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ESCOLA DO PENSAMENTO ECONÔMICO BRASILEIRO
	Escolas
	Considerações
	Cepal
	Criada em 1948
Principal responsável pela projeção de suas idéias: Raul Prebisch (argentino). Criticou a Teoria das Vantagens Comparativas
Conferência anual da Cepal de 1953: Parceria BNDE-CEPAL
	Roberto Simonsen
	Roberto Cochrane Simonsen nasceu em Santos, SP, em 18 de fevereiro de 1889.
Engenheiro civil, concluiu seu curso na Escola Politécnica de São Paulo, em 1909. Em 1912, assumiu a chefia da Diretoria Geral da Prefeitura de Santos, cargo que deixou poucos meses depois para fundar a Companhia Construtora de Santos, empresa que realizou obras de grande porte na cidade, inclusive no setor de planejamento urbano. Adepto do taylorismo, Simonsen racionalizou o funcionamento de sua empresa, obtendo excelentes resultados do ponto de vista de sua produtividade.
Nos anos seguintes, ampliou seus negócios, passando a investir em outros setores, como a indústria. Em 1916, fundou e passou a presidir o Centro dos Construtores e Industriais de Santos, que objetivava oferecer assistência aos trabalhadores, ao mesmo tempo que inovava as relações entre patrões e empregados no Brasil ao instituir, pela primeira vez no país, uma junta de conciliação, que funcionava sem qualquer caráter oficial.
Com o tempo, suas ideias e propostas acerca dos rumos da economia brasileira ganharam prestígio. Em 1919, participou com destaque da missão comercial brasileira enviada à Inglaterra, onde fez a defesa da participação de capitais e tecnologias estrangeiras no desenvolvimento econômico brasileiro. Ainda nesse mesmo ano, foi nomeado representante brasileiro no Congresso Internacional dos Industriais de Algodão, realizado em Paris, e na Conferência Internacional do Trabalho, ocorrida em Washington.
Em 1928, os industriais paulistas, que até então se faziam representar na Associação Comercial de São Paulo, decidiram abandonar a entidade para fundar uma outra que representasse exclusivamente os seus interesses. Foi criado, então, o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP), de cuja primeira diretoria Roberto Simonsen fez parte como vice-presidente. Nas eleições presidenciais de 1930, a diretoria do CIESP apoiou o candidato situacionista Júlio Prestes. Apesar de vitorioso nas urnas, Prestes não chegou a tomar posse, uma vez que Getúlio Vargas, o candidato derrotado, à frente de um movimento revolucionário, assumiu o governo em novembro de 1930, depois do afastamento do presidente Washington Luís.
Em 1932, Simonsen assumiu papel destacado na direção do Movimento Constitucionalista de São Paulo, deflagrado contra o governo federal. Ficou sob sua responsabilidade, por exemplo, a condução do processo de adaptação do parque industrial paulista à economia de guerra, além de outras funções importantes. Com a derrota do movimento, em outubro de 1932, exilou-se durante um mês em Buenos Aires.
Ainda em 1932, criou em São Paulo o Instituto de Organização Racional do Trabalho (Idort). Em seguida, presidiu o Instituto de Engenharia de São Paulo e colaborou na fundação da Escola Livre de Sociologia e Política do estado, onde mais tarde lecionaria história econômica do Brasil.
Em 1933, elegeu-se à Assembleia Nacional Constituinte como deputado classista, representando as entidades sindicais do empresariado. Durante os trabalhos da Assembleia, combateu, junto com a maioria da bancada paulista, a inclusão da representação classista na nova Carta, o que, contudo, acabou ocorrendo. Fez ainda a defesa da intervenção estatal na economia e da legislação social e trabalhista. Em 1934, após a conclusão dos trabalhos constituintes, obteve novo mandato de deputado classista, agora para a legislatura ordinária que se iniciou em maio de 1935. Nesse mesmo ano, assumiu a presidência da Confederação Industrial do Brasil (CIB), posteriormente rebatizada como Confederação Nacional da Indústria (CNI). Em 1937, assumiu a presidência da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP).
Não se opôs à instalação da ditadura do Estado Novo por Vargas, em novembro de 1937. Durante a vigência desse regime, foi ativo colaborador do governo, destacando-se nos trabalhos de órgãos técnicos governamentais voltados ao fomento das atividades econômicas. Em 1942, foi nomeado para o conselho consultivo da Coordenação de Mobilização Econômica, órgão federal que desempenhou importante papel na condução da economia brasileira no contexto da Segunda Guerra Mundial.
A partir do final do Estado Novo, ganhou destaque nas instâncias governamentais e na imprensa a polêmica travada entre Simonsen, defensor da planificação econômica, e o economista Eugênio Gudin, defensor de teses ultraliberais contrárias à intervenção estatal.
Com o fim do Estado Novo e a redemocratização do país, ingressou no Partido Social Democrático (PSD), pelo qual elegeu-se senador por São Paulo, em 1947. Um ano antes, havia se tornado o primeiro economista a conquistar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras (ABL).
Morreu no Rio de Janeiro, em 1948, exatamente durante uma solenidade na ABL.
[Fonte: Dicionário Histórico Biográfico Brasileiro pós 1930. 2ª ed. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2001]
	Eugênio Gudin
	Eugênio Gudin Filho nasceu no Rio de Janeiro, em 1886.
Formou-se em engenharia em 1905 pela Escola Politécnica do Rio de Janeiro. Nos anos seguintes, trabalhou em empresas estrangeiras atuantes no Brasil, como a Light, a Pernambuco Tramway and Power Co. e a Great Western of Brazil Railway Co. , da qual seria diretor-geral por quase 30 anos. Passou a interessar-se por economia na década de 20 e, entre 1924 e 1926, publicou seus primeiros artigos sobre matéria econômica em O Jornal, do Rio de Janeiro, do qual também foi diretor. Em 1929, tornou-se diretor da Western Telegraph Co., cargo que ocuparia até 1954.
A partir da década de 30, passou a integrar importantes órgãos técnicos e consultivos de coordenação econômica criados pelo governo federal. Participou da fundação, em 1938, da Faculdade de Ciências Econômicas e Administrativas, mais tarde incorporada à Universidade do Brasil, instituição na qual exerceria o magistério até aposentar-se, em 1957. Por seu pioneirismo no ensino superior de economia no Brasil, foi designado pelo ministro da Educação, Gustavo Capanema, a redigir, em 1944, o projeto de lei que institucionalizava o referido curso no país.
Na década de 40, nos debates travados no interior dos órgãos técnicos do governo federal, Gudin apresentava-se como um crítico das medidas econômicas protecionistas e um defensor decidido da liberdade de atuação para o capital estrangeiro, da igualdade de tratamento dado a este e ao capital nacional, e da abolição das restrições à remessa de lucros para o exterior. Nesse sentido, protagonizou acirrado debate com o industrial paulista Roberto Simonsen, defensor de uma planificação econômica estatal que protegesse a indústria nacional e restringisse a atuação do capital estrangeiro no país. Adepto do monetarismo ortodoxo, para Gudin os problemas da economia brasileira deveriam ser enfrentados por um rígido controle da inflação baseado na redução de investimentos públicos e na restrição ao crédito.
Em 1943, participou do I Congresso Brasileiro de Economia e, no ano seguinte, foi escolhido delegado brasileiro à Conferência Monetária Internacional, realizada em Bretton Woods (EUA), que decidiu pela criação do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Internacional para a Reconstrução e o Desenvolvimento (BIRD). Essa conferência foi marcada pela retomada dos postulados liberais, defendidos por Gudin, na condução das relações de comércio internacional, em contraste com o predomínio de políticas protecionistas nos anos anteriores. Entre 1951 e 1955, representou o governo brasileiro junto ao FMI e ao BIRD.
No início da década de 50, integrou a Comissão de Anteprojeto da Legislação do Petróleo, tendo discordado das restrições impostas a atuação do capital estrangeiro no setor. Em seguida, colocou-se frontalmente contrário à criaçãoda Petrobrás e à instituição do monopólio estatal do petróleo. Ligado à União Democrática Nacional (UDN), apoiou decididamente, em artigos na imprensa, a campanha promovida contra Vargas, que acabaria por levar ao suicídio do presidente, em agosto de 1954.
No mês seguinte, com a posse do vice-presidente João Café Filho, foi nomeado ministro da Fazenda. Promoveu, então, uma política de estabilização econômica baseada no corte das despesas públicas e na contenção da expansão monetária e do crédito, o que provocou a crise de setores da indústria. Sua passagem pela pasta da Fazenda foi marcada, ainda, pela decretação da Instrução 113, da Superintendência da Moeda e do Crédito (Sumoc), que facilitava os investimentos estrangeiros no país, e que seria largamente utilizada no governo de Juscelino Kubitscheck. Foi por determinação sua também que o imposto de renda sobre os salários passou a ser descontado na fonte.
Deixou o ministério em abril de 1955. No ano seguinte, passou a integrar a diretoria da Associação Econômica Internacional, entidade que presidiu a partir de 1959.
Durante o governo de João Goulart, publicava sistematicamente artigos na imprensa contra o presidente, defendendo a sua deposição. Nesse sentido, apoiou o golpe militar de março de 1964, que afastou Goulart do poder.
Vice-presidente da Fundação Getúlio Vargas entre 1960 e 1976, instituição com a qual mantinha vínculos desde a década de 40, foi um dos responsáveis pela implantação, nessa instituição, do Instituto Brasileiro de Economia (IBRE) e da Escola de Pós-Graduação em Economia (EPGE), dos quais tornou-se diretor.
Morreu no Rio de Janeiro, em 1986.
