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DIREITO DAS ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS G1

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DIREITO DAS ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS – SAMANTHA MOURA RIBEIRO
Aula 1 – Rio, 13.08.14
G1: prova e trabalho; G2: prova 
Não terá aula do dia 16 a 23 de setembro e nos dias 29 e 31 de outubro 
INTRODUÇÃO ÀS ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS
-História
Quando começou a se organizar o sistema internacional é que se dá o reconhecimento da soberania dos Estados; e o marco do direito internacional foi a Paz de Vestefália, que foram os acordos de paz que sucederam a guerra dos 30 anos (católicos e protestantes) e se reconheceu que cada Estado teria sua soberania dentro do seu território, não estando sujeito a um poder supranacional. Esses tratados ficaram conhecidos como atos públicos de desconsideração da autoridade internacional do papado. 
Teve a existência do sistema de coexistência de múltiplos Estados (abandono da ideia hierárquica) – livramento do poder do imperador. 
A maioria desses tratados que são precursores da ordem internacional ocorreram na Europa.
Pré requisito para surgimento das OI:
Existência de Estados soberanos que se reconhecem como tal;
Necessário existir um comércio ou interesses políticos que unissem os Estados e para que eles se comunicassem entre si;
Reconhecimento dos problemas que surgem dessa coexistência; 
Necessidade de criar organizações. 
Começaram a surgir diversos movimentos que levaram à organização do organismo internacional: industrialização, aumento do comércio e da produção, imperialismo europeu, maior interação entre elites e lideranças de movimentos sociais – EUA e Europa.
Em 1815 (Guerras Napoleônicas), teve o Congresso de Viena para tratar da ordem internacional de forma mais geral e restabelecer o mapa da Europa após a expansão Napoleônica para gerar equilíbrio de poder e manter a paz, estabelecendo regras para o jogo imperialista.
Depois do Congresso de Viena tiveram algumas conferências para manter a paz – Sistema de Haia. Havia pretensão de universalizar a participação. Preocupação com a paz além do conflito específico – como fazer para manter a paz como princípio específico do cenário internacional.
Em 1990, teve a Conferência Pan-Americana – focado no desenvolvimento daquela região, visando ter divulgação de oportunidades comerciais para países-membros, plano de arbitragem para solução de controvérsias, melhoramento das comunicações. Aí que se criou a Organização dos Estados Americanos. 
Depois da 1ª GM, foram retomadas tais iniciativas -> Liga das Nações (1919) –foi importante porque foi a primeira OI universal e deveria organizar com base em princípios e regras estabelecidas previamente, com a intenção de ter durabilidade. Porém, fracassou, pois teve a 2ª GM. 
Posteriormente à guerra, surgiu a ONU -> contexto da Guerra Fria (hegemonia dos EUA). Juntava a questão da administração pelas grandes potências (têm maior responsabilidade), tem a pretensão de universalização a partir do legalismo, ou seja, querer que os mecanismos sejam aplicados independe do tamanho do Estado, organizações funcionais para resolverem problemas em áreas específicas e a questão da liga das nações (sistema de proteção coletiva para manter a paz). 
-Organizações Internacionais Não Governamentais
São associações privadas, que funcionam de forma não lucrativa – exemplo: Cruz Vermelha, Human Rights Watch. 
-Organizações Internacionais Regionais 
Formadas em áreas específicas e acontecem por existir identidade regional, que pode ser por interesse político ou econômico, e surgem porque a junção de forças econômicas é favorável ao desenvolvimento e a melhores condições de competição. 
A Carta da ONU, art. 52, reconhece a compatibilidade de organizações regionais, inclusive adotando forma de solução pacífica de controvérsias. 
-Por que as OI surgem? O que elas têm em comum?
O Sistema Internacional funciona na base da cooperação sem uma autoridade central, supranacional reconhecida. Com isso surgem muitos mecanismos para ordenar as relações. 5 arranjos importantes que formam as OI:
Arranjos ad hoc -> acontece quando não existe espaço adequado para uma negociação. Exemplo: tribunais da ONU para crimes específicos que surgem para julgar crimes internacionais contra a humanidade 
Multilateralismo -> coordenação de relações entre três ou mais estados, de acordo com um conjunto de princípios. Reciprocidade difusa (expectativa de que ambas as partes vão cumprir o acordo); indivisibilidade -> todos os princípios acordados sejam aplicados a todos os estados envolvidos. Exemplo: OMC
Regime internacional -> sistema de arranjos multilaterais que os Estados constroem para reger suas relações em uma área específica
Alianças militares -> coalizões de Estados formadas para enfrentar um inimigo real ou em potencial. Exemplo: OTAN para enfrentar a URSS
Segurança Coletiva -> compromisso dos Estados de agir coletivamente no caso de ameaça à paz ou à segurança de qualquer Estado. Exemplo: ONU
Características principais:
As OI são criadas por tratados – fundamento convencional -> Estados têm que manifestar vontade. 
Tem natureza institucional, porque são mecanismos de cooperação
O status e a autoridade de cada OI depende do tratado que dá origem a ela.
Elas têm autonomia relativa com relação aos Estados Membros
Têm personalidade jurídica
E podem ter projetos próprios.
Objetivo das OI 
Cultura comum ligada a promover a segurança e o desenvolvimento. A legitimidade delas é baseada na adesão dos Estados. 
-Influências na Sociedade Internacional: 
Espaço social e físico, onde negociações de curta, média e longa duração podem ser realizadas
Elaboração de projetos de forma permanente 
Mecanismo de gestão de normas e regras
Mecanismo de monitoramento dos Estados: reciprocidade difusa
Sentimento de obrigação moral dos Estados Membros de aderir àquela norma 
-Processos decisórios
São diferentes em cada OI. São delineados com base no que foi estabelecido no tratado – baseado no tema e no instrumento constitutivo da OI. 
Poucas OI adquirem autoridade supranacional, sendo a maior parte das decisões apenas recomendações que o Estado implementará se fizer parte da OI. 
-Correntes sobre as OI
Realismo
É baseada numa diferença entre a ordem doméstica e a internacional (anarquia, desordem, guerra) – acham que as OI não mudam as relações de poder, que os Estados estão sempre procurando ganhos relativos (estarem melhores do que os outros Estados), então tem esforços em um sistema competitivo e anárquico. As OI são eficientes quando são usadas por Estados com o mesmo interesse e usam a OI como instrumento de poder.
Liberalista
Crença na racionalidade como base da humanidade, que levaria ao progresso na ordem nacional e internacional. As OI podem mudar as relações de poder, pois os mecanismos como arbitragem e direito são racionais poderiam gerar a paz. Os Estados têm ganhos absolutos, pois maximizam os bens em um contexto de competição. A OI traz expectativa de reciprocidade e continuidade – expectativa de cooperação, gerando progresso, mudando as atitudes dos Estados. 
Funcionalismo
Acredita que o jeito de ordenar o sistema internacional seria numa rede de organizações transnacionais. Fazem conexão entre a guerra e os problemas sociais – guerras acontecem por causa da pobreza, miséria. Tem que ter agências funcionais focadas na resolução de cada um desses problemas. Focando em uma área, atinge um interesse comum e acreditam no transbordamento: a partir da cooperação em duas áreas se constroem valores comuns que podem influenciar a área político. Crítica: separação entre técnica e política 
Neofuncionalismo
Olham o processo de integração entre a Europa e chegar a conclusões para a ordem internacional geral. Acreditam no transbordamento também e vêem as OI como autores centrais na expansão da cooperação. Dão centralidade às relações regionais, diferente do funcionalismo, acredita que o foco deva ser na região e tem a pesquisa muito direcionada nos sindicatos, associações e partidos políticos, além das agências. A crítica é a mesma da anterior.
Marxismo
Acreditam quea estrutura do sistema capitalista e os interesses são essenciais para entender a sociedade internacional, sendo focado nas relações de poder, mas acreditam numa revolução, e que o sistema internacional é anárquico como forma de manter o poder. 
Perspectiva Cosmopolita 
Busca pela governança global, sem a autoridade maior. Se baseia em dois grandes fundamentos: existência de valores universais e o déficit democrático (falta da participação dos indivíduos nas organizações) 
Construtivismo
Acredita na construção social de identidades e interesses. Os interesses dos Estados e das OI são construídos num contexto social e de forma concomitante. Práticas discursivas faz com que as pessoas num processo de justificar suas ações entram num debate, sendo capaz de mudar suas ações. Seria um espaço de debate e deliberação racional. Papel fundamental das OI: podem mudar interesses e identidades dos Estados e de outros atores: arenas em que normas e expectativas sobre o comportamento internacional são desenvolvidas. 
-Desafios
Apesar dessas discussões teóricas, existem desafios reconhecidos no sistema internacional e que as OI enfrentam:
Ineficiência – alocação de recursos sem benefícios
Burocracias inflexíveis (recrutamento multinacional – crítica técnica)
Intervenções sem aprovação do Conselho de Segurança da ONU – não tem autoridade
Dificuldade de avançar em agendas sociais e de meio ambiente 
Contradição entre as normas universais da ONU e a realidade política internacional 
Ceticismo
Legitimidade: ausência de uma cultura comum robusta e problemas de participação 
-Perspectiva do Direito
Pretensão de substituir a falta de autoridade central global por instituições e normas. Continua respeitando a soberania dos Estados no momento em que decidem aderir a um sistema de normas. Esforço de alcançar sistema de instituições mais integradas e coerentes (para ter legitimidade e autoridade), a fim de transformar a diplomacia orientada pelo poder, baseada no equilíbrio do poder, na adjudicação orientada por normas, baseada na “rule of law”. 
...................................................
