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WEB AULA 1Unidade 2 educação física e psicomotricidade

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WEB AULA 1Unidade 2 - Ensino da Educação Física Escolar
Antes de dar início a esse módulo, gostaria de lembrar que a disciplina da Educação Física está presente no contexto escolar como área de conhecimento. Isso significa que os conteúdos e vivências ensinados nessa disciplina devem ter valor educacional na formação e desenvolvimento dos alunos, atuando como elucidação da realidade. O objeto de estudo e intervenção da educação física é o movimento humano.
Nesse sentido, a primeira pergunta que eu faço para vocês, para iniciarmos nossas reflexões nessa Web-Aula, é: quando se começou a pensar o movimento humano como uma ação intencional e cheia de significado? Tudo isso teve um início, pois o homem sempre buscou compreender a sua motricidade, e isso remonta desde a pré-história.
Ter a capacidade de compreender as suas ações e tirar proveito deste conhecimento foi um grande avanço. Quanto mais entendia sobre a sua motricidade e como a utiliza, mais existia a possibilidade de uma melhora no padrão de vida.
Mario Alighiero Manacorda, em seu livro “História da Educação: da antiguidade aos nossos dias”, apresenta no primeiro capítulo, a civilização Egípcia como a primeira que estruturou os rudimentos de uma organização escolar; e apresenta como o primeiro professor, o pedótriba. Este, por sua vez, era o responsável pela instrução de artes marciais, esgrima, equitação, além da preparação física, pois já era de conhecimento dessa cultura que ações motoras repetitivas podiam melhorar a capacidade de resistência e força corporal.
A busca de uma compreensão de nossa motricidade e sua aplicação não foi privilégio somente dos egípcios. Ao fazermos uma análise sobre a civilização ocidental, principalmente, a grega, vemos que tudo que se relaciona ao belo e ao grandioso tem suas bases no helenismo. Dentro desse padrão cultural, o exercício físico não é deixado de lado, pelo contrário, era a base do pensamento da cultura grega o cuidado do corpo por meio de exercícios que possibilitavam a formação do espírito e da moral. A civilização grega marca o início de um novo ciclo para o mundo ocidental.
O culto ao belo era o padrão cultural dessa época. Esse mesmo entusiasmo pela beleza física, também pode ser encontrado nos dias de hoje. As pessoas buscam um padrão de beleza física, porém não buscam o conhecimento sobre a sua motricidade. A estética tem um valor social maior, pois representa, além do homem em movimento, a atribuição compreensão do significado daquilo que realiza. Com a tomada da Grécia por Roma, grande parte da cultura grega foi absorvida pela romana, porém as questões ligadas às manifestações motoras ficaram suprimidas; o legado romano que temos é a luta greco-romana e o pugilato (boxe). Para os romanos, os circos de corridas e lutas de gladiadores eram o ápice dessa cultura.
O declínio do Império Romano ocorreu de forma gradual, da mesma forma que as manifestações corporais foram sendo deixadas de lado. Houve, então, um período obscuro para as questões voltadas ao corpo, que culminou com a Idade Média, período cujo fim ocorreu com a tomada de Constantinopla pelos turcos, em 1453. Este período da história da humanidade foi estacionário para a manifestação corporal. Com a Renascença, ou Renascimento, instaurou-se um movimento intelectual, social e estético, que se opunha à decadente estrutura feudal. Isso resultou numa nova concepção de mundo e de homem diferente, com valorização da sua manifestação corporal, procurando apresentar uma nova reintegração do físico e do estético.
A renascença visava, portanto, o renascimento do modo grego de vida. Possibilitou, novamente, ao homem se voltar para o corpo (unidade), pois antes o corpo era o centro do pecado e fonte de castigo. Agora, a humanidade voltava-se para a compreensão desse homem que se movimenta com intencionalidade e, que sua ação no mundo, não está separada de um propósito.
