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Disciplina: Direito Civil (Obrigações) – 3º período Direito
SUMÁRIO
1. Introdução ao estudo de Direito das Obrigações
2. Modalidade das Obrigações
3. Do adimplemento obrigacional: Teoria do Pagamento
4. Do inadimplemento obrigacional
5. Da transmissão das obrigações 
OBS A primeira aula lecionada, tratou-se de aula temática A Constitucionalização do Direito Civil. Novo Direito Civil Constitucional. – não necessita de transcrição. 
I – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
 
a) Obrigações no CC/02
O Código Civil se divide em Parte Geral e Especial. A Parte Geral se apresenta como base para a Parte Especial. Pois bem, na Parte Geral do Código Civil estudamos as pessoas (sujeitas das relações jurídicas). A forma de exteriorização das relações jurídicas são os fatos jurídicos.
Na Parte Especial possui cinco livros 
1º Do Direito das Obrigações. 
2º Do Direito de Empresa.
3º Do Direito das Coisas.
4º Do Direito de Família.
5º Do Direito de Sucessões.
No Direito das Obrigações temos a Teoria Geral das Obrigações e, em seguida, as obrigações civis e mercantis.
b) Conteúdo da nossa matéria 
I) Teoria Geral das Obrigações – aspectos introdutórios e modalidades de obrigações (arts. 233 a 285).
II) Transmissão das Obrigações (arts. 286 a 303).
III) Adimplemento e Extinção das Obrigações (arts. 304 a 389).
IV) Inadimplemento das Obrigações (arts. 390 a 420). 
c) Evolução da Teoria Geral das Obrigações 
Fizemos uma abordagem desse tópico na nossa primeira aula quando nos referirmos a evolução histórica do Código Civil de 1916 ao Código Civil de 2002. Todavia, vamos recapitular, todavia, agora focado na analise obrigacional. 
Na fase inicial, em razão da vinculação de pessoas, o devedor respondia com o próprio corpo pelo cumprimento das obrigações. Se vários os credores, ocorria um macabro concurso creditório, levando o devedor ao rio Tibre, onde se lhe tirava a vida e dividia-se o seu corpo pelos credores.
 
O grande passo nesse processo evolutivo foi dado pela LEX POETELIA PAPIRIA no ano de 428 a.c, que aboliu a execução sobre a pessoa do devedor, deslocando-a para os bens do devedor, realçando-se o seu caráter patrimonial. A responsabilidade passou a incidir sobre o patrimônio do devedor e não mais sobre sua pessoa. Foi observada no CORPUS IURIS CIVILIS (séc. VI)
Prosseguindo nesse processo evolutivo, nos tempos modernos cresce a intervenção do Estado em detrimento da liberdade de ação do individuo. Dá-se a ênfase a função do contrato, ampliando-se também a noção de socialização dos riscos no âmbito da responsabilidade civil. 
d) A unificação do direito obrigacional
Desde o final do séc. XIX se observa uma tendência para unificar o direito privado e, assim, disciplina conjunta e uniformemente o direito civil e o direito comercial.
Essa tendência para unificar encontrou apoio em Teixeira de Freitas. Mas ao falar em unificar o direito privado quer-se dizer no direito obrigacional. No Brasil, Orozimbo Nonato, Philadelpho Azevedo, apresentaram seu anteprojeto de Código das Obrigações em 1941, já com essa unificação do direito obrigacional.
Pois bem, em realidade, o novo Código Civil unificou as obrigações civis e mercantis, trazendo para o seu bojo a matéria constante da 1ª parte do Código Comercial (art. 2045), procedendo, desse modo, a uma unificação parcial do direito privado. 
e) Âmbito de abrangência do direito das obrigações 
O Direito das Obrigações consiste em um complexo de normas que irão reger relações jurídicas de ordem patrimonial, tendo por objetos prestações de um sujeito em proveito do outro. Disciplina as relações jurídicas de natureza pessoal, visto que o seu conteúdo é a prestação patrimonial, ou seja, a ação ou omissão do devedor tendo em vista o interesse do credor, que, por sua vez, tem o direito de exigir o seu cumprimento, podendo movimentar a máquina judiciária, se necessário. 
Veja, meus amigos, a principal finalidade do direito das obrigações consiste exatamente em fornecer meios ao credor para exigir do devedor o cumprimento da prestação. Desse modo, quando, por efeito de um contrato, de uma declaração unilateral de vontade ou de um ato ilícito de alguém que cause prejuízo a outrem, nasce uma relação jurídica obrigacional (já que, vimos, trata-se de fontes das obrigações, por isso que através do contrato, declaração unilateral de vontade e atos ilícitos nasce a relação jurídica obrigacional). O direito das obrigações procura resguardar o direito do credor contra o devedor, que resultou diretamente desse ato ou fato jurídico. 
Então o que podemos concluir dessa abrangência (incidência) do direito das obrigações e essa idéia de obrigação no seu sentido jurídico, conforme nos ensina o doutrinador alemão Karl Larenz cujos ensinamentos foram trazidos para o Brasil por Pontes de Miranda, onde nesse enfoque de pensar obrigação em seu sentido jurídico e revelar a obrigação uma Relação Jurídica entre pessoas (no caso, credor e devedor). Atenção Relação jurídica e um tipo de relacionamento social entre indivíduos gerando efeitos jurídicos. 
Portanto, para a relação jurídica seja vista como obrigação precisa de elementos
# Relacionamento entre pessoas, gerando efeitos jurídicos, como acima visto. Atenção E relacionamento entre pessoas. Se for relacionamento entre pessoas e coisas e Direito Real (irão estudar os Direitos Reais em outro semestre). O relacionamento do Fisco (quem cobra os tributos, por exemplo) e o contribuinte (quem paga os tributos) e relação jurídica obrigacional tributária que difere da relação obrigacional civil (objeto do nosso estudo) pois o vinculo aqui e decorrente da vontade (autonomia privada) e o tributário, o vinculo e obrigatório, compulsório – não tem liberdade.
# vinculo decorre da liberdade.
# para uma pessoa (credor) esse vinculo gera direito e para outra pessoa (devedor) gera o dever chamado Estado de Sujeição. (OBS A titulo de lembrança, falamos que nas relações obrigacionais, para o credor ter satisfeito o seu direito, depende do cumprimento do devedor (depende da cooperação do devedor, e é devido essa facultativa do devedor em cumprir o seu dever obrigacional é que se fala em estado de sujeição do devedor). Dito de outra forma, para que haja relação jurídica obrigacional precisa que o sujeito passivo (devedor) cumpra a sua prestação. Então, o credor sujeita ao comportamento do devedor. Lembram disso!!! 
Indo mais adiante, esse exercício do direito de credito por parte do credor far-se-á pela sua pretensão e o exercício do dever por parte do devedor e a obrigação. 
f) Importância do direito das obrigações
Retrata a estrutura econômica da sociedade, e compreende as relações jurídicas (visto acima) que constituem projeções da autonomia privada na esfera patrimonial. 
O Direito das Obrigações intervêm não apenas na produção, aquisição de matéria prima e harmonização da relação capital – trabalho, mas também na relação de consumo, sob diversas modalidades (permuta, compra e venda, locação, arrendamento, alienação fiduciária e etc) e na distribuição e circulação de bens (contratos de transporte, armazenagem, revenda e etc). 
A conclusão que chegamos, nos mostra que o Direito das Obrigações se estende a todas as atividades de natureza patrimonial, desde a mais simples as mais complexas. 
 
g) Características principais do direito das obrigações 
Vimos que, se os Direitos Obrigacionais (para alguns chamados Direitos de Crédito) ao reger relação jurídica entre pessoa, impõe ao devedor o dever de prestar, isto e, de dar, fazer ou não fazer algo no interesse do credor, a quem a lei assegura o poder de exigir tal prestação positiva ou negativa. 
Com isso, a doutrinadora Maria Helena Diniz, se valendo dos ensinamentos de Serpa Lopes e Antunes Varda, apresenta os seguintes caracteres dos direitos de crédito
# Direito dasObrigações são Direitos Relativos, uma vez que se dirigem contra pessoas determinadas, vinculando sujeito ativo e passivo, não sendo oponíveis erga omnes (esse efeito, significa dizer, que uma vez operado o mesmo, atinge terceira pessoa estranha à relação jurídica obrigacional. Nessa senda, não há efeito na respectiva relação obrigacional), pois a prestação apenas poderá ser exigida do devedor, por isso, o efeito é inter partes (efeitos daquela relação jurídica obrigacional se estendem apenas ao devedor e credor).
# Direitos a uma prestação positiva ou negativa, pois exigem certo comportamento do devedor, ao reconhecerem o direito do credor de reclamá-la.
# O Direito das Obrigações é marcado pelo traço de patrimonialidade do objeto, ínsito em toda relação jurídica obrigacional, e atenção, mesmo em se tratando nas questões relativas a reparação do dano moral. Nas palavras do doutrinador Caio Mario, embora o dano moral seja apatrimonial (já que e marcado pela dor), o mesmo deve ser suscetível de avaliação em dinheiro. 
h) Diferenças entre Direito das Obrigações e Direitos Reais 
- Direitos Obrigacionais 
1) Incide sobre uma prestação. 
2) O sujeito passivo deve ser determinado ou determinável.
3) Exige cooperação do sujeito passivo quanto a prestação.
4) É ilimitado. O rol das relações jurídicas obrigacionais é exemplificativo – (OBS basta lembrarmos do tópico que fala da importância do Direito Obrigacional para aferirmos a extensão de sua abrangência, por isso é ilimitado). 
5) É relativo. A obrigação não vincula nem prejudica terceiros. Só vincula as partes. Efeito inter partes. 
 
