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EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

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CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GUARULHOS – SP 
 
 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 3 
2 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR ................................................... 4 
3 A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR ...................................................................... 10 
3.1 Objetivos e as competências da educação física escolar ................................... 13 
3.2 A importância da Educação Física Escolar ......................................................... 16 
3.3 A educação física no contexto escolar ................................................................ 22 
3.4 O conteúdo da educação física escolar .............................................................. 26 
3.5 Educação física escolar: o que ensinar hoje em dia? ......................................... 29 
4 PLANEJAMENTO DE CURTO PRAZO NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR .... 34 
4.1 O planejamento de curto prazo ........................................................................... 34 
4.2 Planos de aulas .................................................................................................. 35 
4.3 Unidades didáticas .............................................................................................. 36 
4.4 Plano de aula ...................................................................................................... 37 
5 VANTAGENS E BENEFÍCIOS DE UMA BOA AULA DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA 
ESCOLA .................................................................................................................... 42 
5.1 Educação Física Escolar – Expectativas e Importância ...................................... 43 
5.2 Promovendo Saúde Através da Educação Física ............................................... 44 
5.3 A Importância da Educação Física na Socialização ........................................... 44 
6 INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO FÍSICA .................................................................. 46 
6.1 Educação inclusiva ............................................................................................. 46 
6.2 Objetivos da Educação Inclusiva ........................................................................ 48 
6.3 Educação Física Inclusiva ................................................................................... 51 
6.4 Educação Física: Adaptada ou Inclusiva ............................................................ 54 
6.5 Melhores Atividades Físicas Para Inclusão ......................................................... 55 
 
 
6.6 As Dificuldades da Educação Física Adaptada ................................................... 55 
6.6.1 Modalidades Esportivas Adaptadas ao Deficiente Físico ............................... 57 
6.7 O Papel do Educador Físico ............................................................................... 59 
6.8 Como Planejar Uma Aula Adaptada ................................................................... 61 
7 DESVALORIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR ................................. 64 
8 REFERÊNCIAS .................................................................................................. 68 
 
 
3 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Prezado aluno! 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um 
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é 
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora 
que lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
2 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR 
 
Segundo o estudo de Arantes (2008), o Brasil foi descoberto por Portugal em 
1500, e a primeira modalidade de educação que existiu no Brasil foi a jesuíta, a qual 
não previa nada relacionado à Educação Física, exceto por atividades físicas 
desenvolvidas em horas livres como forma de recreação, tais quais: o arco e flecha e 
a peteca. “O arco e flecha, natação, luta, caça, pesca, montaria, canoagem e corridas 
faziam parte do seu dia a dia. Tudo leva a crer que a primeira prática esportiva 
introduzida no Brasil foi o remo (1566) ” (OLIVEIRA, 2004, p. 23). Conclui-se que, 
neste período colonial, as únicas atividades desenvolvidas que faziam menção à 
Educação Física eram de cunho recreativos ou como forma de sobrevivência natural 
do homem. 
 
Fonte de: www.travinha.com.br 
Em 1824, com a Constituição do Império, é possível verificar alguns avanços 
na área da educação, porém pouco relacionado com a prática da Educação Física 
como disciplina e pouco preocupada com a formação de seus docentes. 
Ainda segundo relatos de Arantes (2008), em 1841, a Educação Física Escolar 
começa a ser praticada com exercícios voltados para o âmbito militar, com o nome de 
Gymnastica e ministrada por “professores” com patente militar. Dez anos depois, em 
1851, são consideradas obrigatórias as práticas das atividades de Gymnastica nas 
primeiras escolas primárias do Rio de Janeiro. 
O Capitão Ataliba Fernandes, mestre de Gymnastica foi um dos principais 
idealizadores sobre a inclusão e o desenvolvimento da Gymnastica nas escolas da 
época. Sobre a Metodologia desta nova disciplina: a Gymnastica é possível afirmar 
 
5 
 
de que a ideia era construir um equipamento multifuncional, uma espécie de estação, 
na qual poderiam ser desenvolvidos diferentes exercícios simultaneamente por vários 
indivíduos 
No que tange ao "método" e ao conteúdo de ensino a discussão se desenrola 
de forma diversa. O proponente informa que o ensino da ginástica se daria 
através de exercícios de corpo livre e de exercícios dependentes do aparelho 
e acessórios. Em ambos, seriam aplicáveis exercícios de flexibilidade, 
equilíbrios, lutas, forças, saltos e, ainda, exercícios, de natação, de volteios e 
militares. Para tanto, precisaria de um aparelho específico, um pórtico, no 
qual se poderia adaptar barras fixa, argolas, trapézio, escada de cordas, paus 
e cabos volantes, barras paralelas, escadas de madeiras, graduador de 
saltos, além de pesos, cordas, cabos tamboretes e um último acessório que 
não foi possível identificar. O Cap. Ataliba se oferecia para confeccionar e 
restaurar aparelhos existentes em alguns colégios particulares (PAIVA, 2001, 
p. 122). 
Esta metodologia não foi aceita pelos diretores da época por acreditarem que 
os espaços físicos não suportariam um aparelho tão grande. A época então é marcada 
pela divergência entre ideias mais agressivas e preconceituosas do Capitão Ataliba e 
a proposta de mudanças sobre o ensino da disciplina, proposta pelos diretores. 
Talvez a ideia mais relevante do capitão Ataliba tenha sido sobre a formação 
docente, ao afirmar que seja qual foi o método para incluir a disciplina dentro do 
ambiente escolar, a mesma não pode ser ministrada por qualquer pessoa, sendo de 
fundamental importância a colocação de um profissional habilitado para tal prática. 
“Apesar dos esforços para a implantação da Educação Física nas escolas, o 
período imperial não proporcionou estímulos pedagógicos significativospara o 
exercício físico” (OLIVEIRA, 2004, p. 24). 
Este período foi importante para a Educação Física Escolar Brasileira, pois foi 
o passo inicial para o pensamento da Educação Física como algo importante a ser 
inserido no cotidiano humano. Capitão Ataliba possui o seu papel fundamental neste 
contexto, por ser um dos precursores deste processo, mesmo que suas ideias fossem, 
talvez, militares ou preconceituosas demais, foram essenciais para que algum 
pensamento fosse desenvolvido a esse respeito. 
Rui Barbosa é considerado um dos principais pensadores e contribuinte para a 
Educação brasileira e foi um dos pioneiros ao pensar na Educação Física como algo 
essencial à criança e ao seu corpo. 
“Embora não julgasse merecer um lugar de destaque no setor educacional, a 
intelectualidade brasileira já demonstrava preocupação com a Educação Física. A 
 
6 
 
maior dessas manifestações aconteceu por intermédio de Rui Barbosa” (OLIVEIRA, 
2004, p. 25). 
A introdução da educação física foi apresentada como uma inovação 
relevante. A satisfação da vida física era a primeira necessidade da infância, 
justificando, assim, a importância fundamental da ginástica num plano de 
estudos que postulava a inseparabilidade do espírito e do corpo (SOUZA, 
2000, p. 16). 
Souza (2000) embasa seu estudo em Rui Barbosa, o paladino da Educação, e 
disserta sobre a função da Educação Física ao ser introduzida nos programas de 
educação de diferentes países. 
 
De acordo com Rui, a educação física havia sido introduzida nos programas 
de ensino de vários países tendo em vista sua função moralizadora, higiênica 
e patriótica. O substitutivo destaca as finalidades morais e sociais da 
ginástica: agente de prevenção dos hábitos perigosos da infância, meio de 
constituição de corpos saudáveis, fortes e vigorosos, instrumento contra a 
degeneração da raça, ação disciplinar moralizadora dos hábitos e costumes 
responsável pelo cultivo dos valores cívicos e patrióticos imprescindíveis à 
defesa da pátria (SOUZA, 2000, p. 16). 
Para Oliveira (2004) as recomendações de Rui Barbosa para as aulas de 
Educação Física pareciam fantasiosas demais para época, uma verdadeira utopia, 
pois os professores da disciplina usavam trajes sociais e ministravam suas aulas 
dentro das salas de aulas. Ideias condizentes com o perfil de Rui Barbosa, por ser um 
visionário para época. Tais ideias eram difíceis de ser entendidas e faziam menções 
quanto à obrigatoriedade da disciplina de Educação Física no Jardim de Infância e 
escolas primárias e secundárias em horários de aulas regulares com, no mínimo, 30 
minutos de duração e com frequência de quatro dias semanais e ministradas por 
professores com reconhecimento europeu e reconhecidos dentro da instituição como 
os demais docentes, embasadas na distinção de gêneros, sendo a calistenia ofertada 
para as meninas e a ginástica sueca para os meninos. Rui Barbosa também defendia 
a ideia de que as escolas possuíssem uma espécie de central de emergência a fim de 
capacitar professores regulares para o ensino da ginástica. 
 
 
7 
 
 
Fonte de: www.caetanistas78.blogspot.com 
Rui Barbosa foi sim um personagem fundamental para a evolução nos 
processos educacionais no Brasil e, por consequência, é um dos protagonistas na 
história da Educação Física Escolar no país. Suas ideias, apesar de revolucionárias 
para a época, representaram a base do pensamento para a atual forma de educação. 
A transição de século representou a transição do pensamento também, pois 
primeiramente, acreditava-se em uma Educação Física com propósitos limitados e a 
partir dessa mudança, foi possível verificar uma preocupação maior com o 
desenvolvimento da disciplina. 
Após a Abolição e a Proclamação da República, as expectativas da vida na 
sociedade brasileira estavam alteradas: a afluência de jovens aos grandes 
centros, a iminência de sedentarização provocada pela revolução nos meios 
de transporte e a influência da imigração fomentada após a Abolição 
precipitaram impulsos decisivos em relação a uma preocupação mais 
sistemática com a Educação Física (OLIVEIRA, 2004, p. 25) 
Os esportes começaram a chegar com intensidade no país e a serem 
praticados pela população nacional. Em 1921, a ginástica alemã foi abolida e foi 
adotado, então, o “Regulamento de Instrução Física Militar”, o qual fazia referência a 
ginástica natural francesa e foi considerado o manual a ser seguido por todos. O novo 
método foi trazido por militares franceses é estendido à área escola. Foi difundido e 
começaram a ser criados os primeiros centros de Educação Física do país, com o 
intuito de formar professores, sendo permitida, em um primeiro momento, apenas 
militares e, posteriormente, a matrícula de civis. 
 
