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DIREITO PENAL II G1

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DIREITO PENAL II – BRENO brenomc@globo.com 
Aula 1 – Rio, 03.03.15 
Programa:
Concurso de pessoas: quando duas ou mais pessoas praticam fato típico, ilícito e culpável.
Vamos ver as diferenças entre o co-autor e o partícipe. O co-autor é tão autor do crime quanto o autor, e o partícipe tem responsabilidade penal, mas diminuída.
Concurso de crimes: quando a mesma pessoa ou mesmas pessoas praticam uma ou mais infração penal. Exemplo: caixa de um supermercado todo dia tira da caixa R$ 50,00 durante um ano. Ela responderá por 365 furtos? Existe concurso material, formal e crime continuado. 
Sanções penais são as respostas estatais às práticas criminosas. Estamos acostumados a saber a pena – a pena é uma das duas sanções penais. O sistema penal impõe a alguém uma de duas espécies de sanção penal: a pena e a medida de segurança. Dentre as penas veremos as espécies de pena: a prisão é uma das espécies, que é chama de pena privativa de liberdade. Também há duas espécies de medida de segurança.
O primeiro elemento da culpabilidade é imputabilidade (se refere à características pessoais do agente). As três causas que excluem a culpabilidade é o menor ser inimputável, este sofrerá medida sócio-educativa (medida determinada no ECA), não será condenado por um crime e imposta uma sanção penal; outra causa que exclui inimputabilidade é o índio que não tem cultura com a civilização, mas isso praticamente não existe; art. 26: doente penal – capacidade e intelecto – para ele são impostas as medidas de segurança. Na pena, é imposta a sanção penal para alguém praticou fato ilícito, típico e culpável, mas para quem está nestas hipóteses não, são impostas as medidas. 
A fixação da pena segue uma série de regramentos e de fases. Quando o juiz após condenar alguém, fixa uma pena, seguiu vários critérios e basicamente três fases. Vamos estudar o método trifásico da imposição da pena.
Uma das espécies de pena: pena privativa de liberdade. Depois veremos as medidas de segurança. 
No Brasil, passa a cumprir a pena em liberdade, porque precisa ter a ressocilização. O nosso sistema é assim, porque a CRFB de 88 quis que a imposição de pena (resposta estatal) tivesse como principal objetivo ressocializar. Execução penal: a forma de se cumprir uma pena. Veremos o livramento condicional, suspensão de regime, conciliação (lei 9099). -> diversos institutos penais no Brasil. 
Causas de extinção da punibilidade (art. 107 do CP): prescrição e outros – são causas que fazem com que o sujeito ou o fato não sejam mais puníveis. São exceções. A prescrição é quando o Estado perde o direito-dever que tem de punir, por causa do transcurso do tempo. Isso acontece por causa da segurança jurídica, paz social – se o Estado não puniu até agora, não interessa mais à sociedade que aquele fato tenha uma punição. Sujeito cometeu um crime leve há 30 anos, e até hoje não se sabe se ele cumprirá uma pena ou não – a necessidade é de segurança jurídica para ele e para o corpo social. Já se passou tanto tempo que não tem mais motivo para ter punição para aquele fato. O tempo depende do fato – existe uma tabela no art. 109 do CP que define o tempo de prescrição: quando começa a ser contado e quando termina – depende da fase e da etapa. 
Efeitos da sentença penal condenatória. Quando o Estado faz questão que exista uma punição, ou quando deixa a critério da vítima ou quando defende a vítima- -> ação pública condicionada, incondicionada à vontade da vítima e incondicionada privada.
TEORIA DO CRIME
Revisão e continuação
Fato típico: conduta humana, resultado normativo, nexo causal e previsão legal. Ilícito (antijurídico): estado de necessidade legítima defesa, estrito cumprimento do dever legal, exercício regular do direito. / Culpável: imputabilidade, potencial consciência sobre a ilicitude do fato, exigibilidade de conduta diversa. 
Fato típico é o fato formalmente previsto na lei como infração penal. É sempre uma conduta humana, que gera um resultado previsto na lei. 
O nexo causal é um liame entre a conduta e o resultado – é uma relação direta. Essa conduta humana pode ser dolosa ou culposa. 
A modalidade dolosa (modalidade da conduta) (art. 18 do CP) é quando se tem intenção de atingir o resultado ou quando sabia que assumiria o risco de produzir, tendo assim a diferença entre dolo específico e dolo eventual. 
No dolo eventual, não quis o resultado, mas não se importou com o fato de que o resultado pudesse surgir – isso em nenhum momento influenciou que ele deixasse de praticar a conduta. 
A modalidade culposa (modalidade da conduta) é quando não teve a intenção, mas não agiu com o dever de cuidado, prudência, imperícia. Deixou de observar o dever de cuidado, uma norma de cautela, que ele tinha obrigação de respeitar. Imprudência é quando sujeito deixou de observar dever de cuidado por ação – sabia que não podia ultrapassar 80 km/h e mesmo assim passou. Negligente é que o cuidado recomendava algo, mas ele deixou de fazer – modalidade culposa por omissão. Imperícia é quando falta conhecimento técnico, e ele errou dentro do conhecimento específico dele – o médico tem uma área específica e ele não fez o que a medicina recomendava e assim foi imperito e causou um resultado.
Caso dos torcedores que arrancaram privada do banheiro e jogaram na outra torcida -> dolo específico, porque sabiam que tinha multidão passando, sentiram o peso da privada e mesmo assim jogaram. O dolo específico não precisa ser muito específico 
A culpa também tem uma classificação: culpa consciente e inconsciente (na culpa inconsciente o sujeito também é punido). 
Na culpa consciente, ele sabe que está descumprindo um dever de cuidado, mas ele acredita fielmente que o resultado não irá acontecer. * Exemplo: Sujeito vai avançar sinal, pois está de madrugada e não tem nenhum carro e nem ninguém passando, então age sem o dever de cuidado, pois acredita que não irá gerar o resultado. 
A culpa inconsciente não se percebe que está descumprindo o dever de cuidado. Exemplo: Sujeito não vê que tinha o semáforo, mas ele deveria saber. Não sabe que está descumprindo um dever de cuidado. O erro dele foi não saber que estava descumprindo, quando deveria saber. 
*Qual a diferença teórica entre dolo eventual e culpa consciente? O dolo eventual assume o risco de produzir o resultado, enquanto que na culpa consciente acredita que o resultado não irá acontecer. 
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Aula 02 – Rio, 06.03.15
A conduta humana é sempre comissiva ou omissiva. É sempre uma conduta de ação ou omissão, positiva ou negativa. Na positiva, a lei penal proibia a conduta, na negativa a lei penal proibia a omissão. De uma forma ou de outra, sempre há a exteriorização da conduta, ou seja, a lei penal não pune pensamento, tem que de alguma forma modificar o mundo exterior – isso sempre faz parte da conduta humana.
E aí isso tem a ver com resultado. No nosso ordenamento vigora a teoria naturalística: o mundo exterior tem que ser modificado. 
Crime material é o crime em que essa conduta que vai resultar sempre na modificação do mundo exterior deixará vestígio. Todo crime material precisa de prova de materialidade – exemplo: crime de lesão corporal; homicídio – tem que haver o vestígio, o crime depende desta prova. 
Já o crime formal, precisa de um resultado, mas este não é palpável, mas sim presumível; este resultado muitas vezes depende de um ponto de vista. Exemplo: xingar alguém – atinge a honra, mas não deixa rastro. 
No crime de mera conduta o resultado é a conduta em si. Exemplo: desde o advento do código de trânsito surgiu o crime de embriaguez ao volante – para configurar o crime, antes, o sujeito ao dirigir bêbado expunha em perigo a vida de outra pessoa ou até a sua própria, ou seja, se provasse que dirigiu bêbado, mas a 10 por hora na pista da direta e foi até a garagem da sua casa, não era crime. Havia dificuldade de provar esta prova: expor a perigo, pois isso não deixa vestígio, não é um vestígio palpável, apesar de modificar o mundo exterior. Comisso se transformou a conduta criminosa em crime de mera conduta, não tendo que expor a perigo, bastando dirigir bêbado. 
