Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Apostila Meio Ambiente e Qualidade 1 PARTE I: MEIO AMBIENTE Professora: Ana Paula Delgado Machado Apostila Meio Ambiente e Qualidade 2 1. INTRODUÇÃO Os avanços e a importância da tecnologia para o conforto, bem-estar e a sobrevivência do homem são inegáveis nos tempos de hoje. Citando um biólogo brasileiro Warwick E. Kerr: “O homem pode conquistar novos nichos1, novos territórios, novos alimentos, sem necessidade de mutação e seleção natural, porque ele adicionou, ao processo evolutivo, duas novidades de capital importância: a Invenção e a Instrução; a primeira revelando problemas e criando outros, e a segunda inter-relacionando várias invenções e evitando que estas tenham de ser repetidas” (Branco, 1987). No entanto, este avanço tecnológico deve ser planejado de modo que as inovações sejam introduzidas à medida que forem necessárias para a adaptação do homem à evolução do meio e suas conseqüências avaliadas de modo que possa impedir o aparecimento de efeitos secundários danosos. Por exemplo, muitas cidades a substituição do bonde como meio de transporte coletivo pelo ônibus revelou-se pouco vantajosa devido ao maior espaço ocupado, e à maior poluição do ar. O crescimento das cidades e a industrialização fizeram com que aumentasse o volume de águas residuais. O tratamento destas águas não acompanhou o ritmo deste crescimento mesmo com a introdução de novas tecnologias nas indústrias. Outra preocupação do crescimento das cidades é a poluição dos solos, rios e mares. Vários outros exemplos podem ser citados. Dentro deste cenário, a Engenharia Ambiental vem surgindo e ganhando força, notadamente a partir da década de 70, como decorrência de uma necessidade maior de se preservar o Meio Ambiente, como forma de afastar os riscos da extinção humana. Observa-se hoje, que o progresso, o desenvolvimento tecnológico e industrial, o crescimento populacional e a urbanização acelerada, acabam por provocar profundas alterações aos ecossistemas naturais. Em muitos casos, as interferências que visam beneficiar o ser humano podem resultar em profundas modificações, causando sérios prejuízos ao Meio Ambiente. Proteger o ambiente... é proteger a nós mesmos, é preservar nossa qualidade de vida, elevando-a. É consequentemente, Propiciar a manutenção dos seres vivos: plantas, bichos, homens, ... 1 Nicho ecológico é o modo de vida de cada espécie no seu habitat. Representa o conjunto de atividades que a espécie desempenha, incluindo relações alimentares, obtenção de abrigos e locais de reprodução, ou seja, como, onde e à custa de quem a espécie se alimenta, para quem serve de alimento, quando, como e onde busca abrigo, como e onde se reproduz. Numa comparação clássica, o habitat representa o "endereço" da espécie, e o nicho ecológico equivale à "profissão". Apostila Meio Ambiente e Qualidade 3 2. DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Desenvolvimento sustentável, definido como “aquele que atende as necessidades do presente sem comprometer a capacidade de as futuras gerações satisfazerem as suas necessidades”. Aspectos principais: � Crescimento econômico � Eqüidade social � Equilíbrio ecológico Principais questões ambientais globais: � O aquecimento da temperatura da terra; � A diminuição da quantidade de espécies vivas (perda da biodiversidade); � A destruição da camada de ozônio; � A contaminação ou exploração excessiva dos recursos do oceano; � Escassez, mau uso e poluição das águas; � A superpopulação da terra; � A baixa qualidade da moradia e a falta de saneamento básico; e � A degradação do solo e a destinação inadequada dos resíduos. Para isso, precisamos: � Zelar pelas bases da vida; � Perenizar os recursos naturais não-renováveis; � Buscar uma conciliação verdadeira com a ecosfera2; e � Conhecer e respeitar os limites que a natureza nos impõe. E para isso, precisamos: A) MUDAR OS PADRÕES DE CONSUMO Enquanto a pobreza resulta grandemente em certos tipos de desgastes ambientais, um dos mais sérios problemas com que o planeta se depara atualmente é aquele associado aos padrões históricos não sustentáveis de consumo e produção, levando à degradação ambiental, agravamento da pobreza e do desequilíbrio no desenvolvimento dos países. Medidas a serem tomadas em nível internacional para proteção e ampliação do meio ambiente necessitam levar totalmente em conta os atuais desequilíbrios nos padrões globais de consumo e produção. 2A ecosfera é o sistema global da Terra, formado por todos os organismos da biosfera e caracterizado pelas relações que estabelecem entre eles e com o ambiente. Algumas ações propostas para proteger o meio ambiente: Apostila Meio Ambiente e Qualidade 4 1. Promover maior eficiência no uso de energia e recursos: � Promover a disseminação de tecnologias ambientais mais adequadas . � Promover pesquisas e desenvolvimento de tecnologias ambientalmente adequadas. � Assistir os Países em desenvolvimento no uso de tecnologias mais eficientemente e no desenvolvimento de tecnologias adequadas às suas circunstâncias específicas. 2. Redução de geração de resíduos � Reduzir a geração de resíduos na fonte � Promover a reciclagem nos processos industriais. � Reduzir as embalagens desnecessárias de produtos. � Promover a introdução de produtos mais adequados ambientalmente. � O reaproveitamento consiste na utilização dos resíduos para subsidiar outras atividades 1. Alimentação de animais domésticos (restos de alimentos) 2. Produção de fertilizantes – compostagem (resíduos sólidos orgânicos) 3. Tratamento e disposição dos resíduos � Promoção de sistemas adequados de tratamento e disposição de resíduos; � Ampliação da cobertura dos serviços de limpeza urbana. B) GARANTIR A SAÚDE HUMANA Quase sempre o desenvolvimento urbano está associado a efeitos destrutivos no ambiente físico e na base de recursos necessários para o desenvolvimento sustentável. Poluição ambiental em áreas urbanas está associada a excessivas taxas de morbidade (doenças) e mortalidade. Superpopulação e moradias inadequadas contribuem para doenças respiratórias, turbeculose, meningite e outras doenças. Algumas ações propostas: 1. Desenvolver tecnologias apropriadas de controle de poluição 2. Desenvolver tecnologias apropriadas com base em análises de risco para a saúde. Apostila Meio Ambiente e Qualidade 5 3. Estabelecer procedimentos de avaliação de impacto na saúde e ambiente para o planejamento de novas instalações industriais e de geração de energia. 