- Direitos Reais
1) Incide sobre um bem, uma coisa.
2) Pela Teoria Realista inexiste sujeito passivo. Pela Teoria personalista o sujeito passivo é indeterminado (a coletividade). 
3) Independe de cooperação, porque existe o direito de seqüela, que é o direito de perseguir o bem onde quer que esteja. 
4) É limitado, devendo estar expresso em lei. O art. 1.245 traz um rol taxativo.
5) É oponível erga omnes. 
i) Obrigações Híbridas 
Pois em, após estabelecermos as distinções entre Direitos Obrigacionais e Reais, temos condição de encarar as obrigações híbridas, que são obrigações que mesclam Direitos Obrigacionais e Direitos Reais.
Podem ser
I) Obrigações propter rem, ou, in rem, ou, ob rem terminologia usada por Orlando Gomes). Atenção podem ser chamadas também de obrigações reais ou ambulatórias. 
 São obrigações que nascem independentemente da vontade do devedor, já que ele é titular de um direito real, motivo pelo qual ela recai sobre a coisa. 
Explicando melhor Trata-se de uma obrigação que recai sobre uma pessoa (devedor) ficando este adstrito a satisfazer uma prestação (olha o cheiro do Direito Obrigacional, ao falar em prestação. Basta irmos ao quadro diferenciador entre Direito Obrigacional e Reais para verificarmos que quando incide sobre prestação falamos em Direito Obrigacional). E esse já ficar adstrito a dita prestação ocorre pelo fato do devedor já ser titular da coisa (olha a presença nesse momento – relação pessoa-coisa, dos Direitos Reais – daí tratar-se de obrig. híbrida, que mistura direito Obrigacional e Direitos Reais)
Exemplo 1 A obrigação imposta aos proprietários ou inquilinos de um prédio de não prejudicar a segurança, o sossego e saúde dos vizinhos.
Exemplo 2 A obrigação imposta ao condômino de concorrer com as despesas de conservação da coisa comum. 
Conclusão Vejam amigos, no momento em que o devedor se torna titular de um bem, de uma coisa, (no caso dos exemplos acima, a pessoa ao se tornar proprietário de um prédio ou inquilino desse, daí disser, titular de um direito real, já que incidiu sobre um bem, automaticamente a essa pessoa já lhe confere um dever obrigacional de garantir a segurança, o sossego, a saúde dos vizinhos e pagar as despesas do condomínio, tornando-se a partir de então, devedor, e nesse segundo aspecto, qual seja, o surgimento desses deveres é que se fala em Direito Obrigacional. 
Observem então como em uma obrigação, mesclou parte das características de Direito Real e parte de Direito Obrigacional. Essa então, é uma das espécies de obrigação híbrida. 
II) Obrigações com eficácia real.
São obrigações que dependem de previsão expressa, e que devem ser respeitada por terceiros (efeito erga omnes). 
Exemplo Obrigação inserta em um contrato de locação de imóvel urbana (registrado) onde consta, neste contrato, uma cláusula de vigência estipulando que no curso da locação caso o proprietário do dito imóvel resolva aliená-lo, o adquirente (o comprador) deverá aguardar o término da locação para se valer o seu domínio. 
 III) Obrigações de ônus reais. 
São obrigações que imputa um gravame que limita o uso e o gozo de uma propriedade, produzindo efeitos erga omnes. 
Exemplo Proprietário que concede servidão de passagem em seu terreno. 
 
j) Conceito de Obrigações
Trata-se de uma relação jurídica de caráter pessoal em que o titular do crédito pode exigir o cumprimento da prestação de dar, fazer ou não fazer, que poderá judicialmente ser executada no patrimônio do devedor, observando-se os princípios da dignidade da pessoa humana, da solidariedade social e da isonomia. 
OBS Nota-se que o conceito de obrigações compreende tudo aquilo que consta na construção de idéias insertas nos tópicos referentes à abrangência (tópico “e“) e características das obrigações (tópico “g“), acima apontados. 
h) Fontes das Obrigações 
O termo “fonte“ e empregado em sentido comum, para indicar a nascente de onde brota uma corrente de água. Passando para o Direito, a fonte das obrigações e todo fato jurídico de onde brota o vinculo obrigacional – e o ato ou fato que lhe da origem em conformidade com o direito. 
No Direito Romano, 04 (quatro) eram as fontes admitidas
1) CONTRATO – caracterizava pelo acordo de vontades, mutuo consenso.
2) QUASE-CONTRATO – se assemelhava ao contrato, todavia, falta-lhe o acordo de vontades. Ex Gestão de negócios, tutela, curatela (referem-se a administração de bens alheios, sem que haja a vontade do titular desses bens em permitir que alguém administre seus bens, negócios – veremos a seguir).
3) DELITO – era o ato ilícito doloso causador de dano, gerando a obrigação de reparar o dano. 
4) QUASE-DELITO – ato ilícito de natureza culposa, gerando obrigação. 
 
Mais recentemente, essa divisão quadripartida dos romanos foi alterada pelo doutrinador Pothier, que acrescentou as 04 fontes tradicionais, mais uma fonte, a LEI. Essa orientação resultou da constatação de que certas obrigações emanam diretamente da lei, como por exemplo, a obrigação de alimentar que trata-se de obrigação que surgiu (fonte) na lei. 
Passando a uma concepção moderna das fontes das obrigações, houve o abandono da distinção entre delito e quase delito (acima visto), sendo estes substituídos pela denominação ATOS ILICITOS.
Pois bem, as fontes das obrigações, consideradas pelo Código Civil vigente, todavia, dita pela doutrina
1) fonte imediata da obrigação ou fonte segundo a vontade do Estado Lei 
Obs Para a maioria da doutrina, a lei não e fonte das obrigações, pois para essa parte, a lei não cria obrigações já que vincula a existência de um fato jurídico. 
2) fonte mediata da obrigação ou fonte segundo a vontade humana contratos, declaração unilateral de vontade (ex promessa de recompensa, gestão de negócios e enriquecimento sem causa - logo em seguida veremos), atos ilícitos dolosos e culposos.
 
Atenção Quanto aos Atos Unilaterais serem fontes das obrigações, necessário tecer os seguintes esclarecimentos.
Ao falar no contrato enquanto fonte das obrigações, a obrigação nasce através do fruto de vontade das partes contratantes. Entretanto, nas declarações unilaterais de vontade, a obrigação nasce da simples declaração de uma única parte daquela relação.
O Código Civil vigenteprevê expressamente os seguintes atos unilaterais como fontes obrigacionais
a) Promessa de Pagamento – (arts. 854 a 860 do CC/02)
É aquele que, por anúncios públicos, se compromete a recompensar, ou gratificar a quem preenche certa condição ou desempenhe certo serviço, contrai obrigação de cumprir o prometido. 
Vejam, aquela pessoa que desempenhou o serviço, ainda que o fez sem ser movido pelo interesse de promessa, pode exigir a sua recompensa, o que nos revela que a obrigação de recompensar já surgiu desde aquele anuncio através de uma única vontade. 
Exemplo Cachorro perdido, e o seu dono faz um anuncio público dizendo que quem achar o seu animal ira receber o valor X. Assim, já nasceu a obrigação independentemente da vontade da outra parte (a que achou o cachorro) devera ser recompensado. 
b) Da Gestão de Negócios 
Atuação de um individuo, sem autorização do interessado, na administração de negocio alheio, segundo o interesse e a vontade presumível de seu dono, assumindo a responsabilidade civil perante este e as pessoas com que tratar.
Exemplo Pedro viaja para fora do Brasil e fica aproximadamente uns 15 (quinze) dias. Na pratica quando a pessoa viaja, não deixa procuração para o vizinho apagar o incêndio que acometera a sua casa. Pois bem, o pior acontece e o vizinho agindo como gestor ao incêndio, invade a casa arrombando a porta e controla o fogo. 
c) Do Pagamento Indevido – (art. 876 do CC/02)
Quem paga indevidamente pode pedir restituição aquele que recebeu, desde que prove que pagou por erro. Este que recebeu indevidamente e obrigado a restituir, sendo cabível ação de repetição de indébito. 
 
d) Do Enriquecimento sem causa – (art. 884 a 886 do CC/02)
 
Aquele que sem justa causa, se enriquecer as custas do outro, será obrigado a restituir o indevidamente auferido com as devidas atualizações monetárias. 
i) Elementos da Obrigação 
a) Elemento Subjetivo – formado pelos sujeitos de uma obrigação que sejam pessoas capazes. Sujeito Ativo (credor – quem pode exigir o pagamento) e Sujeito Passivo (devedor – pessoa sobre a qual recai a obrigação).
b) Elemento Objetivo – consiste numa conduta humana de dar, fazer e não fazer. Vimos que, qualquer que seja a obrigação assumida pelo devedor, a ele recairá sempre uma prestação, seja nas diversas modalidades de obrigação (dar, fazer, não fazer e etc).
Pois bem, ainda na análise do elemento objetivo da relação jurídica obrigacional, o objeto ou prestação deve obedecer a certos requisitos para se constituir validamente. Deve ser lícito, possível, determinado ou determinável (Exemplo não pode haver numa relação jurídica obrigacional, a prestação de fazer uma casa no planeta Marte, vez que não reúne a esses certos requisitos). 
Ademais, este objeto da prestação pode sofrer uma bifurcação, senão vejamos
I) SCHULD – significa débito, dívida.
II) HAFTUNG – significa responsabilidade. 
OBS Amigos, toda obrigação deve conter o schuld e o haftung.
 
 Indo além, há hipóteses de obrigações que se opera da seguinte maneira
a) SCHULD sem HAFTUNG – (débito sem responsabilidade). Exemplo dívida de jogo e aposta, dívida prescrita, são exemplos de obrigações naturais ou imperfeitas, que são aquelas que existem (daí tem o débito. Tem o schuld), mas não podem ser exigidas (sem responsabilidade. Não há o haftung). 
b) HAFTUNG sem SCHULD – (responsabilidade sem débito).
Exemplo fiança. O fiador em contrato de locação por exemplo, não tem o débito (schuld) diretamente, mas a responsabilidade (haftung) em pagar caso o locatário não cumpra com o seu dever.
c) Elemento Imaterial ou Espiritual – representa o vínculo jurídico, que consiste no nexo que liga o sujeito a prestação. 
 