Um novo paradigma pedagógico, contrário ao autoritarismo característico do ensino escolástico, começou a ser estruturado. Entretanto, podemos verificar nesse período que a educação era privilégio de uma minoria, composta de uma burguesia ascendente. Nesse período histórico, a ação corporal do homem voltou a ser pensada e inserida no contexto escolar.
Após o período da renascença, veio o Iluminismo, que tinha como enfoque a educação para todos, sendo as formas pedagógicas de ensino ampliadas e estudadas com o intuito de promover aprendizagem. Nesse novo modo de pensar a educação, também foi introduzido no sistema escolar a Ginástica. Na Europa, os métodos ginásticos alemão, sueco e francês eram os mais difundidos. Vocês já ouviram falar sobre métodos ginásticos? O que essa nomenclatura quer dizer? Observem a figura abaixo para refletir sobre essa questão.
Os métodos ginásticos desenvolvidos na Europa tiveram a sua inspiração na ginástica grega, que era praticada nos ginásios. Nesse sentido, também devemos a origem dos nossos ginásios de esportes à cultura grega. Esses diferentes métodos ginásticos tinham como objetivo o desenvolvimento das capacidades físicas, ganho de desempenho, ou seja, melhorar a capacidade de força, resistência, flexibilidade, dentre outras. Eles tinham uma forte base científica, pois os exercícios eram organizados e planejados com base nos conhecimento de anatomia e fisiologia e buscavam somente a melhora da condição física, não sendo a aprendizagem o propósito dos mesmos. Para uma melhor compreensão de como ocorriam estas aulas de Ginástica, indico este vídeo do youtube:
https://www.youtube.com/watch?v=BkcWgAbfENE
As aulas de ginástica ocorriam todos os dias nas escolas, pois era de conhecimento dos professores dessa época que para que ocorresse uma melhora da performance física, as atividades físicas deveriam ter uma sequência de exigências, bem como uma frequência adequada dessas atividades. Muitos esportes ainda adotam algumas das ações desenvolvidas pelos métodos ginásticos, como é o exemplo da calistenia no futebol. Foram também os métodos ginásticos os precursores da ginástica artística e ginástica rítmica.
A partir dessa visão sobre o corpo e o homem em movimento em diferentes momentos da história, passamos a entender agora como se deu a inserção da Educação Física na escola brasileira. A Educação Física, enquanto disciplina escolar, em seu início era denominada Ginástica e que, assim como as demais disciplinas que compunham o sistema escolar no início da colonização, sofreu os efeitos do processo de transplantação da cultura europeia.
A chegada dos jesuítas, em 1549, é tida por alguns autores como o início oficial da história da educação brasileira. Os jesuítas tinham, então, o monopólio da educação na colônia e buscavam proporcionar uma educação nos moldes da Companhia de Jesus, ordem a qual pertenciam, embora tal molde fosse muito criticado na Europa. Foi também pelos Jesuítas que a Ginástica entrou em nosso sistema escolar. Em 1759, os jesuítas foram expulsos do Brasil pelo Marquês de Pombal (1699–1782). E com a vinda da família real ao Brasil houve uma reestruturação do sistema escolar. Nessa nova estruturação, a Ginástica também permaneceu, ainda sem fins de aprendizagem.
A ginástica, em sua origem, esteve primeiramente vinculada às instituições relativas à classe médica, a qual possuía conhecimento sobre anatomia e fisiologia. Dentro dessa perspectiva, além da preocupação com o desenvolvimento de um corpo saudável, havia ainda a busca de resolver o problema de saúde pública pela educação, pois nesse princípio de implantação dessa atividade física sistematizada, a questão da saúde pública também era um problema a ser resolvido pelo governo. Na escola, a Ginástica servia aos propósitos do governo vigente, e nessa perspectiva, algumas abordagens pedagógicas foram utilizadas.
A essa visão de saúde pública para a ginástica, deu-se o nome de Ginástica higienista. Em 1921, iniciava-se a Ginástica com a concepção militarista sobrepondo a higienista. Esses vínculos iniciais determinaram a concepção e suas finalidades quanto ao campode atuação e a sua forma de ser ensinada. As instituições militares da época eram influenciadas pela filosofia positivista, o que favoreceu que tais instituições também pregassem a educação do físico.