[Fonte: Dicionário Histórico Biográfico Brasileiro pós 1930. 2ª ed. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2001]
	Celso Furtado
	Celso Monteiro Furtado nasceu a 26 de julho de 1920 em Pombal, no sertão paraibano, filho de Maria Alice Monteiro Furtado, de família de proprietários de terra, e Maurício de Medeiros Furtado, de família de magistrados. Após seus estudos secundários no Liceu Paraibano e no Ginásio Pernambucano do Recife, chega ao Rio em 1939, entra para a Faculdade Nacional de Direito e começa a trabalhar como jornalista na Revista da Semana. Em 1943, é aprovado no concurso do DASP para assistente de organização, indo trabalhar no Rio e em Niterói. No ano seguinte, cursa o CPOR, conclui o curso de Direito e é convocado para a Força Expedicionária Brasileira. Com a patente de aspirante a oficial, segue para a Itália, servindo, na Toscana, como oficial de ligação junto ao V Exército norte-americano, e sofre um acidente em missão durante a ofensiva final dos aliados no Norte da Itália. 
Em 1946, ganha o prêmio Franklin D. Roosevelt, do Instituto Brasil-Estados Unidos, com o ensaio "Trajetória da democracia na América". Viaja para a França, inscreve-se no curso de doutoramento em economia da Universidade de Paris-Sorbonne, e no Instituto de Ciências Políticas. Envia reportagens para a Revista da Semana, Panfleto e Observador econômico e financeiro, entre outras, narrando sua experiência como integrante de uma brigada francesa de reconstrução de uma estrada na Bósnia, e sua participação no Festival da Juventude em Praga. Em 1948, é feito doutor em economia pela Universidade de Paris, com a tese "L'économie coloniale brésilienne", dirigida por Maurice Byé, obtendo a menção très bien. De volta ao Brasil, retoma o trabalho no DASP e junta-se ao quadro de economistas da Fundação Getúlio Vargas, trabalhando na revista Conjuntura econômica. Casa-se com Lucia Tosi. 
Em 1949, instala-se em Santiago do Chile para integrar a recém-criada Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL), órgão das Nações Unidas que se transformará na única escola de pensamento econômico surgida no Terceiro Mundo. Nasce seu filho Mário. No ano seguinte, quando o economista argentino Raúl Presbisch assume a secretaria-executiva da CEPAL, é nomeado Diretor da Divisão de Desenvolvimento, e até 1957 cumpre missões em diversos países do continente, como Argentina, México, Venezuela, Equador, Peru e Costa Rica, e visita universidades norte-americanas onde então se inicia o debate sobre os aspectos teóricos do desenvolvimento. É de 1950 seu primeiro ensaio de análise econômica, "Características gerais da economia brasileira", publicado na Revista brasileira de economia, da FGV. Em 1952, "Formação de capital e desenvolvimento econômico" é seu primeiro artigo de circulação internacional, traduzido para o International Economic Papers, da Associação Internacional de Economia. 
Em 1953, preside no Rio o Grupo Misto CEPAL-BNDE, que elabora um estudo sobre a economia brasileira, com ênfase especial nas técnicas de planejamento. O relatório do Grupo Misto, editado em 1955, será a base do Plano de Metas do governo de Juscelino Kubitschek. Em 1954, com um grupo de amigos, cria o Clube de Economistas, que lança a revista Econômica Brasileira. Nasce seu filho André. Em 1956, mora na Cidade do México, em missão da CEPAL. Passa o ano letivo de 1957-58 no King's College da Universidade de Cambridge, Inglaterra, a convite do professor Nicholas Kaldor. Aí escreve a Formação econômica do Brasil, que será seu livro mais difundido. 
De volta ao Brasil, desliga-se definitivamente da CEPAL e assume uma diretoria do BNDE. É nomeado, pelo presidente Kubitschek, interventor no Grupo de Trabalho para o Desenvolvimento do Nordeste. Elabora para o governo federal o estudo "Uma política de desenvolvimento para o Nordeste", origem da criação, em 1959, da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE), com sede no Recife. Em 1961, como seu superintendente, encontra-se em Washington com o presidente John Kennedy, cujo governo decide apoiar um programa de cooperação com o órgão, e, semanas depois, com o ministro Ernesto Che Guevara, chefe da delegação cubana à conferência de Punta del Este, para discutir o programa da Aliança para o Progresso. Em 1962 é nomeado, no regime parlamentar, o primeiro titular do Ministério do Planejamento, quando elabora o Plano Trienal apresentado ao país pelo presidente João Goulart por ocasião do plebiscito visando a confirmar o parlamentarismo ou a restabelecer o presidencialismo. No ano seguinte deixa o Ministério do Planejamento e retorna à Superintendência da SUDENE, quando concebe e implanta a política de incentivos fiscais para os investimentos na região. 
O Ato Institucional nº 1, publicado três dias depois do golpe militar de 31 de março de 1964, cassa os seus direitos políticos por dez anos. Têm início seus anos de exílio. Ainda em abril, aceita um convite para dar seminários em Santiago do Chile. Meses depois, em New Haven, Estados Unidos, será pesquisador graduado do Instituto de Estudos do Desenvolvimento da Universidade de Yale. Faz conferências em diversas universidades norte-americanas e participa de vários congressos sobre a problemática do Terceiro Mundo. Em 1965, muda-se para a França, a convite da Faculdade de Direito e Ciências Econômicas da Universidade de Paris, e assume a cátedra de professor de Desenvolvimento Econômico. É o primeiro estrangeiro nomeado para uma universidade francesa, por decreto presidencial do general de Gaulle. Permanecerá nos quadros da Sorbonne por vinte anos. Em junho de 1968 vem ao Brasil pela primeira vez após sua cassação, a convite da Câmara dos Deputados. No correr do decênio de 1970, faz diversas viagens a países da África, Ásia e América Latina, em missão de agências das Nações Unidas. No mesmo decênio, é professor-visitante da American University, em Washington, da Columbia University, em Nova York, da Universidade Católica de São Paulo e da Universidade de Cambridge, onde é o primeiro ocupante da cátedra Simon Bolívar e é feito Fellow do King's College. Entre 1978-81, integra o Conselho Acadêmico da recém-criada Universidade das Nações Unidas, em Tóquio. No mesmo período, recebe um mandato do Commitee for Developement Planning, da ONU. Entre 1982-85, como diretor de pesquisas da Ecole des Hautes Études en Sciences Sociales, dirige em Parisseminários sobre a economia brasileira e internacional. 
A partir de 1979, quando é votada a Lei da Anistia, retorna com frequência ao Brasil, reinsere-se na vida política e é eleito membro do Diretório Nacional do PMDB. Casa-se com a jornalista Rosa Freire d'Aguiar. Em janeiro de 1985 é convidado pelo recém-eleito presidente Tancredo Neves para participar da Comissão do Plano de Ação do Governo. É nomeado embaixador do Brasil junto à Comunidade Econômica Européia, em Bruxelas, assumindo o posto em setembro. Integra a Comissão de Estudos Constitucionais, presidida por Afonso Arinos, para elaborar um projeto de nova Constituição. Em março de 1986 é nomeado ministro da Cultura do governo do presidente José Sarney; sob sua iniciativa, é aprovada a primeira lei de incentivos fiscais à cultura. Em julho de 1988 pede demissão do cargo, retornando às atividades acadêmicas no Brasil e no exterior. 
De 1987-90 integra a South Commission, criada e presidida pelo presidente Julius Nyerere, e formada por países do Terceiro Mundo para formular uma política para o Sul. Entre 1993-95 é um dos doze membros da Comissão Mundial para a Cultura e o Desenvolvimento, da ONU/UNESCO, presidida por Javier Pérez de Cuéllar. Entre 1996-98 integra a Comissão Internacional de Bioética da UNESCO. Em 1997 é organizado em Paris, pela Maison des Sciences de l'Homme e a UNESCO, o congresso internacional "A contribuição de Celso Furtado para os estudos do desenvolvimento", reunindo especialistas do Brasil, Estados Unidos, França, Itália, México, Polônia e Suíça. No mesmo ano é criado pela Academia de Ciências do Terceiro Mundo, com sede em Trieste (Itália), o Prêmio Internacional Celso Furtado, conferido a cada dois anos ao melhor trabalho de um cientista do Terceiro Mundo no campo da economia política. É Doutor Honoris Causa das universidades Técnica de Lisboa, Estadual de Campinas-UNICAMP, Federal de Brasília, Federal do Rio Grande do Sul, Federal da Paraíba e da Université Pierre Mendès-France, de Grenoble, França. 
Em agosto de 1997 é eleito para a cadeira nº 11 da Academia Brasileira de Letras. Empossado em 31 de outubro, é saudado pelo Acadêmico Eduardo Portella.
	Maria da Conceição Tavares
	Nasceu em Anadia, Portugal no dia 24 de abril de 1930. Casada duas vezes, é mãe de dois filhos e tem dois netos. Diplomou-se em matemática na Universidade de Lisboa em 1953. Sentindo-se sufocada pelo regime fascista português, veio para o Brasil em fevereiro de 1954. Conceição chegou em plena folia de carnaval e apaixonou-se pela música e alegria do povo brasileiro. Nas suas palavras: “Quando saí de Portugal, os problemas lá eram democracia, humanismo, terror. Já no Brasil, eram injustiça social, o atraso e a presença do imperialismo”. Vivendo a euforia dos anos dourados do Governo Juscelino Kubitschek,  decidiu nacionalizar-se brasileira. Também mudou de profissão, pois se matriculou no curso de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde se graduou com suma cum lauda (Prêmio Visconde de Cairu) em 1960. É amplamente considerada como a mais brilhante economista brasileira.
Ainda estudante de economia trabalhou no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE), fazendo um estudo matemático sobre a distribuição de renda no Brasil. Sobre esta experiência relatou anos mais tarde: deparei-me com as estatísticas. Este país é uma desigualdade só... Compreendi então [em 1958 ]as dificuldades das tentativas de construção de uma “democracia nos trópicos”. Não dá para pensar o país com as categorias européias. O Brasil não suporta teses progressistas definitivas, é sempre recorrente: quando se pensa que uma coisa acabou, ela volta.
