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Automação Industrial Agnaldo A. Vieira APRESENTAÇÃO É com satisfação que a Unisa Digital oferece a você, aluno(a), esta apostila de Automação Industrial, parte integrante de um conjunto de materiais de pesquisa voltado ao aprendizado dinâmico e autôno- mo que a educação a distância exige. O principal objetivo desta apostila é propiciar aos(às) alunos(as) uma apresentação do conteúdo básico da disciplina. A Unisa Digital oferece outras formas de solidificar seu aprendizado, por meio de recursos multidis- ciplinares, como chats, fóruns, aulas web, material de apoio e e-mail. Para enriquecer o seu aprendizado, você ainda pode contar com a Biblioteca Virtual: www.unisa.br, a Biblioteca Central da Unisa, juntamente às bibliotecas setoriais, que fornecem acervo digital e impresso, bem como acesso a redes de informação e documentação. Nesse contexto, os recursos disponíveis e necessários para apoiá-lo(a) no seu estudo são o suple- mento que a Unisa Digital oferece, tornando seu aprendizado eficiente e prazeroso, concorrendo para uma formação completa, na qual o conteúdo aprendido influencia sua vida profissional e pessoal. A Unisa Digital é assim para você: Universidade a qualquer hora e em qualquer lugar! Unisa Digital SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................... 5 1 ASPECTOS HISTÓRICOS E EVOLUÇÃO ................................................................................... 7 1.1 Introdução ..........................................................................................................................................................................7 1.2 Automação .........................................................................................................................................................................8 1.3 Partes que Compõem Uma Automação .................................................................................................................9 1.4 Níveis .................................................................................................................................................................................13 1.5 Arquitetura da Automação Industrial ...................................................................................................................14 1.6 Áreas da Automação ...................................................................................................................................................15 1.7 Conceito de Automação ............................................................................................................................................16 1.8 Funções ............................................................................................................................................................................18 1.9 O Mercado Atual da Automação no Brasil ..........................................................................................................18 1.10 Atividades Propostas ................................................................................................................................................19 2 MANUFATURA ....................................................................................................................................... 21 2.1 Introdução .......................................................................................................................................................................21 2.2 Classificação ...................................................................................................................................................................23 2.3 Sistema de Manufatura Celular ...............................................................................................................................23 2.4 Sistema Flexível de Manufatura ..............................................................................................................................24 2.5 Programa de Qualidade ............................................................................................................................................24 2.6 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................25 3 SISTEMAS DE CONTROLE .............................................................................................................. 27 3.1 Introdução .......................................................................................................................................................................27 3.2 Histórico ...........................................................................................................................................................................28 3.3 Definição de Sistemas de Controle ........................................................................................................................29 3.4 Vantagens dos Sistemas de Controle ....................................................................................................................29 3.5 Configurações dos Sistemas.....................................................................................................................................30 3.6 Principal Elemento de um Sistema de Controle Industrial ...........................................................................32 3.7 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................33 4 CLPs ............................................................................................................................................................... 35 4.1 Introdução .......................................................................................................................................................................35 4.2 Histórico ...........................................................................................................................................................................35 4.3 Principais Características ...........................................................................................................................................37 4.4 Arquitetura ......................................................................................................................................................................37 4.5 Especificações ................................................................................................................................................................38 4.6 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................40 5 ANÁLISE DE SISTEMAS ROBÓTICOS ...................................................................................... 41 5.1 Introdução .......................................................................................................................................................................41 5.2 Anatomia de um Robô e Atributos Relacionados ............................................................................................42 5.3 Sistema de Movimentação das Articulações .....................................................................................................42 5.4 Sistema de Controle de Robôs ................................................................................................................................43 5.5 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................446 PROGRAMAÇÃO .................................................................................................................................. 45 6.1 Introdução .......................................................................................................................................................................45 6.2 Análise das Linguagens de Programação ...........................................................................................................45 6.3 Dispositivo de Programação ....................................................................................................................................46 6.4 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................47 RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS ..................................... 49 REFERÊNCIAS ............................................................................................................................................. 55 Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 5 INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), O processo de automação em diversos setores da atividade humana trouxe uma série de benefícios à sociedade. A automação geralmente reduz custos, aumenta a produtividade no trabalho e pode livrar os trabalhadores de atividades monótonas, repetitivas ou mesmo perigosas. Esta apostila tem o objetivo de proporcionar aos estudantes de Engenharia um conhecimento ini- cial e básico sobre a automação industrial – inicial porque o universo da automação se expande em alta velocidade, devido principalmente aos avanços da microeletrônica, eletrônica de potência e informática; e básico porque essa área do conhecimento é ampla, existindo muitas facetas, campos de atuação e formas de intervenção. Dessa maneira, não se pretende com esta apostila esgotar o assunto; na ver- dade, pretende-se desenvolver a curiosidade dos estudantes de buscar o aprofundamento no tema e, finalmente, convidar os futuros engenheiros a atuar com competência e determinação nas questões de automação industrial nas organizações em que possam vir a exercer o seu ofício. Espera-se que esta apostila seja um importante instrumento de apoio ao estudo e à aprendizagem dos fatores e elementos constituintes da automação industrial e que assim você possa ampliar seus co- nhecimentos. Bom trabalho! Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 7 ASPECTOS HISTÓRICOS E EVOLUÇÃO1 Caro(a) aluno(a), Neste capítulo, estudaremos a história da automação industrial e seus principais compo- nentes. Vamos acompanhar? 1.1 Introdução As primeiras formas de automação deram- -se nas indústrias de processo, por meio das me- diações elétrica e pneumática, com o desenvol- vimento de equipamentos de controle. Com o surgimento da máquina de comando numérico, em 1949/1950, a palavra ‘automação’ ganhou mais relevância. Essa máquina foi criada com capaci- dade para realizar certas operações previamen- te programadas sem a intervenção direta de um operador, abrindo perspectivas para profundas mudanças na produção industrial. As primeiras máquinas automáticas foram construídas por sistemas de comando ligados por fios elétricos e formados por circuitos com válvu- las eletrônicas a vácuo, entre outros componentes. Com a evolução tecnológica dos materiais e com- ponentes, consequentemente houve um avanço nas máquinas de controle numérico, sendo os componentes e válvulas substituídos por transis- tores e os fios, por placas de circuitos integrados. No entanto, a ligação do sistema de comando ainda era feita de forma rígida, por meio da fiação com a máquina. Esse foi a próximo passo: a subs- tituição de todo esse sistema pelo computador, tornando-o versátil, sofisticado e revolucionário. O Comando Numérico Computadorizado (CNC) é definido como o uso do computador para comandar o caminho da ferramenta cortante de uma máquina operatriz, fazendo isso com alta precisão no produto final e alta repetibilidade com um mesmo programa, tudo isso associado diretamente com o projeto assistido por compu- tador (Computer-Aided Design – CAD), permitindo realizar o produto diretamente a partir do projeto. A princípio, essas máquinas tinham alto cus- to e exigiam manutenções permanentes, além de custosas, o que fez com que não fossem bem rece- bidas. Essa concepção mudou com a evolução das máquinas de CNC, que assumiram características próprias, com seu desempenho incluindo a pos- sibilidade de mudanças de operações conforme o programa, a troca automática de ferramentas e outros acessórios, a capacidade de executar tare- fas recebidas por meio de linhas de transmissão e de armazenar as informações, propiciando ganho de produtividade por conta da redução de tempo e da melhoria da qualidade, suprindo e/ou redu- zindo trabalhos antes necessários para a prepara- ção e o posicionamento da ferramenta e da peça, além das paradas intermediárias para medições ou comparações. Com essa flexibilidade das má- quinas e a comunicação estabelecida entre elas, foi criado um sistema de produção altamente in- tegrado. Agnaldo A. Vieira Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 8 A palavra ‘automation’ foi inventada pelo marketing da indústria de equipamentos, na década de 1960, que buscava enfatizar a parti- cipação do computador no controle automáti- co industrial. Hoje, entende-se por automação qualquer sistema apoiado em computadores que substitua o trabalho humano em favor da segu- rança das pessoas, da qualidade dos produtos, da rapidez da produção ou da redução de custos, assim aperfeiçoando os complexos objetivos das indústrias e dos serviços. 1.2 Automação A automação decorre de necessidades, tais como: maior nível de qualidade, maior flexibilida- de de modelos para o mercado, redução do tem- po e custo do trabalho, maior segurança pública e dos operários, melhoria do ambiente de traba- lho, menores perdas de materiais e de energia, mais disponibilidade e qualidade das informa- ções sobre o processo e melhor planejamento e controle da produção. Ela envolve a implantação de sistemas interligados e assistidos por redes de comunicação, compreendendo sistemas supervi- sórios e interfaces homem-máquina que possam auxiliar os operadores no exercício da supervisão e análise dos problemas que possam vir a ocorrer. Figura 1 – Evolução da automação. Fonte: www.ebah.com.br. Uma grande vantagem de utilizar esse sis- tema é a possibilidade de expansão utilizando recursos de fácil acesso, sendo de extrema impor- tância, para tornar a automação industrial uma realidade presente, os Controladores Lógicos Pro- gramáveis (CLPs). Na visita a uma instalação automatizada, é difícil distinguir as contribuições da engenharia, tanto a de controle dinâmico quanto a de con- trole lógico; o que vemos são computadores de interface homem-máquina, cabos de sinal e de energia e componentes físicos do processo, tais como: motores, válvulas, tubulações, veículos, tanques etc. Há uma combinação de dois tipos de controle na automação, numa proporção infinita- mente variável; no entanto, o desafio maior da en- genharia parece ser implementar com segurança todas as necessidades de controle dinâmico, de controle lógico e de comunicação digital. Automação Industrial Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 9 A operação fundamental dos sistemas auto- máticos é transformar um sinal elétrico, hidráulico ou pneumático em outra grandeza física, que ge- ralmente é um deslocamento mecânico. A opera- ção que representa o último anel dessa sequên- cia é executada por atuadores, que podem ser do tipo: elétrico; hidráulico; pneumático; mecânico. Do tipo elétrico, fazem parte: eletroímã (solenoides); motoresde corrente contínua; motores brushless; motores de passo (step motors); motores lineares (usados no campo da robótica); motores de indução. Saiba maisSaiba mais Os motores assíncronos ou de indução encon- traram amplo espaço na automação nos últimos anos, quando seu acionamento (encaminha- mento progressivo, freamento, regulação de ve- locidade) se tornou competitivo em relação aos motores de corrente contínua. Pode-se transmitir a potência por meio do redutor de velocidade acoplado ao motor. Esse conjunto formado por motor e redutor de veloci- dade é denominado motorredutor. 1.3 Partes que Compõem Uma Automação Figura 2 – Motor assíncrono. Fonte: www.ebah.com.br. Os atuadores do tipo hidráulico ou pneu- mático estão presentes na automação para le- vantar, mover, bloquear e posicionar vários ele- mentos. A diferença entre os cilindros hidráulicos e pneumáticos é basicamente o tipo de fluido utilizado e a potência de acionamento: potência elevada e baixa velocidade nos cilindros hidráuli- cos e potência reduzida e velocidade elevada nos cilindros hidráulicos. Os cilindros podem ser classificados em duas categorias: cilindros de simples efeito (entrada do fluido em uma só direção); cilindros de duplo efeito (entrada do fluido em duas direções). Agnaldo A. Vieira Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 10 Figura 3 – Cilindro hidráulico de simples efeito. Fonte: www.ebah.com.br. Dispositivos Detectores São componentes que detectam as infor- mações necessárias no andamento do processo automatizado. Os dispositivos de detecção po- dem ser divididos em duas grandes categorias: o tipo digital, cuja saída é on/off. Neste tipo, a interligação da saída de um es- tado para outro é verificada quando a grandeza física na entrada ultrapassa um determinado valor definido. Por exemplo, a fotocélula, baseada na pre- sença ou ausência de um sinal lumino- so, abre ou fecha um circuito. Este tipo de detector é geralmente chamado sensor; o tipo analógico transforma o valor da grandeza física na entrada em um sinal elétrico ou pneumático proporcional ao valor da grandeza física. Este tipo de detector é geralmente chamado trans- dutor. Há vários tipos de transdutor e sensor pre- sentes no mercado, tais como: chave de posição mecânica (fim de cur- so); sensores ópticos; sensores de proximidade; transdutores de força, pressão e tempe- ratura; potenciômetro; indicador de nível de líquido. Figura 4 – Chave de posição mecânica (fim de curso). Fonte: www.siemens.com.br. Interface Homem-Máquina O diálogo entre homem e máquina pode ser dividido em dois blocos principais: 1. órgão de comando e sinalização do tipo tradicional, em que há os seguin- tes dispositivos: chaves seletoras; chaves digitais; botoeiras; indicadores luminosos; displays; 2. terminal de gestão: usado quando se quer verificar de maneira mais abran- gente e detalhada o sistema controla- do. Painel Operador (OP): também cha- mado Human Machine Interface Automação Industrial Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 11 (HMI), é um dispositivo de diferen- tes tamanhos e complexidade, ge- ralmente possuindo tela de cristal líquido e um conjunto de teclas para navegação de tipos virtuais. É con- figurado por um programa e possui construção robusta bem protegida, de acordo com as tabelas interna- cionais de grau de proteção. Terminal de gestão com monitor: é um terminal de diálogo com com- putador dotado de programas su- pervisores específicos para controle de quantidades elevadas de variá- veis de processo. Figura 5 – Interface homem-máquina. Fonte: www.siemens.com.br. Elaboração e Transmissão de Dados É constituído de computadores, CLPs e mi- croprocessadores com placas dedicadas. Sua ta- refa é supervisionar o sistema por meio das infor- mações