8 
 
No final dos anos trinta, surge a Escola Nacional de Educação Física e 
Desportos, integrada à Universidade do Brasil (atual UFRJ). Entre os diversos 
cursos de formação de professores que surgiram nessa época foi, 
inegavelmente, o mais importante (OLIVEIRA, 2004, p. 26). 
O método francês manteve-se incontestável até a década de 50, quando 
pensadores vindos de fora do país começaram um movimento de reflexão para a 
Educação Física brasileira. 
Somente em 1961 foi criada a primeira Lei de Diretrizes Básicas (LDB), a qual 
divida o sistema educacional em primário ginásio, colegial e ensino técnico. Referente 
à Educação Física primária, a nova lei tratava a recreação como objetivo primordial 
para obtenção de melhorias no corpo e desenvolvimento global dos alunos. A 
Educação Física para a juventude ensinava a ginástica formativa e fundamentos dos 
jogos coletivos. 
Após dez anos da publicação da primeira LDB, foi criada a segunda LDB, a 
qual separava o sistema de outra forma, isto é, em graus, sendo o primeiro grau 
composto por oito séries, antigo primário e ginásio, cumprindo um núcleo comum e 
uma parte diversificada. A Educação Física, juntamente com Educação Artística e 
Inglês, passou a ser considerada atividade e não disciplina, com possibilidade de 
reprova do aluno apenas por faltas excessivas. O programa para Educação Física foi 
composto por atividades que pretendiam promover um desenvolvimento harmonioso 
do corpo e do espírito. 
Segundo Arantes (2008), foi apenas doze anos depois que foram oferecidos 
aos profissionais de Educação Física, os subsídios necessários para a criação da 
Proposta Curricular de Educação Física para a pré-escola, com conteúdo condizente 
com as faixas etárias e fundamentais para o desenvolvimento motor das crianças. 
Este processo de intensa discussão acerca dos conteúdos escolares 
terminou em 1992 com a publicação do modelo final das Propostas 
Curriculares para o 1º e 2º. Graus para todas as Disciplinas e Atividades 
coordenadas pela CENP. Quanto ao Curso de Habilitação Específica para o 
Magistério HEM (antigo Curso Normal), além das disciplinas já 
implementadas, haviam as denominadas Instrumentais; as de Metodologias 
das diferentes Disciplinas ou Atividades a serem ensinadas aos alunos da 
escolarização até 4ª. série do 1º. Grau. As aulas de Metodologia da Educação 
Física estavam previstas no documento demonstrando que seu conteúdo 
merecia ser estudado (ARANTES, 2008, p. 1). 
O currículo vigente até hoje é baseado na terceira LDB e encontra-se completo, 
desde o Ensino Infantil até o Ensino Superior, devendo suprir as necessidades dos 
 
9 
 
alunos, independentemente da sua faixa etária ou das condições em que se 
encontram, promovendo o desenvolvimento global dos mesmos. É componente 
curricular da educação básica e deve estar integrado na proposta pedagógica da 
escola. 
 
Fonte de: www.praticasdesucessoemeducacaofisica.blogspot.com 
A realidade é que a Educação Física evoluiu muito durante todos estes anos e 
conseguiu conquistar o seu espaço dentro da escola e perante à sociedade, cabendo 
aos profissionais da área, um desenvolvimento maior ainda a fim de obter oavanço 
da disciplina. Antigamente, as ideias começaram a ser formuladas com conceitos 
fracos, devido à falta de recursos que os profissionais possuíam e ao próprio contexto 
histórico ao qual estavam inseridos, porém hoje em dia tudo pode ser diferente, o 
mundo evoluiu e as informações estão disponíveis a todos para serem utilizadas da 
melhor maneira possível, necessitando apenas um pouco de esforço e boa vontade. 
 
Hoje, possuímos muitas linhas ou abordagens filosóficas; cinesiológica, 
motricidade humana, cultura corporal do movimento, aptidão física, 
tradicional, desenvolvimentista, sócio construtivista, sócio interacionista e a 
ligada ao meio ambiente. Demos um passo gigantesco se comparamos ao 
Capitão Ataliba e aos idos do século XIX (ARANTES, 2008, p. 1). 
É notório o avanço da disciplina e o respeito adquirido dentro das instituições 
de ensino, a Educação Física é tratada como uma disciplina com autonomia, 
semelhante as demais, de fundamental importância para o desenvolvimento do aluno, 
no que diz respeito ao aspecto físico, social e cognitivo. 
 
10 
 
3 A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR 
 
A escola contemporânea tem suas origens no modelo de educação europeu. 
De acordo com Áries (1978), a escola, na Idade Média (século XII), era reservada a 
um pequeno número de clérigos e misturava alunos de diferentes idades, que 
compartilhavam um espírito de liberdade de costumes. A partir do século XV, essas 
comunidades democráticas passaram a acolher populações cada vez maiores e 
passaram a ser submetidas a hierarquias autoritárias e regras rígidas de disciplina, 
elementos que marcam a passagem da escola medieval para o colégio moderno. A 
escola foi se tornando um meio de adestrar as crianças, além de isolá-las cada vez 
mais do mundo dos adultos, em um período de formação moral e intelectual. Ela 
passou a adquirir um valor intrínseco, tornando-se condição imprescindível para a boa 
educação e ganhando um papel na educação da infância e da juventude em geral, 
tornando-se uma instituição essencial da sociedade europeia (ÁRIES, 1978). Essa 
instituição, “elegida” pelas sociedades europeias em meados do século XV como 
espaço responsável pela educação das crianças, tem ocupado, ao longo dos anos, 
distintos papéis, que vêm se transformando desde seu surgimento, em virtude das 
transformações apresentadas pela sociedade como um todo (ANTUNES, 2018). 
 
Fonte de: blogeducacaofisica.com.br 
Os primórdios da educação física escolar são associados pelo Coletivo de 
Autores (2009) às práticas corporais realizadas nas escolas europeias no final do 
século XVIII, que surgiam das necessidades concretas dessas sociedades. Vale 
 
11 
 
lembrar que, nesse momento histórico, no contexto do continente europeu, formavam-
se os estados nacionais e a burguesia, como classe social decorrente da Revolução 
Industrial. Assim, os primórdios da educação física na escola foram marcados por 
ideias nacionalistas, de fortalecimento e defesa dos estados nacionais, e higienistas, 
visando à disciplina, à limpeza e à organização social e, por meio disso, à saúde dos 
indivíduos e comunidades. 
A produção de corpos fortes e saudáveis era condição fundamental para a 
defesa da pátria, o desenvolvimento do trabalho nas fábricas e o estabelecimento do 
sistema econômico capitalista que se desenvolvia. Nesse período, pensadores como 
Guths Muths, Basedow, Rousseau e Pestalozzi defendiam a inclusão de exercícios 
físicos nos currículos escolares. Esse movimento se deu especialmente a partir do 
desenvolvimento de métodos ginásticos, como a ginástica alemã ou sueca. 
 
Esses autores tiveram o mérito de aliar ao desenvolvimento da ginástica ou 
educação física na escola a garantia de um espaço de respeito e 
consideração da área perante os demais componentes curriculares. Dessa 
maneira, a educação física ministrada na escola começou a ser vista como 
importante instrumento de aprimoramento físico dos indivíduos, que, 
"fortalecidos" pelo exercício físico, que em si gera saúde, estariam mais aptos 
para contribuir com a grandeza da indústria nascente, dos exércitos, assim 
como com a prosperidade da pátria (COLETIVO DE AUTORES, 2009, p. 35). 
 
Nesse momento histórico (sécs. XVIII e XIX), desenvolveu-se também o 
Iluminismo, e a ciência passou a ganhar espaço nas sociedades europeias, até então 
dominadas pelo pensamento religioso. Diversos conhecimentos foram sendo 
disseminados na área das ciências biológicas, como a teoria da evolução de Darwin, 
que demonstrava a existência dos germes, entre outras questões que, para a época, 
foram revolucionárias. Assim, a educação física passou a ser valorizada como meio 
para o desenvolvimento da saúde física e como ferramenta para o desenvolvimento 
moral. 
No Brasil, no final do século XIX, a inserção de práticas que envolvessem 
esforço físico no ensino das classes dominantes recebeu forte resistência, uma vez 
que o trabalho corporal era associado aos escravos negros. Assim, ainda que 
houvesse apoio do governo imperial e de parte da elite intelectual, havia forte 
resistência da aristocracia brasileira. Foi a Reforma Couto Ferraz, em 1851, que 
tornou obrigatória a educação física nas escolas do município da Corte, conforme 
apontam Simões et al. (2010). 
 
