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1 Influencia do Controle Familiar na Prática do Gerenciamento de Resultados: Evidências em Companhias Brasileiras de Capital Aberto Autoria: Paulo Sérgio Almeida-Santos, Andreia Carpes Dani, Débora Gomes Machado Resumo Este artigo tem como objetivo identificar se o controle familiar tem influencia na prática do gerenciamento de resultados contábeis em companhias abertas brasileiras. A investigação empírica foi desenvolvida utilizando uma amostra de 123 companhias brasileiras listadas na BM&Fbovespa, totalizando 1.353 observações para um período de nove anos (2000-2010). A análise dos dados foi conduzida por meio da regressão com dados em painel (Método dos Mínimos Quadrados com Efeitos Fixos). Os resultados do artigo sugerem que o controle familiar possui relação positiva com os accruals discricionários das empresas examinadas, fazendo com que a hipótese norteadora do estudo não seja rejeitada. 1. Introdução As empresas com concentração familiar possuem grande importância para o crescimento das nações, além de serem de grande interesse dos estudiosos em todo o mundo (Schulze & Gedajlovic, 2010). Atualmente, estima-se que as organizações familiares gerem mais da metade do PIB mundial. Neste contexto, estudos que envolvem firmas familiares são muito oportunos, por se tratar de um enfoque emergente, cujo impacto é considerável (Chrisman et al., 2010). No Brasil, estima- se que existam de 6 a 8 milhões de empresas, 90% delas são familiares, seja de grande, médio e pequeno porte (SEBRAE/SC, 2005). Não obstante, Reay e Whetten (2011), comentam que as empresas familiares devem ser analisadas sob novas perspectivas teóricas e metodológicas. Diversos estudos têm discutido as empresas familiares, especificamente de modo teórico. Nesta direção, novas pesquisas devem focalizar as preocupações motivadas pelo fato de a empresa possuir um controle familiar (Reay & Whetten, 2011). Isto nos motiva, por exemplo, a verificar se a gestão familiar contribui para aumentar os resultados apresentados pela a empresa, uma vez que o controle concentrado pode gerar conflito de interesse entre os familiares, refletindo no desempenho dos resultados dessas companhias. Schulze et al. (2001), confirma que o conflito de interesse entre agente e principal também pode impactar o desempenho da empresa familiar. Prencipe et al. (2008), assevera que pesquisas sobre gerenciamento de resultados buscam analisar as companhias abertas de modo geral, entretanto, não é dada uma atenção especial ao controle familiar, verificando a sua influência nos resultados das empresas. Wang (2005), assegura que o controle familiar pode estar relacionado com os lucros da empresa. Ali et al. (2007), mencionam que o controle familiar possui uma relação positiva com desempenho e a qualidade dos resultados da empresa. O caráter conservador ou agressivo dessas empresas faz com elas utilizem alguns mecanismos para estarem alavancando os seus ganhos (Brigham & Houston, 1999; Zuiker et al. 2002). Jaggi et al. (2009), argumentam que o controle familiar da propriedade ou a nomeação de membros da família para os principais conselhos corporativos da companhia pode interferir na gestão das receitas ou ganhos. Wang (2005), afirma que em empresas familiares os accruals positivos são maiores em relação às empresas não familiares, ou seja, as companhias de propriedade familiar gerenciam os seus resultados com o objetivo de aumentá-los. Diversos estudos nacionais, nos últimos anos, têm constatado evidencias sobre a prática de gerenciamento de resultados nas diversas empresas brasileiras de capital aberto. Estes estudos analisaram principalmente a relação de fatores tais como: o grau de alavancagem (Coelho & Lopes, 2007), a internacionalização (Lopes & Tukamoto, 2007), auditoria (Baptista, 2008), governança corporativa (Almeida-Santos et al., 2011), com o nível de gerenciamento de resultados contábeis praticado pelas companhias abertas do Brasil. 2 Assim, oportunamente sabendo da lacuna que existe a respeito da relação com o controle familiar na gestão de ganhos das empresas brasileiras, busca-se, por meio deste artigo, responder a seguinte questão de pesquisa: O controle familiar tem influenciado na prática do gerenciamento de resultados contábeis em companhias abertas brasileiras? Na mesma direção desta questão, objetiva- se com este artigo, identificar se o controle familiar tem influencia na prática do gerenciamento de resultados contábeis em companhias abertas brasileiras. Pesquisas anteriores desenvolvidas em outros países encontram relação entre o controle familiar e o gerenciamento de resultados, por exemplo, (ver: Wang, 2005; Mallorquí et al. 2007; Ali et al., 2007; Prencipe et al. 2008; Jaggi et al., 2009; Ishak et al. 2011). Deste modo, os resultados desta pesquisa irão agregar valor para literatura já existente sobre gerenciamento de resultados, principalmente no que tange a influencia do controle familiar na gestão de resultados da empresa, além de identificar