Essa nova visão de ginástica buscava um novo padrão social, padrão este que era o mesmo que se tinha nos quartéis. Até essa época, os professores de ginástica tinham a sua formação fora do Brasil, principalmente na Suécia. Somente em 1922 que foi criada a primeira escola de formação de professores de Ginástica. Essa escola atendia somente aos oficiais da polícia do estado de São Paulo e, apenas seis anos mais tarde, é que foi aceita a inscrição de alunos civis.
A base de formação dos primeiros professores de Ginástica era militar, e os quartéis eram as únicas instituições a direcionar e formar profissionais. Seus objetivos se resumiam em preparar o aluno fisicamente para torná-lo apto a defender a nação. Passado esse período, apenas em 1937, na elaboração da Constituição, é que se fez a primeira referência explícita à Ginástica, em esfera Federal, incluindo-a no currículo como prática educativa obrigatória e não ainda como disciplina curricular, mas, junto com o ensino cívico e os trabalhos manuais em todas as escolas brasileiras.
Entre o final da década de 1930 e o início dos anos 1940, deu-se o início da criação das primeiras escolas civis de formação de professores de Ginástica. Na metade da década de 1940, um novo panorama começou a surgir: iniciou-se timidamente, a busca de uma prática eminentemente educativa. De acordo com tal concepção, buscava-se o prazer, e os exercícios que antes eram realizados nas aulas, deixaram de ser obrigatórios. Os professores eram os facilitadores que orientavam e coordenavam as atividades. Um dos objetivos era o de atender aos interesses dos alunos, dando ênfase à postura afetiva, psíquica e higiênica. Teve inicio, então, a chamada Educação Física pedagogicista.
A visão da Educação Física pedagogicista era uma prática eminentemente educativa, e não mais como uma prática que buscava a promoção de corpos saudáveis ou a de incutir modelos de condutas de comportamentos para os alunos. A forma de avaliação desse novo modo de entender a área também exigiu a mudança das práticas anteriores. A avaliação se dava, então, por meio da valorização dos aspectos afetivos, atitudes éticas, frequência e hábitos higiênicos.
Em 1971 foi editada uma nova LDB, Lei nº. 5.692. Com essa Lei, a Educação Física teve seu caráter instrumental reforçado e passou a ser considerada uma atividade prática voltada para o despenho técnico e físico do aluno. Assim, a Educação Física passou a adotar o desporto de alto nível, principalmente as modalidades olímpicas, como conteúdo na escola, subordinando-se aos códigos do desporto de rendimento. Dentro dessa concepção o professor passa a ser caracterizado como técnico e os alunos, por conseguinte, como atletas. Essa forma de pensar a Educação Física ainda está muito cristalizada nas ações docentes. Como já destacado em momento anterior, o site “Domínio Público – TV Escola”, organizado pelo governo, apresenta aulas de Educação Física pautadas no esporte e ações baseadas no “fazer por fazer”, sem oportunizar aos alunos a reflexão sobre o significado daquilo que realizam. Mais uma vez, gostaria de destacar que não é negar o esporte como conteúdo da Educação Física, mas sim atribuir significado ao que é realizado.
Nessa perspectiva, o processo de avaliação avalia o aluno pelo desempenho físico e técnico que apresentava nos conteúdos específicos (modalidades esportivas), e o parâmetro usado na avaliação é a execução dos movimentos utilizados nas modalidades esportivas, dentro de uma técnica apresentada pelos atletas de alto nível. Ou seja, avalia-se o produto, relegando-se completamente o processo. Essa visão do esporte é tão forte que o resultado atlético obtido pelos alunos de determinados estabelecimentos de ensino em jogos escolares, remetem à falsa ideia, ainda muito arraigada, de que a escola em questão, possui um bom nível de ensino (de todas as disciplinas), uma vez que os resultados atléticos de seus alunos apresentam isso.