II – MODALIDADE DAS OBRIGAÇÕES
A) CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO CONTEÚDO DO OBJETO OBRIGACIONAL 
 a.1) obrigação de dar; (arts. 233 à 249 do CC/02)
 a.a.1) obrigação de dar coisa certa (ou obrigação específica)
 a.a.2) obrigação de dar coisa incerta (ou obrigação genérica) 
 
Neste tópico, estudaremos os efeitos obrigacionais, sob o ponto de vista das mais diversas modalidades de obrigações admitidas em nosso ordenamento jurídico. E iniciaremos na 1ª classificação da obrigação quanto ao seu conteúdo, que se refere às obrigações de dar, fazer e não fazer, sendo que essas últimas serão objetos de estudo da próxima aula.
Atenção: O CC/02 não apresenta todas as espécies de obrigações, apontando apenas as: de dar; fazer. Não fazer, divisíveis e indivisíveis, solidárias. O que não se encaixa nesse rol é enfrentada pela doutrina.
Pois bem, a 1ª Classificação das obrigações no que tange ao conteúdo do objeto obrigacional, se dá por obrigações positivas quanto negativas. Ou seja, será positiva a obrigação quando tiver por conteúdo uma ação (comissão) por parte do devedor e negativa, quando relacionado com uma abstenção (ou omissão). Na positiva tem-se: obrigação de dar; de fazer. E a negativa, é a obrigação de não fazer, que é a única obrigação negativa admitida no ordenamento jurídico).
a.1) Obrigação de dar – Trata-se de obrigação positiva de dar, onde o devedor (sujeito passivo) compromete-se a entregar ou restituir alguma coisa, certa ou incerta. Exemplo: Contrato de compra e venda, em que o comprador tem a obrigação de pagar o preço e o vendedor entregar o bem, operando a tradição.
A obrigação de dar, pode ser: 
a.a.1) obrigação de dar coisa certa (ou obrigação específica) – arts. 233 à 242 do CC/02 
É aquela que haverá entrega de coisa móvel ou imóvel individualizada ao credor. Está individualização é imprescindível para que o objeto da obrigação seja inconfundível. (OBS: Nesta obrigação, o credor não é obrigado a receber outra coisa, ainda que mais valiosa, conforme art. 313 do CC/02)
Exemplo: A venda de determinado automóvel é negócio que gera obrigação de dar coisa certa, pois em um veículo distingue-se de outros pelo número do chassi, do motor, da placa e etc. 
Comentários necessários dos artigos referentes a essa obrigação, vez que nesses dispositivos encontram-se as regras da obrigação de dar coisa certa.
ART. 233 do CC/02 - este dispositivo consagra o princípio em que o acessório segue o principal (princípio da Gravitação Jurídica). Então, concluímos em que numa obrigação de dar coisa certa, abrange o acessório. É importante saber, que o acessório são os frutos, produtos, benfeitorias, pertenças advindas na coisa. E aqui, nos faz estabelecermos uma diferenciação entre benfeitorias voluptuárias e pertenças, embora ambas sejam acessórias e tenham a mesma finalidade que é servir de aforseamento, maior deleite à coisa. A pertença, embora sendo acessória, não segue o principal (art. 93 do CC/02) Ex: TV de plasma no meu quarto é pertença, pois ao vender a casa, a TV é retirada sem qualquer danificação a residência. Com base nisso, voltando ao disposto no art. 233 do CC/02, deve-se assim entender: “... abrange os acessórios, salvo as pertenças.”
ART. 234 do CC/02 – PERECIMENTO DA COISA ANTES DA ENTREGA – “RES PERIT DOMINO” (quer dizer: a coisa perece para o dono). A idéia da situação desse dispositivo, é que a obrigação fica resolvida, ou seja, as partes (credor e devedor) voltam a situação primitiva, anterior a celebração da obrigação – É como se não houvesse havido negócio jurídico entre credor e devedor. 
Portanto, se o devedor não tiver culpa no perecimento da coisa, extingue/resolve a obrigação, a coisa pereceu para o dono/credor. Importante que essa não culpa do devedor pode se dá por caso fortuito (evento imprevisível) e força maior (evento previsível, mas de resultado inevitável. Ex: fenômenos da natureza)) OBS: Mas veremos, que haverá casos em que mesmo o devedor estando em MORA (atraso no cumprimento da sua obrigação), a coisa se perecer por caso fortuito ou força maiorserá culpado o devedor.
Todavia, em análise a 2ª parte do art. 234, caso haja culpa do devedor ele responderá pelo valor da obrigação, sem prejuízo de perdas e danos. Atenção: Essa perdas e danos, compreende os danos emergentes (ou positivos, que são os que efetivamente perdeu o credor mediante esse perecimento) e os lucros cessantes (ou negativos, que são os que o credor deixou de ganhar). Ademais, de acordo com concepção civil-constitucional do Direito Privado, pode envolver também reparação de danos morais ao credor. 
 
ART. 235 do CC/02 – É a questão do PERECIMENTO PARCIAL. Ou seja, se a coisa se deteriorar parcialmente sem culpa do devedor, o credor terá 02 opções:
 a) resolve a obrigação (e como se não tivesse feito obrigação), sem direito a indenização, já que não houve culpa do devedor, ou; b) fica com a coisa (objeto da obrigação), abatido do preço o valor correspondente ao perecimento parcial, também sem indenização, já que não houve culpa do devedor. 
ART. 236 do CC/02 – Aqui, também PERECIMENTO PARCIAL da coisa e o devedor é culpado na deterioração parcial da coisa e o credor tem 02 opções: 
a) exige o valor equivalente da obrigação, como o preço em que ele (credor) pagou anteriormente, mais perdas e danos, ou; 
b) aceita a coisa deteriorada ou desvalorizada, também acrescido de perdas e danos. 
ART. 237 do CC/02 – A questão é a seguinte: antes do devedor entregar a coisa certa (ou seja,se antes de entregar a coisa individualizada, entendam que não operou o fenômeno da tradição, já que a tradição ocorre exatamente quando há entrega ou restituição da coisa certa), havendo melhoramentos nesta coisa que ainda esta com o devedor, esses acréscimos (cômodos obrigacionais) pertencem ao devedor, que pelo de ter gastado poderá exigir aumento do preço e se o credor não anuir, o devedor extingue/resolve a obrigação, sem perdas e danos, pois não há culpa do devedor.
Exemplo: Se o objeto da obrigação de dar coisa certa for um animal, e este estando ainda com o devedor (veja, não operou a tradição, portanto antes da entrega ou restituição) o devedor não poderá ser constrangido a entregá-lo. Pelo acréscimo (cria do animal), tem o direito de exigir aumento do preço, se o animal não foi adquirido juntamente com a futura cria. 
§único do art. 237 do CC/02 – frutos percebidos são frutos colhidos, que pertencem ao devedor; frutos pendentes são frutos ainda não colhidos, portanto, pertencerão ao credor. 
Quanto aos demais frutos, pertencem ao devedor, nesta situação (frutos estantes/armazenados e frutos consumidos). Mas quanto ao fruto percipiendo (aqueles que deveriam ter sido colhido mas não foram até a tradição, passarão a pertencer ao credor, que se tornou novo proprietário do bem principal).
OBS: quanto à análise dos arts. 238 à 242 do CC/02 as obrigação de dar coisa certa será na modalidade restituir (os artigos acima comentados, referem-se a obrigação de dar coisa certa na modalidade entregar). Atenção: Restituir se dá quando uma coisa alheia está em poder do devedor a quem cumpre devolvê-la ao dono dessa coisa. Ex: Dinheiro, imóvel alugado. 
ART. 238 do CC/02 – É a regra, novamente aplicada do “RES PERIT DOMINO” (quer dizer: a coisa perece para o dono/credor).
A 2ª parte desse dispositivo ao preceituar “....ressalvados os seus direitos até o dia da perda.”, quer dizer: Exemplo 1: No caso de uma locação, em que há o dever de devolver o imóvel ao final do contrato de locação. Pois bem, no caso de um incêndio causado por caso fortuito ou força maior e que destrói o apartamento, o locador (credor da coisa) não poderá exigir um novo imóvel do locatário (devedor da coisa) que estava na posse do bem, ou o seu valor correspondente, mas terá direito aos aluguéis vencidos e não pagos até o evento danoso. Exemplo 2: Na vigência de um contrato de comodato, cujo veiculo é roubado a mão armada, estando na posse do comodatário (devedor da coisa). A coisa perece para o seu dono (comodante), não respondendo o comodatário sequer pelo valor do automóvel.
ART. 239 do CC/02 – Neste caso: culpa do devedor. Se valendo do exemplo 1 acima, se tiver sido o devedor (locatário) quem deu causa ao incêndio, sendo tal ato devidamente provado, o locador poderá pleitear o valor correspondente ao bem, sem prejuízo de perdas e danos.
ART. 240 do CC/02 – Vejam amigos, para a obrigação de dar coisa certa (na modalidade restituir) também há regras específicas par eventuais deteriorações da coisa:
- havendo deteriorização da coisa sem culpa do devedor (é a idéia do “RES PERIT DOMINO”), o credor receberá a coisa no estado em que se encontrar, sem direito a qualquer indenização.
- havendo culpa do devedor, o credor passa a ter o direito de exigir o valor equivalente à coisa, mais perdas e danos. 
ART. 241 do CC/02 – É para evitar o enriquecimento sem causa do devedor quando houver melhoramento na coisa sem despesa do devedor, pertencerá no caso ao credor, ficando este desobrigado ao pagamento de indenização. 
ART. 242 do CC/02 – Entretanto, se para melhoramento ou aumento, empregou o devedor trabalho ou dispêndio, o caso se regulará pelas normas do Código atinentes às benfeitorias realizadas pelo possuidor de boa ou má-fé. 
O devedor estando de boa-fé terá direito a uma indenização e à retenção da coisa pelas benfeitorias necessárias e úteis. Quanto às voluptuárias, o devedor poderá levantá-las desde que isso não gere diminuição do valor da coisa principal e que o sujeito passivo (devedor) da obrigação tenha agido de boa-fé. Em caso de má-fé, somente serão ressarcidas as benfeitorias necessárias, não havendo qualquer direito de retenção quanto a estas. E às benfeitorias úteis e voluptuárias, havendo má-fé do devedor, não lhe assistirá qualquer direito. 
OBS: Satisfação da obrigação de dar coisa certa: caso o devedor não cumpra a obrigação, o credor poderá se valer de mecanismos judiciais como, a tutela específica para fazer cumprir a obrigação de dar (astreintes = multa; busca e apreensão; remoção de pessoas ou coisa – é a aplicação do art. 461, §5º do Código de Processo Civil). Também, existe um rito no processo de execução próprio que está no art. 621 do Código de Processo Civil. 
 
