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Responsabilidade Civil Resumo I

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1 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL – RESUMO I 
 
 
Aluno: Rached da Silva Centeno 
 
Sumário 
 
1. Fontes do direito ...................................................................................................................... 2 
 
2. Noções preliminares sobre Responsabilidade civil ................................................................. 4 
 
3. Fonte das Obrigações ............................................................................................................ 15 
 
4. Pressupostos da responsabilidade civil geral ....................................................................... 21 
 
5. Pressupostos da responsabilidade civil contratual .............................................................. 24 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
1. Fontes do direito 
Dependendo do enfoque jurídico que o jurista encara o direito, ele pode chegar a 
conclusões diferentes sobre o mesmo caso. São três os principais enfoques: A) 
Sistemático; B) Explicativo; C) Justificativo; 
 
A) Sistemático: Vê o direito como uma ordem autônoma. Trabalha com a visão 
positivista, afastando o direito da moral. Formalista. 
B) Explicativo ou Social: Parte da noção de que as fontes sociais explicam a 
criação e o conteúdo das normas. 
C) Justificativo: Tem o direito como campo de argumentação. É mais flexível que 
os demais sistemas na medida em que faz um juízo de valor não apenas no 
dever ser, mas entre todas as situações do caso concreto. 
Ex.: Um agente de trânsito multa alguém que está comendo uma bala, considerando a 
proibição constante do código de trânsito brasileiro de comer enquanto dirige. Caso o 
motorista venha recorrer ao judiciário, diferentes resoluções poderiam ser dadas, de 
acordo com os diferentes enfoques. 
 O enfoque justificativo trabalha com as circunstâncias do caso concreto, 
fazendo um juízo de ponderação e não a mera subsunção entre o fato e a lei. 
Esse é o enfoque adotado pela professora. 
 O enfoque justificativo exige que o juiz apresente as razões de decidir, evitando 
assim arbitrariedades, através do controle da discricionariedade nas decisões. 
Em 95% dos casos não há maiores problemas em resolver um caso com a mera 
subsunção do fato à lei. No entanto, nos outros 5% é preciso que se dê maior atenção, 
buscando outras fontes além da lei e dos costumes, como: a racionalidade pragmática, 
os precedentes judiciais e os princípios gerais do direito. 
Um exemplo de uso de fontes alternativas do direito é a criação de nexo causal (nexo 
causal indireto) em um caso concreto com base em uma construção institucional 
como a teoria da perda de chance, a qual não encontra previsão legal, ou ainda o 
princípio da proporcionalidade, que tem aplicação principalmente na resolução de 
conflitos entre liberdades. 
 Racionalidade pragmática ou razões de decidir: (Robert Alexy e Santiago 
Nino). As razões de decidir são os argumentos utilizados como fundamento de 
uma decisão. Ao contrário do legislador, cujo voto prescinde de justificativa na 
aprovação de uma lei, o juiz precisa necessariamente expor as razões da sua 
decisão sob pena de invalidade da sentença, nos termos do artigo 93, IX, da 
constituição federal. A explicação para isso é que se na decisão não constam as 
 
3 
razões fundamentadoras, o advogado não tem como recorrer, e assim não 
poderá atacar a decisão, adicionando fundamentos novos. 
 
o Função de descarga (Alexy): Quando há uma construção sólida 
jurisprudencial e doutrinária acerca de uma matéria, não há 
necessidade que se reescreva isso a cada nova decisão. Todavia, cabe 
ao advogado recorrente demonstrar que essa descarga de argumentos 
não é cabível ao caso concreto apresentado, indicando razões para 
alteração do entendimento. 
 A descarga de argumentos deve vir acompanhada das razões de 
decidir sobre o caso concreto, pois se o processo de decisão 
torna-se automático, um juiz copia a decisão do outro, pode 
ocorrer que um entendimento equivocado (pois é aplicável a um 
caso peculiar apenas) torne-se a regra. 
 
 Possibilidades de uniformização: Cabe ao julgador ter em mente a sua 
responsabilidade ao decidir um caso, pois a sentença pode tornar-se uma regra 
que irá regular casos iguais ou até os mesmo semelhantes. 
 
 Método jurídico como fonte normativa: Há dois métodos principais dentro do 
sistema justificativo: Funcionalista (utilitarista); Argumentativo; Ambos unem o 
direito a moral. 
 
 Princípio da proporcionalidade: É utilizado, principalmente, na 
resolução de conflitos de liberdades (p.ex: manifestação do 
pensamento x privacidade). A priori, não é possível definir qual das 
liberdades é mais importante que a outra, sem analisar o caso concreto 
e aplicar o princípio da proporcionalidade (adequação, necessidade e 
proporcionalidade em sentido estrito). 
A proporcionalidade, sob a perspectiva do método argumentativo 
racional (jurídico) é classificada como regra (possui caráter de regra) e 
não como princípio, sendo pode extraível do artigo 187 do CC. 
Dentro do sistema justificativo, o método jurídico é uma fonte 
normativa a ser usada na resolução casos de conflito de liberdades. 
A função de ter um critério objetivo na resolução de casos de conflito 
de direitos subjetivos é justamente evitar a discricionariedade das 
decisões, sem afastar o direito da moral. 
 
 
4 
 A dogmática como fonte normativa: Por dogmática entende-se a construção 
jurisprudencial e doutrinária (construção institucional). Determinada teoria 
pode ser aplicada a casos concretos, como forma de suprir a lacuna legal. 
 Princípios gerais do direito: (DL 4657) Art. 4o “Quando a lei for omissa, o juiz 
decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de 
direito.” Algumas disposições podem ser vistas como regras ou como 
princípios, dependendo do enfoque adotado, o que terá modos distintos de 
resolução de conflitos: 
 Ex.: Art 5º V, CF – “é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o 
anonimato” Pode ser visto como: 
o Regra: Sendo uma razão definitiva. Se uma pessoa tem a liberdade de 
manifestar seu pensamento, essa liberdade pode entrar em colisão com 
a liberdade de crença, por exemplo. O conflito de regras é solucionado 
por três critérios: Hierárquico, especialidade e cronológico. No entanto, 
não há como resolver o caso com esses critérios quando ambas as 
liberdades derivam da constituição federal. 
o Princípio: Princípios são ponderáveis, não são razões definitivas. A 
resolução de conflito entre princípios deve ser realizada no caso 
concreto, diante das circunstâncias que o caracterizam, através da 
argumentação e ponderação. 
2. Noções preliminares sobre Responsabilidade civil 
 
2.1 Classificação dos fatos jurídicos no Código Civil de 1916 (Pontes de Miranda) 
 
 Fatos jurídicos (Stricto sensu) – facticidade simples: (exemplo: Morte). Não há, 
a princípio, o elemento da vontade. O fato jurídico pode ter consequências em 
dois âmbitos: A) Natural; B) Institucional (Direito). A consequência natural da 
morte é a decomposição do corpo físico, já no âmbito institucional o resultado 
mais comum é o processo de sucessão. Isso significa que um fato jurídico pode 
ter consequências no âmbito da reponsabilidade civil. Seguindo no mesmo 
exemplo (morte), se alguém assina um contrato de seguro de vida contendo 
uma cláusula proibitiva de suicídio (não morrer por vontade própria) por 2 anos 
(período de carência), sob pena de não receber indenização, pode haver efeitos 
de responsabilização civil na medida que a jurisprudência não concorda que 
alguém possa suicidar-se tendo como objetivo uma indenizaçãopor parte da 
seguradora. A jurisprudência nesse caso não é pacífica, pois algumas decisões 
são favoráveis à indenização mesmo em caso de suicídio, outras não. O 
enfoque é a possibilidade de um fato jurídico causar efeitos na esfera da 
responsabilidade civil. 
 
