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Prova de Filosofia

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PROVA DE FILOSOFIA
Ética Platônica, Protágoras e a virtude como conhecimento.
No Livro VI, de A Républica, Platão elege duas alegorias para apresentar a visão socrática do bem: a da linha dividida e a do sol. A linha dividida representa a separação entre o domínio sensível e o inteligível. Neste, estão os objetos matemáticos e as ideias puramente intelectuais, trabalhados pela filosofia. Naquele, estão os objetos sensíveis e suas cópias, relacionados à mera opinião. O conhecimento está, pois, no domínio inteligível, no qual o ser é um, imutável e eterno. 
A analogia entre sol e o bem também se relaciona à da linha dividida. O sol está para o domínio sensível como o bem está para o inteligível. Do mesmo modo que o sol permite a vida no planeta e permite visibilidade, o bem permite que a inteligência exista e que as demais virtudes se desenvolvam. Dessa maneira, a ideia do bem é muito importante porque origina todas as outras. Assim, a ética é a filosofia primária. Essa visão representa intelectualismo moral, isto é, coloca o bem como fonte da sabedoria. Outra comparação entre bem e o sol é que, assim como não se pode mirar diretamente o sol, não é possível assimilar o bem totalmente, uma vez que a “douta ignorância” socrática leva a crer que o conhecimento jamais será totalmente atingido.
Sendo a virtude conhecimento, Sócrates preocupa-se com sua transmissibilidade. Para ele, a virtude não pode ser ensinada, porque é difusa e uma aptidão natural ao ser humano, haja vista que pais virtuosos podem criar filhos viciosos. Contra essas justificativas, Protágoras defende que todos exibem um grau qualquer de virtude e podem, assim, expressá-la publicamente e que filhos de virtuosos podem ser viciosos porque a educação da virtude não depende só dos pais, mas de todas as pessoas com as quais os jovens convivem. Diante disso, Sócrates admite que a virtude pode ser ensinada, tal qual o conhecimento, e deve ser levada à prática.
Segundo a ética socrático-platônica, já que o bem é conhecimento, o mal é desconhecimento, ignorância. O desvirtuoso é aquele que, não sabendo o bem, acaba praticando o mal. Ninguém agiria propositalmente mal porque sabe que esse mal, de alguma forma, retornaria a ele. Isso leva a crer que Sócrates atribui ao bem e ao mal independência das escolhas humanas, retirando a moralidade das ações. Entretanto, o mestre de Platão quer evidenciar que o homem só realiza o mal porque não dispõe de conhecimento necessário para identificá-lo. Do contrário, ele seria extinto.
O virtuoso é aquele que não se deixa vencer pelo prazer momentâneo, porque se importa com as consequências imediatas e futuras de seus atos, exercendo a arte da medição. Sócrates formula a doutrina de “virtude como conhecimento” afirmando que ninguém busca o mal naturalmente, não age com outra pretensão senão o bem.
Ética Agostiniana: a origem do mal e sua contraposição ao maniqueísmo
Agostinho pergunta em sua obra De Libero Arbítrio qual é a origem do mal, procurando conciliar um criador sumamente bom – Deus – a existência do mal, o obreiro perfeito a sua obra imperfeita. Para tanto, Agostinho diferencia três tipos de mal: o aparente, que supostamente existe; o físico, que são os sofrimentos pelos quais a almas protesta contra o corpo; e o moral, que coincide com o pecado e visa a origem do mal.
Para o maniqueísmo, seita agnóstica, sincrética e de heresias, o mal é substantivo. Existe uma substância chamada mal que está incutida nos seres humanos, que ficam com uma porção psicológica boa e outra má, dependendo de cada um qual delas prevalecerá. Segundo os maniqueus, o bem e o mal possuem consistência ontológica. Assim, como Deus é o criador de todos os seres e o mal é, assim como o bem, Deus seria criador do bem e do mal.