É cientista rigorosa, de sólida formação intelectual, e foi professora de várias gerações de economistas, no atual Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IE/UFRJ) e no Instituto de Economia da Universidade de Campinas (UNICAMP) no Estado de São Paulo. Fato que é motivo de grande orgulho por parte da mestra, que quando presa em 1975, no Aeroporto do Galeão no Rio de Janeiro, afirmava nos porões do regime “Eu sou uma professora, eu sou uma professora”. Foi criadora, junto com Mário Henrique Simonsen, Delfim Netto e João Paulo dos Reis Velloso da pós-graduação em economia no Brasil. Fora do meio acadêmico tornou-se conhecida como militante da causa democrática e crítica feroz da política econômica do regime militar. Seus livros e artigos escritos ao longo de mais de 40 anos de atividade intelectual, demonstram sua preocupação permanente em pensar o Brasil. Um dos seus ensaios mais brilhantes, “Auge e Declínio do Processo de Substituição de Importações”, publicado em 1972, é um marco no estudo do processo de industrialização do Brasil e tornou-se um clássico na literatura econômica da América Latina. Nesse trabalho concluía que todas as formas de acumulação capitalista inventadas no Brasil eram desequalizadoras. O problema era o modelo de inserção do país no capitalismo, dinâmico, mas excludente. Avançando na interpretação da realidade brasileira, a professora Maria da Conceição faz uma ruptura fundamental  com a visão clássica da industrialização; essas novas hipóteses foram escritas em suas teses de livre docente e professor titular:  Acumulação de Capital e industrialização do Brasil (1975) e Ciclo e Crise: o movimento recente da economia brasileira(1978). Esses textos são praticamente obrigatórios no ensino de economia no país, o que demonstra a importância da autora no meio acadêmico nacional e latino-americano. Essas obras e as dezenas de artigos que tem publicado sobre a economia brasileira a credenciam como a  principal estudiosa do desenvolvimento nacional, e são leituras obrigatórias para os pesquisadores da economia brasileira contemporânea. É conhecida nacionalmente pela forma apaixonada e veemente com que defende suas ideias e ataca a pobreza e a exclusão. Seus artigos e livros foram traduzidos por toda América Latina. Conceição foi ainda pesquisadora da CEPAL/ONU e pesquisadora visitante de inúmeras universidades estrangeiras e órgãos internacionais.
Em grande medida, o seu prestígio acadêmico contribuiu para a sua eleição para a Câmara Federal, pela legenda do PT/RJ, em 1994, com uma expressiva votação. No parlamento, durante a legislatura de 1995 a 1999, destacou-se como uma crítica feroz da política econômica implantada pelo governo, chamando atenção dos colegas parlamentares para os riscos da política cambial e para a destruição do patrimônio público nacional. Foi membro da Comissão de Finanças da Câmara Federal onde participou de debates memoráveis com o ministro da Fazenda. Destacou-se como uma  deputada que fez de sua representação um mandato coletivo; trabalhando com projetos partidários e não defendendo projetos individuais, afirma sempre que se todos os deputados fizessem apenas um projeto anual teríamos ao cabo do mandato cerca de 2000 projetos com os teores mais variados e provavelmente sem serventia para a sociedade. Terminado o mandato em 1998 não quis voltar ao Parlamento Brasileiro. É comentarista econômica do jornal A Folha de São Paulo desde 1993, com a coluna “Lições Contemporâneas”. 
Prêmios, Distinções e Títulos: Prêmio Visconde de Cairú, UFRJ, 1960. Medalha de Honra da Inconfidência, Governo de Minas Gerais, abril/1986. Grau de Oficial da Ordem de Rio Branco, Ministério das Relações Exteriores, maio/1986. Grau de Comendador do Governo de Portugal, 1987. Ordem ao Mérito do Trabalho, Ministério do Trabalho, 1987. Professora Emérita, UFRJ, 1993. Medalha Bernardo O’Higgins da República do Chile, 1998. Prêmio Almirante Álvaro Alberto de Ciência e Tecnologia, 2012.
Obras: Publicou os seguintes livros: Da Substituição de Importações ao Capitalismo Financeiro. Zahar, Rio de Janeiro, 1972 (12 edições, duas estrangeiras); Acumulação de Capital e Industrialização no Brasil. 1975 e 1986; Ciclo e Crise: O movimento recente da economia brasileira. UFRJ, 1979;  A economia política da crise. 1982 (5 edições);  O grande salto para o caos.Em colaboração com José Carlos de Assis, Rio de Janeiro, 1985 (2 edições);  Aquarela Collorida - A Política Econômica do Governo Collor. 1991; Japão: Um caso exemplar de capitalismo organizado. Colab. Ernani Torres Filho e Leonardo Burlamaqui, 1991;  (Des)ajuste global e modernização conservadora. Com José Luís Fiori, 1993;  Lições contemporâneas de uma economista popular. 1994; Poder e Dinheiro, com José Luis Fiori. 1997; Estados e Moedas no Desenvolvimento das Nações com José Luis Fiori (organizadores), Celso Furtado e o Brasil, (Organizadora), 2000; Publicou dezenas de capítulos de livros e artigos em revistas nacionais e internacionais. Por ocasião de seus 80 anos foram lançados pela comunidade acadêmica dois ensaios em sua homenagem: “Desenvolvimento e Igualdade: homenagem aos 80 anos de Maria da Conceição Tavares”, João Sicsu e Douglas Portari (orgs), Brasília, IPEA, 2010. Desenvolvimento Econômico e Crise: ensaios em comemoração aos 80 anos de Maria da Conceição Tavares”, Luiz Carlos Delorme Prado (org), Rio de Janeiro Editora Contraponto, 2012.  
	Oswaldo Sunkel
	Osvaldo Sunkel nació en Puerto Montt, Chile, en 1929. Estudió Economía y Administración en la Universidad de Chile y realizó cursos de postgrado en CEPAL y London School of Economics and Political Science.
Desde 1952 ha estado vinculado a CEPAL y la Universidad de Chile, entre 1975 y 1986 al Institute of Development Studies de la Universidad de Sussex, y desde 1987 a la Corporación de Investigaciones para el Desarrollo (CINDE), de la cual es Presidente desde 1991.
Para CEPAL trabajó en numerosos países de América Latina, especialmente en Méxifco, Brasil, Chile, Panamá y Centroamérica. Fue fundador y Director de la Oficina de CEPAL en Brasil entre 1959 y 1961, y se incorporó, desde su creación en 1962, al Instituto Latinoamericano de Planificación Económica y Social (ILPES), en el cual dirigió el Programa de Capacitación y posteriormente el Proyecto de Investigaciones del Desarrollo; después creó y dirigió la Unidad de Desarrollo y Medio Ambiente CEPAL/PNUMA (1978-1987). En 1987 fue designado por CEPAL y el Instituto de Cooperación Iberoamericana Director de Pensamiento Iberoamericano - Revista de Economía Política y desde 1988 hasta el 2002 se desempeñó como Asesor Especial del Secretario Ejecutivo de CEPAL.
En la Universidad de Chile comenzó su actividad académica en 1955 en la Facultad de Ciencias Económicas y Administrativas llegando a ser Profesor Titular. Fue además cofundador y Profesor-Investigador del Instituto de Estudios Internacionales (1967-1973), Coordinador del Programa de Desarrollo Sustentable (1994 - 2001), Director del  Centro de Análisis de Políticas Públicas (1997-2001) y Fundador y Director del Instituto de Asuntos Públicos  (2001 - 2003).
En la Corporación de Investigaciones para el Desarrollo presidió entre 1990 y 1994 el FORO 90, un programa conjunto de CIEPLAN, CPU, Instituto de Ciencia Política de la Universidad Católica y FLACSO sobre La Transformación Democrática del Estado y la Sociedad Civil; y desde 1997 es Corresponsable, con el Presidente del Diálogo Interamericano, del Programa de Promoción de la  Reforma Educativa en América Latina (PREAL).
En 1975 fue nombrado Professorial Fellow del Institute of Development Studies de la Universidad de Sussex (1975 - 1986). Además ha  sido Profesor Visitante de  FLACSO y la Universidad Católica de Chile en Santiago, El Colegio de México, la Universidad de París, la Max Planck Gesellschaft, y las Universidades de Texas en Austin (Cátedra Tinker), de Duke, de California (Los Angeles) y de Florida (Bacardi Eminent Scholar Chair).
Desde 1969 hasta 1975 fue miembro del Joint Committee of Latin American Studies del Social Science Research Council y el  American Council of Learned Societies de los Estado Unidos. En 1992 fue elegido Miembro de Número de la Academia de Ciencias Sociales del Instituto de Chile. En 1994 recibió el Premio Kalman Silvert, la máxima distinción de la Latin American Studies Association. En 1995 fue nombrado Miembro Correspondiente de la Academia Colombiana de Ciencias Económicas; en 1996 fue elegido Miembro del International Scientific Advisory Board de UNESCO. Durante 1997-1998 fue Presidente del Comité Organizador de la V Conferencia Bienal de la Sociedad Internacional de Economía Ecológica.
Es autor e coautor de más de 30 libros y cerca de 150 artículos publicados en diversos países e idiomas sobre inflación, desarrollo económico, historia socioeconómica, relaciones internacionales, integración latinoamericana, medio ambiente y desarrollo sustentable. 
Su libro más conocido es El Subdesarrollo Latinoamericano y la Teoría del Desarrollo, (con Pedro Paz), Siglo XXI, México,  publicado originalmente en 1970 y que lleva actualmente más de 30 ediciones.