Nexo causal -> toda situação, antes do resultado, sem a qual o resultado não teria ocorrido. É preciso atentar que a conduta tem que ter um nexo causal direto com o resultado – exemplo: fulano me dá uma arma para matar a fulana. A minha conduta tem nexo causal direto com o resultado, faz parte da tipificação. E a do fulano? Só irá responder pelo crime de homicídio que eu cometi se ele sabia que eu tinha a intenção de matar a fulana. 
Previsão legal -> Princípio da Tipicidade/ Reserva Legal/ Legalidade: a lei tem que vir antes da prática do crime; a vigência da norma penal incriminadora tem que se dar anteriormente a ocorrência do crime, porque a lei penal não retroage, só se for para beneficiar o réu. 
Excludentes de ilicitude:
Estado de necessidade – art. 24 do CP -> o perigo ou iminência de perigo tem que ser atual. A lesão ao seu bem jurídico tem que estar prestes a acontecer. A ameaça tem que ser a direito próprio ou alheio. A situação não pode ter sido provocada pelo agente - exemplo: calamidades; subtração de alimento para comer (não basta fome, tem que estar quase morrendo ou desfalecendo). Inevitabilidade de comportamento (não tinha outra forma que não aquela de proteger o seu direito ali de maneira imediata). Razoabilidade do sacrifício. 
Legítima defesa – art. 25 do CP -> empregar meios necessários moderadamente (Atenção! às vezes pode ser só exista um único meio disponível para repelir a agressão injusta). Porém, pode se ter o excesso de legítima defesa. 
A legítima defesa putativa – é a legítima defesa em erro e que exclui a ilicitude: eu vejo meu inimigo, meu desafeto, que põe a mão no bolso, e então acho que ele vai pegar a arma dele e me matar, então me antecipo e pego a minha e atiro nele, mas, na realidade, ele só estava tirando um maço de cigarros. 
Estrito cumprimento do dever legal – art. 23, inciso III do CP -> serve para proteger quem tem que cumprir a lei. Para proteger práticas que a lei impõe. Exemplo: o policial se não tenta impedir a ocorrência do crime, ele comete crime, porque o Estado impõe a ele a obrigação de impedir a prática criminosa caso ele tenha a chance de impedir. / O médico tem obrigação legal de praticar intervenção cirúrgica mesmo sem consentimento do paciente ou de seus familiares. / Carrasco. 
 
Exercício regular de direito – art. 23, inciso III do CP -> quando a lei confere o direito de você praticar uma conduta prevista em lei como crime. Exemplo: qualquer do povo pode dar voz de prisão, sem configurar crime de constrangimento ou cárcere. / Violência esportiva -> nas lutas de UFC não ocorrem crimes de lesão corporal, porque são casos em que se tem o consentimento do ofendido. O sujeito pode abrir mão do bem jurídico protegido, logo não se configura crime. 
Sobre a culpabilidade tem doutrina minoritária que considera que a culpabilidade não é elemento integrante da teoria do crime, mas os tribunais e a jurisprudência não aceitam isso, porque na excludente de culpabilidade o sujeito será absolvido, então doutrina e jurisprudência majoritária considera que culpabilidade é elemento integrante do crime. 
O sujeito sabe que é errada a conduta e mesmo assim fez, sabe que é reprovável e que não tem nenhuma causa que justifique e mesmo assim pratica. Os elementos da culpabilidade: 
A partir das características pessoais do agente pode-se presumir que essa pessoa sabia que a sua conduta era reprovável. Segunda a nossa lei, ele não tem essa condição pessoal quando – excludentes de culpabilidade:
Aspecto biopsicológico: a imaturidade natural – art. 27 do CP – quem não tem 18 anos completos não responderá, mas pode ser submetido a uma medida sócio-educativa se tiver mais de 12 anos. A partir dos 18 anos já é penalmente capaz. 
Doença mental – art. 26 do CP, art. 22 do CP e art. 45 da lei de drogas – é inimputável por força da doença mental:
b.1) por força da doença mental no momento do crime era incapaz de entender o caráter ilícito do fato, ou seja, a doença mental comprometia a sua capacidade intelectual e de discernir o certo do errado. 
b.2) ou é incapaz de se comportar de acordo com o entendimento do certo e errado e do caráter ilícito e reprovável do fato por força da doença mental, ou seja, algumas hipóteses em que a doença mental apesar de não retirar o juízo de reprovação dele, comprometia a capacidade comportamental dele, fazendo com que ele não pudesse agir de outra forma. -> incapacidade comportamental – muito comum no caso de drogas.
OBS. A embriaguez não tira a imputabilidade – art. 28. As hipóteses previstas no CP para que a embriaguez retire a imputabilidade são: 1) bebeu sem saber que era álcool / 2) por coação – embriagaram o sujeito a força (por força maior: coação física). / 3) Alcoolismo – entra no conceito de tóxico dependência. 
Potencial consciência sobre a ilicitude do fato -> não é desconhecimento da lei, mas sim quando todas as circunstâncias fazem o sujeito acreditar que a conduta é permitida. É o chamado erro de proibição. Exemplo: turista fumando maconha – no país dele, viu imagens de pessoas no RJ fumando maconha durante o carnaval, levando-o acreditar que a conduta era permitida. 
Erro de tipo: se engana sobre um dos elementos do crime – estou no metrô, coloco minha pasta preta no chão e outro sujeito faz a mesma coisa, e quando saio pego a pasta dele por engano -> não é furto, nesse caso. 
Erro de proibição: sujeito se engana sobre a proibição, achando que a conduta é permitida. Exemplo: japoneses ficaram perdidos em uma ilha, acabou a segunda guerra e eles não sabiam. Chegou um navio dos EUA e os japoneses abriram fogo – para eles, eles estavam agindo sobre dever legal, pois na guerra se tem que combater o inimigo.
 
Exigibilidade de conduta diversa -> expectativa social de um comportamento diferente. 
Coação irresistível (uma arma na sua cabeça) / Obediência hierárquica – art. 22 do CP – exceção: ordem manifestamente ilegal (é evidente que aquela ordem é ilegal). 
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Aula 3 – Rio, 10.03.15
CONCURSO DE AGENTES
Como a lei penal regula a hipótese de duas ou mais pessoas cometerem um ou mais crimes CONJUNTAMENTE, ou seja, essas duas pessoas ou mais estão no mesmo contexto, elas têm intenção de cometer aquele (s) crime (s). Se duas pessoas cometem o mesmo crime, temos também pluralidade de condutas. Art. 29 do CP: pluralidade de agentes e condutas. 
É o chamado vínculo subjetivo/psicológico – é a vontade, é a intenção de cometer junto o(s) crime(s). Se as duas pessoas agiram com esse vínculo psicológico, ou seja, combinaram de agir juntas, tinham a mesma intenção de matar a vítima, as duas irão responder pelo crime de homicídios, ou seja, haverá concurso de agentes.
Contudo, se a vítima vai passar aqui na rua e tem um sujeito querendo matá-la e do outro lado da rua também tem uma pessoa querendo matar essa vítima, mas estes dois agressores não se conhecem, não há concursos de agentes. Tem que haver um acordo prévio entre os criminosos, ou então uma adesão momentânea de um segundo criminoso naquele momento (aderiu à conduta do criminoso na hora). 
Todos devem atuar objetivando o mesmo crime – art. 29, §2º -> só assim os dois respondem pelo mesmo crime. Ambos têm que objetivar o mesmo resultado. 
-Teorias:
1) Teoria Monista (unitária ou igualitária) -> “crime resultado da conduta de cada um e de todos indistintamente, não havendo distinção entre autor, partícipe, instigador, etc. Todos autores e co-autores”. Esta primeira teoria diz que não tem que existir diferença de responsabilização criminal. Não é a nossa teoria. 
Porém, para o nosso sistema haverá diferença na responsabilidade penal – diferente entre autor e partícipe. Um concurso de agentes pode ter um autor e um partícipe, ou então dois autores, ou então dois autores e um partícipe. O partícipe também comete crime, mas ele é responsabilizado de maneira mais leve, enquanto queo autor tem mais responsabilidade penal. 