Aula 2 – Rio, 15.08.14
ONU
Vocação e pretensão universal que a ONU tem. A partir da carta da ONU os Estados quando convencionaram o surgimento da ONU praticamente colocaram como propósito desta todas as questões mais importantes das relações internacionais, principalmente a manutenção da paz e da segurança.
-Personalidade jurídica 
Na carta constitutiva não existe nenhuma declaração expressa para conceder a ONU personalidade jurídica, porque os Estados tinham receio de estar formando um superestado, não queriam abrir mão da soberania deles. Não queriam uma instituição mais poderosa do que os Estados.
Mas a própria pratica da ONU acabou fazendo se reconhecer a personalidade jurídica da organização. Isso foi expressamente reconhecido Convenção sobre Imunidade e Direitos – arts. 104 e 105. A ONU tem algum tipo de personalidade reconhecida pelos Estados, mas também uma personalidade jurídica internacional objetiva. Não há cláusula explícita na carta constitutiva dando esse reconhecimento, mas na prática e nas próprias funções da organização essa personalidade é reconhecida – CIJ, Parecer no caso das Reparações dos Danos. 
-Requisitos para a personalidade:
Dado que a própria CIJ reconhece a personalidade implícita da organização, a doutrina começou a falar quais eram os requisitos para isso:
Origem da organização por um acordo internacional entre os Estados
Possuir órgãos que expressam vontade distinta da dos Estados-membros 
Possuir propósitos definidos a serem realizados no exercício de suas funções
Apesar de não haver um reconhecimento expresso, com as suas agências especializadas acaba agindo na ordem internacional que faz com que seja reconhecer a sua personalidade jurídica para o exercício desses atos. 
-Comprovação da personalidade 
Faculdade de agir como entidade própria; adotar decisões obrigatórias para os seus membros; engajar-se no direito da Guerra e da Paz; exercer amplas funções diplomáticas.
-Competências da ONU
1ª Corrente -> Interpretação Literal da Carta: é uma interpretação conservadora. O âmbito de atuação da ONU está restrito ao que está escrito na carta. Apesar do tratado ser sus generes, é um tratado que só pode obrigar os Estados naquilo que foi acordado, não podendo ultrapassar esses limites. Nega a personalidade jurídica da ONU, porque não existe uma emenda na Carta que deixe isso expresso – emenda explícita. 
Personalidade jurídica derivada -> É uma personalidade jurídica que depende dos Estados, sua personalidade é inerente aos Estados.
A crítica que se faz é que uma posição muito conservadora e não é o que se vê no costume internacional na prática. 
2ª Corrente -> Doutrina dos “Poderes Inerentes” da ONU: a CIJ, em outro parecer, fala que quando o ato da organização estiver entre os seus meios para atingir os fins definidos na carta, a organização estará cumprindo seu propósito. Então, não precisa ficar restrita à carta, porque nem todos os seus poderes estão explícitos na carta. 
Existem atos que independem da posição dos Estados, podendo-se reconhecer a sua personalidade. 
3ª Corrente -> Doutrina dos “Poderes Implícitos” da ONU -> corrente adotada majoritariamente -> reconhece o fim do monopólio da personalidade pelo Estado, mas esta personalidade não está no mesmo nível da personalidade jurídica do Estado. Todos os atos deverão estar vinculados com o que está na Carta. O ato tem que estar ligado a algum propósito estabelecido na Carta.
-Conclusões sobre a questão da personalidade da ONU:
Apesar de ter teorias que não existe a expressa cláusula atribuindo a ONU personalidade, nunca houve alguém que dissesse que ela não tem capacidade para realizar acordos, ou seja, nunca negou sua capacidade, portanto, o costume da ordem internacional, mostra que essa personalidade pode ser sim reconhecida. 
Aceitação de capacidade não limitada aos dispositivos da Carta
Problema: multiplicação de acordos: diminui o valor e significado de suas recomendações aos Estados-membros 
Poderes implícitos + efetividade institucional
-A carta da ONU é uma constituição ou tratado?
Essa discussão existe porque tem uma dimensão constitutiva, seus ideais refletem na ordem internacional, mas sua estrutura decorre de um tratado. Então existe essa discussão doutrinária.
A conclusão é que é um tratado diferente, sus generes, que dá origem a uma instituição internacional própria.
-Distribuição interna de competência 
Arts. 33, 34 e 36 a 49 -> separação dos poderes: Conselho de Segurança e Assembleia Geral (especialização interna)
Uniting for peace – art. 24 e art. 27: ou seja, quer unanimidade – competência residual em consolidação. O veto só pode ocorrer no Conselho de Segurança, mas na Assembleia Geral não. que é aquele arranjo feito pela ONU para conseguir contornar a paralisação do Conselho de Segurança pela otimização do poder de veto. -> quando um dos países que seja membro permanente veta uma intervenção no CS é possível convocar uma AG para decidir aquele caso em 24h. E aí com isso consegue-se contornar a paralisação pelo poder de veto. E esse é um exemplo de mecanismo que não está previsto na carta e que é aceito. 
-Consenso
Hoje existe uma tendência à adoção do Consenso, que é uma técnica de que deve haver negociações, em vez de apenas submeter o assunto às votações, são feitos esforços para que todos os presentes concordem. Tem técnica de flexibilidades e acordos. O objetivo é assegurar a eficácia do resultado, porque um acordo negociado é melhor do que um pronunciamento unilateral. 
-Questão da insuficiência da carta
As especificações de competência não foram suficientemente abordadas na carta, então teve que haver expansão dessa competência na prática. 
Um exemplo clássico disso é a questão da descolonização, que foi uma declaração que foi decida por uma resolução, e com isso a ONU tomou para si o papel de se engajar e proteger os povos colonizados, começando umacampanha dentro da comunidade internacional para começar uma descolonização. A base jurídica para isso está no art. 1º da carta que é o princípio da autodeterminação, mas a partir disso mudou-se o costume internacional e foi reconhecida a autodeterminação dos povos como um direito. -> ONU condenando o colonialismo político, cultural e econômico. 
-Natureza jurídica dos atos da ONU
Podem ser atos de exortação, ou seja, de insuflar a comunidade internacional a buscar aquilo ou declarar a importância, atos para ter adoção de ações por Estados ou adoção de vários atos que ao longo do tempo corroboram ao aceitamento daquele princípio – esse consenso faz concordar com aquele princípio ou direito. Logo, tem a cristalização de novos princípios, geralmente acompanhados de mecanismos de supervisão e controle. 
-Fatores que afetam a relevância da revolução:
1) Intenção de formular proposições, normas ou princípios existentes de direito internacional – exemplo: declaração da assembléia geral da ONU sobre Proibição do Uso de Armas Nucleares e Termonucleares -> a ONU achou por bem declarar aquele princípio e deixar explícito
2) Método decisório -> consenso – forma de estender o direito internacional a novas áreas – exemplo: declaração sobre os princípios jurídicos que regem as atividades dos Estados na exploração do uso do espaço cósmico 
3) Função do direito e de considerações jurídicas no processo decisório
-Efeitos jurídicos dos atos da ONU
Por haver essa diversidade de natureza dos atos jurídicos, os efeitos jurídicos são também diferentes.
Contraste entre: 
Recomendações da Assembleia Geral (arts. 10 a 14) das decisões do Conselho de Segurança (art. 25);
Múltiplas resoluções (de 1946 a 1996 – mais de 2.000). Muitas têm caráter apenas obrigatório, com o objetivo de estabilizar expectativas e superar incertezas. 
Accords en forme simplifiée- acordo entre membros de determinado órgão internacional -> caráter obrigatório quando relativos à estrutura e ao funcionamento interno da Organização.
Determinam fatos ou situações legais concretas – válidas apenas para o caso específico.
Resoluções mandatórias (como as decisões do CJ) – estrutura interna: admissão, suspensão, etc. 
-Relação com as fontes do direito internacional
Conexão entre a natureza jurídica e efeitos dos atos das organizações internacionais à questão das fontes do direito internacional. Elas contribuem para moldar o direito internacional costumeiro, cristalizando princípios gerais emergentes
Multilateralismo como compensador das diferenças de poder entre os Estados – técnica do consenso
Modos distintos de formação de normas de direito internacional – possibilidade de externar pontos de vistas variados.
OIs facilitam a conclusão de tratados (trabalhos preparatórios) e não raro têm papel relevante na implementação dos mesmos (Sistema Internacional de Proteção aos Direitos Humanos). 
Art. 38, ECIJ -> fontes clássicas do direito. -> “A Corte, cuja função é decidir de acordo com o direito internacional as controvérsias que lhe forem submetidas, aplicará: a) as convenções internacionais, quer gerais, quer especiais, que estabeleçam regras expressamente reconhecidas pelos Estados litigantes; b) o costume internacional, como prova de uma prática geral aceita como sendo o direito; c) os princípios gerais de direito, reconhecidos pelas nações civilizadas; d)sob ressalva da disposição do art. 59, as decisões judiciárias e a doutrina dos juristas mais qualificados das diferentes nações, como meio auxiliar para a determinação das regras de direito”. 
Esse artigo está incompleto, por causa do efeito dos atos internacionais das organizações internacionais. Porém esse silêncio não tem impedido a Corte de aplicar o direito interno de algumas OI. 
Incompletude do art. 38 1) o silêncio do art. 38 sobre as resoluções das OIs, não tem impedido a Corte de aplicar o direito interno de algumas OIs. 
2) Tendência a se atribuir às resoluções, principalmente as declarações da Assembleia Geral da ONU, o caráter de fonte, ao menos subsidiária ou auxiliar do direito internacional, a ser acrescentada às fontes clássicas elencadas no art. 38 do ECIJ. 