4. Promover a introdução de tecnologias ambientalmente adequadas, nos setores industriais e de energia. O que fazer com tanto lixo? REDUZIR REUTILIZAR RECICLAR O homem é o único animal que produz lixo. Apostila Meio Ambiente e Qualidade 6 3. RESÍDUOS Resíduos são os resultados de processos de diversas atividades da comunidade de origem: � Industriais � Domésticos � Hospitalar HospitalarAgrícolas � Comercial � Agrícola � De serviços � Varrição Pública � Construção civil São várias as formas possíveis de se classificaro lixo. � por sua natureza física: seco e molhado; � por sua composição química: matéria orgânica e matéria inorgânica; � pelos riscos potenciais ou meio ambiente: perigosos, não-inertes; � por seu estado: sólido, gasoso e líquido; etc. Ficam incluídos nesta definição todos os resíduos gerados nos sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos d'água, ou aqueles líquidos que exijam para isto soluções técnicas e economicamente viáveis de acordo com a melhor tecnologia disponível. Apostila Meio Ambiente e Qualidade 7 Comentário Em cada 100 quilos de lixo doméstico, encontramos: Países Matéria Papel e Plástico Vidro Metal Outros orgânica papelão Brasil 52 28 6 3 5 6 EUA 27 41 7 8 9 8 Europa 30 25 7 10 8 20 Produção e desperdício de comida no Brasil Produção Produto Perdas/ desperdícios Arroz 10.102 2.020 Feijão 2.915 872 Milho 31.938 6.387 Trigo 3.623 181 Alface 105 32 Tomate 1.971 788 Batata 2.118 501 Banana 10.195 4.078 Laranja 18.806 4.137 Fonte: Coordenadoria de Abastecimento da Secretaria de Agricultura de São Paulo, com dados do IBGE. Apostila Meio Ambiente e Qualidade 8 3.1 Classificação do Lixo 3.1.1 Quanto às características físicas: • Seco: papéis, plásticos, metais, couros tratados, tecidos, vidros, madeiras, guardanapos e tolhas de papel, pontas de cigarro, isopor, lâmpadas, parafina, cerâmicas, porcelana, espumas, cortiças. • Molhado: restos de comida, cascas e bagaços de frutas e verduras, ovos, legumes, alimentos estragados, etc... 3.1.2. Quanto à composição química: • Orgânico: é composto por pó de café e chá, cabelos, restos de alimentos, cascas e bagaços de frutas e verduras, ovos, legumes, alimentos estragados, ossos, aparas e podas de jardim. • Inorgânico: composto por produtos manufaturados como plásticos, vidros, borrachas, tecidos, metais (alumínio, ferro, etc.), tecidos, isopor, lâmpadas, velas, parafina, cerâmicas, porcelana, espumas, cortiças, etc. 3.1.3. Quanto à origem: • Domiciliar: originado da vida diária das residências, constituído por resíduo orgânico (restos de alimentos, tais como cascas de frutas, verduras, etc.), produtos deteriorados, jornais, revistas, garrafas, embalagens em geral, papel higiênico, fraldas descartáveis e uma grande diversidade de outros ítens. Pode conter alguns resíduos tóxicos. • Comercial: originado dos diversos estabelecimentos comerciais e de serviços, tais como supermercados, estabelecimentos bancários, lojas, bares, restaurantes, etc. • Serviços Públicos: originados dos serviços de limpeza urbana, incluindo todos os resíduos de varrição das vias públicas, limpeza de praias, galerias, córregos, restos de podas de plantas, limpeza de feiras livres, etc, constituído por restos de vegetais diversos, embalagens, etc. • Hospitalar: descartados por hospitais, farmácias, clínicas veterinárias (algodão, seringas, Apostila Meio Ambiente e Qualidade 9 agulhas, restos de remédios, luvas, curativos, sangue coagulado, órgãos e tecidos removidos, meios de cultura e animais utilizados em testes, resina sintética, filmes fotográficos de raios X). Em função de suas características, merece um cuidado especial em seu acondicionamento, manipulação e disposição final. Deve ser incinerado e os resíduos levados para aterro sanitário. • Portos, Aeroportos, Terminais Rodoviários e Ferroviários: resíduos sépticos, ou seja, que contém ou potencialmente podem conter germes patogênicos. Basicamente originam- se de material de higiene pessoal e restos de alimentos, que podem hospedar doenças provenientes de outras cidades, estados e países. • Industrial: originado nas atividades dos diversos ramos da indústria, tais como: o metalúrgico, o químico, o petroquímico, o de papelaria, da indústria alimentícia, etc. O lixo industrial é bastante variado, podendo ser representado por cinzas, lodos, óleos, resíduos alcalinos ou ácidos, plásticos, papel, madeira, fibras, borracha, metal, escórias, vidros, cerâmicas. Nesta categoria, inclui-se grande quantidade de lixo tóxico. Esse tipo de lixo necessita de tratamento especial pelo seu potencial de envenenamento. • Radioativo: resíduos provenientes da atividade nuclear (resíduos de atividades com urânio, césio, tório, radônio, cobalto), que devem ser manuseados apenas com equipamentos e técnicos adequados. • Agrícola: resíduos sólidos oriundos das atividades agrícola e pecuária, como embalagens de adubos, defensivos agrícolas, ração, restos de colheita, etc. O lixo proveniente de pesticidas é considerado tóxico e necessita de tratamento especial. • Entulho: resíduos da construção civil: demolições e restos de obras, solos de escavações. O entulho é geralmente um material inerte, passível de reaproveitamento. Apostila Meio Ambiente e Qualidade 10 3.1.4. Quanto ao estado: => Resíduos Sólidos Resíduos sólidos são materiais heterogêneos, (inertes, minerais e orgânicos) resultantes das atividades humanas e da natureza, os quais podem ser parcialmente utilizados, gerando, entre outros aspectos, proteção à saúde pública e economia de recursos naturais. Os resíduos sólidos constituem problemas sanitário, ambiental, econômico e estético. A sujeira despejada no ambiente aumentou a poluição do solo, das águas, do ar e agravou as condições de saúde da população mundial. O volume de lixo tem crescido assustadoramente. E uma das soluções imediatas seria reduzir ao máximo o seu volume e o consumo de produtos descartáveis, reutilizá-los e reciclá-los. Felizmente, para a Natureza e para o homem, os resíduos podem ser em geral, reciclados e parcialmente utilizados, o que traz grandes benefícios à comunidade, como a proteção da saúde pública e a economia de divisas e de recursos naturais. Os Resíduos sólidos podem ser divididos em grupos, como: a. Lixo Doméstico b. Lixo Comercial e Industrial c. Lixo Público: são os resíduos de varrição, capina, raspagem, entre outros, provenientes dos logradouros públicos (ruas e praças), bem como móveis velhos, galhos grandes, aparelhos de cerâmica, entulhos de obras e outros materiais inúteis, deixados pela população, indevidamente, nas ruas ou retirados das residências através de serviço de remoção especial. d. Lixo de Fontes Especiais: é aquele que, em função de determinadas características peculiares que apresenta, passa a merecer cuidados especiais em seu acondicionamento, manipulação e disposição final, como é o caso de alguns resíduos industriais antes mencionados, do lixo hospitalar e do radioativo. Com o crescimento acelerado das metrópoles, do