as implicações teóricas, prática e social, quer para academia, quer para as companhias pesquisadas. Teoricamente, ele irá fornecer informações sobre o estágio atual do nível de gerenciamento de resultados praticado pelas empresas brasileiras abertas componentes da amostra, sobretudo nas companhias de controle familiar, as quais, segundo Bhaumik e Gregoriou (2007), necessitam ser mais pesquisadas, tendo em vista que na América Latina, pesquisas que envolvam as companhias familiares são escassas. De forma prática, o estudo irá auxiliar os interessados na informação contábil no intuito de olharem melhor as firmas familiares. Uma vez que o controle acionário não pulverizado pode gerar muitos conflitos de interesse, o que pode impactar o desempenho da companhia. De forma social, o estudo busca enfatizar que a estrutura de propriedade familiar pode minimizar a eficácia dos mecanismos do controle externo, por exemplo, (ver Schulze et al., 2001), e com isso aumentar o nível de accruals discricionários da empresa. 2. Revisão da Literatura 2.1 Teoria das Empresas Familiares Segundo Gersick et al. (1997, pp. 2), “as empresas familiares são a forma predominante de empresa em todo o mundo”. As empresas que possuem o controle familiar “constituem uma forma organizacional peculiar, cujo caráter especial tem consequências positivas e negativas” (Gersick et al., 1997, pp. 3). Outros autores destacam que a maioria das empresas no mercado global é de economia privada, das quais muitas possuem controle do tipo familiar (por exemplo, ver: Abdolmohammadi, Kvaal, Langli, 2010; Burkhart et al. 2003; La Porta et al.1999; Colli, 2003; Katz, 2009). Uma característica predominante nessas empresas é o controle familiar ser do tipo concentrado. La Porta e Lopez-de-Silanes (1998), salientam uma distinção entre as organizações ao classificá-las em duas modalidades de estrutura dominante: a amplamente difundida (em que não há um acionista controlador), e empresas de controle concentrado (controle exercido por um indivíduo ou grupo específico). Nas empresas familiares, o controle é exercido por um único indivíduo ou grupo específico. Quando as empresas possuem controle do tipo familiar, os conselhos de administração são independentes (Jaggi et al., 2010). Sob o enfoque da estrutura de propriedade, as companhias são definidas pela literatura em diversas formas diferentes. As empresas familiares podem ser definidas como àquelas que apresentam sua estrutura de propriedade concentrada em no mínimo 20% em mãos de pessoas com grau de parentesco, ou que possuem importante direito de voto e controle (Barnes & Hershon, 1976; Villalonga & Amit, 2006). Barnes e Hershon (1976), argumentam que nas empresas familiares a estrutura de propriedade ocorre por meio do controle de um único indivíduo, ou de uma única família.Carsrud (1994), determina que nas empresas familiares, a propriedade e a formulação de políticas são dominadas por membros com um grupo de parentesco emocional. A empresa familiar 3 para Holland e Oliver (1992), é qualquer negócio em que as decisões relativas a sua propriedade ou gestão são influenciadas por uma relação com uma família ou demais famílias. Lansberg et al. (1988), por sua vez, caracterizam a empresa familiar como um negócio em que membros de uma família têm o controle legal sobre a propriedade. Em uma segunda visão, as empresas familiares podem ser definidas de acordo com a forma de gestão organizacional. A empresa familiar pode ser entendida como aquela em que os membros da família fundadora permanecem ocupando cargos de topo na gestão, paralelamente a outras áreas secundárias da organização (Che et al. 2008). A empresa familiar é qualquer ocorrência ou a expectativa de que um membro mais novo da família tenha ou venha a assumir o controle do negócio dos mais velhos (Churchill & Hatten, 1987). Handler (1989, p. 262), considera que a organização cujas decisões operacionais principais e planos para a sucessão de liderança são influenciadas por grupo familiar que integram os principais conselhos da empresa pode ser considerada familiar, bem como quando dois ou mais membros da família influenciar a direção do negócio através do exercício de laços de parentesco, papéis de gestão, ou direitos de propriedade (Pratt & Davis, 1986). Gersick et al. (1997), declara que o principal modelo conceitual do negócio de empresas familiares é composto por três círculos. Esse modelo vê a empresa familiar como um sistema formado por três sobreposições de subsistemas denominadas propriedade, negócios e família. Na Figura 1, é apresentado o modelo de três círculos proposto por Gersick et al. (1997). Figura 1 – Modelo de três círculos da empresa familiar Fonte: Gersick et al. (1997). O modelo de três círculos é uma ferramenta que auxilia na compreensão da dinâmica de trabalho de uma empresa familiar. Esse modelo surgiu diante da constatação de que muitos dos dilemas enfrentados por empresas familiares têm a ver com a distinção entre proprietários e gerentes do que a família e a gestão como