que chegam aos sensores, com base em um programa previamente elaborado. Em insta- lações automatizadas de pequeno e médio por- te, a utilização de computadores para supervisão está crescendo graças a soluções de hardware e software simples e a custo acessível. Atualmente, os programas supervisores são chamados Super- visory Control and Data Acquisition (SCADA). É pre- ciso que o sistema de elaboração se comunique com os dispositivos de controle ou com compu- tadores de vários níveis para ser capaz de supervi- sionar uma máquina na linha de produção ou um setor produtivo inteiro. As redes de comunicação interna na fábrica são denominadas Local Area Networks (LANs). Na indústria, a rede do tipo LAN permite a comunica- ção entre equipamentos independentes alocados internamente em uma mesma área delimitada. Figura 6 – Rede de campo PROFIBUS-DP. Fonte: www.smar.com. Saiba maisSaiba mais Para trabalhar com o programa SCADA, não é necessário pro- gramar o computador; basta apenas tomar como modelo um programa padrão existente para ajustá-lo à nossa necessi- dade. Agnaldo A. Vieira Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 12 Órgãos de Manobra de Proteção e Acionamento Os dispositivos de manobra são indispen- sáveis em um sistema automatizado, pois fazem a ligação das informações do sistema de elabo- ração com o circuito de potência conectado aos atuadores ou, então, ao órgão de acionamento para a regulagem da velocidade ou do controle de alguns parâmetros dos atuadores. Exemplos de dispositivos de manobra: disjuntor termomagnético; fusíveis; chaves; secionadores; relé térmico; contadores. Os órgãos de acionamento mais importan- tes podem ser classificados em: variadores para controle de eixo; variadores de velocidade para motores assíncronos (inversores); variadores de velocidade para motores em corrente contínua. Figura 7 – Contador. Fonte: www.thoms.com.br. Figura 8 – Fluxograma das partes que compõem uma automação. Cilindros pneumáticos, cilindros hidráulicos, motores, solenoides MANOBRA E ACIONAMENTO DISPOSITIVOS DE DETECÇÃO Sensores, transdutores, chaves eletromecânicas Válvulas hidráulicas e pneumáticas, contadores, válvula proporcional, variador de velocidade ELABORAÇÃO PIC, CLP, computador, microprocessadores INTERFACES HOMEM-MÁQUINA Console de programação, botões, display, PO GRUPO DE POTÊNCIA GRUPO DE COMANDO Fonte: Adaptado de Prudente (2011). Automação Industrial Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 13 Diferentes níveis de operações de fábri- ca podem ser aplicados dentro do conceito de automação, sendo comum a associação com as máquinas de produção individuais, porém a máquina em si é composta por subsistemas que também podem ser automatizados. 1.4 Níveis Figura 9 – Níveis da automação. Fluxo de Dados NÍVEL 5 Nível do empreendimento Sistema de informações corporativas Sistema de produção Sistema de manufatura Grupos de máquinas Máquinas individuais Sensores, atuadores, outros elementos de hardware DESCRIÇÃO/EXEMPLOS 4 3 2 1 Nível da fábrica Nível da célula ou sistema Nível da máquina Nível do dispositivo Fonte: Adaptado de Groover (2011). Cinco níveis possíveis de automação podem ser identificados em uma planta de produção: 1. nível do dispositivo: nível mais baixo na hierarquia da automação, inclui atua- dores, sensores e outros componentes de hardware constantes no nível da máquina; esses dispositivos são combi- nados em loops individuais de controle; 2. nível da máquina: neste nível, as fun- ções de controle incluem a execução da sequência de etapas no programa de instruções na ordem correta e a certificação de que cada etapa foi exe- cutada adequadamente; no nível do dispositivo,o hardware é montado em máquinas individuais; Agnaldo A. Vieira Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 14 3. nível da célula ou sistema: este nível opera conforme as instruções do nível da fábrica. Um sistema de produção ou uma célula é um grupo de máquinas ou estações de trabalho conectadas e apoiadas por um sistema de manuseio de materiais, um computador ou outro equipamento apropriado ao processo de produção. Suas funções incluem a expedição da peça, o carregamento da máquina, a coordenação das máquinas com os sistemas de manuseio e a cole- ta e avaliação dos dados de inspeção; 4. nível da fábrica ou produção: recebe instruções do sistema de informações corporativas e as traduz em planos operacionais para a produção; 5. nível do empreendimento: formado pelo sistema de informações corporati- vas, este é o nível mais alto. Preocupa- -se com todas as funções necessárias para o bom gerenciamento da empre- sa: projeto, pesquisa, marketing, ven- das, contabilidade, planejamento agre- gado e plano mestre de produção. A Figura 10 representa a pirâmide de auto- mação, com os diferentes níveis encontrados em uma planta industrial, pois a automação industrial exige a realização de muitas funções. O controla- dor programável está na base, atuando via inver- sores, conversores ou sistemas de partida suave sobre máquinas, motores e outros processos produti- vos. A característica marcante, no topo da pirâmide, é a in- formação ligada ao setor corporativo da empresa. 1.5 Arquitetura da Automação Industrial Figura 10 – Pirâmide de automação. Fonte: www.osetoreletrico.com.br. Automação Industrial Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 15 Níveis da pirâmide: nível 1: é o nível dos dispositivos, má- quinas e componentes (chão de fábri- ca). Exemplos: linha de montagem ou manufatura, máquina de embalagem; nível 2: é o nível dos controladores di- gitais, lógicos e dinâmicos e de algum tipo de supervisão associado ao proces- so. Aqui se encontram concentradores de informações sobre o nível 1 e as in- terfaces homem-máquina; nível 3: normalmente, é constituído por bancos de dados com informações dos índices de qualidade da produção, rela- tórios e estatísticas de processo, índices de produtividade e algoritmo de otimi- zação da operação produtiva, permitin- do o controle do processo produtivo da planta; nível 4: responsável pela programação e planejamento da produção, realiza o controle e a logística dos suprimentos; nível 5: é responsável pela administra- ção dos recursos da empresa. Nele se encontram os softwares para gestão financeira e de vendas e se realizam a decisão e o gerenciamento de todo o sistema. 1.6 Áreas da Automação Constantemente, o conceito de automação é confundido com o de automatização. A automa- tização está ligada à realização de movimentos repetitivos, isto é, movimentos automáticos sem correção; já a automação consiste em um conjun- to de técnicas que dão suporte à construção de sistemas ativos capazes de utilizar as informações recebidas para calcular a ação corretiva mais ade- quada. Na automação, existe uma autoadaptação a diferentes situações, de modo que as ações do sistema instruem os dispositivos de controle so- bre a correção mais apropriada para cada instan- te, com o objetivo de gerar ótimos resultados sob o ponto de vista quantitativo ou qualitativo. De acordo com Rosário (2005), a automação industrial pode ser dividida em três classes: automação fixa: utilizada quando o vo- lume de produção é elevado; assim, a linha de produção é composta de diver- sas máquinas de comando numérico, chamadas estações de trabalho. À me- dida que as operações são terminadas, as peças são transferidas a outras esta- ções, formando uma linha de produção fixa voltada apenas para um tipo de produto; automação flexível: voltada para um volume de produção médio e aliada à flexibilidade, permite que sejam fa- bricados diversos produtos ao mesmo tempo, decorrente da interação da en- genharia mecânica com tecnologias eletrônicas e sistemas de informação; automação programável: voltada para um volume de produção baixo e diver- sificado, efetuado em pequenos lotes; dessa forma, os equipamentos devem ser reprogramados a cada novo lote. O binômio inovação tecnológica-competiti- vidade passou a ser um desafio da modernização nos países em desenvolvimento. Este é um tempo de mudanças aceleradas; o mundo está evoluin- do de forma rápida e crescente: no século XVIII, foi a máquina a vapor; no final do século XX, a nova revolução do desenvolvimento foi e continua sendo a tecnologia e um dos fatores marcantes da economia mundial é a globalização. Agnaldo A. Vieira Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 16 As estratégias empresariais são definidas a partir da identificação de oportunidades em van- tagens desenvolvidas em centros de pesquisas, em que a competição é fundamental e os custos do processo e a cadeia produtiva passam a ter um papel relevante. A evolução da tecnologia e a rápida glo- balização afetaram a vida de todas as pessoas, principalmente as envolvidas com negócios e indústrias, com base na capacidade de antecipar tendências e de acompanhar rapidamente a sua evolução, sendo indispensável interiorizar uma lógica de inovação estratégica na empresa que permita ser capaz de conceber e adaptar criati- vamente novos produtos de forma continuada. Inovar é fazer coisas diferentes ou de maneiras diferentes, é usar a criatividade para satisfazer as necessidades. A modernização deve ser realizada pela aplicação da automação com redes de comuni- cação e tecnologias do mercado da automação industrial, podendo-se destacar a rede fieldbus, sistemas wireless e a identificação por radiofre- quência (Radio-Frequency Identification – RFID). 