3) Constituem precedentes para a formação de costume. 
-Controvérsia 
Ressalva: Natureza e efeitos diversos (recomendações, regulamentos, decisões, declarações, etc.) tornam difícil a inclusão dos atos das OI como nova categoria de fonte. 
Cançado Trindade: “...as dúvidas e incertas que circundaram, por exemplo, o costume, os princípios gerais do direito, a equidade não impediram que fossem estas categorias incluídas na enumeração das fontes do direito internacional (...) As incertezas que pairam sobre as resoluções das OIs não nos parecem suficientemente fortes de modo a justificar a sua continuada exclusão”. Acredita que da mesma forma que existem incertezas quanto aos princípios gerais, a prática ajudou a consolidar bastante. 
-Carta da ONU
Capítulos V e VII
Art. 27 -> 1) Cada membro do CS terá um voto; 2)As decisões do CS, em questões de procedimento, serão tomadas por um voto afirmativo de novo membros; 3)As decisões do CS sobre quaisquer outros assuntos terão tomadas por voto favorável de nove membros, incluindo os votos de todos os membros permanentes, ficando entendido que, no que se refere às decisões tomadas nos termos do capítulo VI e do nº 3 do art. 52, aquele que for parte numa controvérsia se absterá de votar. 
-Caso do Canal de Suez – analisar artigo 27 
1) Qual seria a opinião de cada uma das três correntes concernentes à competência - para evitar que o direito de veto se submetesse a assembléia geral? Não teria sido de acordo com a primeira, pois quem deveria ter decidido sobre isso seria o conselho de segurança e não a assembleia. Apesar de ter se seguido o direito de veto, como foram utilizadas as Forças de Paz, tal ato deveria ter sido realizado pelo conselho e não pela assembleia, não seguindo ao pé da letra o que está proposto na carta, que é o que a primeira corrente afirma. 
Seguiu-se melhor a terceira corrente, 
2) O que se pode dizer sobre o conceito de soberania de Estado? A soberania está ampliada ou restrita tendo em vista, de um lado, o direito de veto, e de outro a competência residual da Assembleia Geral? Por um lado a ONU tenta manter com o veto as maiores potências terem mais poder, excluindo os outros, por outro, tem uma tendência de igualdade jurídica entre os membros maiores com a competência residual da assembleia geral – então se o primeiro caso restringe a soberania, o segundo minimiza esse feito. 
..................................................................
Aula 3 – Rio, 20.08.14
CONTROLE DE LEGALIDADE DOS ATOS DA ONU
É um assunto controverso, porque tem correntes diferentes que tentam explicar a função da ONU. De acordo com a doutrina adotada se terá uma percepção diferente do que seria esse controle de legalidade dos atos da ONU.
Não existe um autoridade supranacional para implementar as decisões como também para controlar se aqueles atos da ONU são legais ou não, se são até constitucionais (no sentido de “due of law”). Cada órgão que acaba sendo o responsável por decidir sobre sua própria competência, portanto. Não há órgão especificamente responsável no plano do direito internacional; cada órgão principal determina sobre os seus próprios atos. 
Cada vez mais surge o entendimento de se criar formas de controle e de revisão dessa legalidade dos atos da ONU. Ainda que se adote a teoria dos atos dos poderes implícitos (a competência da ONU decorre dos poderes da Carta) esse controle seria possível. -> necessidade de técnicas de revisão e controle – não abandono da doutrina dos poderes implícitos. Dentro desse objetivo de criar controles de legalidade dos atos da ONU os mecanismo mais adotados são:
Submeter o caso a CIJ
Exame por outro órgão - pareceristas ad hoc
Causa discussão sobre adotar mecanismos para garantir o “due processo f Law”, que seriam o contraditório e ampla defesa. Isso ocorre quando tem decisão da ONU impondo puniçãoa algum Estado. -> Tema da implantação do due processo of law: objeção razoável a uma moção na AG: exame por outro órgão (exemplo: consultoria jurídica – precedentes e perspectivas),
No plano processual, o que se entende como sendo controle de legalidade seria dar a algum órgão da ONU, é a adoção de estudos preparatórios, ou seja, você dá a um órgão da ONU o dever de suscitar os fatos, analisar o que é relevante para aquela controvérsia de forma a clarear os fatos, chegar a uma negociação e possivelmente a um consenso.
Quando se discute a questão do controle de legalidade dos atos da ONU, a doutrina majoritária teme a posição legalista e reacionária, que é a interpretação literária da carta -> Porque o grande mérito da ONU é a possibilidade dela se adaptar ao longo da evolução da sociedade internacional e essa capacidade de adaptação se dá principalmente pela abertura da interpretação da Carta – justamente pelo fato da Carta não ser escrita de forma rígida e formal, ela permite que haja métodos de interpretação que faça que a ONU persista e continue sendo minimamente efetiva diante da mudança dos cenários do sistema internacional. -> grande capacidade de adaptação. E isso se dá através de três métodos – métodos informais: 
Isso se dá pela não aplicação dos artigos 108 e 109 e de outros dispositivos da Carta da ONU (são os relativos à emenda formal da Carta da ONU). Existem discussões hoje de que a Carta deveria ser emendada, mas o entendimento é de que a própria prática e do que é aceito do âmbito de atuação da ONU já teria o poder de reforma da carta.
O segundo método de adaptação seria a conclusão de acordos suplementares, que esclareçam algum tipo de interpretação, controvérsia com relação a algum artigo ou que passem a abranger alguma área específica, que podem cobrir algo não expresso na carta. 
E o terceiro método é a interpretação sistemática e teleológica, que faz com que a partir do momento que se considere os propósitos e os princípios colocados nos primeiros artigos da Carta da ONU, se consiga neutralizar outros artigos que excluirão a atuação da ONU na ordem internacional - é a interpretação através de princípios, conseguindo assim neutralizar os artigos que restringem a atuação da ONU. Isso seria uma opção pela interpretação efetiva, que faz com que os princípios sejam possíveis e viáveis, em detrimento de uma interpretação restritiva e liberal. 
A primeira jurisprudência com relação a isso, com relação a Corte Internacional de Justiça, vem em 1962 – Caso relacionado à cobrança de despesas, em que houve conflito de competência entre os órgãos e a determinação da CIJ é que cabe a cada órgão da ONU decidir sobre a sua própria competência e essa decisão tem a presunção de veracidade prima facie, ou seja, havendo alguma objeção à competência do órgão da ONU, cabe a esse próprio órgão decidir se ele é competente ou não e essa decisão a priori é tida como válida. 
Parte do pressuposto que toda a ação que se mostre apropriada para a realização de seus propósitos expressos não pode ser considerada como ultra vires da Organização (além dos poderes – não pode ser considerado como uma ultrapassagem dos limites dos poderes da organização) – isso lembra a expressão da teoria dos poderes implícitos. Isso causa cisão na doutrina:
Não admissão dos efeitos jurídicos dos atos “ilegais” da ONU -> (Kelsen defende isso).
Ponto de vista oposto: exemplo do Uniting for Peace
A partir do momento que se aceita que é possível que a ONU pratique atos ilegais no sentido de extrapolar a sua competência, admite-se os efeitos jurídicos desses atos legais ou não. E aí justamente os defensores da doutrina dos poderes implícitos como Kelsen, vai defender o ponto de vista oposto: defendem que ainda que o ato seja ilegal, do ponto de vista de não estar previsto na carta, ele tem efeitos jurídicos e ele deve ser admitido. 
E aí Kelsen dá o exemplo do Uniting for Peace: que é aquele arranjo feito pela ONU para conseguir contornar a paralisação do Conselho de Segurança pela otimização do poder de veto. -> quando um dos países que seja membro permanente veta uma intervenção no CS é possível convocar uma AG para decidir aquele caso em 24h. E aí com isso consegue-se contornar a paralisação pelo poder de veto. E esse é um exemplo de mecanismo que não está previsto na carta e que é aceito. Logo os efeitos ilegais, no sentido de não estarem previstos na carta, podem sim causar efeitos jurídicos. 
-Due Process of Law 
No caso do Due Process of Law, a maior preocupação é quando se impõe condenação a um Estado (preocupação central) – por exemplo no caso do Uniting for Peace: se utilizou de um mecanismo que não estava previsto na carta para convocar uma assembleia, que então decide alguma coisa condenando um Estado - a doutrina defende que nesse caso deveriam haver mecanismos que garantissem esse due process of law, ou seja, direito de resposta daquele Estado e o levantamento objetivo dos fatos (contraditório e ampla defesa - fair heraring), que teria a ver com a instauração de inquéritos – esse tema é apontado pela doutrina como um tema pouco explorado, que agora está começando a ter atenção, mas em termos de doutrina teórica é pouco explorado.
Se nota que a Carta da ONU foi emendada pela prática em relação a toda a questão de distribuição de competência, principalmente a parte inicial, que é a parte constitucional, que estabelece quais são os princípios e os propósitos da organização. 
-Com isso, surge o conflito de competência entre a ONU e os próprios Estados Membros 
Há uma tendência cada vez maior na ordem internacional com as OIS, principalmente com a ONU, começar a ter ingerência sobre assuntos que até então eram assuntos de ordem interna do Estado. Nota-se um contraste entre o artigo 2 a 7 (que impõem obrigações aos Estados Membros) e os artigos 25 a 51 (normas voltadas ao sistema internacional), porque enquanto em uns eles falam do respeito à soberania do Estado, os outros falam de tudo que a ONU deve fazer para garantir que aquela ordem internacional continue em paz e funcionando, e muitas vezes para isso a ONU vai precisar impor obrigações ao Estados, surgindo aí um conflito. 
