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Aula Transgeracionalidade

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Quem sai aos seus não degenera...
Filho de peixe, peixinho é...
A compreensão transgeracional da família
Tal pai, tal filho...
O fruto não cai longe da árvore...
Cara de um, focinho do outro...
Há dois tipos de transmissão psíquica geracional interligadas: 
Intergeracional: inclui um espaço de transformação do material psíquico transmitido pela geração mais próxima e que, transformado, passará à seguinte – NATUREZA RELACIONAL; e;
b) Transgeracional: se refere a materiais psíquicod da herança genealógica não transformada e não simbolizada, apresentando vazios e lacunas na transmissão, cujou significado aponta para um fato psíquico inconsciente que atravessa diversas gerações – NATUREZA INSCONSCIENTE.
TRANSGERACIONALIDADE – O QUE É E COMO FUNCIONA:
 
É a transmissão geracional da história familiar da qual todo membro é herdeiro;
Constrói a identidade e define o lugar de cada um na família;
 Seus legados se cruzam com o stress das fases do ciclo vital de forma complexa;
Atitudes, crenças e mitos transmitidos de uma geração à outra exigem compromis- sos de lealdade, somando-se às diferenças de cultura da família de origem do casal;
Lealdades = são alianças horizontais e trigeracionais cujo cruzamento possibilita o acesso aos porões da narrativa familiar.
Modelos de relações multigeracionais: Criados pela interiorização de regras não expressas que estabelecem lealdades transgeracionais facilmente reconhecíveis; 
 Casal = combinação de 4 famílias (pais e avós), de 8 (bisavós): nossa herança percorre a humanidade, nosso horizonte deve alargar-se para identificá-la. 
 Papel da emoção na memória transgeracional: permeia o que se comunica de uma geração a outra e o relacionamento entre elas; seleciona o acesso às informações e pode bloquear diálogos entre pais e filhos, avós e netos, e até entre irmãos.
Quando o estresse horizontal (desenvolvimental) faz uma interseção com o vertical (transgeracional), há um aumento da ansiedade do sistema; a forma como a família lida com ela determina o sucesso no manejo de suas transições ao longo da vida – ou o surgimento de sintomas.
As gerações buscam a diferença e quanto mais permeáveis e definidas forem as fronteiras geracionais, mais fácil será o relacionamento, mais rico e criativo o crescimento: a intimidade só é possível quando os conflitos podem ser enfrentados. 
Repercussões das mudanças na estrutura da família tradicional:
- Pílula anticoncepcional: menor número de filhos, liberação sexual;
- Relação mais simétrica entre homem e mulher;
- Aumento nas separações e divórcios: organização familiar segundo desejos antes reprimidos; 
 Aumento de mulheres sozinhas;
 Gravidez não programada de adolescentes: mulheres jovens tornam-se avós que cuidam de filhas e netos = diminuição das distâncias intergeracionais; 
 Aumento da longevidade: maior convivência beneficiando bisnetos, netos, filhos...
No cotidiano e na clínica, as histórias familiares se repetem, padrões se perpetuam. Há, porém, indivíduos que conseguem transformar “heranças negativas” e se tornam autores de uma nova versão, reescrevendo o ditado: 
“Filho de peixe, pode não ser peixe...”.
Geralmente as pessoas não se dão conta de que estão repetindo a história de seus pais na forma de se relacionar com o parceiro, de criar os filhos, etc..
TRANSGERACIONALIDADE E EPISTEMOLOGIA DA COMPLEXIDADE
Dimensões que fundamentam os processos de transmissão geracional:
Complexidade:
Do latim complexus é o que está tecido em conjunto, como numa tapeçaria: conjunto de elementos heterogêneos inseparavelmente associados e integrados, sendo ao mesmo tempo uno e múltiplo.
 Família: 
Conjunto de indivíduos heterogêneos conectados e que se constroem em uma dinâmica interdependente, de modo que um evento ou parte do comportamento de um membro pode afetar muitos outros eventos e comportamentos.
b) Instabilidade:
Refere-se à necessidade de constante mudança e adaptação das famílias às circunstâncias históricas e às mudanças que ocorrem no ciclo vital.
Família: Sistema aberto e auto-organizador de relações dinâmicas em constante mudança de forma imprevisível e incontrolável. 
c) Intersubjetividade:
Construção compartilhada de subjetividades a partir das relações interpessoais.
Família: Intersubjetividade construída pela relação dentro de cada subsistema e entre os subsistemas entre si.
“Numa terapia orientada para o crescimento, a questão central é a de focar sobre a expansão do significado da experiência e a ampliação dos horizontes de vida.” (Whitaker,1990, p.59)
MECANISMOS DE TRANSMISSÃO TRANSGERACIONAL
Padrões familiares:
Formados por eventos e comportamentos constantes e repetitivos que permitem que a família evolua de um estágio de desenvolvimento para o outro; 
Sintoma: também estabelece e mantém padrões (função reguladora) 
Padrões transacionais (Minuchin): conjunto invisível de exigências funcionais que organiza os modos pelos quais os membros interagem.
Mecanismos de repressão mantenedores dos padrões:
a) Genérico: regras universais que governam a organização familiar (hierarquia); e,
b) Idiossincrásico: expectativas mútuas de membros específicos da família.
2. Lealdades familiares:
Fenômeno regulador: cada um interioriza as expectativas e responde a elas para preservar a família (linhagem familiar e biológica, sentimentos de pertença);
Não-cumprimento: culpabilidade existencial e dívida de lealdade não explícita;
Falta de flexibilidade na “contabilidade”: desenvolvimento de transtornos psicopatológicos
MECANISMOS DE TRANSMISSÃO TRANSGERACIONAL
Mitos Familiares:
Na mitologia de cada família, há temas universais da condição humana (solidão, raiva, sexualidade e morte), sendo alguns mais centrais, por integrar a história familiar há gerações e influir na escolha afetiva e profissional; 
Descrevem crenças e imagens compartilhadas que a família tem de si mesma;
 
