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DELEGADO CIVIL DIURNO CARREIRAS JURÍDICAS Damásio Educacional MATERIAL DE APOIO Disciplina: Direito Constitucional Professor: Flávio Martins Aulas: 15 e 16 | Data: 30/11/2015 ANOTAÇÃO DE AULA SUMÁRIO DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS: 4) EFICÁCIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS (continuação) DIREITO A VIDA DIREITO A IGUALDADE 4) EFICÁCIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS: Art. 5ª, §1º, CF: “as normas definidoras dos direitos fundamentais tem aplicação imediata” (não precisam de regulamentação) Art. 5º, LXXI, CF: mandado de injunção. Ainda não existe uma lei regulamentando o mandado de injunção. O STF aplica por analogia a lei do Mandado de Segurança Art. 5º, LXXI, CF: conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania; Art. 5º, V, CF: direito de resposta. Antigamente era regulamentando pela lei de imprensa. O STF decidiu que a lei de imprensa não foi recepcionada pela CF. Porém semana passada entrou em vigor a nova lei do direito de resposta (lei 13188/15) V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem; Ou seja, mesmo que alguns direitos não tinham regulamentação, eles eram aplicados por estar na CF. 30/11/2015 a) eficácia vertical: é a relação entre o Estado e as pessoas (vida, liberdade, educação) b) eficácia horizontal: é a aplicação dos direitos fundamentais nas relações privadas, ou seja, uma pessoa e outra pessoa. (OBS: deve ser aplicada com cautela, para não ferir a autonomia da vontade que rege as relações privadas). b.1) mediata ou indireta: os direitos fundamentais são aplicados às relações privadas através de uma lei infraconstitucional (ex: CC, CLT, CP) b.2) imediata ou direta: os direitos fundamentais são aplicados diretamente as relações privadas, sem a necessidade de lei infraconstitucional (ex: para se excluir um associado de uma associação, deve-se respeitar o contraditório (art. 5º, LV, CF) Página 2 de 6 Art. 5º, LV, CF: aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; DIREITO A VIDA: Art. 5º, “caput”, CF Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: A vida tem dois significados: a) negativo: o direito de não ser morto, ou seja, o direito de continuar vivo. b) positiva: direito a uma vida digna Embora a CF/88 não defina o inicio da proteção direito à vida, o pacto de São Jose da Costa Rica determina que a vida deva ser protegida desde a concepção. A legislação brasileira protege a vida embrionária: a) o aborto em regra é crime (art. 127, e ss, CP) Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em conseqüência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte. Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: (Vide ADPF 54) I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante; II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal. b) lei dos alimentos gravídicos O direito a vida não é um direito absoluto. Exemplos da relatividade: a) a pena de morte em situação de guerra declarada. É regulamentado pelo código penal militar e o código de processo penal militar. b) o aborto quando a gravidez decorre de estupro. (art. 128, II, CP) c) “lei do abate” (art. 303 do Código Brasileiro de Aeronáutica): permite a destruição de aeronaves hostis Página 3 de 6 Art. 303. A aeronave poderá ser detida por autoridades aeronáuticas, fazendárias ou da Polícia Federal, nos seguintes casos: I - se voar no espaço aéreo brasileiro com infração das convenções ou atos internacionais, ou das autorizações para tal fim; II - se, entrando no espaço aéreo brasileiro, desrespeitar a obrigatoriedade de pouso em aeroporto internacional; III - para exame dos certificados e outros documentos indispensáveis; IV - para verificação de sua carga no caso de restrição legal (artigo 21) ou de porte proibido de equipamento (parágrafo único do artigo 21); V - para averiguação de ilícito. § 1° A autoridade aeronáutica poderá empregar os meios que julgar necessários para compelir a aeronave a efetuar o pouso no aeródromo que lhe for indicado. (Regulamento) § 2° Esgotados os meios coercitivos legalmente previstos, a aeronave será classificada como hostil, ficando sujeita à medida de destruição, nos casos dos incisos do caput deste artigo e após autorização do Presidente da República ou autoridade por ele delegada. (Incluído pela Lei nº 9.614, de 1998) (Regulamento) (Vide Decreto nº 8.265, de 2014) § 3° A autoridade mencionada no § 1° responderá por seus atos quando agir com excesso de poder ou com espírito emulatório. (Renumerado do § 2° para § 3º com nova redação pela Lei nº 9.614, de 1998) (Regulamento) Feto anencefálico? R: Segundo o STF, é possível a interrupção da gravidez (é diferente de aborto que é por fim a vida intrauterina) do feto