consumo de produtos industrializados, e mais recentemente com o surgimento de produtos descartáveis, o aumento excessivo do lixo tornou-se um dos maiores problemas da sociedade moderna. Isso é agravado pela escassez de áreas para o destino final do lixo. Apostila Meio Ambiente e Qualidade 11 => Resíduos Gasosos Os resíduos gasosos resultam das reações de fermentação aeróbia (desenvolvidos na superfície) e anaeróbia (nas camadas mais profundas); a fermentação anaeróbia dá origem a CO2e a CH4(metano), o qual pode ser aproveitado para a produção de biogás. => Resíduos Líquidos Os resíduos líquidos também chamados lexiviado,variam de local para local e dependem de: • teor em água dos resíduos • isolamento dos sistemas de drenagem • clima (temperatura, pluviosidade, evaporação) • permeabilidade do substrato geológico • grau de compactação dos resíduos Os lexiviados tem elevada concentração de matéria orgânica, de azoto e de materiais tóxicos, pelo que deve ser feita a sua recolha e tratamento, de modo a impedir a sua infiltração no solo. Devido ao grande distância que normalmente os aterros sanitários se encontram, tornam muitas vezes inviável o acesso a esse tipo de destino final. A prática mais generalizada é o enterramento de resíduos em terrenos adjacentes, muitas vezes sem preparação, em solos inadequados e perto de espécies faunísticas e florística de elevada fragilidade, o que dá origem a focos de poluição e de contaminação localizados. 3.1.5. Quanto a toxidade Entre os resíduos produzidos muitos podem ser considerados tóxicos: São considerados resíduos tóxicos as pilhas não-alcalinas, baterias, tintas e solventes, remédios vencidos, lâmpadas fluorescentes, inseticidas, embalagens de agrotóxicos e produtos químicos, as substâncias não biodegradáveis estão presentes nos plásticos, produtos de limpeza, em pesticidas e produtos eletroeletrônicos, e na radioatividade desprendida pelo urânio e outros metais atômicos, como o césio, utilizados em usinas, armas nucleares e equipamentos médicos. O cádmio, níquel, mercúrio e chumbo são os principais contaminantes. A separação adequada desses materiais é muito importante para evitar a contaminação do solo e dos lençóis freáticos. As pessoas devem tomar alguns cuidados básicos para embalar este tipo de resíduo: acondicionar em sacos plásticos bem fechados, guardá-los em local arejado e protegido do sol, das crianças e dos animais. Os materiais que podem ser reciclados são encaminhados as Centrais de Tratamento específicas. Os medicamentos vencidos, restos de tinta e verniz, e embalagens de inseticidas, que ainda não podem ser reciclados, ficam Apostila Meio Ambiente e Qualidade 12 armazenados no aterro industrial em condições adequadas, para evitar a contaminação do meio ambiente. Esses resíduos são tratados por meio de encapsulamento. Alguns contaminantes que conferem periculosidade aos resíduos são os seguintes: Cianureto ou Cianetos É o nome de qualquer composto químico que contém o grupo ciano, com uma ligação tríplice entre o átomo de carbono e o de nitrogênio. É uma substância extremamente tóxica, um dos venenos mais letais conhecidos pelo homem. Possui um típico sabor amargo, lembrando amêndoas. O cianeto de hidrogênio é um gás incolor, e os cianetos de sódio e potássio são um pó branco. Metais pesados são metais quimicamente altamente reativos e bioacumuláveis, ou seja, os organismos não são capazes de eliminá-los. Os seres vivos necessitam de pequenas quantidades de alguns desses metais, incluindo cobalto, cobre, manganês, molibdênio, vanádio, estrôncio, e zinco, para a realização de funções vitais no organismo. Porém níveis excessivos desses elementos podem ser extremamente tóxicos. Outros metais pesados como o mercúrio, chumbo e cádmio não possuem nenhuma função dentro dos organismos e a sua acumulação pode provocar graves doenças, sobretudo nos mamíferos. Quando lançados como resíduos industriais, na água, no solo ou no ar, esses elementos podem ser absorvidos pelos vegetais e animais das proximidades, provocando graves intoxicações ao longo da cadeia alimentar. Ácidos Deveria ser prática normal a neutralização de resíduos ácidos, antes da sua disposição em trincheiras ou lagoas rasas, no aterro. É essencial que a capacidade de neutralização inerente ao lixo doméstico não seja excedida. Caso contrário, os metais pesados serão ressolubilizados e a atividade microbiana será inibida. Foi determinado que 1kg de lixo fresco poderá neutralizar 22g de ácido sulfúrico e 1kg de lixo decomposto será preciso para neutralizar 33g desse mesmo ácido. EX. O ácido sulfúrico concentrado tem ação corrosiva sobre os tecidos dos organismos vivos também devido à sua ação desidratante. Produz sérias queimaduras na pele. Por isso, é necessário extremo cuidado ao manusear esse ácido. As chuvas ácidas em ambiente poluídos com dióxido de enxofre contêm H2SO4 e causam Apostila Meio Ambiente e Qualidade 13 grande impacto ambiental. Óleos Muitas são as conseqüências do óleo misturado ao lixo. De acordo com a proporção podemos ter como efeito a falta de oxigênio no solo e consequentemente a redução de microorganismos. Nota: Nas águas as conseqüências não são menores. O potencial de devastação se estende para muito além das populações aquáticas. Tem também uma conseqüência social para a região e para as espécies de pássaros e outros animais que habitam a região. Um derramamento de petróleo no mar prejudica a vida marinha e também os mangues ao longo da costa. Ecossistemas de mangues saudáveis são capazes de armazenar água, filtrar a poluição e estabilizar a erosão nas bordas costeiras. Se uma quantidade grande de petróleo atingir os mangues, isso poderá matar a vegetação rasteira que fundamenta o ecossistema. Fenóis Os fenóis e seus derivados aparecem nas águas naturais através das descargas de efluentes industriais. Indústrias de processamento da borracha, de colas e adesivos, de resinas impregnantes, de componentes elétricos (plásticos) e as siderúrgicas, entre outras, são responsáveis pela presença de fenóis nas águas naturais. Os fenóis são tóxicos ao homem, aos organismos aquáticos e aos microrganismos que tomam parte nos sistemas de tratamento de esgotos sanitários e de efluentes industriais. Nas águas naturais, os padrões para os compostos fenólicos são bastante restritivos. Nas águas tratadas, os fenóis reagem com o cloro livre formando os clorofenóis, que produzem sabor e odor na água. Por este motivo, os fenóis constituem-se em padrão de potabilidade, sendo imposto o limite máximo bastante restritivo de 0,001 mg/L pela Portaria 36 do Ministério da Saúde. Apostila Meio Ambiente e Qualidade 14 3.2. Classes dos Resíduos Classe 1 - Resíduos Perigosos: são aqueles que apresentam riscos à