Agostinho é contrário a atribuição maniqueísta de substantivar o mal. Para ele, o mal não pode criar nada, não pode ser substantivo, porque não pode ser. O mal está desprovido de consistência ontológica. Ao atribuir substância ao mal, segundo Agostinho, o maniqueísmo retira a moralidade da ação humana, uma vez que mal seria apenas aquele em que isso foi incutido, excluindo a faculdade de julgar entre bem e mal. Se o mal fosse algo que se recebe ou não, seria impossível que as pessoas decidissem como se comportar (bem ou mal) e se anularia a justiça.
Para desvendar a origem do mal, Agostinho parte para a definição de mal. Este não é aquilo proibido pelas leis, e isso pode ser percebido ao longo da história, onde não faltam exemplos de bem condenado e mal aceito pelo ordenamento. O mal também não pode ser interesse próprio porque não é interesse das pessoas que o mal seja praticado contra elas, por isso não devem praticar contra os outros (regra de ouro). Agostinho propõe, então, que o mal seja a vitória da paixão e da concupiscência sobre a razão. 
Segundo a doutrina da ordem, Deus organizou suas criaturas em uma hierarquia. Nela, o homem está em uma posição intermediária: é superior às bestas e inferior a Deus. Deus concedeu o homem a capacidade de dominar os seres inferiores e de contemplar o ser superior. Na ação virtuosa, o homem submete a paixão e a concupiscência à razão. Se acontece o contrário, a razão é dominada pela paixão e pela concupiscência, o homem se desvirtua e apega-se a realidades inferiores. 
O mal seria uma forma de privação do ser, e não um ganho substancial. Ao rebaixar-se na hierarquia organizada por Deus, o homem estaria seguindo para o nada. Dessa forma, o mal não pode ser substantivo, como afirmado pelos maniqueus, mas sim um caminho de desontologização.
A origem do mal não é Deus, porque Ele colocou os homens na posição intermediária e não seria de seu interesse alterar a hierarquia. Também não pode ser os animais inferiores porque eles não são capazes de interferir em quem é superior. Então, a origem do mal só pode ser o próprio homem. É a vontade do homem que define como ele utilizará a razão concedida por Deus.
A faculdade de escolher foi dada ao homem para proteger sua razão, deixando-a livre de interferências. O mal é o abuso dessa faculdade, quando a vontade o priva do bem, e não é originado de Deus. Mas se o mal tem origem na vontade do próprio homem, Deus poderia retirar dele a faculdade e torná-lo apenas bom. No entanto, Deus concedeu o livre arbítrio do homem para ligá-lo à moralidade. Caso o homem não fosse capaz de escolher, não haveria como Deus faze sua justiça, censurando os maus e louvando os bons.
Portanto, Agostinho contrapõe-se aos maniqueus ao negar que o mal seja substância, que tenha sido concebida e concedida por Deus aos homens. Para o bispo de Hipona, o mal é de responsabilidade humana, fruto de sua vontade.
A ética em Rousseau: O Estado de natureza rousseauniano contraposto aos de seus antecessores
O Estado de natureza é um condição hipotética, não factual e normativa concebida para se contrapor ao Estado Moderno. Além de criticar os defeitos do Estado Civil, o Estado de natureza descreve como teria sido uma situação de ausência de controle sobre homem da razão e de instituições políticas. O homem natural foi inspirado nos índios não civilizados, sem conhecimento de técnicas sofisticadas e incorrompido.
O homem natural de Rousseau é robusto, forte, não necessita de instrumentos para lidar com a natureza, é nômade, vive isolado, não se identifica com seus semelhantes, necessita apenas de alimentação, descanso e reprodução. Ele é desprovido de razão e, portanto, de memória e imaginação. Suas únicas faculdades são o amor por si, que garante sua própria preservação, e a piedade natural, que o faz sofrer diante do sentimento de um semelhante.