2)Teoria Dualista (ou Dualística) –> divide os agentes em autor e partícipe. Autores: realizam o verbo (núcleo do tipo), atividade principal – o autor do crime terá uma pena maior, uma vez que teve a conduta principal (praticar o núcleo do tipo, o verbo do crime – exemplo: furto) / Partícipe: desenvolvem atividade secundária, instigam, auxiliam – o partícipe não pratica o verbo, mas auxilia a conduta do principal. Exemplo: Roubo – subtrair coisa alheia mediante violência ou grave ameaça -> sujeito armado rende a vítima e um outro pega a bolsa da vítima. Quem praticou o núcleo, o verbo previsto em lei foi quem pegou a bolsa; enquanto que aquele que usou a arma, para esta teoria, seria mero partícipe. Acha que a lei quer punir mais quem praticou o núcleo, do que o outro que apontou a arma. Contudo, a lei penal nem sempre quer que a conduta mais grave seja a de quem praticou o núcleo. 
3) Teoria Pluralista -> cada agente contribui com uma conduta própria, então cada um responderá por um crime próprio. Esta teoria praticamente exclui vínculo psicológico. 
4)Monista Temperada/Mitigada/Próxima à Dualista (Nosso CP – nossa teoria) -> autor é aquele que pratica o núcleo ou simplesmente ingressa no tipo – pratica conduta prevista na lei penal (Co-autores ingressam no tipo e não só no núcleo). Partícipe é aquele que auxilia de alguma forma, quer cooperar com a conduta de quem está praticando as elementares do tipo, porém em nenhum momento pratica quaisquer das condutas previstas como crime. Exemplo: Assalto no ponto de ônibus -> João é o autor, porque emprega a grave ameaça, que faz parte do tipo; o José é autor, porque praticou o núcleo, pois subtraiu coisa alheia; e o terceiro é um partícipe, pois estava em comunhão de vontades, agindo em prol do crime, em conluio, mas não praticou nenhuma conduta prevista como crime, apenas auxiliou a conduta criminosa dos dois, uma vez que apenas vigiou para ver se alguém iria chegar. Para nossa lei penal, os dois primeiros terão uma pena maior que o terceiro. 
Contudo, se este terceiro no final fala para a vítima: “não nos siga, pois senão atiramos em você” a partir deste momento, este terceiro deixa de ser partícipe e ingressa no crime. 
-Conceito de autoria
Dentro de autoria e não dentro de concurso de agentes, existem outros dois conceitos:
Conceito restritivo de autor: só quem pratica núcleo ou que ingressa no tipo – é muito criticada na doutrina. Exemplo: médico manda enfermeira ministrar veneno no paciente. Quem praticou a conduta foi a enfermeira – ela não estava obedecendo, apenas topou matar o paciente. O mandante, portanto, não é responsabilizado pelo crime, e por isso a doutrina e a jurisprudência critica esta teoria. Por isso, entende-se que deve igualar o mandante ao autor do crime, sendo ambos co-autores.
Teoria do Domínio do fato: O mandante é aquele que usa determinada pessoa para praticar o crime. A Teoria do Domínio do Fato: alguém em posição hierarquicamente superior, que pelo menos sabe que crimes estão acontecendo, mas ele não ingressa no tipo, e ele anui/deixa, quando ele tinha capacidade de interromper. Mesmo considerando o mandante tão autor quanto quem pratica o crime, não seria possível criminalizar alguém sem a teoria do domínio do fato antes do Tribunal de Nuremberg, para poder punir gerais e entes das forças armadas nazistas. A diferença para o mandante: aquele que tem o domínio do fato sabe que crimes estão acontecendo e, além disso, permite e deixa de interromper. Com isso se igualou aquele que tem o domínio do fato e o autor: são co-autores do mesmo crime. 
OBS.: O sujeito que utiliza um terceiro inocente (autor indireto/mediato – por coação moral irresistível, obediência hierárquica, incapaz), será punido, mas o terceiro inocente não, será inimputável.
-Participação:
Moral -> pode ser através de duas formas: induz ou instiga -> induzimento cria a vontade em outra pessoa; instigação: a vontade já existe e ele a faz aumentar. O sujeito que é decisivo no aspecto psicológico para que outra pessoa cometa um crime, essa pessoa é partícipe moral – influenciou no psicológico do agente. Ou criou a vontade do crime na pessoa ou fez essa vontade aumentar. O partícipe moral atuou no aspecto psicológico, na vontade. 
Material -> partícipe que ajudou materialmente através de meios, coisas. É o sujeito que vigia, que empresta a arma, que dá alguma coisa para ser usada no crime. 
ATENÇÃO! O partícipe só responde pelo crime, se o autor cometer o crime. Então a participação é necessariamente acessória, depende sempre da conduta da existência do crime praticado pelo autor (depende da existência de um fato principal). 
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Aula 4 - Rio, 13.03.15
PARTICIPAÇÃO
Participação moral (influência no aspecto psicológico - sujeito cria a ideia do crime para outra pessoa ou a pessoa já tem a ideia e o sujeito dá apoio moral para cometer o crime - esse sujeito será partícipe, mas só será se a pessoa realmente cometer o crime). E a participação física é quando ajuda a cometer o crime - caso do vigia. 
Cumplicidade necessária é quando foi absolutamente decisiva a conduta do partícipe para o crime ter acontecido daquela forma e ele forneceu algo raro, difícil de encontrar - exemplo: Veneno que não deixa rastro. Alguém vigiar uma porta, qualquer um consegue, mas conseguir um bem raro acaba tendo mais culpa, influenciando no tamanho da pena do partícipe. 
-Teorias:
1)Acessoriedade mínima: Para o partícipe ser responsabilizado basta autor praticar conduta típica - exemplo: Sujeito que influencia o outro a roubar para comer pois sabe que o sujeito está quase morrendo de fome. Então, como sabia que o sujeito passava fome muito séria, inanição, este não será considerado participe, porque para o nosso direito é excludente de ilicitude.
2)Acessoriedade limitada (para nossa doutrina e nosso CP): O partícipe só não será punido se ele souber alguma coisa que exclui a culpabilidade do autor.
Diferença para a participação do crime do art. 286 - esse conceito é para quando é para um crime determinado. O crime de incitação pública é quando o sujeito incita de alguma forma uma prática generalizada de crimes e de maneira pública (para número indeterminado de pessoas). Exemplo: Jornalista que ficou revoltado com um caso e falou no rádio que a população deveria apedrejar a casa do prefeito. Ele praticou esse crime e não é partícipe; ele incitou publicamente, porque o rádio alcança um número indeterminado de pessoas. É diferente do professor criar a ideia aqui na sala de aula, pois somos um número determinado de pessoas - então ele seria partícipe moral do nosso crime.
-Desistência voluntária e arrependimento eficaz do autor -> O João (autor) desiste voluntariamente e se arrepende e só responde pelo crime de lesão corporal. E o partícipe? Ai tem parte da doutrina que diz que o partícipe só responde se o autor tiver cometido a conduta principal, pois o autor não cometeu o crime de homicídio que o partícipe tinha instigado o autor a cometer. A outra parte da doutrina entende que o partícipe responde só pelo fato de ter instigado.
-Arrependimento do partícipe ->Na participação moral depois que instiga a praticar o crime, se ele conseguir fazer o autor a mudar de ideia, ele não responde. Mas se ele não conseguir dissuadir o autor, e o autor comete, ai o participe responde. Ou seja, mesmo participe arrependido e tentando convencer o autor a não praticar o crime, se não conseguir dissuadir o autor, este participe será responsabilizado.
Auxílio material -> Se entregou o objeto, tem que pegar de volta para não ser responsabilizado. Se tentar pegar e não conseguir e o autor praticar o crime, o partícipe será responsabilizado. 
Não existe tentativa de participação. Se o sujeito entrega a arma e a outra pessoa não comete o crime, o partícipe não será responsabilizado. Ele passa a ser punido quando o autor pratica o primeiro ato de execução, pelo menos por crime tentadoo autor irá responder. Exemplo: Sujeito vigia a porta para o outro furtar, mas esse nem furta, o partícipe será insignificante. Para ter a tentativa de furto, o primeiro ato de execução é deslocar a coisa de lugar. 