5 
 Atos-fatos jurídicos: Há uma vontade dirigida para a prática de determinado 
ato, mas não para os respectivos resultados. (exemplo: publicação de um livro). 
Os efeitos da publicação de um livro podem ser os mais diversos como cessão 
dos direitos autorais ou até mesmo a descoberta de plágio, tendo 
consequências tanto no âmbito do direito (institucional) como fora dele. Os 
resultados, nesse exemplo, não são necessariamente desejados quando o 
agente praticou o ato de publicar o livro. 
 
 Atos jurídicos stricto sensu: Há coincidência entre a intenção e o resultado 
(produção) de determinada ação. (exemplo: contratos negociais – interesse 
comum em realizar certo negócio jurídico) 
 
2.2 Elementos da ação Humana (Ato jurídico) 
São elementos da ação humana: A) Uma sequência de movimentos corporais; B) Uma 
série de alterações ou efeitos no mundo; C) Uma conexão entre os movimentos 
corporais e as alterações no mundo dos fatos; D) Uma intenção de resultado; E) Uma 
interpretação ou significado; 
 Uma sequência de movimentos corporais (A) capaz de produzir uma série 
alterações no mundo dos fatos (B): A concepção de ação aqui adotada 
compreende tanto o movimento comissivo como o omissivo. (Exemplo: 
Alguém, em decorrência de um mal súbito, atropela um pedestre – a partir do 
momento em que o movimento causou uma série de alterações nos fatos, 
tornou-se relevante para o direito). No entanto, há duas problemáticas a serem 
analisadas: 
o Atos reflexos: Exemplos: 
 Pessoa com coprolalia (síndrome de Tourette): Profere palavrões 
em meio a frases comuns compulsoriamente. Se o caso não for 
analisado com atenção, o portador pode ser punido por ofensas 
morais, enquanto suas ações são mero reflexo de impulsos 
cerebrais incontroláveis, o que resulta na ausência de culpa. 
 Disparo de gatilho de uma arma de fogo após susto. 
o Ausência de intenção: Exemplos: 
 Acidente de trânsito causado por pessoa alcoolizada. O agente 
não agiu com a intenção de produzir um acidente de trânsito, 
não saiu de casa com a intenção: “vou causar um acidente de 
trânsito”. 
 Acidente de trabalho. O empregador, via de regra, não tem a 
intenção de que seu empregado sofra um acidente, todavia, é 
um caso de responsabilidade objetiva (independente de dolo ou 
culpa). 
 
6 
(A importância a ser dada é que as condutas, em decorrência de problemáticas 
como a ausência de intenção e atos reflexos, não podem ser analisadas 
superficialmente quando na determinação dos elementos da ação) 
● As alterações no mundo dos fatos podem ser tanto naturais quanto 
institucionais; 
 Uma conexão entre os movimentos corporais e as alterações mundo dos fatos 
(C): A ideia de conexão, a priori, está diretamente relacionada com a concepção 
de causa e consequência (nexo causal). Cabe a análise se o movimento 
corporal foi responsável pelo resultado relevante para o direito. A conexão, 
igualmente, pode ser analisada sob duas perspectivas: 
o A natural  Alterações decorrentes de causas naturais  (p.ex. a 
negligência do condutor foi causa para o acidente) (p.ex. Morte, a 
conexão se dará por decorrência de um fato natural) 
o A institucional  produto de uma construção jurídica  (p.ex. Teoria 
da perda de chance) (nexo causal indireto) 
 Teoria da perda de chance: Teoria que vem recebendo respaldo 
no tanto no âmbito do TJ/RS quando no STJ. Gera uma conexão 
institucional (fruto de uma construção jurídica) entre um fato 
praticado e a consequência desse fato. 
 Ex¹.: Programa show do milhão. Autor entra com ação 
alegando que não havia resposta correta para a pergunta 
de “um milhão de reais”. Como a pergunta foi mal 
formulada, induzindo a participante a erro, ocasionou a 
perda da chance de ganhar o prêmio. A participante já 
havia ganhado 500 mil até o momento. O STJ entendeu 
que ela não teria direito a ganhar mais 500 mil reais, 
pois, ainda que a pergunta tivesse sido corretamente 
formulada, a chance de acerto não seria 100%, mas sim 
de 25%, já que eram quatro alternativas. Logo 500 mil 
divididos por 4 = 125 mil reais. (STJ - RECURSO ESPECIAL: 
REsp 788459 BA 2005/0172410-9) 
 Ex².: Erro Médico. Diagnóstico impreciso no primeiro 
atendimento. Posteriormente, o paciente tem a sua 
perna amputada, corretamente, pois era o único meio 
possível para salvar a vida da vítima. O que se discute é a 
chance da vítima não ter sua perna amputada se o 
diagnóstico no primeiro atendimento tivesse sido correto 
(é uma probabilidade). É justamente essa probabilidade 
que vai majorar ou reduzir o valor a ser indenizado. A 
teoria da perda de chance cria um nexo entre o 
 
7 
atendimento equivocado do paciente e a amputação, 
estabelecendo, através da probabilidade do evento 
danoso não acontecer se a causa (atendimento 
equivocado) não existisse, o valor a ser indenizado. 
 
 A Intenção de um resultado (D): Aqui também entra a problemática dos atos 
reflexos, que são caracterizados sempre que determinada conduta não 
consegue ser explicada como decorrente de uma intenção ou de acordo com a 
teoria da previsibilidade. Na prática, é muito difícil identificar a intenção do 
agente, assim como se ela existiu ou não (do ponto de vista subjetivo). Em 
contrapartida, sob a ótica objetiva, a intenção do sujeito pode ser analisada na 
medida em que as razões de fazer foram mais fortes que as de não fazer. 
 