Essa corrente de pensamento sobre a atuação desportivista teve grande apoio governamental em seu início, pois nos anos 1970, o governo do Brasil foi marcado pela ditadura militar e usava a Educação Física dentro da escola, não para fins educativos, mas para buscar talentos esportivos para futuras competições internacionais. Dessa forma poderiam comprovar a eficiência do governo vigente por meio dos seus resultados atléticos.
A partir da década de 1980, com o fim do regime militar, que sustentava o pensamento da Educação Física com objetivo de competição, iniciou-se uma profunda crise de identidade que levou os profissionais da área, preocupados com a situação vigente, a iniciar uma discussão sobre outros caminhos para a Educação Física. Aos poucos, teve início um processo de mudança nas políticas educacionais.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº. 9.394, promulgada em 20 de dezembro de 1996, promove em seu texto uma possibilidade da área transformar suas bases epistemológicas. Além disso, a Câmara de Educação Básica apresenta, em 1998, as áreas de conhecimento na escola, dentre elas a Educação Física, alterando assim o perfil dessa disciplina, pelo menos no papel. Hoje, essa disciplina tem como objetivo possibilitar a aprendizagem de seus conteúdos. Além disso, possibilitar uma relação entre estes conteúdos e a realidade do sujeito.
A educação física, nesse entendimento, requer um novo perfil do profissional docente da área. Se anteriormente exercia-se o papel de professor-técnico, que priorizava o rendimento físico e movimentos adequados a uma determinada técnica desportiva, sendo seus alunos avaliados segundo os padrões de movimentos (técnica) realizados, tendo como parâmetro os atletas de alto nível, hoje é evidenciado o papel do educador. A mediação do professor de educação física durante as aulas possibilitará ao aluno a compreensão e reelaboração de sua motricidade. Como área de conhecimento, essa disciplina deve possibilitar aos educandos a compreensão de sua realidade, para tanto se baseia nos conteúdos específicos da área.
WEB AULA 2Unidade 2 - Ensino da Educação Física Escolar
Estruturação de um plano de aula em Educação Física
Ao longo desse módulo, temos discutido que a nossa ação no mundo não é uma ação qualquer, ou seja, uma ação destituída de significado. É por meio dessa ação que compreendemos o mundo que nos cerca. Por essa razão, tratar a motricidade humana enquanto uma ação simples não possibilita ao sujeito transcender suas capacidades motoras, isto é, ir além. João Batista Freire está correto em afirmar que nascemos prematuros a respeito de nossa motricidade, porque nascemos sem conhecer o mundo que nos rodeia e nem a nós mesmos. Porém, nascemos com uma enorme capacidade de aprender.
Antes de começarmos o planejamento de nossas ações docentes, devemos ter consciência da enorme responsabilidade de ser professor, tanto na disciplina de Educação Física como em qualquer outra disciplina. Pensar a Educação Física como uma área destinada à recreação, ou como forma de gastar energia dos jovens para ficarem quietos nas demais disciplinas, é pensar de maneira simplista e reducionista.
Para atingir o objetivo determinado para essa área devemos pensar de uma forma abrangente, pois o ser humano é complexo e exige um pensamento complexo a respeito de sua relação com o mundo. Acreditar que o pensamento lógico-matemático, por exemplo, é de exclusividade da matemática é um pensamento equivocado. Este pensamento está coordenando nossas ações, possibilitando as relações que nossas ações produzem, portanto, é condição necessária para o conhecimento de nossa motricidade.
A disciplina de Educação Física, assim como qualquer outra disciplina, necessita de um plano de aula, indicando o que ser feito, como ser feito e por que ser feito. Ou seja, existe um ponto de partida e um ponto de chegada.Podemos afirmar, portanto, que planejar é antecipar uma ação. Quando antecipamos uma ação minimizamos os erros, pois há uma previsão de acontecimentos. Antes de continuarmos com o entendimento sobre a importância da estruturação dos planos de aula para a Educação Física, observe as sugestões de planos que são dadas no site abaixo:
http://revistaescola.abril.com.br/planos-de-aula/
Visitou o site?Bem, então você já verificou que não é difícil montar um plano de aula em Educação Física, pois possui basicamente as etapas do plano de aula de outras disciplinas, como Geografia, Português e Matemática, diferenciando-se apenas no conteúdo e forma de ser aplicado.