Sus libros más recientes son: Debt and  Development Crises in Latin America, the End of an Illusion, (conf Stephany Griffith-Jones), Oxford University Press 1986 y 1988 (publicado también en español y portugués):  El desarrollo desde dentro:  un enfoque neostructuralista para América Latina, (Ed.), Fondo de Cultura Económica, México 1991 y 1995 (publicado también por Lynne Rienner en inglés 1993); Rebuilding Capitalism:  Alternative Roads after Socialism and Dirigisme, University of Michigan Press, 1994 (Ed. Con A. Solimano y M. Blejer); Sustentabilidad Ambiental del Crecimiento Económico Chileno, Universidad de Chile, Santiago 1996 y 1997, Globalization and the New Regionalism (Ed. con B. Hettne y A. Inotai), Mcmillan, Londres, 1999 - 2000, (5 volúmenes).
Sus artículos más recientes son: "The Unbearable Lightness of Neoliberalism", en Ch. H. Wood and B. R. Roberts,  Rethinking Development in Latin America, Penn State University Press, 2005, 2006; "En busca del desarrollo perdido", Problemas del Desarrollo. Revista Latinoamericana de Economía, UNAM, México, octubre-diciembre, 2006; "La sostenibilidad del desarrollo vigente en América Latina", en J. Aromando (compilador), El desafío de la Globalización en América Latina, J. Baudino Ediciones, Buenos Aires, 2006; "Los grandes giros de la política económica chilena", Las Estrategias de Desarrollo en Chile: Una Mirada Global , Fundación Felipe Herrera, Santiago 2007; "Hacia un crecimiento incluyente",  FORO Chile 21, noviembre 2006, (con Ricardo Infante), "The Precarious Sustainability of Democracy in Latin America", Björn Hettne (Ed.),  Sustainable Development in a Globalizad World, Palgrave Macmillan, UK, 2008,  publicado también en Canadian Journal of Latin American and Caribbean Studies, Vol. 32, No. 64, 2007, y en español en Cuadernos del CENDES No. 68, mayo-agosto 2008, La precaria sostenibilidad de la democracia en Latinoamérica.
	Mario Henrique Simonsen
	Oficial da Reserva da Marinha formou-se em Engenharia Civil com especialização em Engenharia Econômica e Economia atuando como Consultor de inúmeras empresas privadas e ligando-se à Fundação Getúlio Vargas onde ocupou várias funções passando a dirigir a Escola de Pós-Graduação em Economia a partir de 1965. Consagrado como técnico desde o início da sua carreira profissional participou ativamente da instituição da correção monetária, da formulação da política salarial e de diversos estudos vinculados às áreas cambial, industrial e habitacional particularmente no Governo do Marechal Humberto de Alencar Castello Branco. Esteve à frente do MOBRAL (Fundação Movimento Brasileiro de Alfabetização) durante o Governo do Presidente Emílio Garrastazu Médici. Convidado pelo Presidente Ernesto Geisel para exercer o cargo de Ministro da Fazenda executou com firmeza uma política econômica destinada a enfrentar a crise internacional decorrente da elevação abrupta dos preços do petróleo em 1973 obtendo-se índices satisfatórios de crescimento do produto real e dos níveis de emprego desde então ao mesmo tempo em que se superava com êxito a inflação reprimida aguda existente no início de 1974. Dada a prioridade do Balanço de Pagamentos traçou uma estratégia de substituição de importaçõesde insumos básicos e de revigoramento da política de comércio exterior concedendo maiores financiamentos às exportações as quais se elevaram de US$ 6.198 mil dólares (1973) para US$ 12.659 mil dólares (1978) com significativa presença dos produtos manufaturados onde tiveram lugar de destaque os incentivos estabelecidos pela CIEX (Comissão de Incentivos às Exportações) e pela BEFIEX (Comissão para Concessão de Benefícios Fiscais e Programas Especiais de Exportação) além das rodadas de negociações no âmbito do GATT (General Agreement on Tariffs and Trade/Acordo Geral de Tarifas Aduaneiras e Comércio) paralelamente aos acordos com os EUA (crédito-prêmio do IPI - Imposto sobre Produtos Industrializados). Consolidou com o desenvolvimento de novos cursos a formação de recursos humanos a cargo da Escola de Administração Fazendária (ESAF). Com ampla participação de todos os segmentos da sociedade notadamente a área empresarial aperfeiçoou a política fiscal introduzindo o sistema de bases correntes no imposto de renda além de obter do Congresso Nacional a nova Lei das Sociedades por Ações (Lei nº 6.404 de 15.12.1976) e criar a Comissão de Valores Mobiliários entidade autárquica vinculada ao Ministério da Fazenda (Lei nº 6.385 de 07.12.1976) visando a fortalecer o mercado brasileiro de capitais e o sistema da livre empresa. Em 1979 ocupou o Ministério do Planejamento por cerca de cinco meses no Governo do Presidente João Baptista de Oliveira Figueiredo.
Escreveu vários livros sendo que na sua bibliografia destaca-se o seguinte:
 
- Teoria microeconómica. 3ª ed. Rio de Janeiro Fundação Getúlio Vargas 1977.
- Macroeconomia. 4ª ed. Rio de Janeiro APEC Ed. 1978-79.
	Instituto de Economia da Unicamp
	Escola de Campinas nasceu com a criação de sua pós-graduação, em 1974, a partir do retorno de professores que estavam no Chile devido ao golpe militar que derrubou o governo socialista de Salvador Allende, em setembro de 1973. 
Qual foi o tema comum nos primórdios da Escola? Reinterpretar o capitalismo brasileiro do ponto de vista endógeno, não apenas focalizando sua relação de subordinação. Utilizou, para isso, novas teorias, abandonando a síntese keynesiana-neoclássica em que se baseava a Escola da Cepal. Esta geração estudou o marxismo nos cursos de Economia Política. A tese de doutorado do Belluzzo [Luiz Gonzaga de Mello Belluzzo], por exemplo, foi sobre a teoria do valor em Marx. Estudaram também Kalecki, muito mais que Keynes, por aquele ter elaborado Teoria da Dinâmica Econômica. Estudaram Teoria do Oligopólio de autores que nenhuma outra escola estudava, entre outros, Steindl, Labini, Bain. 
 Fundada no fim dos anos 60, a Unicamp foi espécie de campo de resistência dos economistas de oposição à ditadura militar. Com a democracia, alguns foram chamados para propor soluções contra a inflação, juntamente com o grupo da PUC-Rio, implantaram o Plano Cruzado, em 1986. A tentativa conjunta de estabilização fracassou, mas foi a imagem dos economistas da Unicamp que terminou abalada, principalmente por conta do descongelamento de preços, logo após a eleição de novembro de 1986. 
	Teoria Estruturalista
Cepalisnos
	Na esteira deste debate os desenvolvimentistas cepalinos estabeleceram uma forte influência por meio da apresentação de uma teoria do desenvolvimento que daria o estofo teórico necessário para questionar as teses dos liberais agraristas e fortalecer o argumento de Roberto Simonsen
	USP
	Durante o regime militar, em que Delfim Neto comandou a política econômica brasileira, também foi marcado pelo predomínio de uma escola: a Universidade de São Paulo (USP), que forneceu os economistas para os principais cargos da área econômica. 
	FGV
	No passado, outros centros de estudos obtiveram a hegemonia na condução da política econômica, como foi o caso da Fundação Getúlio Vargas (FGV), nas épocas de Gudin e Simonsen, mas nenhum deles por tanto tempo.
Foi o maior polo de discussão econômica dos anos 50.
	Ignácio Rangel
	Estudioso de finanças
Obra: Inflação Brasileira (1963)
Processo de substituição de importações
Fez adaptação do materialismo histórico marxista
Reforma agrária
	Pilares do pensamento da Escola de Campinas
	Karl Marx
Schumpeter
John Maynard Keynes
	PUC – Rio de Janeiro
	Eles achavam que era preciso acabar com o uso do protecionismo e com a política industrial que premiava com crédito barato e altas tarifas alfandegárias empresas ineficientes. 
O grupo defendia também políticas fiscais e monetárias de controle da demanda agregada, que dessem suporte à troca da moeda e à desindexação da economia. Executaram política de câmbio fixo, cujo objetivo básico era o câmbio ser espécie de âncora, que impediria a explosão inflacionária, mas que levou à sobrevalorização da moeda nacional, equívoco básico.
Crítica do Delfim Neto identificou, nos conceitos e ideias veiculadas pelo grupo de economistas da PUC-Rio, “um misto de pretensão cientifica e boa dose de ideologia”. Considerou “brilhante” a forma como o grupo derrotou a inflação, com o uso da URV, mas advertia que ele deixaria a dívida pública interna em nível extremamente elevado e passivo externo líquido alarmante, que exigiria do governo Lula ação muito efetiva de estimulo às exportações e de substituição de importações. Para ele, a pior herança da “hegemonia” da PUC-Rio foi “a perda da ideia de que o desenvolvimento é o importante”. Fim da hegemonia da PUC-Rio:
O fim do governo FHC marcou o ocaso da mais duradoura hegemonia de uma única Faculdade de Economia na condução da política econômica do país. Em dezembro de 2002, o grupo de economistas originários da Pontificia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) completou 9 anos e 7 meses no comando das decisões econômicas. 
	Desenvolvimentistas
	Dá-se o nome de desenvolvimentismo a qualquer tipo de política econômica baseada na meta de crescimento da produção industrial e da infraestrutura, com participação ativa do estado, como base da economia e o consequente aumento do consumo.