 Uma interpretação ou significado (E): Dentro de um universo casuístico 
preenchido por diversas circunstâncias, as várias interpretações possíveis 
acerca de um caso podem gerar resultados, em termos de responsabilidade, 
distintos. Diversas interpretações podem determinar visões diferentes, por 
exemplo, sobre o dolo, a culpa, possibilidade de comprovação contrária etc... 
Assim, um importante elemento da conduta é como ela foi interpretada, pois, a 
partir dessa interpretação, consequências distintas podem surgir. A 
importância da interpretação classifica a matéria de responsabilidade civil 
como fática e não de direito (que possa ser analisada no mundo do direito 
exclusivamente). 
 
 
 
2.3 Intenção x Previsibilidade (Daniel Lagier - Conceptos Básicos del Derecho) 
Conforme visto nos elementos da ação, a interpretação dada ao caso concreto pode 
gerar consequências diversas em termos de responsabilidade civil. Sendo assim, a 
análise da intenção do agente ou da previsibilidade do resultado, elementos que vão 
compor a interpretação, é de suma importância. 
Elementos da 
ação 
Movimento 
corporal 
Alteração 
no mundo 
dos fatos 
Conexão entre 
movimento 
corporal e 
alteração no 
mundo dos 
fatos 
Intenção Intepretação 
 
8 
Os autores brasileiros, em geral, fazem essa distinção apenas no âmbito da 
responsabilidade extracontratual (não prevista em ato negocial). A título 
exemplificativo: Em um acidente de carro não importa se o agente causador do dano 
agiu com a intenção de provocar o acidente (o que não é o comum), mas sim que o 
resultado provocado era previsível, dada imprudência ao atravessar o sinal vermelho 
em uma rua movimentada. 
Teoria trazida por Daniel Lagier: 
A) Intenção: De caráter subjetivo, a análise da intenção volta-se para a descrição e 
individualização da conduta, a partir da alteração que a conduta do agente 
gerou no mundo fático. A intenção só poderá ser determinada no âmbito da 
argumentação e do trabalhoprobatório, isto é, do exame fático da conduta, 
relacionando-a com as motivações do agente em realizar o ato, com o intuito 
de delimitar sua finalidade. 
 Ex.: A publicação de um livro sobre a vida de alguém. Não é possível, em um 
primeiro momento, definir qual a intenção do autor, se dar publicidade a fatos 
admiráveis do sujeito, prejudica-lo, dentre outras possibilidades. A busca pela 
intencionalidade do agente é deveras complexa. Nesse exemplo, o magistrado 
deverá ler o livro a ser publicado e tentar relacionar com as possíveis 
modificações que serão causadas no mundo fático, para tentar definir as 
intenções do autor. 
 
B) Previsibilidade: É um mecanismo que surge diante da dificuldade em 
determinar a intenção. A perspectiva deixa de ter como foco o agente e passa 
a ter como centro da análise os efeitos gerados pela conduta (o que é 
produzido no mundo dos fatos). Embora a teoria da previsibilidade também 
possa ser aplicada nos casos de responsabilidade subjetiva, é emprega com 
maior frequência nos de responsabilidade objetiva, onde não se exige, 
necessariamente, dolo ou culpa. 
 
 Ex.: Acidente de trabalho. A reponsabilidade do empregador, de acordo com 
entendimento jurisprudencial dominante, é objetiva. O centro da análise 
nesses casos são os efeitos gerados – a relevância dos impactos. Assim, facilita-
se a prova por parte da vítima, dando maior tônica às mudanças que ocorreram 
no mundo fático. 
A partir da definição de previsibilidade no caso concreto são duas as principais 
construções institucionais: 
A) Definição de culpa no caso (negligência, imprudência ou imperícia); 
B) Objetivação da responsabilidade (não exigência de culpa); 
 
9 
Em suma pode-se dizer que na intenção se busca “o que o agente queria” e na 
previsibilidade “se o efeito produzido era previsível” e a relevância dos 
impactos causados. 
 
A intenção e a previsibilidade estão intimamente ligadas a definição da relação 
de causalidade. Quanto mais difícil for definir se existe ou não nexo entre a 
conduta e a alteração no mundo fático, maior é a necessidade de intervenção 
institucional para que se caracterize a responsabilidade, ou seja, maior será a 
atuação doutrinária e jurisprudencial na argumentação e interpretação. 
(exemplo de construções doutrinária para atribui nexo causal a uma situação – 
perda de chance) 
 
 
2.4 Fórmula para análise da responsabilização civil 
 
I  MC  A1  A2  A3...  AN. 
“I” é a intenção voltada para um movimento corporal (MC), compreendido com ação 
ou omissão, causador de alterações no mundo dos fatos (A1, A2, A3... AN). Cada 
símbolo “” representa uma relação de causa e efeito entre o anterior e seu sucessor. 
 
2.5 Omissão 
 Em termos de responsabilidade civil, não há grandes diferenças em relação à 
conduta comissiva, no entanto, na omissão é necessário verificar em que medida a 
conduta representa um ato omissivo e não um simples não fazer. Para que se 
caracterize o ato omisso civil são necessários três pressupostos: 
 Oportunidade de agir: Que a pessoa esteja em uma posição que permita agir 
diante da situação. 
 Capacidade de realizar a ação: O direito não pode exigir de ninguém um ato 
heroico ou que ultrapasse suas limitações físicas. 
 Razão justificante: Uma razão que determine que a pessoa deveria agir 
naquela situação. Será o elemento “causa” (não agiu quando deveria) na 
análise do nexo causal. 
Exemplo de simples não fazer: Se alguém sai correndo de um estabelecimento em 
chamas, não poderá ser responsabilizado por omissão porque deixou de ajudar as 
outras pessoas a se salvarem. Não havia oportunidade de agir, já que a posição era de 
igualdade em relação às demais pessoas; Não havia capacidade de realizar a ação, 
porque colocaria em risco a sua própria vida; Não havia razão justificante, porquanto 
não há norma que a obrigue a agir diante dessa situação. 
 
10 
2.6 Paradoxo das ações e o código civil de 2002: 
 
 São as ações decorrentes de fatos do mundo natural ou produto da nossa visão 
sobre o mundo? 
A problemática está nos casos em que a definição da ação dependerá, em grande 
medida, da interpretação do juiz. Como no artigo 187 do código civil, o qual trata da 
ilicitude objetiva, “Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, 
excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela 
boa-fé ou pelos bons costumes.”. O que seria fim econômico? Fim social? Boa-fé? Bons 
costumes? Embora exista grande trabalho doutrinário sobre essas cláusulas gerais, a 
visão de mundo do intérprete sempre irá influenciar a decisão. 
 Pode haver equívoco em relação às ações? 
Uma mesma ação, inserida em circunstâncias (contexto) diversas, deve ser analisada 
de maneiras distintas quanto à extensão do dano e da culpa e, dentre outros 
elementos, às intenções do agente. Um atropelamento ocorrido durante o dia, quando 
a vítima atravessa na faixa de segurança é diferente de um atropelamento na 
madrugada quando a vítima atravessa uma rua movimentada em local inadequado. 
 É possível se extrair mais de uma ação de um mesmo movimento corporal? 
É possível sim. Entra na questão da cadeia de causas e feitos ligadas por um nexo 
(fórmula ponto 1.4). Um único movimento corporal pode ser causa para resultados 
distintos (efeitos). 
 Quais os limites das nossas ações? 
É uma questão de grande importância quando na análise de um caso sob a perspectiva 
do artigo Art. 187 do CC  “Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao 
exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou 
social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. ” Quem irá definir o momento em que o 
exercício regular de um direito tornou-se ilícito, por exceder manifestamente os 
limites, é o intérprete. 
2.7 Relatividade ao conceito de ação humana 
 
 Atos existenciais: Desconsideram-se alguns elementos ou requisitos que 
compõem um ato jurídico, como a ilegitimidade ou capacidade da parte. 
Ex.: Compra e venda em máquina eletrônica. Não se sabe quem é o sujeito “por 
trás” da máquina que está vendendo os produtos, se é sujeito capaz ou 
incapaz. 
 