Participação por omissão ->no caso de participação moral, não existe. É só quando tem uma conduta positiva. Se uma pessoa que trabalha numa casa e vê o ladrão chegando e pode fechar a porta, mas quer mais que assalte mesmo e deixa a porta aberta, ela é considerada partícipe do roubo. Ela é partícipe por omissão, pois forneceu uma via para o crime através de uma omissão. Mas uma coisa é a pessoa não perceber ou não conseguir fechar a porta. Tem que atentar para o vínculo psicológico - o partícipe tem que querer que o crime ocorra.
Status garantidor -> o vigia, o bombeiro, policial. Não precisa o comando ser por lei. O vigia tem a obrigação legal ou não de impedir o assalto. A lei quer que nesse caso seja punido como autor e não como partícipe. O segurança estava ali de status garantidor e se ele se omite dolosamente, responderá como autor e não partícipe. Como ele tinha obrigação de impedir e não fez e deixou o assalto acontecer, a lei quer que ele seja punido que nem o autor. 
-Participação de menor importância ->§1º do art. 29 - o legislador reservou essa pena menor ainda quando o sujeito é tecnicamente partícipe, mas a sua atuação foi pífia. Isso fica a critério do juiz decidir. Vai depender do julgador. 
-Participação em crime menos grave -> Aqui o autor no meio da conduta pratica um crime mais grave. Exemplo: Dois sujeitos vão assaltar uma casa - um vai ficar na porta e o outro vai entrar para render. Se o que entra, além de roubar também mata, cometeu crime de latrocínio. O que estava do lado de fora, que é partícipe responderá só pelo crime de roubo. 
Art. 29, §2º diz que se era previsível ocorrer o crime mais grave, ele responderia por roubo e não latrocínio, mas vai ter aumento de pena, porque era previsível que soubesse que poderia ocorrer crime mais grave nesse caso.
Alguém que auxilia o outro a ajudar o produtor proveniente do crime não é hipótese de participação do crime anterior. A participação só se dá antes ou durante. Depois da ocorrência do crime não é mais participação que se configura.
Art. 29 -> a lei penal quer que fique a critério do juiz definir o chamado juízo de censura, a reprovabilidade. O juiz vai sempre avaliar quem teve mais importância na conduta criminosa, quem teve as condutas mais reprováveis. Em regra o partícipe sempre terá conduta menos reprovável que a do autor. 
-Circunstâncias incomunicáveis -> circunstâncias são dados que não entram na norma incriminadora. Exemplo: Cometer crime patrimonial contra familiar é mais grave. José e João roubam a irmã do João. A conduta do João é mais grave do que a do José. Quando a questão é pessoal só em relação a um dos autores, isso só será considerado para um dos autores somente.
Peculato é crime patrimonial praticado contra o Estado pelo funcionário público. Só pratica peculato funcionário público, mas se você ajuda o funcionário público a cometer o ato, você também pratica peculato, porque ai faz parte do tipo.
Uma coisa é circunstancia outra é elementar. Circunstâncias é se vai ter relação com a pessoa, é um elemento que não faz parte do crime. É o caso do crime dos irmãos. A circunstância só vale para o João.
-Crimes multitudinários -> crimes de massa. A multidão age com vínculo psicológico? Há quem considere que não, logo não tem concursos de agentes, mas outros entendem que tem. Outra questão é se cada um age na medida da sua culpabilidade, como vai individualizar a conduta de cada um? Bittencourt e Greco entendem de forma diferente. A maioria entende que há vínculo psicológico, havendo, portanto, concurso de agentes. 
-Concurso de agentes em crime culposo -> pode ser co-autoria ou só pode ser participação? O crime culposo só advém se tiver resultado. Exemplo: Motorista dirigindo acima da velocidade - será partícipe, o carona, se instigar a aumentar a velocidade. Mas Bittencourt diz que isso não é possível, só se ele violar dever de cuidado. O professor entende que ele é participe, porque instigou o sujeito a ter uma conduta negligente.
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Aula 5 – Rio, 17.03.15
CONCURSO DE CRIMES
Quando uma pessoa ou mais pratica(m) mais de um crime nas mesmas circunstâncias (mesmo vínculo psicológico). O fato jurídico penal é um só, e a pessoa vai responder por crimes de uma única vez, porque o fato é o mesmo. Exemplo: alguém entra aqui na sala e mata várias pessoas – vai responder por 04 homicídios consumados e 06 tentados de uma vez só, com relação a um único fato, em um mesmo processo. 
Ela pode ter um único comportamento, uma única conduta ou vários comportamentos ou várias condutas. O fato é que seja com um comportamento ou mais, o sujeito que pratica o crime chega a mais de um resultado, pois ele lesa mais de um bem jurídico. Pratica mais de um crime, seja igual ou diferente.
-Tipos de concurso
1)Concurso material (ou real) – art. 69 -> o sujeito dentro de uma mesma situação, em um mesmo fato, tem mais de uma conduta e obtém mais de um resultado. Ele tem duas ou mais práticas de comportamentos e obtém dois ou mais resultados – cada comportamento voltado para um resultado. Temos a chamada pluralidade de condutas e de crimes. Exemplo: sujeito que entra aqui na sala e atira em mais de uma pessoa. / Sujeito em um roubo, aproveita e estupra também (conduta de roubo e crime sexual NA MESMA SITUAÇÃO). 
Neste concurso, os crimes podem ser completamente diferentes. Podem, inclusive, não se dar mesma espécie, ou seja, não precisa ser mesmo bem jurídico tutelado (no roubo é o bem patrimonial; no estupro é a liberdade sexual). 
O que se leva em consideração é que o agente quis ter dois resultados, e para isso teve duas condutas. Se teve duas condutas de homicídios e conseguiu duas mortes, vai ter dois concursos materiais, ou seja, é o chamado sistema do acúmulo material, sendo as penas somadas. Terei uma pena pelo homicídio de A e outra pelo de B, sendo condenado na soma das duas penas. 
2)Concurso formal (ou ideal) – art. 70->quando o sujeito tem uma conduta, mas por conta disso pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não. Exemplo: Entro aqui e xingo todos – pratiquei 40 crimes contra a honra através de uma única conduta.
O sujeito tem uma arma de fogo potente e com umtiro mata duas pessoas – a bala atravessa um corpo e ainda pega em outra – dois homicídios em concurso formal. O fato é único e ele violou mais de uma norma penal. Temos unidade de conduta e pluralidade de crimes, com mais de um resultado. 
Com relação às penas depende da espécie de concurso formal: 
a)Concurso formal próprio/perfeito -> o sujeito tinha intenção de cometer um crime, mas por culpa (negligência, imprudência), acabou chegando a um segundo resultado. Exemplo: bato com a garrafa na cabeça de A, mas a garrafa estilhaça e bate em outra pessoa -> praticou duas lesões corporais, mas só tinha intenção de atingir A e por culpa atingiu um segundo ou um terceiro. / Para matar uma mulher o sujeito dá um tiro, mas também mata a criança que estava no colo dela – por culpa acabou matando a criança também. 
A grande dificuldade é decidir se o segundo crime foi doloso ou culposo – se foi por dolo eventual ou culpa. 
Crime de receptação: sujeito que adquire um bem objeto de crime. Tem a dolosa e a culposa – a dolosa é quando o sujeito sabe que aquilo é produto de crime; a culposa é quando não sabe. Quando vai a um camelô e compra produto, muitos consideram que se está praticando receptação culposa -> com uma única conduta compra três dvd’s piratas, gilete e chocolate. 
Se o crime for culposo, sempre será concurso formal próprio, pois como o agente não assumiu o risco de produzir o segundo resultado, pois foi imprudente (culpa), ele não terá as somas somadas. Nesse caso, se pega uma das penas, a mais grave (a maior), e por conta do segundo resultado (que é culposo), o sujeito vaiaumentar de 1/6 à metade. A lei estabelece limite máximo e mínimo de aumento, ficando a critério do juiz. O nome desse sistema é exasperação.
