tudo o que se tem vontade, mas ficar feliz com o que se está fazendo.
Graziela Sutter
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Sites consultados: 
http://bp1.blogger.com/
http://g1.globo.com
http://www.artigonal.com/ciencia-artigos
http://www.promenino.org.br/Ferramentas/DireitosdasCriancaseAdolescentes
http://www.webartigos.com/articles/926/1/refletindo-sobre-a-relacao-familia---escola/
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Vídeos:
http://www.youtube.com/watch?v=bXhVHyS7M2w
http://www.youtube.com/watch?v=SGaEjo74ovE&feature=PlayList&p=78B50EB0DCF5F037&index=26
http://www.youtube.com/watch?v=RWFclkYGe08&feature=PlayList&p=78B50EB0DCF5F037&index=27
http://www.youtube.com/watch?v=m-fenqEUz3M&feature=PlayList&p=78B50EB0DCF5F037&index=28
http://www.youtube.com/watch?v=A0T9xOAcDMw&feature=PlayList&p=78B50EB0DCF5F037&index=32
http://www.youtube.com/watch?v=7ME2sDyehPk

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