11 
Sob o ponto de vista doutrinário, os atos existenciais (cotidianos) 
correspondem a negócios jurídicos, considerando-se que há uma 
intencionalidade implícita. 
 
 Contrato Social: Também de construção doutrinária e jurisprudencial, os 
contratos sociais, semelhantes aos ato-fatos da classificação de Pontes de 
Miranda, podem ser considerados como “contato” entre as partes que gera 
uma obrigação, ainda que inexistente um negócio jurídico formal (âmbito da 
responsabilidade civil pré-contratual). A obrigação decorrente do contrato 
social justifica-se pelo surgimento de expectativa de resultados. 
Ex.: Rompimento de noivado. Não é um negócio jurídico porquanto não se 
estabeleceu formalmente a união estável, entretanto ambas as partes, 
teoricamente, geraram expectativas diversas em relação à situação futura, o 
que pode incluir, por exemplo, a compra de uma casa. O rompimento dessa 
expectativa pode gerar uma obrigação (e pelo inadimplemento desta a 
responsabilidade civil). 
2.8 Conceitos jurídicos fundamentais (Hohfeld) 
O norte americano Wesley Newcomb Hohfeld, em seu livro conceitos jurídicos 
fundamentais, tenta fornecer subsídios para compreensão e resolução de problemas 
práticos do direito. A principal preocupação do autor era com que a terminologia 
jurídica se tornasse cada vez mais precisa, sem ambiguidade nos termos técnicos. 
“Nem sempre os autores de Teoria Geral do Direito, no 
tratamento dos conceitos básicos, ocupam-se de elucidar noções 
que são deuso freqüente entre os juristas dogmáticos. Alguns 
dos conceitos são simplesmente criados pelos teóricos, ou seja, 
introduzidos e definidos com a finalidade de apresentar os 
fenômenos do direito, na perspectiva considerada mais 
esclarecedora ou mais rica em conseqüências teóricas. Tal 
medida tem por consequência a aceitação tácita de pressupostos 
por parte dos juristas, o que favorece o caos terminológico, vez 
que, dissociados da prática, os conceitos por vezes são mal 
empregados ou simplesmente caem em desuso.” (CARRIÓ, 
Genaro R. Nota preliminar. In: HOHFELD, W. N. Conceptos 
jurídicos fundamentales. Buenos Aires: Centro Editor de América 
Latina, 1968, p. 08.) 
Assim, Hohfeld define oito conceitos jurídicos divididos em duas categorias (i. Família 
de direito; ii. Noções de dever), considerando que esses conceitos poderiam explicar 
qualquer relação jurídica prática. 
 
12 
Os “conceitos fundamentais” expostos na teoria de Hofdeld podem ser analisados sob 
duas perspectivas: 
A) Tabela de correlatos  O termo do lado do grupo “direito” é correlato ao 
termo do grupo “dever”. Se “A” tem um Direito em relação a um objeto X (um 
carro) perante “B”, este tem um dever em relação ao objeto “X” perante A. 
B) Tabela de Opostos  O termo do lado do grupo “direito” é oposto 
(incompatível) ao termo do grupo “dever”. Se “A” tem um direito em relação 
ao objeto “X” perante B, “A” não pode ter, ao mesmo tempo, um “não-direito” 
em relação ao objeto X perante B. A tabela dos opostos mostra termos 
incompatíveis entre si. 
 
 Conceitos fundamentais:1 
 
 Direito: “em sentido estrito, é a faculdade de exigir uma prestação, uma 
conduta por parte do sujeito passivo (um fazer, não-fazer, dar ou restituir por 
parte do outro polo da relação jurídica)” 
 Privilégio: “é a faculdade de praticar um ato ou de inserir-se em uma situação 
jurídica. Diz respeito a uma conduta por parte do polo ativo, o titular do 
privilégio, cujos efeitos recaem sobre o próprio sujeito ativo.” 
 Poder: “é a faculdade de produzir determinados efeitos jurídicos em relação ao 
polo passivo. Por meio do poder, o titular do direito promove efeitos sobre 
outro sujeito, inserindo-o em uma situação jurídica, ainda que contra sua 
vontade.” 
 Imunidade: “é o atributo jurídico que permite ao seu titular não ser afetado 
pelos efeitos jurídicos do ato de determinado sujeito. O polo ativo tem 
imunidade em relação ao polo passivo se os atos deste não forem aptos a 
produzir efeitos sobre aquele. Ter poder sobre outro não significa estar imune 
em relação ao outro.” 
__ 
 Dever: “em sentido estrito, é a situação jurídica de quem está obrigado a uma 
prestação em relação a outrem. O polo passivo (devedor) é obrigado a realizar 
uma prestação ao polo ativo (titular do direito em sentido estrito)” 
 Não direito: “é a situação que se contrapõe ao privilégio. O titular do privilégio 
tem a faculdade de praticar um ato; o polo passivo dessa relação não tem 
direito (tem o não-direito) de impedir que o polo ativo realize a conduta objeto 
do privilégio.” Não direito é a ausência de pretensão. Quem tem um não pode 
ter pretensão. 
 