1.7 Conceito de Automação A automação surgiu da necessidade de au- mento de flexibilização, de maior rapidez e agi- lidade na produção e de redução de custos nas empresas de manufatura ou de processos contí- nuos, com o objetivo de se adaptarem o mais ra- pidamente possível às necessidades do consumi- dor, a fim de se manterem competitivas em um mercado cada vez mais exigente. É todo processo que faz atividades e tare- fas que auxiliam o ser humano no seu dia a dia, realizadas de forma autônoma, como, por exem- plo, os moinhos, as rodas-d’água, os pilões. Com o aparecimento das máquinas, a automação se estabeleceu dentro das indústrias, elevando sua produtividade e a qualidade de seus produtos e serviços. “A Automação é um conceito e um conjun- to de técnicas por meio das quais se constroem sistemas ativos capazes de atuar com excelente eficiência pelo uso de informações recebidas do meio sobre o qual atuam”. O melhor e mais apropriado conceito de automação pode ser: a integração de conheci- mentos, em que há a troca/substituição da ob- servação, esforços e decisões por “dispositivos” (elétricos, mecânicos, eletrônicos etc.) e softwares com o uso da metodologia. Figura 11 – Conceito abrangente de automação. Sistema de controle AUTOMAÇÃO Mecânica EletrônicaComputação Fonte: Adaptado de Rosário (2009). Automação Industrial Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 17 Outro conceito de automação está relacio- nado com seus diferentes níveis dentro de um processo automatizado, como vimos na pirâmide de automação. Figura 12 – Pentágono da automação. Modelagem de sistemas Sinais e sistemasAtuadores e sensores Software e aquisição de dados Computadores, redes de comunicação e sistemas lógicos Fonte: Adaptado de Rosário (2009). Três grandes áreas da engenharia fazem parte da automação industrial: 1. a mecânica, por meio das máquinasque possibilitam transformar matérias- -primas em produtos “acabados”; 2. a engenharia elétrica, que disponibiliza os motores, seus acionamentos e a ele- trônica indispensável para o controle e automação das malhas de produção; 3. a informática, que por meio das arqui- teturas de bancos de dados e redes de comunicação disponibiliza as informa- ções a todos os níveis de uma empresa. Esta área vem desempenhando um pa- pel importantíssimo para a área da en- genharia e da ciência, sendo essencial no comando numérico de máquinas- -ferramentas das indústrias de manufa- tura, no projeto de sistemas de pilota- gem automática, na industrialização de automóveis e caminhões – em que se utilizam robôs –, na instrumentação de controle de pressão, de temperatura, de unidade etc. Todos esses avanços na teoria e na prática da automação industrial só vieram a beneficiar, proporcionando meios para atingir um ótimo de- sempenho de sistemas dinâmicos, aumento de produtividade, diminuição de trabalho repetitivo e desgaste de operações manuais. Agnaldo A. Vieira Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 18 Figura 13 – Elementos de um sistema automatizado. Sistema de apoio à produção Sistemas de produção Tecnologias de manuseio de materiais Sistemas de controle de qualidade Tecnologias de automação e controle Processos de produção e operações de montagem Nível do empreendimento Instalações Sistema de apoio à produção Sistema de produção Fonte: Adaptado de Groover (2011). Um sistema automatizado pode ser capaz de executar funções avançadas não específicas de uma unidade de trabalho em particular, além dos programas dos ciclos de trabalho. As funções focam, em geral, a melhoria do desempenho e se- gurança dos equipamentos e incluem: 1. monitoramento da segurança; 2. manutenção e diagnósticos de repara- ção; 3. detecção de erros e recuperação. 1.8 Funções As funções avançadas da automação, que são incluídas no programa de instruções, são viabilizadas por sub-rotinas especiais, mas exis- tem casos em que as funções apenas oferecem as informações, não envolvendo nenhuma ação física por parte do sistema de controle; quaisquer atitudes tomadas são decididas por operadores humanos e gerentes do sistema e não pelo sis- tema em si. Há outros casos em que o programa de instrução deve ser fisicamente executado pelo sistema de controle, que aciona um alarme quan- do um trabalhador humano se aproxima demais de um equipamento automatizado. 1.9 O Mercado Atual da Automação no Brasil Conforme dados da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (ABINEE), vistos nas tabelas a seguir, o faturamento da área de automação industrial cresceu cerca de 11% no período entre 2012 e 2013. As exportações nesse período chegaram a US$ 535 milhões, tendo re- traído 3% em relação a anos anteriores. Nível da fábrica Automação Industrial Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 19 Tabela 1 – Faturamento da área de automação. Faturamento total por área (R$ milhões a preços correntes) 2011 2012 2013 2013 x 2012 Automação industrial 3.725 3.920 4.368 11% Componentes elétricos e eletrônicos 9.828 9.755 10.696 10% Equipamentos industriais 22.272 22.322 23.599 6% GTD* 13.097 15.307 16.220 6% Informática 43.561 43.561 47.046 8% Material elétrico de instalação 9.654 9.019 9.478 5% Telecomunicações 19.901 22.811 26.689 17% Utilidades domésticas 16.102 17.841 18.649 5% Total 138.140 144.536 156.745 8% Fonte: Abinee. Nota: * GTD: Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica. Tabela 2 – Exportações do setor de automação industrial. Exportações de produtos do setor (US$ milhões) 2011 2012 2013 2013 x 2012 Automação industrial 543 551 535 -3% Componentes elétricos e eletrônicos 3.526 3.660 3.285 -10% Equipamentos industriais 1.576 1.433 1.341 -6% GTD* 683 676 948 40% Informática 422 380 386 2% Material elétrico de instalação 96 86 97 13% Telecomunicações 893 569 432 -24% Utilidades domésticas 459 365 339 -7% Total 8.198 7.719 7.363 -5% Fonte: Abinee. Nota: * GTD: Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica. 1.10 Atividades Propostas 1. O que é automação? 2. Qual é a diferença entre automação e automatização? 3. Quais são as três áreas da engenharia essenciais para a automação industrial? 4. Quais são os cinco níveis de automação possíveis de ser identificados em uma planta de pro- dução? Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 21 Caro(a) aluno(a), Neste capítulo, iremos estudar os tipos de sistema de manufatura e suas aplicações. Vamos acompanhar? MANUFATURA2 2.1 Introdução Os sistemas de manufatura são criados como uma coleção de equipamentos e recursos humanos integrados, com a função de realizar uma ou mais operações de processamento e/ ou montagem da matéria-prima, na peça ou seu conjunto inicial. Todo esse equipamento integra- do inclui máquinas e ferramentas de produção, dispositivos e manuseio de material, posiciona- mento de trabalho e sistemas de computador. O trabalho de agregação de valor é realizado nas peças e nos produtos no sistema de manufatura. Figura 14 – Sistema de manufatura. Sistema de suporte à manufatura Sistemas de manufatura Tecnologias de manuseio de materiais Sistemas de controle de qualidade Tecnologias de automação e controle Processos de manufatura e operações de montagem Nível da empresa Instalações Sistema de apoio à manufatura Sistema de produção Nível da fábrica Fonte: Adaptado de Groover (2011). Agnaldo A. Vieira Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 22 Exemplos de sistemas de manufatura: célula com uma estação: quando um trabalhador cuida de uma máquina de produção que opera no ciclo semiauto- mático; agrupamento de máquina: quando apenas um trabalhador cuida de um grupo de máquinas semiautomáticas; linha de montagem manual: quando as operações de montagem são realizadas de modo a construir um produto, por meio de uma série de estações de tra- balho; linha de transferência automatizada: uma série de estações de trabalho au- tomatizadas realiza operações de pro- cessamento, além da transferência de peças entre as estações; sistema de montagem automatizado: executa uma sequência de operações de montagem automatizadas ou me- canizadas (utilizado para produtos mais simples); célula de máquina: série de máquinas de produção e estações de trabalho operadas manualmente, realizando uma sequência de operações em uma família de peças ou produtos seme- lhantes, mas não idênticos; sistema de manufatura flexível: célula de máquina altamente automatizada para a produção de família de peças ou produtos. Vários componentes incluem-se num siste- ma de manufatura, quais sejam: máquinas de produção, ferramentas, dispositivos de fixação e equipamentos; um sistema de manuseio de material; um sistema de computador para con- trole e coordenação dos componentes; trabalhadores humanos para manusear e operar o sistema. Figura 15 – Três tipos de máquina de produção: (a) operadas manualmente, (b) semiautomatizadas, (c) totalmen- te automatizadas. Trabalhador Máquina Opera manualmente Carga Descarga Ciclo de trabalho Controlado pelo trabalhador (a) Trabalhador Carga Descarga Ciclo de trabalho Controlado pelo trabalhador Controlado pelo programa (b) Programa de controle Máquina semiautomatizada Trabalhador Carga Descarga (c) Programa de controle Máquina totalmente automatizada Ciclo de trabalho Controlado pelo programaFonte: Adaptado de Groover (2011). Automação Industrial Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 23 Esse tipode sistema é dividido em três ca- tegorias: 1. célula com uma estação: as aplicações das estações de trabalho únicas são frequentes e um caso é a célula ope- rador-máquina. Classifica-se em duas categorias: estações de trabalho com operadores e estações automatizadas. Este tipo é comum por ser mais fácil e ter menos custo na sua implementa- ção, além de ser mais adaptável, ajus- tável e flexível; 2. sistema multiestação com roteamento fixo: é uma linha de produção que con- siste em uma série de estações de tra- balho dispostas de modo que as peças ou os produtos se movam de uma esta- 2.2 Classificação ção para outra e uma parte do conteú- do total do trabalho seja realizada em cada estação, geralmente por meio de um transportador. Essa linha de produ- ção está geralmente associada à pro- dução em massa ou lote; 3. sistema multiestação com roteamento variável: tem como objetivo atingir al- guma finalidade especial, sendo geral- mente projetado para quantidade de produção média. Em geral, é aplicável tanto nas operações de processamen- to quanto de montagem, envolvendo variedade de peças ou produtos e pos- suindo flexibilidade para lidar com essa variedade. Suas máquinas podem ser manuais, semiautomatizadas ou total- mente automatizadas. 