Com isso surge, principalmente na área de direitos humanos, competências que acabam sendo compartilhadas da ONU e de organizações específicas e dos Estados Membros. Com isso, surge problema de interpretação mais uma vez, porque para decidir quem vai ter competência, terá que recorrer interpretação da Carta. 
Esse problema de interpretação se torna ainda maior e mais relevante no que diz respeito à Cláusula Nacional de Competência Exclusiva. Essa cláusula está no artigo 2(7) da Carta: “Nenhuma disposição da presente Carta autorizará as Nações Unidas a intervir em assuntos que dependem essencialmente da jurisdição interna de qualquer Estado, ou obrigará os membros a submeterem tais assuntos a uma solução, nos termos da presente Carta; este princípio, porém, não prejudicará a aplicação das medidas coercitivas constantes do capítulo VII”. esste artigo foi inserido para proteger a soberania dos Estados ou pelo diz ter esse propósito, como um contrapeso ao fato das competências da ONU estarem em processo de expansão, e na verdade foi uma reedição de uma cláusula da Liga das Nações, que pretendia justamente salvaguardar a soberania dos Estados.
Só que a inserção dessa cláusula aconteceu no meio de um debate de legalistas (que pregavam a interpretação literal da carta e por isso defendiam que deveria haver na Carta uma determinação precisa das competências) e os defensores da interpretação gradual (aqueles que achavam que a Carta deveria ter dispositivos de cunho mais geral, aberta à interpretação que possibilitasse a evolução da instituição junto com a sociedade internacional). 
-E aí entra a questão: de quem é a competência para interpretar, em caso de conflito de competência?
CLÁUSULA DE EXCLUSIVIDADE DE COMPETÊNCIA NACIONAL
Tem a regra da Cláusula de Exclusividade de Competência Nacional – vamos supor que tem um conflitoentre dois países, o caso é levado a ONU e aí um dos Estados objeta a intervenção da ONU, dizendo que aquela questão é uma questão de direito interno do Estado e deve ser resolvido pelos trâmites do seu direito interno – quem irá resolver então e dizer de quem é a competência? Tem a teoria de que isso seria solucionado pelos Estados-Membros, mas ela foi rejeitada. A interpretação pelos vários órgãos da organização é a que tem prevalecido, que é a teoria de que cada órgão decide sobre a sua competência. A base dessa interpretação também está muito ligada a questão de que a linha divisória entre essas competências não está na carta, mas decorre da interpretação dos princípios, que é a interpretação dos propósitos. E aí um exemplo seria a formulação da seguinte pergunta -> Afeta de alguma forma a paz mundial? Se sim, incita imediata competência da ONU. E quando se pensa que essa teoria que é defendia pela prática defende a competência do órgão, e a base disso é a questão da linha divisória não estar na carta, mas decorrer de seus princípios e propósitos, ou seja, em última análise vai decorrer da interpretação teleológica e sistemática da carta, a partir do momento que se fala que a interpretação é a da carta, a competência recai sobre a ONU – E aí o que acontece com a cláusula que queria defender a soberania dos Estados? Percebe-se que se teria uma sobre-guarda artificial (como coloca Cançaso Trindade), ou seja, tem seu significado esvaziado, pois na prática as objeções colocados pelos Estados são na verdade analisados pelos órgãos da ONU que na maior parte das vezes decidem sobre a competência com base nos propósitos estabelecidos na carta e pelo entendimento de se há alguma ameaça à paz ou não. 
Wright: “O futuro das Nações Unidas não é determinado pela Carta, mas pelo que se faz dela...” Tem que ter me mente a questão da interpretação aberta da Carta, que no fundo a única coisa que realmente define são os propósitos e os princípios estabelecidos na Carta. 
Na própria decisão dos órgãos sobre a competência deles para agir em determinadas situações em que há objeção com base na cláusula de exclusividade, tem se notado que eles evitam discutir essa questão diretamente. Normalmente, eles falam da questão da competência já misturando ao mérito, e aí se percebe que eles ou completamente ignoram a objeção do Estado ou rejeitam na própria discussão do mérito, e aí eles vão firmando uma interpretação da Carta que não é uma interpretação absurda, mas possível dentro da teoria dos poderes implícitos, que é a adotada pela maior parte da doutrina e na prática. 
Os críticos dessa doutrina dizem que o próprio dispositivo dá ensejo a isso, porque é um dispositivo extremamente ambíguo, que não determina qualquer tipos de procedimentos para aquela a cláusula seja adotada e a própria definição do que seria exclusividade do Estado fica aberta, sem nenhum tipo de rol exemplificativo ou taxativo. E justamente a interpretação sistemática da Carta ou a própria interpretação de artigos combinados, que falam de competências da assembleia geral para discutir qualquer assunto de interesse no âmbito internacional, combinado com o artigo dessa cláusula, tem objetivo de esvaziar aquela cláusula, pois é a própria ONU que vai definir a competência e ela tem a seus dispor todos esses artigos para interpretar junto com aquele – é uma interpretação possível essa de esvaziar a cláusula de exclusividade.
Essa foi a posição adotada pela CIJ (em 1950 e depois em 1971) – primeiras vezes que a Corte refutou expressamente a cláusula de exclusividade, porque a base eram os direitos humanos, então se referiu aos arts. 55 e 56 (Estados que ratificaram a Carta tem o compromisso de cooperar com esses objetivos da ONU) – refutou a objeção com base no artigo 2(7), aplicando os artigos 55 e 56. -> ou seja, ao analisar o art. 55 basicamente a ONU teria competência para intervir em qualquer assunto constitucional ou ligado à dignidade da pessoa humana dentro de qualquer Estado. E a prática tem mostrado que os órgãos da ONU e os regionais ligados aos propósitos da ONU têm sinalizado uma expansão da jurisdição, extrapolando para o âmbito do direito interno dos Estados; e as limitações que essa expansão encontra não decorre de nenhum dos dispositivos da Carta ou da cláusula, mas sim de limitações reais, como o fato da ONU não dispor de um aparato seu para se valer de suas resoluções, a falta de autoridade supranacional coatora. São essas questões de fundo político e material é que vão colocar essas limitações, e não algum dispositivo da Carta. 
SOLUÇÕES PACÍFICAS DE CONTROVÉRSIAS
Art. 2(3) impõe aos Estados dever geral de solução pacífica das controvérsias – por meio de mecanismos: negociação, mediação, conciliação, arbitragem, etc. -> Mecanismos que são acionados pelas partes, que escolhem a forma de solução. 
Os Estados se comprometem a solucionar seus conflitos através de mecanismos pacíficos, mas cabe a eles, Estados partes da controvérsia, escolher qual será esse mecanismo.
As atribuições do CS são consideradas suplementares(art. 33), ou seja, a ordem natural que se espera é que os Estados recorram à solução pacífica de controvérsia, mas não chegando a uma solução satisfatória, eles devem recorrer ao CS. Porém, na realidade, o CS pode agir por iniciativa própria (art. 34), a pedido de qualquer membro (art. 35) ou por iniciativa do Secretário Geral (art. 99) - mesmo que os Estados recorram à solução pacífica de controvérsias, o CS pode ser acionando. 
-Distinção entre questões jurídicas e políticas
Tinha uma distinção na doutrina que se tentava fazer entre questões políticas e jurídicas. Mas o que se entende hoje é que esse tipo de caracterização não é importante para a solução da controvérsia. O uso dessas classificações são incorporadas como esforço doutrinário a partir do mecanismo utilizado para solucionar a controvérsia, ou seja, uma classifica posterior e não para quando surge a questão definir se esta é jurídica ou não - é usada através do mecanismo aplicado (posteriormente com base no que foi adotado, se diria se a questão é política ou jurídica, mas isso serve apenas para uma questão doutrinária e teórica). – definida pelo método de solução e não pela natureza da questão.
Podem ter meios não jurídicos de solução: solução direta pelas partes interessadas, com ou sem mediação de terceiros -> a)negociações diretas (possibilidade da tentativa de tentar entrar em acordo – alcançar um consenso); b)sistemas consultivos (trocas de consultas entre um Estado e outro para tentar entender como cada um pensa com relação aquela controvérsia e mais uma se tentar chegar a um acordo); c)mediações (quando as partes chamam uma terceira parte, que pode ser um Estado ou uma organização – essas pessoas chamadas tentam facilitar as negociações, bem como opinar sobre as negociações para tentar chegar à uma solução); d)bons ofícios (se restringem apenas a facilitar as negociações – quando Secretário da ONU intervém, sendo mediador. Não permite que a 3ª parte opine sobre a controvérsia); e)Congressos e conferências (se entender que aquela controvérsia tem uma influência que é de interesse geral internacional, se convoca essa conferência para que vários Estados opinem sobre como aquela controvérsia deve ser resolvida). 
Meios jurídicos -> quando os meios não jurídicos não são satisfatórios. Mas é possível a parte recorrer diretamente ao meio jurídico, mas não é o mais lógico e nem o que normalmente acontece na prática. Começam pelas comissões de inquérito, comissões de investigação que procuram esclarecer os fatos da controvérsia e trazer o que realmente implica naquilo; a conciliação (conciliador pode propor solução -> diferente da mediação. As partes podem aceitar ou não essa solução que o conciliador propõe); soluções arbitrais (casos em que as partes escolhem e apontam um árbitro ou mais de um – geralmente Estados ou podem ser chefes de Estado); soluções judiciárias (acontecem através de tribunais ad hoc); e a CIJ (que é o órgão permanente aoqual se recorre hoje para solucionar essas controvérsias). 
