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Manoel Pereira da Rocha Neto Comunicação e Mídias Contemporâneas UNIVERSIDADE POTIGUAR – UnP PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA – NEaD Comunicação e Mídias Contemporâneas Livro-texto EaD Natal/RN 2012 R672c Rocha Neto, Manoel Pereira da. Comunicação e mídias contemporâneas / Manoel Pereira da Rocha Neto. – 2. ed. – Natal: EdUnP, 2012. 210p. : il. ; 20 x 28 cm Ebook – Livro eletrônico disponível on-line. ISBN 978-85-61140-31-1 1. Comunicação. 2. Mídias contemporâneas. I. Rocha Neto, Manoel Pereira da. II.Título. RN/UnP/BCSF CDU 007:316.774 DIRIGENTES DA UNIVERSIDADE POTIGUAR – UnP Reitoria Sâmela Soraya Gomes de Oliveira Pró-Reitoria de Graduação e Ação Comunitária Sandra Amaral de Araújo Pró-Reitoria de Pesquisa, Extensão e Pós-Graduação Aarão Lyra NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA DA UNIVERSIDADE POTIGUAR – UnP Coordenação Geral Barney Silveira Arruda Coordenação Acadêmica Luciana Lopes Xavier Coordenação Pedagógica Edilene Cândido da Silva Design Instrucional Priscilla Carla Silveira Menezes Coordenação de Produção de Recursos Didáticos Michelle Cristine Mazzetto Betti Revisão de Linguagem e Estrutura em EaD Priscilla Carla Silveira Menezes Thalyta Mabel Nobre Barbosa Úrsula Andréa de Araújo Silva Gravação e Edição de Vídeos Daniel Rizzi Coordenação de Logística Helionara Lucena Nunes Supervisão de Logística (Mossoró) Fábio Pereira da Silva Apoio Acadêmico Flávia Helena Miranda de Araújo Freire Thalyta Mabel Nobre Barbosa Úrsula Andréa de Araújo Silva Assistente Administrativo Eliane Ferreira de Santana Gibson Marcelo Galvão de Sousa Miriam Flávia Medeiros de Araújo Ricardo Luiz Quirino da Silva Manoel Pereira da Rocha Neto Comunicação e Mídias Contemporâneas 2ª edição Natal/RN 2012 EQUIPE DE PRODUÇÃO DE RECURSOS DIDÁTICOS Organização Luciana Lopes Xavier Michelle Cristine Mazzetto Betti Coordenação de Produção de Recursos Didáticos Michelle Cristine Mazzetto Betti Revisão de Linguagem e Estrutura em EaD Thalyta Mabel Nobre Barbosa Ilustração do Mascote Lucio Masaaki Matsuno EQUIPE DE PRODUÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO Delinea - Tecnologia Educacional Coordenação Pedagógica Margarete Lazzaris Kleis Coordenação de Editoração Charlie Anderson Olsen Larissa Kleis Pereira Coordenação de Revisão Gramatical e Normativa Michelle Christie Olsen Revisão Gramatical e Normativa Glaucia Juliana de Menezes Márcia Cristina Caetano de Carvalho Coordenação de Diagramação Alexandre Alves de Freitas Noronha Diagramação María Laura Mosquera André Lucas Paes Ilustrações Alexandre Beck MANOEL PEREIRA DA ROCHA NETO Sou jornalista, graduado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, onde participo da Base de Pesquisa Gênero e Práticas Culturais. Sou mestre e doutor em Educação, também pela mesma instituição, no Programa de Pós-graduação em Educação. Atualmente, leciono na Universidade Potiguar, na área de Comunicação Social, nos cursos de Jornalismo, Publicidade e Propaganda e Design Gráfico. Também sou Coordenador do TCC de Publicidade e Propaganda e membro do Comitê de Ética em Pesquisa da Pró-Reitoria de Pesquisa da UnP. Tenho experiência na área de Educação, Jornalismo e Publicidade e Propaganda, atuando principalmente nos seguintes temas: Jornalismo, Publicidade e Propaganda, Crítica da Mídia, História do Jornalismo, Gênero, Educação, Comunicação e Sociedade. Desenvolvo pesquisa na área da história do Jornalismo que visa reconstituir jornais e periódicos que circularam na primeira metade do século XX. CO N H EC EN D O O A U TO R COMUNICAÇÃO E MÍDIAS CONTEMPORÂNEAS Este material didático aborda a comunicação e as mídias contemporâneas, como a Internet e os sites de relacionamentos como o Orkut, o Twitter, entre outros. Atualmente, elas fazem parte do nosso dia a dia e da socialização do homem moderno. O processo de comunicação está presente na vida do homem desde os primórdios, por exemplo, nas primeiras imitações dos sons da natureza como o cantar dos pássaros, o barulho da cachoeira e os gritos e sussurros das primeiras comunicações interpessoais dos homens primitivos. A comunicação faz parte da vida cotidiana das pessoas. Com o desenvolvimento de novas tecnologias - o rádio, a televisão, o telefone e, sobretudo a Internet - o homem começou a vencer o tempo e a distância e a utilizar as mídias sociais como condição importante nas relações sociais. O conhecimento proporcionado por esta disciplina possibilita uma visão mais ampla da presença das novas maneiras de comunicação no cotidiano do homem e sua interação social, por meio de sites que têm o papel de socialização, mesmo utilizando-se de um ambiente virtual e mediado por computadores. Os sites de relacionamento como Orkut, Facebook, Twitter, por exemplo, vêm ganhando cada vez mais adeptos em todo o mundo. No Brasil, um país com dimensões continentais, os sites de relacionamentos têm desempenhado um papel relevante na socialização das pessoas. A disciplina despertará o aluno para uma visão crítica e reflexiva do papel das mídias contemporâneas, como a internet e os sites de relacionamento, na construção da sociedade e do sujeito social. CO N H EC EN D O A D IS CI PL IN A Capítulo 1 - Comunicação Humana ........................................................................................13 1.1 Contextualizando ..............................................................................................................................................13 1.2 Conhecendo a teoria ........................................................................................................................................14 1.2.1 A origem da comunicação humana ................................................................................................14 1.2.2 Fases do processo de comunicação para Bordenave ................................................................18 1.2.3 Os egípcios e sua comunicação visual............................................................................................21 1.2.4 Os gregos e sua comunicação oral: a retórica..............................................................................23 1.2.5 A sociedade romana e a comunicação ...........................................................................................24 1.2.6 A revolução da comunicação .............................................................................................................26 1.2.7 A origem da impressão ........................................................................................................................27 1.2.8 A comunicação impressa.....................................................................................................................29 1.2.9 A comunicação visual ...........................................................................................................................29 1.3 Aplicando a teoria na prática ...................................................................................................................... 30 1.4 Para saber mais ................................................................................................................................................ 31 1.5 Relembrando ......................................................................................................................................................31 1.6 Testando os seus conhecimentos ................................................................................................................32 Onde encontrar .........................................................................................................................................................32Capítulo 2 - A mídia e a esfera pública ...................................................................................33 2.1 Contextualizando ..............................................................................................................................................33 2.2 Conhecendo a teoria ........................................................................................................................................34 2.2.1 O desenvolvimento dos meios de comunicação ........................................................................34 2.2.2 A origem do Cinema: a sétima arte .................................................................................................37 2.2.3 A origem do rádio ..................................................................................................................................38 2.2.4 A rádio MEC fazendo história .............................................................................................................43 2.2.5 O desenvolvimento do rádio no Brasil ...........................................................................................44 2.2.6 A época de ouro do rádio ....................................................................................................................46 2.2.7 O repórter Esso, testemunha ocular da notícia ...........................................................................47 2.2.8 A linguagem do rádio ...........................................................................................................................49 2.2.9 O surgimento da televisão ..................................................................................................................51 2.2.10 Um breve panorama das teorias da comunicação ..................................................................56 2.3 Aplicando a teoria