A jurisprudência diz que quanto mais resultados, quanto mais crimes, maior o aumento. Então, costuma-se dizer nos tribunais que se o concurso formal foi apenas entre dois crimes, o aumento é mínimo, ou seja, apenas de 1/6. 
b) Concurso formal impróprio/imperfeito -> sujeito tem uma conduta, mas ele quer produzir mais de um resultado. Exemplo: jogou uma granada no meio de 10 pessoas. / Sujeito entra no ônibus e rouba todos / Injúria a vários.
O concurso formal foi criado para a hipótese de o segundo crime em diante ser por culpa, mas se o sujeito quis praticar vários crimes, então terá as penas somadas, que nem o concurso material. 
Concurso material benéfico
O concurso formal próprio (perfeito) foi criado pro réu, em seu benefício. A lei entende que as penas não devem ser somadas. É uma ficção jurídica em prol do agente. Mas há casos em que a criação dessa ficção jurídica em vez de beneficiar o réu, acaba prejudicando-o. Exemplo: o sujeito jogou a garrafa em outro e o matou, e atingiu uma segunda pessoa também. -> pegou a pena mínima de homicídio qualificado, que é de 12 anos. O juiz impõe 12 anos de prisão pelo homicídio e pela lesão corporal impõe a pena mínima de dois meses prisão -> agiu em concurso formal próprio – pega a pena maior e aumenta o mínimo: 12 anos + 2 anos = 14 anos. 
Se o juiz aplicasse o acúmulo material e somasse as duas penas, nesse caso daria 12 anos e 2 meses. No caso concreto, a aplicação do concurso formal perfeito levaria a uma pena maior, do que o sistema do concurso material (concurso da soma das penas).art. 70, parágrafo único: Concurso material benéfico. 
3)Crime continuado – art. 71 ->é uma ficção jurídica para impedir penas descomunais. Exemplo: funcionária pega R$ 100,00 do caixa – registra menos R$ 100,00 todos os dias por um ano. Se não fosse o crime continuado, ela responderia por 300 crimes, tendo as penas somadas. Por isso se criou o conceito do art. 71 -> ela não terá as penas somadas – vai ter a pena mais grave aumentada de 1/6 a 2/3. 
A pessoa tem duas ou mais condutas, consegue dois ou mais resultados, sendo os resultados da mesma espécie; ela age nas mesmas circunstâncias (tempo, modo como pratica o crime), de forma que a segunda conduta criminosa é tida como continuação da primeira – para a lei penal, ela não praticou 300 furtos de R$ 100,00, mas sim um furto ao longo de um ano de R$30.000,00. 
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Aula 6 – Rio, 27.03.15
Dano material: duas ou mais condutas, dois ou mais resultados – o agente quis os dois resultados – penas somadas. 
Concurso formal: uma conduta, mais de um resultado – o agente só queria produzir um resultado, o sistema de cálculo de pena será o da exasperação: pena maior aumentada de 1/6 à metade. Se o sujeito quis o outro resultado: soma (como no material).
Concurso material benéfico: concurso formal próprio (caso da exasperação) -> se o agente ficar numa situação mais gravosa do que se somassem as penas (homicídio e lesão corporal culposa -> se somar as penas mínimas dá menos do que pena maior aumentada de 1/6 à metade). 
Crime continuado: caixa de supermercado que todo dia rouba não responde por 300 furtos. A lei quer que isso seja considerado um crime só – por conta da continuidade delitiva, essa conduta que ela teve durante 01 ano será considerado um crime só. Sempre que a segunda conduta, com o segundo resultado for em decorrência do primeiro, dando continuidade ao primeiro.
Semelhantes condições de tempo, lugar, modo de execução, a partir do segundo pode ser tido como continuidade do primeiro.
Os critérios são subjetivos. Nos casos reais, há casos claros e alguns não são tão claros assim, entendo o juiz que não é crime continuado, mas sim concurso material. É, portanto, uma ficção jurídica, a fim de evitar penas descomunais. A pena do crime é exasperada: de 1/6 a 2/3. 
Exemplo: Lavagem de dinheiro -> configura crime qualquer forma de artificiosamente/fraudulentamente tornar lícito um dinheiro antes ilícito -> o sujeito consegue dinheiro com um bem através de crime, e então através de alguma operação ele justifica fraudulentamente uma origem lícita desse dinheiro. restaurante que faz lavagem de dinheiro – no primeiro dia inventa que um casal foi lá e consumiu “x”; no dia seguinte inventa que quatro pessoas lá estiveram e consumiram “y” – se não fosse a continuidade do crime teria uma pena imensa. Porem, o sujeito nas mesmas condições de tempo, lugar, modo de execução, caracteriza crime continuado.
Requisitos:
Tem que ter pluralidade de crimes. Mas tem que ser o mesmo crime? A mesma espécie? – art. 71 -> o legislador quis dizer com crimes de mesma espécie o mesmo crime em si ou pode não ser a mesma norma penal incriminadora, mesmo bem jurídico protegido? 
Parte da doutrina e jurisprudência entende que tem que ser a mesma espécie, o mesmo crime – exemplo: receptação e estelionato não podem, pois consideram crimes diferentes.
Porém, outra parte da doutrina admite crime continuado, quando são crimes diferentes, mas sempre com o mesmo bem jurídico protegido. 
A dominante é que tem que ser o mesmo tipo. 
O grande desafio é diferenciar continuidade delitiva de reiteração criminosa. Grupo que assalta bancos de cidades pequenas – foge e no mesmo dia assalta agência de outra cidade pequena. Foge, e de noite, no mesmo dia, estoura um caixa eletrônico e dormem nesta cidade. No dia seguinte, em outra cidade assaltam e assim por dia -> Houve reiteração criminosa ou continuidade? Tem a posição do STF que impõe a condição de tempo: tempo que indique a persistência de liame psicológico que sugira uma sequência entre os dois ou ais fatos (exemplo: caixa subtrai mil reais por dia) tem que aferir na conduta do agente esse vinculo psicológico, de que o segundo seja continuidade do primeiro. Para o STF tem que ser máximo de 30 dias, porém isso é muito criticado. 
Mesmas condições de lugar. Tem que ter relação de contexto, mas não o mesmo lugar. Mas tem divergência. Critério da doutrina: relação de contexto entre as ações praticadas em lugares diversos (persistência de liame psicológico entre as ações). 
Maneira de execução – modus operandi: relação de contexto entre as ações. No exemplo da corrupção ele fez por depósito bancário,mas na quarta vez fez depósito bancário, mas em conta fora do país. Aí na sétima vez deu a quantia em espécie. Quebraria a mesma maneira de execução? O professor entende que não, mas tem decisões que entendem que sim. 
Outras condições semelhantes: aproveitamento das mesmas oportunidades e relações (exemplo: doméstica que subtrai bens). 
A lei fala crime subseqüente deve ser continuação do primeiro. É levada em conta a unidade de desígnio: o agente vê que dá para fazer isso direto e faz isso durante um período de tempo. (...) ? Parágrafo único do art. 71.
No caso do crime continuado simples é de 1/6 a 2/3. Se tiver violência ou grave ameaça: de 1/6 até um triplo. Crimes dolosos, vítimas diferentes, e o emprego de grave ameaça (é incutir na vítima a certeza de algum mal injusto e grave a ela ou a outra pessoa, caso ela não faça ou faça algo – quando ladrão aponta o revolver e fala “passa a bolsa”) ou violência (emprego de energia física contra a integridade física alheia – se o ladrão atira). É claro que a violência será sempre mais punida do que a grave ameaça. 
No crime continuado, segundo a doutrina e jurisprudência, quanto maior a continuidade, maior o aumento. Então duas coisas são certas nessa questão de quanto aumentar: se se deve aumentar, quanto mais infrações praticadas, isso quer dizer que: 1)se só tiveram duas condutas, a exasperação é a mínima, ou seja, 1/6. 2)Sendo mais de duas condutas, aí fica a critério subjetivo do juiz. Mas no mesmo caso, o juiz tem que, se ele for fazer várias exasperações de vários réus, em caso de concurso de agentes, ele tem que ser proporcional. Exemplo: três sujeitossão processados pela prática de crimes continuados. Só que A praticou o crime 10x; B 5x; e C 2x – o critério que o juiz vai chegar de maneira subjetiva tem que fazer sentido entre os aumentos deles. Aumenta se foi uma continuidade só, é pacífico que é aumento mínimo de 1/6. Havendo concurso de agentes, em continuidade delitiva, o juiz tem que ter uma proporcionalidade entre eles. 