12 
 
Nesse período, a educação física, além de ter uma perspectiva higienista, de 
manutenção da saúde e de corpos fortes, sofria também influência do pensamento 
eugenista, de “pureza da raça branca”, orientado especialmente para a esterilização 
de deficientes, a realização de exames pré-nupciais e a proibição de casamentos 
consanguíneos e da “mistura” entre brancos e negros (BRASIL, 1997). Em geral, os 
professores que desenvolviam as aulas de ginástica nas escolas eram militares, que 
traziam para o contexto escolar a disciplina e o respeito à hierarquia contidos nessa 
instituição. Apenas em 1939 foi criada a primeira escola civil de formação de 
professores de educação física (COLETIVO DE AUTORES, 2009). 
Simões et al. (2010) apontam que o período do Estado Novo foi o auge da 
militarização na escola. Após a Segunda Guerra Mundial, novos sentidos começaram 
a ser atribuídos à educação física escolar. Com a promulgação da primeira Lei de 
Diretrizes e Bases da Educação, em 20 de dezembro de 1961, a educação física 
passou a ser disciplina obrigatória nos ensinos primário e médio (BRASIL, 1997). O 
Coletivo de Autores (2009) aponta que, nesse período, passou a ganhar força a 
esportivização na escola brasileira, perspectiva que ganhou ênfase no Brasil durante 
o Regime Militar. 
 
O esporte determina dessa forma, o conteúdo de ensino da Educação Física, 
estabelecendo também novas relações entre professor e aluno, que passam 
da relação professor-instrutor e aluno-recruta para a de professor-treinador e 
aluno-atleta. Não há diferença entre o professor e o treinador, pois os 
professores são contratados pelo seu desempenho na atividade desportiva 
(COLETIVO DE AUTORES, 2009, p. 37). 
 
Nesse contexto histórico, as olimpíadas ganharam destaque e influenciaram a 
cultura e a política, em um cenário de disputa entre os países envolvidos na Guerra 
Fria, em especial, Estados Unidos e União Soviética. Além disso, o Brasil foi campeão 
da Copa do Mundo em 1958, 1962 e 1970, elemento usado como propaganda política 
e incentivo ao esporte. Nesse período, o esporte foi aproximado ao nacionalismo, e a 
atividade física passou a ser vista como meio para aprimorar a técnica e desenvolver 
a força física, cívica, psíquica e social dos alunos. Essa concepção vinha atrelada à 
ideologia do governo militar, de nacionalismo, integração e segurança nacional. 
Na década de 1980, esses pressupostos passaram a ser contestados, gerando 
uma crise de identidade na educação física escolar. Inicialmente, ganhou força a 
perspectiva que ligava a educação física ao desenvolvimento psicomotor dos 
 
13 
 
educandos, o que levou a uma maiorênfase ao ensino das práticas corporais na pré-
escola e da primeira à quarta série (BRASIL, 1997). Nesse período histórico, houve 
também a criação dos primeiros cursos de pós-graduação e a ampliação das 
publicações na área. As relações entre a educação física e a sociedade passaram a 
ganhar maior visibilidade, em especial orientadas pelas perspectivas críticas da 
educação, tendo como um dos principais expoentes a publicação do Coletivo de 
Autores, em 1992, intitulada Metodologia do Ensino da Educação Física. 
 
Ocorreu então uma mudança de enfoque, tanto no que dizia respeito à 
natureza da área quanto no que se referia aos seus objetivos, conteúdo e 
pressupostos pedagógicos de ensino e aprendizagem. No primeiro aspecto, 
se ampliou a visão de uma área biológica, reavaliaram-se e enfatizaram-se 
as dimensões psicológicas, sociais, cognitivas e afetivas, concebendo o aluno 
como ser humano integral. No segundo, se abarcaram objetivos educacionais 
mais amplos (não apenas voltados para a formação de um físico que pudesse 
sustentar a atividade intelectual), conteúdos diversificados (não só exercícios 
e esportes) e pressupostos pedagógicos mais humanos (e não apenas 
adestramento) (BRASIL,1997, documento on-line). 
 
No momento atual, há uma pluralidade de linhas que integram a educação 
física escolar, oriundas desses movimentos históricos apresentados. A principal 
concepção que prevalece da educação física é concebê-la a partir do prisma da 
cultura corporal do movimento humano, ou seja, compreender que as práticas 
corporais são fenômenos culturais, criados historicamente pela humanidade, com 
diferentes sentidos e significados. “Trata-se, então, de localizar em cada uma dessas 
manifestações (jogo, esporte, dança, ginástica e luta) seus benefícios fisiológicos e 
psicológicos e suas possibilidades de utilização como instrumentos de comunicação, 
expressão, lazer e cultura, e formular a partir daí as propostas para a Educação Física 
escolar” (BRASIL, 1997, documento on-line). 
 
3.1 Objetivos e as competências da educação física escolar 
 
Inicialmente (sécs. XVIII e XIV), a ginástica foi adotada para incentivar os 
trabalhadores das fábricas a manterem seus corpos saudáveis, com base em uma 
perspectiva higienista e com um forte caráter militar, uma vez que muitos dos 
instrutores eram formados em academias do exército. Durante o governo militar, o 
esporte passou a ganhar espaço em relação à ginástica, mas ainda com uma 
perspectiva nacionalista de desenvolvimento físico e moral. Na década de 1980, 
 
14 
 
novos horizontes se abriram, ganhando espaço as perspectivas do desenvolvimento 
motor e das críticas à sociedade capitalista e à prática da educação física como mero 
treinamento. 
Quando a educação física passou a ser concebida como campo da cultura 
corporal do movimento humano, novos objetivos passaram a ser concebidos, como o 
foco de seu ensino na escola. Esses elementos estão compilados nos documentos 
que orientam a educação escolar brasileira, como nos Parâmetros Curriculares 
Nacionais (BRASIL, 1997) e, mais recentemente, na BNCC (BRASIL, 2017). 
Há três esferas fundamentais no que diz respeito ao desenvolvimento de 
aprendizagens e competências, que são as dimensões procedimental, conceitual e 
atitudinal. A dimensão procedimental diz respeito a saber fazer, o que envolve a 
tomada de decisões e a habilidade de executar determinado gesto ou participar de um 
jogo ou esporte, por exemplo. A esfera conceitual se refere a conhecer conceitos, 
significados, símbolos, processos históricos — enfim, refere-se aos aprendizados 
intelectuais que giram em torno de determinado conteúdo. E, por fim, a dimensão 
atitudinal diz respeito a ações, valores e normas ligadas às relações humanas. Esses 
três elementos são sintetizados na educação física escolar em competências que os 
alunos devem desenvolver, que estão descritas a seguir. 
 Compreender a origem da cultura corporal de movimento e seus vínculos 
com a organização da vida coletiva e individual. 
 Planejar e empregar estratégias para resolver desafios e aumentar as 
possibilidades de aprendizagem das práticas corporais, além de se envolver 
no processo de ampliação do acervo cultural nesse campo. 
 Refletir, criticamente, sobre as relações entre a realização das práticas 
corporais e os processos de saúde/doença, inclusive no contexto das 
atividades laborais. 
 Identificar a multiplicidade de padrões de desempenho, saúde, beleza e 
estética corporal, analisando, criticamente, os modelos disseminados na 
mídia e discutir posturas consumistas e preconceituosas. 
 Identificar as formas de produção dos preconceitos, compreender seus 
efeitos e combater posicionamentos discriminatórios em relação às práticas 
corporais e aos seus participantes. 
 
15 
 
 Interpretar e recriar os valores, os sentidos e os significados atribuídos às 
diferentes práticas corporais, bem como aos sujeitos que delas participam. 
 Reconhecer as práticas corporais como elementos constitutivos da 
identidade cultural dos povos e grupos. 
 Usufruir das práticas corporais de forma autônoma para potencializar o 
envolvimento em contextos de lazer e ampliar as redes de sociabilidade e a 
promoção da saúde. 
 Reconhecer o acesso às práticas corporais como direito do cidadão, 
propondo e produzindo alternativas para sua realização no contexto 
comunitário. 
 Experimentar, desfrutar, apreciar e criar diferentes brincadeiras, jogos, 
danças, ginásticas, esportes, lutas e práticas corporais de aventura, 
valorizando o trabalho coletivo e o protagonismo. 
 
Essas competências estão alinhadas com a ideia de desenvolvimento pleno 
dos indivíduos, presente na Lei de Diretrizes e Bases da Educação e na Constituição 
Federal (BRASIL, 1988; 1996). Com isso, as práticas corporais são associadas a uma 
ampla gama de elementos, que visam ao desenvolvimento de aspectos afetivos, 
sociais, psicológicos, culturais e biológicos dos educandos, para o pleno exercício da 
vida, da cidadania e do trabalho. 
A Educação Física tem como objetivo também aguçar nos estudantes a 
vontade de se envolverem em exercícios corporais e atividades, construindo 
convivências harmoniosas com outros cidadãos, sendo capazes de reconhecer e 
respeitar as características físicas e desempenho de si próprio e de outros indivíduos, 
não segregando e nem depreciando outras pessoas por qualidades e peculiaridades 
como aspectos físicos, sexuais e ou sociais. 
De acordo com a Lei 9.394/96, parágrafo 3º, a educação física escolar está 
integrada à proposta pedagógica, sendo componente curricular obrigatório da 
educação básica. 
 
16 
 
3.2 A importância da Educação Física Escolar 
A Educação Física está se tornando algo indispensável na vida das pessoas, 
por diferentes aspectos, fato este que contribui para o avanço e a maior importância 
dada à disciplina dentro do ambiente escolar. São inúmeros os fatores já comprovados 
de benefício proporcionado pela Educação Física e, por isso mesmo, fica difícil colocá-
los em uma escala de importância, mas serão elencados aqui algumas vertentes 
imprescindíveis quando tratamos do assunto e relacioná-los com os ambientes 
escolares. 
 