um todo. Para o entendimento dos três eixos, pondera-se que cada um dos subsistemas se move conforme as fases e estágio de maturidade em que a empresa passa ao longo do tempo (Gersick et al., 1997). Assim, a propriedade de uma empresa familiar se move de acordo com os estágios de controle. No Brasil, estima-se que as empresas familiares representem o tipo de organização com maior crescimento no país. Isso se verifica tanto em relação ao número de funcionários que representam 60% dos empregos diretos, quanto pela representatividade do PIB, com 48% da produção nacional, principalmente a partir dos anos 60 (Gueiros, 1998). Destaca-se também que as empresas familiares brasileiras correspondem a mais de 4/5 da quantidade das empresas privadas instaladas no país (Oliveira, 1999). Dentre os elementos condicionantes, a manutenção das empresas familiares no Brasil, na nova ordem econômica social, Leone (2005, p. 1), aduz a “globalização dos mercados, à estabilidade da economia brasileira, o fim de um modelo empresarial de mercado fechado e à inevitável pulverização do controle dos grupos nacionais começam a provocar alterações rápidas no perfil da empresa brasileira”. 4 Leone (2005), cita algumas características da empresa familiar brasileira, em função das suas especificidades: a) são mais centralizadas, com estruturas organizacionais simples, sendo necessárias poucas unidades ou funções administrativas; b) possuem um menor controle sobre seu ambiente externo, por isso são muito dependentes dos recursos que lhes são disponíveis; c) o papel do dirigente é baseado na propriedade, sendo que algumas vezes ocorre uma mistura do patrimônio social e o do dirigente, trazendo risco aos capitais dos próprios administradores; d) possuem um nível de maturidade organizacional muito baixo, onde os processos de planejamento e controle são pouco formalizados e quantificados. 2.2 Teoria do Gerenciamento de Resultados Schipper (1989) e Healy e Wahlen (1999), conceituam o gerenciamento de resultados (earnings management) como uma intervenção proposital no processo de comunicação financeira externa, com a intenção de obter algum benefício privado que pode ocorrer em qualquer etapa do processo de divulgação externa. O gerenciamento de resultados deriva-se epistemologicamente da teoria da agência, formalizada por Jensen e Meckling (1976), abrangido no contexto dos mecanismos de vinculação entre principal e agente, conforme Eisenhardt (1989) e Schipper (1989), que ocorre na presença de comportamento oportunístico do agente que, segundo Williamson (1985), origina-se da imperfeição do mesmo. As motivações que norteiam a efetivação do gerenciamento de resultados, de acordo com Schipper (1989), são contratuais, regulamentares ou vinculadas ao mercado de capitais. Pesquisas realizadas no âmbito das: a) motivações contratuais investigaram a remuneração de executivos (Healy, 1985; Sloan, 1993; Baber et al., 1998), contratos de financiamento (Ahmed et al., 1999), assimetria de informação (Bartov & Mohanram, 2004), incentivos ao Chief Executive Officer - CEO (Dechow & Sloan, 1996; Bergstressera & Philippon, 2006), incentivos patrimoniais (Cheng & Warfield, 2005), a remuneração em dinheiro do executivo (Dechow et al., 1994; Gaver e Gaver, 1998); a violação dos covenants contratuais (Defond & Jiambalvo, 1994) e Custos políticos (Key, 1997); b) motivações regulamentares averiguaram a visão dos reguladores (Dechow & Skinner, 2000); a republicação das demonstrações financeiras (Aier et al., 2005); a governança corporativa da organização (Iqbal & Strong, 2010; Basiruddin, 2011) e as práticas contábeis em âmbito internacional (Klann, 2011); c) motivações vinculadas ao mercado de capitais examinaram as ações de executivos (Bens et. al, 2003; Hanlon et al. 2003); a regulação econômica (Cardoso, 2005); a previsão de analistas financeiros (Libby & Kinney JR. 2000, o retorno acionário (Mcnichols, 1989) e a oferta inicial de ações (Teoh et al. 1998). O gerenciamento de resultados pode se efetivar por meio da manipulação de escolhas contábeis ou por manipulação de atividades operacionais. Pesquisas com foco: a) nas escolhas contábeis podem ser consultadas em DeAngelo et al. (1994), para qualidade dos accruals em Barua et al. (2010), para práticas de empresas brasileiras em Martinez (2001) e Baptista (2008); b) nas atividades operacionais podem ser examinadas em Roychowdhury (2005), para gestão das despesas com vendas, gerais e administrativas em Anderson et al. (2003), e para a manipulação por meio de atividades reais em Roychowdhury (2005), para práticas efetuadas por empresas brasileiras em Cardoso e Martinez (2006); para consequências da manipulação das atividades operacionais em Gunny (2005); para absorção de custos de produção em Gupta et al. (2005); c) pela investigação simultânea em ambos os temas ver Zang (2005), Cohen e Zarowin (2008) e Martinez (2011). 