na prática ........................................................................................................................59 2.4 Para saber mais ..................................................................................................................................................61 2.5 Relembrando ......................................................................................................................................................61 2.6 Testando os seus conhecimentos ................................................................................................................62 Onde encontrar .........................................................................................................................................................62 Capítulo 3 - O ambiente ..........................................................................................................65 3.1 Contextualizando ..............................................................................................................................................65 3.2 Conhecendo a teoria ........................................................................................................................................66 3.2.1 O nascimento da Internet ..................................................................................................................66 3.2.2 A Internet e os relaciomentos virtuais ............................................................................................69 3.2.3 A intimidade na Internet .....................................................................................................................72 3.2.4 A internet no Brasil ................................................................................................................................74 3.2.5 As mídias sociais e o ambiente virtual ............................................................................................77 3.3 Aplicando a teoria na prática ........................................................................................................................82 3.4 Para saber mais ..................................................................................................................................................82 3.5 Relembrando ......................................................................................................................................................83 SU M Á RI O 3.6 Testando os seus conhecimentos ................................................................................................................83 Onde encontrar .........................................................................................................................................................84 Capítulo 4 - Mídias e redes sociais: o Youtube .......................................................................87 4.1 Contextualizando ..............................................................................................................................................87 4.2 Conhecendo a teoria ........................................................................................................................................88 4.2.1 Os sites sociais .........................................................................................................................................88 4.2.2 As mídias sociais como ferramenta para o mercado .................................................................91 4.2.3 Vídeos: os sites de compartilhamento de imagens ...................................................................93 4.2.4 Os sites de vídeos no Brasil .................................................................................................................95 4.2.5 A Origem do YouTube ............................................................................................................................96 4.2.6 Flickr: a imagem na internet ...............................................................................................................99 4.3 Aplicando a teoria na prática .................................................................................................................... 102 4.4 Para saber mais ............................................................................................................................................... 103 4.5 Relembrando ................................................................................................................................................... 104 4.6 Testando os seus conhecimentos ............................................................................................................. 104 Onde encontrar ...................................................................................................................................................... 105 Capítulo 5 - As mídias sociais: o Facebook e o Myspace ......................................................107 5.1 Contextualizando ........................................................................................................................................... 107 5.2 Conhecendo a teoria ..................................................................................................................................... 108 5.2.1 A revolução das mídias sociais ....................................................................................................... 108 5.2.2 O pioneirismo do Facebook ............................................................................................................ 113 5.2.3 Crescimento do Facebook no Brasil ............................................................................................. 117 5.2.4 O MySpace ............................................................................................................................................. 125 5.3 Aplicando a teoria na prática .....................................................................................................................127 5.4 Para saber mais ............................................................................................................................................... 128 5.5 Relembrando ................................................................................................................................................... 128 5.6 Testando seus conhecimentos .................................................................................................................. 129 Onde encontrar ...................................................................................................................................................... 130 Capítulo 6 - Google, o mundo em nossas mãos ..................................................................133 6.1 Contextualizando ........................................................................................................................................... 133 6.2 Conhecendo a teoria ..................................................................................................................................... 134 6.2.1 Mídias contemporâneas: o Google ............................................................................................... 134 6.2.2 Origem do Google .............................................................................................................................. 134 6.2.3 Como surgiu o nome Google? ........................................................................................................ 136 6.2.4 Os primeiros grandes investimentos do Google ..................................................................... 139 6.2.5 A invasão das ferramentas no Google ......................................................................................... 141 6.2.6 O Google e o YouTube ........................................................................................................................ 142 6.2.7 O Google está no mapa .................................................................................................................... 144 6.2.8 Conhecendo o Googleplex .............................................................................................................. 145 6.2.9 O Google e o mercado de trabalho .............................................................................................. 147 6.2.10 Gente, o principal capital do Google ......................................................................................... 149 6.2.11 Novos desafios Google .................................................................................................................. 151 6.2.12 Google TV ............................................................................................................................................ 152 6.3 Aplicando a teoria na prática ..................................................................................................................... 153 6.4 Para saber mais ............................................................................................................................................... 155 6.5 Relembrando ................................................................................................................................................... 155 6.6 Testando os seus conhecimentos ............................................................................................................. 