Fonte: https://www.estudokids.com.br 
 
Promoção de saúde, desenvolvimento de capacidades físicas, motoras, 
afetivas e cognitivas e inserção social são os aspectos que buscaram descrever a 
proporção da importância da Educação Física Escolar. 
Talvez o ponto fundamental quando tratamos sobre a Educação Física esteja 
voltado para a área da saúde, pois a disciplina ajuda tanto na prevenção de muitos 
casos, quanto no combate de outros vários diagnósticos. Haja vista a frequência com 
que as pessoas buscam médicos especialistas e recebem como forma de medicação 
apenas a instrução para criar o hábito de realizar atividades físicas. “A prática de 
atividade física pode prevenir o surgimento precoce, atuarno tratamento de diversas 
doenças metabólicas e interferir positivamente na capacidade funcional de adultos e 
idosos” (COELHO; BURINI, 2009, p. 945). 
 
17 
 
Partindo do princípio de que é durante a infância que o indivíduo começa a criar 
hábitos para o resto da vida e sabendo de que, muitas das doenças presentes, seriam 
inexistentes ou de menor poder de impacto caso o estilo de vida da pessoa tivesse 
sido melhor no começo da vida, é possível afirmar que a Educação Física deve ocupar 
um papel relevante durante esta fase do indivíduo. Faixa etária esta que está inserida 
no período escolar, ou seja, a Educação Física Escolar é de extrema importância para 
o indivíduo. 
O objetivo principal da prescrição de atividade física na criança e no 
adolescente é criar o hábito e o interesse pela atividade física, e não treinar 
visando desempenho. Dessa forma, deve-se priorizar a inclusão da atividade 
física no cotidiano e valorizar a educação física escolar que estimule a prática 
de atividade física para toda a vida, de forma agradável e prazerosa, 
integrando as crianças e não discriminando os menos aptos (LAZOLLI et al, 
1998, p. 108). 
É importante salientar que a Educação Física escolar deve possuir o fator da 
inclusão como uma de suas vertentes primordiais, pois o objetivo inicial é criar uma 
rotina de exercícios, isto é, fazer com que a criança comece a gostar de praticar 
atividades físicas, portanto qualquer fator de exclusão tornará esse objetivo cada vez 
mais inalcançável. Nesse contexto, as atividades devem visar a participação de todos 
e o desenvolvimento do maior número de capacidades possíveis: físicas, motoras ou 
sociais. Esportes competitivos, brincadeiras de exclusão de participantes ou 
atividades que privilegiem apenas os melhores devem ser utilizados com cautela ou, 
muitas das vezes, deixadas de lado, para que todos sintam o bem-estar em participar 
das aulas. 
Fonte de: www.blogeducacaofisica.com.br 
 
18 
 
O modelo de vida mudou drasticamente, se comparado com o modelo vigente 
há algumas décadas atrás. A tecnologia avança a passos largos, a cada minuto que 
se passa, atraindo cada vez mais jovens. Os parques ou espaços destinados a 
diversão das crianças encontram-se em péssimo estado de conservação ou sendo 
substituídos por empreendimentos imobiliários. Está cada vez mais complicado as 
famílias destinarem um tempo próprio para estarem juntos, brincarem com seus filhos, 
darem a atenção necessária (LAZOLLI et al, 1998). 
Pode-se concluir que, diante de tantas dificuldades, muitas das vezes, o único 
ambiente que o indivíduo possui para desenvolver atividades físicas seja o ambiente 
escolar, durante as aulas de Educação Física. Compete, portanto, ao profissional de 
Educação Física Escolar a tarefa de desenvolver neste indivíduo o gosto pela prática 
de atividades físicas. 
A sociedade impõe um modelo de beleza conforme os conceitos e 
pensamentos da época em que estão inseridas, ou seja, para cada período histórico 
encontramos um padrão de beleza diferente a ser buscado pelos indivíduos. Esse 
padrão de beleza desenvolve nas pessoas um desejo incessante de buscar alcançá-
lo, mesmo que isso, muitas vezes, não represente um corpo saudável. 
Historicamente, as culturas tendem a estigmatizar traços ou comportamentos 
que sejam considerados negativos ou desviantes. Sob esta perspectiva, a 
percepção do tamanho corporal vem sendo associada a fortes valores 
culturais. Os corpos grandes e arredondados em dados períodos foram 
considerados sinais de opulência e poder, tendo, assim, uma valorização 
positiva, em contraste com a desvalorização e cobrança que marcaram as 
últimas décadas, tendentes a valorizar corpos esbeltos e esguios (ALMEIDA 
et al, 2005, p. 28). 
Nos tempos atuais, podemos afirmar que o padrão de beleza vigente é aquele 
corpo esbelto, musculoso, forte, visto em todos os meios de comunicação, através de 
garotos e garotas propaganda, geralmente seminus. A busca por este chamado corpo 
perfeito leva as pessoas diretamente na direção da prática de atividades físicas, ou 
seja, para ser possível alcançar o padrão de beleza vigente, o indivíduo deve manter 
uma rotina de exercícios frequente. 
Transportando o assunto para o ambiente escolar, é possível constatar que 
esta realidade acerca do padrão de beleza é existente também entre crianças e 
jovens, pois os mesmos possuem, cada vez, acesso aos meios tecnológicos. 
 
19 
 
Portanto, muitos alunos buscam a prática de atividades físicas com o objetivo de 
buscar atingir o padrão de beleza da sociedade em que ele está inserido. 
O único cuidado que deve existir, e para que esta busca incessante pelo corpo 
perfeito não se torna algo maléfico à saúde da criança, ou seja, a rotina de exercícios 
deve ser prescrita com cuidado para que não ocorra nem a falta e nem o excesso de 
exigência ao corpo ainda em desenvolvimento. Mais uma exigência feita ao 
profissional da Educação Física Escolar, o qual deve atentar-se para desenvolver 
atividades físicas compatíveis com a faixa etária e ainda aconselhar, aos seus alunos, 
a importância de um corpo saudável, nem com déficit e nem com excesso de peso. 
A Educação Física Escolar, nesse contexto, tem o papel de auxiliar em doenças 
muito presentes na sociedade atual, tais quais: obesidade, sedentarismo, anorexia e 
bulimia. “A representação feminina na mídia é a referência de beleza e atitude não só 
de adultos, mas também de crianças, que mais tarde repetirão o que viram e acharam 
agradável” (VIANNA, 2005, p. 9). 
 
Fonte de: www.estudokids.com.br 
Na maioria das vezes, a mídia apresenta-se como uma ferramenta que possui 
o único objetivo de atender ao interesse de alguns e não da sociedade como um todo. 
O fato de mulheres mesmo com peso adequado para a estatura desejarem 
pesos ainda menores é preocupante. Certamente essa distorção da imagem 
corporal encontra raízes nos meios de comunicação de massa que 
privilegiam modelos de beleza que possuem pesos para a estatura próximos 
ou mesmo semelhantes a portadores de distúrbios alimentares como 
anorexia nervosa e bulimia. Esses modelos de beleza divulgados pela mídia 
 
20 
 
exercem efeitos sobre o comportamento e o estabelecimento de hábitos 
alimentares entre adolescentes do sexo feminino (KAKESHITA; ALMEIDA, 
2006, p. 503). 
Outro fator essencial para afirmar a Educação Física Escolar como uma 
disciplina essencial na vida dos estudantes é o desenvolvimento do corpo como um 
todo, isto é, o desenvolvimento das muitas capacidades possíveis do corpo humano. 
Durante a vida toda, exige-se do nosso corpo, o uso de inúmeras valências 
constantemente, pois o simples ato de permanecer parado, andar, pular um obstáculo, 
desviar de algo ou qualquer outra circunstância parecida já está diretamente 
relacionado com as capacidades do corpo humano. Estas capacidades são 
denominadas físicas e motoras. 
Dentre as capacidades, pode-se destacar a força, velocidade, resistência, 
flexibilidade e o equilíbrio como as principais por serem consideradas essenciais para 
o desenvolvimento do indivíduo. Todo o movimento humano exige o uso de diferentes 
capacidades. Estas capacidades possuem um caráter hereditário, ou seja, são 
transmitidas de pais para filhos, porém possuem o caráter treinável, isto é, um 
indivíduo é capaz de melhorar uma capacidade caso desenvolva atividades para isto, 
no caso as atividades físicas possuem este papel. 
A Educação Física Escolar é responsável por desenvolver estas atividades com 
o objetivo de melhorar as capacidades físicas e motoras dos estudantes, 
possibilitando aos mesmos, uma maior facilidade no desenvolvimento das tarefas ao 
longo de suas vidas. 
Nos dias atuais é possível verificar a dificuldade no processo de socialização 
das pessoas, pois alguns aspectos o dificultam, dentre eles, a criação de grupos mais 
fechados de amizades, o uso abusivo de novas tecnologias, opouco tempo que as 
pessoas possuem para atividades físicas em grupos ou como forma de lazer e 
recreação. O fato é que está cada vez mais difícil os indivíduos conseguirem interagir 
de maneira pessoal, física, presente. 
Para Vianna (2005) as aulas de Educação Física podem e devem suprir está 
carência, pois se trata de uma disciplina sem exigências estruturais como as demais, 
ou seja, não é necessário que cada aluno permaneça atrás de sua carteira, sentado, 
distante um do outro. Esta disciplina possui o poder de interação entre os alunos, os 
quais estarão distantes dos paradigmas educacionais. O profissional responsável pela 
Educação Física Escolar deve ser capaz de desenvolver atividades possíveis de 
 
21 
 
todos, independentemente se possui alunos brancos, negros, gordos, magros, 
deficientes, altos, baixos, fator que torna a disciplina, talvez, como sendo a mais 
heterogenia dentro do ambiente escolar. 
A busca nas aulas é pessoal, isto é, cada aluno irá se desenvolver de uma 
maneira, encarar a atividade de uma forma, encontrar uma resposta diferente para 
solucionar o problema proposto, aprendendo a trabalhar a sua individualidade e o seu 
coletivismo simultaneamente. Com conteúdo diversificado, possíveis para todos, 
fatalmente o interesse pela prática de atividades físicas será desenvolvido nas 
crianças, a qual não precisarão se preocupar no que são melhores que os demais. 
O uso de temas transversais é de fundamental importância nas aulas de 
Educação Física Escolar, pois pode-se trabalhar a obesidade, o bulling, a violência na 
sua forma prática, no decorrer das atividades, sem ofender ou magoar ninguém. 
 