saúde pública e contaminação do meio ambiente, exigindo tratamento e disposição especiais em função de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade. Classe 2 - Resíduos Não-inertes: são os resíduos que não apresentam periculosidade, porém não são inertes; podem ter propriedades tais como: combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade em água. São basicamente os resíduos com as características do lixo doméstico. Classe 3 - Resíduos Inertes: são aqueles que, ao serem submetidos aos testes de solubilização (NBR-10.007 da ABNT), não têm nenhum de seus constituintes solubilizados em concentrações superiores aos padrões de potabilidade da água. Isto significa que a água permanecerá potável quando em contato com o resíduo. Muitos destes resíduos são recicláveis. Estes resíduos não se degradam ou não se decompõem quando dispostos no solo (se degradam muito lentamente). Estão nesta classificação, por exemplo, os entulhos de demolição, pedras e areias retirados de escavações. Origem Possíveis Classes Responsável Domiciliar 2 Prefeitura Comercial 2, 3 Prefeitura Industrial 1, 2, 3 Gerador do resíduo Público 2, 3 Prefeitura Serviços de saúde 1, 2, 3 Gerador do resíduo Portos, aeroportos e terminais ferroviários 1, 2, 3 Gerador do resíduo Agrícola 1, 2, 3 Gerador do resíduo Entulho 3 Gerador do resíduo Apostila Meio Ambientee Qualidade 15 3.3 RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE NBR 12.808 da ABNT � Classe A - Resíduos Infectantes Tipo A.1 - Biológico: cultura, inóculo, mistura de microorganismos e meio de cultura inoculado proveniente de laboratório clínico ou de pesquisa, vacina vencida ou inutilizada, filtro de gases aspirados de áreas contaminadas por agentes infectantes e qualquer resíduo contaminado por estes materiais; Tipo A.2 - Sangue e hemoderivados: com prazo de validade vencido ou sorologia positiva, bolsa de sangue para análise, soro, plasma e outros subprodutos; Tipo A.3 - Cirúrgico: tecido, órgão, feto, peça anatômica, sangue e outros líquidos orgânicos resultantes de cirurgia, necropsia e resíduos contaminados por estes materiais; Tipo A.4 - Perfurante ou cortante: agulha, ampola, pipeta, lâmina de bisturi e vidro; Tipo A.5 - Animal contaminado: carcaça ou parte de animal inoculado, exposto a microorganismos patogênicos, ou portador de doença infecto-contagiosa, bem como resíduos que tenham estado em contato com estes; Tipo A. 6 - Assistência a pacientes: secreções e demais líquidos orgânicos procedentes de pacientes, bem como os resíduos contaminados por estes materiais, inclusive restos de refeições. � Classe B - Resíduos Especiais Tipo B.1 - Rejeito radioativo: material radioativo ou contaminado com radionuclídeos, provenientes de laboratório de análises clínicas, serviços de medicina nuclear e radioterapia; Tipo B.2 - Resíduo farmacêutico: medicamento vencido, contaminado, interditado ou não utilizado; Tipo B.3 – Resíduo químico perigoso: resíduo tóxico, corrosivo, inflamável, explosivo, reativo, genotóxico ou mutagênico. � Classe C -Resíduos Comuns Todos aqueles que não se enquadram nos tipos A e B e que, por sua semelhança aos resíduos domésticos, não oferecem risco adicional à saúde pública. Apostila Meio Ambiente e Qualidade 16 4. TRATAMENTO DE RESÍDUOS 4.1. Tratamento de Efluentes Líquidos Organização Mundial de Saúde: “Deve considerar-se que uma água está poluída, quando a sua composição ou o seu estado estão de tal modo alterados que já não reúnem as condições necessárias (propriedades físicas, químicas e biológicas) para as utilizações as quais estava destinada.” I. Tipos de despejos: Sanitários e Industriais. II. Principais Poluentes: � Substâncias Orgânicas Solúveis. � Diminuição da quantidade de oxigênio. � Geração de odores e sabor às águas. � Substâncias Tóxicas e Metais Pesados. � Nitrogênio e Fósforo: eutroficação (envelhecimento) de lagos e de pântanos. � Materiais refratários (detergentes não-biodegradáveis). � Óleos e gorduras. � Ácidos e Álcalis. � Materiais em suspensão. III. Tratamento: � PROCESSOS FÍSICOS: Remoção de substâncias fisicamente separáveis dos efluentes: o Tratamento-Remoção de sólidos grosseiros o Remoção de sólidos finos e fibrosos (peneiras) o Remoção de areia e sólidos de densidade semelhante (caixa de areia) o Separação de óleo e gorduras. � PROCESSOS QUÍMICOS: Auxílio de produtos químicos: o Flotação- separação de partículas sólidas ou líquidas de baixa densidade, contidas em um líquido e com auxilio de injeção de ar. Apostila Meio Ambiente e Qualidade 17 o Decantação- remoção de partículas sólidas em suspensão, por ação da gravidade o Neutralização- é estabilizar o valor do pH. o Coagulação- formação de flocos por ação de coagulante, removidos por decantação ou filtração. (Exemplos de coagulantes: alumina, sulfato ferroso, cloreto férrico) o Floculação- processo onde a água recebe uma substância química chamada de sulfato de alumínio. Este produto faz com que as impurezas se aglutinem formando flocos para serem facilmente removidos. � PROCESSOS BIOLÓGICOS: Degradação de matéria-prima Realizada por microorganismos (chamados reatores biológicos) e consiste na transformação dos compostos orgânicos em substâncias mais simples (CO2, H2O, Nitrato, etc). Estes reatores são normalmente constituídos por microorganismos aeróbios, havendo por isso a necessidade de promover o seu arejamento. 4.2. Tratamento de Resíduos Sólidos 4.2.1. Reciclagem É muito antiga a prática de reciclagem de resíduos sólidos. Os utensílios metálicos são fundidos e remodelados desde os tempos pré-históricos. A reciclagem é umas das alternativas para o tratamento do lixo urbano e contribui diretamente para a conservação do meio ambiente. Ela trata o lixo como matéria-prima Apostila Meio Ambiente e Qualidade 18 que é reaproveitada para fazer novos produtos e traz benefícios para todos, como a diminuição da quantidade de lixo enviada para aterros sanitários, a diminuição da extração de recursos naturais, a melhoria da limpeza da cidade e o aumento da conscientização dos cidadãos a respeito do destino do lixo. Apostila Meio Ambiente e Qualidade 19 4.2.2. Aterro Sanitário O aterro sanitário é um processo de eliminação de resíduos sólidos bastante utilizados, pois é o modo mais barato de eliminar resíduos. Esse método consiste em armazenar os resíduos, dispostos em camadas, em locais escavados. Cada camada é prensada por máquinas, até alcançar uma altura de 3 metros. Em seguida, é coberta por uma camada de terra e volta a ser comprimida. É fundamental escolher o terreno adequado (tipo de solo, coberto vegetal, regime hidrológico), para que não haja contaminação nem na superfície, nem nos lençóis subterrâneos. Uma vez depositados, os resíduos sólidos se degradam