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aula 8 Classificação das Obrigações

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Classificação das obrigações quanto à divisibilidade (ou indivisibilidade) do objeto obrigacional
A classificação da obrigação no que toca à divisibilidade (ou indivisibilidade) leva em conta o seu conteúdo, ou seja, a unicidade da prestação. 
Conforme aponta com unanimidade a doutrina, tal classificação só interessa se houver pluralidade de credores ou de devedores (obrigações compostas subjetivas). 
 
As regras a respeito da obrigação divisível e indivisível constam entre os arts. 257 a 263 do CC. 
 Obrigação divisível: é aquela que pode ser cumprida de forma fracionada, ou seja, em partes. 
 São divisíveis as obrigações previstas no Código Civil, arts. 252, § 2º , 455, 776, 812, 830, 831, 858, 1.266, 1.272, 1.297, 1.326, 1.968, 1.997 e 1.999, pois o seu cumprimento pode ser fracionado.
b) Obrigação indivisível: é aquela que não admite fracionamento quanto ao cumprimento
 
Inicialmente, preconiza o art. 257 do CC que havendo mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação divisível, esta se presume dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quanto os credores e devedores. 
A obrigação divisível deve ser esta fracionada em tantas obrigações quantos forem os credores e devedores, de forma igualitária e independente. 
 
O conceito do art. 258 do CC está em total sintonia com a operabilidade, no sentido de facilitação do Direito Privado.
 Por esse dispositivo, a obrigação indivisível é aquela que não pode ser fracionada, tendo por objeto uma coisa ou um fato insuscetível de divisão, em decorrência da sua natureza, por razões econômicas ou por algum motivo determinante do negócio jurídico e do contrato.
 
A indivisibilidade pode ser:
Natural (decorrente da natureza da prestação), 
Legal (decorrente de imposição da norma jurídica) ou 
Convencional (pela vontade das partes da relação obrigacional).
As obrigações de dar podem ser divisíveis ou indivisíveis, o mesmo ocorrendo em relação às obrigações de fazer. 
Por sua natureza infungível e personalíssima, as obrigações de não fazer são quase sempre indivisíveis.
As obrigações de dar coisa fungível, como dinheiro, são sempre divisíveis.
As obrigações de restituir são, em regra, indivisíveis. O comodatário e o depositário, por exemplo.
 
Também a obrigação de fazer algumas vezes pode dividir-se e outras, não.
São divisíveis se as prestações forem determinadas por quantidade ou duração de trabalho.
As obrigações negativas, de não fazer, em geral são indivisíveis. Se alguém, por exemplo, obrigar-se a não construir em determinado terreno, bastará que inicie a construção para que se torne inadimplente. Poderá, no entanto, ser divisível, se o devedor obrigou-se a não praticar determinados atos, completamente independentes, como não vender e não alugar, não plantar e não colher etc
As obrigações alternativas e as genéricas ou de dar coisa incerta estão incluídas entre as obrigações indivisíveis, visto que até a escolha não se sabe exatamente qual a prestação devida de fato. Por essa razão, o caráter divisível ou indivisível da obrigação fica em suspenso. 
Concentrada, porém, em determinado objeto, pela escolha feita, ela se converte em obrigação de dar coisa certa (CC, art. 245), e será divisível ou indivisível conforme a natureza do objeto escolhido.
Na obrigação indivisível, havendo dois ou mais devedores, cada um será obrigado pela dívida toda. 
O devedor, que paga a dívida, sub-roga-se no direito do credor em relação aos outros coobrigados (art. 259 do CC). 
Trata-se de sub-rogação legal, automática ou pleno iure, enquadrada no art. 346, III, do Código atual – terceiro interessado que poderia ser responsável pela dívida, no todo ou em parte.
 
Imagine-se que há um credor (A) 
e três devedores (B, C e D), 
que devem entregar um touro reprodutor, exemplo típico de objeto indivisível, cujo valor é R$ 30.000,00.
Se B entrega o touro, poderá exigir, em sub-rogação, R$ 10.000,00 de cada um dos demais devedores, ou seja, as suas quotas-partes correspondentes.
 
Em caso de pluralidade de credores na obrigação indivisível, enuncia o art. 260 do CC que estes poderão exigir a obrigação por inteiro. Porém, o devedor ou os devedores somente se desoneram pagando:
 I) a todos conjuntamente; 
II) a um dos credores, dando este caução de ratificação dos outros credores.
No caso de pluralidade de credores A, B e C. 
O devedor D pode entregar o touro reprodutor para todos os credores ao mesmo tempo. 
Além disso, pode entregá-lo para o credor A, dando este uma garantia de que irá repassar as quotas dos demais (caução de ratificação).
 
A garantia deverá ser celebrada por escrito, datada e assinada pelas partes, com firmas reconhecidas. Para dar maior certeza e segurança, o documento pode até ser registrado em cartório de títulos e documentos, tudo isso em respeito ao princípio da eticidade e da boa-fé objetiva, que valoriza a conduta de lealdade dos participantes obrigacionais. 
Após o repasse aos demais credores, a garantia poderá ser levantada. O bem dado em garantia, também visando maior certeza e segurança, deverá ter valor próximo ao valor da obrigação. Trata-se, em suma, de uma garantia real.
 
Em complemento, enuncia o art. 261 do CC que se um credor receber a prestação por inteiro, os demais poderão pleitear a parte da obrigação a que têm direito, em dinheiro. 
Assim, no exemplo antes citado, valendo este R$ 30.000,00, se um dos três credores receber o animal por inteiro, os outros dois sujeitos obrigacionais ativos poderão pleitear cada qual sua quota, ou seja, R$ 10.000,00, daquele que o recebeu.
Se um dos credores remitir (perdoar) a dívida, a obrigação não ficará extinta para com os outros. 
Porém, estes só a poderão exigir, descontada a quota do credor remitente. 
O mesmo critério se observará no caso de transação, novação, compensação ou confusão (art. 262 do CC). 
Em tais casos, os credores restantes somente poderão exigir as suas quotas correspondentes. 
 
A, B e C são credores de D quanto à entrega do famoso touro reprodutor, que vale R$ 30.000,00.
 A perdoa (remite) a sua parte na dívida, correspondente a R$ 10.000,00. 
B e C podem ainda exigir o touro reprodutor, desde que paguem a D os R$ 10.000,00 que foram perdoados.
 
 No art. 263, caput, do CC, 
a obrigação indivisível perde seu caráter se convertida em obrigação de pagar perdas e danos, que é uma obrigação de dar divisível. 
Inicialmente, caso haja culpa lato sensu por parte de todos os devedores no caso de descumprimento da obrigação indivisível, todos responderão em partes ou frações iguais, pela aplicação direta do princípio da proporcionalidade, devendo o magistrado apreciar a questão sob o critério da equidade (art. 263, § 1.o, do CC). 
 
Porém, se houver culpa por parte de um dos devedores, somente este responderá por perdas e danos, bem como pelo valor da obrigação (art. 263, § 2.o, do CC).

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