Fonte de: www.estudokids.com.br 
Aulas que beneficiam a prevenção e a cura de doenças desenvolvem 
capacidades físicas, motoras, cognitivas e afetivas dos indivíduos, promovem bem-
estar, sensação de igualdade, inserção social caracterizam evidente a afirmação do 
quanto é importante a Educação Física dentro do ambiente escolar (KAKESHITA; 
ALMEIDA, 2006). Porém, cabe ressaltar, que a Educação Física só será realmente 
valorizada caso o trabalho do profissional que está desempenhando-a seja 
satisfatório. Professores que apenas jogam uma bola para os meninos e uma corda 
para as meninas não reconhecem a importância da disciplina na vida de cada criança 
e, por consequência, desvalorizam a Educação Física perante as demais disciplinas. 
 
22 
 
3.3 A educação física no contexto escolar 
A educação física é um componente curricular e, como tal, busca articular os 
seus objetos de conhecimento para a formação de um ideal de sujeito e sociedade. A 
sua prática, por parte dos estudantes, não deve estar relacionada somente aos 
aspectos técnicos, mas sim às aprendizagens que visam ao desenvolvimento humano 
e à sua efetiva participação social. Nesse sentido, sustentar que a educação física 
deve estar relacionada apenas aos esportes ou aos exercícios de condicionamento 
físico é uma visão minimalista dessa área do conhecimento, reduzindo o seu potencial 
para a modificação social (BRASIL, 2017; COLETIVO DE AUTORES, 1992). 
Mas, afinal, se a aprendizagem dos esportes e a busca pelo condicionamento 
físico não são os únicos objetivos da educação física escolar, qual seriam os 
pressupostos e a importância de uma educação física dita escolar? Antes de afirmar 
a importância desse componente curricular, é relevante destacar que, como proposta 
pedagógica, a educação física vem se reformulando, em particular a partir da década 
de 1980, quando debates acerca de qual seria o propósito desse componente na 
escola começaram a surgir. 
Ao traçar um panorama do que pode ser uma educação que busca a 
transformação social, é inviável deixar de destacar a importância de a educação física, 
um componente curricular obrigatório, se articular aos pressupostos 
conscientizadores e emancipatórios (FREIRE, 1983). É possível pensar que, ao longo 
do tempo, esse componente curricular esteve relacionado aos interesses econômicos 
de determinada elite brasileira, com destaque para a institucionalização da educação 
física, sob o nome de ginástica, introduzida ainda no século XIX, com seus princípios 
eugenistas e higienistas, marcada pela busca de corpos fortes o suficiente para o 
enfrentamento das grandes Guerras (CASTELLANI FILHO, 1999; COLETIVO DE 
AUTORES, 1992). 
Contudo, passado o período de combates internacionais, junto à ascensão do 
liberalismo democrático, sob o escolanovismo, a educação física desvencilhou- -se, 
até certo ponto, de sua abordagem estritamente voltada aos pressupostos 
anatomofisiológicos. É importante destacar que essas modificações nas abordagens 
não ocorrem de forma escalonada, mas sim se sobrepunham umas às outras, como 
ainda ocorre na educação física atual. 
 
 
23 
 
A partir dos anos 1960, com o golpe militar, que resultou em um longo período 
ditatorial, a educação física brasileira foi novamente modificada. Esse período é 
marcado também pela disputa simbólica de poder entre a então União da República 
Socialista Soviética (URSS) e os Estados Unidos da América (EUA). Um dos 
elementos escolhidos para demonstrar poderio, tanto pela URSS como pelos Estados 
Unidos (e diversos outros países), era a obtenção de premiações esportivas por suas 
seleções nacionais. A busca pelo nacionalismo e pela demonstração de poder 
influenciou não só as instituições esportivas brasileiras, mas também as escolares, de 
tal modo que se passou a investir fortemente na presença e na aprendizagem do 
esporte na escola. Corroborando com isso, Darido (2003, p. 26) explica que os 
governos militares: 
 
[…] passam a investir pesado no esporte na tentativa de fazer da Educação 
Física um sustentáculo ideológico, na medida em que ela participaria na 
promoção do país através do êxito em competições de alto nível. Foi neste 
período que a ideia central girava em torno do Brasil-Potência, no qual era 
fundamental eliminar as críticas internas e deixar transparecer um clima de 
prosperidade e desenvolvimento (DARIDO, p. 26). 
 
É nesse contexto que o esporte na escola passou a ser um conteúdo 
hegemônico e de forte presença nos dias atuais. À época, o processo de ensino- -
aprendizagem girava em torno da perfeição técnica e tática desportiva, com o objetivo 
da formação de futuros atletas. O desempenho era avaliado com base nas habilidades 
motoras, mensuradas pelos princípios da biomecânica, uma ciência emergente no 
período. Aos estudantes, cabia enquadrar-se como sujeito fisicamente potencial ao 
alto rendimento ou como sujeito excluído, que não conseguiria chegar ao alto nível. 
Em relação ao professor, este também teve o acúmulo de medalhas e troféus em 
campeonatos com suas equipes escolares como um parâmetro para a sua qualidade 
em termos de docência. Bracht (2010, p. 100–101) acrescenta que o fenômeno da 
esportivização: 
[…] dominou também a formação [de] professores, na medida em que se 
estabeleceu no imaginário social a vinculação entre Educação Física e 
esporte, tornando-os quase sinônimos, pois o papel da Educação Física na 
escola era ensinar os esportes, ou seja, a “cultura da educação física” passou 
a ser em larga medida a “cultura esportiva”. 
 
 
A década de 1980 marcou o fim da ditadura militar e a abertura política 
brasileira, permitindo uma série de debates de como vinha se desenvolvendo a 
 
24 
 
sociedade. Nessa tangente, é possível identificar uma virada progressista na 
educação física, partindo-se de um conjunto de debates que resultaram no que ficou 
conhecido como movimento renovador da educação física (CAPARROZ, 1997). 
Em 1983, João Paulo Medina foi um dos pioneiros em alavancar as discussões 
acerca do que vinha sendo a educação física — amparada no esporte e no paradigma 
da aptidão física. Em sua obra A educação física cuida do corpo… e “mente”, Medida 
denuncia o dualismo corpo versus mente que se expressava nessa área do 
conhecimento,instigando que a “Educação Física precisa entrar em crise 
urgentemente. Precisa questionar criticamente seus valores. Precisa ser capaz de 
justificar-se a si mesma. Precisa procurar sua identidade [...]” (MEDINA, 1983, p. 35). 
Portanto, é viável pensar que o início da década de 1980 foi um período de 
crise e busca pela própria identidade da educação física escolar brasileira. Na mesma 
direção da denúncia do dualismo corpo versus mente que se instaurara, Santin (1994) 
criticava que essa forma de conceber a educação física reduzia suas possibilidades 
de abordagens, limitando-se ao viés biologista, voltado principalmente para a busca 
da aptidão física. O Quadro 1, a seguir, apresenta as concepções pedagógicos da 
educação física. 
Outra abordagem que exerce influência na educação física escolar são os 
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) (BRASIL, 1998), elaborados por Marcelo 
Jabu e Caio Costa, que introduziram ao contexto de desenvolvimento dos objetos de 
conhecimento a busca pela cidadania, articulando-se à Constituição Federal (1988) e 
aos temas transversais, em voga no final do século. Para Soares (1987, p. 80), nos 
PCNs, “[...] a incorporação aleatória de alguns termos serviu apenas para diluir, na 
aparência, a opção por uma única abordagem teórica, aliás absolutamente explícita 
quando se abordam concepções de ensino, conteúdos e na sua relevância social [...]”. 
Já Darido (2003) aponta essa abordagem como um importante marco, já que 
traz consigo elementos que não faziam parte do campo de discussões em outras 
abordagens, como o conceito de formação cidadã e os temas transversais, como 
orientação sexual, meio ambiente, saúde, pluralidade cultural e trabalho e consumo. 
Embora estas não sejam as únicas concepções possíveis ou que se expressam na 
atualidade, elas exercem grande influência na educação física atual, expressa na 
Base Nacional Curricular Comum (BNCC; BRASIL, 2017). 
 
25 
 
 
 
 
É possível pensar a abordagem crítico-superadora e a abordagem crítico- -
emancipatória como a busca pelo desenvolvimento da consciência crítica, analisando 
a sociedade e os processos excludentes que a compõem. Tais abordagens buscam 
não somente focar nos conhecimentos que são relativos ao corpo humano, mas 
também propor uma forma de transformação social. Com isso, o papel do professor 
 
26 
 
também se vê modificado, visto que ele passa a ser considerado um mediador e 
problematizador para que os estudantes consigam se desenvolver integralmente e 
para que a apropriação do conteúdo se torne efetiva. 
Portanto, compreende-se que a busca do ensino dos gestos técnicos ou de 
formas de condicionamento físico passaram a ser conteúdos da educação física, mas 
sua abordagem não deve estar restrita a somente isso. É necessário que esse 
componente curricular esteja comprometido com objetivos maiores, articulando-se ao 
projeto de educação. Nesse sentido, a BNCC (BRASIL, 2017, p. 213), principal 
documento que normatiza os conteúdos a serem desenvolvidos na educação básica, 
elabora que: 
Nas aulas, as práticas corporais devem ser abordadas como fenômeno 
cultural dinâmico, diversificado, pluridimensional, singular e contraditório. 
Desse modo, é possível assegurar aos alunos a (re)construção de um 
conjunto de conhecimentos que permitam ampliar sua consciência a respeito 
de seus movimentos e dos recursos para o cuidado de si e dos outros e 
desenvolver autonomia para apropriação e utilização da cultura corporal de 
movimento em diversas finalidades humanas, favorecendo sua participação 
de forma confiante e autoral na sociedade. 
 