O desenvolvimentismo é uma política de resultados, e foi aplicado essencialmente em sistemas econômicos capitalistas, como no Brasil (governo JK) e no governo militar, quando ocorreu o "milagre econômico brasileiro", bem como na Espanha (franquismo). O trabalho está centrado na noção de ciclos de desenvolvimento no Brasil ao longo do século XX e a sua retomada no início do século XXI a partir da identificação das correntes de pensamento do desenvolvimento econômico brasileiro. A começar pelo nacional desenvolvimentismo que teve seu auge na década de 50, a tradição de um Estado indutor do desenvolvimento (desenvolvimentistas nacionalistas e do setor público) predominou na história recente do país deixando marcas na formação da sociedade e ditando a dinâmica das transformações sociais. O golpe de 1964 deu outro tom ao desenvolvimento, com a ascensão dos desenvolvimentistas governistas (desenvolvimentistas do setor privado e parte dos nacionalistas), e logo após enfrentou um longo período de decadência até os anos 80. Entendido como um grilhão do passado militar, as políticas desenvolvimentistas bem como as suas forças políticas que as apoiavam passou a ser identificadas com o "pesado passado militar" que tinha de ser superado. Desde então o país se mostrou um terreno fértil as influências externas do neoliberalismo que ganharam força na década de 90. O rápido esgotamento desse ideário levou ao reagrupamento dos intelectuais que no passado pensaram o desenvolvimentismo como uma alternativa para o desenvolvimento do país. O movimento ganhou mais consistência no início dos anos 2000 com pensadores - não apenas economistas, apesar de ser maioria - de várias gerações e linhas de pensamento em um novo ciclo que se inicia e recebeu o nome de novo desenvolvimentismo. Não estamos em seu auge, mas certamente em um momento de importantes definições de novas correntes dentro desse novo movimento e de identificação de influências, que superam as do antigo desenvolvimentismo.Do ponto de vista político, a primeira experiência desenvolvimentista ocorreu em 1928 com o governo Vargas no estado do Rio Grande do Sul. Ricardo Bielschowsky (1995) identifica essa origem com Vargas ocupando a presidência em 1930. O processo de industrialização via que o modelo de substituição de importações ganhou impulso em 1930 como forma de reação à crise econômica mundial de 1929. Esse projeto de industrialização começou sob impulso de iniciativas estatais, com políticas protecionistas, de empréstimos e isenções fiscais para investidores privados, que então alocavam seus capitais nos setores de bens de consumo não duráveis.
	Pensamento neoliberal
	No neoliberalismo, o Brasil experimenta uma nova fase do desenvolvimento capitalista que se inicia nos governos FHC e se aprofunda sob a direção dos governos Lula e Dilma. Na esteira das transformações estruturais, constatase o surgimento de uma ideologia que se propõe como guia dos rumos do desenvolvimento capitalista brasileiro, o novo desenvolvimentismo. 
	Guido Mantega
	Obra: A Economia Política Brasileira (1984)
 
Na concepção de Mantega o pensamento econômico brasileiro torna-se economia política a partir da publicação de Formação Economia do Brasil por Celso Furtado em 1959. Em suas palavras “após muitos anos de análises parciais e fragmentadas sobre este ou aquele aspecto da economia brasileira, vinha a público um trabalho de fôlego que, respaldado num sólido arcabouço teórico, procurava concatenar os vários aspectos da dinâmica do nosso sistema econômico. Depois deste primeiro esforço mais sistemático vão se produzindo contribuições teóricas que poderiam ser agrupadas em modelos que representam as três principais correntes de pensamento brasileiro, quais sejam, Modelo Democrático-burguês, Modelo de Subdesenvolvimento Capitalista e o Modelo de Substituição de Importações.
É pelas mãos de autores brasileiros como Celso Furtado, Francisco de Oliveira e os marxistas da Teoria da Dependência como Ruy Mauro Marini e Theotônio dos Santos que o subdesenvolvimento deixa de ser visto como uma fase anterior ao pleno desenvolvimento
	Ricardo Bielchkowsky
	Pensamento Econômico Brasileiro: o ciclo ideológico do desenvolvimentismo – 1930-1964.
Bielschowsky (1988) utiliza-se, então, da noção de ciclo ideológico, para unificar a produção do período de referência no que chama de “sistema desenvolvimentista”. O pensamento deste período não fora desenvolvido em círculos teórico-acadêmicos; ele foi essencialmente engajado politicamente na discussão do processo de industrialização brasileira. Desta forma, ele identifica cinco correntes de pensamento no Brasil – o neoliberalismo, o desenvolvimentismo via setor privado, o desenvolvimentismo via setor público nacionalista, o desenvolvimentismo via setor público não-nacionalista e o socialismo – definidas através de seus projetos econômicos básicos tomando como referência o conceito de desenvolvimentismo
Diante desse cenário histórico de grandes transformações sociais, autores de distintas filiações políticas e ideológicas —Alberto Guerreiro Ramos, Álvaro Vieira Pinto, Caio Prado Jr., Celso Furtado, Darcy Ribeiro, Florestan Fernandes, Hélio Jaguaribe, Ignácio Rangel, Josué de Castro, Milton Santos, Nelson Werneck Sodré, Paulo Freire, Roberto Campos, Ruy Mauro Marini e outros — discutiram uma série de questões sobre a formação econômicosocial brasileira, como a industrialização, a inserção do Brasil na divisão internacional do trabalho, o subdesenvolvimento, a dualidade, o Estado, as alianças políticas entre classes e grupos sociais, a educação, a fome, o território, as populações nativas etc. Esse acalorado debate entrou para história do pensamento econômico como a controvérsia da revolução brasileira, na qual grupos e classes sociais ganharam voz nas obras dos seus representantes ideológicos e disputaram a direção intelectualmoral do país. A disputa entre liberais, desenvolvimentistas e marxistas foi intensa, e o nacionaldesenvolvimentismo foi uma das ideologias mais proeminentes e merece ser aqui resgatada para uma posterior comparação com o novo desenvolvimentismo.
 E o que defendiam os clássicos do nacionaldesenvolvimentismo? Em primeiro lugar, tinham como ponto de partida as questões estruturais, levando em conta os múltiplos aspectos da realidade. É um equívoco colocar Celso Furtado na caixinha departamental da economia, ou Florestan Fernandes na da sociologia, Caio Prado na de historiador e assim por diante. Eles trabalharam a partir de uma perspectiva multidisciplinar, explicitando suas concepções do mundo e seus propósitos políticoideológicos. A neutralidade do cientista social, tão propugnada pelos positivistas, passou ao largo da controvérsia da revolução brasileira. Em termos gerais, eles partiram das questões externas que envolvem o Brasil desde a sua fundação como colônia. Um panorama introdutório a esses autores está presente no livro O Brasil em evidência: a utopia do desenvolvimento, organizado por Martins e Munteal, 2012. 
 Sobre a controvérsia da revolução brasileira no pensamento econômico brasileiro, nossa formação econômicosocial é entendida como subordinado aos interesses das nações colonialistas e imperialistas. O sistema capitalista criou, sincronicamente, a partir das relações de exploração e dominação entre as nações do Norte e do Sul, o desenvolvimento do centro e o subdesenvolvimento da periferia, que teria como uma das suas marcas a dualidade entre setores produtivos (indústria e agricultura) e regiões (Sudeste e Nordeste). A dependência foi tratada como um elementochave da controvérsia, e os reformistas viram nas políticas nacionalistas de protecionismo econômico, controle cambial e restrição ao envio de lucros ao exterior uma saída para os nossos crônicos déficits na balança de pagamentos. Considerado uma estrutura acima das classes sociais e das suas lutas, o Estado foi elencado pelos setores reformistas como o ator central das transformações necessárias para a superação do subdesenvolvimento, capaz de soldar interesses antagônicos dos trabalhadores e dos burgueses industriais, conciliando o inconciliável. Segundo as análises dualistas, o atraso (colonial, feudal e/ou semifeudal) seria uma barreira ao moderno (capitalismo) e precisava ser removido. Defendiam reformas típicas das revoluções democráticoburguesas, como a agrária, a tributária, a consolidação de leis trabalhistas (especialmente dos trabalhadores rurais), o direito ao sufrágio universal, a livre organização classista e um conjunto de políticas econômicas para a geração de emprego e aumento da massa salarial. Ou seja, as reformas da revolução democráticoburguesa tocariam em elementos estruturais do subdesenvolvimento, tendo como base social organizações da classe trabalhadora coligadas com setores progressistas da intelectualidade e com uma burguesia nacional, sob a bênção de um pacto social orquestrado e sancionado pelo Estado. Esta aposta desenvolvimentista para a ruptura com o atraso foi abortada pelo golpe de 1964. As ilusões sobre um passado feudal/semifeudal e da existência de uma mítica burguesia nacional — denunciadas por Caio Prado Jr., Florestan Fernandes, Octávio Ianni, Ruy Mauro Marini, Theotônio dos Santos — pagaram seu devido preço naquela conjuntura, que terminou com um trágico desfecho. O pior é constatar que essas ilusões, derrotadas no passado no campo políticomilitar, voltam ao presente sob uma escola do pensamento econômico que retoma o antigo desenvolvimentismo com o prefixo “novo” (neo) sem algumas mediações históricas necessárias. A velha tragédia ganha, desta maneira, contornos de uma farsa contemporânea.