É importante relembrar que o plano de aula deve sempre partir do conteúdo, isto é, o conhecimento que irá ser abordado na unidade de aula. O conteúdo, por sua vez, é extenso e não conseguiremos encerrá-lo em uma ou duas aulas. Nesse sentido, fazemos a sua sistematização, ou seja, organizamos e prevemos o número aproximado de aulas que serão necessárias para concluí-lo. Mas, em nossas aulas, ao abordarmos determinados conteúdos estaremos também traçando objetivos para esses conteúdos na unidade de aula.
Exemplificando: na matemática, se vamos elencar o conteúdo adição em uma unidade de aula, fazer a adição de unidades, em outra aula fazemos a turma de dezenas. Na Educação Física não é diferente, o que muda é o conteúdo. Observe o quadro abaixo:
NÍVEL DE ENSINO ENSINO FUNDAMENTAL I 2º ANO – Aula 1
TEMA Estruturas capacitativas.
SUBTEMA Lateralidade corporal.
OBJETIVOS Vivenciar diferentes movimentos corporais que evidenciem 
 a dominância lateral.
 Verbalizar o conceito de dominância lateral.
MATERIAIS Bolas de voleibol de E.V.A.
ATIVIDADE ----------------
Como você interpretou esse quadro?
Observe que temos um item denominado “tema” do plano de aula e o “subtema”, que é o conteúdo da aula em questão: lateralidade corporal. Após a definição do conteúdo, foram elencados os objetivos que pretendemos alcançar nessa unidade de aula. Logo em seguida, indicamos os materiais que serão necessários para a aplicação desse conteúdo. O material sempre será selecionado de acordo com a atividade escolhida para aula.
Nesse exemplo de aula não coloquei a atividade descrita no quadro para demonstrar que ela não a etapa mais importante em uma aula de Educação Física, ou seja, ela apenas representa o meio para se atingir os objetivos elencados ao conteúdo. Entretanto, vale ressaltar que a atividade escolhida deve ter relação com o conteúdo e com o objetivo que se pretende alcançar.
Desenvolvimento da aula: Parte 1:
• Apresentar aos alunos o conteúdo a ser estudado nas próximas aulas;
• Perguntar a eles o que a palavra lateral os lembra, explorando suas respostas;
• Expor a ideia de que nosso corpo possui vários lados e que temos mais facilidade ou dificuldade em realizar movimentos, de acordo com o lado que utilizamos (conceito de dominância lateral);
• Exemplo de questionamento: Vocês acham que os lados do corpo são iguais em relação à execução de uma ação de lançar um objeto? No que diferem?
Parte 2: Atividade
• Nesse item, o professor irá aplicar uma atividade que possibilitará a experimentação de ações de um lado do corpo e depois o outro lado. Por exemplo, membros superiores (lançamento da bola para um amigo), experimentar com um lado e depois o outro e verificar se houve diferença e qual foi a diferença.
• Pode ser utilizado um jogo ou qualquer outra atividade.
Não apresentei um jogo específico para indicar que as estratégias representam um meio e não a parte mais importante da aula.
O professor deve ser muito claro sobre o conteúdo e os objetivos a serem alcançados em sua aula. A atividade e a sua forma de aplicação dependem do nível etário dos alunos, pois a verbalização e as ações do professor devem corresponder ao desenvolvimento físico dos educandos.
Vamos ver um exemplo de parte de uma aula, em que o conteúdo é o equilíbrio e está sendo ministrado para crianças da Educação Infantil.
https://www.youtube.com/watch?v=I0C1b3fw0wc&playnext=1&list=PL24B58DFF5D412B7E&feature=results_video
Observou a forma como foi conduzida a aula sobre equilíbrio? Embora os alunos estivessem dentro de sala de aula, com outras atividades acontecendo ao mesmo tempo (circuito), vou enfocar, inicialmente, apenas na primeira parte do vídeo, em que o conteúdo referente ao equilíbrio estava sendo realizado como parte da aula - Educação Física.