-Possível conflito de competência entre o CS e AG
Porque no capítulo 6 se fala da ameaça à manutenção da paz, se fala sobre recomendações também; no capítulo 7 se fala sobre ameaça à paz e a adoção de medidas provisórias e sanções – ou seja, mais uma vez a discussão de competência vai recair sobre uma certa interpretação e mais uma vez com a adoção do Uniting for Peace, foi um desvio de competência em que o CS teve a sua competência “roubada” pela AG; e mesmo falando na carta da ONU que a AG não deve agir quando o CS está agindo, a interpretação de se o CS está agindo ou não é mais uma vez deixada ao órgão. 
Então há casos recorrentes em que a AG adota recomendações e resoluções quando o caso está sendo discutido no CS, justamente pelas recomendações da AG não ter um nível de coercitividade tão grande. E ai tem o art. 25 que é a limitação da soberania para acatar ordens do CS e os poderes meramente recomendatórios da AG, ou seja, existe esse conflito de competência, que a AG muitas vezes “rouba” a competência do CS, só que é completamente diferente aquilo que se determina para os Estados em termos de se submeter às decisões do CS em relação aquilo que se coloca pro Estado em termos de obrigação de se submeter às decisões da AG, apesar de que os dois adotam mecanismos semelhantes de solução de controvérsias. 
Logo, o CS e AG têm competências definidas de forma distinta na Carta – a AG tem competências mais gerias; existe uma limitação em que AG não deve intervir nos casos em que o CS esteja agindo; só que a interpretação do que seja estar agindo é aberta e por deu-se ensejo ao costume da AG adotar resoluções em casos que estão no CS. E os dois órgãos acabam adotando o mesmo tipo de mecanismo para a solução de controvérsias. 
-Exceções Preliminares de Competência
Quando a parte quer objetar sobre a competência do órgão da ONU, a questão da competência exclusiva não encontra uma recepção efetiva na prática, como foi visto acima. Existem algumas exceções preliminares de competências que podem ser usadas com maior efetividade nos casos concretos. 
a) Ultra vires -> = de além dos poderes – acaba gerando um sentimento de incerteza, porque decorrem da interpretação Carta – A ONU pode exercer todos os atos que estejam dentro dos propósitos da carta. Mas qual seria a diferença dessa interpretação para a interpretação dos poderes inerentes? A resposta que se dá é que na interpretação baseada na doutrina dos poderes implícitos, os órgãos não podem exercer seus poderes em situações direta ou indiretamente excluídas pela Carta. -> é uma resposta um tanto quanto teórica, porque como acabamos de ver a AG, no caso do Uniting for Peace, pega a competência do CS quando está previsto expressamente na Carta que quando o CS estiver agindo, a AG não pode intervir – ou seja, essa é a resposta que se dá na doutrina, mas na prática, a interpretação acaba sendo ainda mais aberta, pois mesmo nos casos em que os poderes estão excluídos na carta, é possível que a prática acabe corroborando um exercício de competência diferente.
b) Conditio sine qua non -> = o que seria a condição sem o princípio – é baseada na determinação pelo CS que trata de casos de ameaça ou a ruptura da paz ou ato de agressão. Para o CS adotar uma posição, ele vai determinar que existe uma ameaça ou a ruptura da paz ou ato de agressão. Ainda que exista uma interpretação muito aberta, é necessário que o CS se manifeste no sentido de dizer que naquele caso é um desses casos, para estabelecer a sua competência de intervir naquele caso. Por isso que existem algumas resoluções da AG que têm caráter meramente declaratório – que é uma forma de declarar uma situação com vistas a uma possível posterior arguição de competência da ONU – quando reconhece que tem um conflito de ameaça à paz, pode ainda não estar intervindo naquele momento, mas aquilo já é uma situação para que no futuro ela declare, se as coisas piorarem, que pode intervir, porque já estabeleceu competência. 
As outras exceções são consideradas exceções relativas, porque se considera que o órgão específico pode recepcionar aquela objeção baseada nessa exceção ou simplesmente dizer que não aceita e continuar julgando – electa una via (uma vez que o Estado escolheu um mecanismo ou um tribunal, não pode depois mudar e argüir que irá surgir uma ameaça à paz e escolher a ONU); lis pendes (existe um litígio em curso) e res judicata (já teve decisão de tribunal sobre isso). 
-Atribuição de solução de controvérsias
Numa perspectiva histórica, o CS quando era o da Liga das Nações Unidas tinha precipuamente o objetivo de solução de controvérsias e em segundo lugar a função de manutenção da paz (questão de colocar sanções, intervir – é a intervenção mais forte, colocando forças de paz e condenando o Estado em sanções). Então, na Liga das Nações, o CS era mais voltado à solução de controvérsias do que à manutenção da paz. 
Com a ONU, isso se inverte, e o CS passa a ter a principal função de manutenção da paz. Tanto o CS, como a AG, decidem sobre a adoção de mecanismos para a solução de controvérsias e muitas vezes eles mesmos se colocam como órgão conciliatório, ou seja, eles incentivam os Estados a recorrer à Carta para uma solução pacífica da controvérsia antes de recorrer ao CS e muitas vezes estes órgãos agem como conciliadores dessa controvérsia.
Os métodos adotados são aqueles já abordados anteriormente. Mas geralmente estimula-se a negociação, posteriormente, outros meios e se nota que há uma crescente adoção desses meios como meios de comissões de inquéritos, fazendo levar a público todas as circunstâncias daquela controvérsia. Isso ocorre justamente para instigar uma opinião mais consciente da opinião pública, que cada vez mais tem mais influência sobre os organismos internacionais. 
Já que se nota um crescente recurso a essas comissões de investigação, deveria se adotar um Comitê permanente de investigação ou o mecanismo de um comitê ad hoc, mas com todas as suas funções estabelecidas – porém essas propostas foram rechaçadas e em 1967, a AG fez uma resolução que urgiu os Estados a fazerem uso dos mecanismos já existentes (art. 33 – entre eles o recurso às investigações e à formação de inquérito). 
Em termos de tendência: 
Tem se visto o envolvimento de órgãos subsidiários da ONU, que acabam fazendo que ocorra um debate mais informal entre as partes, sem tanta publicidade, com vistas a mais uma vez atingir o consenso. 
Recorrer à personalidades para que ajam como mediadoras – se acredita que uma determinada personalidade como um chefe de Estado ou um ministro pode influenciar por ser importante naquela controvérsia. 
Também existe a nomeação de uma Comissão de Bons Ofícios – parecida com a mediação -> é apenas função de facilitar a negociação; e no caso de um mediador, este só tem participação no mérito, mas não decide. 
O Secretário Geral também pode de ofício assumir a função de mediador, mas acaba agindo apenas para facilitar a negociação, mas pode de ofício assumir esta responsabilidade. Essa interpretação decorre do art. 99, que implicitamente reconhece os poderes do secretário geral a partir de uma interpretação sistemática que considera o secretário geral como competente para aplicar os princípios e propósitos da ONU e por isso ele teria todos os poderes para que estes sejam cumpridos. 
Foi feito um estudo em que se chegou à conclusão que a negociação é o método mais eficaz (podendo ter interposição de terceiros) e a solução judicial e arbitral são as com menor eficácia.
-Caso: Nicarágua vs EUA
1) Que problemas você identifica na evolução do caso? A CIJ não deveria nunca ter interferido, pois não se encaixa em nenhuma daquelas hipóteses elencadas no caso; além disso, não teve a ratificação da Nicarágua do Estatuto da Corte Permanente da Justiça Internacional. Talvez tivesse sido melhor levar a questão para o CS. 
2) Como é possível relacionar o desfecho do caso com os conceitos vistos nesta aula? O caso mostracomo é o próprio órgão que vai julgar se é competente ou não. Além disso, como não foi ratificado e não teve nenhuma daquelas condições, mas como é a corte mesmo que julga e tem essa questão da interpretação da prática e o fato da Nicarágua ter aceitado em algum momento e a atitude dos EUA fez com que a Corte entendesse que deveria lutar contra esse atitude do Estado achar que pode intervir quando quer ou não.
O problema é que teria sido melhor uma negociação, pois a forma que ocorreu não atingiu o objetivo que se queria. 
3)De que forma seria possível solucionar o problema?
-Vexata quaestio> Jurisdição Compulsória 
Não há obrigação de submeter disputas não resolvidas a jurisdição obrigatória – o Estado pode escolher o método de resolver.
Não há garantia de solução – surgem cada vez mais impasses não resolvidos. A doutrina entende que a única forma de ter efetividade desses mecanismos seria os Estados se submeter à CIJ. 
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Aula 4 – Rio, 22.08.14
A CORTE INTERNACIONAL DE JUSTIÇA
PRINCIPAL ÓRGÃO JUDICIAL DA ONU
Tem sede em Haia
15 juízes – 9 anos – eleitos pela AG e CS
Escolha em função da capacitação pessoal – art. 2º (CV e idoneidade) 
Vedada a repetição de nacionalidade – dentre os 15 juizes não podem ter dois da mesma nacionalidade
Todas as competências e o funcionamento da Corte estão no estatuto
Tem competência contenciosa (só Estados podem ser partes. OIs não podem) e consultiva
Os membros das nações unidas são imediatamente membros da CIJ, apesar de terem que manifestar o consentimento com relação à jurisdição dessa corte
Quando reconhecem essa jurisdição, se obrigam a acatar as decisões da Corte, e em caso de não cumprimento enseja o recurso de responsabilidade internacional (art. 94,§§1º e 2º).
-Juízes
Tem total dependência – o juiz não pode ser retirado da corte, ou seja, garantia de inamovibilidade e todas as imunidades e todos os privilégios diplomáticos.
Havendo no recurso à CIJ para que ela exercite sua competência contenciosa e tendo juiz da nacionalidade de uma das partes, a outra parte que não tem representação na corte pode indicar um juiz ad hoc e geralmente esta parte indica um juiz da sua nacionalidade também, para ter igualdade. 