Certamente, as concepções pedagógicas ou ideais que orientam determinado 
componente curricular, por si só, não são suficientes para que a educação física se 
desenvolva seguindo os pressupostos que a sustentam. Assim, faz- -se necessário 
que os professores estejam articulados com o que a educação física propõe, de modo 
a construir a confiança para a atuação subjetiva e a transformação social, seguindo 
os pressupostos democráticos e republicanos que regem a educação brasileira. 
3.4 O conteúdo da educação física escolar 
Quando vistas pelo prisma da cultura corporal do movimento humano, percebe- 
-se a importância de diversas práticas corporais serem trabalhadas na escola. Essas 
práticas incluem elementos criados historicamente pela humanidade em diversas 
partes do mundo e que são acessíveis a nós, hoje, pelo processo de globalização e 
disseminação do conhecimento, que teve início com as migrações e hoje é promovido 
pelas redes de comunicação global, em especial, a internet. “Há três elementos 
fundamentais comuns às práticas corporais: movimento corporal como elemento 
essencial; organização interna (de maior ou menor grau), pautada por uma lógica 
 
27 
 
específica; e produto cultural vinculado com o lazer/entretenimento e/ou o cuidado 
com o corpo e a saúde” (BRASIL, 2017, documento on-line). 
É importante ressaltar que essas práticas “[…] são aquelas realizadas fora das 
obrigações laborais, domésticas, higiênicas e religiosas, nas quais os sujeitos se 
envolvem em função de propósitos específicos” (BRASIL, 2017, documento on-line). 
Com um intuito didático e de facilitar a organização do currículo da educação física ao 
longo dos diversos anos da educação básica, essas práticas foram compiladas em 
seis grupos, ou unidades temáticas. São elas: brincadeiras e jogos, esportes, 
ginásticas, danças, lutas e práticas corporais de aventura. Vejamos a seguir um pouco 
mais sobre cada uma delas, a partir de uma síntese com base na BNCC (BRASIL, 
2017). 
As brincadeiras e jogos são práticas que acompanham a humanidade desde 
seus primórdios. Elas são caracterizadas por não terem regras rígidas, podendo ter 
as combinações alteradas pelos indivíduos que as praticam. Ainda assim, encontram-
se afinidades entre jogos praticados em diferentes lugares do mundo. Há uma série 
de brincadeiras que podem ser realizadas nas aulas de educação física. O pega-pega, 
por exemplo, pode ter inúmeras variações, como: pega-pega estrela, em que quem 
for pego deve ficar paralisado de pernas e braços abertos até que um colega passe 
por baixo de suas pernas para ser salvo; ou corrente, em que cada um dos integrantes 
que for pego deve dar a mão para o pegador, formando uma corrente. 
As brincadeiras podem ser utilizadas também como atividades introdutórias ao 
ensino de outros conteúdos. Por exemplo, antes de abordar o handebol, pode-se 
brincar de queimada, atividade que exige precisão no lançamento da bola com a mão. 
Ou, ainda, pode-se brincar de pega-bandeira, jogo no qual a quadra é dividida em 
dois, cada lado como território de um time, que deve adentrar no território adversário, 
pegar um objeto (bandeira) e retornar até o seu campo sem ser pego; é ótimo para 
trabalhar de forma introdutória aos esportes coletivos o posicionamento e as funções 
de ataque e defesa. Jogos de oposição podem introduzir a prática das lutas, e 
brincadeiras cantadas ou que envolvem ritmo podem ser utilizadas para introduzir a 
dança. 
Já os esportes são práticas formais, com regras definidas e regidas por 
regulamentos. Usualmente, organizam-se em associações, federações ou 
confederações. Caracterizam-se pela oposição entre dois oponentes ou grupos 
 
28 
 
adversários. Podem ser divididos em diferentes modalidades, de acordo com suas 
características. 
 Marca: compara resultados de tempo ou distância (p. ex.: atletismo e 
levantamento de peso). 
 Precisão: busca acertar um alvo específico (p. ex.: golfe e tiro com arco). 
 Técnico-combinatório: analisa a qualidade do movimento (p. ex.: ginástica 
artística e nado sincronizado). 
 Rede/quadra dividida ou parede de rebote (p. ex.: voleibol e pelota basca). 
 Campo e taco: rebater a bola lançada pelo adversário (p. ex.: beisebol e 
críquete). 
 Invasão ou territorial: analisa a capacidade de uma equipe introduzir oulevar uma bola (ou outro objeto) a uma meta ou setor da quadra/campo 
defendida pelos adversários, como o gol, a cesta ou o touchdown (p. ex.: 
basquetebol e rúgbi). 
 Combate (p. ex.: judô e esgrima). 
 
Se fizermos uma comparação entre os esportes e os jogos digitais, atividades 
às quais a atual geração de crianças em geral tem grande exposição, veremos que 
esses últimos são projetados para que o jogador sempre vença — mesmo que perca 
o jogo, sempre há a oportunidade de retornar e tentar novamente. Já nos esportes e 
atividades competitivas, assim como na vida, cada tentativa é única — pode-se jogar 
outra vez, mas nunca o mesmo jogo. Com isso, quando bem trabalhados, têm grande 
potencial educativo, para auxiliar as crianças a lidarem com a incerteza e a frustração, 
além de também desenvolverem o trabalho em equipe, o respeito às regras e o 
cuidado entre os colegas. É fundamental criar um ambiente que incentive o aluno a 
tomar cuidado com os colegas e não os machucar, e no qual ser ético e seguir as 
regras do jogo, independentemente da atuação do árbitro (professor), é mais 
importante do que vencer (ANTUNES, 2018). Isso gera uma postura educativa 
atitudinal fundamental às aulas de educação física. 
As ginásticas, por possuírem diferentes características, também são 
subdivididas em três grupos. A ginástica geral inclui atividades acrobáticas e 
expressivas, no solo ou em aparelhos. As ginásticas de condicionamento são voltadas 
para a melhora das valências físicas (força, resistência e flexibilidade). E as ginásticas 
 
29 
 
de conscientização corporal são realizadas por meio de movimentos lentos e suaves, 
em geral integrados à respiração, com o intuito de ampliar a consciência corporal, a 
fluidez e a vitalidade. 
A dança inclui movimentos rítmicos acompanhados de música. Também possui 
múltiplas manifestações, como dança de salão, balé, danças de roda, street, dança 
do ventre etc. Já as lutas incluem disputas corporais por meio de diferentes técnicas 
de combate e, em algumas delas, a execução de sequências combinadas de 
movimentos. As artes marciais orientais incluem também um conjunto de condutas 
éticas, que atribuem a essas práticas um caráter de desenvolvimento humano. Essas 
práticas são ótimas oportunidades para que os alunos aprendam a lidar com sua 
agressividade, expressando-a em um espaço seguro, sem machucar os colegas ou a 
si mesmos. Segundo Antunes (2018) basta que o ambiente criado seja de colaboração 
e respeito e que as regras das atividades e das aulas estejam explícitas de forma 
clara; uma delas é não lutar fora do espaço delimitado nas aulas. 
Para finalizar, as práticas de aventura exploram a proeza, a incerteza e os 
riscos controlados na relação entre os sujeitos praticantes e o ambiente. Elas incluem 
práticas realizadas na natureza, como mountain bike e tirolesa, ou na cidade, como 
skate e parkour. 
Ao organizar o planejamento dessas atividades no desenvolvimento de suas 
aulas, o professor de educação física deve levar em conta também a orientação da 
BNCC quanto a quais atividades realizar em cada ano do ensino fundamental. 
3.5 Educação física escolar: o que ensinar hoje em dia? 
Por si, a criança aprende ao movimentar-se: tudo começa ao observar o 
ambiente que a cerca, as pessoas que se relacionam com ela desde pequena, os 
objetos lúdicos que lhe são entregues ou são recolhidos por ela ao longo do caminho 
de modo intencional. Nessa fase da vida, absolutamente tudo se torna matéria a ser 
explorada e a curiosidade ganha forma com o ingresso no espaço escolar. Já no início 
da escolarização, a criança conhece a figura do professor, o qual, em tese, irá ensiná-
la todos os dias a desbravar conteúdos e diferentes locais que serão palco de 
saudosas lembranças quando ela crescer (salas de aula, corredores, parquinhos, 
pátio, biblioteca, etc.). Na escola, a criança aprende brincando dentro e fora da sala 
 