 
a.a.2) obrigação de dar coisa incerta (ou obrigação genérica) – arts. 243 a 246 do CC/02 
É a hipótese que estará referenciada pela quantidade e gênero, devendo se tornar coisa certa com a determinação da espécie/qualidade, do local em que se encontra ou do local da sua procedência.
Exemplo: Obrigação de dar 100 caixa de vinho – todavia, precisa ser determinada a espécie, como: o vinho a ser tratado nessa obrigação é vinho ou branco, tinto ou suave? Do local da sua procedência como: vem de qual venícola? E, do local de destino?
Vejam, não é totalmente o objeto indeterminado, pois pode ser indicado ao menos pelo gênero e pela quantidade, restando a indicação de sua qualidade/espécie que cabe posteriormente, em regra, ao devedor.
A coisa incerta não quer dizer qualquer coisa, mas coisa indeterminada, porém suscetível de determinação futura. A determinação se faz pela ESCOLHA conhecida como MOMENTO DA CONCENTRAÇÃO, que constitui como um ato jurídico unilateral. Exemplo: entregar 100 sacas de café – o objeto é determinado pelo gênero (café) e pela quantidade (100). Falta determinar somente a qualidade do café. Enquanto tal não ocorre, a coisa permanece incerta. Pois bem, ao escolher (momento da concentração) a qualidade do café (Ex: conillon, arábica e etc) passa a ser coisa certa. 
Comentários necessários dos artigos referentes a essa obrigação, vez que nesses dispositivos encontram-se as regras da obrigação de dar coisa incerta, senão vejamos: 
ART. 243 do CC/02 – o comentário desse dispositivo está acima discorrido.
ART. 244 do CC/02 – a referida escolha, que é o momento de concentração da obrigação de dar coisa incerta é o momento da escolha pelo devedor (regra geral) ou, se estipuladono título obrigacional a escolha passará a ser feita pelo credor individualizando o objeto, sempre havendo a comunicação à outra parte. Todavia, seja a escolha feita pelo devedor, seja feita pelo credor, o critério será MEDIANO (nem coisa mais valiosa nem coisa menos valiosa), conforme 2ª parte do art. 244 do CC/02 que preconiza o Princípio da Equivalência das Prestações.
 
ART. 245 do CC/02 – Após a escolha feita pelo devedor, e tendo cientificado o credor, a obrigação genérica (a de dar coisa incerta) é convertida em obrigação específica (a de dar coisa certa), aplicando-se as regras prevista na obrigação de coisa certa. 
ART. 246 do CC/02 – Antes da já referida concentração não se fala em perecimento do gênero, ou seja, em inadimplemento da obrigação de dar coisa incerta, somente se falando perecimento, após a concentração, pois aí a obrigação deixará de ser coisa incerta e transformará em de dar coisa certa. 
B) CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO CONTEÚDO DO OBJETO OBRIGACIONAL 
 b.1) obrigação de fazer; (arts. 247 à 249 do CC/02) 
 b.2) obrigação de não fazer; (arts. 250 à 251 do CC/02)
 
b.1) Obrigação de fazer – Trata-se de obrigação em que o devedor mediante uma conduta positiva se obriga a prestar um serviço ou realizar uma tarefa.
DICA: Muitas vezes, a obrigação de fazer confunde-se com a obrigação de dar, mas os seus conteúdos são diferentes, verificando pela conclusão do objeto. Exemplo: Obrigação cuja prestação é um quadro (obra de arte). Se o quadro já estiver pronto é obrigação de dar (seja na modalidade entregar o quadro ou restituir o quadro); casão o quadro seja encomendado, devendo ainda ser pintado pelo devedor, a obrigação será de fazer. [há obrigação que pode ser tanto obrigação de dar como de fazer: Na empreitada de mão de obra e de materiais, há 02 obrigações distintas: a de dar o material e a de fazer o serviço].
Espécies de Obrigação de Fazer:
- Fungível (ligado a substituição): Pode ser cumprida por outra pessoa às custas do devedor originário. Exemplo: Pedreiro contratado para construir muro, se não for, pode enviar outra pessoa em sue lugar, todavia, o credor deve aceitar.
- Infungível: Só pode ser cumprida pelo devedor. Natureza da obrigação é personalíssima, e isso em decorrência da regra constante do instrumento obrigacional ou pela própria natureza da prestação. Portanto, aqui, a obrigação se extingue pela morte do devedor. Exemplo: Famoso pintor, de talento e de renome compromete-se a pintar um quadro; famoso cirurgião plástico assume a obrigação de natureza estética.
Comentários dos artigos que tratam dessa obrigação:
ART. 247 do CC: Refere-se a obrigação infungível. Antes do credor pleitear indenização por perdas e danos conforme o artigo preceitua, poderá o sujeito ativo (credor) requerer PREVIAMENTE o cumprimento da obrigação de fazer, por meio de ação judicial específica com a fixação de astreintes (multa) pelo Juiz (Art. 461 Código Processo Civil e art. 84 do Código de Defesa do Consumidor).
ART. 248 do CC: Aqui está por referir as duas espécies de obrigação de fazer (fungível e não fungível). Portanto, se o fato tornou-se impossível sem culpa do devedor (Exemplo: O ator que fica impedido de se apresentar em um determinado espetáculo por ter perdido a sua voz ou em razão de acidente que não deu causa, ocorrido no trajeto para o teatro, sendo hospitalizado), resolve-se a obrigação. ATENÇÃO: Se o fato tornou-se impossível sem culpa do devedor, todavia, este estava em mora (atraso no cumprimento da sua obrigação quando esta se tornou impossível, no caso, sem sua culpa), o devedor responderá assim mesmo, a não ser que o devedor prove que a dita impossibilidade da prestação ocorreria mesmo se não estive em atraso com a obrigação. 
ART. 249 do CC: Refere-se a obrigação de fazer fungível, que como vimos, é aquela que pode ser substituída na realização da prestação obrigacional. Portanto, pode ser cumprida por terceiros às custas do devedor originário, conforme conceituado acima. Exemplo: Pessoa aluga um imóvel residencial e, no contrato, o locador (devedor) se obriga a consertar as portas de um armário que estão soltas, mas não cumpre a promessa, pode o inquilino (credor) mandar fazer o serviço à custa do aluguel que terá que pagar.
§ único (inovação pelo CC/02): É uma espécie de autotutela civil, “justiça com as próprias mãos”, uma vez que nessa situação a intervenção do Poder Judiciário retardaria, muito, a realização do seu direito. * Há situações em que, efetivamente, caracterizado a recusa ou mora (atraso no cumprimento da obrigação) do devedor, a espera de uma decisão judicial poderá causar prejuízo de difícil reparação ao credor. Exemplo: necessidade urgente de o próprio credor erguer um muro de arrimo ou realizar outra obra de proteção contra enchentes, em época de chuvas. 
Depois cobra do devedor os gastos pelo credor depreendidos. OBS: Em não havendo a dita urgência, pode o credor simplesmente optar pela resolução da avença e contratar outra pessoa para executar o serviço, ou mandá-lo executar por terceiro, sem prejuízo de posterior ressarcimento.
Meus caros, quanto ao comentário acima do § único do art. 249 do CC, a doutrina diverge: Para o doutrinador Silvio de Salvo Venosa, esta possibilidade de se agir pela “justiça de mão própria” andou muito bem o legislador. “Imagine-se na hipótese da contratação de empresa para fazer laje de concreto de um prédio, procedimento que requer tempo. Caracterizada a recusa e a mora do devedor, bem como a urgência, aguardar uma decisão judicial, ainda que liminar, no caso concreto, poderá causar prejuízo de difícil reparação ao credor. Para outra parte da doutrina, a autotutela somente é recomendável em casos especificados e com limites em lei, como por exemplo, a legítima defesa da posse e o desforço imediato (art. 1210 do CC – vocês verão esses institutos quando estudarem Direitos Reais), sob pena de caracterização do ilícito (art. 186 do CC) e do abuso do direito (art. 187 do CC), através de eventuais excessos neste exercício da autotutela.
b.2) Obrigação de não fazer - Como falamos, é a única obrigação negativa admitida no direito brasileiro, tendo como objeto a abstenção de uma conduta por parte do devedor.
Exemplo: O adquirente que se obriga a não construir, no terreno adquirido, prédio de certa altura, ou a cabeleleira alienante que se obriga a não abrir outro salão de beleza no mesmo bairro, devem cumprir o prometido. 
 
Muito bem, mas como o devedor se torna inadimplente nesta obrigação? Resposta: Quando o devedor acaba por praticar o ato de que se devia abster.
Portanto, o interesse do credor para fim de satisfação do seu crédito, emerge da abstenção do ato pelo devedor.
Atenção: I - embora seja extenso o campo de aplicação ou incidência dessa modalidade de obrigação, devem ser respeitados certos limites, não sendo lícitos convenções em que se exige sacrifício excessivo da liberdade do devedor ou que atentem contra os direitos fundamentais da pessoa humana. Exemplo: a de suportar indefinidamente determinado ônus; de não sair a rua; de não casar, de não trabalhar e etc. 
 
 II – também envolve nessa obrigação de não fazer, não apenas a abstenção (o não fazer), o devedor está obrigado a tolerar ou permitir que outrem pratique determinados atos (art. 287 do CC). Exemplo: O proprietário de imóvel rural que se obrigou a permitir que terceiro a utilize para caçar, e do dono do prédio, a tolerar que nele entre vizinho para reparar ou limpar o que lhe pertence.
Comentários dos artigos que tratam dessa obrigação:
ART. 250 do CC: Refere-se aos comentários ditos acima.
ART. 251 do CC: Antes do credor pleitear indenização por perdas e danos conforme o artigo preceitua, poderá o sujeito ativo (credor) requerer PREVIAMENTE o cumprimento da obrigação de não fazer (que seria através do desfazimento da obrigação), por meio de ação judicial específica com a fixação de astreintes (multa) pelo Juiz (Art. 461 Código Processo Civile art. 84 do Código de Defesa do Consumidor). Atenção: a pedido do credor e havendo culpa do devedor, a obrigação de não fazer poderá ser convertida em obrigação de dar coisa certa, que no caso seria com a obrigação de arcar com perdas e danos. 
§ único (inovação pelo CC/02): Veja, a autotutela civil comentado no § único do art. 249 (que refere-se a obrigação de fazer) também está prevista para obrigação de não fazer, valendo os comentários já realizados. Pois bem, a idéia aqui é a seguinte: se o devedor realiza o ato, não cumprindo o dever de abstenção, pode o credor exigir que ele o desfaça, sob pena de ser desfeito à sua custa, além da indenização por perdas e danos. *Incorre o devedor em mora desde o dia em que executa o ato de que deveria abster-se, independentemente de intimação do devedor. Exemplo: se alguém se obriga a não construir um muro, a outra parte pode, desde que a obra é realizada, exigir, com o auxílio da Justiça, que seja desfeita e, no caso de recusa, mandar desfazê-la à custa do inadimplente, reclamado as perdas e danos que possam ter resultado do mencionado ato. 
 