156 Onde encontrar ...................................................................................................................................................... 157 Capítulo 7 - Mídias sociais: o Orkut ......................................................................................159 7.1 Contextualizando ........................................................................................................................................... 159 7.2 Conhecendo a teoria ..................................................................................................................................... 160 7.2.1 Desvendando o Orkut ....................................................................................................................... 160 7.2.2 Como funciona o Orkut?................................................................................................................... 163 7.2.3 O perfil no Orkut .................................................................................................................................. 165 7.2.4 Os Fakes no Orkut ............................................................................................................................... 167 7.2.5 As comunidades no Orkut ............................................................................................................... 168 7.2.6 As afirmações sociais de identidades no Orkut ........................................................................ 171 7.2.7 Os perigos nas ondas do Orkut ...................................................................................................... 172 7.2.8 O Orkut como ferramenta de publicidade ................................................................................. 172 7.2.9 A nova versão do Orkut, como funciona? .................................................................................. 175 7.3 Aplicando a teoria na prática ..................................................................................................................... 177 7.4 Para saber mais ............................................................................................................................................... 178 7.5 Relembrando ................................................................................................................................................... 179 7.6 Testando os seus conhecimentos ............................................................................................................. 180 Onde encontrar ...................................................................................................................................................... 180 Capítulo 8 - Twitter, o maior fenômeno da comunicação contemporânea .......................183 8.1 Contextualizando ........................................................................................................................................... 183 8.2 Conhecendo a teoria ..................................................................................................................................... 184 8.2.1 O que é o Twitter? ............................................................................................................................... 184 8.2.2 A gênese do Twitter, como tudo começou ................................................................................ 187 8.2.3 O lançamento do Twitter .................................................................................................................. 189 8.2.4 Quem utiliza e como utilizar o Twitter? ....................................................................................... 190 8.2.5 O Twitter como ferramenta de mercado .................................................................................... 195 8.2.6 O marketing Social no Twitter ........................................................................................................ 196 8.2.7 Cases do Twiiter: “Cala boca Galvão” ............................................................................................ 198 8.3 Aplicando a teoria na prática ..................................................................................................................... 200 8.4 Para saber mais ............................................................................................................................................... 201 8.5 Relembrando ...................................................................................................................................................201 8.6 Testando os seus conhecimentos ............................................................................................................. 201 Onde encontrar ...................................................................................................................................................... 202 Referências .............................................................................................................................203 Capítulo 1 13Comunicação e Mídias Contemporâneas COMUNICAÇÃO HUMANA CAPÍTULO 1 1.1 Contextualizando A comunicação está presente no dia a dia das nossas vidas. É impossível viver sem nos comunicarmos. Desde os tempos antigos, o homem vem tentando se comunicar de várias maneiras. Vamos fazer uma viagem, entrar num túnel do tempo. Vamos nessa! O início da nossa viagem é o tempo dos homens das cavernas. Nessa época, não existiam os meios de comunicação que conhecemos hoje, como o telefone, a televisão e o computador. Na verdade, os homens das cavernas se comunicavam através de gritos e sussurros na tentativa de conviver uns com os outros. Não havia nem a linguagem, nem o alfabeto e nem as palavras. Tudo era muito simples e rudimentar. O autor Bordenave (2004) nos conta que a comunicação humana tem um início considerado nebuloso. Segundo ele, não sabemos com precisão como foi que os homens primitivos começaram a se comunicar entre eles, se através de gritos ou se por meio de grunhidos, como fazem os bichos, ou se por gestos, ou ainda por combinações de gritos, grunhidos e gestos. Há muito tempo se discute a origem da fala do homem. Alguns estudiosos afirmavam que os primeiros sons usados para criar uma linguagem eram imitações dos sons oriundos da “mãe terra”, a natureza. Os homens das cavernas imitavam o cantar dos pássaros, o latido do cachorro, a queda d’água, o trovão. Já outros pesquisadores do assunto diziam que os sons humanos vinham da própria reação humana e espontânea como o “ai” de uma pessoa ferida, o “ah” de admiração ou o “grr” da raiva ou da fúria. Dessa forma, vamos entender, nesta nossa viagem no tempo, como teve início o processo de comunicação entre os homens. Capítulo 1 14 Comunicação e Mídias Contemporâneas Ao final do presente capítulo, esperamos que você seja capaz de: • definir o significado da comunicação na vida social do homem; • entender o processo de comunicação e sua evolução na sociedade; • entender a comunicação como o processo de sociabilidade do homem. 1.2 Conhecendo a teoria 1.2.1 A origem da comunicação humana Viajando pelo tempo, percebemos que o homem pré-histórico se comunicava por meio de gestos e sons, como também imitavam os sons da natureza. Era uma maneira de se comunicar entre eles. O homem das cavernas também vencia as adversidades da natureza, a feracidade de um animal e se jogava em busca de alimentos por meio da caça para alimentar a sua família. A invenção de utensílios como machados, lanças ou outros meios de caça foi fundamental para garantir o alimento. Para realizar tudo isso, o homem primitivo necessitava organizar as suas ideias e comunicar-se. A comunicação teve um papel importante no processo de socialização. Segundo Gontijo (2004), a linguagem oral, ou seja, a comunicação através dos sons da nossa voz, foi o principal meio de comunicação na Pré-História e na Antiguidade e só depois veio a escrita, quando o homem da Idade Média começou a fazer os seus registros. O período denominado de Idade Média foi delimitado com ênfase em eventos políticos, tendo o seu início com a desintegração do Império Romano do Ocidente, no século V (em 476 d.C.), e finalizado com o fim do Império Romano do Oriente, com a Queda de Constantinopla, no século XV (em 1453 d.C.) ou com a descoberta da América em 1492. SAIBA QUE Capítulo 1 15Comunicação e Mídias Contemporâneas Os registros arqueológicos mostram que os homens vêm interagindo uns com outros e com seu meio ambiente de diferentes modos. Cada membro foi aprendendo sua realidade e transmitindo suas experiências a seu grupo social. Sozinho ou em grupos, ele desenvolveu utensílios, artefatos, ideias, crenças, tecnologias, hábitos e valores próprios. Os registros dessas experiências nas pinturas rupestres e encontrados nas escavações transmitem conhecimentos e mensagens de como era a vida dos homens primitivos nas cavernas. Para fixar seus desenhos e escritos, o homem utilizou primeiro os desenhos primitivos, pintados por homens da Era Paleolítica (entre 35000 e 15000 anos a.C.), que foram encontrados em cavernas como as de Altamira, na Espanha, e Dordogne, na França. Nessas cavernas da Espanha e França, encontramos desenhos antigos com cenas de caça envolvendo animais e gente. Não se sabe se o propósito destas figuras era mágico, estético ou só expressivo ou com a função de comunicação apenas. No Rio Grande do Norte, na região do Apodi, no lajedo de Soledade também encontramos esses registros. Veja a Figura 1 a seguir: Figura 1 - Lajedo de Soledade no Rio Grande do Norte Fonte: Disponível em: <http://www.webventure.com.br/destinoaventura/destinos/index/ exibe/destino/lajedodesoledade-apodi>. Acesso em:14 set. 2010. O referido lajedo é considerado pelos pesquisadores como um dos sítios arqueológicos mais importantes do Brasil. É um conjunto de rochas calcárias, do período paleolítico. No local, os estudiosos encontraram fósseis de animais da Era Pré-Histórica como o bicho-preguiça e tatus gigantes, mastodontes e tigres-dente-de-sabre que habitaram a região Nordeste no período Glacial, como também as pinturas rupestres, como mostra a imagem anterior. Capítulo 1 16 Comunicação e Mídias Contemporâneas São diversos painéis dessas pinturas ainda conservados, que se encontram no leito de um rio seco e que podem ser vistos por meio de visitas. Segundo os historiadores, os desenhos teriam sido feitos por índios que habitavam a região no período Pré-Histórico. De acordo com Bordenave (2004), a comunicação é entendida como expressões orais e não-orais, como por exemplo, as pinturas e figuras feitas pelo homem. A comunicação é inerente ao homem e sem ela não seríamos capazes de viver, influenciar e ser influenciado pelo meio social em que vivemos. Esta interdependência do homem e do meio traz cada vez mais a preocupação com o homem social, tentando aplicar estas influências de forma mais humanística. Uma das primeiras formas de comunicação humana foi a linguagem oral, como os gritos e sussurros, com a presença ou não da linguagem feita por meio de gestos. Ao desenvolver sua capacidade intelectual, não apenas mais utilizando a linguagem não-verbal, o homem ampliou suas possibilidades de sobreviver e suas experiências de vida constituíram o alicerce da civilização. O gesto, o desenho, a comunicação visual e a escrita foram ferramentas fundamentais para a comunicação, mas a linguagem oral foi a aquisição mais valiosa de toda a humanidade (GONTIJO, 2004, p.15). Para que haja a comunicação entre pessoas, o que chamamos de comunicação interpessoal, são necessários o emissor, a informação/mensagem, o meio – pelo qual essa mensagem é expressa – e o receptor. Foi assim na Pré- História e é assim hoje. Para entender a comunicação, é preciso acompanhar o esquema elaborado por Bordenave (2004), como demonstraremos a seguir: EMISSOR – quem emite uma mensagem INFORMAÇÃO/MENSAGEM- o conteúdo O MEIO - onde a mensagem é transmitida RECEPTOR - quem recebe a mensagem Fonte: Bordenave (2004, p. 23). Capítulo 1 17Comunicação e Mídias Contemporâneas Então, a comunicação é realizada se houver a compreensão e entendimento entre quem envia a mensagem (emissor) e quemrecebe a mensagem (receptor). PRATICANDOPRATICANDO Para realizar a comunicação entre emissor e receptor, é preciso que haja a compreensão da mensagem. Para testar seus conhecimentos, procure saber por que a linguagem da Internet é diferente da convencional. Faça uma relação de palavras que são diferentes e veja se elas são compreensíveis a todos. Berlo (1999), por sua vez, amplia o modelo de comunicação entre pessoas, elaborado por ele em 1963, e acrescenta outros. Veja, a seguir, o esquema: EMISSOR: é a pessoa que tem algo, uma ideia, uma mensagem, para transmitir, ou que deseja comunicar. O CODIFICADOR: o tipo ou a forma que o emissor irá exteriorizar. A MENSAGEM: é a expressão da ideia que o emissor deseja comunicar. O CANAL: é o meio pelo qual a mensagem será conduzida. O DECODIFICADOR: é o mecanismo responsável pela decifração da mensagem pelo receptor. O RECEPTOR: o destinatário final da mensagem, ideia etc. Fonte: Berlo (1999, p. 34). De acordo com Bordenave (2004), a comunicação é um processo e é composta por fases. Segundo ele, é impossível afirmar onde começa e onde termina o processo de comunicação. Ele afirma que as razões internas e externas podem levar duas pessoas a se comunicarem [...]. A comunicação, de fato, é um processo de muitas fases que acontece ao mesmo tempo em diversos níveis (BORDENAVE, 2004, p. 41). Capítulo 1 18 Comunicação e Mídias Contemporâneas Níveis como o consciente, o subconsciente e o inconsciente, como parte orgânica do dinâmico processo da vida. O autor refere-se à presença da comunicação na vida e na socialização do homem enquanto ser social. Todos somos produtos de uma sociedade e de um meio social. O processo de comunicação, segundo Bordenave (2004), é composto por fases, que podem se dar em qualquer ordem, ou ao mesmo tempo, e podem até entrar em conflito umas com as outras. Vejamos as fases que o nosso autor estabelece para entendermos esse processo. 1.2.2 Fases do processo de comunicação para Bordenave De acordo com Bordenave (2004, p. 42-45), as fases do processo de comunicação são as seguintes: - A pulsão vital: A dinâmica interna de qualquer pessoa está sempre pulsando, fervendo, vibrando, como verdadeiro caldeirão de vida onde se encontram em ebulição pensamentos, as lembranças, sentimentos, novas sensações e percepções, desejos e necessidades. A pulsação vital ocorre em todo o corpo, mas seu centro é o cérebro. O organismo humano comporta-se, então, como um sistema aberto em constante interação consigo mesmo e com o meio ambiente. - A interação: A pulsação vital permanente no interior da pessoa consiste num precário equilíbrio dinâmico que, para ser mantido, tem que se adaptar ao meio ambiente físico e social em que está inserido, quer se acomodando a ele, quer tentando transformá-lo. Em outras palavras, a pessoa entra em interações com a sociedade em que ela vive para estabelecer relações sociais por meio da comunicação. Bordenave (2004) diz que a pessoa emite e recebe mensagens por todos os canais disponíveis, tais como os olhos, as mãos, a pele, a língua, o ouvido, entretanto, não emite tudo o que ela tem nem recebe tudo o que a ela vem do meio ambiente. - A seleção: É o processo pelo qual as pessoas selecionam, através de seus conhecimentos e vivências sociais, valores e atitudes que desejam compartilhar com outras pessoas. Às vezes, essa seleção é provocada por estímulos que vêm de fora, outras vezes, pela decisão da própria pessoa de tornar consciente – para refletir sobre eles – alguns elementos de seu repertório. Capítulo 1 19Comunicação e Mídias Contemporâneas - A percepção: No caso dos estímulos que vêm de fora, o homem percebe a realidade em que está inserido através dos seus sentidos como: a visão, a audição, o olfato, o tato e o paladar – e, assim, percebe as palavras, gestos e outros signos que lhe são apresentados. - A decodificação: Percebidos os signos, a pessoa tem que determinar o que eles representam e a que código pertencem. Os signos de que uma sociedade se apropria têm o mesmo significado para todos daquela comunidade. Como exemplo, para falarmos uns com os outros, usamos o idioma português (com as suas variações regionais); para gesticularmos, usamos os gestos que aprendemos dos nossos antepassados. Então, tão logo o filho percebe as palavras e os gestos de seu pai, ele os decodifica, ou seja, para cada signo, encontra, na sua memória, um objeto ou ideia correspondente. Você sabe o que é signo? É todo objeto perceptível que, de alguma maneira, remete a outro objeto. Há objetos que foram especificamente criados para fazer pensar em outros objetos. Por exemplo, ao olhar a bandeira do seu time de futebol preferido, você perceberá que ela remete ao time, mas não são os jogadores vestidos com a camisa do time que estão lá, e sim uma representação do plantel. SAIBA QUE - A interpretação: Essa etapa do processo de comunicação, de acordo com Bordenave (2004) exige que se coloque a mensagem em um contexto, que se compare com outros elementos de repertório e com o conhecimento que se tem das intenções do interlocutor. Qualquer pessoa, por exemplo, pode decodificar as palavras ser-ou-não-ser-é-a-questão; porém, quantas pessoas interpretam o verdadeiro significado da frase: “ser ou não ser, essa é a questão”? - A incorporação: se a mensagem é interpretada de modo tal que a pessoa não se considera ameaçada em seu sistema de ideias, valores e sentimentos, a mensagem é facilmente incorporada ao repertório ou acervo. A flexibilidade mental do receptor, sua mente aberta ou fechada, seu nível de tensão ou ansiedade, sua segurança ou autoconfiança etc., intervêm na aceitação ou rejeição da mensagem. Às vezes, a incorporação é só parcial e uma parte da mensagem é rejeitada. Capítulo 1 20 Comunicação e Mídias Contemporâneas Por fim, Bordenave (2004, p. 45) traz à tona, nos seus estudos sobre a comunicação, a fase denominada por ele como reação séria: Os resultados da incorporação ou absorção da mensagem na dinâmica mental própria do receptor podem ser claramente visíveis, como quando a pessoa, considerando-se insultada pela mensagem, agride seu interlocutor. Mas, às vezes, a transformação provocada pela mensagem é puramente interna. Quando o ator no teatro consegue emocionar sua platéia, pode parecer externamente pouca demonstração de que internamente ela esteja comovida. PRATICANDOPRATICANDO Para retomar os elementos do processo da comunicação, faça um esquema destacando todos eles e relacionando as fases com os momentos de comunicação da sua vida. Então, entendemos que o processo de comunicação é composto, segundo Bordenave (2004), em Pulsão vital, Interação, Seleção, Percepção, Decodificação, Interpretação, Incorporação e Reação. Você entendeu como esse processo está presente no nosso dia a dia? É a comunicação pulsando em nossas vidas! Isso mesmo! O tom das palavras faladas, os movimentos do corpo, a roupa que se veste, tudo tem um significado. Tudo isso comunica! Apesar de tudo isso, a comunicação oral do homem sofre algumas limitações, como a falta de permanência e a ausência de alcance. Por isso, o homem, ao longo dos tempos, vem tentando meios para registrar ou fixar imagens ou mensagens para levá-lo a lugares distantes. Como seria possível registrar um fato ou acontecimento se não fosse a escrita em papel ou papiro? Como ver um acontecimento do outro lado do mundo se não fosse a televisão ou a película de um filme de uma máquina fotográfica? Pense comigo. Diante dessas necessidades, o homem primitivo encontrou, nas paredes de suas moradias, as cavernas, o local apropriado para fazer esses registros.Capítulo 1 21Comunicação e Mídias Contemporâneas No percurso da nossa viagem pelo tempo, notamos a presença dos Egípcios, que, cerca de 3000 a.C., representavam os aspectos da vida e da cultura através de desenhos e gravuras colocadas nas moradias, prédios e túmulos. 