1
 https://jus.com.br/artigos/14988/conceitos-juridicos-fundamentais 
 
13 
 Sujeição: “é a condição de quem será necessariamente submetido aos efeitos 
jurídicos do ato praticado pelo titular de um poder. O poder encerra uma 
espécie de privilégio, pois o sujeito passivo não pode impedir que o titular 
exerça o ato (quem está em sujeição tem, também, o "não-direito" de impedir 
que o ato seja realizado); é, porém, mais que isso: além de o sujeito passivo 
não poder impedir a realização do ato por parte do polo ativo, estará, 
obrigatoriamente, submetido aos efeitos do ato, inserindo-se na situação 
jurídica dele decorrente, mesmo contra sua vontade.” 
 Incompetência: “é a ausência de qualificação jurídica para a prática de um ato 
em relação a determinado sujeito, considerado dotado de imunidade em 
relação ao agente. O praticante do ato é o polo passivo da relação, pois, seus 
efeitos não atingem o destinatário, vez que o agente não é reconhecido pela 
ordem jurídica como titular de um poder sobre o destinatário. A imunidade é 
oposta à sujeição, porque competência é poder. Ser incompetente em relação 
a outro não significa estar sujeito a esse outro.” 
Tabela de Correlatos 
Grupo “Direito” – modalidades ativas Grupo “Dever” – modalidades passivas 
Direito (pretensão) Dever 
Privilégio (liberdade) Não-direito (sem pretensão) 
Poder Sujeição (responsabilidade) 
Imunidade (isenção) Incompetência (não-poder) 
 
 Se A pode exigir um direito sobre um objeto em relação a B, este tem um dever 
sobre o objeto em relação a A. 
o Se A tem o direito que B não entre em suas terras, B tem o dever de não 
entrar nas terras de A. 
 Se A tem o privilégio (faculdade) de praticar um ato sobre um objeto, B não 
pode impedir que A pratique o ato. 
o Se A tem o privilégio de entrar nas suas próprias terras, B não pode ter 
pretensão de que isso não aconteça (pois tem um não-direito). 
 Se A tem o poder de praticar uma ato jurídico que submeta B a certos efeitos 
jurídicos, este não tem outra escolha a não ser se sujeitar-se aos efeitos desse 
ato. 
o Se A resolve revogar a doação feita para B, este nada pode fazer ou 
discutir. 
 (A diferença entre poder e direito é que este pode ser violado, já 
o poder não) 
 Sinônimo de sujeição é responsabilidade. É termo dotado de 
imperatividade, não há nada que o sujeito possa fazer ou 
discutir. 
 
14 
 Se A é imune aos efeitos jurídicos de um ato praticado por B, este é 
incompetente para prática desse ato jurídico em relação a A. (pode-se falar que 
a imunidade é a ausência total de sujeição) 
o Se A é proprietário de uma terra, B não pode vender a terra de A, logo B 
é incompetente para praticar o ato e A, logo A é imune a esse ato. 
o Quando se diz que o sujeito tem imunidade tributária, significa que 
nenhuma entidade possui competência para cobrar-lhe determinados 
impostos. 
 
Tabela de Opostos 
Grupo “Direito” – modalidades ativas Grupo “Dever” – modalidades passivas 
Direito (pretensão) Não-direito (sem pretensão) 
Privilégio (liberdade) Dever 
Poder Incompetência (não-poder) 
Imunidade (isenção) Sujeição (responsabilidade) 
 
 Se A tem um direito sobre um objeto, “A” não pode ter, ao mesmo tempo, um 
não direito sobre esse objeto. 
 Se A tem um o privilégio (faculdade) de praticar um ato, “A” não pode ter, ao 
mesmo tempo, um dever de praticar esse ato. Ter um privilégio implica em não 
ter um dever. 
o Se A não contratou os serviços de B (pois tem o privilégio de não 
contratar), então A não ter o dever. Se A tivesse contratado os serviços 
teria um dever e perderia o privilégio de não contratar. Por isso 
privilégio e dever são opostos, quando se tem um perde-se o outro. 
 Essa é a hipótese do artigo 187 do código civil. De um lado um 
sujeito com a faculdade de praticar um ato, logo ele não tem o 
dever de praticar esse ato, e de outro alguém terá o dever de 
respeitar essa liberdade. Ex.: A ganha em juízo a liberdade de 
publicar um livro sobre B, quem questionou essa liberdade. B 
não tem um mero “não direito” ou ausência de pretensão, mas 
sim um dever de não impedir a publicação. 
 Se o sujeito ganha a liberdade em juízo, a parte contrária tem o 
dever de respeitar essa liberdade. 
 Se A tem um o poder de praticar um ato jurídico que produza certos efeitos 
jurídicos, não pode, ao mesmo tempo, ser incompetente para praticar esse ato. 
 Se A é imune aos efeitos jurídicos de certo ato jurídico,não pode, ao mesmo 
tempo, estar sujeito aos efeitos desse ato. 
 
15 
“Portanto, através da análise de casos concretos, Hohfeld chega 
à conclusão que direito em sentido estrito é uma pretensão com 
respaldo legal, e que toda pretensão tem um dever correlato 
obrigatoriamente, dado que para que uma pretensão baseada na 
lei seja violada é necessário que alguém descumpra seu dever 
proveniente e criado pela mesma lei. Sendo assim, a lei como 
vale para todos, ao criar direitos cria também deveres correlatos, 
e quando os deveres são descumpridos os titulares dos direito 
violados pedem, através de ações judiciais, para que o Estado 
faça que suas pretensões legais prevaleçam através das 
sentenças.”2 
“O esquema de conceitos opostos de Hohfeld explica a relação 
entre direitos e liberdades. Ou seja, enquanto uns têm 
liberdades legalmente garantidas outros não possuem, em 
contraposição, qualquer pretensão jurídica. Nesse sentido, o 
esquema de opostos de Hohfeld foi desenhado ideologicamente 
para demonstrar que na medida em que indivíduos têm 
liberdade de ação outros têm falta de segurança. Portanto, a 
mensagem moderna que se inicia com Hohfeld é o contrário da 
mensagem dos autores clássicos que afirmavam que o exercício 
da liberdade é válido desde que não cause danos a terceiros”3 
 A restrição de um princípio em face de outro (liberdade de publicar x liberdade 
de privacidade) deverá ser sempre auferida no caso concreto, ou seja, uma 
restrição externa ao direito. (esse é o âmbito da tabela dos opostos) 
 
3. Fonte das Obrigações 
 
3.1 Noções preliminares e classificação das fontes das obrigações 
É importante destacar que, de acordo com a natureza da obrigação (dar - restituir, 
fazer ou não fazer), o ordenamento jurídico proporcionará diferentes respostas 
(tutelas). Isso significa que nem sempre a tutela oferecida pelo direito será uma tutela 
ressarcitória (de cunho indenizatório). Dentre outras classificações possíveis, as fontes 
das obrigações (de onde surgem/nascem) podem ser classificadas em: Atos negociais, 
atos não negociais e atos ilícitos. 
 
2
 FERREIRA Daniel Brantes. Wesley Newcomb Hohfeld e os conceitos fundamentais do Direito. Estado e 
Sociedade n.31 p. 33 a 57 jul/dez 2007 
3
 Ibidem 
 
16 
 Ato negocial: É o vínculo existente entre dois sujeitos de direito. A violação de 
um dever de conduta, estabelecido pela aproximação das finalidades dos 
sujeitos, em um ato negocial gera o ilícito contratual, cujo instituto adequado 
para suprir a violação é a cláusula penal. (A discussão sobre a validade de um 
contrato não é a respeito de ilícito contratual (descumprimento do contrato), 
ou seja, não está no âmbito da responsabilidade civil). São exemplos de atos 
negociais os contratos de compra e venda. 
 