2.3 Sistema de Manufatura Celular Existe uma tendência de integrar as funções de projeto e manufatura em uma empresa, com o objetivo da Tecnologia em Grupo (TG). Essa é uma filosofia de manufatura na qual as peças se- melhantes são identificadas e agrupadas para ti- rar vantagem de suas similaridades em projeto e produção. Elas são dispostas em famílias e cada família possui características semelhantes, o que resulta em eficiência de manufatura, alcançada dispondo os equipamentos de produção em gru- pos de máquinas ou células para facilitar o fluxo de trabalho. A TG e a manufatura celular são apli- cáveis a diversas situações de manufatura, ofere- cendo benefícios substanciais para as empresas que as adotam. O termo ‘manufatura celular’ é utilizado para descrever o setor de trabalho no qual as má- quinas são agrupadas. É uma TG na qual máqui- nas ou processos dissimilares foram agregados em células, cada qual dedicada à produção de uma peça, família de produtos ou grupo limitado de famílias. Agnaldo A. Vieira Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 24 Do inglês Flexible Manufacturing Systems (FMS), é um tipo de célula de manufatura usado para implementar a manufatura celular, sendo o mais automatizado e tecnologicamente sofistica- do. Um FMS possui várias estações automatiza- das e é capaz de roteamentos variáveis entre as estações, operando como um sistema de modelo misto devido à sua flexibilidade. O conceito teve origem na Grã-Bretanha, no início da década de 1960, e as primeiras instala- ções aconteceram nos Estados Unidos, em 1967; elas realizavam operações de usinagem em famí- lias de peças com máquinas-ferramentas de con- trole numérico. 2.4 Sistema Flexível de Manufatura A razão pela qual o FMS é chamado flexível se deve ao fato de ele ser capaz de processar tipos de peça diferentes simultaneamente nas diversas estações de trabalho, podendo a mistura de tipos e as quantidades de produção ser ajustadas con- forme as mudanças. Figura 16 – Célula de manufatura automatizada. Fonte: www.ebah.com.br. 2.5 Programa de Qualidade Serve para detectar a baixa qualidade em produtos manufaturados e adotar medidas cor- retivas para eliminá-la. O Controle de Qualidade (CQ), do inglês quality control, tem a função de inspecionar os produtos, seus componentes e suas características de acordo com o padrão exi- gido, garantindo a satisfação e atendendo às ne- cessidades e exigências do cliente. Dois aspectos da qualidade devem ser ve- rificados em um produto manufaturado: suas características (inerente ao cliente) e se está livre de deficiências (sem defeitos e condições fora de tolerância). As características do produto deter- minam de forma justa o preço que uma empresa pode cobrar por ele. Estar livre de deficiências é o aspecto da qualidade pelo qual os departamen- tos de manufatura são responsáveis. Quadro 1 – Dois aspectos da qualidade. CARACTERÍSTICAS DO PRODUTO LIVRE DE DEFICIÊNCIA Configuração de projeto, tamanho, peso Ausência de defeitos Função e desempenho Conformidade com as especificações Características distintas do modelo Componentes dentro da tolerância Apelo estético Não há peças faltando Facilidade de uso Não há falhas precoces Disponibilidade de funções Confiabilidade e segurança Durabilidade e longa vida útil Facilidade de manutenção Reputação do produto e produtor Fonte: Adaptado de Groover (2011). Automação Industrial Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 25 1. O que é um sistema de manufatura? 2. Quais são os principais exemplos de sistemas de manufatura? 3. Quais são os componentes de um sistema de manufatura? 4. O que é um sistema de manufatura celular? 2.6 Atividades Propostas Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 27 Caro(a) aluno(a), Neste capítulo, iremos analisar os tipos de sistema de controle, bem como suas vantagens e configurações. Vamos estudar esses sistemas? Venha co- migo! SISTEMAS DE CONTROLE3 3.1 Introdução O elemento de controle em um sistema au- tomatizado executa o programa de instruções, fa- zendo com que o processo realize sua função, de forma a efetuar alguma operação de produção. Os sistemas de controle contribuem signi- ficativamente para a sociedade moderna; basta olhar ao redor para percebermos suas aplicações. Em nossas casas, podemos visualizá-los em di- versos equipamentos, como na torradeira, micro- -ondas, sistema de aquecimento ou refrigeração. Os sistemas de controle também são aplicados na ciência e na indústria, como, por exemplo, no guiamento de naves espaciais e mísseis e no es- guicho de fluido de refrigeração em uma peça usinada automaticamente. Há também sistemas de controle naturais, como a regulagem de açúcar do sangue no corpo humano feita pelo pâncreas. A finalidade do projeto de engenharia de controle é obter a configuração, as especificações e a identificação dos parâmetros-chave de um sistema proposto para atender a uma necessida- de real. No procedimento de projeto, o primeiro passo consiste em estabelecer a finalidade do sis- tema; o segundo passo é identificar as variáveis que se deseja controlar; escrever as especifica- ções em termos da exatidão que se deve alcançar é o terceiro passo, sendo que essa exatidão leva à identificação de um sensor para medir a variável controlada. Configurar um sistema que conduza ao desempenho de controle desejado é a primeira tentativa de um projetista. Essa configuração de sistema consiste de um sensor, de um processo sob controle, de um atuador e de um controlador. Depois, consiste em identificar um candidato a atuador, devendo ele ser capaz de ajustar efetiva- mente seu desempenho. Conclui-se, assim, o últi- mo passo: os ajustes dos parâmetros do sistema, a fim de obter o desempenho desejado. Agnaldo A. Vieira Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 28 Os sistemas de controle são bem antigos, tendo sido diversos deles desenvolvidos pelos primeiros habitantes do nosso planeta. Por volta de 300 a.C., os gregos come- çaram a engenharia de sistemas, com a realimentação: um relógio de água inven- tado por Ktesibios que operava por meio do gotejamento de água para o interior de um reservatório medidor a uma taxa constante. Logo depois, Filão de Bizâncio teve a ideia de controle de nível de líqui- do aplicado a um lampião a óleo. Por volta de 1681, começou a regulação da pressão de vapor, com a invenção da válvula de segurança por Denis Papin, aprimorada pela pesagemda parte su- perior da válvula; assim, o peso no topo da válvula estabelecia a pressão interna da caldeira. No século XVII, na Holanda, Cornelius Drebbel inventou um sistema de con- trole de temperatura inteiramente me- cânico para incubação de ovos. O controle de velocidade foi aplicado a um moinho de vento, em 1745, por Ed- mund Lee e aperfeiçoado, em 1809, por William Cibitt, que dividiu as velas do moinho em venezianas móveis. No século XVIII, James Watt, para con- trolar a velocidade de motores a vapor, inventou o regulador de velocidade de esferas. Em 1868, James Clerk Maxwell, baseado nos coeficientes da equação diferencial, publicou o critério de estabilidade para um sistema de terceira ordem. Em 1874, Edward John Routh estendeu o critério para os sistemas de quinta ordem. Em 1877, o tema para o Prêmio Adams foi “O Critério da Estabilidade Dinâmica”, que contribuiu para o desenvolvimento 3.2 Histórico e formulação das atuais teorias e práti- cas da estabilidade do sistema de con- trole. Na segunda metade dos anos 1800, o desenvolvimento dos sistemas de con- trole se concentrou na manobrabilida- de de navios. Foi o desenvolvimento teórico aplicado à manobrabilidade automática que levou ao que hoje cha- mamos controlador de três modos ou controlador Proporcional-Integral-Deri- vativo (PID). Em 1948, trabalhando na indústria ae- ronáutica, Walter R. Evans desenvolveu uma técnica gráfica para representar as raízes de uma equação característica de um sistema de realimentação cujos pa- râmetros variavam em uma faixa espe- cífica de valores (atualmente conhecida como lugar geométrico das raízes). Atualmente, os sistemas de controle en- contram um vasto campo de aplicação na orientação, navegação e controle de mís- seis e veículos espaciais, aviões e navios. Também são encontrados na indústria de controle de processos, nas concentrações químicas em cubas e na espessura do ma- terial fabricado, por meio da regulagem do nível de líquido dos reservatórios. Os desenvolvimentos modernos têm acom- panhado o aumento da utilização de computadores digitais como parte dos sistemas de controle. O sistema de aquecimento de uma residên- cia é um sistema de controle simples e um exem- plo de que a aplicação dos sistemas de controle não se limita a indústrias e à ciência. Também o sistema de entretenimento caseiro é baseado em sistemas de controle. Existem inúmeros exemplos desse tipo de sistema, desde os mais comuns até os mais complexos. Automação Industrial Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 29 Um sistema de controle é formado por sis- temas e processos que têm o objetivo de, a partir de uma entrada fornecida, obter uma saída dese- jada, com desempenho desejado. Saiba maisSaiba mais Os elevadores antigos eram controlados por cabos acionados manualmente ou por um ascensorista. Nesse caso, uma corda era cortada para demonstrar o freio de emergência, uma inovação nesses elevadores. Os elevado- res modernos de transporte duplo fazem seus trajetos acionados por um único motor, com seus receptáculos contrabalançando-se mutuamente. Atualmente, os elevadores são totalmente automáticos e utilizam sistemas de controle para regular posições e velocidades. 