As informações sobre o conteúdo de equilíbrio foram apresentadas de maneira simples, a partir do que os alunos poderiam compreender sobre o assunto. E, após essa etapa inicial, eles realizaram atividades que solicitavam o conteúdo de equilíbrio. Em outras palavras, essa turma não possui base de conhecimento para compreender uma aula com termos elaborados, porém a professora compreende a necessidade do equilíbrio nessa idade e consegue que eles realizem essa ação.
Devemos deixar claro que, nesse momento da vida da criança, é importante a realização, pois nessa fase a criança é ação: ela realiza, sabe que consegue realizar, porém desconhece o processo, não possui uma tomada de consciência adequada da ação, mas é extremamente necessário que ela realize esses movimentos para progredir nas estruturas mentais, visando a compreensão de fato sobre o que está realizando (tomada de consciência), em etapas e fases posteriores.
Continuando a análise do vídeo, identificamos que a dinâmica utilizada é de estações de atividades, não se esquecendo do principal da aula, o conteúdo.
Como pode ser observado nessa aula, a professora está realizando uma junção de objetivos de um conteúdo maior, que seria a consciência corporal. Nessa forma de organizar a aula, a ênfase foi maior sobre o equilíbrio, mas pudemos observar que os objetivos já trabalhados voltaram a ser utilizados. Nessa estratégia de aula podemos apresentar aos alunos a relação intima que um conteúdo possui com o outro, que existe uma complementaridade entre os conteúdos.
Nossas ações no mundo não são isoladas uma das outras, podemos em determinados momentos estar particularizando uma ação, mas as outras estão ocorrendo subjacentes a esta ação principal.
Com isso podemos ver o quanto é importante o planejamento em uma estrutura de ensino e também a necessidade do plano de aula diário. Em minhas aulas na graduação presencial os alunos geralmente perguntam: é necessário montar um plano para cada aula? Sim, é necessário!
Posso ser perguntado:
- Professor, qualquer criança sabe saltar! Então, é necessário montar aulas sobre esse assunto? E eu sempre responderei:
- Sim, é necessário, pois não nascemos sabendo saltar. Esta ação tem que ser aprendida pelo sujeito.
Para vocês acreditarem no que estou dizendo, vamos fazer uma experiência! Quando vocês estiverem em campo (na escola), peça para uma criança, em torno de um ano e meio que já anda e corre, saltar sobre um risco feito no chão. Se ela não compreender o que pede, demonstre a ela e peça para ela repetir a ação que você realizou. Será que esta criança vai conseguir fazer a tarefa? A questão do saltar é complexa, pois exige a coordenação de outras noções que em uma criança muito nova não estão desenvolvidas, como a noção espaço-temporal (espaço e tempo para executar uma ação).
Sendo assim, a ação de saltar é uma ação que, necessariamente, tem que ser aprendida, assim como as outras habilidades. Porém, nessa fase em que se encontram as crianças que pedi para realizarem a experiência, elas certamente não possuem uma tomada de consciência adequada de sua ação.
Mesmo que perguntássemos para uma criança maior, de aproximadamente 3 anos, se quando ela realiza o salto o seu braço participa desta ação, a resposta em geral é que não, e apontam que somente as pernas fizeram a ação. Ou seja,a compreensão sobre a sua corporeidade é parcial.
Podemos concluir, nesse sentido, que as aulas de Educação Física devem ser sempre ser planejadas, sobretudo a partir do desenvolvimento cognitivo, afetivo e motor que as crianças apresentam em cada fase de sua vida. Além disso, os planos de aula devem contemplar os mais diversos conteúdos referentes à motricidade humana, desde a sua etapa de realização mais simples até a forma mais complexa, visando a compreensão de todo o processo pedagógico na construção de uma ação.

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