naturalmente por via biológica até a mineralização da matéria biodegradável, em condições fundamentalmente anaeróbias. O aterro sanitário é uma obra de engenharia que deve ser orientada por quatro objetivos: • diminuição dos riscos de poluição provocados por cheiros, fogos, insetos • utilização futura do terreno disponível, através de uma boa compactação e cobertura • minimização dos problemas de poluição da água, provocados por lixiviação • controle da emissão de gases (liberados durante os processos de degradação) Esse processo tem as seguintes vantagens e desvantagens: Vantagens Desvantagens Processo de baixo custo Longa imobilização do terreno Recuperação de áreas degradadas Necessidade de grandes áreas Flexibilidade de operação Necessidade de material de cobertura Não requer pessoal altamente especializado Dependência das condições climáticas Surgimento do Chorume: substância líquida decorrente da decomposição de material orgânico Um aterro sanitário é um reator biológico em evolução, que produz: • resíduos gasosos: CO2, metano, vapor d’água, O2, N2, ácido sulfúrico e sulfuretos • resíduos sólidos: resíduos mineralizados • resíduos líquidos: águas lexiviadas. Apostila Meio Ambiente e Qualidade 20 4.2.3. Aterro Industrial Os Aterros Industriais destinam-se a receber resíduos sólidos que não sejam reativos, não inflamáveis e com baixa quantidade de solvente, óleo ou água. A construção do aterro obedece a rigorosas técnicas nacionais e internacionais de segurança, visando garantir proteção total ao meio ambiente. Adotam técnicas de confinamento dos resíduos através de geomembranas, drenagem, tratamento de efluentes, e poços de monitoramento do lençol freático. O aterro Industrial é classificado como qual ele foi licenciado a receber. - ATERRO CLASSE I Destina-se a resíduos industriaisperigosos, que após pré-tratamento se tornam não-reativos e não inflamáveis com baixo teor de solventes, óleos ou água. No aterro Classe I podem ser dispostos resíduos como lodo de estação de tratamento de efluentes, borra de retífica e de tintas, cinzas de incineradores, entre outros. Os cuidados ambientais tomados contemplam o sistema de impermeabilização com argila e dupla geomembrana de PEAD - que protege o solo e os lençóis de água subterrâneos do contato com os resíduos e com o efluente gerado, que ao ser captado pelo sistema de drenagem é encaminhado para tratamento. Além disso, a extensão da frente de serviço do Aterro é coberta por uma estrutura metálica móvel que impede a incidência de chuvas na área de operação. - ATERRO CLASSE IIA Destina-se à disposição de resíduos industriais não-perigosos e não-inertes, e também para a disposição de resíduos domiciliares. Apostila Meio Ambiente e Qualidade 21 Os Aterros Classe IIA possuem as seguintes características: impermeabilização com argila e geomembrana de PEAD, sistema de drenagem e tratamento de efluentes líquidos e gasosos e completo programa de monitoramento ambiental. - ATERRO CLASSE IIB Devido à característica inerte dos resíduos dispostos, o Aterro Classe IIB dispensa a impermeabilização do solo. Esse aterro possui sistema de drenagem de águas pluviais e um programa de monitoramento ambiental que contempla o acompanhamento geotécnico (movimentação, recalque e deformação) do maciço de resíduos. 4.2.4. Incineração Decomposição Térmica via oxidação, com o objetivo de tornar um resíduo menos volumoso, menos tóxico ou atóxico, ou eliminá-lo. A incineração é um processo de combustão controlada (em instalação própria), que permite a redução em volume e em peso dos resíduos sólidos, em cerca de 90 a 60%. Os resíduos são transformados em gases, calor e materiais inertes (cinza e escórias de metal). Os grandes inconvenientes desse sistema são: • poluição do solo por cinzas e escórias • a poluição da água pelas águas de arrefecimento das escórias e de lavagem de fumos e pelas escorrimentos de solos contaminados • poluição do ar por cinzas voláteis e dioxinas; estas últimas têm um elevado teor tóxico e são agentes de doenças, nomeadamente hiperpigmentação da pele, danos no fígado, alterações enzimáticas, alterações no metabolismo dos lipídios, nos sistemas endócrinos e imunológico e feitos cancerígenos. Apostila Meio Ambiente e Qualidade 22 INCINERADOR TRIBEL (Belford Roxo) 4.2.5. Co-Processamento Tecnologia de destruição de resíduos industriais em fornos de clinquerização, aproveitando-os como substituto energético e/ou substituto de matéria-prima de maneira responsável e definitiva, sem a geração de cinzas e/ou passivos ambientais. Utilizado no Brasil desde o início da década de 90 e na Europa e Estados Unidos, desde 1970, o co-processamento não altera a qualidade do cimento e é praticado de forma segura tanto para os operadores dos fornos de cimento quanto para a o meio ambiente em torno da fábrica. Através do co-processamento, resíduos industriais são destruídos ao mesmo tempo em que são reaproveitados. Economizam-se assim recursos naturais, contribuindo para a preservação do meio ambiente. Vantagens do Co-Processamento: • Economia de recursos não renováveis (combustíveis fósseis e recursos naturais). • Emissões atmosféricas monitoradas. • Não gera passivos ambientais. • Destinação dos resíduos de forma segura e definitiva. Apostila Meio Ambiente e Qualidade 23 4.3. TRATAMENTO DE RESÍDUOS GASOSOS “Existe poluição do ar quando a presença de uma substância, ou a variação importante na proporção de seus constituintes, é suscetível de provocar efeitos prejudiciais ou doenças, tendo em conta o estado dos conhecimentos científicos.” Principais causadores: � Veículos automotores, devido a emissão de: • monóxido e dióxido de carbono, • óxido de nitrogênio, • dióxido de enxofre e • hidrocarbonetos. � Refinarias de petróleo, indústrias químicas e siderúrgicas, fábricas de papel e cimento. Emissão de: • óxido sulfúricos e nitrogenados, • hidrocarbonetos, • enxofre, • diversos resíduos sólidos e metais pesados e • aerosóis. Principais conseqüências aos seres humanos: • distúrbios respiratórios, • alergias, • lesões degenerativas no sistema nervoso ou em órgãos vitais e • câncer. Principais conseqüências ao meio ambiente: • redução da camada de ozônio, • chuva ácida e • aquecimento global (efeito estufa). Formas de Controle: o Modificações no processo produtivo: matéria-prima, combustível, procedimentos operacionais, tecnologia. o Tratamento das correntes gasosas através de instalação ou modificação de equipamentos. Apostila Meio Ambiente e Qualidade 24 COMENTÁRIO Efeito Estufa e o Aquecimento Global A Terra está se tornando mais quente. Os cientistas ambientalistas atribuem este aquecimento ao efeito estufa. Isto ocorre quando gases “estufa”, como o dióxido de carbono e o metano, sobem para a