3.3 Definição de Sistemas de Controle Figura 17 – Descrição simplificada de um sistema de controle. Entrada, estímulo Resposta desejada Sistema de controle Saída, resposta Resposta real Fonte: Adaptado de Nise (2009). Considere o elevador como exemplo. Quan- do o botão do andar desejado é pressionado, o elevador se desloca com velocidade e precisão desenvolvidas para o conforto e a segurança do passageiro. A pressão no botão do andar desejado é uma entrada que representa a saída desejada. 3.4 Vantagens dos Sistemas de Controle Não seria possível a movimentação de gran- des equipamentos com precisão sem a utilização de sistemas de controle. Manualmente, seria im- possível direcionar as antenas para capturar sinais de rádio de baixa frequência. Não conseguiríamos fornecer a potência requerida para movimentar uma carga na velocidade desejada; assim, a po- tência é fornecida pelos motores e a regulagem da posição e da velocidade é feita pelos sistemas de controle. Os sistemas de controle são construídos por quatro principais razões: 1. amplificação da potência; 2. controle remoto; 3. conveniência da forma da entrada; 4. compensação por perturbações. Agnaldo A. Vieira Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 30 Figura 18 – Entrada e saída do elevador. Fonte: www.sliderplayer.com.br. Um sistema automatizado é utilizado para operar alguns processos e a energia é necessária para conduzir esses processos e controles, sen- do sua principal fonte a eletricidade. Esse tipo de energia apresenta muitas vantagens: possui custo moderado, importante na infraestrutura industrial; pode ser convertido em diversas for- mas de energia (hidráulica, mecânica, acústica, térmica etc.); pode ser armazenado em baterias de longa duração; pode ser utilizado como processamen- to de informações, transmissão de sinal e comunicação e armazenamento de dados. 3.5 Configurações dos Sistemas Três elementos compõem um sistema auto- matizado: 1. energia para concluir os processos e operar o sistema; 2. um programa de instruções que dire- ciona os processos; 3. um sistema de controle que executa as instruções. Figura 19 – Elementos de um sistema automatizado. Programas de instruções Energia Sistema de controle Processo Fonte: Adaptado de Groover (2009). Além dos requisitos básicos de energia para as operações de produção, é necessária, na auto- mação, energia adicional para as seguintes fun- ções: unidade controladora: baseia-se em computadores digitais, para ler o pro- grama de instruções, realizar os cálculos de controle e executar as instruções; energia para enviar sinais de controle: os comandos, geralmente transmitidos Automação Industrial Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 31 por sinais de baixa voltagem, são exe- cutados por dispositivos eletromecâni- cos denominados atuadores; coletas de dados e processamento de informações: os dados devem ser co- letados do processo e utilizados como entradas nos algoritmos de controle. Em um sistema automatizado, o elemento de controle executa o programa de instruções, fa- zendo com que o processo efetue sua função, de forma a realizar alguma operação de produção. Os controles de um sistema automatizado po- dem ser tanto de malha fechada quanto de malha aberta. Sistema de Malha Aberta O sistema de controle de malha aberta ope- ra sem uma malha por realimentação; os contro- les operam sem medir a variável de saída, não havendo comparação entre o valor de saída e o parâmetro de entrada desejado, sendo o oposto do sistema de malha fechada. O controlador “con- fia” em um modelo preciso do efeito de seu atua- dor sobre a variável do processo. A característica distintiva de um sistema de malha aberta é que não pode gerar compensação a nenhuma perturbação que seja somada ao si- nal de acionamento do controlador. Sua desvan- tagem é que sempre existe o risco de o atuador não causar o efeito esperado no processo, além da sensibilidade às perturbações e da falta de habilidades para corrigi-las, pois é comandado simplesmente pelas entradas. A vantagem é que costuma ser mais simples e mais barato que o sis- tema de malha fechada. Os sistemas de malha aberta são, geralmen- te, apropriados nas seguintes condições: 1. as ações executadas pelo sistema de controle são simples; 2. a função do atuador é bastante confiá- vel; 3. quaisquer forças de reação opostas às do atuador são bem pequenas, aponto de não causarem nenhum efeito sobre a atuação. Figura 20 – Sistema de controle de malha aberta. Parâmetro de entrada Variável de saídaControlador Atuador Processo Fonte: Adaptado de Groover (2009). Sistema de Malha Fechada Um sistema de controle de malha fechada, também conhecido como sistema de controle por realimentação, é aquele no qual a variável de saída se compara a um parâmetro de entrada e qualquer diferença entre elas é utilizada para fa- zer com que a saída esteja em conformidade com a entrada. As desvantagens do sistema de malha aber- ta não existem no sistema de malha fechada. O transdutor de entrada converte a forma da entra- da na forma utilizada pelo controlador. O siste- ma compensa as perturbações pela medição da resposta na saída, alimentando aquela medida no caminho de realimentação e comparando a resposta com a entrada na junção de adição; se aparecer alguma alteração ou diferença entre as respostas, o sistema aciona a planta, por um sinal de atuação, para realizar e fazer a correção. Sendo assim, esse sistema apresenta atenção superior à dos sistemas de malha aberta e é menos sensível a ruídos, perturbações e alterações no ambiente, porém é mais complexo e gera mais gastos. Agnaldo A. Vieira Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 32 Um sistema de controle de malha fechada é formado por seis elementos básicos: 1. parâmetro de entrada; 2. processo; 3. variável de saída; 4. sensor por realimentação; 5. controlador; 6. atuador. Figura 21 – Sistema de controle por realimentação. Parâmetro de entrada Variável de saídaControlador Atuador Processo Sensor de feedback Fonte: Adaptado de Groover (2009). O parâmetro de entrada, também chamado valor desejado, representa o valor de saída dese- jado. Em um sistema doméstico de controle de temperatura, o valor-alvo é o valor de configura- ção do termostato. O processo é a função ou ope- ração controlada, sendo que a malha controla a variável de saída. Para medir a variável de saída e fechar a malha entre a entrada e a saída, um sen- sor é utilizado; ele é responsável pela função de realimentação nesse sistema de malha fechada. O controlador compara a saída com a entrada e rea- liza os ajustes necessários no processo para redu- zir as diferenças entre elas. Um ou mais atuadores são utilizados até que os ajustes sejam realizados, os quais são os dispositivos de hardware que fisi- camente executam as ações de controle. Saiba maisSaiba mais A maioria dos processos industriais necessita de múltiplas malhas – uma para cada variável de processo a ser controlada. 3.6 Principal Elemento de um Sistema de Controle Industrial No final da década de 1970, foi criado o CLP para substituir sistemas automáticos que utili- zavam relés, temporizadores e sequenciadores mecânicos. As tarefas de comando e controle de máquinas e processos industriais eram feitas por relés eletromagnéticos antes do surgimento dos CLPs, especialmente os projetados para esse fim. O controle baseado em relés exigia modificações na fiação, no caso de alterações no processo auto- matizado, e muitas vezes isso se tornava inviável, sendo mais barato substituir todo o painel por um novo. Foi na indústria automotiva, primeira- mente, que esses sistemas foram adotados, pois a atualização anual dos modelos requeria que fosse refeita a fiação dos painéis de controle (relés). O CLP trazia flexibilidade à automação, sendo ape- nas necessário carregar um novo programa no controlador. Automação Industrial Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 33 1. O que é um sistema de controle? 2. Quais são as quatro principais razões que justificam a construção de sistemas de controle? 3. Quais são os dois tipos de sistema de controle e suas características? 4. Qual é o principal elemento de um sistema de controle automatizado? 