 Ato não negocial: É irrelevante a existência de vínculo prévio entre os sujeitos. 
Mas há, necessariamente, uma causa capaz de gerar efeitos jurídicos (deveres 
de conduta entre as partes) decorrentes de um deslocamento injustificado de 
bens do patrimônio de um sujeito para outro. 
o Ex.: Cobrança de serviço não contratado. Companhia Telefônica cobra 
serviços adicionais na fatura não contratados pelo adquirente. É 
irrelevante que exista um vínculo legal entre os sujeitos (nesse caso 
existe). Se não há causa para a cobrança de um serviço, trata-se de uma 
cobrança indevida, um descolamento de patrimônio injustificado. Deve 
ser feita a restituição dos valores transferidos indevidamente (tutela 
restituitória). 
o São casos, também, de transferência indevida de patrimônio: 
 CC. Art. 884. Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa 
de outrem, será obrigado a restituir o indevidamente auferido, 
feita a atualização dos valores monetários. (Enriquecimento 
ilícito) 
 CC. Art. 861. Aquele que, sem autorização do interessado, 
intervém na gestão de negócio alheio, dirigi-lo-á segundo o 
interesse e a vontade presumível de seu dono, ficando 
responsável a este e às pessoas com que tratar. (Gestão de 
negócios) 
 CC. Art. 876. Todo aquele que recebeu o que lhe não era devido 
fica obrigado a restituir; obrigação que incumbe àquele que 
recebe dívida condicional antes de cumprida a condição. 
(Princípio da conservação estática de patrimônio) 
 
 Ato Ilícito: CC Art. 186. “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, 
negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que 
exclusivamente moral, comete ato ilícito.” (Culpa em sentido genérico4 + Dano 
= ilícito). Não é a ilicitude que autoriza a reparação civil, mas o dano. Isso 
significa que nem sempre um ato ilícito será causa para responsabilização civil, 
 
4
 Dolo OU culpa 
 
17 
a qual só ocorrerá quando houver dano. A hipótese de ilícito sem dano é 
trazido pelo artigo 187 do código civil: 
“Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao 
exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu 
fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.” 
Exemplo de ilícito sem dano: Publicação de uma biografia sem autorização. Aquele 
que tem sobre si escrita uma biografia pode entrar em juízo solicitando o impedimento 
da publicação. Ainda que o livro já tenha sido escrito, se ainda não foi publicado, não 
gerou danos, todavia a decisão judicial poderá ser no sentido de gerar uma obrigação 
de não fazer ao autor da biografia, isto é, de não publicar, considerando a publicação 
como ilícita, nos termos do artigo 187,CC. Caso o réu descumpra com a obrigação 
imposta pelo judiciário, a obrigação se converterá em obrigação derivada de 
reparação (responsabilização civil), já que causou danos: 
CC Art. 927. “Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar 
dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.” 
Somente haverá reparação quando ocorrer dano. 
Artigo 186, CC Artigo 187, CC 
“Aquele que, por ação ou omissão 
voluntária, negligência ou 
imprudência, violar direito e causar 
dano a outrem, ainda que 
exclusivamente moral, comete ato 
ilícito” 
“Também comete ato ilícito o titular 
de um direito que, ao exercê-lo, 
excede manifestamente os limites 
impostos pelo seu fim econômico ou 
social, pela boa-fé ou pelos bons 
costumes” 
Dano como requisito Não precisa de dano 
Dolo ou culpa como requisito Não precisa dolo ou culpa 
Resultado: responsabilidade civil (pois 
há dano) 
Resultado: Obrigação (em caso de 
inadimplemento -> Responsabilidade 
civil) Ou responsabilidade civil (se 
houver dano) 
 
 A regra é que se o autor quer uma reparação de dano que fundamente sua 
ação processual no artigo 186, mas nada impede que o faça pelo artigo 187, no 
qual o dano não é requisito, entretanto, se existente, poderá ensejar uma 
reparação civil, nos termos do artigo 927. 
 O artigo 187 exige, para caracterização do ilícito, uma alteração no mundo dos 
fatos e não necessariamente uma alteração que cause prejuízo a alguém. Dessa 
alteração, podem resultar diversas consequências, não obrigatoriamente uma 
responsabilidade civil (que ocorrerá apenas quando houver dano). 
 
 
18 
“E, aqui, torna-se relevante compreender que tratamento 
recebeu a ilicitude, como hipótese de contrariedade ao Direito, 
no CC, a partir dos enunciados normativos dos arts. 186 e 187. É 
que, embora o art. 186 exija, a priori, para a caracterização do 
ilícito, a identificação de uma ação ou omissão, antijurídica, 
imputável a alguém, fundada numa causa e capaz de gerar um 
dano a outrem, o art. 187 inaugura, com mesma força, uma 
hipótese de ilicitude plenamentedistinta, estruturada a partir de 
um conflito de liberdades individuais. Pelo art. 187, por exemplo, 
não há, nem mesmo, a necessidade de caracterização de um 
dano (injusto) a outrem, bastando a verificação de excesso no 
exercício de um liberdade individual perante terceiros.” 
(CACHAPUZ, Maria Cláudia, Direitos de personalidade e 
responsabilidade civil na perspectiva da ética do discurso)5 
 
3.2 Ilicitude no código civil 2002 
A origem da ilicitude pode estar tanto na violação de uma norma de dever (um ato 
contrário ao direito) ou na realização de uma conduta que tenha por consequência 
uma sanção jurídica. 
o Ilícito Típico: Atos contrários à norma que determina a forma correta de agir – 
regulativas de determinadas condutas. (fazer o proibido ou não fazer o devido) 
o Ilícitos atípicos: (doutrina espanhola): Atos abusivos (com abuso de direito) 
praticados com culpa ou dolo. No Brasil, os atos denominados atípicos pela 
doutrina estrangeira são ilícitos típicos, dada previsibilidade no artigo 187. 
Mesmo na doutrina espanhola os ilícitos atípicos (não previstos no 
ordenamento deles), exigem o dano para que a conduta seja considerada 
ilícita. 
A ilicitude e colisão de liberdades: Havendo colisão de liberdades, por exemplo, entre 
a liberdade de publicar um livro e a liberdade de não ter a vida publicada, o juiz, 
analisando o caso concreto, deve interferir para, necessariamente, restringir uma delas 
(ponderação de princípios contrapostos). Havendo descumprimento dessa restrição, 
pode configurar hipótese de ilícito (abuso de direito) – hipótese em que a ilicitude 
nasce de um exercício regular, porém abusivo, de direito. Ou seja, com o código civil 
de 2002 a ilicitude deixa de ser considerada como mero descumprimento de normas 
jurídicas, recebendo tratamentos mais abrangente. 
 