São um mapa da realidade que dirige a ação e forma a identidade familiar;
Também podem levar à restrição de visão e levar a família a um beco “sem–saída” 
Podem cristalizar papéis para os membros da família: “o louco”, “a responsável”, “o pai maravilhoso”, independente dos seus dons, desejos e realizações;
Terapia: identificação de como se associaram as crenças ou suposições individuais dos pais para formar as regras operadoras da família;
A mitologia familiar revela-se em como organiza sua rotina (hora de jantar, disciplina dos filhos), tradições (férias, aniversários, visitas) e celebrações.
MECANISMOS DE TRANSMISSÃO TRANSGERACIONAL
4. Segredos Familiares:
São fruto de uma ação do passado e afetam o bem–estar no presente;
Moldam as lealdades, díades, triângulos, alianças, divisões, rompimentos.
Comunicação: 
 - Distorcida e limitada (evitação de tópicos ligados ao segredo ou em áreas alheias ao segredo original);
 - Afeta a confiança interpessoal e a capacidade de resolução de problemas.
Significado: 
 Definido culturalmente (ex.: adoção – o significado do segredo mudou, mas em 
 muitas famílias permanecem cristalizado);
Comportamentos que se repetem entre as gerações “sem explicação” podem fundar-se em um segredo familiar. 
MECANISMOS DE TRANSMISSÃO TRANSGERACIONAL
4. Segredos Familiares:
Relações possíveis entre sintoma e segredo:
 Os sintomas podem ser mantidos em segredo (vergonha, estigma), impedindo a procura de ajuda; 
 Os sintomas podem funcionar como metáforas do segredo: a bulimia ou furtos de um adolescente podem revelar metaforicamente o que não pode ser dito; 
 Os sintomas podem servir como distração para segredos de outra forma insuportáveis; e, 
4. Os sintomas podem resultar da manutenção dos segredos. “Aqueles que sabem, mas não deveriam saber” sobre um segredo podem sentir um “inexplicável senso de culpa”
MECANISMOS DE TRANSMISSÃO TRANSGERACIONAL
5. Scripts Familiares:
São expectativas
compartilhadas de como os papéis familiares devem ser desempenhados em vários contextos; 
Se um membro falhar em seu papel, outro membro pode ser colocado no seu lugar;
Envolvem relacionamentos de mais de uma geração, e são revelados quando padrões repetidos de interação familiar são observados e descritos; 
Podem ser replicantes, quando são transferidos integralmente para as gerações seguintes, e corretivos, quando se tenta seguir um script oposto da geração anterior; ou, mais comum: mistura destes dois tipos em cada família.
Paradoxo na vida familiar: A repetição pode ser a base de lançamento para mudanças. Nós nos sentimos seguros para explorar o mundo quando podemos contar com um suporte para lidar com problemas e perigo.
MECANISMOS DE TRANSMISSÃO TRANSGERACIONAL
TERAPIA E TRANSGERACIONALIDADE
Para trabalhar com os fenômenos transgeracionais, é fundamental que o terapeuta identifique os padrões predominantes em sua família (mitos, crenças, conflitos de lealdade) para observar sua influência na prática profissional identificando sua influência positiva ou dificultadora no desempenho de sua função terapêutica.
Instrumento diagnóstico: Genograma
 Permite o acesso aos principais mitos e crenças que norteiam a vida da família, a criação de hipóteses sobre o problema clínico e predições sobre os processos futuros que a família vivenciará. 
Benefícios da perspectiva transgeracional para a terapia:
 Retirar o foco da família no problema vivenciado no presente;
 Recolocar a percepção de realidade no movimento constante da vida; 
 Expandir a compreensão dos sintomas para o passado, para as gerações prévias;
 Expandir a compreensão para o futuro, em direção às novas gerações;
 - Identificação de temas (questões emocionalmente carregadas que geram conflitos periódicos mais relevantes para o sintoma como base para a intervenção terapêutica).
TERAPIA E TRANSGERACIONALIDADE
Em cada mira
Em cada muro
Em cada fresta
Em cada furo
O sol que nasce, a cada dia
A cada aniversário
Contra o que for hereditário
Contra o que for hereditário
Contra o que for hereditário
A cada parto
A cada luto
A cada perda
A cada lucro
O sol que dura, só um dia
A cada dia, 
o sol diário
Contra o que for hereditário
Contra o que for hereditário.
HEREDITÁRIO - TITÃS

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