O NOVO DESENVOLVIMENTISMO E SUAS CORRENTES 
O neoliberalismo surgiu na América Latina com a instauração da autocracia burguesa nos anos 1970. Em 1973, a via chilena para o socialismo foi interrompida pelo golpe liderado pelo general Pinochet, que implementou medidas neoliberais propostas por economistas monetaristas da escola de Chicago. Em 1976, o golpe naArgentina fez algo parecido no campo da economia, bem como na violação dos direitos humanos. A segunda fase do neoliberalismo no continente ocorreu nos anos 1980, quando presidentes foram eleitos com uma plataforma tipicamente liberal. Desta forma, ao contrário dos anos 1970, o neoliberalismo ressurgiu na região a partir de pleitos eleitorais da democracia representativa. A partir de então até o início do século XXI, a agenda política da região girou em torno do Consenso de Washington, que previa uma série de medidas para acabar com a crise da dívida externa, a estagnação econômica e os altos índices inflacionários. Em essência, as medidas do Consenso representaram a vitória políticocultural da burguesia rentista e prepararam o terreno para a inserção da América Latina na etapa contemporânea do imperialismo, na qual a região se torna uma plataforma de valorização dos capitais estrangeiros por meio de compras e expropriações maciças de bens públicos e da especulação financeira. Já na década de 1990, os danos sociais da agenda neoliberal foram sentidos com maior intensidade. Brasil, México e Argentina viram cadeias dos parques produtivos ser desmontadas e alguns setores desnacionalizados. O desempenho macroeconômico foi pífio: baixas taxas de crescimento, desequilíbrios nos balanços de pagamentos (com graves crises cambiais), déficits públicos crescentes e aumento das dívidas públicas internas. E os efeitos sobre expressões da “questão social” também foram desastrosos: aumento do desemprego estrutural e do pauperismo (absoluto e relativo) e perda de direitos sociais básicos, como a precarização das relações trabalhistas e a privatização de bens públicos, como saúde, previdência e educação. Diante desses primeiros sinais do desgaste do neoliberalismo, percebeuse uma dupla movimentação na política regional: de um lado, as classes dominantes readequaram o seu projeto de supremacia, incorporando uma agenda de intervenção focalizada nas expressões mais explosivas da “questão social”, naquilo que se convencionou chamar de socialliberalismo; assim, a supremacia burguesa ganhou novo fôlego (que se mostra cada vez mais exaurido) e persiste até hoje. De outro, uma mobilização política das classes subalternas antagônica ao neoliberalismo levou à derrubada de governantes alinhados ao Consenso de Washington (Argentina, Bolívia, Equador, Peru) e à eleição de coalizações partidárias com posições antineoliberais (Venezuela, Brasil, Argentina, Bolívia, Equador, Uruguai). Em alguns casos, as lideranças não mantiveram a sua linha de resistência após a posse e aderiram ao neoliberalismo por intermédio do socialliberalismo: o governo Lula é o caso mais emblemático dessa adesão ao projeto de supremacia burguesa. Em outras situações, a resistência popular radicalizouse e desencadeou processos guiados pelo socialismo del siglo XXI, como a revolução bolivariana na Venezuela. O novo desenvolvimentismo surgiu no século XXI após o neoliberalismo experimentar sinais de esgotamento, e logo se apresentou como uma terceira via, tanto ao projeto liberal quanto do socialismo. Os primeiros escritos do novo desenvolvimentismo brasileiro apareceram no primeiro mandato do governo Lula no tinteiro de Luiz Carlos Bresser Pereira, exministro da Reforma do Estado, professor emérito da FGVSP e então intelectual orgânico do PSDB. Em 2004, Bresser Pereira publicou na Folha de S.Paulo um artigo intitulado “O novo desenvolvimentismo”, no qual defendia uma estratégia de desenvolvimento nacional para romper com a ortodoxia convencional do neoliberalismo. Segundo seus apontamentos, o novo desenvolvimentismo se diferenciaria do nacionaldesenvolvimentismo em três pontos: maior abertura do comércio internacional; maior investimento privado na infraestrutura e maior preocupação com a estabilidade macroeconômica. “Em síntese”, escreve Bresser Pereira (2004, p. 23), “o mercado e o setor privado têm, hoje, um papel maior do que tiveram entre 1930 e 1980: a forma do planejamento deve ser menos sistemática e mais estratégica ou oportunista, visando permitir que as empresas nacionais compitam na economia globalizada”. O novo desenvolvimentismo brasileiro emergiu, portanto, do seio da intelectualidade tucana que implementou o neoliberalismo no país.
INFLAÇÃO: MONETARISTAS E ESTRUTURALISTAS 
Vivian Fürstenau * 
* Economista, Mestrado em Economia pela UNICAMP/SP. 
A resolução de partir dessas duas escolas prende-se ao fato de que os diversos autores que tratam a questão da inflação, inclusive atualmente, apresentam resquícios ou ate se baseiam totalmente em uma e/ou outra destas escolas. A presente análise pretende apenas fazer um levantamento das diferentes avaliações e sugestões, relativas ao processo inflacionário, apresentadas por essas duas correntes de pensamento, que continuam influenciando decisivamente as resoluções tomadas a respeito da economia brasileira. A primeira parte deste trabalho trata da visão dos monetaristas a respeito das causas do processo inflacionário e as formas de atuação propostas para minimizá-lo ou controla-lo. Nessa parte são contemplados autores que trataram o problema da inflação sob o ponto de vista da teoria monetarista, mas que consideraram especificamente o caso do Brasil. Tal enfoque deve-se ao fato de que as economias subdesenvolvidas têm características diferentes das desenvolvidas, tornando-se, assim, bastante mais complexa a avaliação dos fenômenos econômicos e a elaboração de alternativas eficazes para conter o processo inflacionário. Apresentaremos a visão dos Cepalinos sobre as economias latino-americanas frente à questão da inflação, presente na maioria delas. Esses pensadores fazem uma analise global da realidade desses países, identificando as especificidades de suas economias e, somente a partir dessa avaliação, sugerem programas alternativos. São apresentadas algumas tentativas de avaliação da eficácia e das intenções das duas correntes e de sua comparação, feitas por alguns autores com o intuito de estabelecer uma visão crítica sobre o pensamento existente. 
 I — Monetaristas A Teoria Quantitativa supõe uma relação de proporcionalidade entre a demanda de moeda e o produto nacional.
 Assim , qualquer acréscimo no volume dos meios de pagamento deverá originar um acréscimo proporcional no montante do dispêndio. A explicação sumária para o fenômeno é a seguinte: um aumento na oferta de moeda gera, como primeiro impacto, um encaixe excedente nas mãos das empresas e dos indivíduos. De posse desse encaixe excedente, os indivíduos e as empresas aumentarão seus gastos. Este aumento da despesa provocará igual incremento do produto nominal — via aumento da produção ou dos preços, elevando consequentemente a procura de moeda. 
Desta forma, o combate à inflação passa a concentrar-se em apenas duas linhas complementares: a contenção monetária e a supressão dos focos de aumento autônomo de custos. A primeira é terapêutica infalível para a inflação de demanda. A valer a teoria, os fatores de pressão sobre a procura só levam à alta dos preços à medida que provoquem o aumento dos meios de pagamento. A única linha complementar de ação que se torna necessária à contenção dos focos de aumentos de custos, para assegurar a flexibilidade das variações do nível de preços. Se estas variações são rigidamente impostas pelo Governo, pelos sindicatos ou por quaisquer outros agentes institucionais, a contenção da oferta de moeda pode refletir –se apenas numa penosa recessão do produto. 
Nesse mesmo sentido, tem-se as recomendações do Fundo Monetário Internacional (FMI) para os países subdesenvolvidos: "as emissões monetárias representam o centro nervoso de todas as inflações e são um ponto vital no qual podem ser atacadas". "Para que uma restrição de crédito seja efetiva, deverá forçar os homens de negócios a vender bens a preços mais baixos do que haviam previsto, a miúdo com perda; deverá ser financeiramente impossível para eles aumentar taxas de salários e deverá produzir-se certo numero de desemprego. Seuma política de restrição do crédito não é suficientemente severa para fazer estas coisas, tampouco será suficientemente severa para alcançar seu objetivo." Para o FMI, a inflação ocorre porque há uma demanda excessiva sobre os recursos disponíveis (para investimento, para consumo). Havendo emissão, o aumento dos meios de pagamento permite o aumento dos preços. Assim, o tratamento recomendado supõe uma substancial contração do meio circulante em todos os níveis. Esta é a política recomendada como forma de obter a estabilidade. Concluindo, tanto para Simonsen quanto para o FMI, o ingrediente principal de qualquer programa de estabilização é a contenção monetária. A viabilidade de um programa de estabilização gradualista a qual Simonsen discute , estabelece a distinção entre três componentes que determinam a taxa de inflação e que devem ser considerados diferentemente em qualquer programa de estabilização: a componente autônoma, a de realimentação e a de regulagem pela demanda. "A componente autônoma e, por definição, aquela que independe da inflação do período anterior, sendo determinada por fatores de ordem institucional (reajustes arbitrários de salários, da taxa de câmbio, de impostos indiretos), ou de natureza acidental (altas de preços provenientes de más safras etc) . A componente de realimentação é definida como aquela que resulta da inflação do período anterior. Trata-se essencialmente de uma alta de preços provocada pela tentativa, de reconstituição, pelos agentes econômicos, de uma participação no produto nacional.
 Partindo dessas duas componentes, a alta de preços sofre um efeito regulador de intensidade da demanda. Se esta cresce em ritmo exagerado em relação a capacidade produtiva, é provável que a taxa de inflação seja impelida além daquilo que seria justificado pela superposição das componentes autônomas e de realimentação. De acordo com o autor citado, qualquer plano de combate a inflação torna-se impossível sem a redução substancial da inflação autônoma e do coeficiente de realimentação. No caso de baixa intensidade da inflação autônoma e do componente de realimentação, pode ser viável a estabilização sem controles sobre a demanda. O sucesso de tal programa gradualista dependeria da moderação do coeficiente de realimentação. 
Essa moderação "se costuma conseguir pela política de reversão de expectativas, pela revisão dos critérios de reajustes salariais, etc. Os resultados, no entanto, poderão ser frustrados se a comunidade perceber que a inflação está sendo reduzida a passo de cagado, ou se os empresários sentirem que a sua tentativa de operar com um coeficiente de realimentação elevado não costuma ser punida pelo mercado". Em resumo, o êxito da política gradualista fica condicionado a manutenção de um coeficiente de realimentação suficientemente pequeno, o que pode-se tornar bastante difícil. A redução da componente de realimentação da inflação é tanto mais difícil quanto mais longo o período inflacionário anterior. Isto é, torna-se difícil baixar subitamente a inflação devido à repetição, durante vários anos, de aumento de preços. 