1.2.3 Os egípcios e sua comunicação visual No Antigo Egito, percebemos que aquele povo desenvolveu uma arte voltada para a religião e a fé, principalmente para os aspectos de funeral e crença após a morte. A Figura 2, a seguir, é um exemplo do que acabamos de citar. Figura 2- A morte no Egito Fonte: Disponível em: <http://www.historianet.com.br/imagens/religiaoegito_anubis.jpg>. Acesso em: 16 set. 2010. Os registros de imagens no Egito eram de extrema rigidez estilística e desempenharam, não só o papel de registrar as ações, os feitos e a vida de grandes reis e príncipes do seu povo, mas também de instruir seus espíritos, que eles batizaram de Bá ou Ká, sobre vida após a morte do corpo. O grande rigor dos aspectos da cultura visual do Antigo Egito é oriundo de uma sociedade extremamente rígida, em todos os aspectos, como a política, a economia, a cultura e, é claro, a religião. A arte Egípcia surgiu há mais de 3000 anos a.C., mas foi no período compreendido entre 1560 e 1309 a.C. que a pintura do povo do Egito se destacou, por procurar refletir os movimentos dos corpos e por apresentar preocupação com a delicadeza das formas. Capítulo 1 22 Comunicação e Mídias Contemporâneas A arte e a arquitetura egípcias foram destacadas por meio de construções de edifícios, pinturas, esculturas e artes aplicadas do antigo Egito, da Pré- História à conquista romana no ano 30 a.C. Para você entender melhor, a história do Egito é considerada a mais longa de todas as civilizações antigas que nasceram em torno do Mediterrâneo, desde, aproximadamente, o ano 3000 a.C. até o século IV d.C. Muito tempo não é? Os egípcios habitavam as margens do Rio Nilo, que banha a região e fertiliza as terras; condição que os levou a viverem isolados e, por conseguinte, não sofrerem influências culturais de outros povos. Na Figura 3, a seguir, observamos os aspectos arquitetônicos dos egípcios, como as pirâmides, um dos seus grandes legados culturais. Figura 3 – A arquitetura egípcia Fonte: Disponível em: <http://2.bp.blogspot.com>. Acesso em: 16 set. 2010. O Egito produziu um estilo artístico que pouco sofreu mudanças ao longo de seus mais de 3000 anos de existência. Todas as manifestações artísticas estiveram, quase na sua totalidade, a serviço do estado, da religião e do Faraó, figura considerada como um deus sobre a Terra. Desde os primeiros tempos, a crença numa vida depois da morte determinou a norma de enterrar os corpos com seus bens materiais como joias, para garantir o seu caminho para a eternidade. O povo egípcio, ao esculpir e pintar, tinha o objetivo de expressar os acontecimentos de seu tempo, como as histórias dos Faraós, dos deuses e do seu povo em menor proporção, já que as pessoas não podiam ser representadas ao lado de deuses e nem dentro de templos. Provavelmente eles não tiveram a intenção de nos deixar a “arte” de seus criadores. Capítulo 1 23Comunicação e Mídias Contemporâneas Cerca de aproximadamente 40 séculos, as maneiras de representação seguiram um padrão idêntico em termos de hierarquia, temas, técnicas, valores e formas presentes nas imagens produzidas pelos egípcios. Um bom exemplo é o conjunto de regras de representação que definimos como Leis da Frontalidade. Através dela, percebemos que a imagem representada deveria ser reproduzida imóvel, mesmo quando fosse pintada em movimento, pois o tórax deveria ser representado sempre de frente, a cabeça de perfil, o olho de frente, os pés e mãos de perfil mostrando apenas um dos lados, direito ou esquerdo. Esses aspectos são denominados de frontalismos. As imagens no Egito são sempre representadas desse modo, como mostra a Figura 4 a seguir: Figura 4- Frontalismo Fonte: Disponível em: <http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.tiosam.net/ enciclopedia/imagem2>. Acesso em: 16 set. 2010. De acordo com a arte dos egípcios, os homens tinham a pele mais escura que as mulheres, os tamanhos dos retratados seguiam leis de hierarquia social e não de escala humana real, pois não havia preocupação alguma com a representação do espaço tridimensional entre outros aspectos da pintura dos egípcios. 1.2.4 Os gregos e sua comunicação oral: a retórica Falar em comunicação humana é destacar a retórica como uma das primeiras técnicas de comunicação. Você sabe o que é retórica? Em nossa viagem pelo tempo, iremos agora abordar a Grécia. A cultura da Grécia Antiga é considerada por muitos estudiosos como uma civilização de grande relevo cultural. Esse povo desenvolveu as artes plásticas, a filosofia, o esporte, através dos jogos olímpicos, a mitologia, o teatro e a democracia. Capítulo 1 24 Comunicação e Mídias Contemporâneas A retórica se configura como um dos elementos fundamentais dos gregos. Os termos retor (orador) e retoreia (discurso e eloquência) determinam a arte de falar, com ênfase e com eloquência. O sentido do termo retórica se concretiza quando a sociedade grega se distingue das outras por meio da palavra pública, do discurso oral nas ruas e na vida pública da Grécia. Não podemos entender a retórica da mesma forma que outras maneiras de linguagem, como a conversa, por exemplo. A retórica se caracteriza como o discurso da esfera política e pública. Podemos então dizer que a retórica é a arte de falar, de colocar bem as palavras pronunciadas num espaço público. Então, você entendeu o que é retórica? Podemos, portanto, resumir como a arte de falar, de discursar. Na vida pública, temos diversos exemplos de políticos que se utilizam da retórica para convencer seus eleitores, afinal, o Brasil é um país democrático. Na Grécia, a democracia e a retórica se relacionavam e constituíam a esfera pública daquela sociedade. Na Campanha eleitoral de 1989 para a presidência da República, o candidato Fernando Collor de Mello usou todos os recursos disponíveis e o apelo demagógico, inclusive o uso da retórica, para derrotar o candidato adversário. Com seu estilo pessoal e exibicionista, conseguiu passar para o eleitor a imagem de um político que lutava contra a corrupção. Por conta disso, ficou conhecido como o candidato “caçador de marajás”, uma referência aos políticos e a outros servidores públicos que recebiam salários altos. CURIOSIDADE 1.2.5 A sociedade romana e a comunicação Da Grécia para Roma, a nossa viagem desembarca agora numa das mais importantes civilizações da humanidade: a romana. Reza a lenda que Roma foi fundada em 753 a.C. por Rômulo, filho do Deus Marte com Rea Silvia, e irmão de Remo, que teria sido amamentado por uma loba e se transformado no primeiro monarca da cidade. Capítulo 1 25Comunicação e Mídias Contemporâneas A história desse povo é fascinante e instigante. Deles, herdamos muitas características culturais, como o direito romano, o latim, que originou a nossa língua, o português, como também o francês, o espanhol e o italiano. Bordenave (2004) considera Roma uma sociedade de comunicação. Segundo ele, tudo se organizava em volta da comunicação social no cotidiano daquela sociedade. Eles difundiram e universalizaram a cultura latina, pois tomaram o alfabeto etrusco emprestado para escrever sua própria língua, o latim. A influência da cultura grega em Roma era grande, pois não era considerado culto quem não tivesse estudado e aprendido a língua e a literatura gregas, e mesmo quem não tivesse conhecimentos de retórica. A prática de se acompanhar o desenrolardos processos na justiça era considerada um fenômeno de comunicação. Os grandes oradores obtinham um reconhecimento maior do que os poetas e literatos e seus dons eram enaltecidos quanto maior era o poder de convencimento. As representações teatrais eram parte do entretenimento gratuito oferecido nos festivais públicos. Desde o início, o teatro romano dependeu do gosto popular e as peças tinham as características do sensacional, do espetacular e do grosseiro. O grandioso Coliseu e outros anfiteatros espalhados por todo o império romano confirmam o poder e a grandiosidade dessa civilização. Na Roma Antiga, os senadores brigavam entre si pelo controle das notícias. Em 59 a.C., Júlio César, imperador romano, decidiu publicar as actas senatus, e é provável, segundo Gontijo (2004), que sua intenção tenho sido a de enfraquecer o poder de seus adversários. Ao divulgar os debates, o imperador estava transferindo para a opinião pública a tarefa de julgar os senadores e avaliar seus desempenhos. Graças à circulação de notícias escritas por meio de um sistema precoce de divulgação, elas eram levadas por mensageiros que transitavam nas estradas, levando informações para oficiais, comandantes e soldados romanos que ficavam atualizados sobre os fatos políticos do Império, onde quer que estivessem. Para ligar e manter o fluxo de comunicação entre cada cidade e Roma, uma rede de estradas, pontes e canais ia sendo construída e mantida. As estradas romanas uniam todas as províncias do império. Sem elas, as mensagens e todas as formas de comunicação não eram possíveis. Capítulo 1 26 Comunicação e Mídias Contemporâneas Na sociedade romana, até a morte era um momento para se divulgar. Para além do ritual em si, havia que se explorar a oportunidade de se fazer ouvir, ostentar ou manifestar o desejo do morto. Após o nosso passeio pelo Egito, Grécia e Roma, podemos dizer que, para resolver o problema do alcance da comunicação, o homem, inicialmente, utilizou-se dos elementos sonoros e visuais. De acordo com Bordenave (2004), era por meio de tantã, berrante, gongo e sinais de fumaça que eles venciam a distância para a comunicação com os outros. Mas, a invenção da escrita, lá pelo século IV a.C., foi um momento decisivo para a comunicação humana. As mensagens escritas poderiam ser transportadas a qualquer distância. O homem começou a vencer a distância e a revolucionar a comunicação. 