5 Modelos de detecção de gerenciamento de resultados podem ser consultados em Healy (1985), DeAngelo (1986), Jones (1991), Dechow et al. (1995), Kang e Sivaramakrishnan (1995), Burgstahler e Dichev (1997), Martinez (2001), Dechow et al. (2003), Pae (2005), Paulo (2007) e Baptista (2008). Conforme Yaping (2005), o gerenciamento de resultados tem três formas diferentes: gestão de resultados, fraude nos resultados e contabilidade criativa. As três são exaustivas e mutuamente excludentes. Para o autor, o gerenciamento de resultados através do exercício do poder discricionário concedido pelasnormas contábeis e corporativas é o gerenciamento de resultados de papéis; enquanto que o gerenciamento de resultados das atividades reais ocorre por meio de atividades de reestruturação ou transações comerciais de uma forma legítima. A manipulação de resultados que viola as normas contábeis e/ou leis corporativas é a gestão de fraude nos resultados. Por fim, a contabilidade criativa, segundo Yaping (2005), ocorre quando, por exemplo, uma norma de contabilidade é muito específica para lidar com as inovações de negócios. No caso deste estudo pretende-se verificar em empresas brasileiras de capital aberto que possuem controle familiar ou não o nível de gerenciamento de resultados por meio do acúmulo de accruals discricionários. 2.3 Desenvolvimento da Hipótese Berle e Means (1932) já sinalizaram que a grande marca das corporações modernas está na separação da propriedade, onde as ações são pulverizadas entre os diversos acionistas e o controle é exercido por diretores que possuem pequeno percentual do capital da empresa. As empresas familiares possuem características de governança peculiares, o que as tornam significativamente diferentes das demais empresas (Prencipe et al., 2008). Nesta direção, as empresas familiares têm a característica de suas ações de direito a voto não serem pulverizadas, acarretando assim, conflitos de interesse nos resultados (Rapozo, 2007). Portanto, uma forma de minimizar os custos de agência nas empresas familiares é alinhar o interesse entre principal e agente (Rapozo, 2007). O interesse deste ou daquele em muitas oportunidades pode ser a alavancagem dos resultados da empresa. De acordo com Schulze et al. (2001), no caso das empresas familiares, os acionistas têm incentivos para investir recursos na redução oportunistíca dos proprietários. Doravante, as empresas que possuem controle familiar possuem uma tendência a apresentar resultados maiores do que àquelas que não possuem (Ali et al., 2007). Quando um acionista detém o maior percentual das ações com direito a voto de uma empresa, este pode controlar as definições das escolhas contábeis, isto é, o acionista controlador tem fortes incentivos para gerar relatórios contábeis voltados para os seus interesses particulares, ao invés de refletir a verdadeira situação econômica da empresa (Torres et al., 2009). Portanto, à medida que se tem uma concentração maior de propriedade, o controle é assegurado na mão de poucos e maiores são os incentivos para a prática de gerenciamento de resultados (Torres et al., 2009). Nesta linha, o controle familiar pode ser um incentivo para a geração de resultados maiores, ou seja, a relação positiva entre o gerenciamento de resultados e o controle familiar pode indicar que as empresas familiares tendem a apresentar níveis de accruals positivos maiores do que empresas que não possuem controle familiar, sugerindo que a manipulação tem como objetivo elevar os resultados da companhia (Wang, 2005; Mallorquí et al. 2007; Ali et al., 2007; Prencipe et al. 2008; Jaggi et al., 2009; Ishak et al. 2011). Portanto, em consonância com os demais estudos desenvolvidos em outros países, os quais abordam a relação entre o controle familiar e o gerenciamento de resultados contábeis, formulamos a seguinte hipótese que irá nortear este estudo, no contexto das empresas brasileiras abertas: 6 H1: O controle familiar está relacionado positivamente com os accruals discricionários das companhias brasileiras de capital aberto? 3. Metodologia A amostra não probabilística escolhida de forma não intencional e não aleatória compreendeu as companhias brasileiras não financeiras listadas na Bolsa de Valores de São Paulo, as quais tinham dados disponíveis para o para o período de 2000 a 2010. Neste caso, foi possível obter 123 empresas, sendo 42 de controle familiar (34%) e 81 de controle não familiar (66%). Os dados financeiros dessas companhias foram coletados a partir da base de dados da Economática®, bem como do próprio web-site da BM&Fbovespa por meio das Demonstrações Financeiras Padronizados (DFPs). Destaca-se ainda, que os resultados serão conduzidos por meio da regressão linear múltipla, mas precisamente pelo modelo de regressão com dados em painel. A seguir, serão apresentadas as variáveis utilizadas no estudo. 