-Competências
Contenciosa -> Solucionar controvérsias entre Estados, aplicando para tanto o direito internacional.
Somente os Estados podem ser parte (art. 34) – impossibilidade de acesso das OI e dos indivíduos – proteção diplomática.
Aplicação exclusiva do direito internacional (consideração do direito interno apenas como questão prevIa).
Cautelar -> A corte pode pedir até mesmo ao CS que se tomem medidas para que antes que ela profira a sentença o direito daquela parte não fique em perigo. 
Consultiva -> Competência de dar parecer sobre questões jurídicas. É apenas restrita aos órgãos da ONU, nem os Estados têm competência – apenas podem pedir para que a Corte faça parecer para fim de consulta – podem pedir também opinião da Corte/parecer mediante autorização da AG (art. 96 da Carta).
A doutrina diz que em alguns casos essa opinião se torna vinculante: quando o parecer é decorrente de alguma regra expressa de caráter internacional e no caso de ter um significado sócio-político intrínseco, que seria a perspectiva da primeira possibilidade só que em relação aos direitos costumeiros. O parecer teria caráter vinculante nessas hipóteses.
-Competência em razão da matéria 
A competência em razão da matéria da CIJ é extremamente ampla e quem decide sobre essa competência é a própria Corte (art. 36,§1º) 
Além dessas cláusulas, tem a questão da cláusula compromissória, que é quando dois Estados firmam um acordo sobre qualquer questão colocam cláusula de que se comprometem a se dirigir a Corte em caso de qualquer controvérsia. 
-Aceitação à jurisdição contenciosa
É facultativa – CIJ dever de se declarar incompetente. 
Necessidade de declaração expressa – mas a formalidade dessa declaração é relativa
O que está expressamente previsto é o princípio da reciprocidade: os Estados podem aceitar esta competência apenas em relação a outros Estados que também a aceitem. 
-Sentença da Corte
Adotada por maioria
Juízes podem emitir opiniões individuais concordantes ou dissidentes – podem dizer porque não concordam com aquele entendimento e isso acaba gerando uma possibilidade de controle das decisões
A sentença é definitiva e obrigatória, por causa do pacta sunt servanda – quando os Estados fazem parte daquela corte e aceitam a sua jurisdição eles se comprometeram a aceitar o julgamento daquele Corte sobre aquele caso
A única possibilidade que a parte tem é o pedido de interpretação
Diferente das negociações – a partir do momento que a sentença foi proferida, não tem como a parte negociar, ou dizer se só aceita parte da sentença. Não tem nenhum extensão de faculdade à parte
Possibilidade de execução -> se a parte não cobrir, tem a sanção e a própria possibilidade de recurso para que se execute a sentença proferida.
-Autonomia judicial
Grande parte da doutrina diz que a nacionalidade dos juízes gera parcialidade e ocasionando muitas vezes injustiças. 
Ao contrário do que acontece do juiz interno que quando o juiz tem ligação com a parte ele deve se considerar impedido, no DI é ao contrário. É incentivado o impedimento e ambas as partes devem ter um juiz parcial.
Existe a presunção de parcialidade vinculada à nacionalidade. Mas tem trabalhos questionando se essa parcialidade é realmente válida. 
O que significa impactar as tomadas de decisão?
O juiz votar em favor do seu Estado quando seu Estado é parte em uma controvérsia
O juiz votar como se fosse o seu Estado (de acordo com o que seriam os interesses daquele Estado)
Conclusões: 
Ainda que se considere que o juiz vote de acordo com os interesses do Estado, só isso não é capaz de decidir o julgamento. 
Apesar de essa acusação da doutrina, o que se perceber é que esse fato tem muito pouco poder de influência. 
A tendência é o enfraquecimento no nacionalismo judicial
-Enfraquecimento do Nacionalismo Judicial
A exigência de ter um juiz nacional é do Estado, mas a tendência agora é que isso vá se enfraquecendo. 
Hoje temos juízes que nasceram em um lugar, trabalham em outro, moram em outro, ficando difícil de aplicar essa questão do nacionalismo judicial. Tal conceito de nacionalidade do juiz é fraco para explicar as decisões da Corte. 
-Um novo paradigma
Sistema judicial internacional divorciado da nacionalidade – sistema em que juízes são escolhidos por causa do seu conhecimento do direito e não por causa da sua nacionalidade. Mas isso é 
Campo comercial -> árbitros apontados com base em sua capacidade e história – interesses corporativos 
WTO – proíbe a participação de cidadãos do Estado em disputa – isolamento financeiro – imposição dos mercados – mais mandatório
Direito público tem que confiar na comunidade mundial para executar as suas decisões – natureza menos mandatória 
Tendência de a nacionalidade passar a contar de outra forma - Reconhecimento de que se deva ter uma opinião de fora para que a decisão seja efetiva
O juiz apontado ad hoc (juiz indicado para resolver aquela situação – que é diferente do juiz permanente que é eleito para ficar ali durante 9 anos) no caso em que o Estado não tenha um representante, não precisa ser nacional – pode indicar juiz que não seja nacional, mas que tenha maior protagonismo no direito internacional (razão política: influência com relação aos outros juízes da corte)
As reformas da CIJ são meramente cosméticas – não mudam fundamentalmente a estrutura baseada na questão nacional da corte
O próprio estatuto fala que os juízes devem julgar de acordo com o direito e devem representar os melhores sistemas de direitos internacional. Mas quem vai julgar esses grandes sistemas e quem são os seus representantes? E quando tira o critério da nacionalidade a tendência é que essa questão de dois juízes de cada nacionalidade decida o caso. 
-Cuidados institucionais
Imunidadee impedimentos
Quão longe os juízes podem ir? Se tem a questão do juiz estar dependente do seu governo qual é a sua aplicação prática? Eles são meros aplicadores da lei ou são criadores da lei?
Havendo uma questão meramente política ela não deve ser decidia pela Corte, mas quem decide se a questão é política ou judicial é a própria Corte 
-Parecer: legalidade da ameaça ou do uso de armas nucleares
-Caso EUA vs Irã 
Caso do filme Argo - Que conclusão se pode chegar sobre o alcance prático do consentimento do Estado e das decisões da CIJ? Essa relação entre a questão de ter que haver um consentimento prévio e da competência acaba sendo política. A tendência no DI é ter que haver mecanismo capaz de fazer os Estados cumprirem o pacta sunt servanda – qual seria essa possibilidade? Se o Estado está submetido à Corte, ele tem que acatar as decisões desta. Não adianta o Estado ter o consentimento prévio, mas no final o Estado só acatar quando tiver interesse. Quando o Estado age dessa última forma, a questão realmente fica apenas política. 
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 Aula 5 – Rio, 27.08.14
SENTENÇA DA CIJ
É preciso diferenciar as características qualitativas da sentença (efeitos da sentença, caráter obrigatório e definitivo) – art. 59 e 60 do Estatuto da CIJ. 
E tem também a ideia de força executória – ordem que é acrescentada à sentença. Não é uma condição da sentença. A partir do momento que a corte proferiu a sentença, o dever dela acabou, cabendo à parte ver como ela vai se beneficiar daquela decisão.
Muitas vezes a sentença não é executada – como vimos nos casos das aulas anteriores.
-Natureza obrigatória
A questão da obrigatoriedade da sentença se divide em duas limitações:
A sentença é obrigatória para as partes – significa que a sentença só é oponível às partes – art. 59
A sentença é obrigatória com relação àquele caso concreto. 
Para um terceiro Estado que não faz parte daquele litígio, o conteúdo daquela sentença não lhe produz nenhum efeito jurídico – res inter alios acta. Por isso muitas vezes a parte prefere se ausentar, como foi no caso do EUA X Nicarágua e EUA X Irã (não compareceu).
Há necessidade de um consentimento prévio para a sentença produzir seus efeitos – art. 36 do Estatuto CIJ. A parte precisa dar o consentimento prévio dela através de adesão ao estatuto ou apenas se apresentando perante à Corte e discutindo as razões de fato. 
A Corte vem adotando uma posição restrita – reiteradamente a Corte afirma que a sua decisão só é válida entre as partes.
Parte da doutrina acredita que aquela decisão pudesse ter efeito para além das partes. Essa questão controvérsia leva em consideração o que seria um terceiro interessado e quando a decisão da questão seria de interesse da coletividade.
-Terceiros Estados
-Interesse do terceiro Estado = objeto da lide -> a Corte considera que não é competente para se pronunciar, cujo interesse se identifica com o objeto da lide. A Corte se declina da sua competência para decidir sobre o interesse do terceiro Estado. 
-Interesse do terceiro Estado é suscetível de ser afetado pela decisão ->A Corte não declina da sua competência, pois o terceiro Estado estará protegido daquela decisão. O terceiro Estado cujo interesse é afetado por aquela decisão, terá a decisão julgada pela Corte. 
-Erga omnes:
A doutrina acredita que em algumas situações a CIJ decide sobre situações objetivas – exemplo: quando decide sobre a demarcação de fronteiras entre um território e outro. Nesses casos, essa parte da doutrina entende que os efeitos da sentença serão efeitos reais e até mesmo se incorporam ao mapa e por isso seriam oponíveis a todos e não apenas ás partes. 
A CIJ não tem aceitado essa posição colocada pela doutrina. Em casos em que houve demarcação de território que afetasse terceiro Estado, a CIJ pediu para que esse interviesse no caso e deixou claro na sentença que tal demarcação não prejudicaria tal terceiro Estado. 
A obrigatoriedade normativa da decisão apenas será oponível às partes.