C) CLASSIFICAÇÃO QUANTO À PRESENÇA DE ELEMENTOS OBRIGACIONAIS 
(OBS: nesta classificação leva em conta a presença de pessoas e a quantidade de prestações na relação obrigacional) 
 c.1) obrigação simples: caracteriza pela singularidade de objeto, ou seja, presença de um credor; um devedor e uma prestação. Veja amigos, reúne o mínimo de elementos na relação jurídica obrigacional. Não necessita de maiores considerações. 
 c.2) obrigação composta: Se subdivide em: 
 
1) Pela multiplicidade de objetos (de prestações): Cumulativa ou conjuntivas; Alternativas ou disjuntiva.
2) Pela multiplicidade de sujeitos: Solidária (ativa; passiva ou mista) 
c.2.1 – OBRIGAÇÕES COMPOSTA PELA MULTIPLICIDADE DE OBJETOS: 
c.2.1.1 Cumulativas ou Conjuntivas – Trata-se de obrigação pelo qual o sujeito passivo (devedor) deve cumprir todas as prestações previstas, sob pena de inadimplemento total ou parcial. Desse modo, a inexecução de somente uma das prestações já caracteriza o descumprimento obrigacional. ATENÇÃO: Essa forma de obrigação é identificada pela conjunção “e”, de natureza aditiva.
Esta obrigação não está tratada no CC/02, sendo sua conceituação dada pela doutrina e jurisprudência.
Exemplo: Contrato de Locação de Imóvel Urbano, tanto o locador (quem aluga o imóvel) como o locatário (quem está no imóvel, via de regra, pagando o aluguel) assumem a obrigação cumulativa ou conjuntiva, pois a Lei do Inquilinato (Lei 8.245/91) trazem, respectivamente, vários deveres obrigacionais, prestação de natureza diversa para o locador como para o locatário. Assim sendo, o locador é obrigado a entregar o imóvel, a garantir o seu uso pacífico e a responder pelos vícios da coisa locada, dentre outros deveres. (VEJAM A CUMULAÇÃO DE DEVERES, EVIDENCIADA PELA CONJUNÇÃO ADITIVA “E”). Já o locatário é obrigado a pagar o aluguel e os encargos, a usar o imóvel conforme convencionado e a não modificar a forma externa do mesmo. 
Conclusão: Meus caros, como possamos identificar, percebe-se uma série de prestações (deveres obrigacionais) de natureza diversa (dar; fazer ,não fazer – já vimos) , de forma cumulada. 
O descumprimento de um desses deveres pode gerar o inadimplemento obrigacional. 
c.2.1.2 Alternativas ou Disjuntivas – Esta prevista no CC/02, em seus arts. 252 a 256. Para não fugir o foco das classificações das obrigações, vimos pelo quadro acima, que esta obrigação é uma espécie do gênero obrigação composta que se evidencia pela multiplicidade de credores, de devedores e de prestações. 
Pois bem, a obrigação alternativa (ou disjuntiva) é, assim, uma obrigação composta objetiva, tendo mais de uma conteúdo ou prestação. ATENÇÃO: Normalmente, a obrigação alternativa é identificada pela conjunção “ou”. 
Portanto, havendo 02 prestações, o devedor se desonera (cumpre o obrigação) totalmente satisfazendo apenas uma delas. (OBS: Olha a diferença com a obrigação conjuntiva que necessita do cumprimento de todas as prestações previstas – basta lembrar da partícula “e”)
Nesta modalidade (Alternativa ou Disjuntiva), a obrigação recai sobre duas ou mais prestações, mas em simples alternativa, que a escolha virá desfazer, permitindo que o seu objeto se concentre numa delas, ficando as demais liberadas, como se desde o início, fosse a única prestação objetivada na obrigação.
Como ocorre na obrigação de dar coisa incerta (já estudado por nós), o objeto da obrigação alternativa é determinável, cabendo uma escolha, também denominada concentração, que no silêncio cabe ao devedor (art. 252 “caput”). 
ATENÇÃO: A obrigação alternativa não se confunde com a obrigação de dar coisa incerta. DE início, porque a primeira é uma obrigação composta (com 2 ou mais prestações), enquanto a segunda (a de dar coisa incerta) é uma obrigação simples, com apenas uma prestação e objeto determinável. Na obrigação alternativa, muitas vezes, há prestação de naturezas diversas ( como: de dar; de fazer; não fazer), devendo ser feito uma opção entre essas. Isso não ocorre na obrigação de dar coisa incerta em que o conteúdo é coisa de determinação futura. Na dúvida, a resposta deve ser dada pelo instrumento obrigacional, cabendo análise caso a caso. 
*** Direito de escolha na Obrigação Alternativa:
A obrigação alternativa só estará em condições de ser cumprida depois de definido o objeto a ser prestado. Essa definição se dá pelo ato de escolha.
# A escolha cabe ao devedor, salvo estipulação diversa (art. 252 CC) – para que a escolha caiba ao credor é necessário que o contrato assim o determine expressamente. E atenção: o direito de opção transmite-se a herdeiros, que pertence ao devedor, quer ao credor. (A doutrina explica que essa deferência ao devedor no sentido de, em regra, fazer a escolha da prestação que irá cumprir se dá pelo fato do mesmo ser o pólo fraco na relação jurídica obrigacional). 
A escolha de qual a prestação será cumprida (Teoria da Declaração), já que estamos estudando obrigação alternativa, quando é conferida ao devedor, terá as seguintes situações:
SITUAÇÃO 1: (ART. 252, §1º CC) O devedor não pode escolher cumprir parte em uma prestação e parte em outra.
Exemplo: Devedor deve 10Kg de ouro ou 10 Kg de diamante não pode resolver pagar sua obrigação em 5 Kg de ouro e 5 Kg de diamante. Paga-se os 10 Kg de ouro, ou, os 10 Kg de diamante. – VEJA: Indivisibilidade do pagamento. 
SITUAÇÃO 2: (ART. 252, §2º CC) É a situação que trata-se de prestações periódicas. Aqui a prestação poderá ser exercida em cada período. OBS: Esse em cada período, não refere apenas a periodicidade anual, podendo ser quinzenal, mensal, trimestral, semestral e por aí vai.
Exemplo: No 1º ano da obrigação haverá a entrega somente de sacas de café; e no outro ano (observem a periodicidade), somente sacas de arroz e assim sucessivamente.
SITUAÇÃO 3: (ART. 252, §3º CC) Caso não haja consenso, ou seja, havendo mais de um optante (aquele que fará a escolha) e se não houver consenso entre eles, caberá ao juiz a escolha. 
SITUAÇÃO 4: (ART. 252, §4º CC) É possível que a escolha da prestação a ser cumprida seja ao arbítrio de terceiro (que não seja o devedor e nem credor), mas se este não quiser ou não puder exercê-lo caberá a escolha ao juiz.
OBS: É preciso que fique claro, que a tendência em convocar o juiz para realizar a escolha daquela prestação que o devedor irá cumprir, nas hipóteses dos parágrafos do art. 252, é afastar qualquer possibilidade de enriquecimento sem causa, buscando o equilíbrio ou a equivalência das prestações. 
SITUAÇÃO 5: A eficácia da escolha é ex tunc – retroage, ao tempo inicial da obrigação.
SITUAÇÃO 6: Retroagem, pois a escolha é ato irrevogável. (quer-se dizer: uma vez feita a escolha, não pode voltar; não pode arrepender da escolha feita) 
SITUAÇÃO 7: Caso o devedoresteja em mora (atraso no cumprimento da sua obrigação) não retira do mesmo, o seu direito de escolha, salvo estipulação em contrário.
SITUAÇÃO 8: A assunção de dívida transfere o direito de escolha (Assunção de dívidas, veremos mais a frente, trata-se da situação que o dever do devedor em cumprir sua obrigação é transferida aos seus herdeiros, por exemplo)
*** Implicações nessa escolha feita pelo devedor quando ocorrer a impossibilidade de prestação alternativa:
Começaremos com um exemplo: “A” é credor e “B” é devedor de um imóvel (objeto da obrigação) ou devedor do valor de R$210.000,00 (que também é objeto da obrigação) – vejam amigos, 02 prestações, e apenas o cumprimento de uma resolve a obrigação. Pois bem, se o imóvel em questão não puder ser alienado ou transferido a titularidade do credor “A” para fins de satisfazer a sua pretensão (o seu crédito), concluímos pela IMPOSSIBILIDADE DA PRESTAÇÃO ALTERNATIVA. 
Nesse caso teremos que analisar como ficará esta situação se a escolha competir ao devedor:
Vejam:
a) Se por culpa do devedor não for possível cumprir nenhuma prestação, pode o credor exigir o valor da última prestação que se impossibilitou mais perdas e danos (art. 254 do CC).
b) Se por culpa do devedor ou sem culpa do devedor, uma das prestações se torna impossível, subsiste o débito quanto a outra ou outras prestações subsistentes. Aqui não se fala em perdas e danos. É a chamada TESE DA REDUÇÃO DO OBJETO DA OBRIGAÇÃO ALTERNATIVA, onde a obrigação que era alternativa (02 ou mais prestação) torna-se simples (uma única prestação). (art. 253 do CC)
c) Se sem culpa do devedor, todas as prestações se tornarem impossível, extingue a obrigação sem perdas e danos. 
*** Agora, saindo dessa análise em que a dita escolha competia ao devedor, e estudando as implicações da escolha feita pelo credor, onde teremos as seguintes situações no tocante a impossibilidade de prestação alternativa:
a) Se por culpa do devedor uma das prestações se tornou impossível, o credor poderá:
 a.1) escolher a obrigação subsistente;
 a.2) se não quiser escolher a obrigação subsistente, poderá o credor exigir o valor da prestação tornada impossível de ser cumprida mais perdas e danos.
b) Se por culpa do devedor todas as prestações se tornarem impossíveis, aí o credor reclama perdas e danos.
c) Se sem culpa do devedor todas as prestações forem impossíveis, a obrigação será extinta (art. 256 do CC) 
OBS: Essa regra se aplica, por exemplo, quando a inexigibilidade ocorrer em decorrência de caso fortuito (evento totalmente imprevisível) ou força maior (evento previsível, mas de resultado inevitável). Em tais hipóteses, os sujeitos da relação obrigacional seja simples ou composta, estarão liberados, sem qualquer conseqüência suplementar às partes, em regra. Mas é importante ficar atento que: se a parte estiver em mora (atraso no cumprimento da obrigação) ou por previsão contratual ou legal, o devedor responderá mesmo estando em estado de caso fortuito ou força maior. 
 