3.1 Nível de Gerenciamento de Resultados O modelo utilizado para o cálculo dos accruals discricionários ou nível de gerenciamento de resultados foi o modelo econométrico proposto por Kang e Sivaramakrishnan (1995). O modelo KS, como é conhecido atualmente, é um dos modelos mais presentes nos estudos que tratam sobre o gerenciamento de resultados em companhias brasileiras. Primeiramente, antes de se calcular os accruals discricionários, deve-se realizar o cálculo dos accruals totais, conforme o que demonstra a equação 1: (1) ATit = Φ0 + Φ1 x [δ1 x Recit]+ Φ2 x ہδ2 x Despitۂ+ Φ3 x [δ3 x Imoit]+ εit Posteriormente, fazendo-se aplicação da equação 1 na equação 2, obtêm-se os accruals discricionários: (2) ADit = ATit – {Φ0 + Φ1 x [δ1 x Recit] + Φ2 x [δ2 x Despit]+Φ3 x [δ3 x Imoit]} Onde: AD = Accruals discricionários (Acumulações discricionárias) da empresa i no ano t. AT = Acumulações Totais = (ΔCGL – Depreciação & Amortização) da empresa i no ano t. Rec. = Receita Líquida (excluindo tributação sobre faturamento) da empresa i no ano t. Desp. = Custos e Despesas Operacionais antes da Depreciação & Amortização. Imo. = Imobilizado da empresa i no ano t. δ1 = CRit-1/Recit-1, onde CR representa as Contas a Receber da empresa i no período t-1. 3.2 Controle da Empresa e o Modelo de Regressão A identificação do controle familiar da empresa foi realizada por meio da análise de conteúdo, onde se observou a composição da gestão superior da companhia, ou seja, foi analisado o conselho de administração e o conselho fiscal das empresas componentes da amostra, verificando se os sobrenomes dos gestores de ambos os conselhos são idênticos ou não. Conforme Gomez-Mejia et al. (2010), uma empresa é considerada familiar se dois ou mais diretores possuem algum grau de 7 parentesco e se os membros da família mantém o maior percentual das ações com direito a voto. Portanto, para que uma empresa seja considerada familiar, os diretores ou fundadores devem pertencer ao mesmo grupo familiar (Mallorquí et al., 2007). Portanto, utilizou-se uma variável dummy para operacionalização da variável que representa o controle da empresa – controle familiar “1”, controle não familiar “0”. Para análise do impacto do controle familiar sobre o nível de gerenciamento de resultados das empresas brasileiras de capital aberto, foi adotado o modelo econométrico descrito na equação 3. (3) Accruals discricionáriosit = α0 + α1Controleit + α2Tamanhoit + α3Alavancagemit + α4ROEit + α5ROAit – α6Idadeit – α7Governança corporativa it – α8Setorit – α9Internacionalização – α10Auditoriait + Erroit 2.3 Variáveis de Controle: Tamanho, Alavancagem, ROE, ROA, Idade, Governança Corporativa, Setor, Internacionalização e Auditoria Além da variável que representa o controle familiar da empresa como fator que influencia o gerenciamento de resultados, mais nove variáveis de controle explicativas do gerenciamento de resultados foram levantadas, todas elas retiradas da literatura sobre gerenciamento de resultados. Na Tabela 1, são elencadas as variáveis de controle seguidas de suas descrições e evidencias empíricas anteriores, além da relação esperada de cada uma das variáveis em função do nível de accruals discricionários. Tabela 1 – Variáveis de controle Variável Descrição Relação Esperada Evidência Tamanho Representada pelo Logaritmo Natural do ativo da empresa i no ano t. + Kim et al. (2003); Mek et al. (2007); Jaggi et al. (2009) Alavancagem Representadapela razão entre o Passivo Total e o Ativo Total da empresa i no ano t. + Coelho e Lopes (2007) ROE Representada pela razão entre o Lucro Líquido e o Patrimônio Líquido da empresa i no ano t. + Liu e Lu (2007) ROA Representada pela razão entre o Lucro Líquido e o Ativo Total da empresa i no ano t. + Prencipe et al. (2008), Jaggi et al. (2009) Idade Representada pelo ano de constituição da empresa i no ano t. – Ahmad-Zaluki et al. (2009) Governança corporativa Representada por uma variável dummy (verifica se a empresa está listada em algum dos níveis de governança corporativa da BM&F: “1” caso afirmativo, “0” caso contrário). – Chtourou et al. (2001); Liu e Lu (2007) e Shah et al. (2009), Almeida-Santos et al. (2011) Setor Representada por uma variável dummy (verifica se a empresa pertence ao setor regulado de Energia Elétrica: “1” caso afirmativo, “0” caso contrário). – Woog e Small, (2007); Internacionalização Representada por uma variável dummy (verifica se emite American Depositary Receipt (ADR): “1” caso afirmativo, “0” caso contrário). – Lopes e Tukamoto (2005); Lin et al. (2008) Auditoria Representada por uma variável dummy (verifica se a empresa é auditada por alguma das grandes firmas de auditoria, chamadas de “Big Four”: “1” caso afirmativo, “0” caso – Xie et al. (2003); Baptista (2008); Jaggi et al. (2009) 8 contrário). 