O segundo caso em que a doutrina fala que os efeitos da sentença seriam erga omnes no caso em que a Corte decide sobre a interpretação ou alcance de uma norma imperativa de direito internacional que é oponível a todos. Haveria interesse da comunidade internacional de ter esclarecido a interpretação daquela norma. Mas a CIJ acredita que não, pois mesmo neste caso os efeitos são entre as partes. O que acontece é que muitas vezes a sentença obriga as partes e também esclarece para a comunidade internacional o que a Corte entende daquela norma, mas não teria um efeito vinculante para os Estados que não participaram daquele litígio. 
-Obrigatoriedade limitada ao caso
O DI não segue o sistema de stare decision – sistema de que o precedente vincula. No DI a CIJ retém a liberdade de apreciar o caso de forma diferenciada, não tendo que julgar casos análogos da mesma forma. Existe um cuidado de perceber as situações de forma individualizada e não tem a obrigação de se submeter ao precedente.
Mas ao mesmo que não a Corte não está obrigada e pode analisar o caso de forma livre, a Corte tem a sensibilidade de – se percebe que a Corte ao mesmo tempo que não está obrigada formalmente, normalmente não deixa de lado a argumentação e fundamentação de um caso se achar que a aquela fundamentação foi boa, ou seja, existe uma unidade na CIJ. O que tem é a liberdade de iuris e a subordinação de fato: ao mesmo tempo que analisa a demanda de forma diferenciada, tem a tendência de se guiar pelas suas próprias decisões - demonstra sensibilidade à essa noção de continuidade e unidade, considerando a segurança jurídica. 
Efeitos que ultrapassam os limites do caso -> nesse caso, o que se coloca é quando a corte interpreta tratados multilaterais e existe controvérsia sobre a interpretação de uma cláusula e dois Estados vão à Corte para que ela interprete da forma correta. Se por um lado consideramos que a decisão apenas terá efeito para os dois Estados, por outro teremos uma cláusula significando uma coisa para estes dois estados e outra coisa para os outros três Estados. Mas se considerarmos que a decisão terá efeito para todas as partes, isso vai de em encontro com o entendimento de que o efeito da decisão apenas vale as partes do litígio. A Corte ainda não se manifestou quanto a isso.
-Natureza definitiva
Está ligada à necessidade de segurança e aos princípios do bis in idem e a questão de ter interesse da comunidade de que um determinado litígio não seja avaliado infinitamente e repetitivamente.
A imutabilidade da decisão vem responder esses anseios de segurança e a não possibilidade de ter recursos infinitamente.
A CIJ tem reafirmado em vários casos a noção de que ela não deve ser entendida como instância recursal. Tem três situações que isso pode ocorrer:
Caso contencioso internacional que é levado a um organismo internacional e depois a questão é levada à Corte. A corte só admite que isso ocorra quando tem cláusula no tratado que diz que qualquer conflito será levado ao tribunal daquele acordo e será possível para essas partes em caso de insatisfação recorrer à Corte para ter recurso. Essa competência decorre do tratado, ou seja, da vontade dos Estados manifestada naquela decisão e nunca do Estatuto da CIJ
Quando as partes recorrem à CIJ por conta de um tribunal arbitral. A Corte deixa claro que nesse caso não é instância recursal. Não reaprecia o mérito daquela decisão, ela se limita a simplesmente decide sobre a questão do exercício do tribunal ter sido de DI.
No sentido de recurso quanto ao próprio direito interno – exemplo: dois irmãos alemães foram processados e condenados à morte nos EUA e eles não foram informados dos direitos deles e nem tiveram assistência consular (que estão previstos na convenção de Viena). Alemanha foi á Corte para demanda sobre os EUA, pois este não teria cumprido suas obrigações. Os EUA alegaram que a Alemanha estava tentando usar a Corte como instância recursal, uma vez que já tinha decisão dos EUA.Mas a Corte entendeu que não, pois a Alemanha queria apenas que a Corte se pronunciasse quanto à legalidade da decisão dos EUA. 
A Corte deve fazer boa justiça e também reconhecer o direito das partes, entende-se que a parte pode entrar com recurso sobre algum ponto da decisão, como também a possibilidade de recursos em caráter excepcional. 
O recurso de interpretação é limitado a uma sentença e deve ser interposto por haver uma controvérsia quanto ao alcance da sentença – ou seja, o recurso pode ser interposto por uma parte apenas ou pelas duas, mas deve ser demonstrado que existe uma controvérsia com relação ao alcance daquela sentença. Não basta que a parte diga que não entendeu, mas tem que haver uma manifestação que demonstre que um Estado pensou uma coisa e o outro pensou outra coisa quanto àquela decisão, sendo possível entrar com esse recurso e a CIJ vai se limitar aquele ponto apenas, não acrescenta nada à decisão, apenas esclarece aquele ponto. 
O recurso de revisão é admitido quando existe um fato novo. Uma parte descobre que houve fato novo do qual não tinha conhecimento e nem a Corte. Para ser admitido esse recurso, o fato novo tem que contribuir para a decisão de forma positiva – havendo esse fato, pode entrar com recurso de revisão. 
Se a corte entender que o fato não foi trazido pela parte por negligência desta, a CIJ não admitirá a interposição do recurso. O recurso tem que ser interposto no prazo de 6 meses a partir do conhecimento do fato.
-Execução da sentença
É uma segunda etapa que decorre da coisa julgada, mas não é uma característica da sentença. A execução da sentença já é uma situação que está no âmbito do político e não do jurisdicional, cabendo à parte analisar como ela se beneficiará daquela decisão, acabando o dever da Corte quando pronuncia a sentença.
Art. 94 da Carta -> da onde decorre a obrigação da execução da sentença. As partes devem se conformar à sentença. Mas como há o entendimento de que as partes estão obrigadas pela sentença, entende-se a obrigatoriedade da sentença, portanto.
A Corte seria contraria à existência do pronunciamento de uma decisão sua que pudesse ser inoperante - ou seja, a parte do pressuposto que a sua decisão é impossível de não ser executada. Fala ainda que o consentimento da parte vem no momento que esta aceita se submeter à decisão da Corte, não podendo esse consentimento vir depois do proferimento da decisão da Corte. 
-Obrigação de executar
Os Estado se submetem àquela decisão e a executam de forma espontânea. Nem sempre a decisão é executada de forma plena e nem sempre a sentença é executada rapidamente ou de boa vontade, mas em geral a sentença acaba sendo executada de forma espontânea.
Nem sempre a sentença exige uma ação do Estado. Às vezes a decisão é apenas uma declaração – nesses casos não tem uma atitude exigida diretamente da sentença.
Os limites dessa decisão encontram a principal barreira na vontade dos Estados -> Estado recusar e revogar a sua aceitação do Estatuto, dizendo que não reconhece a jurisdição da Corte – é um limite, que é considerado uma violação e um delito; e o outro limite seria a vontade comum: a partir do momento que tem uma decisão, as partes têm que respeitar aquilo de forma unilateral, mas as partes podem acordar em cumprir aquela sentença de outra forma ou até mesmo resolver a situação de outra forma – nada impede as partes de realizaram outro acordo, não seguindo a decisão da Corte.
A questão da imutabilidade da sentença é em relação à jurisdição e aos recursos, mas as partes podem de comum acordo resolver a situação de outra forma. 
Também a possibilidade das partes recorrerem ao CS. O art. 94, 2 não estabelece um dever do CS de agir, mas sim a possibilidade da parte recorrer ao CS e este decide se a situação merece que ele tome alguma decisão ou uma medida interventiva. Com relação às medidas interventivas, tem a questão do alcance desse artigo, porque na Carta não existe nenhum elo que ligue as situações de ameaça da paz à questão da execução – não está claro se a violação ou não execução de uma sentença está ligada à ameaça da paz, não ficando claro se o CS deveria intervir ou não. 
Recursos -> a parte usa suas forças individualmente para combater uma situação de injustiça – medidas de autotutela e de represália -> ligadas a questões sócio-econômicas. Pode entrar com esses recursos permitidos pela ONU, mas a regra é que a execução será realizada de forma espontânea. São as chamadas contramedidas. 
Em relação à obrigatoriedade da execução, aquilo que se torna mais efetivo é a execução espontânea, mais do que qualquer recurso que leve o Estado a cumprir aquela sentença. 
De qualquer jeito, a inexecução de uma decisão é um ilícito internacional – a violação carrega a responsabilidade do Estado que tem reparar os danos do Estado lesado por essa violação. Pode recair sobre essa questão de responsabilidade as contramedidas, por exemplo. 
-Caso: Timor Leste - O que a corte decidiu com relação à sua competência?
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Aula 6 – Rio, 29.08.14
PRINCÍPIOS DA ONU
Os princípios e os propósitos estão no preâmbulo e nos dois primeiros artigos da Carta. 
Isso é importante porque define a competência da ONU – correntes vistas na primeira aula – focando na terceira.
Proteção das gerações futuras quanto os flagelos da Guerra -> existe um consenso de que a guerra traz danos irreparáveis para a sociedade e a ONU surge com esse princípio máximo de que as guerras não mais ocorram, devendo a manutenção da segurança ser alcançada, solucionando as controvérsias de forma pacífica. Este é o princípio fundamental e que guia todos os outros.
Princípio da Supremacia da Carta da ONU -> art. 103: havendo conflito de obrigações a obrigação assumida pela Carta deve prevalecer. A Carta da ONU tem força supra convencional – na hierarquia do DI a carta da ONU terá efeito maior do que todos os outros tratados e acordos. Por conta disso e do conteúdo ligado à proteção dos DH a doutrina considera que a Carta está entre as normas imperativas do DI (jus cogens). Esse entendimento coloca a carta numa hierarquia ainda maior do que a do art. 103, sendo que a doutrina considera que as regras de DH vão ter força ainda maior.