A primeira fórmula para obter a ruptura do coeficiente de realimentação é a indução psicológica — a política de reversão das expectativas. "Trata-se de convencer os agentes econômicos de que a inflação vai acabar ou, pelo menos, baixar substancialmente. Essa é uma arma que deve ser utilizada em qualquer programa de estabilização, mas cujos resultados podem ser limitados. Uma geração habituada à inflação, e que já assistiu a inúmeras promessas frustradas de contenção da alta de preços, pode resistir pela indiferença à política governamental de persuasão". Outra forma de reduzir o coeficiente de realimentação é o controle de preços, 1° com o qual deve-se ter o cuidado de significar apenas um tabelamento que seria estabelecido pelo mercado futuramente. Na hipótese de haver um controle de preços que não obedeça a esta condição, isto pode degenerar num fator de contínua distorção da alocação de recursos. A partir das dificuldades enumeradas acima relativamente a um programa de estabilização gradualista, Simonsen defende um processo de estabilização com crise, ou seja, na sua opinião, para garantir que a estabilização se efetive, é necessário que se regule a demanda e seja aceito um recesso transitório do produto real.
 II - CEPAL —INFLAÇÃO E OS PROBLEMAS ESTRUTURAIS DAS ECONOMIAS EM DESENVOLVIMENTO
 A CEPAL sustenta em seus estudos que o processo inflacionário dos países latino-americanos deve ser analisado à luz de uma interpretação própria, que seria distinta e muito mais complexa do que aquela tradicionalmente empregada no caso dos países desenvolvidos. Para os cepalinos, é um erro considerar-se a inflação como um fenômeno puramente monetário. A inflação explica-se pelos desajustes e tensões econômicas e sociais que surgem no desenvolvimento econômico dos países latino-americanos. E somente concebem uma política antiinflacionária como parte integrante da política de desenvolvimento. O desenvolvimento econômico exige contínuas transformações no método de produzir, na estrutura econômica e social e na distribuição da renda. Não realizar a tempo estas transformações, ou faze-las de modo imparcial e incompleto leva aos desajustes ou às tensões que promovem a erupção de forças inflacionarias sempre latentes e muito poderosas no seio da economia latino-americana. Dessa forma, para os cepalinos, nas economias em desenvolvimento, o nível geral de preços reflete principalmente o maior ou menor êxito dos reajustes da estrutura econômico-social que são necessários para possibilitar e dinamizar o crescimento. Nesse aspecto, os estruturalistas arrolam os seguintes fatores, dos quais, no seu entender, depende que o processo seja vítima ou não de desequilíbrios agudos ou crônicos de caráter inflacionário.
 EVOLUÇÃO DO SETOR EXTERNO
 O setor externo e, sobretudo, as exportações representam um elemento chave para conduzir, sem maiores tensões, a transformação e diversificação da estrutura produtiva. Podem surgir pressões inflacionárias no caso de movimentos bruscos e consideráveis do setor externo. "Se se trata de uma contração que não pode enfrentar-se recorrendo a reservas ou créditos em divisas”.
 A componente de regulagem da demanda funcionaria como redutora da inflação autônoma. A crise decorrente, segundo o autor, seria apenas transitória e o seu grau seria determinado por três fatores: pela rapidez com que se deseja a redução da inflação, pelo coeficiente de realimentação e pela elasticidade da taxa de inflação às variações na demanda global. Por outro lado, no mesmo trabalho de Simonsen é sugerida a possibilidade de que ocorra uma crise crônica de crescimento, no caso de os preços se manterem abaixo da inflação e não se efetivar uma redução da inflação autônoma e de realimentação. Este seria um processo de crise sem estabilização.
 Será necessário escolher entre a deflação interna e uma política compensatória". Sendo escolhida a segunda alternativa, o esforço para aumentar o nível de renda e demanda suscitaria pressões inflacionárias, uma vez que, mesmo havendo o desvio de uma parcela dos recursos para produção interna, ela não poderia reagir de imediato e sem alta de preços. Por outro lado, se o poder de compra das exportações não aumenta o suficiente — problema de mercado para os bens — para satisfazer os novos pedidos de bens importados decorrentes do aumento da renda, haverá uma pressão crônica sobre o Balanço de Pagamento e as consequências previsíveis sobre os preços. Podem ser efetuadas desvalorizações que, se por um lado aliviam a pressão, por outro são também um mecanismo de propagação inflacionária e não resolvem a causa principal do desequilíbrio. 
RAPIDEZ E PROFUNDIDADE DO PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO DA ECONOMIA
 Nos países em desenvolvimento, as mudanças experimentadas pela estrutura tradicional tiveram lugar num prazo excessivamente curto. Por outro lado, uma vez que grande parte da oferta se originava do exterior, a estruturade produção teve de ajustar-se a um padrão relativamente diversificado de demanda. Assim, o processo de mudança estrutural com rápida e intensa realocação de fatores traz, inevitavelmente, mudanças substanciais no sistema de preços. Isto ocorre porque os novos setores dinâmicos melhoram sua posição relativa, para o que contribuem os diferentes controles do setor externo e incentivos â produção interna, bem como a reduzida "flexibilidade em relação à baixa" dos outros bens, uma vez que a expansão interna também os favorece.
 A FLEXIBILIDADE DO SISTEMA PRODUTIVO PARA ADAPTAR-SE AOS REQUISITOS DE UM 'DESENVOLVIMENTO PARA DENTRO" 
Essas condições são dadas, em primeiro lugar, pelo grau de diversificação que alcançou o sistema, incluindo-se o capital social básico, a capacidade ociosa, a mão-de-obra etc; em segundo lugar, pela variedade e riqueza de recursos naturais e, em terceiro lugar, pela dimensão do mercado que, quanto menor, maiores serão as dificuldades e maior o efeito sobre os preços. A organização social e institucional o processo de desenvolvimento seguramente leva a mudanças relativas de preços e provavelmente à elevação em seu nível geral. Isso implica que haverá também modificações na distribuição da renda, já que os diferentes grupos ou indivíduos serão afetados de maneira desigual por aquelas mudanças. Nessas circunstancias, o comportamento e a reação dos grupos sociais frente a essas alterações revestem-se de excepcional importância. Se o comportamento é passivo, a acomodação será mais fácil e com menores efeitos sobre os preços. Caso contrário, em que os grupos estão em condições de tentar conservar sua posição anterior, ter-se-á um foco de pressões inflacionárias. 
POLÍTICA ECONÔMICA 
A partir da análise de todos esses fatores e sua influência sobre o sistema de preços, cujo conhecimento os estruturalistas consideram de fundamental importância para o estabelecimento de políticas adequadas, há que se efetuar algumas considerações a respeito de política econômica nos países em desenvolvimento. Em primeiro lugar, nos estudos da CEPAL o fator tempo tem uma significação primordial. A curto prazo, as circunstancias naturais ou alheias ao país gravitam com mais força que a longo prazo, restringindo consideravelmente as alternativas de conduta. Além disto, existe a influencia de resoluções tomadas no passado criando limitações. Sob este angulo o que se deve apreciar a necessidade de que a política econômica considere os problemas futuros, possibilitando o aumento do seu raio de manobra. 
A POLÍTICA DE SUBSTITUIÇÃO DE IMPORTAÇÕES
No esquema analítico da CEPAL, as exportações são um fator limitativo do crescimento, ou seja, o aumento das importações, derivado de um aumento da renda, deve ser proporcional ao aumento das exportações necessárias para cobri-lo. Consequentemente, para possibilitar um crescimento da renda a um ritmo superior ao das exportações, é necessário substituir importações. No caso de países latino-americanos, as exportações crescem pouco e até diminuem, o que amplia a necessidade e o alcance do processo substitutivo. De acordo com as recomendações da CEPAL, esta política de substituição de importações não deve ser improvisada e nem responder aos desequilíbrios do comercio externo, isto é, torna-se indispensável antecipar as medidas substitutivas sem esperar que o desequilíbrio as imponha. O momento de acentuar a política substitutiva dar-se-ia precisamente nas fases em que as exportações crescem, havendo, assim, maiores recursos para importar bens de capital. Não obstante, deve ser considerada a economicidade da substituição de importações, uma vez que, paradoxalmente, a industrialização leva a um novo tipo de vulnerabilidade exterior através da necessidade de importar bens indispensáveis e impostergáveis à implantação das novas indústrias. Assim, deve ser observado que a produção de certo tipo de bens de consumo é menos econômica que a de outros bens, sendo preferível importá-los, melhorando a margem comprimível de importações, condição essencial da flexibilidade anticíclica. 
Os estruturalistas partem da premissa - contrariamente aos monetaristas - de que as decisões de política econômica não se adotam em um "vazio", mas no marco de um conjunto de realidades objetivas que as condicionam e em certo grau as determinam.
 A CEPAL admite a utilização dós controles fiscais, monetários e sociais de curto prazo — recomendados pelos ortodoxos — no caso de países ameaçados por uma inflação crescente. O que difere da política de estabilização dos monetaristas diz respeito á que essas medidas refreadoras de curto prazo não devem afetar os investimentos isto é, em vez de baixar seu volume a um hipotético nível de poupança "adequado deve-se propor a elevação dessa poupança a um nível que permita, pelo menos, sustentar o processo de formação de capital, do qual depende decisivamente o alivio dos desajustes básicos. Os instrumentos monetários são considerados também um ponto de apoio imprescindível, mas, segundo a CEPAL, não, podem-se limitar a levantar comportas diretas ou indiretas à expansão da moeda circulante ou a colocar como fato indiscutível a restrição das emissões. Neste sentido, nos países em que as instituições estatais- controlam parte considerável da expansão monetária, há um campo amplo, para o manejo seletivo, da, expansão creditícia.
 
 
 ALGUMAS QUESTÕES SOBRE A CONCEPÇÃO MONETARÍSTA E ESTRUTURALISTA 
Considerando, inicialmente, a avaliação e as proposições dos monetaristas com relação a inflação, observa-se que aparentemente partem de uma visão imediatista, pois consideram apenas fatores superficiais, estabelecendo uma terapêutica baseada no controle das manifestações e não das causas do processo inflacionário. Dessa forma, propõem apenas medidas monetárias visando a contração dos meios de pagamento, através da retração das emissões, do controle do crédito e dos aumentos salariais. 