4. Resultados Inicialmente, procedeu-se estimando os accruals discricionários (nível de gerenciamento de resultados contábeis) das companhias componentes da amostra. Estes accruals discricionários foram mensurados a partir dos accruals totais calculados e os accruals estimados por meio de regressões lineares múltiplas, a partir do modelo de Kang e Sivaramakrishnan (1995). A Tabela 2 demonstra as estáticas descritivas dos accruals discricionários e também das demais variáveis ordinais levantadas na pesquisa (Painel A). Outrossim, o teste de médias dessas variáveis em função da variável que representa o controle familiar ou não das empresas componentes da amostra (Painel B). No Painel A, percebe-se que a média dos accruals discricionários das empresas no período de 2000 a 2010 foi de -0,065, sinalizando que as mesmas tiveram como intenção diminuir os seus resultados contábeis. Jaggi et al. (2009); Ishak et al. (2011) também observaram uma média semelhante a esta, em empresas honconguesas e malaias respectivamente. Percebe-se também, que as empresas componentes da amostra são relativamente grandes. Essas possuem mais de 1 bilhão de reais em ativos, sendo que a menor empresa possui apenas 765 mil reais de ativos. Contudo, a maior empresa da amostra tem ativos em mais de 635 bilhões de reais, mostrando uma grande propagação. Referente ao nível de alavancagem das companhias, verifica-se que as mesmas não possuem um percentual muito alto de endividamento, sendo que uma das empresas apresentou quase endividamento zero. Todavia, destaca-se o caso de uma das empresas ter apresentado endividamento alto. Quanto ao ROE e ROA, é visto que ambos apresentam comportamentos contrários, enquanto o primeiro indica uma rentabilidade positiva de 4% sobre o patrimônio líquido das empresas, o segundo apresenta uma rentabilidade negativa no mesmo percentual, entretanto, sobre os ativos das empresas, a diferença do valor mínimo entre os dois é de 126,9% do segundo para o primeiro. Porém, o valor máximo médio da rentabilidade sobre o lucro líquido e os ativos da empresa é de 7,5%. No que tange a idade das companhias em investigação, a média é de aproximadamente 50 anos de constituição, sendo a mais nova empresa atua no mercado há 11 anos e a mais velha há 138 anos. Tabela 2 – Estatísticas descritivas Painel A: Amostra total (n = 123) Média Desv. Pad. Mínimo Máximo AD -0,065 4,039 -34,790 84,595 TAM 1,3 bilhão 7,6 mil 765 mil 635,5 bilhões ALA 1,37 6,64 0,01 124,99 ROE 0,04 1,48 -35,20 11,74 ROA -0,04 1,30 -44,67 3,30 IDA 49,99 27,52 11,00 138,00 Painel B: Subconjuntos das empresas que possuem controle familiar ou não Sim = 42 Não = 81 Média Desv. Pad. Mínimo Máximo Média Desv. Pad. Mínimo Máximo Sig. ACC -0,179 0,755 -8,145 3,401 -0,004 4,947 -34,790 84,596 ,009* TAM 774,5 milhões 4,9 mil 22,2 milhões 74,7 bilhões 1,7 bilhão 8,8 mil 772,7 mil 635,5 bilhões ,000* ALA 0,63 0,51 0,02 4,56 1,40 8,16 0,00 124,99 ,000* ROE 0,07 0,64 -8,84 4,15 0,03 1,76 -35,20 11,74 ,083** ROA 0,03 0,13 -0,70 1,85 -0,08 1,60 -44,67 3,30 ,204 IDA 54,69 26,22 12,00 119,00 47,56 27,88 11,00 138,00 ,000* NGC ,027* SET ,000* INT ,000* AUD ,032* *: Significante ao nível de significância de 0,05. **: Significante ao nível de significância de 0,10. 9 Legenda: AD (accruals discricionários); TAM (tamanho); ALA (alavancagem); ROE (rentabilidade sobre o lucro líquido); ROA (rentabilidade sobre o ativo); IDA (idade); NGC (nível de governança corporativa); SET (setor); INT (internacionalização); AUD (auditoria). Constata-se também na Tabela 2, (Painel B), que para todas as variáveis, exceto quanto à rentabilidade sobre os ativos (ROA), existem diferenças estatisticamente significativas entre as empresas componentes da amostra que possuem ou não controle familiar. Diante disso, os resultados sugerem que o tamanho, a alavancagem, a rentabilidade sobre o lucro líquido (ROE), a idade, o nível de governança corporativa, o setor, a internacionalização e a auditoria são fatores institucionais e financeiros que podem caracterizar o controle familiar da empresa. A Tabela 3 ilustra a matriz de correlação entre as variáveis do estudo. A correlação apresentada é a de Pearson. Visualiza-se que os accruals discricionários possuem, em sua grande parte, correlação negativa com as demais variáveis, exceto, com a idade (correlação positiva), controle da empresa, ROE, governança corporativa, setor e internacionalização (sem correlação). O controle da empresa, por sua vez, apresenta correlação negativa com o tamanho da empresa, a alavancagem, setor, internacionalização e auditoria, indicando que ambas variáveis são inversamente proporcionais. Ao contrário, possui correlação positiva com o nível de governança corporativa e a idade. Isso indica que a maioria das empresas familiares está há muito tempo no mercado, e estas apresentam boas práticas de governança corporativa. Tabela 2 – Matriz de correlação/Pearson (n=123) AD CON TAM ALA ROE ROA NGC SET INT AUD IDA AD 1 CON -,021 1 TAM -,198** -,193** 1 ALA ,929** -,055* -,233** 1 ROE -,042 ,012 ,004 ,004 1 ROA -,062* ,041 ,180** -,327** -,198** 1 NGC -,036 ,060* ,254** -,058* -,045 ,048 1 SETOR -,077** -,230** ,301** -,045 -,012 -,023 -,121** 1 INT -,043 -,177** ,425** -,031 ,016 ,024 ,282** ,063* 1 AUD -,075** -,058* ,333** -,104** ,014 ,082** ,369** ,032 ,244** 1 IDA ,060* ,123** -,216** ,025 ,029 ,024 -,004 -,154** -,083** -,047 1 *: Significante a p < 5%. **: Significante a p < 1%. Na Tabela 4, são apresentados os resultados estimados por meio do modelo de regressão linear com dados em painel. Ressalta-se que o teste de