1.2.6 A revolução da comunicação A comunicação humana vem sendo alvo de transformações e modificações nas sociedades ao longo dos séculos. Da comunicação oral entre pessoas, o homem passou a registrar suas interpretações e leitura da realidade com pinturas rupestres até a invenção da escrita, da linguagem e da impressão, caracterizando, dessa forma, a revolução da comunicação por meio da escrita e da visualização. De acordo com Bordenave (2004), paralelamente à evolução da linguagem, desenvolveram-se também os meios de comunicação. Johnnes Gutenberg inventou a tipografia e o papel foi se desenvolvendo, tornando- se mais resistente e mais leve, de modo que os livros, anteriormente copiados a mão pelos monges, puderam ser impressos repetidamente em diversos exemplares. A indústria gráfica associou-se a invenções da mecânica, da química, da eletrônica, até chegar hoje às impressoras computadorizadas, capazes de receber sinais transmitidos por satélites e imprimir edições inteiras de jornais de diversos países ao mesmo tempo. A invenção da fotografia, segundo Bordenave (2004), teve um impacto muito mais forte sobre a trajetória do desenvolvimento da comunicação visual do que a gente pensa. A fotografia possibilitou a ilustração de livros, jornais e revistas, inspirou o cinema, primeiro mudo, mais tarde sonoro; aliada à eletrônica, culminou nas transmissões das imagens via televisão. Capítulo 1 27Comunicação e Mídias Contemporâneas O alcance da comunicação foi assegurado de maneira definitiva pelo surgimento dos meios eletrônicos que se utilizaram dos diversos tipos de ondas para transmitir signos: o telégrafo, o telefone, o rádio, a televisão e, finalmente, o satélite. Para entendermos essa evolução dos meios de comunicação, precisamos compreender a origem dos registros por meio da imagem. Por isso, nossa viagem, agora, chega ao século XII, no continente europeu, onde vamos entender a origem da impressão. Vamos nessa viagem! 1.2.7 A origem da impressão A revolução da comunicação foi iniciada com a prensa e a impressão. Os europeus conheceram o papel no século XII, ele era considerado um artigo de luxo, e foi introduzido no continente pelos árabes. No século XIII, os italianos e franceses dominaram a técnica de fabricação do papel. No entanto, foram os chineses, durante a dinastia Han, por volta do século II, que descobriram a técnica por meio de várias fibras vegetais, originando uma pasta que, após ser prensada até a espessura de uma lâmina fina, se transformava em folha de papel. Gontijo (2004), diz que, graças a esse novo suporte, foi possível o renascimento da xilografia (impressão utilizando uma matriz escavada na madeira) no ocidente. Os primeiros livros impressos por meio dessa técnica datam do século XV, aproximadamente o mesmo período de quando se tem notícia de exemplares que utilizaram a metalografia (matriz de chapa de metal). Portanto, a criação da imprensa só foi possível pela invenção e refinamento das técnicas de produção de papel na China ao longo do tempo. Podemos considerar que os chineses inovaram nas tintas, na xilografia e na impressão com caracteres móveis de argila. Eles já tinham contribuído para a divulgação da palavra impressa por meio da adaptação das 26 letras do alfabeto latino a essa forma de produção e registro. Na Europa, as diversas mudanças culturais, por volta do século XV, proporcionaram uma procura de documentos escritos mais baratos. Há muitos séculos, os monges católicos garantiram a manutenção e a reprodução de textos com teor sagrado, mas foi a procura por livros e o crescente mercado comercial que fizeram essas impressões ganharem popularidade. Capítulo 1 28 Comunicação e Mídias Contemporâneas Faltava pouco para a invenção da tipografia, atribuída por vezes ao holandês Laurens Coster, já por volta de 1430. No entanto, coube ao alemão Johnnes Gutenberg, o inventor da impressão, em meados do século XV, utilizar os tipos móveis e reutilizáveis, que fizeram parte do desenvolvimento das artes gráficas. Gutemberg (veja a Figura 5, a seguir) utilizou a técnica de esculpir na extremidade de uma haste de aço letras, números e sinais. Depois golpeava-se essa haste com um martelo contra um metal mais mole (chumbo). Ele utilizava os espaços vazios, que se formavam no chumbo, como molde e eram preenchidos com estanho fundido, obtendo-se as letras, números e sinais, o que denominamos de tipos. Depois da elaboração dos tipos, ele os usava em um processo lento e vagaroso para formar linhas e, consequentemente, páginas inteiras possibilitando a impressão. Esta técnica de imprimir com tipos móveis foi batizada de tipografia. Havia ainda a vantagem no uso destes tipos de metal fundido, pois podiam ser usados para imprimir muitos textos diferentes e democratizando a leitura em muitos exemplares. De acordo com Gontijo (2004), para montar uma página de um livro, era necessário um dia inteiro de trabalho. Após esse processo, impregnava- se a página com tinta (uma mistura de azeite vegetal e pó de carvão) e, em seguida, com uma prensa, pressionava-se o papel contra as letras embebidas de tinta para se obter o papel impresso. As primeiras impressões e calendários,atribuídos a Gutenberg (veja a Figura 6), foram encontrados na cidade alemã de Mogúncia, por volta de 1448. Em seguida, Gutenberg iniciou um projeto mais ambicioso, a produção da Bíblia sagrada. Para esse fim, foi de grande importância o investimento de capital pelo financista Johann Fust (em 1449 ou 1450), que custeou o desenvolvimento do equipamento, a compra de papel, pergaminhos, tinta e os salários. A Bíblia de 42 linhas (e 1465 páginas) foi o Figura 5 – Gutenberg Fonte: Disponível em: <http://www.opiaqui.com.br/ wp-content/uploads/2009/09/Gutenberg.jpg>. Acesso em: 16 set. 2010. Capítulo 1 29Comunicação e Mídias Contemporâneas primeiro livro impresso e o marco inicial de uma revolução na disseminação de informações. Pela primeira vez na história, foi possível reproduzir um mesmo livro em tantos exemplares quanto se quisesse e de maneira idêntica, o que poderemos chamar de reprodução e comunicação impressa. 1.2.8 A comunicação impressa Com o advento da impressão originada por Gutenberg, notadamente, houve um crescimento dessa prática em toda a Europa, evoluindo o processo de comunicação. De acordo com Briggs e Burker (2006), no século XVI, uma família dominava o sistema postal europeu, a Tassis ou Taxis, e que deu origem ao termo “táxi”, atualmente de uso internacional. Foi essa família, dona dos correios dos imperadores Habsburgo, que a partir de 1490, desenvolveu o sistema usual, operando de acordo com a tabela estabelecida (disponível em forma impressa a partir de 1563). A cidade de Bruxelas, na Bélgica, era o ponto central do sistema. O crescimento de uma sociedade com tecnologia de impressão é, muitas vezes, associada ao desenvolvimento das línguas pátrias da Europa, em contraste com uma sociedade medieval pré-impressão, na qual a comunicação escrita era, predominantemente, em latim, e a oral era feita pelo dialeto local, ou seja, a linguagem local. A tradução da Bíblia para o alemão por Martinho Lutero é citada, diversas vezes, como um exemplo da nova tendência, pois foi traduzida para outras línguas, ampliando também a produção e impressão de imagens, iniciando e ampliando a comunicação visual. 1.2.9 A comunicação visual A imagem exerce um poder de fascinação e persuasão em qualquer sociedade. Algumas são meramente imagéticas, outras orais, mas o fato é que a produção da imagem vem, ao longo da história da comunicação e da humanidade, ganhando destaque e se notabilizando como primordial. A imagem encontra-se Figura 6 - Gutenberg imprimindo os seus livros Fonte: Disponível em: <www.redeproftiagomenta.ning. com>. Acesso em: 16 set. 2010. Capítulo 1 30 Comunicação e Mídias Contemporâneas presente em todos os espaços em que vivemos, como na área urbana, na zona rural, e também na televisão, no cinema, enfim, no nosso dia a dia. Inicialmente, a comunicação visual era feita por meio de gestos. De acordo com Briggs e Burke (2006), a linguagem dos gestos, no início da Europa moderna, era ensinada nas escolas como parte da disciplina de retórica, e era assunto de vários tratados, desde a obra A Arte do Gesto, de 1616, do jurista italiano Giovanni Bonifácio, até a Chirologia (1644), do médico inglês Jonh Bulwer, que abordava a retórica manual, ou seja, a linguagem natural das mãos. No que se refere à comunicação visual, no seu sentido mais amplo, os humanistas do Renascimento teriam pouco a aprender com o crítico francês Roland Barthes (1915-1980) a respeito do que ele denominava de “A retórica da imagem”. Esse autor tem como finalidade, em seus estudos, mostrar que, na busca de um idioma da imagem, devemos considerar denotação e conotação como elementos concomitantes e inseparáveis. Para ele, o mundo do sentido está dividido entre esses dois elementos: a conotação e a denotação. O significado denotativo surge quando um signo indica direta e objetivamente um objeto referente, orientando-nos na realidade. O significado conotativo surge nas interpretações subjetivas ou pessoais. A partir de elementos concretos (denotativos), a imaginação (articulada ao campo simbólico e cultural) constrói novas realidades. Um pôr-do-sol denota o fim de mais um dia, e pode conotar serenidade, saudade ou solidão, dependendo da subjetividade, individualidade de cada um. No tocante à comunicação visual impressa, destaca-se que no século VXIII, com a invenção da meia-tinta - com pequenos orifícios de profundidades diferentes substituindo as linhas sobre a placa - foi possível fazer reproduções realísticas em branco e preto de pinturas a óleo. Em 1796, a litografia foi inventada por Aloys Senefelder (1771-1834), que era um desenho com lápis de cera sobre uma pedra e que permitiu, pela primeira vez, produzir imagens coloridas a custo baixo. 