No entanto, deve ser analisado o caráter ideológico existente por trás das propostas dos monetaristas. Estas proposições têm um caráter restrito de classe, pois ao colocar os aumentos salariais como causa e não consequência do processo inflacionário, enfrentam a inflação através de sacrifícios exatamente daquela parte da população que é a mais atingida pelo processo inflacionário. Agrega-se a isso que "em sua aplicação nos países subdesenvolvidos e dependentes, a 'teoria da renda' se amplia com a incorporação de um novo elemento: os fatores das tensões inflacionárias seriam, supostamente, não só os aumentos de salários, como também os aumentos de investimentos. Isso significa que, nos países subdesenvolvidos, a 'teoria da renda' não se satisfaz com o jejum dos assalariados, pois convida a abstinência forçada, em nome dos monopólios internacionais, também os capitalistas nativos desses países. 
No mesmo sentido, tem-se a avaliação para o qual as recomendações dos monetaristas, no caso de países como o Brasil, se baseiam numa filosofia de atração do capital estrangeiro. "Para fazer coincidir os instrumentos de combate à inflação com as facilidades e incentivos ao capital estrangeiro, atribuiu-se papel de destaque, a contenção do crédito e dos salários. A restrição do crédito viria a ter o efeito inevitável de acentuar a concentração do capital nas mãos das grandes empresas (na maioria estrangeiras) e manter as finanças do país sob a dependência de entidades financeiras internacionais. A contenção salarial iria contar sempre com o apoio da classe patronal, prejudicada com a restrição do crédito, e que assim podia transferir essa restrição sobre as costas das assalariados. Para o autor em pauta, atribuir a inflação a um excesso de procura de bens e serviços, num pais em que a maioria da população passa privações, serve para explicar uma política de restrição do crédito e dos salários. Assim, a escola tradicional só se preocupa com o excesso de procura, já que assim convém a sua ideologia. 
Por outro lado, Ignácio Rangel, no seu livro "A Inflação Brasileira",analisa os pressupostos monetaristas e estruturalistas, concluindo que se equivocam ao buscar "a gênese da inflação numa suposta insuficiência ou inelasticidade da oferta global, no caso dos monetaristas, e setorial, no caso das estruturalistas — quando deveriam ocupar-se do comportamento da demanda. Segundo Rangel, não é na afirmação de que a variação do volume do meio circulante é proporcional à variação do nível de preços que se encontra o erro dos chamados ortodoxos ou monetaristas. "Seu erro está em haverem pretendido inferir desta verdade universal toda uma política monetária e, mais do que isso, toda uma política econômica para o pals. A política sugerida pelos monetaristas parte da conclusão de que, se há correlação entre os preços e os meios de pagamento, são as emissões as responsáveis pela inflação. Assim, havendo um aumento do nível geral de preços, a política monetária recomendada basear-se-ia na contenção dos meios de pagamento, o que faria com que os preços voltassem ao nível anterior.
 No entanto, para Rangel, numa economia precocemente monopolista como a brasileira, o que ocorre é a retirada do mercado de parte da produção. Essa retenção dos estoques, no plano da empresa, implica o crescimento do ativo realizável da firma, a custa do seu ativo disponível, isto é, do dinheiro em caixa e dos depósitos bancários, A empresa reage ,recorrendo ao sistema bancário, via empréstimos. "Isso, não obstante, vai afetar negativamente o equilíbrio de caixa do sistema bancário, movimento esse que, direta ou indiretamente, se vai exprimir como 'problema de caixa do Banco do Brasil'. É para socorrer a caixa do Banco do Brasil que o governo emite, o que quer dizer que a inflação não se gera no nível do orçamento da União, uma vez que tem origem no bojo da economia, por efeito de movimentos autônomos da empresa privada. 
O governo, ordinariamente, apenas presta-se a fazer o serviço que dele exige, através do mecanismo descrito, o sistema econômico. Noutros termos, a emissão não é o ponto de partida da inflação, mas o seu ponto de chegada, isto é, sua culminaçao" . Os estruturalistas, por seu lado, explicaram o porque da elevação dos preços, mas não o que levava as empresas a retirarem uma parcela do produto do mercado, uma vez que a resposta dada a primeira questão elimina a segunda. A explicação dos estruturalistas para a elevação dos preços consistia na identificação de pontos de estrangulamento na economia responsáveis pela insuficiência de oferta que pressionava permanentemente os preços. Observando que apesar de os pontos de estrangulamento serem sucessivamente rompidos, através dos investimentos estabelecidos pelo Programa de Metas, a pressão inflacionária, longe de amainar, intensificou-se enormemente, Rangel salienta a ineficácia das soluções propostas pelos estruturalistas, cuja contribuição se restringe à observação de que a inflação se origina no bojo do sistema econômico e não no Estado.
POLÍTICA ECONÔMICA MONETARISTA À BRASILEIRA 
Por João Batista Menezes Barbosa Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia – IFBA 
 A Política Econômica Monetarista foi implantada no Brasil em 1995 pelo Governo FCH (Fernando Henrique Cardoso) como meio para controlar a inflação da nova moeda, o Real. Não se questiona a eficácia dessa política como medida de curto prazo para o controle da inflação. O problema é sua adoção desacompanhada de medidas de médio prazo num país subdesenvolvido e sem projetos de longo prazo. Neste caso, o que era de curto prazo vai sendo usado no médio e longo prazo, como único meio de controle da inflação, trabalhando a lei da procura e da oferta através da contenção da procura, pela elevação dos juros de mercado e desestimulando a oferta, pela menor remuneração do capital produtivo. Os resultados no médio e longo prazo é o crescimento da carga tributária para repassar ao capital financeiro na forma de juros; redução da contrapartida dos impostos na forma de serviços públicos como saúde, educação, segurança pública e infraestrutura; crescimento da dívida interna; falta de capital para investimento na produção e na infraestrutura e comprometimento do processo de desenvolvimento do país condenando-o ao eterno subdesenvolvimento, ou retardando ao máximo sua chegada à categoria de país desenvolvido. 
 
POLÍTICA ECONÔMICA MONETARISTA
 Monetarismo é uma teoria econômica que defende ser possível manter a estabilidade de uma economia capitalista através de instrumentos monetários pelo controle do volume de moeda disponível no país. Nesta definição, o termo estabilidade de uma economia capitalista se refere à estabilidade do mercado financeiro e ao controle da inflação, que devem ser mantidos a qualquer custo em valores baixos para favorecer os investidores. Esta teoria parte do princípio que todo processo inflacionário se deve ao excesso de dinheiro circulando nas mãos dos consumidores 
Para gastarem sem que haja aumento na oferta de produtos, alimentam o processo inflacionário por conta da lei da procura e da oferta. Os principais defensores do ''monetarismo'', foram os economistas da Escola de Chicago, liderados por Milton Friedman e George Stigler ambos ganhadores de Prêmios Nobel de Economia. Suas ideias são associadas à teoria neoclássica da formação de preços e ao liberalismo econômico. Adotam o fundamentalismo de livre mercado como suas ideologias e abominam qualquer regulamentação da economia.
 Vários outros economistas, dentre os quais, o professor James Tobin da Universidade de Yale, ganhador do Prêmio de Ciências Econômicas em 1981, faziam severas críticas às teorias de Friedman e defendiam a intervenção governamental nas economias. A crise econômica de 2008/2009 mostrou quanto o liberalismo econômico é autossuficiente para ajustar o mercado. Não fosse a intervenção do Estado a economia mundial estava mergulhado na mais profunda crise de todos os tempos. Aqui no Brasil a Política Econômica Monetarista foi adotada em 1995 e mantida até hoje como única meio de controle da inflação. Os instrumentos utilizados pelo governo são conhecidos como Instrumentos de Política Monetária. São eles: recolhimento compulsório, operações de mercado aberto e política de taxa de redesconto (atualmente em desuso). Recolhimento compulsório: consiste na retenção por parte do Banco Central, de parte do dinheiro depositado nas contas correntes dos clientes de todos os Bancos. O efeito desta medida está na redução da oferta de dinheiro para financiar o consumo das famílias. Por conta da lei da procura e oferta para o dinheiro, quanto menor a oferta deste, maior o custo do dinheiro cobrado na forma de juros dos financiamentos. Em outras palavras; aumento das taxas de juros para as compras financiadas traz como consequências: aumento nos valores das prestações; redução no poder de compra das famílias; redução no consumo de produtos e por conta da lei da procura e da oferta, menor consumo, inibe a elevação dos preços e mantém a inflação baixa. Não tem nenhum custo para o governo, uma vez que dinheiro em conta corrente não rende juros. 
 
A NAÇÃO PAGA A CONTA PASSIVAMENTE EM SEU PRÓPRIO PREJUÍZO 
Agora com a redução da receita e aumento da despesa o governo precisa aumentar os impostos para tentar equilibrar as contas. Apesar da elevação da carga tributária de 28% para 36% do PIB nos últimos 15 anos, o governo não consegue mais pagar os juros da dívida pública, que se juntam ao principal e passam também a render juros formando a dívida bola de neve. O capital financeiro foi agraciado pelo governo com a maior parte dos 8% do PIB cobrados a mais em impostos e mesmo assim a dívida pública cresce em valor nominal e em proporção do PIB tendo fechado maio/2010 com R$ 1.614,42 bilhões (1 trilhão, 614 bilhões e 420 milhões) (STN). Somente as despesas com juros, se o governo pagasse na integra sem deixar acumular, destinaria próximo de 6% do PIB, algo sem similar no resto do mundo para uma dívida inferior a 50% do PIB. A solução seria aumentar ainda mais os impostos

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