Essas normas são inderrogáveis – apresentam limitação à autonomia da vontade das partes: nem se as partes acordarem em agir de forma contrária a essas normas, tal acordo não terá efeito.
ÓRGÃOS / MEMBROS
São 193 membros que compõem a ONU e o Brasil faz parte dos membros fundadores. Foi criado mecanismo para que outros membros sejam admitidos, desde que aceitem se submeter ás condições da carta, o Estatuto da CIJ e as obrigações colocadas pela Carta.
Pode ter suspensão e expulsão dos membros também. Suspensão: quando tem ação do CS contra determinado membro (seja essa ação preventiva ou coercitiva, os direitos e privilégios daquele membro podem ser suspensos) – é uma suspensão temporária e os direitos tendem a ser readquiridos depois de julgado o caso. O caso de expulsão é quando tem violação aos princípios da Carta – doutrina chama atenção para a situação de persistência: não é apenas uma violação, mas sim violação persistente de princípios que existem na Carta. 
Assembleia Geral
O CS acaba tendo papel de protagonista, mas no papel a AG deveria ser o órgão mais importante. Conta com a representação de todos os Estados membros e tem competência generalizada, mas existe o art. 12 que se houver situação submetida ao CS a AG não pode interferir. Mas existe controvérsia do que seria o CS estar agindo na questão -> uniting for peace: forma de burlar essa regra, além da regra do veto. 
Conselho de Segurança
Tem a questão do veto.
Precisa do voto afirmativo dos membros permanentes. Mas tem o art. 27: abstenção não é suficiente para vetar o ato. Se tiver voto afirmativo de 9 membros que não são permanentes e só tiver abstenção dos membros permanentes, o ato pode prosseguir. 
Duplo veto -> tem a decisão de se uma questão é processual ou nãoe isso é votado dentro do CS. Mas essa questão não é processual. Então primeiro pode vetar a decisão de se a questão é processual ou não; e o segundo veto: se concordam ou não com aquela medida adotada. Tentando superar essa questão a AG fez uma lista de 35 questões que devem ser consideradas processuais. Porém nenhum ato da AG vincula o CS, então essa lista fica apenas como sugestão. 
É o único que pode tomar resoluções vinculantes e não só quanto às questões do capítulo VII, mas qualquer decisão que tomar será mandatória. 
Incorporação das decisões das OI relacionando ao Brasil: o Brasil ainda discute se as normas de DI tem reflexão no direito interno. Entende-se que deve existir um ato que incorpore aquela norma no ordenamento interno – dualista moderado. Mas com relação às decisões do CS, o Brasil as incorpora, mas sempre precisando de decreto.
Conselho Econômico Social
Foi criado por implementação das questões de melhoria de vida tanto no âmbito social, como econômico e sanitário e para efetiva proteção dos direitos humanos.
No âmbito desse conselho foi criada a Comissão dos DH e a Declaração dos Direitos Universais dos Homens, a qual tem efeito vinculante e tem posição muito alta dentro da hierarquia do DI. E também outros pactos e compromissos ligados ao DH foram criados dentro desse conselho e ganhou protagonismo muito grande esse órgão.
A Comissão virou conselho, para que o fórum de debate sobre DH tenha permanência maior, não tendo restrições que uma comissão tem e não está mais submetido ao Conselho Econômico Social e com o passar do tempo deve se tornar um órgão autônomo da ONU. 
Este Conselho também tem a competência de criar várias Comissões para tratar dessas diversas áreas: social, como econômico e sanitário e para efetiva proteção dos direitos humanos.
Conselho de Tutela
É um sistema que não existe mais. O objetivo era assistir os territórios que eram colônias para atingir um nível político e social e conseguir a sua independência. 
Secretariado
É o órgão administrativo. O mandato do secretário tem prazo de 5 anos e não tem limite para a renovação, mas historicamente tem durado dois anos. E a partir do 2º secretário criou-se a criação ter um rodízio entre as regiões: América Latina, Caribe, Europa, etc. 
Arts. 97 a 99.
-Organismos Especializados da ONU
Existentes antes da ONU e acabam se vinculando a ela, pois a função que têm é uma técnica em relação a uma área e por ser semelhante aos propósitos da Carta da ONU.
O vínculo é informal, mas existe crítica com relação a isso, porque muitas vezes esses órgãos acabam se tornando políticos e perdem a sua independência – motivo pelo qual fez os EUA se retirar da Comissão do Direito do Trabalho. 
Estes órgãos fortalecem o conceito de especialidade e por isso acabam dando qualidade mais técnica aos princípios e objetivos da ONU.
Sendo criados anteriormente ou depois da existência da ONU, são sempre criados por acordo e depois são vinculados à ONU. Esse vínculo é feito pelo Conselho Social, devendo passar pela AG também.
Exemplos: Banco Internacional de Desenvolvimento, Organização de Agricultura, Organização Internacional de Trabalho, UNESCO. 
-Críticas à estrutura e mecanismos da ONU (Pontos mencionados no trabalho). 
Questão do direito de veto 
Se coloca como um contraponto contra o princípio da ONU fomentar e dar a igualdade de direito. Se uns Estados têm poder de veto e outros não, percebe-se que não há respeito a este princípio. O ideal seria que cada região tivesse um representante como membro permanente – exemplo: um Estado da África; um Estado da América Latina, etc. 
Tem o contra argumento que esse direito de veto é necessário para a manutenção da organização, pois se possibilita que alguns Estados se recusem a alguma decisão sem estar enfraquecendo o poder daquela organização. Aqueles países na hora que o interesse dele não for suportado ele vai sair, então é melhor criar um mecanismo para isso, sem que isso enfraqueça a organização. -> é um argumento fraco, como se a própria organização reconhecesse a sua falta de poder para ir contra um Estado mais forte. 
Questão da representatividade e legitimidade
Os Estados devem ter sua soberania igualmente reconhecida. 
Questão do contraditório e da ampla defesa 
No caso da questão estar no CS, os Estados não possuem direito de contraditório e ampla defesa. 
Multiplicidade de resoluções 
Ficam uma série de instrumentos internacionais, vários órgãos falam sobre as mesmas questões e os Estados ficam sem saber exatamente o que fazer. 
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Aula 7 – Rio, 03.09.14
ORGANIZAÇAO INTERNACIONAL DO TRABALHO (OIT)
Faz parte do Tratado de Versalhes e os antecedentes é toda aquela questão da 1ª GM e todo o movimento comunista. Havia vontade das forças aliadas reconhecer certos direitos para as forças trabalhadores, a fim de diminuir o apoio ao comunismo. 
Logo na primeira conferência já foram adotadas 6 convenções e os princípios e a resolução mais votada foi a limitação de 8h diárias de trabalho; também teve proteção à maternidade, ao trabalho infantil e adotadas medidas para prevenir desemprego – isso vem no preâmbulo da Carta da OIT. 
Em 1944 a OIT adotou a declaração de Filadélfia, que inspirou a Carta das Nações Unidas, pois adotou princípios e o princípio fundamental: crença de que não é possível haver paz no mundo sem justiça social. A OIT se consolida com base nessa premissa: numa situação em que se queira a manutenção da paz, tem que haver a justiça social nos diversos países.
Com a ONU, a OIT se vincula a esta e vai ser a primeira agência especializada da ONU e é até hoje.
Ideias principais:
Trabalho como sendo fonte de dignidade
Trabalho não pode ser visto como mercadoria
A pobreza em qualquer parte do mundo representa uma ameaça à prosperidade das partes do mundo em que ela ainda não exista. Por isso deve ser um compromisso internacional erradicar a pobreza
Direito de todo ser humano perseguir seu bem estar material, a fim de ter segurança econômica, liberdade, dignidade e igualdade.
A OIT nasceu junto com as Ligas das Nações. Esta acabou e a OIT continuou. E depois se vinculou à ONU.
Resoluções adotadas para melhorar as condições de trabalho – adotada nova declaração em 1998 sobre princípios e direitos fundamentais do trabalho, que mudou o mecanismo da OIT:
Liberdade sindical, com reconhecimento do direito de negociação coletiva. Os Estados tinham que efetivamente adotar legislação e atos internos para garantir atos internos de sindicatos. 
Eliminação de todas as formas trabalho forçado – luta contra o trabalho infantil 
Eliminação das formas de discriminação em matéria de emprego e ocupação – questão racial e sexista
Proteção do emprego produtivo e de qualidade
A extensão da proteção social – previdência social
O fortalecimento do diálogo social - prega que existe um diálogo entre os setores dos Estados-Membros. 
2008 – Declaração sobre Justiça Social para uma Globalização Equitativa: mostrou preocupações com o modo globalizado de produções e previu a crise financeira que estava para eclodir.
São 185 membros. Os membros da ONU que não são da OIT são apenas 8. Os EUA saiu da OIT, mas retornou na década de 80. 
A contribuição mais importante da OIT em termos de estrutura do que seria o paralelo da AG na Organização Internacional é que a OIT se estrutura de uma forma tripartida -> cada estado-membro tem representante do seu governo, de organização de empregadores e de trabalhadores. A OIT mantém um escritório voltado para o fortalecimento dessas associações, fazendo com que as questões para cada um desses grupos seja discutida dentro da OIT. 
Convenção internacional do trabalho é chamada de parlamento -> estados mandam sua representação nessa forma tripartida nas reuniões que ocorrem. É um fórum muito aberto. Os representantes do Estado, assim como dos trabalhadores e dos empregadores todos têm o direito de falar e de votar de forma igual. É nessa convenção que são discutidas as questões

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