 c.2.1.1.1) Obrigações Facultativas: 
Amigos, quando do estudo das Obrigações Alternativas ou Disjuntivas, temos que nos reportar à análise das OBRIGAÇÕES FACULTATIVAS, onde não está prevista no CC/02, todavia é tipo sui generis de obrigação alternativa.
Portanto, ainda no contexto das Obrigações Alternativas, estudaremos as OBRIGAÇÕES FACULTATIVAS, o que se segue: 
Primeiramente, temos que entender a premissa de que: Obrigação composta alternativa ou disjuntiva, não se confunde com Obrigação Facultativa, vez que essa possui apenas uma prestação, acompanhada por uma faculdade a ser cumprida pelo devedor de acordo com a sua opção ou conveniência. Se é devida uma única prestação, estamos falando de obrigação simples (visto acima) e fica, porém facultado ao devedor, e só a ele, exonerar-se mediante o cumprimento de prestação diversa e predeterminada. (A idéia na obrigação facultativa é que o devedor pode pagar coisa diversa e predeterminada daquela que constitui objeto da dívida).
Exemplo dado por Maria Helena Diniz: Se alguém, por contrato, se obriga a entregar 50 sacas de café, dispondo que, se lhe convier, poderá substituí-las por R$20.000,00, ficando assim o devedor com o direito de pagar ao credor coisa diversa do objeto do débito. 
Vale lembrar que nessa obrigação credor não pode exigir que o devedor escolha uma ou outra prestação, sendo uma faculdade exclusiva deste. 
E por fim, a conseqüência da obrigação facultativa é que: havendo impossibilidade de cumprimento da prestação, sem culpa do devedor, a obrigação se resolve em perdas e danos. Mas se houver fato imputável ao devedor, o credor poderá exigir o equivalente da obrigação, mais perdas e danos. 
c.2.2 – OBRIGAÇÕES COMPOSTA PELA MULTIPLICIDADE DE SUJEITOS:
C.2.2.1 – Obrigações Solidárias: (arts. 264 a 285 do CC/02)
Disposições Gerais:
Só interessa o estudo das obrigações solidárias quando houver pluralidade de credores e/ou devedores. Ou seja, vários são os credores (aqui chamada solidariedade ativa), vários são os devedores (aqui chamada solidariedade passiva), ou vários credores e devedores (aqui chamada solidariedade mista).
Portanto, podemos concluir que as obrigações solidárias podem ser:
a) Solidariedade ativa – solidariedade entre credores;
b) Solidariedade passiva - solidariedade entre devedores;
c) Solidariedade mista – solidariedade entre credores e devedores. 
Passamos, portanto, aos comentários dos artigos iniciais, que tratam de todas essas espécies de obrigação solidária. Por isso que os dispositivos abaixo estão situados nas disposições gerais da referida obrigação:
ART. 264 do CC – A idéia é que, quando na mesma obrigação concorrer mais de um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito ou obrigado à dívida toda. Então, na solidariedade ativa qualquer um dos credores pode exigir a obrigação por inteiro. Por sua vez, em se tratando de obrigação solidária passiva, a dívida pode ser paga por qualquer um dos devedores.
ART. 265 do CC – Regra de OURO (Meus amigos, essa regra precisa ser decorada) 
 
“ A SOLIDARIEDADE NÃO SE PRESUME, RESULTANDO DE LEI OU DA VONTADE DAS PARTES.” 
Com isso a solidariedade pode ser:
a) Solidariedade por vontade das partes – basta verificar o negócio jurídico celebrado entre as partes, visto em uma das cláusulas.
b) Solidariedade legal – decorre de lei. 
Exemplo: O fiador e o devedor principal não são, em regra, devedores solidários. O fiador tem a seu favor o benefício de ordem previsto no art. 827 do CC, pelo qual o fiador pode exigir que primeiro sejam demandados os bens do devedor principal, no caso o locatário, por exemplo. (Isso é em regra, pois se houver estipulação contratual o devedor e o fiador serão solidários).
Pois bem, ainda seguindo o exemplo acima, a Lei (daí ser solidariedade legal) diz que os fiadores são solidários entre si (art. 829 do CC). 
Atenção: Sempre ter o foco que a solidariedade estuda por nós, é obrigacional, fruto de um título contratual. 
ART. 266 do CC – Esse dispositivo geral acerca das obrigações solidárias, nos apresenta a possibilidade de a solidariedade ser de modalidade diferente para um ou alguns co-devedores ou co-credores. Trata-se do Princípio da Variabilidade da Natureza da Obrigação Solidária.
Veja, dessa análise expressa no art. 266, chega-se a idéia de que pode ocorrer a presença de elementos acidentais na estipulação dessa obrigação, podendo ser subclassificada nesse aspecto da seguinte maneira: 
a) Obrig. solidária pura ou simples: é a que não contém, condição, termo ou encargo;
b) Obrig. solidária condicional: é aquela cujos efeitos estão subordinados a um evento futuro e incerto (condição);
c) Obrig. solidária a termo: é aquela cujos efeitos estão subordinados a um evento futuro e certo (termo). 
 
O que o art. 266 do CC que nos dizer é que, a obrigação solidária, assim,pode ser pura e simples em relação à outra parte e condicional ou a termo em relação à outra, seja o sujeito credor ou devedor.
Vejam esta variedade de aspectos que não destrói a unidade da obrigação a que se acham vinculados os credores ou devedores, porém, cada um a seu modo. Exemplo: Um dos devedores é condicional, não pode ser demandado pelo credor senão depois da ocorrência do evento futuro e incerto (condição), e o devedor solidário puro e simples somente poderá reclamar o reembolso do co-devedor condicional se ocorrer a condição. 
Inovação está na 2ª parte do artigo 266 do CC que prevê pela possibilidade de ajustar-se pagamento ou cumprimento da obrigação em local diferente apenas para alguns dos devedores ou credores solidários. 
 
A) Solidariedade Ativa: vários são os credores ocupando o pólo ativo da relação jurídica obrigacional. (Arts. 267 a 274 do CC)
SITUAÇÕES:
a) Cada credor solidário pode exigir do devedor o cumprimento da obrigação por inteiro (art. 267 do CC)
Exemplo: José, Pedro e Jorge são credores em uma obrigação em que João é o devedor. O crédito dos credores é de R$900,00. Se a obrigação for solidária, não porque se presume mas, por vontade das partes ou estipulado em lei (não esquecer da regra de ouro, acima vista – art. 265 do CC) qualquer um dos credores poderá cobrar do devedor não apenas a sua cota, como também as dos demais credores. Ou seja, exige-se a dívida toda do devedor. 
b) O devedor pode pagar a dívida inteira a um dos credores solidários (veja: o devedor tem essa livre escolha até ser demandado por alguns dos credores, hipótese em que não poderá o devedor pagar a outro credor. Ou seja, se Pedro (um dos credores), por exemplo, cobrar do devedor João é somente a Pedro que João irá pagar. (art. 268 do CC)
c) O recebimento parcial da dívida por um dos credores não afeta a solidariedade entre eles. (art. 269 do CC)
Exemplo: O devedor João paga R$300,00 ao credor Pedro (valor esse que refere exatamente a cota parte desse credor, haja vista que o crédito total é no valor de R$900,00, se valendo do exemplo anteriormente dado). 
Então esse pagamento efetuado pelo devedor João foi parcial, vez que o credor Pedro, mesmo recebendo a sua cota parte pode acionar o coitado do devedor João as cotas dos demais credores (José e Jorge).
 
d) A morte de um dos credores extingue a solidariedade existente entre o falecido e os demais credores, não fazendo com que exista solidariedade dos herdeiros do credor falecido com os outros credores já que a solidariedade se dá entre pessoas e não entre a prestação. (OBS: A solidariedade continua entre os credores vivos) (art. 270 do CC)
Exemplo: O credor Pedro morreu e deixou Ospocovaldo e Serafina como herdeiros. Esse crédito que o credor Pedro tinha com o devedor João naquela relação obrigacional não se transmite a herdeiros. Portanto, Ospocovaldo e Serafina não entram como solidários aos credores existentes (José e Jorge). Pois bem, se a cota do credor Pedro que faleceu era de R$300,00, cada um de seu dois herdeiros somente pode exigir do devedor R$150,00, o que consagra a refração do crédito.
Atenção: Essa regra não será aplicada se a obrigação for naturalmente indivisível, como no exemplo da entrega de um animal para fins de reprodução ou de um veículo. Nesse caso, se um dos credores falecer, o cumprimento dessa obrigação indivisível ocorrerá se o objeto for entregue a qualquer um dos sucessores deste, não por fim de solidariedade que não há (como vimos),mas sim pela indivisibilidade da obrigação. 
e) Mesmo que a obrigação se torne impossível de ser cumprida, convertendo em perdas e danos, a solidariedade permanece em todos os seus efeitos. (art. 271 do CC)
f) Um dos credores solidários pode perdoar toda a dívida do devedor, porém nesse caso, ele se responsabiliza pelo pagamento da cota aos demais credores. (art. 272 do CC)
g) O devedor não pode opor exceções pessoais (Ex: incapacidade; vícios do negócio jurídico) cabíveis a um credor, e opor a outros credores. (art. 273 do CC). 
Exemplo: José, Pedro, Jorge (credores) assinaram um contrato com João (devedor), cujo crédito era de R$900,00. Verifica-se que o credor José tinha 15 anos quando da celebração do contrato. João (devedor) só pode alegar esta defesa (qual: incapacidade para celebração do negócio jurídico) quando José o cobrar. Se Pedro ou Jorge acionar João, esse não poderá argüir exceção pessoal que é pessoal ao credor José. 
h) O julgamento contrário a um dos credores não prejudica os demais; Já o julgamento favorável aproveita os demais, salvo se originar em exceção pessoal ao credor que obteve. (art. 274 do CC)
Exemplo: O débito da obrigação é ilíquido. O credor Jorge ajuíza uma ação de conhecimento e obtêm a liquidez do crédito. Os demais credores, José e Pedro, podem executar essa sentença, vez que o julgamento for favorável. Se não foi favorável, não prejudica os demais. 
 