Concurso material benéfico é aplicado a crime continuado. 
Art. 75 do CP: limite das penas. O juiz quando aplica a continuidade pode chegar a um patamar de 40 anos de pena privativa de liberdade e vai fixar a sentença nesse tempo. Esse limite de tempo de cumprimento de pena, não influencia no tempo da condenação. Não quer dizer que o juiz não pode aumentar e passar de 30. Esse artigo apenas proíbe que alguém fique preso mais de 30 anos, mas, no Brasil, a pessoa pode ser condenada a ficar presa mais de 30 anos. 
Sujeito praticou crime durante 6 anos; no terceiro ano veio uma lei que aumentou a pena para o crime dele - durante a continuidade vem uma lei e que tornou mais grave a situação do agente. Qual lei é aplicada? A da pena menor (dos 3 primeiros anos) ou da pena maior? Na teoria de sucessão de leis aplica-se a mais benéfica. Mas o STF tem a súmula 711: aplica-se a lei mais grave, se sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou seja, se durante o tempo da prática criminosa continuada, vier lei mais grave, por essa súmula aplica-se a lei mais grave. Mas isso não é pacífico. 
Concurso de crimes e Pena de multa -> sempre cúmulo material – art. 72 do CP. / Exasperação: Concurso formal próprio e Crime continuado. Cúmulo material: concurso material e concurso formal impróprio. No crime continuado, o máximo de aumento de pena não é a metade, mas sim 2/3, sendo maior do que no concurso formal. 
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Aula 7 – Rio, 31.03.15
Exercício 
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Aula 8 – Rio, 07.04.15
SANÇÃO PENAL 
Temos duas espécies de sanções penais, de resposta estatal em relação à ocorrência de crimes: penas e medidas de segurança. 
Depois do chamado devido processo legal, que tem a acusação, defesa, produção de provas, debates, o Estado vai exercer ou não o seu direito-dever de dar uma resposta à ocorrência do crime – exercício do ius puniendi.
Tendo o exercício do ius puniendi, pode-se entender que a sanção penal pode até ter um caráter de punição, mas o seu viés principal não é exatamente da punição, pois sua função principal é a proteção dos bens jurídicos que a lei penal elegeu e esse sistema de proteção dos valores jurídicos, normalmente previstos e consagrados na CRFB, é sempre inerente a um direito penal de um Estado Democrático de Direito. A norma penal incriminadora tem sempre que proteger sob a ótica do Estado Democrático de Direito, um bem jurídico, um valor do individuo, ou da sociedade ou até do próprio Estado. Mesmo que proteja valores da sociedade e do Estado, o parâmetro dessa proteção é sempre do indivíduo. 
-Diferenças entre penas e as medidas de segurança 
Ao contrário das medidas de segurança, as penas são impostas para as pessoas que praticaram fato típico, ilícito e culpável (imputável), ou seja, para as pessoas que praticaram crime. 
Já a medida de segurança não se destina a quem praticou crime, uma vez que esta se destina ao inimputável, e a inimputabilidade retira a culpabilidade, retirando o caráter criminoso do fato. Mesmo assim, apesar do sujeito não ter praticado crime, o Estado vai impor medida de segurança, porque ele causou um dano à segurança.
Funções da pena: 
Tem duas teorias que o nosso ordenamento adota - Caráter retributivo e caráter preventivo (especial e geral):
Retributivo: a pena serve para o sujeito reparar o dano. A pena também serve como punição, castigo. A pena de prisão é uma das espécies de pena, além disso, o sujeito também pode reparar o dano causado fazendo trabalho comunitário, ou fazendo doação de bens, dando dinheiro à vítima ou a instituições públicas de caráter social ou ao Estado (através da pena de multa). A prisão é reservada para casos absolutamente necessários. 
A tendência do parâmetro geral para aplicação da pena de prisão é uma tendência brasileira e internacional -> desde a década de 80, temos movimento muito grande no direito penal ocidental no sentido de condenar a pena de prisão. 
Preventivo: Em regra, prisão brasileira não ressocializa ninguém, não servindo como parâmetro social, mas servindo como punição. A prisão é uma restrição de direito, constitucionalmente garantida, que se dá em termos temporários, por isso, essa reparação deveria, então, vir junto de ressocialização, logo, é o caráter PREVENTIVO ESPECIAL, ou seja, o Estado marginaliza o sujeito da sociedade para reeducá-lo e uma vez reeducado retorna ao convício social. Forma de punir, compensar, castigar e prevenir a sociedade daquele ente perigoso. Mas se é uma supressão de direito temporário, não adianta suprimir só por um tempo, a prisão tem que funcionar de forma a ressocializar o sujeito, por isso a lei impõem algumas formas que o Estado brasileiro aplique para ressocializar. 
Prevenção especial -> com relação ao agente – ressocializá-lo e reeducá-lo, e enquanto ele não está ressocializado, a sociedade fica preventiva dele. 
Prevenção geral -> é o efeito intimidatório do Estado – mostrar pro coletivo/para a sociedade que aquela prática tem resposta estatal. Tem o objetivo de proteger a sociedade (e o Estado). 
Princípios da pena:
1)Legalidade - Art. 5º, inciso XXXIX -> o crime e pena correspondente tem que ser anterior ao fato criminoso. Essa regra existe por causa do Estado Democrático de Direito. Se a norma incriminadora protegesse o conceito de homem de bem, o legislador poderia fazer a mesma coisa que se fez na Alemanha na época nazista, ou seja, se quer evitar abuso, radicalização, dando segurança jurídica. 
2)Anterioridade - Art. 1º, CP -> crime e pena correspondente tem que ser anterior ao fato criminoso
3)Personalidade – Art. 5º, inciso XLV-> a responsabilidade penal é pessoal, é a conduta da pessoa humana; nunca passa daquela pessoa. PJ pode sofrer pena no Brasil? Não, com uma exceção: em caso de crime ambiental – a lei de crime ambiental prevê crimes específicos. 
4)Individualidade - Art. 5º, inciso XLVI -> a lei regulará a individualização da pena – vamos ver que o método trifásico ao chegar a uma quantidade de pena, é individual, sendo para um agente.
5)Proporcionalidade 
6)Humanidade - Art. 5º, incisos XLVII, XLVIII, XLIX e L -> não haverá penas de morte, salvo em caso de guerras declarada, de caráter perpétuo (CRFB proíbe em cláusula pétrea), proibição de penas de trabalhos forçados, de banimento (expulsar nacional do país) e cruéis. Tem que respeitar a dignidade da pessoa humana. A pena será cumprida de acordo com a natureza do delito, idade e sexo do apenado. 
São princípios constitucionais e que são direitos e garantias fundamentais, portanto, cláusulas pétreas da CRFB, que não podem ser modificadas. 
Espécies de pena (privativas de liberdade, restritivas de direitos e multa)
1)Privativa de liberdade -> é a pena de prisão. É a pena principal. 
Existem duas espécies na legislação penal de penas privativas de liberdade: pena de reclusão e pena de detenção – essa diferenciação, atualmente, não serve para muita coisa*. 
A reclusão é para casos mais graves do que a detenção, e na pena, o regime inicial pode ser qualquer um dos três regimes. 
O de detenção, o regime inicial é o semi-aberto ou o aberto, não podendo ser o fechado. Mas a lei fala “salvo necessidade de transferência para o sistema fechado”* – ou seja, fica a critério do juiz, não servindo para nada esta diferenciação. Tal modificação para o regime fechado se dá em caráter excepcional, só quando o juiz realmente achar necessário.
*Conclusão:Proibir o regime fechado inicial, quando o crime é punido com detenção (Proibição do regime inicial fechado para pena de detenção). Mesmo assim, fica a critério do juiz colocarexcepcionalmente fechado, como previsto no art. 33 do CP. 