1.3 Aplicando a teoria na prática Uma boa maneira de entendermos os conceitos sobre comunicação e o seu desenvolvimento na nossa sociedade é entendermos como a comunicação está presente na nossa vida diária. Capítulo 1 31Comunicação e Mídias Contemporâneas Ao acordarmos, desejamos bom dia aos nossos familiares, estabelecendo o processo de comunicação interpessoal. Quando saímos para trabalhar, no trajeto até o local de trabalho, sintonizamos o rádio do nosso carro e estamos realizando a comunicação mediada por um aparelho eletrônico, o rádio. O aparelho celular é outro meio de comunicação mediada que está presente no nosso dia-a-dia, assim como a leitura de jornais e revistas no trabalho e nos consultórios médicos, por exemplo. 1.4 Para saber mais Título: o que é comunicação Autor: Juan E. Díaz Bordenave Editora: Brasiliense Ano: 2004 A obra citada retrata a origem da comunicação e o processo de comunicação na sociedade. O autor traz os elementos fundamentais no processo comunicacional. Título: o livro de ouro da comunicação Autor: Silvana Gontija Editora: Ediouro Ano: 2004 A autora aborda a trajetória histórica do processo de comunicação, e como a comunicação oral e visual surgiram e se desenvolveram ao longo do tempo. São duas obras fundamentais para a compreensão da origem do processo de comunicação. 1.5 Relembrando Neste capítulo, você estudou os seguintes temas: • a origem da comunicação humana; • a origem da impressão; • a comunicação impressa e a comunicação visual. Capítulo 1 32 Comunicação e Mídias Contemporâneas 1.6 Testando os seus conhecimentos Já discutimos como surgiu a comunicação e como se deu o processo de desenvolvimento da fala humana. Abordamos, também, como a comunicação visual nasceu e se proliferou pelo mundo por meio de registros gráficos, e como surgiu a primeira impressão, a Bíblica, desenvolvida por Gutenberg. Agora, vamos analisar se realmente você aprendeu! 1) Comente como surgiram os primeiros registros históricos da comunicação da percepção do homem e onde isso aconteceu. 2) Comente como acontece e quais os principais elementos da comunicação. 3) Cite qual civilização destacou a comunicação visual e como isso aconteceu. 4) Comente Gutenberg e sua participação no processo de criação do primeiro livro da História, a Bíblia. Onde encontrar BARTHES, R. A retórica da imagem. In: O óbvio e o Obtuso: ensaios críticos III. Tradução de Léa Novaes. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1990. BERLO, D. K. O processo da comunicação: introdução à teoria e à prática. 9 ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999. BORDENAVE, J. E. D. O que é comunicação. São Paulo: Brasiliense, 2004. (coleção primeiros passos). BURKER, P.; BRIGGS, A. Uma história social da mídia: de Gutenberg à internet. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006. GONTIJO, S. O livro de ouro da comunicação. Rio de Janeiro: Ediouro, 2004. Capítulo2 33Comunicação e Mídias Contemporâneas A MÍDIA E A ESFERA PÚBLICA CAPÍTULO 2 2.1 Contextualizando Nossa viagem no tempo continua no continente europeu. E você? Já se deu conta da importância dos meios de comunicação nas nossas vidas? Eles estão presentes no nosso dia a dia, e estamos sempre consumindo mídia, ou seja, vendo a programação da televisão, lendo jornal, ouvindo aquela emissora preferida de rádio ou navegando pelas ondas da Internet. O desenvolvimento dos meios de comunicação que chamamos de massa, por causa do seu longo alcance e para um público muito grande, para milhões de pessoas, não aconteceu rapidamente. Foram séculos, desde a impressão criada por Gutenberg (assunto que você estudou no capítulo anterior) até os nossos dias. Por isso, desembarcamos novamente na Europa para entendermos como tudo isso aconteceu. Viaje novamente conosco! Foi no continente europeu que o processo de crescimento e difusão dos meios de comunicação se deu e se consolidou. Lá também encontramos o surgimento do jornal e do conceito de espaço público ou esfera pública. Neste capítulo, viajaremos também para o continente americano, onde surgiram as primeiras teorias, algumas escolas e correntes de pensamentos no âmbito da comunicação. Nos Estados Unidos, mais precisamente na Universidade de Chicago, surgiram os primeiros estudos da comunicação e experiências, como também o impacto da recepção da informação. É o que denominamos de estudos das teorias da comunicação de massa. Capítulo 2 34 Comunicação e Mídias Contemporâneas Ao final do presente capítulo, esperamos que você seja capaz de: • entender o desenvolvimento dos meios de comunicação; • definir meios de comunicação de massa; • entender as teorias da comunicação, como também o processo de sociabilidade do homem, e o surgimento do rádio e da televisão. 2.2 Conhecendo a teoria 2.2.1 O desenvolvimento dos meios de comunicação Na Europa, com a abertura de novas estradas e vias de acesso, a circulação de meios de transporte por meio da tração animal aumentou e foram abertas rotas comerciais. Com isso, surgiu o serviço postal, os correios, como conhecemos hoje! Os correios nasceram das necessidades comerciais, como também das necessidades políticas. No que se refere ao comércio, era necessário que os mercadores estivessem a par da produção, da chegada de mercadorias e das taxas de câmbio das diversas cidades europeias. O comércio e os bancos contribuíram para a criação de serviços postais regulares no início dos tempos modernos. Segundo Gontijo (2004), o rei Luís XI (1461-1483) formou a rede dos correios reais, que, a partir de Henrique II (1547-1589), passou a distribuir também correspondências privadas. Além do desenvolvimento dos correios na Europa, é importante destacarmos a periodização das notícias e a circulação dos jornais informativos. Saber da última notícia, da fofoca, da informação oficial e das novidades do comércio, enfim, tudo que fosse para estar bem informado, foi sempre um desejo do indivíduo, pois ele está inserido no contexto social. A notícia pode ser definida como uma nova informação a respeito de um assunto que possui algum interesse público e coletivo. Eis a função da notícia: informar o público. Durante o século XV, segundo Stephens (1993), boletins informativos manuscritos começaram a circular pouco a pouco, por alguns caminhos pelos quais as cópias das actas haviam seguido mais de uma dúzia de séculos antes. Capítulo 2 35Comunicação e Mídias Contemporâneas O autor cita a morte do sultão Mohammed II, em 1481, que foi relatada por meio de uma carta informativa enviada por um italiano em Constantinopla a seu irmão, na Europa Ocidental. Parece que o cronista francês Philipe de Commynes viu uma cópia dessa carta em Veneza; a carta foi traduzida para o francês e uma cópia, que ainda existe, foi feita em Flandes, ao mais tardar em 1483, para Eduardo, Príncipe de Gales. As grandes mudanças da imprensa no mundo aconteceram nos séculos XVIII e XIX. Os primeiros meios de comunicação, o jornal impresso é um deles, têm uma contribuição de destaque na história. Marcondes Filho (2000, p. 48), ao fazer uma classificação da História do jornalismo assinala as cinco etapas distintas do jornalismo: O jornalismo Pré-histórico (1631-1789), considerado artesanal; o primeiro jornalismo (1789-1830), de teor político-literário; o segundo jornalismo (1830-1900), denominado como imprensa de massa; o terceiro jornalismo (1900-1960), assinalado como imprensa monopolista e, por fim, o quarto jornalismo (1970- até os nossos dias), sendo este o jornalismo de informação eletrônica e interativa. O contexto histórico do jornalismo possibilita analisar e estudar, por meio de vários enfoques, a história da sociedade. Os jornais são registros de um tempo, de uma era. Desse modo, diversos pesquisadores se apropriam de métodos de estudos para entender a história. Destacamos Certeau (1982) investigando as práticas do cotidiano, do dia a dia, como também Chartier (1990) que, por meio das práticas culturais e a maneira de identificar os diversos lugares, consegue relatar as práticas de uma sociedade. No Brasil, os estudos das práticas culturais, sobretudo da imprensa brasileira, são registros importantes e que relatam a história dos impressos e a formação do leitor. Diversos autores, segundo Barbosa (2004), são relevantes na análise da história do Jornalismo do nosso país. Podemos destacar as obras de Rizzini (1977), Lima Sobrinho ( 1923 ) e Sodré ( 1999), como também outros autores que trazem uma abordagem mais recente da imprensa do Brasil como Capelato (1994) e Mello (1973). Os