atmosfera e absorvem uma parte da radiação solar. Este calor é então refletido de volta para a Terra, aquecendo o planeta. Sem estes gases, o calor seria irradiado para o espaço. Uma certa concentração de gases estufa é necessário para manter a Terra aquecida. Recentemente, porém, a concentração de gases estufa cresceu rapidamente devido às atividades humanas – possivelmente levando ao aquecimento global. O gás estufa primário, o dióxido de carbono, é criado pela queima de fósseis. E hoje há mais dióxido de carbono presente na atmosfera do que nunca houve, porque as plantas e as árvores, que normalmente absorvem o dióxido de carbono e liberam oxigênio, estão sendo cortadas. O ozônio, outro gás estufa, também é criado pela poluição. Consequência: Elevação do nível do mar e alterações na quantidade de chuvas. Apostila Meio Ambiente e Qualidade 25 Chuva Ácida A queima de carvão e combustíveis fósseis (derivados de petróleo) e a emissão de poluentes industriais, lançam dióxido de enxofre e de nitrogênio na atmosfera. Esses gases combinam-se com o hidrogênio presente na atmosfera sob a forma de vapor de água, onde a precipitação forma a CHUVA ÁCIDA. Redução da Camada de Ozônio Ozônio = filtro solar da Terra Gases, como os clorofluorcarbonos (CFCs), utilizados na fabricação de refrigeradores e principalmente aerossóis, destroem a camada de ozônio, provocando uma redução na camada protetora. Consequências: Câncer de pele, alterações em processos biológicos, etc. Apostila Meio Ambiente e Qualidade 26 5. O LABORATÓRIO É UMA UNIDADE GERADORA Inventário dos resíduos industriais: As indústrias, inclusive as que fabricam produtos químicos ou que as manipulam, devem declarar ao órgão estadual correspondente informações sobre geração, características, armazenamento, transporte e destinação de seus resíduos sólidos. • Quantidades relativamente pequenas de substâncias químicas em atividades não-produtivas • Estas atividades podem mudar com o tempo, gerando estocagem de produtos não mais utilizados • Uso contínuo e simultâneo de diversos procedimentos e produtos químicos num mesmo ambiente. Todo resíduo deve ser anotado em livro próprio e declarado à unidade responsável, para fins de:� Controle (volume, peso, quantidade, ...) � Transporte � Verba para destinação final � Intervenção em caso de necessidade � Contato com os responsáveis pela geração Apostila Meio Ambiente e Qualidade 27 5. 1 Produtos Químicos Incompatíveis A lista abaixo contém uma relação de produtos químicos que, devido ás suas propriedades químicas, podem reagir violentamente entre si resultando numa explosão, ou podendo produzir gases altamente tóxicos ou inflamáveis. Por este motivo quaisquer atividades que necessitem o transporte, o armazenamento, a utilização e o descarte devem ser executados de tal maneira que as substâncias da coluna da esquerda, acidentalmente, não entrem em contato com as correspondentes substâncias químicas na coluna do lado direito Por causa do grande número de substâncias perigosas, relacionamos aqui apenas as principais. Substâncias Incompatível com Acetileno Cloro, bromo, flúor, cobre, prata, mercúrio Acetona Bromo, cloro, ácido nítrico e ácido sulfúrico. Ácido Acético Etileno glicol, compostos contendo hidroxilas, óxido de cromo IV, ácido nítrico, ácido perclórico, peróxidios, permanganatos e peróxidos, permanganatos e peroxídos, ácido acético, anilina, líquidos e gases combustíveis. Ácido cianídrico Álcalis e ácido nítrico Ácido crômico [Cr(VI)] Ácido acético glacial, anidrido acético, álcoois, matéria combustível, líquidos, glicerina, naftaleno, ácido nítrico, éter de petróleo, hidrazina. Ácido fluorídrico Amônia, (anidra ou aquosa)<><><><> Ácido Fórmico Metais em pó, agentes oxidantes. Ácido Nítrico (concentrado) Ácido acético, anilina, ácido crômico, líquido e gases inflamáveis, gás cianídrico, substâncias nitráveis. Ácido nítrico Álcoois e outras substâncias orgânicas oxidáveis, ácido iodídrico, magnésio e outros metais, fósforo e etilfeno, ácido acético, anilina óxido Cr(IV), ácido cianídrico. Ácido Oxálico Prata, sais de mercúrio prata, agentes oxidantes. Ácido Perclórico Anidrido acético, álcoois, bismuto e suas ligas, papel, graxas, madeira, óleos ou qualquer matéria orgânica, clorato de potássio, perclorato de potássio, agentes Apostila Meio Ambiente e Qualidade 28 redutores. Ácido pícrico amônia aquecida com óxidos ou sais de metais pesados e fricção com agentes oxidantes Ácido sulfídrico Ácido nítrico fumegante ou ácidos oxidantes, cloratos, percloratos e permanganatos de potássio. Água Cloreto de acetilo, metais alcalinos terrosos seus hidretos e óxidos, peróxido de bário, carbonetos, ácido crômico, oxicloreto de fósforo, pentacloreto de fósforo, pentóxido de fósforo, ácido sulfúrico e trióxido de enxofre, etc Alumínio e suas ligas (principalmente em pó) Soluções ácidas ou alcalinas, persulfato de amônio e água, cloratos, compostos clorados nitratos, Hg, Cl, hipoclorito de Ca, I2, Br2 HF. Amônia Bromo, hipoclorito de cálcio, cloro, ácido fluorídrico, iodo, mercúrio e prata, metais em pó, ácido fluorídrico. Amônio Nitrato Ácidos, metais em pó, substâncias orgânicas ou combustíveis finamente divididos Anilina Ácido nítrico, peróxido de hidrogênio, nitrometano e agentes oxidantes. Bismuto e suas ligas Ácido perclórico Bromo acetileno, amônia, butadieno, butano e outros gases de petróleo, hidrogênio, metais finamente divididos, carbetos de sódio e terebentina Carbeto de cálcio ou de sódio Umidade (no ar ou água) Carvão Ativo Hipoclorito de cálcio, oxidantes Cianetos Ácidos e álcalis, agentes oxidante, nitritos Hg(IV) nitratos. Cloratos e percloratos Ácidos, alumínio, sais de amônio, cianetos, ácidos, metais em pó, enxofre,fósforo, substâncias orgânicas oxidáveis ou combustíveis, açúcar e sulfetos. Apostila Meio Ambiente e Qualidade 29 Cloratos ou percloratos de potássio Ácidos ou seus vapores, matéria combustível, (especialmente solventes orgânicos), fósforo e enxofre Cloratos de sódio Ácidos, sais de amônio, matéria oxidável, metais em pó, anidrido acético, bismuto, álcool pentóxido, de fósforo, papel, madeira. Cloreto de zinco Ácidos ou matéria orgânica Cloro Acetona, acetileno, amônia, benzeno, butadieno, butano e outros gases de petróleo, hidrogênio, metais em pó, carboneto de sódio e terebentina Cobre Acetileno, peróxido de hidrogênio Cromo IV Óxido Ácido acético, naftaleno, glicerina, líquidos combustíveis. Dióxido de cloro Amônia, sulfeto de hidrogênio, metano e fosfina. Flúor Maioria das substâncias (armazenar separado) Enxofre Qualquer matéria oxidante Fósforo Cloratos e percloratos, nitratos e ácido nítrico, enxofre Fósforo branco> Ar (oxigênio) ou qualquer matéria oxidante. Fósforo vermelho Matéria oxidante Hidreto