Chow indicou que a hipótese nula de que todos os interceptos são iguais (POLS) fosse rejeitada, portanto, o mais recomendado é o modelo com efeitos fixos. O teste de Hausman também rejeitou a hipótese nula de que o modelo de correção dos erros é adequado (efeitos aleatórios), logo o modelo com efeito fixos é o mais atraente. Com base nestes testes, no caso deste estudo, o modelo com efeito fixos é o mais recomendado. Observar-se que apenas seis variáveis foram estatisticamente significativas ao nível de significância de 5% (p < 0.05), dentre elas, o controle da empresa. Destaca-se que omodelo como todo é válido (F < 0,05). As variáveis independentes explicam a dependente, accruals discricionários, em 93% (R2 ajustado). O Durbin-Watson sinaliza a ausência de autocorrelação entre as variáveis (1,85 < 10,00). Tabela 4 – Estimação modelo inicial (Método dos Mínimos Quadrados com Efeito Fixo) Variáveis Coeficiente Erro Padrão Estatística t Sig. Constante -1.161645 0.259445 -4.477421 0.0000* Controle Familiar 0.134995 0.064339 2.098183 0.0361* Tamanho 0.014567 0.018147 0.802762 0.4223 Alavancagem 0.620212 0.004712 131.6162 0.0000* 10 ROE 0.017658 0.020032 0.881478 0.3782 ROA 0.833768 0.024261 34.36633 0.0000* Idade 0.003467 0.001084 3.199119 0.0014* Internacionalização -0.239865 0.098083 -2.445538 0.0146* Auditoria 0.088627 0.067059 1.321627 0.1865 Nível de Governança Corporativa 0.065357 0.069023 0.946887 0.3439 Setor -0.154323 0.068966 -2.237665 0.0254* R2 ajustado 0.931075 Estatística F 1827.365 (Sig. 0.000000) Durbin-Watson 1.852170 *p < 0.05. No que diz respeito ao tamanho da empresa, o mesmo não apresenta relação com os accruals discricionários. Este resultado é contrário do estudo de Kim et al. (2003), o quais identificaram que quanto maior for o tamanho da empresa, mais expressivo tende a ser os níveis de gerenciamento de resultados da companhia. Mek et al. (2007), por sua vez, destacam que o tamanho da empresa pode ser considerada uma proxy adequada para captar efeitos de assimetria da informação e governança corporativa. Quanto ao ROE, esperava-se que ele tivesse uma relação positiva com o gerenciamento de resultados, contudo, o mesmo não apresenta relação com a manipulação de resultados. Liu e Lu (2007), mencionam que a rentabilidade sobre o lucro líquido da empresa os accruals discricionários tendem a apresentar relação positiva, uma vez que a empresa pode manipular os seus resultados contábeis com o objetivo de demonstrar uma maior rentabilidade (ROE). No que tange a auditoria, esperava-se que ela tivesse uma relação negativa com os accruals discricionários, pois a qualidade da auditoria pode inibir a prática de gerenciamento de resultados (ver Xie et al., 2003, Baptista, 2008). Referente a governança corporativa, também se esperava que ela tivesse uma relação negativa com os accruals discricionários, tendo em vista que boas práticas de governança corporativa pode diminuir as chances de uma empresa estar manipulando os seus resultados (ver Chtourou et al. 2001; Liu e Lu, 2007; Shah et al., 2009; Almeida-Santos et al., 2011). Retirando-se do modelo essas variáveis supracitadas, as quais não foram estatisticamente significativas no modelo inicial, foi realizada uma nova estimativa da regressão, esta é apresentada na Tabela 5. O Modelo como todo, é válido conforme o observado pela estatística F (Sig. < 0.05). Verifica-se também que as variáveis endógenas explicam em 93% a variável exógena accruals discricionários. O valor do Durbin-Watson indica a ausência de problemas de autocorrelação do modelo. Ressalva-se que o modelo utilizado também foi o com efeitos fixos. Tabela 5 – Estimação do modelo final (Método dos Mínimos Quadrados com Efeitos Fixos) Variáveis Coeficiente Erro Padrão Estatística t Sig. Constante -0.880933 0.071573 -12.30826 0.0000 Controle Familiar 0.135086 0.063802 2.117263 0.0344* Alavancagem 0.618475 0.004620 133.8831 0.0000* ROA 0.834416 0.023456 35.57404 0.0000* Idade da Empresa 0.003306 0.001068 3.094519 0.0020* Internacionalização -0.147063 0.087413 -1.682400 0.0927** Setor -0.147630 0.065386 -2.257810 0.0241* R2 ajustado = 0.930948 Estatística F = 3038.926 (Sig. 0.000000) Durbin-Watson = 1.851158 *p < 0,05; **P < 0,10. 11 O resultado do teste da hipótese anteriormente formulada é apresentado pela significância da variável controle familiar dentro do modelo. Verifica-se que a mesma é significativa ao nível de 5% (P < 0.05), mantendo uma relação positiva com os accruals discricionários. Este resultado sugere que o controle familiar, no contexto das companhias brasileiras, pode aumentar a probabilidade de uma companhia gerenciar os seus resultados contábeis. Portanto, a hipótese levantada, H1, não pode ser rejeitada. Quanto a alavancagem, verifica-se que ela possui uma influência positiva sobre a prática de gerenciamento de resultados nas empresas brasileiras de controle familiar ou não. Essa relação positiva entre as variáveis, sinaliza que quanto maior o grau de endividamento da empresa, maior tende a serem os seus accruals discricionários. O mesmo também é visto para o caso da rentabilidade sobre os ativos (ROA), quanto maior for o a rentabilidade sobre os ativos da empresa, mais propensa ela estará de gerenciar seus resultados contábeis. Do mesmo modo, a idade influencia os accruals discricionários das empresas brasileiras. A relação positiva entre ambas variáveis indica que quanto mais idade a companhia tiver, maiores são chances de ela estar manipulando os seus resultados. De modo contrário, identifica-se que tanto a internacionalização quanto o setor são fatores que inibem a prática de gerenciamento de resultados nas empresas brasileiras, isso pode ser observado pela relação negativa entre variáveis. 