jornais, de maneira geral, registram, diariamente, a história, o movimento da sociedade e dos cidadãos comuns, esquecidos com o passar dos anos. Eles remetem a um passado e narram a história, localizada, periférica e desprovida de “grandes vultos”, comum à historiografia tradicional. Esses jornais trazem marcas e resquícios de uma época. Desse Capítulo 2 36 Comunicação e Mídias Contemporâneas modo, a imprensa desempenha a função de reconstituir a história de um dado lugar e de um dado período. Portanto, por meio dessa nova abordagem dos estudos da imprensa, os jornais até então eram vistos apenas como um simples registros dos fatos, do dia a dia, do factual, vinculado às estruturas macroeconômicas. No entanto, esse novo olhar deu uma nova dimensão ao papel dos jornais como fontes históricas, segundo Barbosa (2004). De acordo com Capelato (1994, p. 3) os jornais são fontes históricas, como também manancial dos mais férteis para o conhecimento do passado, pois possibilitam ao historiador acompanhar o percurso dos homens através do tempo. Desse modo, os jornais são registros históricos e fontes inesgotáveis de pesquisa, pois é possível compreendermos uma sociedade por meio das páginas dos jornais. O primeiro jornal brasileiro foi o Correio Braziliense (armazém literário - 1808), fundado por Hipólito José da Costa. Ele era impresso na Inglaterra e tinha uma tiragem de 200 a 800 exemplares. Nas suas páginas, havia reflexões sobre a política brasileira. CURIOSIDADE Sobre os jornais como registros históricos, Barbosa (2004, p. 4) alerta que “é preciso perceber que qualquer história é reinterpretação, reinvenção, reescritura”. Não há possibilidade de recuperação do passado tal como ele aconteceu, pois o regaste ou a reconstituição de um fato é uma interpretação ou visão de alguém que está reinterpretando esse passado. O passado é inteligível nas fímbrias das narrativas que ele mesmo compôs. O que o historiador faz é um ato ficcional, não no sentido de queaquilo que descreve não tenha se dado, mas considerando sempre o grau de invenção, composição, interpretação, inserção do Capítulo 2 37Comunicação e Mídias Contemporâneas sujeito pesquisador que compõe a história a ser interpretada. Não há possibilidade de isenção diante de qualquer construção humana (BARBOSA, 2004, p. 34). Foi a partir do surgimento da imprensa escrita, ou seja, do jornal, que houve a proliferação e massificação da informação. O jornal teve um papel relevante na propagação da informação, como também no nascimento da Publicidade. A massificação dos meios de comunicação de massa, como o jornal, por exemplo, fez surgir o que se denomina de esfera pública. Esses primeiros jornais foram batizados de “jornais políticos”. Segundo Habermas (1984, p.12), “os beneficiários das correspondências privadas, os comerciantes, não tinham interesse em que o conteúdo delas se tornasse público”. Com a proliferação dos jornais, a troca de informações desenvolve-se não só em relação às necessidades do intercâmbio de mercadorias: as próprias notícias se tornam mercadorias. Por isso, “o processo de informação profissional está sujeito às mesmas leis do mercado, a cujo surgimento elas devem, sobretudo, a sua existência”, disse Habermas (1984, p.13). Esse autor trouxe o conceito de espaço público e ele assinala que foi com o estabelecimento do Estado burguês de Direito, como também legalização de uma esfera pública politicamente ativa, que a imprensa passou a “assumir as chances de lucro de uma empresa comercial”. Então, o jornal assumiu o caráter de um empreendimento que oferece anúncios como se fossem mercadorias e esses espaços tornam-se vendáveis por meio das partes reservadas à redação. O rádio também se tornou um espaço de debates públicos. Para entendermos melhor a mídia rádio, convidamos você para embarcar nas ondas do rádio, uma viagem na história desse meio de comunicação. Vamos nessa! 2.2.2 A origem do Cinema: a sétima arte O cinema é conhecido como a Sétima Arte! Afinal, ele seduz e encanta plateias no mundo inteiro. Quem não gosta de ver um bom filme e viajar pelas histórias que são exibidas na sala escura? Todo mundo! A sétima arte surgiu no final do século XX, mais precisamente em 28 de dezembro de 1895, na cidade de Paris. De acordo com Bernardet (1993), um homem que atuava com ilusionismo, Georges Méliès, procurou os irmãos Auguste e Louis Lumiére, os inventores do cinema, com o objetivo de adquirir Capítulo 2 38 Comunicação e Mídias Contemporâneas uma máquina, o cinematógrafo, para seus espetáculos no teatro. Os irmãos assinalaram que tal aparelho “não tinha o menor futuro como espetáculo, era apenas um instrumento científico para produzir o movimento e só poderia servir para pesquisas”. (BERNARDET, 1993, p.10). O cinematógrafo é um aparelho que deu origem ao cinema e foi inspirado na engrenagem de uma máquina de costura. Ele registrava a “impressão de movimento”, por meio de seqüências de fotografias em movimento que possibilitava a sensação e ilusão de uma imagem em real por meio de uma projeção. (DALPIZZOLO, 2011). As primeiras projeções aconteceram no Grand Café, na cidade de Paris, na França. Foram mostrados filmes curtos sem áudio e imagens em branco e preto. “Um em especial emocionou o público: a vista de um trem chegando na estação”. (BERNADERT, 1999, p.12). O filme exibido assustou a platéia porque a locomotiva surgia ao longe, no fundo da tela, e posteriormente ocupava a tela inteira, dando a sensação que iria sair da tela e invadir o local de exibição. Os filmes produzidos pelos irmãos Lumiére eram curtos, “possuíam aproximadamente três minutos cada, foram apresentados para um público de cerca de 30 pessoas”. (DALPIZZOLO, 2011). O cinema, desde então, começou a explorar o que Bernardet (1999, p.12) denomina de “impressão da realidade”. Essa ilusão da realidade foi provavelmente, segundo o referido autor, “a base do grande sucesso do cinema”. Nesse cenário, a sedução e a ilusão de imagens, como também o casamento de imagem e som atraem platéias do mundo inteiro. O cinema é a sétima arte, a ilusão do real! Uma realidade em que viajamos e vivemos momentos de alegria, de tristeza e de emoção! 2.2.3 A origem do rádio O rádio surgiu no final do século XIX por causa da necessidade da comunicação a distância. Em busca desse desejo, várias tentativas foram realizadas com esse objetivo, sobretudo por meio da teoria eletromagnética que permitia uma possível comunicação a longa distância. No entanto, segundo Ortriwano (1985), foi em 1870 que um físico escocês, James Clek Maxwell, comprovou por meio de estudos teóricos, a possibilidade de comunicação a distância. Capítulo 2 39Comunicação e Mídias Contemporâneas James Clerk Maxwell nasceu em 13 de junho de 1831 em Edimburgo, cidade da Escócia. Ele é mais conhecido por ter dado a sua forma final à teoria moderna do eletromagnetismo, que une a eletricidade, o magnetismo e a óptica. Esta é a teoria que surge das equações de Maxwell, assim chamadas em sua honra. BIOGRAFIA No final do século XIX e início do Século XX, as teorias eletromagnéticas foram comprovadas por meio dos estudos Heinrich Hertz, um cientista alemão. Seu nome deu origem à nomenclatura freqüência Modulada (FM) no rádio. Os estudos e testes desenvolvidos pelo alemão foram importantes para o desenvolvimento do telégrafo e posteriormente para outros meios de comunicação como o próprio rádio e depois a televisão. No entanto, é importante registrar os estudos e os experimentos do Padre Roberto Landell de Moura. Ele fez teste e inventou o transmissor de ondas, o telefone sem fio e o telégrafo também sem fio. Em 1904, nos Estados Unidos da América ele fez o registro das suas criações. Além desses inventos, ele foi o pai da válvula de três eletrodos, componente fundamental para o processo de desenvolvimento da radiodifusão. Na segunda metade do século XX, o rádio notadamente passou a se caracterizar como um meio de comunicação de massa. Ele logo se proliferou pelos quatro cantos do mundo. Nesse período, a telegrafia sem fio já estava presente por meio da transmissão de telegramas entre as pessoas por meio de sinais de ponto e a utilização do código Morse. Capítulo 2 40 Comunicação e Mídias Contemporâneas O código morse é um sistema de representação por meio de letras, números e sinais de pontuação, desenvolvido por meio de um sinal codificado enviado com interrupções. Esse código foi desenvolvido por Samuel Morse, em 1835, considerado o criador do telégrafo elétrico, um aparelho que utiliza correntes elétricas que funcionam para emissão ou recepção de sinais. SAIBA QUE As transmissões da voz humana, como também de música, só foram possíveis por meio do invento de Lee DeForest, americano que criou a válvula de triodo. Graças a ele, foi possível transmitir músicas para vários lugares (ORTRAWIANO, 1985). Com o advento da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) o desenvolvimento do rádio sofreu uma ruptura. Até então já era possível ouvir notícias, músicas e boletins informativos. No entanto, as forças armadas dos países em conflito logo se apropriaram do rádio com outros objetivos: usar o rádio com fins militares e não mais como informação e entretenimento. Com o fim da Primeira Guerra Mundial, o rádio voltou a ser explorado, mas no espaço doméstico, ou seja, em casa, como meio de comunicação entre pessoas. Foi o uso do radioamadorismo, como conhecemos hoje, que possibilitou a comunicação a distância. No Pós-guerra, o rádio ficou sob a tutela do Estado, principalmente na Europa. A estação British Broadcasting Corporation passou a ser chamada
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