 
5
 Disponível em: 
 
goo.gl/Gsd3F3 
 
 
19 
3.3 Elementos balizadores à restrição de liberdades 
Os elementos previstos no artigo 187, boa-fé, bons costumes, fim econômico e fim 
social, NÃO são determinantes empíricos de uma limitação de liberdade, já que a 
discussão sobre o conflito de liberdades pressupõe uma ponderação de princípios 
contrapostos. Os elementos mencionados mostram, no caso concreto, como o 
interprete vai encontrar a possibilidade de restrição de uma conduta. 
3.4 Elementos caracterizadores da ilicitude civil genericamente (186 + 187,CC) 
São elementos da ilicitude: 
 Violação a um dever jurídico 
 Imputabilidade: Possibilidade de imputar a violação a um sujeito 
 Nexo de causalidade: Relação entre a causa e o efeito. Liga o fato (violação a 
um dever jurídico) ao imputável a um sujeito. 
 O fato em si 
A culpa genérica (dolo ou culpa) e o dano só são elementos necessários da ilicitude 
civil se a fundamentação tiver base no 186. 
“Analisando-se os arts. 186 e 187 do novo CC, vislumbra-se que, 
em relação à disciplina do art. 186, não se permite 
visualizar maior inovação na estrutura normativa, 
encontrando-se reprodução aprimorada da redação do art. 
159 do Código anterior. Tem-se que os elementos 
tradicionalmente caracterizadores da ilicitude civil - a ocorrência 
de uma violação a um dever jurídico, a imputabilidade deste 
dever a alguém, a ocorrência de dano e o nexo de causalidade 
capaz de ligar este dano a um fato atribuível a alguém -, aliados à 
previsibilidade de ocorrência do evento danoso, permanecem 
em tônica no enunciado normativo, identificando hipótese de 
ilicitude sem grandes diferenciações ao que já se fazia 
conhecido na normatividade antes existente.” (CACHAPUZ, Maria 
Cláudia, A ilicitude e as fontes obrigacionais: análise do art. 187 do 
novo código civil brasileiro)6 
3.4.1 O Dano e a Ilicitude 
O dano só será elemento necessário para ilicitude sob a ótica do artigo 186. Conforme 
visto, há hipótese, no código civil de 2002, de ilicitude sem dano, como no caso de 
 
6
 Disponível em: 
 
goo.gl/BKwjIX 
 
 
 
20 
inadimplemento de uma obrigação originária de uma restrição de liberdades, 
mediante ponderação de princípios no caso concreto, o desrespeito a um fazer ou não 
fazer. 
“Vistos conjuntamente os enunciados dos arts. 186 e 187 do 
Código Civil, pode-se afirmar que bastam os elementos da 
antijuridicidade, em relação à violação do dever jurídico, e do 
ato em si mesmo à caracterização da ilicitude. Imputabilidade, 
nexo de causalidade, dano provável ou culpa são elementos 
que, embora suficientemente caracterizados no art. 186 a 
partir de uma concepção subjetiva, recebem relativização pelo 
art. 187, na medida em que a situação de ilicitude nele 
descrita e os elementos que a caracterizam só podem ser 
analisados frente ao caso concreto, nunca abstratamente.” 
(CACHAPUZ, Maria Cláudia, A ilicitude e as fontes obrigacionais: análise 
do art. 187 do novo código civil brasileiro) 
3.4.2 Do ilícito à reparação 
Para a plena compreensão da origem da ilicitude, é preciso distinguir, brevemente, 
regras de princípios: 
“Quer-se, assim, afirmar que regras e princípios não são 
simultâneos, possuindo qualificação diversa. Concretizam-se em 
níveis de compreensão diferenciados, porque o princípio conduz 
à necessária ponderação (aplicação do princípio da 
proporcionalidade, este tido como regra à argumentação). Por 
isso, princípios não visam exclusivamente a promoção de um 
ideal, mas buscam orientar as razões contrapostas na apreciação 
dos interesses colidentes. ” (CACHAPUZ, Maria Cláudia, Direitos de 
personalidade e responsabilidade civil na perspectiva da ética do 
discurso) 
 Os princípios serão sempre ponderados no caso concreto, quando conflitantes. 
As regras são “tudo ou nada”, não existe ponderação de regras. 
 Por esse motivo o conflito de liberdades (de princípios), a fim de verificação da 
ilicitude, deverá sempre ser feito mediante análise do caso concreto. 
Verificada a conduta ilícita, através da ponderação no caso concreto (tratando-se de 
art 187): 
 E a ilicitude causou dano: Surge o dever de reparação, autorizado pelo artigo 
927,CC. 
 
21 
 E a ilicitude não causou dano: Surge uma obrigação de fazer ou não fazer (se 
essa obrigação não for adimplida, causará dano, logo surgirá também uma 
hipótese de reparação). 
4. Pressupostos da responsabilidade civil geral 
 
 
 
4.1 Imputabilidade 
Sujeito imputável é aquele que se pode responsabilizar por um dano, não sendo 
necessariamente aquele causou o dano. 
CC Art. 928. “O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se 
as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo 
ou não dispuserem de meios suficientes.” 
CC Art. 932. “São também responsáveis pela reparação civil: 
I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua 
autoridade e em sua companhia; 
II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se 
acharem nas mesmas condições; 
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais 
e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em 
razão dele; 
IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos 
onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, 
pelos seus hóspedes, moradores e educandos; 
V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do 
crime, até a concorrente quantia.” 
A discussão em relação ao artigo 928 é entorno do termo incapaz que, com as 
alterações trazidas pela lei 13.146 de 2015, faz referência expressa apenas aos 
Pressupostosda 
responsabilidade civil 
geral 
Violação de um dever 
Imputabilidade 
Dano 
Nexo Causal 
 
22 
menores de 16 anos (absolutamente incapazes), aos maiores de dezesseis e menores 
de dezoito anos, ébrios habituais, viciados em tóxicos, pródigos e aqueles que por 
causa transitória ou permanente não possam exprimir sua vontade (relativamente 
incapazes) – (Art 3º e 4º, CC), excluindo dessa ideia as pessoas com deficiência ou sem 
o necessário discernimento para prática de seus atos. 
Em relação à menoridade civil, os menores de 16 anos não respondem de forma 
direta, seja por dano decorrente de ato infracional7 ou não. Os relativamente 
incapazes, maiores de 16 anos e menores de 18, em aplicação analógica do artigo 116 
do ECA, respondem diretamente apenas pelos danos de atos infracionais. Todavia, não 
se tratando de ato infracional a responsabilidade do menor é subsidiária em relação à 
de seus responsáveis. 
 Menor de 16: Reponsabilidade direta dos responsáveis 
 Maior de 16 e menor de 18: 
o Reponsabilidade direta do menor por ato infracional 
o Reponsabilidade subsidiária do menor por ato não infracional; 
Responsabilidade direta dos responsáveis pelo ato não infracional. 
 