B) Solidariedade Passiva: vários são os devedores ocupando o pólo passivo da relação jurídica obrigacional. (Arts. 275 a 285 do CC)
É o fato de o credor ter o direito de exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, parcial ou totalmente a dívida comum. (art. 275 do CC)
Pelo mesmo comando legal, se o pagamento ocorreu de forma parcial, todos os demais devedores, inclusive o que pagou a sua cota parte, continuam obrigados solidariamente pelo resto do valor devido (Então, na solidariedade passiva tem o schuld (débito, que vai além da cota que cada um possuí) e o haftung (responsabilidade que cada co-devedor tem em relação as cotas dos demais co-devedores).
Exemplo: O credor “A” e três devedores “B”; “C” e “D”. A dívida é de R$30.000,00. Se o devedor “B” paga R$5.000,00 poderá ainda ser demandado, nos R$25.000,00 restantes . 
SITUAÇÕES:
a) O credor pode exigir o pagamento de toda a obrigação de apenas um dos devedores, que pagando toda a obrigação terá direito de regresso contra os demais devedores.
b) O co-devedor (Ex: “C”) que paga a totalidade da dívida não pode exigir a totalidade do restante da obrigação de apenas um dos outros devedores, já que não há solidariedade entre eles. (OBS: A solidariedade é somente dos devedores em relação ao credor) 
c) A morte de um dos devedores solidários não transfere a solidariedade para seus herdeiros que responderão somente pela sua cota parte, respeitando-se as forças da herança. (1ª parte do art. 276 do CC).
Exemplo: Se valendo do exemplo acima. A dívida dos devedores (“B”; “C” e “D”) é de R$30.000,00 e se o co-devedor “D” falecer deixando 02 herdeiros (“E” e “F”), cada um desses dois herdeiros somente poderá ser cobrado em R$5.000,00 – metade dos R$10.000,00 que é a cota do devedor “D”, pois com a morte desse, cessa a solidariedade em relação aos herdeiros. E isso é até os limites da herança. 
d) Na esteira da situação acima anunciada, sendo a obrigação indivisível (veremos na aula seguinte), os herdeiros (“E” e “F”) do falecido devedor “D” poderá ser compelido a cumprir com a obrigação na sua totalidade, permanecendo a solidariedade. Por isso que todos os herdeiros reunidos, em se tratando de uma prestação indivisível, devem ser considerados como um devedor solidário em relação aos demais co-devedores, cabendo pagar a totalidade e em seguida exercer direito de regresso contra os demais. (2ª parte do art. 276 do CC)
Exemplo: Estando um dos herdeiros do devedor falecido “D” com um touro de reprodução (objeto da relação jurídica obrigacional), este deverá ser compelido a cumprir a obrigação na sua totalidade, no caso, entregando o touro (pois esse é indivisível – não há como fracionar). 
 
e) Qualquer cláusula, condição ou obrigação acionante estipulada entre um dos devedores solidários do credor, não pode agravar a posição dos outros devedores (art. 278 do CC).
OBS: o que for pactuado entre um credor e um dos devedores solidários não poderá agravar a situaçãodos demais, seja por cláusula contratual, seja por condição inserida na obrigação, seja ainda por aditivo negocial. Deve ser respeitado o Princípio da relatividade dos efeitos contratuais, já que o Negócio Jurídico gera efeitos inter partes, em regra. 
f) Em caso de inadimplemento, todos os devedores continuam responsáveis pela sua cota, mas só o culpado responde pelas perdas e danos. (art. 279 do CC). 
Exemplo: “A” credor de “B”, “C” e “D”, de um automóvel. Foi avençado que a entrega do automóvel ao credor “A” deve se dá em 09/03/07. Ocorre que antes da entrega, o co-devedor “D”, por sua culpa, danifica o automóvel, perecendo a dita a coisa, resolvendo a obrigação. Pois bem, o credor “A” cobra o valor equivalente (valor do automóvel), onde esse valor será rateado entre todos os devedores (“B”; “C”; “D”), mas os prejuízos advindos de perdas e danos só cobra do devedor culpado “D”. 
g) Na esteira da característica acima, os juros de mora (advindos pelo atraso no cumprimento da prestação. Isto é, não entrega do automóvel na data avençada – 09/03/07, por culpa de um dos devedores, gera juros moratórios), todos os devedores solidários são responsáveis já que os juros são acessórios à obrigação principal, tendo os devedores não culpados (no nosso exemplo: “B” e “C”) a ação regressiva contra o devedor culpado (“D”). (art. 280 do CC) 
h) O devedor que foi demandado pode opor ao credor as exceções que lhe são pessoais e às exceções comuns a todos (Ex: objeto ilícito; desrespeito à forma prevista em lei e etc.). Mas não poderá aproveitar as exceções pessoais a outro co-devedor. (art. 281 do CC)
OBS: O que se quer dizer: Na solidariedade passiva, o devedor demandado poderá opor contra o credor as defesas que lhe forem pessoais e aquelas comuns a todos, tais como: pagamento parcial ou total e a prescrição de dívida. Mas esse devedor demandado não poderá opor exceções pessoais a que o outro co-devedor tem direito, eis que estes são personalíssimos, como se pode aduzir pelo próprio nome da defesa em questão, como por exemplo: incapacidade e vício de vontade. 
B.1) Renúncia da Solidariedade Passiva x Perdão (Remissão) 
 
 O art. 282 do CC admite Renúncia à Solidariedade passiva, de forma parcial (a favor de um devedor) ou total (a favor de todos os co-devedores). Essa renúncia à solidariedade opera-se quando o credor abre mão de seu crédito expressamente, seja total, seja parcial, sem a necessidade de aceitação expressa ou tácita da outra parte. Já remissão de dívida é o perdão da dívida.
Então, em havendo a renúncia à solidariedade por parte do credor em favor de um devedor, por exemplo, ao credor para que se possa demandar os co-devedores solidários remanescente, deverá abater no débito o quantum alusivo à parte devida pelo que foi liberado da solidariedade. 
Dito de outra forma: o credor pode renunciar a solidariedade em favor de um, de alguns ou de todos os devedores, mas a exoneração de um devedor não afeta a solidariedade entre os demais. (OBS: O devedor tem o débito (schuld) mas também a responsabilidade dos demais débitos de outros devedores (haftung). A renúncia à solidariedade, no caso estudado, extingue o schuld (seu débito face a renúncia ocorrido pelo credor), mas tem o haftung (responsabilidade dos demais devedores, mesmo tendo sido renunciado)
Então, a cota do devedor exonerado da solidariedade, deve ser abatida essa cota do valor total da dívida dos demais devedores que continuam solidários.
Exemplo: “A”; “B”; “C” (devedores) cada um, com a cota parte de R$300,00 (débito total: R$900,00). “A” foi exonerado de sua responsabilidade, pois o credor renunciou. Aí só cobra de “B”; “C”, isoladamente os R$600,00, já que na solidariedade passiva pode cobrar a dívida inteira, como vimos.
Atenção: O devedor exonerado da solidariedade (no exemplo acima – “A”) participa do rateio da cota de um dos devedores que se tornarem insolvente (art. 284 do CC) – ESSE É O ÚNICO CASO EM QUE O DEVEDOR EXONERADO ASSUME A RESPONSABILIDADE DOS DEMAIS DEVEDORES. 
Então amigos, percebam que a renúncia à solidariedade é diferente da remissão, pois nesta última será extinto o débito (schuld) e a responsabilidade do devedor (haftung), não assumindo a responsabilidade dos demais co-devedores (Libera o devedor da obrigação). Já a renúncia a solidariedade, como vimos, extingue só a sua responsabilidade mantendo-se o débito na parte que incumbia a obrigação do insolvente. 
C) Solidariedade Mista ou Recíproca:
 
Havendo ao mesmo tempo, pluralidade de credores e devedores, todos solidários entre si, estará caracterizada a obrigação solidária mista ou recíproca (ou complexa).
Em casos tais, devem ser aplicadas, ao mesmo tempo, todas as regras que vimos para as obrigações solidárias ativa e passiva, já que o Código Civil em vigor não trata especificamente dessa obrigação mista que constitui construção doutrinária. 
D) CLASSIFICAÇÃO QUANTO A DIVISIBILIDADE DO OBJETO OBRIGACIONAL:
 (Arts: 257 A 263 CC)
d.1) obrigação divisível: 
d.2) obrigação indivisível: 
Obrigação Divisível e Indivisível
Conforme a doutrina nos ensina, essa classificação de obrigação quanto a sua divisibilidade ou não, só interessa se houver pluralidade de credores ou de devedores. Daí se fez necessário estudarmos primeiramente as obrigações solidárias, o que foi feito. 
Pois bem, OBRIGAÇÃO DIVISÍVEL, é aquela que pode ser cumprida de forma fracionada, ou seja, em partes. Admite-se um fracionamento do seu objeto. Portanto, o objeto da obrigação é fracionado em tantas obrigações (prestações) quantos forem os credores e devedores de forma igualitária e independente. 
Essa divisão da obrigação é chamada de CUNCURSU PARTES FIUNT; é a regra em que o objeto da obrigação é devido igualmente entre os sujeitos. Exemplo: “A” credor e três devedores “B”, “C” e “D”. Valor do débito R$ 900,00. Em se tratando de objeto divisível, haja vista, a possibilidade de fracionamento do objeto (no exemplo: Dinheiro), cobra-se no máximo de cada devedor a divisibilidade igualitária (R$300,00 cada) 
 