Os jusnaturalistas concebem um direito natural que já estaria presente no homem selvagem, graças a sua (exclusiva) capacidade racional. No entanto, Rousseau critica o inatismo da razão e do direito. Para ele, o homem natural possui razão em potencial, ou seja, ela precisa ser acionada pela perfectibilidade. Do contrário, o homem não se diferencia dos outros animais que comportam-se por instinto deauto proteção e se compadecem com o sofrimento dos semelhantes. Sendo assim, como, por vezes, o direito natural é apresentado como coincidente da razão, e a razão não é natural ao ser humano, o direito também não pode ser natural. Ainda que possam ser eleitas leis naturais no direito positivo, ninguém confia nelas porque não possuem dispositivos de sanção, que garantam seu cumprimento e reciprocidade. Os princípios de “amor de si” e “piedade natural”poderiam basear um direito natural, mas eles são sensitivos e por isso se perdem quando o homem vive em sociedade.
Outra crítica de Rousseau ao jusnaturalismo é quanto à “identidade natural”. O homem selvagem rousseauniano não enxerga o outro como seu semelhante, não existe frequentação mútua entre os seres humanos. Eles se encontram para a reprodução, mas não criam laços afetivos, ou se importam uns com os outros. Vivem isolados e, portanto, não motivam uma sociabilidade natural.
Ao contrário de Hobbes que considera o homem selvagem beligerante e vil, para Rousseau ele é pacífico, uma vez que possui apenas dois sentimentos, não se importa com a opinião pública, nem em manter seu status já que vive isolado, e suas ambições são o alimento, o descanso e a reprodução. Assim, os desejos dos homens são fácil e instantaneamente supridos, sem a necessidade de atacar os outros. O homem selvagem não é beligerante porque é feliz. Rousseau chama atenção dos autores que acreditam na natureza má do homem, como Hobbes, para que não elaborem um homem natural baseado na imagem do homem civil, pois este sim elege necessidades maiores e acaba agredindo os outros para saná-las.
Ainda que Locke classifique a propriedade privada como direito natural, para cuja proteção os homens se associam e formam o Estado Civil, Rousseau não concorda com essa afirmação. Primeiro, por motivos já citados, Rousseau não acredita em um direito natural. Segundo porque, como o homem natural era nômade, não se apegava ao trabalho nem ao que produzia além do necessário para sua preservação, não havia a necessidade de estabelecer propriedade privada no Estado de natureza.
Existem duas importantes objeções quanto ao isolamento no qual Rousseau enquadra o homem selvagem: a perpetuação da espécie humana e a origem da linguagem. Contra elas, Rousseau afirma que o homem natural, assim como qualquer outro animal, possuía instinto de reprodução ao encontrar-se com o gênero oposto. O encontro sexual era fortuito, não resultava em laços afetivos. Até mesmo a relação entre mães e filhos não era mantida por muito tempo, apenas pelo necessário para que criança sobrevivesse sem a ajuda da mãe.
Sobre a linguagem, Rousseau afirma que a origem da linguagem na sociedade leva a uma petição de princípios, uma vez que a sociedade também poderia ter se originado da linguagem. Por isso, prefere tratar da natureza da linguagem, que acompanha a razão. Ao contrário de Locke, Rousseau não atribui à família o desenvolvimento da linguagem e, portanto, não seria necessária a estrutura familiar. O Estado de natureza de Rousseau é afônico. Por viver isolado, o homem não necessita desenvolver a linguagem e contenta-se em emitir ruídos em situações de dor e entusiasmo. Dessa forma, a linguagem não é motivo para sociabilidade natural.
O Estado de natureza de Rousseau destaca-se pela harmonia, independência, autonomia, não submissão e ausência de regulação da razão, de instituições políticas e de reprovações alheias. O homem natural é forte fisicamente, bom, não ambicioso, nômade, desapegado, solitário, afônico, livre, desprovido de razão, pautado apenas no amor por si e na piedade pelos semelhantes.

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