30 
 
de aula. É nesse ambiente pedagógico que ela terá contato com a educação física, 
desfrutando da oportunidade de experienciar práticas corporais planejadas e 
adequadas à sua faixa etária com vistas a potencializar as habilidades motoras e 
cognitivas, além de formar valores e atitudes intrínsecos à vida em sociedade durante 
esse processo de ensino-aprendizagem. 
É interessante observarmos que, atualmente, todo e qualquer conteúdo da 
educação física escolar está engendrado na cultura e por meio dela manifesta- -se, 
concretizando-se em práticas corporais (DARIDO, 2012). Tal percepção comprova-se 
no reconhecimento da cultura corporal de movimento, a qual se ramifica em práticas 
corporais: jogos, brincadeiras, danças, lutas, esportes, ginásticas e práticas corporais 
de aventura (DARIDO, 2012). Outro aspecto a ser levado em consideração diz 
respeito aos distintos ciclos de escolarização, pois eles não somente delimitam qual é 
o tipo de conteúdo a ser ensinado como também quais são as habilidades motoras a 
serem enfatizadas. Conforme já estudamos, a educação física é um componente 
obrigatório da educação básica e, portanto, possui espaço próprio no quadro das 
disciplinas do currículo (BRASIL, 1996; CAMPANELLI, 2019). Nesse horizonte 
formativo, a educação física está presente desde a educação infantil, passando pelos 
anos iniciais e finais do ensino fundamental, até atingir o ensino médio. Também é 
notável a sua importância no contexto da educação de jovens e adultos (EJA) 
(CAMPANELLI, 2019). 
Segundo a BNCC (BRASIL, 2017), a educação física está inserida no mesmo 
grupo das disciplinas de Língua Portuguesa, Artes e Língua Inglesa: a denominada 
área de Linguagens. Em termos práticos, esse entendimento implica que a educação 
física escolar seja pensada enquanto componente curricular obrigatório da educação 
básica que estuda determinada cultura, a qual será tematizada nas aulas dessa 
disciplina por meio de práticas corporais (BRASIL, 2017). Diante do exposto, um 
aspecto que ganha relevância é a continuidade do trabalho docente de uma seriação 
a outra. Cabe considerarmos a bagagem teórico-prática que os alunos trazem consigo 
e podem ser agregados aos conteúdos curriculares obrigatórios, constituindo uma 
estratégia de ensino a ser adotada no contexto escolar. Outro ponto que precisa ser 
sublinhado é que a BNCC traz o mínimo de conteúdos que precisam ser abordados 
em sala de aula, fato que não deve limitar a capacidade de o professor reinventar as 
suas aulas, adaptá-las e criar novos conteúdos, de modo a oferecer ao seu público-
 
31 
 
alvo não somente o mínimo exigido, mas sim uma formação sólida e de qualidade que 
realmente faça sentido frente à realidade da turma. 
No Quadro 1, a seguir, você pode conferir as unidades temáticas e os 
conteúdos que são objetos de estudo nas aulas de educação física durante os ciclos 
da educação básica na atualidade, conforme define a BNCC (BRASIL, 2017). 
 
 
De maneira geral, todos os conteúdos acima mencionados devem ser 
abordados nas aulas de educação física ao longo da educação básica. Entretanto, por 
vezes, certos conteúdos devem receber maior ênfase do que outros. Ciente disso, 
observe na Figura 1 a distribuição dos conteúdos programáticos a serem abordados 
nas aulas de educação física durante os anos iniciais e finais do ensino fundamental. 
 
32 
 
 
 
Outro aspecto importante a ser destacado é que as práticas corporais 
engendradas na cultura, as quais correspondem aos conteúdos curriculares da 
educação física escolar, podem ser trabalhadas em sala de aula sob as dimensões 
conceitual, procedimental ou atitudinal (DARIDO, 2012). No entanto, como isso se 
daria na prática? Não é de hoje que o objetivo das aulas de educação física não é 
mais memorizar e executar alguma técnica, mas sim superar a meratransmissão de 
conteúdos ao propiciar ao aluno um saber crítico e significativo sobre o objeto de 
conhecimento. O objetivo passa a ser a construção de conceitoscom base em 
aspectos históricos, dados estatísticos, localização dos fatos, entre outras 
informações consideradas relevantes. Essa dimensão conceitual do conteúdo não 
engessa o debate, pois incentiva os alunos a reunirem-se em círculos de conversa, 
trabalhos em grupo e até mesmo exposições com os conceitos aprendidos, refletindo 
 
33 
 
sobre como os conteúdos estudados afetam as suas vidas em termos práticos do dia 
a dia (DARIDO, 2012). 
Somadas à dimensão conceitual, ainda há outras duas dimensões dos 
conteúdos que o docente pode abordar nas suas aulas: a procedimental e a atitudinal 
(DARIDO, 2012). O que poderia ser trabalhado no âmbito dessas duas dimensões 
sobre as práticas corporais? É nesse ponto da discussão teórico-metodológica que a 
educação física escolar é entendido por muitos como “saber fazer” até hoje. Longe de 
ser apenas a prática pela prática do gesto motor, ou da aula prática, o “saber fazer” 
está atrelado a, justamente, colocar em prática os conceitos aprendidos sobre dado 
conteúdo da maneira mais adequada. Assim sendo, na dimensão conceitual o aluno 
entende que o mundo futebolístico afeta a sua rotina, pois está presente na mídia, na 
moda, nos mais diversos produtos consumidos e até mesmo no linguajar das pessoas. 
Já na dimensão procedimental, mais do que saber executar fundamentos, regras, 
técnicas ou sistemas táticos, ele é convidado a trabalhar em grupo com os seus 
colegas e a adaptar as regras do futebol à realidade escolar. Se não é possível 
executar o futebol espetáculo na escola, que tal praticar o futebol de seis “quadrados”, 
o misto, o de casal ou outra modalidade? 
Por fim, temos a dimensão atitudinal e, mais uma vez, a aula de educação física 
destaca-se ao incentivar e consolidar atitudes positivas por parte dos alunos. Os 
comportamentos estimulados pelo professor devem fundamentar-se em valores 
positivos para a formação do caráter dos estudantes e na moral íntegra que defende 
a veracidade dos fatos, estando acima dos condicionais da sociedade moderna sobre 
a relativização da verdade. A dimensão atitudinal viabiliza que o docente observe o 
comportamento espontâneo dos seus alunos no que concerne ao respeito ao próximo, 
às regras do jogo, à ajuda ao próximo para lidar com as suas dificuldades, à aceitação 
de perspectivas ou ideias diferentes para que todos ponderem sobre os prós e as 
contras da situação em conjunto e cheguem a uma decisão democrática, etc. 
junto e cheguem a uma decisão democrática, etc. Desse modo, podemos 
afirmar que os conteúdos a serem ministrados nas aulas de educação física escolar 
atualmente possuem um eixo estruturador comum: a cultura corporal de movimento 
(DARIDO, 2012). Por um lado, a obrigatoriedade das normativas vigentes definem o 
conjunto de unidadestemáticas a serem trabalhadas; por outro lado, a diversidade de 
conteúdos e ambientes formativos (escolas) abrem brecha para a realidade em que a 
 
34 
 
teoria não possui aplicabilidade direta com a prática em contexto escolar. Nesse 
contexto, cabe a você, futuro(a) docente, mediar o processo de ensino- -
aprendizagem por meio de práticas corporais que de fato façam sentido aos 
educandos e acarretem vivências sobre valores e atitudes direcionados à sua 
formação enquanto cidadãos. 
4 PLANEJAMENTO DE CURTO PRAZO NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR 
A educação física escolar consiste na proposição da construção e 
disseminação de conhecimentos que somente são acessíveis por meio do movimento. 
Os saberes historicamente construídos e culturalmente modificados que dizem 
respeito à cultura corporal de movimento devem ser trazidos à tona durante o 
aprendizado dos sujeitos que se encontram em fase escolar. Por isso, torna-se de 
fundamental importância que o professor consiga identificar e selecionar quais 
conteúdos deverão ser tematizados em cada fase de ensino, devendo, para isso, 
sistematizar tais conhecimentos. 
4.1 O planejamento de curto prazo 
Ainda que a educação física escolar seja considerada por muitos como um 
momento de mera prática de esportes e de lazer dentro da escolarização, sabemos 
que ela não se restringe somente a isso. Ela trata de um componente curricular capaz 
de proporcionar aos estudantes o acesso ao conhecimento socialmente construído e 
culturalmente modifi cado ao longo da história, possibilitando que novos 
conhecimentos também se produzam. Nesse contexto, deve-se dar sentido às aulas 
e proporcionar o avanço dos estudantes em suas habilidades e nas competências que 
são previstas em cada nível de ensino. Assim, é fundamental que o professor de 
educação física consiga traçar caminhos para a aprendizagem, estabelecer metas de 
apropriação de conteúdos e selecionar as melhores atividades e tecnologias que 
possam fazer com que seus alunos efetivamente tenham acesso à cultura corporal de 
movimento (LIBÂNEO, 2001). 
Dentro do universo educacional, vários são os documentos que buscam 
orientar os professores quanto aos objetivos que devem buscar em seus componentes 
 
35 
 
curriculares (PILETTI, 2008). Em geral, tais documentos são largamente debatidos e 
abordam conteúdos, habilidades e competências que devem ser atingidas em um 
amplo espaço de tempo, ao final de um ano de escolarização, de um ciclo escolar ou 
de um nível de ensino. Esses documentos, embora se constituam como 
direcionadores da ação educativa, não são capazes de estabelecer o que cada 
professor deverá trabalhar em cada uma de suas aulas, devendo esse docente eleger 
e desenvolver as melhores estratégias de ensino. 
O planejamento em um largo espaço de tempo é fundamental para orientar o 
professor quanto às habilidades e competências que devem ser desenvolvidas em 
seus alunos. No entanto, o planejamento em curto prazo também se torna de 
fundamental importância, já que é por meio dele que o professor, ao identificar as 
aprendizagens já consolidadas por seus alunos, consegue estabelecer metas, 
organizando e reorganizando atividades e estratégias para que outros objetivos sejam 
alcançados. 
No contexto escolar, o planejamento em curto prazo envolve uma aula ou uma 
sequência de aulas que deverão ser previamente estabelecidas para que o professor 
proponha certa ordem ao processo de ensino. Dessa forma, identificam-se quais 
aprendizagens os estudantes deverão construir e em quanto tempo tal ação deverá 
se desenvolver, estabelecendo-se também meios de avaliar constantemente se as 
decisões de ensino estão proporcionando a aprendizagem esperada nos estudantes. 
No processo de ensino-aprendizagem-avaliação, dois documentos são fundamentais: 
os planos de aulas e as unidades didáticas. 
4.2 Planos de aulas 
Os planos de aulas são a menor organização curricular que um professor 
elabora para facilitar a aprendizagem dos estudantes. Trata-se de um documento, 
como o próprio nome sugere, elaborado antes mesmo da aula, em que o professor 
delimita o que deve ensinar, como deverá ensinar, para quem tal ensino se propõe, 
quais objetivos deve atingir e quanto tempo demandará para que a aprendizagem se 
efetive. Também trata da avaliação de cada uma das aulas, pela qual o professor 
identifica se os objetivos propostos, as atividades sugeridas e os meios que escolheu 
para desenvolvê-las foram eficazes (VASCONCELLOS, 1995). 
 