Por outro lado, a OBRIGAÇÃO INDIVISÍVEL é aquela que não admite fracionamento quanto ao seu cumprimento. A origem da indivisibilidade pode ser:
a) Natural: Ex.: obrigação de dar um boi. (é indivisível por natureza, bastando verificar a natureza da prestação (BOI) para chegar a essa conclusão). 
b) Legal: A própria Lei prevê a indivisibilidade da prestação. Ex.: O art. 1791 do CC em que “A herança define-se como um todo unitário, ainda que vários sejam os herdeiros.”
c) Convencional: As partes estipulam a indivisibilidade, como ocorre nas relações de condomínio (art. 1.320 do CC).
OBS:
1 – Na maioria das vezes, a indivisibilidade da obrigação é econômica, pois a deterioração da coisa ou da tarefa pode gerar a sua desvalorização, tendo origem na autonomia privada dos envolvidos na relação obrigacional. Exemplo dessa desvalorização econômica: obrigação que tem como objeto um diamante de 50 quilates, cuja divisão em pequenas pedras terá um valor bem inferior ao da pedra inteira.
2 – Lembramos que as obrigações de dar podem ser divisíveis ou indivisíveis, o mesmo ocorrendo em relação às obrigações de fazer. Por sua própria natureza, que é infungível e personalíssima, as obrigações de não fazer são quase sempre indivisíveis.
Características das Obrigações Indivisíveis
a) Havendo 02 ou mais devedores e a prestação for indivisível, cada um deles será obrigado pela dívida toda. Quando se cobra de um devedor e esse pagará tudo por ser indivisível, porém não há solidariedade, pois vimos que essa decorre de lei ou da vontade das partes, não se presumindo. O devedor que pagar aciona regressivamente os demais. (arts. 259 e p. único do CC/2002)
b) Se várias pessoas forem credores de obrigação indivisível, o devedor deverá:
- Pagar a todos os credores conjuntamente, (Exemplo: o devedor convoca todos os credores para entregar o boi (bem indivisível por natureza) - art. 260 do CC)
- Pagaa qualquer um dos co-credores exigindo caução da ratificação (deve ser escrita) de que o credor que recebe a prestação irá repassar as cotas aos demais. 
c) Se um dos co-credores receber prestação indivisível na sua totalidade, os outros co-credores só poderão exigir a sua parte em dinheiro. (Art. 261, CC) Exemplo: Se o boi reprodutor, se vale 30 mil reais o animal por inteiro, os demais sujeitos obrigacionais ativos poderão pleitear cada qual a sua cota – 10 mil reais – daquele que recebeu. 
d) O co-credor só pode perdoar o devedor da sua cota-parte. Não alterando a cota dos demais (isso vale para os pagamentos indiretos, como novação, transação, confusão e compensação).
Ex.: “A”, “B” E “C” são credores de “D” em relação à entrega do famoso touro reprodutor, que vale R$ 30.000,00. “A” perdoa (remite) a sua parte na dívida, correspondente a R$ 10.000,00. “B” e “C” podem ainda exigir o touro reprodutor, desde que paguem a “D” os R$ 10.000,00 que foram perdoados.
e) Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se converta em perdas e danos.
E, finalmente, devemos encerrar estabelecendo a diferença entre obrigações solidárias e individuais.
Obrigação Solidária:
- Decorre de lei ou de acordo das partes;
- Convertida em perdas e danos e mantido a solidariedade;
- Com a referida conversão, havendo culpa de apenas alguns deles, todos continuem responsável pela dívida. Pelas perdas e danos somente respondam pela dívida 
Obrigação Indivisível:
- Decorre da natureza do objeto da prestação;
- Convertida em perdas e danos é extinta a indivisibilidade;
- Com a conversão em perdas e danos, havendo culpa de apenas um dos devedores, ficarão exonerados totalmente os demais (art. 263, par. 2º);
Para conhecimento:
 
OUTRAS MODALIDADES DE OBRIGAÇÕES:
1) Classificação quanto ao conteúdo.( Não consta no CC/02 mas é apontada pelo doutrina e jurisprudência.)
a) Obrigação de meio (ou diligência)
É aquela em que o devedor só é obrigado a empenhar-se para perseguir um resultado, mesmo que este não seja alcançado. Só será responsabilizado se provarem sua culpa. (Responsabilidade subjetiva daquele que assumiu tal obrigação)
Exemplo: Assumem a obrigação de meio os profissionais liberais. No caso, o advogado em relação ao cliente, do médico ao seu paciente.
b) Obrigação de resultado (ou fim)
 A prestação só é cumprida com a obtenção de um resultado, geralmente oferecido pelo devedor. Respondem independentemente de culpa ou dolo. (Responsabilidade Civil Objetiva)
Exemplo: O transportador, o médico cirurgião plástico e o dentista estético.
c) Obrigação de garantia
O objetivo é uma garantia pessoal.
Exemplo: Fiança. Nesse contexto, a pessoa garante uma dívida de terceiro perante um credor.
2) Classificação quanto a Liquidez
a) Obrigação Liquida
É aquela quanto à existência, e determinada quanto ao objeto e valor. Veja: está tudo expresso na obrigação: quantidade; qualidade; natureza do objeto devido.
Por isso que o inadimplemento de obrigação positiva o líquida no exato momento constitui o devedor em mora automaticamente. (Veremos melhor ao falar em MORA)
b) Obrigação Ilíquida
É aquela incerto quanto à existência e quanto ao conteúdo e valor. Para que seja cobrada, precisa antes que seja transformada em líquida, através de um processo de conhecimento.
3) Classificação quanto à presença ou não de Elementos Acidentais
Os elementos acidentais de um negócio jurídico são aqueles que não são essenciais ao ato em regra: condição, termo e encargo. Podem ser:
a) Obrigação pura e simples
Não está sujeita à condição termo ou encargo. Ex.: Doação plena, cujos elementos são apenas a intenção de doar.
b) Obrigação Condicional
É aquela obrigação que contém cláusula que subordina o seu efeito a um evento futuro e incerto. Ex.: Doação feita ao nascituro – tem que nascer com vida.
c) Obrigação a Termo
É aquela obrigação que contém uma cláusula que subordina o seu efeito a um evento futuro e certo
d) Obrigação modal ou com Encargo
É aquela onerada por um encargo, um ônus à pessoa contemplada na relação jurídica.
Exemplo: Só irei doar o bem a você, se cuidar de seu avô.
4) Classificação quanto a Dependência
a) Obrigação Principal
Independe de qualquer outra obrigação para ter existência, validade ou mesmo eficácia.
b) Obrigação Acessória 
Tem a existência, validade ou eficácia subordinada à outra relação jurídica obrigacional. 
Exemplo: Obrigação assumida pelo fiador que é acessória diante do credor
5) Classificação quanto ao Local de cumprimento
a) Obrigação quesível.
É a que tem o seu cumprimento no domicílio do devedor. É a regra geral desde que não haja previsão no contrato.
b) Obrigação Portável (Portable)
É aquela em que o seu cumprimento deverá ocorrer no domicílio do credor ou de terceiro. Para tal regra, deve estar no contrato.
6) Classificação quanto ao momento do cumprimento
a) Obrigação instantânea com cumprimento imediato
É aquela cumprida imediatamente após a sua constituição. 
Exemplo: Pagamento a vista.
b) Obrigação de execução diferida.
É aquela cujo cumprimento deverá ocorrer de uma vez só no futuro. 
Exemplo: Cheque pós datado ou pré-datado.
c) Obrigação de execução continuada, execução periódica ou de trato sucessivo.
Aquela cujo cumprimento se dá por meio de subvenções periódicas.
Exemplo: Financiamento em geral e o contrato de locação assumem essa sucessiva.
III - DO ADIMPLEMENTO OBRIGACIONAL. TEORIA DO PAGAMENTO
(1ª PARTE) (Arts: 304 à 333 CC)
1 – INTRODUÇÃO: 
A principal e corriqueira forma de extinção das obrigações ocorre pelo pagamento direto, que quer dizer: solução, cumprimento, adimplemento, implemento ou satisfação obrigacional. Por meio deste instituto (pagamento), tem-se a liberação total do devedor em relação ao vínculo obrigacional. Por exemplo: quando se estuda o contrato (e vocês estudarão futuramente, é comum apontar como sendo a principal forma de sua extinção o cumprimento (extinção normal), que se dá justamente pelo pagamento.
Iniciaremos esse tema, estudando na 1ª parte, o PAGAMENTO DIRETO, seus elementos subjetivos (pessoas envolvidas), do seu conteúdo (objeto), de sua prova , do seu lugar e do seu tempo, onde concluiremos que o pagamento direto é a forma normal de extinção das obrigações, pois o cumprimento da obrigação é feito de forma como ela foi instituída. Ademais, como 2ª parte do nosso estudo, enfrentaremos as situações que ultrapassam o pagamento direto, indo às REGRAS ESPECIAIS DO PAGAMENTO E AS FORMAS DE PAGAMENTO INDIRETO, que como vimos, são formas especiais (sui gêneris), pois o cumprimento da obrigação é feito diferente da que foi instituída. Como veremos, portanto, há formas de cumprimento de obrigação sem ser por pagamento propriamente dito. 
Desta forma, o estudo da maneira como a obrigação é extinta, seja de forma direta (pagamento), como de forma indireta (regras especiais do pagamento), o doutrinador Orlando Gomes denomina de TEORIA DO PAGAMENTO.
2 – PAGAMENTO DIRETO: 
Vimos acima, que o pagamento direto é a forma normal de extinção das obrigações, pois o cumprimento da obrigação é feito de forma como ela foi instituída. 
E atenção: O pagamento tem como sinônimo, a palavra REMIÇÃO. (verbo: remir – quer dizer: A dívida foi remida, ou seja, a dívida foi paga)
OBS: Não confundir remição (acima) com remissão, pois essa significa perdão. Daí, quando houver remissão da dívida é porque a dívida foi perdoada, e quando houver remição da divida, é porque a mesma foi paga. 
2.1) Elementos Subjetivos (ou pessoais) do pagamento direto. O solvens e o accipiens. 
Aqui estudaremos quem são as pessoas que deve pagar (solvens) e quem são as pessoas a quem se deve pagar (accipiens). 
Deve-se ter muito cuidado para não denominar as partes como o devedor e o credor, uma vez que o Código Civil não utiliza tais expressões, isso porque (e veremos abaixo), outras pessoas, que não devedor, podem pagar; ao mesmo tempo em que outras pessoas, que não o credor, podem receber. 
2.1.1) Do solvens

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