5. Discussão e Conclusões Este artigo teve como objetivo geral identificar se o controle familiar tem influenciado na prática do gerenciamento de resultados contábeis em companhias abertas brasileiras. A hipótese testada foi: O controle familiar está relacionado positivamente com os accruals discricionários das companhias brasileiras de capital aberto? Os resultados da regressão com efeitos fixos indicam uma relação positiva entre o controle familiar e os accruals discricionários, sinalizando que a referida hipótese não pode ser rejeitada. Destaca-se também, que as empresas de controle familiar e não familiar se diferenciam quanto aos níveis de accruals discricionários, sendo o nível de gerenciamento de resultados das empresas familiares, maior do que o nível das empresas de controle não familiar. Neste contexto, pode-se concluir que para o caso brasileiro, também fica comprovado que o controle familiar influencia no momento de decisão sobre a gestão dos resultados. Resultados semelhantes foram encontrados em outros países, tais como Espanha (Mallorquí et al., 2007); Itália (Prencipe et al. 2008); Hong Kong (Jaggi et al., 2009) e Malásia (Ishak et al. 2011). Adicionalmente, verificou-se que alavancagem influencia positivamente os accruals discricionários das empresas brasileiras. Este resultado complementa o estudo de Coelho e Lopes (2007), de que quanto maior a alavancagem da empresa, maior tende a ser o seu nível de gerenciamento de resultados. O mesmo também foi verificado para a rentabilidade sobre os ativos da empresa (ROA), sua relação positiva com os accruals discricionários indica que as empresas, para aumentar a rentabilidade sobre os seus ativos, tendem a elevar a manipulação dos seus resultados. Ao contrário deste resultado, tem-se o estudo de Prencipe et al. (2008), que observou o comportamento inverso entre o ROA e o gerenciamento de resultados de companhias italianas. Observou-se também, que a idade da empresa possui relação positiva com o nível de gerenciamento de resultados. O que se esperava era uma relação negativa, pois de acordo com Ahmad-Zaluki et al. (2009), quanto mais tempo a empresa estiver no mercado, menor tende a ser a sua assimetria de informação, sugerindo uma necessidade na redução oportunistíca de se envolver com a manipulação de resultados. Verificou-se também, que tanto o setor quanto a internacionalização possuem relação negativa com os accruals discricionários das empresas brasileiras. Estudos anteriores sinalizam que a internacionalização da empresa (Lopes e Tukamoto, 2005; Lin et al., 2008) e o setor (Woog e 12 Small, 2007),podem minimizar a manipulação de resultados da empresa. Quanto ao setor, destaca- se que, por exemplo, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), possui um manual específico de contabilidade, esta regulamentação específica é considerada parte integrante das práticas contábeis adotadas no Brasil (Murcia e Santos, 2009). Portanto, a atuação de um órgão regulador pode inibir que as empresas deste setor tenham menores níveis de gerenciamento de resultados. Ao contrário disso, Cheng et al. (2009), acham que a regulação do setor pode ser um incentivo para a prática do gerenciamento de resultados. Este estudo, assim como as demais pesquisas sobre o assunto, possui as suas limitações. Primeiramente, destaca-se o uso da variável controle familiar de modo dicotômico, verificando se a empresa componente da amostra possui ou não estrutura de propriedade familiar. O período de análise utilizado no caso foi de 2000 a 2010, portanto, generalizações para anos que estão fora deste período não pode ser feita. A partir destas limitações se sugere, para estudos futuros, que sejam utilizadas outras variáveis para medir o controle familiar da empresa, bem como verificar se o controle familiar também pode ser um incentivo ou não para o gerenciamento de resultados por meio de outros modelos, por exemplo, os que verificam o gerenciamento de resultados por meio de decisões operacionais (ver: Anderson et al. (2003) e Roychowdhury, 2006). Referências Abdolmohammadi, M.; Kvaal, E.; Langli, J. C. (2010). Earnings Management Priorities of Private Family Firms. Centre form Corporate Governance Research, Working Paper, No. 3, nov. 2010. Ahmed, A. S., Takeda, C., and Thomas, S. 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