de lítio e alumínio Ar, hidrocarbonetos cloráveis, dióxido de carbono, acetato de etila e água Hidrocarbonetos (benzeno, butano, gasolina, propano, terebentina, etc.) Flúor, cloro, bromo, peróxido de sódio, ácido crômico, peróxido da hidrogênio. Hidrogênio Peróxido Cobre, cromo, ferro, álcoois, acetonas, substâncias combustíveis Hidroperóxido de cumeno Ácidos (minerais ou orgânicos) Hipoclorito de cálcio Amônia ou carvão ativo. Iodo Acetileno, amônia, (anidra ou aquosa) e hidrogênio Líquidos inflamáveis Nitrato de amônio, peróxido de hidrogênio, ácido nítrico, peróxido de sódio, halogênios Apostila Meio Ambiente e Qualidade 30 Lítio Ácidos, umidade no ar e água<><><><> Magnésio (principal/em pó) Carbonatos, cloratos, óxidos ou oxalatos de metais pesados (nitratos, percloratos, peróxidos fosfatos e sulfatos). Mercúrio Acetileno, amônia, metais alcalinos, ácido nítrico com etanol, ácido oxálico Metais Alcalinos e alcalinos terrosos (Ca, Ce, Li, Mg, K, Na) Dióxido de carbono, tetracloreto de carbono, halogênios, hidrocarbonetos clorados e água. Nitrato Matéria combustível, ésteres, fósforo, acetato de sódio, cloreto estagnoso, água e zinco em pó. Nitrato de amônio Ácidos, cloratos, cloretos, chumbo, nitratos metálicos, metais em pó, compostos orgânicos, metais em pó, compostos orgânicos combustíveis finamente dividido, enxofre e zinco Nitrito Cianeto de sódio ou potássio Nitrito de sódio Compostos de amônio, nitratos de amônio ou outros sais de amônio. Nitro-parafinas Álcoois inorgânicos Óxido de mercúrio Enxofre Oxigênio (líquido ou ar enriquecido com O2) Gases inflamáveis, líquidos ou sólidos como acetona, acetileno, graxas, hidrogênio, óleos, fósforo Pentóxido de fósforo Compostos orgânicos, água Perclorato de amônio, permanganato ou persulfato Materiais combustíveis, materiais oxidantes tais como ácidos, cloratos e nitratos Permanganato de Potássio Benzaldeído, glicerina, etilenoglicol, ácido sulfúrico, enxofre, piridina, dimetilformamida, ácido clorídrico, substâncias oxidáveis Peróxidos Metais pesados, substâncias oxidáveis, carvão ativado, Apostila Meio Ambiente e Qualidade 31 amoníaco, aminas, hidrazina, metais alcalinos. Peróxidos (orgânicos) Ácido (mineral ou orgânico). Peróxido de Bário Compostos orgânicos combustíveis, matéria oxidável e água Peróxido de hidrogênio 3% Crômio, cobre, ferro, com a maioria dos metais ou seus sais, álcoois, acetona, substância orgânica Peróxido de sódio Ácido acético glacial, anidrido acético, álcoois benzaldeído, dissulfeto de carbono, acetato de etila, etileno glicol, furfural, glicerina, acetato de etila e outras substâncias oxidáveis, metanol, etanol Potássio Ar (unidade e/ou oxigênio) ou água Prata Acetileno, compostos de amônia, ácido nítrico com etanol, ácido oxálico e tartárico Zinco em pó Ácidos ou água Zircônio (principal/em pó) Tetracloretode carbono e outros carbetos, pralogenados, peróxidos, bicarbonato de sódio e água 5.2. ESTOCAGEM DOS RESÍDUOS O grande número de problemas de estocagem em laboratório químico deve-se à diversidade de produtos químicos que devem ser estocados. A estocagem descuidada associada com a falta de planejamento e controle é um convite para acidentes pessoais e danos materiais. Por outro lado, uma área de estocagem cuidadosamente planejada e supervisionada pode prevenir muitos acidentes. Os produtos químicos que necessitam estocagem podem ser sólidos, líquidos e gasosos, podem estar contidos em embalagens de papel, plástico, vidro ou metal que podem ser caixas, garrafas, cilindros ou tambores. A natureza de cada produto pode ser considerada individualmente ou em relação a outros produtos estocados na mesma área. O tipo de recipiente adequado para líquidos inflamáveis depende em parte do volume estocado e da freqüência com que é manipulado. A quantidade de líquido inflamável em Apostila Meio Ambiente e Qualidade 32 estoque deve ser a mínima necessária, sendo que grandes quantidades de inflamáveis, devem ser estocados em almoxarifados especiais. Deve haver no local de estocagem um sistema de drenagem para evitar, no caso de acidente, que o líquido inflamável escoe por baixo ou entre os outros tambores. Todos os drenos devem ser descarregados em um local seguro. Uma rede de hidrantes deve ser localizada de tal forma que todos os tambores possam ser atingidos com jatos. Quando for necessária a estocagem de grandes quantidades de inflamáveis em laboratórios, é necessário um sistema automático de “sprinklers”. Uma ventilação adequada para remoção dos vapores deve ser providenciada além de um sistema de drenagem de líquidos derramados, com descarga em local seguro. Embora seja prático, recipientes de vidro devem ser evitados na estocagem de líquidos inflamáveis. Pequenas quantidades de líquidos inflamáveis (menos de 20 litros podem ser estocados em latas devidamente rotuladas. Recipientes em aço inoxidável são mais adequados quando é considerada a pureza do inflamável). É proibido fumar nas imediações do local de estocagem. O equipamento elétrico deve atender aos requisitos de segurança específicos para o caso Quando os resíduos são estocados no próprio laboratório, algumas ações devem ser consideradas: � Área claramente delimitada � Nunca no chão ou na capela � Frascos adequados e etiquetados � Segregar incompatíveis � Coletores secundários para resíduos líquidos � Nunca deixe coletores abertos ou mal tampados � Não encher até a capacidade máxima � Apenas um coletor para cada tipo de resíduo � Limitar quantidade de estocagem, e pelo menor tempo possível � Kit anti-derramamento � Ficha de dados de emergência São comuns situações em que instituições de ensino e de pesquisa, laboratórios de análises bioquímicas e físico-químicas estocam quantidades indesejáveis de produtos químicos, tornando problemático o tratamento e a destinação final deste estoque, não apenas no aspecto técnico, mas também do ponto de vista econômico. São também comuns nesses casos a perda das informações contidas nos rótulos das embalagens como seu nome e fabricante. Isso passa a ser um problema, uma vez, que se torna necessário sua caracterização para posterior destinação final. Apostila Meio Ambiente e Qualidade 33 Armazenamento inadequado de reagentes químicos em laboratório identificação Perda parcial de identificação em rótulos de reagentes químicos 5.3. DESCARTE DOS RESÍDUOS Os resíduos devem ser estocados, para futuro descarte em local apropriado, em coletores específicos. Esses coletores de resíduos devem ter etiquetas resistentes ao tempo (sol, vapores, corrosivos, etc.), sendo de fácil acesso e entendimento por parte dos profissionais que manipulam esses coletores. A etiqueta deve conter a data do início da acumulação do rejeito. Os coletores devem ser mantidos