anencefálico. Ou seja, nesse caso, não há vida e prevalece a dignidade da pessoa da gestante. Eutanásia: “boa morte”. Matar alguém para aliviar o seu sofrimento. É crime de homicídio privilegiado (art. 121, §1º, CP). Relevante valor moral. Art. 121,§ 1º, CP: Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. Ortotanásia: eutanásia por omissão. É possível, desde que respeitada a legislação especifica que a regulamenta. Página 4 de 6 - Suicídio? R: não é crime, nem a tentativa é crime. O que é crime é a participação em suicídio alheio (art. 122, CP) Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça: Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave. Parágrafo único - A pena é duplicada: Aumento de pena I - se o crime é praticado por motivo egoístico; II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência. DIREITO A IGUALDADE Art. 5º, “caput”, CF Há dois tipos de igualdade: a) formal: consiste em dar a todos o mesmo tratamento b) material: dar um tratamento desigual aos desiguais, na medida de sua desigualdade. (Aristóteles/Rui Barbosa). Ex: vagas reservadas as pessoas com deficiência nos concursos públicos (art. 37, VIII, CF) (no mínimo 5% a 20%). Segundo o STF não pode o edital suprimir essas vagas. Durante o certame, verificar-se-á se a deficiência é compatível com a função a ser exercida. Ex: no processo penal há o princípio do “favor rei”, o réu tem tratamento diferente da acusação – recurso exclusivo da defesa, chamado de embargos infringentes/ ação exclusiva da defesa, a chamada revisão criminal/ quando há duvida, favorece o réu, “indubio pro reo”. Art. 37, VIII, CF: a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas portadoras de deficiência e definirá os critériosde sua admissão; Ações afirmativas: são políticas públicas destinadas a dar a certos grupos, historicamente desprestigiados um tratamento diferenciado (discriminações positivas). Ex: sistemas de cotas raciais ou sociais. Segundo STF o sistema de cotas raciais é constitucional, sendo um exemplo da igualdade material. Lei Federal determina que 20% das vagas dos concursos da administração federal sejam reservadas para negros. Os Estados podem adotar leis semelhantes Ex: Paraná. Resolução do CNJ de 2015 determina que 20% das vagas no judiciário sejam reservadas a negros. Art. 5º, I, CF: igualdade de gênero (homens e mulheres): igualdade é material. Art. 5º, I, CF: homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição; Ex: Página 5 de 6 . tempo para aposentadoria . Serviço militar obrigatório (art. 143, CF) Art. 143. O serviço militar é obrigatório nos termos da lei. § 1º Às Forças Armadas compete, na forma da lei, atribuir serviço alternativo aos que, em tempo de paz, após alistados, alegarem imperativo de consciência, entendendo-se como tal o decorrente de crença religiosa e de convicção filosófica ou política, para se eximirem de atividades de caráter essencialmente militar. (Regulamento) § 2º - As mulheres e os eclesiásticos ficam isentos do serviço militar obrigatório em tempo de paz, sujeitos, porém, a outros encargos que a lei lhes atribuir. (Regulamento) . lei do feminicídio (art. 121, §2º, CP) Art. 121, §2º, CP: A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) I - violência doméstica e familiar; (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher. (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) . lei Maria da Penha (lei 11.340/06) (é constitucional – igualdade material) Art. 5º, II, CF: princípio da legalidade. É a base Estado de direito. “ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de Lei” (lei no sentido amplo, ou seja, qualquer ato normativo do poder público). A legalidade tem aplicação diferente para: a) Estado: o Estado deve fazer o que a lei determina b) Pessoas: as pessoas podem fazer o que a lei não proíbe. Art. 5º, III, CF: proibição da tortura e do tratamento desumano ou degradante. Decorre da “dignidade da pessoa humana” Art. 5º, III, CF: ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante; Tortura (lei 9455/97): é crime equiparado a hediondo. A CF veda a fiança, anistia (lei), a graça (Presidente) e o indulto. Segundo o CF a tortura é prescritível. Só existem dois crimes imprescritíveis, o racismo e o de grupos armados contra o Estado democrático. Súmula Vinculante nº 11: uso de algemas. O uso de algemas é excepcional e cabe quando há risco de fuga, resistência ou risco a integridade física do preso ou de terceiros. Página 6 de 6 Súmula Vinculante 11: Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado. Se ocorrer o uso inadequado de algemas: a) responsabilidade penal, civil e disciplinar do agente b) responsabilidade civil do Estado c) nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere.
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