Existem três regimes de cumprimento de pena privativa de liberdade, alem de três outros institutos, por causa dessa função ressocializadora. Diz-se que o sistema de cumprimento de pena no Brasil é progressivo, ou seja, o sujeito vai sendo reinserido no convício social gradativamente, vinculado, inclusive, ao seu comportamento – vinculado ao mérito do próprio condenado. A ideia da lei penal, com estes regimes e outros institutos (visita ao lar, por exemplo) é inserindo gradativamente ao convívio social. Tem que dar oportunidades dele conviver socialmente, de maneira progressiva, ou seja, de acordo com o comportamento dele.
O regime fechado é o regime de aprisionamento tradicional – é o presídio: estabelecimento onde se tem grades, celas, respeitando-se os direitos do preso (2 horas de sol, visita íntima, conversa sigilosa com advogado e familiar, nº máximo de presos por metro quadrado, integridades física, moral e psicológica). 
O regime fechado pode ser de segurança média, ou estabelecimento de segurança máxima, que são presídios especiais com maior sistema de segurança interna. 
Dentro do regime de segurança máxima existe um regime diferenciado: RDD (Lei nº10.792/2003) -> retira, provisoriamente (1 ano), direitos do preso, porque ele demonstrou que mesmo preso continua perigoso. O objetivo é isolar totalmente o preso de comunicação e convívio com o mundo externo. 
A questão toda é que o Judiciário determina que o sujeito vá para o regime fechado (prisão comum), e é o Judiciário que aplica essa progressão. Mas quando se fala aplica, quer dizer determina – determina a quem? Ao executivo (estadual ou federal). Então, tanto na ação penal condenatória, quanto na execução (juiz que vai dando progressão) é o Judiciário que determina, e é o Executivo que cumpre.
O poder executivo é formado primeiro por eleição e depois por nomeação (no segundo escalão). Logo, é constituído pelo voto. O preso provisório tem direito a voto, mas isso é teórico, pois preso condenado perde direito de voto. O que o professor quer dizer que, em regra, salvo exceções, acaba sendo relegado a último plano (politicamente falando). 
O regime semi-aberto -> colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar. É um estabelecimento penitenciário, mas tem que ter nele produção industrial ou agrícola. Sempre irá existir trabalho para o preso dentro do presídio, mas no regime semi-aberto, pela sua própria natureza, necessariamente vai ter trabalho. E já vimos que é proibido pena de trabalhado forçado, então preso trabalha se ele quiser. A lei, então, incentiva o preso a trabalhar, através da criação do instituto de remissão da pena. 
O preso pode também realizar um trabalho extra-muro, isto quer dizer trabalho ou estudo extra-muro -> pode sair de manhã para trabalhar e para estudar, e voltar na hora determinada pelo juiz. Quem decidiu isso foi o juiz, mas quem controla isso é o estabelecimento. Pode obter também visita periódica ao lar. 
Regime aberto não é presídio. Segundo a lei penal, regime aberto o sujeito tem que dormir na casa de albergado (albergue). No Brasil, no RJ, há pouquíssimos albergues, então o que acontece é que só dorme na casa de albergado preso indigente (a quantidade de preso indigente já lotam estas casas). O sujeito fica o dia inteiro livre, em casa de albergado não tem cela, o preso só tem que, em tese, ali dormir. Só fica preso no albergue quem não tem onde morar. Com isso, o regime aberto acaba sendo substituído por prisão domiciliar.
Para muitos, o regime aberto é incoerente, pois como será pena restritiva de liberdade, se o sujeito fica em liberdade? Não faz sentido. 
2)Restritiva de direitos -> são as chamadas penas alternativas
3)Pena de multa -> é diferente da sanção administrativa, que são os exemplos dados da guimba de cigarro jogada no chão, não utilização do cinto de segurança (não são crimes). 
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Aula 9 – Rio, 10.04.15 
Gabarito dos exercícios -> (...) PERDI INÍCIO A participação na fraude e a receptação é concurso de crimes em qual modalidade? Na fraude, eles praticam a conduta de desmanche do carro, e na receptação é a mesma conduta. Logo, é concurso formal. 
Caso 03 -> tem dois delitos: lesão corporal e furto. A situação da Cleide em relação ao furto: ela é partícipe, não pratica nenhuma elementar da conduta penal incriminadora, apenas auxilia ao desviar a atenção da vítima. No furto, o autor é o Wellington. / Em relação à lesão corporal ela é autora. 
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Existe uma tabela orientadora para o regime inicial do cumprimento de pena, para determinar se o regime é fechado, aberto ou semi-aberto. Mas antes disso, a regra, no regime inicial, é: se for detenção não pode ser fechado, independente da quantidade – art. 33,§3º -> se for detenção não pode ser regime fechado, independente da tabela.
Depois da tabela, ainda tem as circunstâncias judiciais.
A tabela diz que:
mais de 08 anos o regime deve ser o fechado – a partir de 08 anos e 01 dia. 
Se for 08 anos, mais de 04 anos até ou igual ou inferior a 08 anos, é o semi-aberto.
Se estiver sendo condenado pela segunda vez e sendo considerado reincidente, o juiz pode aplicar o fechado. Mas não sendo reincidente, sendo mais de 04 anos e for até 08 anos, o regime inicial serão semi-aberto. 
Se a pena for até 04 anos e ele não for reincidente, ele não estiver sendo condenado pela segunda vez, regime inicial é o aberto. 
Sempre o regime fixado na sentença é o inicial, porque ele sempre poderá progredir de regime, a não ser que inicie no aberto. Mas se começar no fechado, ele um dia vai progredir para o semi-aberto e depois para o aberto, se cumprir os requisitos da lei.
Se ele começar no semi-aberto, um dia poderá progredir para o regime aberto, de acordo com as regras que veremos mais adiante. 
A lei de crimes hediondos quando veio, disse que todo crime hediondo tinha que ser cumprido integralmente em regime fechado. Mas esta norma é inconstitucional, porque a CRFB garante o sistema progressivo de pena. A partir daí, o próprio legislador modificou a lei, como nunca mais exigiu cumprimento da pena em regime integral fechado. 
A primeira coisa para saber o regime inicial de pena: 
detenção e reclusão. Se for detenção, não será fechado.
Depois quantidade de pena: a tabela.
Após, as circunstâncias judiciais, que estão no art. 59 do CP. São usados em dois momentos da fixação da pena: a primeira fase do método trifásico, e o segundo momento é quando o juiz vai fixar o regime de pena. 
-Penas alternativas: restritivas de direito
Em 1984, teve reforma da parte geral do CP que ampliou as hipóteses de aplicação das penas alternativas. A prisão fica só para última caso, privilegiando as penas alternativas. 
É sempre de caráter substitutivo, sempre substitui a pena de prisão, porque se o sujeito não cumprir, o juiz revoga a substituição e volta a aplicar a pena de prisão. O juiz condena a prisão, mas a substitui por uma pena alternativa restritiva de direito. Só tem uma norma penal incriminadora que não é a pena alternativa substitutiva: posse para consumo próprio de droga -> não deixou de ser crime, mas não tem o caráter coercitivo de prisão. 
Dois requisitos básicos para o juiz substituir a pena de prisão pela alternativa: 
O primeiro requisito é que o crime não tenha sido pratica por violência ou grave ameaça.
O segundo requisito é que a quantidade de pena não pode ultrapassar 04 anos – aquele pena de prisão que vai ser em regime aberto, poderá ser substituída por pena alternativa. 
Esses dois requisitos são para crimes DOLOSOS, porque cabe a substituição de prisão por pena alternativa em qualquer crime culposo – Exemplo: piloto de avião que por imperícia ou imprudência derruba avião e sobrevive, mas mata pessoas, terá praticado homicídio culposo -> a pena pode ser de 10 anos,mas vai caber pena de substituição, pois a conduta foi culposa. 
-Espécies das penas alternativas
1)Prestação pecuniária -> o juiz quando substitui a pena de prisão pode impor quantia de indenização à vítima, aos dependentes da vítima (quando esta falece), ou entidade pública ou privada com destinação social (NÃO CONFUNDIR COM MULTA!).