36 
 
Um plano de aula de educação física escolar abrange os objetivos que serão 
alcançados em apenas uma aula desse componente, o que geralmente corresponde 
a um período de 30 a 60 minutos, dependendo da organização curricular de cada 
instituição. Embora tais objetivos sejam específicos a um curto espaço de tempo, eles 
devem estar em consonância com os objetivos mais amplos do componente curricular. 
Por exemplo, supondo que um dos objetivos que devem ser alcançados ao final do 
ano letivo seja “[...] identificar diferentes jogos e brincadeiras da cultura na qual a 
instituição de ensino está inserida” o plano de aula poderáse referir à vivência de 
apenas um desses jogos, estabelecendo um avanço processual na busca do objetivo 
maior. 
4.3 Unidades didáticas 
As unidades didáticas consistem em um planejamento que envolve uma ou 
mais aulas, que é necessário para a busca dos objetivos mais amplos. Seu 
desenvolvimento sugere uma sequência de aulas que tematizem um mesmo 
conteúdo, geralmente trazendo um mesmo objetivo. Utilizando o exemplo anterior, 
para alcançar o objetivo de “[...] identificar diferentes jogos e brincadeiras da cultura 
na qual a instituição de ensino está inserida”, o professor pode estabelecer uma série 
de aulas — ou apenas uma — para que ele seja alcançado, dependendo da 
quantidade de tempo necessária para que os estudantes consigam conhecer o 
conteúdo, explorá-lo e assimilá-lo. 
Os desenvolvimentos tanto do plano de aula quanto das unidades temáticas 
devem estar em consonância com os objetivos educacionais previstos para cada 
etapa ou nível de escolarização. Não há como estabelecer quantos planos ou 
unidades deverão ser desenvolvidos em cada turma, já que, embora um mesmo 
conteúdo seja abordado, os sujeitos que aprendem são diferentes, demandando mais 
ou menos tempo para assimilar certo conhecimento. Tais documentos são muito 
importantes, já que são capazes de colocar ordem e estabelecer metas e critérios de 
avaliação para o processo de ensino-aprendizagem-avaliação (PILETTI, 2008). 
O contrário disso, ou seja, a não elaboração de unidades didáticas ou de planos 
de aula, resulta em aulas improvisadas pelo professor, que, muitas vezes, resultam 
em atividades que não condizem com os objetivos educacionais ou que não 
 
37 
 
estabelecem uma sequência de consolidação de aprendizagens, tornando o processo 
confuso e ineficaz. Ainda, a elaboração de unidades e planos com pouco 
compromisso pode resultar em atividades mal definidas, que não se encaixam ao 
tempo disponível do professor, tornando a aula desorganizada e pouco efetiva em 
seus propósitos. De acordo com Piletti (2008) para elaborar as unidades temáticas e, 
consequentemente, os planos de aula, o professor deve elencar alguns elementos 
que se fazem necessários para prever as suas ações, os quais você conhecerá no 
tópico a seguir. 
4.4 Plano de aula 
Até aqui, você viu que o planejamento de curto prazo é de extrema importância 
para o desenvolvimento de uma aula que faça sentido e esteja de acordo com os 
objetivos maiores da educação. Neste tópico, você conhecerá alguns dos elementos 
que devem compor um plano de aula e, por sua vez, as unidades temáticas. É 
importante destacar que não há apenas um modelo de elaboração dos planos de aula. 
No entanto, quanto mais completo ele for, quanto mais o professor conseguir planejar 
e antever como se desenvolverá suas aulas, maior facilidade encontrará em executá-
las. Assim, a seguir, serão destacados os elementos principais, sem os quais não é 
possível planejar uma aula de educação física. 
 
Dados de identificação 
 
O primeiro item a ser expresso em um plano de aula são os dados de identifi - 
cação relacionados à proposta da aula. Embora seja bastante simples, nele se 
encontram informações que auxiliam o professor a pensar a sua aula. Nesse 
elemento, consta a instituição de ensino para a qual o plano foi pensado, o ano escolar 
em que os alunos se encontram, a quantidade de alunos previstos para a aula e o 
tempo que o professor terá para desenvolver o seu objetivo. Os dados de identifi 
cação, que geralmente se encontram no cabeçalho do plano de aula, referem-se à 
resposta para o questionamento: “para quem eu vou desenvolver minha aula?”. 
 
 
 
38 
 
Objetivos 
 
O objetivo (ou objetivos) é o principal elemento que um professor deve abordar 
ao desenvolver a sua aula. A partir dos dados previamente coletados acerca dos seus 
alunos e das vivências deles quanto à cultura corporal de movimento, o professor 
pode elencar objetivos que estejam de acordo com a parcela de estudantes com quem 
vai trabalhar. 
Os objetivos elencados pelo professor devem ser claros e estar de acordo com 
o que os planos de ensino e os documentos curriculares propõem sobre o ensino dos 
estudantes. Devem, portanto, partir de frases simples, que se iniciam com o verbo no 
infinitivo, como “conhecer os principais esportes de rede divisória da atualidade”. 
Esses objetivos escolhidos devem ser apresentados aos estudantes no início da aula, 
facilitando a compreensão destes sobre quais aprendizagens devem construir em 
determinado momento. 
Um equívoco bastante comum na elaboração de planos de aula é a formulação 
de frases que contenham mais de um objetivo ou a formulação de diversos objetivos 
em um mesmo plano, tornando a aula pouco precisa quanto ao que se propõe. Outro 
destaque diz respeito à utilização dos verbos, que devem ser expressos no infinitivo e 
expressar ações que permitam ao professor identificar se aquilo que foi proposto 
realmente foi alcançado pelos seus alunos. Os objetivos dizem respeito ao seguinte 
questionamento que o professor deve fazer: “[...] quais habilidades e/ou competências 
meus alunos devem apresentar ao final da minha aula?”. Eles devem estar 
relacionados às dimensões conceitual (saber), procedimental (saber fazer) e atitudinal 
(saber ser) (DARIDO et. al, 2001). 
 
Conteúdo 
 
O conteúdo diz respeito ao tema que será desenvolvido em aula, isto é, ao 
conhecimento propriamente dito que será abordado. No âmbito da educação física 
escolar, os conteúdos se referem às subcategorias dos esportes, da ginástica, dos 
jogos e brincadeiras, das lutas, das práticas corporais de aventura e das danças. 
De acordo com a BNCC (BRASIL, 2017), tais conteúdos avançam conforme se 
amplia o conhecimento. Isto é, nos anos referentes ao ensino fundamental, 
 
39 
 
primeiramente, tais conteúdos devem se referir às peculiaridades da comunidade na 
qual a instituição de ensino está inserida. Conforme avançam no ensino fundamental, 
os alunos devem assimilar conhecimentos acerca da cultura corporal de movimento 
da região na qual a instituição está inserida, do Brasil e de outras culturas que 
compõem a sociedade, aumentando o grau de compreensão que devem possuir. Esse 
elemento se refere, portanto, à resposta ao questionamento: “o que devo ensinar aos 
meus alunos?” 
 
Decisões metodológicas 
 
As decisões metodológicas se referem ao processo que será desenvolvido 
junto aos alunos, de maneira concreta, para que possam atingir os objetivos. Nesse 
elemento, encaixam-se as atividades que serão propostas, o tempo que será 
demandado em cada uma delas e os recursos tecnológicos que serão necessários. 
As atividades propostas devem seguir uma sequência lógica de 
desenvolvimento, sugerindo aos alunos que a aula possui um início, um meio e um 
final. As aulas de educação física, assim como as aulas de outros componentes 
curriculares, devem partir das vivências sociais concretas dos alunos, ampliando a 
sua compreensão acerca da cultura corporal de movimento. Assim, as primeiras 
atividades de um plano de aula ou de uma unidade didática devem ser 
preferencialmente aquelas que o estudante já conhece ou compreende a lógica, 
despertando o interesse para a ampliação do conhecimento (PILETTI, 2008). 
Em aulas que se desenvolvem de maneira teórica, é importante que o professor 
inicie com os saberes que os alunos já trazem consigo. Para isso, pode-se estabelecer 
rodas de conversa ou mapas conceituais sobre determinado conteúdo que se deve 
desenvolver. Em aulas práticas, além disso, também se fazem necessários 
alongamentos e atividades de aquecimento (que podem ocorrer de forma lúdica), no 
intuito de preparar o corpo para atividades que porventura possam ser mais vigorosas 
e estimular os estudantes às práticas corporais de forma saudável (GALATTI; PAES 
E DARIDO, 2010). 
O tempo para cada atividade deve ser considerado e estar vinculado ao tempo 
total da aula.

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