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DESPESA DE ORIGEM JUDICIAL - PRECATÓRIO

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DESPESA DE ORIGEM JUDICIAL: PRECATÓRIO
INTRODUÇÃO
Quando o particular possui alguma dívida reconhecida judicialmente e não a paga, poderá sofrer o processo de execução e ter seus bens penhorados. Uma vez penhorado, o bem pode ser levado a hasta pública para que com sua venda seja satisfeito o crédito. Porém o mesmo não se dá em relação à Fazenda Pública, visto que seus bens são inalienáveis e impenhoráveis, além do serviço publico não poder sofrer solução de continuidade. Logo contra a Fazenda Pública existe um sistema próprio de execução e pagamento. 
CONCEITO E FINALIDADE
Consiste numa requisição formal de pagamento em que o Poder Público é condenado judicialmente a realizar. Sua finalidade é satisfazer o credor da dívida pública decorrente de decisões judiciais transitadas em julgado, uma vez que é proibida a penhora de bens públicos. 
ALCANCE DO REGIME
Administração DIRETA: União, Estados e Municípios, os pagamentos devidos por esses entes do poder público far-se-ão na ordem cronológica de apresentação dos precatórios e também seguindo as preferências constitucionais
Administração INDIRETA: o regime do precatório alcança as pessoas jurídicas que são criadas para prestar determinado serviço, como: as autarquias (INSS, UNIMONTES), fundações públicas (IBGE, FUNAI), as empresas estatais prestadoras de serviço público de atuação própria do Estado e de natureza não concorrencial (entendimento do STF). Porém, as empresas públicas e sociedades de economia mista exercentes de atividade econômica, não são alcançadas. 
PROCEDIMENTO
Uma vez declarado vencedor numa demanda judicial contra o Poder Público, a forma que o Estado tem para pagar a divida é através do regime privilegiado dos precatórios. 
REGRA GERAL DOS PRECATÓRIOS
Os precatórios podem ser comuns ou alimentares. Os comuns são todos aqueles que não forem crédito alimentar. Por sua vez, precatório alimentar (art 100 da C.F. ) compreendem aqueles decorrentes de salários, vencimentos, proventos, pensões e suas complementações, benefícios previdenciários e indenizações por morte ou por invalidez, fundadas em responsabilidade civil, em virtude de sentença judicial transitada em julgado, e serão pagos com preferência sobre todos os demais débitos”
Desse modo teremos uma ordem de pagamento para os precatórios gerais e uma ordem de pagamento para os precatórios alimentares. 
***Admiti-se o fracionamento para essa finalidade, sendo que o restante será pago na ordem cronológica de apresentação do precatório
REQUISIÇÃO DE PEQUENO VALOR
Tendo em vista que o pagamento dos precatórios observa um tramite demorado, o constituinte entendeu que alguns pagamentos, em virtude do seu pequeno valor, não devem ser subordinados ao procedimento de inclusão no exercício financeiro seguinte, o que significa pagamento logo após a decisão judicial, transitada em julgado. 
Correspondem a dividas do Poder Público que escapam a regra do Precatório, em razão do seu baixo valor, devendo a Fazenda Pública efetuar o pagamento no prazo determinado em lei.
Para a União é considerado pequeno valor o debito de até 60 salários mínimos. E para os Estados e Municípios deve-se verificar a lei de cada ente. Ocorre que enquanto não houver a publicação da Lei o art. 87 do ADCT determina que será de pequeno valor o debito de 40 salários mínimos para os Estados e 30 salários mínimos para os municípios. 
Como limitação à definição do que seria pequeno valor o § 4º, do art. 100 da C.F, estabelece que não pode haver RPV com valor inferior ao teto do dos benefícios do regime geral de previdência social, que em 2016 foi fixado em R$ 5.186. 
CESSÃO DE PRECATÓRIOS
A CRFB/88, ante a possibilidade de demora no pagamento, prevê a possibilidade do credor ceder o precatório para outrem que possui menos urgência. Poderá ceder total ou parcialmente seus créditos, independentemente da concordância do devedor, não se aplicando ao cessionário o disposto as preferências.
EXEMPLO: A prefeitura de Xerém deve 50mil para Maria, porém esta deseja vender o seu precatório devido à demora do processo. José sabendo disso compra o precatório de Maria por 30mil. Conseqüências: Agora, a prefeitura deve a José, pois este comprou o precatório de Maria, enquanto esta agora tem 30 mil no bolso.
OBS.:A cessão de precatórios somente produzirá efeitos após comunicação, por meio de petição protocolizada, ao tribunal de origem e à entidade devedora. 
INTERVENÇÃO FEDERAL
O art. 34, inciso V, prevê a possibilidade de intervenção da União nos Estado, e dos Estados nos Municípios em caso de não pagamento dos precatórios por mais de dois anos seguidos. Contudo o STF tem entendimento no sentido de que somente pode haver intervenção se comprovado a falta de interesse no pagamento. Só a falta de recursos para quitação não enseja a intervenção.

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