3.7 Atividades Propostas Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 35 Caro(a) aluno(a), Neste capítulo, vamos analisar o principal componente de uma automação industrial – o CLP –, seu histórico, principais características e es- pecificações. Acompanhe-me. CLPs4 4.1 Introdução CLP é um computador com as mesmas carac- terísticas conhecidas do computador pessoal, po- rém, em uma aplicação dedicada à automação de processos, geralmente se trata de um computador usado em automação da manufatura. Com certeza, os controles de processos industriais e a automação da manufatura foram aplicações de grande impac- to, pois o CLP pode controlar grande parte das variá- veis e substitui o homem com precisão, confiabilida- de, mais rapidez e menor custo. Em primeiro lugar, contribuiu com o avan- ço tecnológico dos componentes e, com o surgi- mento dos computadores, resultou em inúmeras aplicações na área industrial. 4.2 Histórico Com o desenvolvimento dos microcompu- tadores, eles foram logo utilizados para controle on-line de processos industriais, fornecidos por circuitos integrados, no final da década de 1960. No ano de 1969, surgiram os primeiros controla- dores baseados numa especificação da General Motors, que possuíam os seguintes benefícios: facilidade de programação; alta confiabilidade; preço competitivo; expansão de módulos; facilidade na manutenção; dimensões menores, que reduziam o custo; sinais de entrada e saída de 115 Vca; envio de dados para processamento centralizado; mais de 4.000 palavras de memória. Agnaldo A. Vieira Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 36 Figura 22 – Elementos básicos de um CLP. Fonte: www.ebah.com. Na década de 1970, eles passaram a ser denominados CLPs por possuírem microproces- sadores. Com a evolução tecnológica, em 1980, houve um aperfeiçoamento de suas funções, sen- do então utilizados em rede. Figura 23 – Aplicação de CLP. Fonte: www.ebah.com.br. Automação Industrial Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 37 As principais características dos CLPs atual- mente são: programação com linguagem de alto nível, caracterizando um sistema bas- tante amigável e fácil com relação ao operador. Sua confiabilidade na utiliza- ção é garantida, pois, depois de concluí- do e depurado, o programa pode ser transferido para outros CLPs; toda a fiação do comando fica resumida a um conjunto de entradas e saídas, sim- plificando os quadros e painéis elétricos, de modo que qualquer alteração neces- sária torna-se mais rápida e barata; a possibilidade de haver erro nas altera- ções é minimizada, garantindo a confia- bilidade operacional, pois elas podem ser realizadas por meio do programa aplicativo, assegurando melhorias e/ou sucessos nos desenvolvimentos; 4.3 Principais Características por meio de funções matemáticas, CQ e informações para relatórios, os con- troladores podem realizar uma grande variedade de tarefas de controle, pos- suindo funções muito avançadas e be- neficiando bastante os sistemas de ge- renciamento de produção; controladores e computadores em rede permitem a coleta de dados e um imen- so intercâmbio de troca de dados em relação aos níveis da pirâmide de auto- mação, por meio de interfaces de ope- ração e comunicação em rede. 4.4 Arquitetura A constituição de um CLP é: fonte de alimentação: converte cor- rente alternada em corrente contínua para alimentar o controlador. No caso de falta de energia, há uma bateria que impede que o usuário perca todo o seu programa; ao retornar a energia, há a reiniciação do programa; Unidade Central de Processamento (UCP): é responsável pela execução do programa e pela atualização da memó- ria de dados e da memória-imagem das entradas e saídas; memórias dos tipos fixo e volátil: arma- zenam dados e gerenciama sequência de operações com um programa que faz o start-up do controlador. A me- mória programável apagável somente de leitura (EPROM) não é acessível ao usuário do controlador programável. Já na memória do usuário, a UCP processa e atualiza a memória de dados internos e de imagens; dispositivos de entrada e saída: saída de relé: é quase imune a qual- quer tipo de transiente de rede, po- rém tem vida útil baixa; Agnaldo A. Vieira Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 38 saída de TRIAC: este tipo de elemen- to é usado quando a fonte de cor- rente é alternada; saída a transistor: utilização reco- mendada quando há fonte de cor- rente contínua; entrada: quando o circuito externo é fechado, por meio de um sensor, um diodo emissor de luz sensibiliza o componente de base, fazendo cir- cular uma corrente interna no circui- to correspondente; terminal de programação: serve de meio de comunicação entre o usuário e o controlador, permitindo: autodiag- nóstico, programação de instruções, monitoração, alterações on-line, grava- ção e apagamento da memória. Figura 24 – Constituição de um CLP. Fonte: www.ebah.com.br. 4.5 Especificações Devemos considerar na automação com CLPs: a existência de chaves de proteção de hardware; tipos de forma de endereçamento; compatibilidade entre instalação elétri- ca e pontos de entrada e saída; estrutura da palavra; compatibilidade dos equipamentos eletromecânicos; tipo e forma dos sinais aceitáveis etc. Os módulos de entrada e saída analógicos incluem a conversão analógico/digital e digital/ analógico necessária. Sinais analógicos são pro- venientes de alguns exemplos e variáveis: entrada multibit, chave tambor, leitor de código de barras, codificadores; transdutores de temperatura, de células de carga, de pressão, de fluxo, de posi- ção e de unidade; entradas e saídas analógicas, válvulas e solenoides analógicos, drivers para mo- nitores elétricos, registradores gráficos, medidores analógicos; drivers para display, displays inteligen- tes, saídas multibit. O CLP é formado por uma fonte de alimen- tação, uma UCP e interfaces de entrada e saída, porém é possível considerá-lo uma pequena cai- xa contendo centenas ou milhares de relés sepa- rados, como contadores, temporizadores e locais de armazenamento de dados, pois, na verdade, o que ocorre é que o CLP simula essas funcionalida- des, utilizando os registradores internos da UCP. Automação Industrial Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 39 Figura 25 – Funcionalidades de um CLP. Fonte: www.ebah.com.br. Relés de entrada (contatos): conecta- dos com o mundo externo, existem fisi- camente e recebem sinais de interrup- tores, sensores etc. Normalmente, não são relés e, sim, transistores munidos de isolamento óptico. No caso do CLP TP-02 da WEG Automação, o símbolo na linguagem Ladder que representa este tipo de relé é a letra “X”. Relés de utilidade interna (contatos): não recebem sinais do mundo externo e não existem fisicamente. São relés si- mulados que permitem eliminar relés de entrada externos (físicos). Também há alguns relés especiais que servem para executar só uma tarefa, como relés de pulso, temporizadores etc. Outros são acionados somente uma vez duran- te o tempo no qual o CLP permanece ligado e são usados para inicializar da- dos que foram armazenados. No caso do CLP TP-02, o símbolo na linguagem Ladder que representa este tipo de relé é a letra “C”. Contadores (counters): não existem fi- sicamente. São contadores simulados e podem ser programados para contar pulsos, para cima (incrementar), para baixo (decrementar) ou ambos. Consi- derando que são simulados, os conta- dores estão limitados na velocidade de contagem. Alguns fabricantes também incluem contadores de alta velocidade baseados em hardware, podendo ser considerados fisicamente existentes. Temporizadores (timers): também não existem fisicamente. O mais comum é o tipo com “retardo no ligamento”. Outros incluem “retardo no desligamento” e ti- pos retentivos e não retentivos. Relés de saída: possuem conexão com o mundo externo e existem fisicamen- te. Enviam sinais de on/off a solenoides, luzes etc. e podem ser transistores, relés ou Triacs, dependendo do modelo de CLP. No caso do CLP TP-02, o símbolo na linguagem Ladder que representa este tipo de relé é a letra “Y”. Armazenamento de dados: há regis- tros designados simplesmente para ar- mazenar dados. Eles são usados como armazenamento temporário para ma- nipulação matemática ou de dados, po- dendo ser usados quando há ausência de energia no CLP. Agnaldo A. Vieira Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 40 1. Quando e onde surgiu o primeiro CLP? 2. Quais são as principais características de um CLP? 3. Quais partes constituem um CLP? 4.6 Atividades Propostas Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 41 Caro(a) aluno(a), Neste capítulo, estudaremos os robôs in- dustriais, sua história, qualidades, anatomia e sis- tema de controle. Vamos acompanhar? ANÁLISE DE SISTEMAS ROBÓTICOS5 5.1 Introdução Um robô industrial é uma máquina progra- mável, de aplicação geral, que possui determina- das características antropomórficas. O desenvol- vimento da tecnologia de robótica seguiu-se ao desenvolvimento do controle numérico e as duas tecnologias são bastante similares; ambas envol- vem um controle coordenado de múltiplos eixos e usam computadores digitais dedicados como controladores. Enquanto máquinas de contro- le numérico são projetadas para desempenhar processos específicos, robôs são projetados para uma gama mais ampla de tarefas. Figura 26 – Tarefas de um robô. Fonte: www.ebah.com.br. Saiba maisSaiba mais A característica antropomórfica mais óbvia de um robô industrial é o braço mecânico, utilizado