Indenização à vítima: no dano material é quando o evento diminui a quantidade patrimonial da vítima – exemplo: levei um soco -> tive o óculos quebrado, tive que comprar remédios; pode incidir também lucro cessante; dano emergente (dano imediato); dano moral (dor psicológica ou sofrimento, vergonha). Neste caso, o juiz penal está impondo uma pena em que o agente está pagando indenizando a vítima, reparando o dano, mas o juiz está impondo como pena, como sanção penal. Só que isso não impede a vítima a entrar na esfera cível também. 
Os juízes usam muito mais pagamento para instituição de caridade. O juiz penal e muitos doutrinadores têm receio do sistema penal virar forma de vingança. Embora a lei fale em prioridade aos dependentes da vítima (art. 45, §1º do CP).
Permite-se que seja de outra natureza que não pagamento em dinheiro, podendo ser doação de bens. É muito comum para a instituição de caridade a doação de cesta básica. 
Se o sujeito não cumprir a pena alternativa, o juiz revoga a substituição e aplica a pena de prisão. 
2)Perda de bens e valores -> isso não é restituição de, não é o Estado reavendo o que foi perdido. Aqui é pena. É diferente do confisco, ou da voluntária devolução do dinheiro ou do bem produto do crime. 
Aqui o sujeito tem imóvel que adquiriu com seu trabalho, porém é penalizado a perder este imóvel. Estes bens vão para o fundo nacional penitenciário, que servem para melhorar os presídios. 
3)Prestação de serviços à comunidade ou à entidades – trabalho comunitário -> é um trabalho gratuito. Presta serviços de acordo com as suas aptidões, normalmente em entidades com fins sociais, como creches, asilos, hospitais.
Uma hora de tarefa por dia de condenação -> sujeito foi condenado a 06 meses (180 dias), logo serão 180 horas – de que forma? Sem prejudicar a sua jornada normal de trabalho. 
4)Proibição/Restrição temporária de direitos -> sujeito fica impedido de exercer cargo ou função. Ele também pode ficar proibido pelo poder judiciário de exercer a sua profissão. Frisou-se o judiciário, porque o seu órgão representativo também o pode impedir.
Pode ser impedido de dirigir seu veículo; proibição de se inscrever em concurso público; proibição de frequentar determinados lugares – a leis não especifica, mas, normalmente, os juízes criam alguma relação com o fato criminoso praticado. 
5)Limitação de fim de semana -> é algo antigo. O sujeito fica proibido de sair de casa aos finais de semana – não tem controle. Pode ser que tenha tornozeleira eletrônica, mas é algo difícil de ser aplicado.
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Aula 10 – Rio, 14.04.15
-Multa
Agora veremos a terceira espécie de pena, que é a pena de multa. Ela vem junto da pena privativa de liberdade, de maneira cumulativa, ou vem de maneira isolada, como única pena.
É uma chamada sanção patrimonial, é uma punição econômica. Não é uma forma de devolução do direito roubado em crimes patrimoniais. É como sanção no sentido de punição.
A multa não substitui prisão nenhuma, se o sujeito não paga ele não vai preso, o Estado executa a multa, entrando com ação contra o sujeito, no qual o Estado é credor, e vai para dívida ativa da fazenda, e vai se processada para pagar a chamada dívida pública.
Prestação pecuniária, primeira espécie de pena, que é pagamento em dinheiro ou bens, se o sujeito não pagar pode ir preso.
Foi criado pela legislação penal o sistema de dias multa, segundo os doutrinadores é uma forma de calcular a pena de multa baseado no valor do salário mínimo com o intuito de vencer a inflação. 
Você vai ter o valor do dia multa, baseado no valor relativo ao salário mínimo. Vai ter um número de dias multa no qual o sujeito será condenado e também o valor de cada dia multa. O número de dia multa que o sujeito terá dependerá do método bifásico. O valor de cada dia multa que se refere ao salário mínimo, esse sim, vai depender da capacidade econômica do condenado. 
Quando o sujeito toma ciência da sentença, no caso de dia multa, o sujeito tem 10 dias para pagar, ultrapassado os dez dias o juiz manda para dívida ativa da Fazenda Pública.
Vai ter 10 dias para pagar esse valor. Se não pagar esse valor NÃO vai preso. Essa multa não está substituindo a pena de prisão. A multa penal é uma das três espécies de pena – ela pode vir junto com a pena de prisão ou então vir isoladamente. 
Se ele não pagar, não vai preso. Vai ser incluído na dívida ativa da fazenda pública e o Estado vai cobrar o pagamento deste valor. 
Diferente da Pena Restritiva de Direito 1ª Espécie: Prestação Pecuniária: se ele for condenando a pagar a determinada entidade pública quantia de dinheiro, e não cumprir, será preso, pois a pena alternativa está sempre substituindo a pena de prisão. Aqui, se não cumprir a pena pecuniária, esta será revogada e aplica-se a pena de prisão. 
Para o juiz chegar à conclusão depois de condenar alguém, a espécie de pena, ele segue um critério de regramento e de normas. São critérios para impor a quantidade e a espécie de pena. O juiz vai individualizar segundo o caso do condenado e ao crime cometido. O juiz deve ser sempre em mente o critério socializador, e responsabilizar objetivamente o sujeito pelo crime que cometeu.
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REVISÃO DAS ESPÉCIES DE PENA
-Reclusão e detenção: só serve para saber se o regime inicial será fechado ou não. 
-O que configura basicamente os regimes:
O fechado -> prisão propriamente dita. Pode ser segurança média, comum ou máxima. 
O regime semi-aberto -> tem que ser colônia agrícola ou industrial. Conseqüentemente será possível trabalho intra-muro e extra-muro (sai de manha e volta de noite).
Aberto -> aqui não é mais estabelecimento penitenciário. Aqui é casa de albergado. Funciona da seguinte maneira: tem que dormir na casa de albergado. Na prática, é prisão domiciliar.
-Para definir o regime inicial
1)Saber se é detenção ou reclusão. Se for reclusão, deverá ser regime fechado. 
2)O segundo critério é a tabela. 
O regime fechado, inicialmente, só serve para penas de 8 anos.
O semi-aberto são penas com quantidade superior a 4 anos, até 8 anos. Se ele não for reincidente. Se ele for reincidente, 5 anos o juiz pode fixar o fechado.
Se for até 4 anos, será regime aberto. Lembrando sempre que se for sem violência ou grave ameaça, esta pena é substituída por pena alternativa. 
3)O terceiro critério que o juiz usa para fixar a pena são as circunstâncias judiciais do art. 59, que só veremos no próximo tópico. 
-Penas alternativas:
Elas sempre vêm substituindo a prisão, que é uma forma de coagir, controlar que o sujeito vai cumprir. São obrigações que o sujeito cumpre em liberdade.
1)A prestação pecuniária é diferente de multa. A prestação pecuniária, se o sujeito deixa de cumprir, ela será revogada e aí aplica a pena de prisão. É uma compensação que o sujeito dá pelo dano social causado com o crime praticado. 
2)Perda de bens e valores -> é aquela pena que não é pegar de volta o produto do crime. É pena. Essa perda de bens e valores quase não é aplicada. É punir patrimonialmente. 
3)Prestações de serviços à comunidade -> trabalho comunitário
4)Interdição temporária de direitos -> pode ser proibido de se inscrever em concurso público; proibição de frequentar determinados lugares – alguém pode ficar condenado a frequentar manifestação pública. Proibido de exercer profissão ou cargo público. Pode ficar proibido de dirigir, em caso de crime de trânsito, durante certo tempo. 
5)Limitação de fim de semana -> quase não é aplicado. 
6)Multa:
Junto ou isolada da pena privativa deliberdade (menos multa substitutiva: §2º, art. 44 – art. 60, §2º tacitamente revogado). 
Não corresponde ao dano causado – é sanção patrimonial
Sistema de dias-multa (vencer inflação)
Número de dias-multa (critério trifásico)/depois, valor de cada dia-multa (capacidade econômica do condenado)
Prazo 10 dias (art. 50 do CP)
Art. 51 do CP -> “dívida de valor”; “dívida ativa da fazenda pública” (não vai preso).

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