fechados quando não estiverem sendo usados. O material de fabricação do coletor deve ser compatível com a natureza do material a ser estocado nele. Cenários acidentais Com o aumento da industrialização e da população, observa-se um aumento crescente na geração de resíduos sólidos industriais, especialmente nos grandes centros industriais. Esse fato tem acarretado em mais uma fonte potencialmente poluidora do meio ambiente, o que inclui a contaminação do solo, subsolo, águas superficiais, subterrâneas e do ar. Os acidentes ambientais envolvendo descarte de resíduos químicos ou de produtos químicos em vias públicas, disposição indevida sob o solo, bem como o armazenamento inadequado de produtos químicos em indústrias, galpões de armazenamento, massas falidas, terrenos baldios e instituições de ensino colocam em risco a saúde pública e ao meio ambiente Apostila Meio Ambiente e Qualidade 34 . - Armazenamento em galpões Disposição de resíduos em terreno baldio Armazenamento de reagentes químicos em laboratório São inúmeros os casos atendidos por entidades públicas como Corpo de Bombeiros, Defesa Civil e órgãos ambientais envolvendo o abandono de tambores, bombonas, sacos plásticos e outras embalagens em margens de rodovias e seus acessos marginais, contendo resíduos químicos perigosos. Essas ocorrências são em geral comunicadas pela população local, porém sem a identificação de seus responsáveis ou da placa dos veículos que realizou o transporte clandestino. Isso dificulta o trabalho das autoridades, na medida em que não há quem responsabilizar pelos danos acarretados e por sua remoção do local e recuperação da área impactada. Descarte de tambores com resíduos químicos em terreno baldio Descarte de bombonas com resíduos químicos em área rural Descarte de resíduos químicos em sacaria Os resíduos químicos perigosos, tanto líquidos como sólidos ou produtos químicos descartados muitas vezes em função de roubo de carga, apresentam como principais riscos, a corrosividade, inflamabilidade, liberação de COV - compostos orgânicos voláteis, reatividade com água podendo provocar explosão, desprendimento de chamas ou de calor, formação de compostos, misturas, vapores ou gases perigosos. Esses resíduos, normalmente dispostos diretamente sobre o solo e em margens de córregos e represas, podem infiltrar-se no solo provocando a contaminação do meio incluindo em determinadas situações, o lençol freático. Essa situação torna-se mais grave quando os resíduos são enterrados em terrenos baldios em áreas periféricas dos grandes centros, e que somente são descobertos mediante denúncias da população ou Apostila Meio Ambiente e Qualidade 35 quando são percebidos apenas os seus efeitos, como por exemplo, a redução da qualidade da água, os danos sofridos pela vegetação, ou em casos mais graves, o surgimento de doenças ou mesmo a contaminação em pessoas e animais. Dependendo da sua natureza química, os resíduos envolvidos causam a contaminação do ar provocando incômodos às populações circunvizinhas. Essa situação se agrava quando alguns resíduos são queimados, o que torna mais difícil a extinção do fogo por parte do corpo de bombeiros. Nesses casos há que se investigar o destino das águas utilizadas no combate ao incêndio. Incêndio em armazenamento contendo resíduos químicos As chuvas são agravantes em situações de emergência, por contribuírem no transporte dos poluentes para as camadas mais profundas dosubsolo, dependendo de sua natureza, como também para as águas subterrâneas e superficiais. As embalagens metálicas utilizadas para acondicionar resíduos químicos que são deliberadamente descartados em vias públicas, encontram-se normalmente em avançado estado de corrosão, as sacarias em más condições e as demais embalagens como latas, frascaria de laboratório, entre outras, em estado precário de acondicionamento. Os responsáveis por esses atos ilícitos, têm o devido cuidado na maioria das situações de retirar os rótulos das embalagens evitando assim o comprometimento da imagem da empresa procurando assim isentar-se de suas responsabilidades. Os resíduos químicos podem também serem dispostos de forma inadequada por meio de carga transportada sem qualquer embalagem, contida apenas pela unidade de transporte, seja ela um tanque, vaso, caçamba ou container-tanque. Nesse contexto destacam-se também algumas massas falidas, via de regra áreas industriais fechadas ou abandonadas nas quais no passado foram usadas substâncias nocivas e que ao encerrarem suas atividades deixaram para trás resíduos químicos perigosos armazenados de forma inadequada, muitas vezes lançados diretamente sobre o solo ou em condições precárias de armazenamento e muitas vezes com a ocupação humana nesses locais. Apostila Meio Ambiente e Qualidade 36 Empresa abandonada contendo resíduos químicos Outro agravante à saúde pública refere-se a tambores, bombonas e outros tipos de embalagens utilizados para armazenar produtos químicos perigosos e resíduos químicos que quando descartados em terrenos baldios, matagais e nas proximidades de aterros sanitários e lixões, fazem parte de uma espécie de economia informal dos moradores de favelas da periferia dos grandes centros industriais como São Paulo. Recolher tambores usados é fonte de renda para vários catadores de lixo. A contaminação pode ocorrer pelo simples contato com essas embalagens ou em situação mais grave quando se utiliza esses recipientes para armazenar água em suas residências. Dentre os diversos tipos de resíduos químicos usualmente descartados, destacam-se as borras de tintas e solventes, areia de fundição, borra de alumínio, solventes a base de acrilato, resíduos fenólicos, efluentes de banhos de galvanização, reagentes químicos para laboratório, óleo de transformador entre outros. Resíduo químico de borra de tinta Descarte de borra de alumínio Abandono de transformadores contendo ascarel Apostila Meio Ambiente e Qualidade 37 REQUISITO BÁSICO INICIAL Nenhum tipo de resíduo pode ser descartado na pia ou no lixo comum,ou ainda não deve ser deixado evaporar para a atmosfera. RESÍDUO PERIGOSO Apostila Meio Ambiente e Qualidade 38 SUBSTÂNCIAS QUE NÃO DEVEM SER DISPOSTAS NO SISTEMA DE ESGOTO SANITÁRIO � Acetona � Acetonitrila � Benzeno � Éter etílico � Tolueno � Xileno � Ácido perclórico � Ácido clorídrico � Ácido sulfúrico � Ácido nítrico � Ácido tricloroacético � Hidróxido de amônio � Hidróxido de sódio � Hidróxido de potássio � Arsênio � Bário � Cobre � Chumbo � Mercúrio � Molibdênio � Níquel � Ósmio � Tálio � Zinco � Fenol � Hidrazina � Cianetos � Sulfetos � Acrilamida Apostila Meio Ambiente e Qualidade 39 5.4. Tratamento de Resíduos Laboratoriais Resíduos Sólidos Apostila Meio Ambiente e Qualidade 40 Resíduos Líquidos
Compartilhar