para desempenhar diversas tarefas industriais. Qualidades importantes dos robôs indus- triais: podem substituir pessoas em ambien- tes de trabalho perigosos e desconfor- táveis; desempenham o ciclo de trabalho com consistência e repetibilidade; podem ser reprogramados e equipados com as ferramentas necessárias para desempenhar tarefas diferentes; podem ser conectados a outros siste- mas de computadores para chegar à manufatura integrada por computado- res. Agnaldo A. Vieira Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 42 O manipulador de um robô industrial con- siste da combinação de elementos estruturais rígidos (corpos ou elos) conectados entre si por meio de articulações (juntas), sendo o primeiro corpo denominado base e o último, extremidade terminal, em que é vinculado o componente efe- tuador (garra ou ferramenta). A anatomia de um robô diz respeito aos tipos e tamanhos dessas ar- ticulações e elos e outros aspectos da construção física do manipulador. A articulação de um robô industrial, tam- bém referenciada como grau de liberdade, é se- melhante à articulação de um corpo humano, proporcionando movimento relativo entre duas peças do corpo. Quase todos os robôs industriais têm articulações mecânicas que podem ser clas- sificadas em cinco tipos: 1. articulação linear (articulação do tipo L); 2. articulação ortogonal (articulação do tipo O); 3. articulação rotacional (articulação do tipo R); 5.2 Anatomia de um Robô e Atributos Relacionados 4. articulação de torção (articulação do tipo T); 5. articulação rotativa (articulação do tipo V). Figura 27 – Anatomia de um robô. Fonte: www.ebah.com.br. 5.3 Sistema de Movimentação das Articulações As articulações de robôs são acionadas uti- lizando qualquer um dos três tipos de movimen- tação: 1. sistemas elétricos– utilizam motores elétricos como atuadores; 2. sistemas hidráulicos – utilizam pistões lineares e atuadores de pás rotativas; 3. sistemas pneumáticos – são aplicados para a transferência de materiais sim- ples. Saiba maisSaiba mais A maioria dos robôs tem de 4 a 6 graus de liber- dade, enquanto o homem, do ombro até o pul- so, possui 7 graus de liberdade. Automação Industrial Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 43 Figura 28 – Movimentação de um robô. Fonte: www.ebah.com.br. 5.4 Sistema de Controle de Robôs Para realizar um trabalho útil, um robô tem de estar programado para desempenhar seu ciclo de movimento. Um programa de robô pode ser definido como um percurso no espaço a ser se- guido pelo manipulador, combinado com ações periféricas que dão apoio ao ciclo de trabalho. Um robô é programado por meio da inserção de comandos de programação na memória de seu controlador. Quase todos os robôs industriais hoje em dia têm computadores digitais como controladores e dispositivos de armazenamento compatíveis com unidades de memória. Os controladores de robôs podem ser clas- sificados em quatro categorias: 1. controle de sequência limitada: é utili- zado somente para ciclos de movimen- tos simples, como operação de pegar e largar; 2. controle ponto a ponto: o controlador tem uma memória para gravar apenas a localização de cada movimento; 3. controle de percurso contínuo: o con- trolador calcula o percurso entre o ponto de partida e o ponto de chegada de cada movimento; 4. controle inteligente: o controlador tem capacidade de tomar decisões quando as coisas saem errado durante o ciclo. Agnaldo A. Vieira Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 44 1. Quais são as principais qualidades dos robôs? 2. Quase todos os robôs industriais têm articulações mecânicas; classifique-as. 3. As articulações dos robôs são acionadas utilizando qualquer um de três tipos de movimenta- ção. Quais são eles? 4. Quais são as categorias dos controladores de robôs? 5.5 Atividades Propostas Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 45 Caro(a) aluno(a), Neste capítulo, analisaremos as linguagens e o dispositivo de programação. Vamos analisar esse assunto? Venha comigo! PROGRAMAÇÃO6 6.1 Introdução A linguagem de programação é uma ferra- menta necessária para gerar o programa que vai coordenar e sequenciar as operações que o mi- croprocessador deve executar. Para isso, se faz necessária a programação na execução de tarefas ou resolução de problemas com dispositivos mi- croprocessadores, por meio da qual o usuário se comunica com a máquina. 6.2 Análise das Linguagens de Programação Com o objetivo de contribuir para a escolha de um sistema que melhor se adapte às necessi- dades de cada usuário, a análise das linguagens é baseada nos seguintes pontos: forma de programação; forma de representação; documentação; conjunto de instruções. Forma de Programação Programação linear: programa escrito em único bloco. Programação estruturada: estrutura de programação que permite: organização; desenvolvimento de bibliotecas de rotinas utilitárias para utilização em vários programas; facilidade de manutenção; Agnaldo A. Vieira Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 46 simplicidade de documentação e entendimento por outras pessoas além do autor do software; divisão do programa segundo cri- térios funcionais, operacionais ou geográficos. Forma de Representação Diagrama de contatos. Diagrama de blocos. Lista de instruções. Documentação A documentação é mais um recurso do edi- tor de programa do que da linguagem de pro- gramação; de qualquer forma, essa abordagem torna-se cada vez mais importante, devido ao grande número de profissionais envolvidos no projeto de um sistema de automação que utiliza CLPs. Conjunto de Instruções É o conjunto de funções que definem o fun- cionamento e aplicações de um CLP, podendo servir para mera substituição de comandos de re- lés (funções lógicas, memorização, temporização, contagem), como também para manipulação de variáveis analógicas (movimentação de dados, funções aritméticas). 6.3 Dispositivo de Programação Representa a interface operador-CLP, tendo a função de compilar e enviar o programa usuário à memória do CLP, visualizar o mesmo programa, modificá-lo e controlá-lo etc. A modalidade de funcionamento da unida- de de programação pode ser de dois tipos: on-line e off-line. No modo on-line, a unidade de progra- mação é ligada diretamente ao CLP, sendo reali- zada diretamente na memória do computador. Na modalidade off-line, a unidade de programa- ção não é conectada ao CLP, mas incorpora uma EPROM sob a qual é escrito o programa usuário. São três os tipos de unidade de programa- ção mais utilizados: unidade de programação portátil (pe- queno teclado – se apresenta com di- mensões reduzidas); unidade de videoprogramação portátil (notebook); unidade de videoprogramação de mesa (personal computer). O CLP possui, ainda, portas de comunicação para sistemas de interface homem-máquina, que são dispositivos utilizados para a comunicação do operador com o CLP quando é necessário mudar algumas variáveis do processo, como tempera- tura, pressão ou partida e parada de motor, sem interferir no programa. Automação Industrial Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 47 1. O que é linguagem de programação? 2. Para escolher o melhor sistema, quais pontos devem ser analisados pelo usuário? 3. O que é um dispositivo de programação? 4. Quais são os três tipos de unidade de programação mais utilizados? 6.4 Atividades Propostas Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 49 CAPÍTULO 1 1. Hoje, entende-se por automação qualquer sistema apoiado em computadores que substitua o trabalho humano em favor da segurança das pessoas, da qualidade dos produtos, da rapidez da produção ou da redução de custos, assim aperfeiçoando os complexos objetivos das indús- trias e dos serviços. A automação também pode ser definida como um conjunto de técnicas por meio das quais se constroem sistemas ativos capazes de atuar com excelente eficiência pelo uso de informações recebidas do meio sobre o qual atuam. 2. A automatização está ligada à realização de movimentos repetitivos, isto é, movimentos auto- máticos sem correção; já a automação consiste em um conjunto de técnicas que dão suporte à construção de sistemas ativos capazes de utilizar as informações recebidas para calcular a ação corretiva mais adequada. Na automação, existe uma autoadaptação a diferentes situa- ções, de modo que as ações do sistema instruem os dispositivos de controle sobre a correção mais apropriada para cada instante, com o objetivo de gerar ótimos resultados sob o ponto de vista quantitativo ou qualitativo. 3. A mecânica, por meio das máquinas que possibilitam transformar matérias-primas em pro- dutos “acabados”. A engenharia elétrica, que disponibiliza os motores, seus acionamentos e a eletrônica indispensável para o controle e automação das malhas de produção. A informática, que por meio das arquiteturas de bancos de dados e redes de comunicação disponibiliza as informações a todos os níveis de uma empresa. 4. Nível do dispositivo: nível mais baixo na hierarquia da automação, inclui atuadores, sensores e outros componentes de hardware constantes no nível da máquina; esses dispositivos são combinados em loops individuais de controle. Nível da máquina: neste nível, as funções de controle incluem a execução da sequência de etapas no programa de instruções na ordem cor- reta e a certificação de que cada etapa foi executada adequadamente; no nível do dispositivo, o hardware é montado em máquinas individuais.
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