 Não é preciso aguardar a sentença penal para que se ingresse com ação por 
danos civis 
 Reconhecida a sentença penal, apenas se liquida (determina o valor) dos danos 
civis a serem reparados. 
Cabe ressaltar ainda que a incapacidade civil temporária, em alguns casos, no âmbito 
jurisprudencial, não tem sido considerada como semi-imputabilidade. Ex.: Médico que 
toma medicamentos e ingere bebida alcoólica, alterando os efeitos daqueles, entrando 
em estado alterado e liga para sua companheira a ofendendo. Esta entra em juízo 
pedindo indenização e o réu, o médico, alega incapacidade temporária. A alegação do 
réu não é provida pois, na condição de médico, sabia dos efeitos da combinação dos 
seus medicamentos com bebida alcoólica. 
4.2 Violação de um dever jurídico 
Significa um ato contrário ao direito, ideia de antijuridicidade. Pode ou não ter como 
requisitos a culpa genérica (dolo ou culpa). O primeiro caso é do artigo 186 e o 
segundo do artigo 187, o qual trata da ilicitude objetiva. No artigo 187, a ilicitude 
nasce do abuso de direito, de uma conduta lícita, a priori, porém caracterizada como 
ilícita pelo poder judiciário após a ponderação no caso concreto, ou seja, é uma 
ilicitude institucional, fruto um trabalho jurisprudencial, onde entra a questão de 
grande importância da distinção entre previsibilidade e intenção (ponto 2.3) 
 
7
 Ato infracional conforme estatuto da criança e do adolescente é a conduta descrita como crime ou 
contravenção penal (art 103) 
 
23 
Para fins de verificação da ilicitude nos termos do artigo 186 é irrelevante se a conduta 
é resultado de dolo ou de culpa, elementos estes que serão importantes apenas no 
arbitramento do dano. 
 Ex: A responsabilidade do médico, profissional liberal, é em regra subjetiva, 
devendo o autor da ação comprovar a culpa genérica (art 186). Todavia, em se 
tratando de obrigações de resultado (uma cirurgia plástica, por exemplo), a 
violação do dever jurídico (ilicitude) torna-se objetiva (art 187), já que o 
inadimplemento verifica-se pelo fracasso em alcançar o resultado prometido, 
gerando dano e por consequência a responsabilidade civil. Em cirurgias 
comuns, entretanto, o médico compromete-se em empregar todos os esforços 
possíveis, e caso não atinja o resultado, o paciente deve comprovar a culpa ou 
dolo para que se determine a responsabilidade civil. 
o Esse exemplo mostra como a verificação da violação de um dever 
jurídico (ilicitude) é feita de modos distintos de acordo com artigo 186 e 
187 do código civil. 
 
4.3 Dano 
A princípio, não pode existir responsabilidade civil sem dano  CC. Art. 927. Aquele 
que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. O 
dano pode ser classificado em material ou moral (ou extrapatrimonial). Estes, ao 
contrário daqueles, correspondem à lesão a um direito de personalidade. 
São raríssimas as hipóteses de responsabilidade sem dano imediato, como em casos de 
catástrofes ou danos ambientais. Ex.: Vítimas da boate Kiss. Algumas pessoas, mesmo 
não sofrendo ferimentos físicos, ganharam o direito a um acompanhamento clínico 
para evitar futuros danos extrapatrimoniais (como um trauma, p.ex). 
 CC Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano. 
Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a 
gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, 
eqüitativamente, a indenização. 
O artigo 944 trata da reparação integral e proporcional a conduta ilícita. Há uma 
relação entre a culpa e o dano tanto para redução da indenização, através do 
parágrafo único desse artigo, ou de majoração, através de uma construção 
institucional denominada “função punitivo-pedagógico do dano”, segundo a qual a 
indenização, em alguns casos, deve ser majorada para que o réu “aprenda a lição” e 
não cometa novamente. O caráter punitivo-pedagógico da pena é criticável por dar 
margem à arbitrariedade por parte do juiz na definição da indenização. 
 
 
24 
 
4.4 Nexo Causal 
É o instituto que faz a ligação entre a causa e a consequência, é o caminho que se faz 
entre o ilícito e o dano. O problema é o que o código, salvo raras exceções, não expõe 
como que essa ligação deve ser realizada na prática. 
Portanto, para que se caracterize a responsabilidade são necessários: um ilícito, que 
esse ilícito cause um dano e que esse dano seja imputável a um sujeito através de um 
nexo entre sua conduta e o dano. 
5. Pressupostos da responsabilidade civil contratual 
 
Enquanto a responsabilidade extracontratual nasce de um ato ilícito (sem vínculo), a 
contratual tem como fonte um ato negocial (com vínculo). Como nos atos não 
negociais, hipóteses de transferência indevida de patrimônio, pode ou não existir um 
vínculo prévio entre as partes, a responsabilidade pode ser contratual ou 
extracontratual, se existente ou não vínculo, respectivamente. 
 
 
5.1 Pressupostos da responsabilidade contratual e da extracontratual 
Responsabilidade contratual Responsabilidade extracontratual 
Contrato válido Imputabilidade 
Inexecução contratual Violação de um dever jurídico 
Nexo causal Nexo causal 
Dano Dano 
 
5.2 Equiparação de relações extracontratuais a relações contratuais 
Algumas relações onde é inexiste vínculo contratual podem ser equiparadas a atos 
negociais por uma construção institucional. Exemplo: 
Fontes das 
obrigações 
Atos negociais 
Responsabilidade 
civil Contratual 
Atos não-negociais 
Atos ilícitos 
Responsabilidade 
civil Extracontratual 
 
25 
CDC Art. 17. “Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos 
consumidores todas as vítimas do evento.” 
Nas relações de consumo, os consumidores são automaticamente considerados como 
partes de um contrato. No entanto, em algumas situações, mesmo que o sujeito não 
tenha participado de uma relação de consumo de forma direta pode ser equiparado a 
qualidade de consumidor. 
 Ex.: Um sujeito compra uma televisão e no primeiro dia convida sua família 
para assistir. A televisão explode causando ferimentos aos seus familiares. 
Estes como participantes do evento são equiparados a praticantes de um ato 
negocial, estando a reparação sujeita ao regime da responsabilidade 
contratual. 
 
5.3 Contrato válido: 
A origem da responsabilidade deve ser uma obrigação contratual existente, válida e 
eficaz. O contratado, aquele que se comprometeu com a obrigação previstano 
contrato, é a pessoa imputável. 
5.4 Inexecução contratual: 
É da inexecução do contrato que pode surgir o dano, do qual resulta a 
responsabilidade civil, atribuível ao contratante através de um nexo causal. 
É importante ainda a distinção entre responsabilidade extracontratual e dano 
extrapatrimonial, já que este não decorre necessariamente daquela. O dano 
extrapatrimonial pode ser extraído de uma relação negocial assim como de uma 
extracontratual.

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