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breve história sobre M Klein

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MELANIE 
KLEIN
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MELANIE 
KLEIN
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num texto de 1927 “tendências criminosas em crianças normais” M. Klein sugere que o imaginário sádico e idéias semelhantes às que levaram cometer crimes terríveis também estão presentes no bebê e nas crianças
 Klein busca expressar as representações mentais da vida pré-verbal; para ela, a fantasia inconsciente surge como parte de um processo natural de transformação de necessidades instintivas em fatos psíquicos 
ela busca acompanhar na clinica e na teoria como o psiquismo e a personalidade se formam e se transformam, e procura identificar os mecanismos responsáveis pelo desenvolvimento sadio ou patológico 
a dimensão histórica está intimamente ligada a dimensão dinâmica do desenvolvimento, marcado pela violência dos processos, a força da libido, a agressividade e a destrutividade e a presença de um superego arcaico
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Freud espantou-nos com a descoberta da sexualidade infantil, mas Klein introduziu um horror ainda maior ao descrever as fantasias sádicas do corpo despedaçado; as imagens do infantil nos coloca em contato com a onipotência, a raiva, o desespero, o desamparo, o abandono, e o combate com os fantasmas bons e maus, com os objetos introjetados ou projetados
 Klein, convida a deixar de lado nossos preconceitos estéticos e a necessidade de uma bela teoria, e nos chama a fazer um movimento de rebaixamento, de degradação do que é abstrato para o plano material e corporal
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	“rebaixar consiste em aproximar da terra, entrar em comunhão com a terra em um movimento concebido com um princípio de absorção e, ao mesmo tempo, de nascimento: quando se degrada, amortalha-se e semeia-se simultaneamente: mata-se e dá-se a vida em seguida, mais e melhor. Degradar significa entrar em comunhão com a vida da parte inferior do corpo, a do ventre e dos órgãos genitais, e portanto com atos como o coito, a concepção, a gravidez, o parto, a absorção de alimentos e a satisfação das necessidades naturais. A degradação cava o tumulo corporal para dar lugar a um novo nascimento. E por isto não tem somente um valor destrutivo, negativo, mas também positivo, regenerador: é ambivalente, ao mesmo tempo negação e afirmação. Precipita-se não apenas para o baixo, para o nada, a destruição absoluta, mas também para o baixo produtivo no qual se realizam a concepção e o renascimento e onde tudo cresce profusamente. O realismo grotesco não conhece outro baixo: o baixo é a terra que “dá vida”, e o seio corporal: o baixo é sempre o começo”
 
	 ( M. Bahktin. A cultura popular na Idade Média e no Renascimento-o contexto de Françoise Rabelais. Brasília: Universidade de Brasília, 1987)
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posições
esquizo- paranoide
(0 a 3 ou 4 meses)
Depressiva
(2ª metade do 1º ano) 
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o termo posição é diferente ao de “estádio” ou “fase”, pois implica a noção de uma configuração específica de relações de objeto, ansiedades e defesas, que persistem durante toda a vida
assim, a posição depressiva nunca supera completamente a posição esquizo-paranoide, a integração nunca é alcançada completamente, porque uma defesa, por exemplo, contra o conflito depressivo provoca uma regressão aos fenômenos esquizo-paranóides, de modo que o individuo pode estar sempre oscilando entre as duas posições
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fantasia inconsciente
a fantasia pode ser considerada como o representante psíquico ou o correlato mental , a expressão mental dos instintos
Strachey diz; “Um instinto jamais pode tornar-se um objeto da consciência, somente a idéia que representa o instinto é que pode”
 
para Susan Isaacs, essas “idéias” que representam os instintos seriam as fantasias primitivas originais; a ação de um instinto, neste sentido, é expressa e representada na vida mental pela fantasia da satisfação desse instinto por um objeto apropriado
 
visto que os instintos agem a partir do nascimento, pode-se dizer que alguma grosseira vida de fantasia existe a partir do nascimento. A primeira “sensação de fome” e o esforço instintual para satisfazer essa fome são acompanhados pela fantasia de um objeto capaz de satisfazê-la 
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fantasia inconsciente
como essas fantasias derivam diretamente de instintos na fronteira entre o somático e a atividade psíquica, essas fantasias originais são experimentadas tanto como somáticas quanto como fenômenos mentais
 
o bebê se rege pelo principio do prazer-desprazer e, em relação a este principio, as fantasias são onipotentes, não existindo diferença entre fantasia e experiência de realidade
os objetos fantasiados e a satisfação deles derivada são experimentados como acontecimentos físicos
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Exemplo: 
 um bebê ao adormecer, fazendo barulhos de sucção e movimentos com a boca 	ou chupando os dedos, fantasia que realmente está sugando ou incorporando o seio que dá leite
da mesma forma , um bebê faminto e furioso, gritando e esperneando, fantasia que está realmente atacando o seio, rasgando-o e destruindo-o, e experimenta seus próprios gritos que o rasgam e o machucam como se o seio rasgado o estivesse atacando dentro dele próprio
por-tanto, não só experimenta uma necessidade, mas também pode sentir o sofrimento da dor e seus próprios gritos como 	um ataque persecutório ao seu interior
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a formação da fantasia é uma função do ego
a formação da fantasia por meio do ego supõe um ego com um certo grau de organização
supõe que desde o nascimento o ego é capaz de formar relações de objeto na fantasia e na realidade
a partir do nascimento o bebê tem que lidar com o impacto da realidade, começando com o impacto (“trauma”) do nascimento, passando por inumeráveis experiências de frustração e satisfação de seus desejos
a fantasia não é simplesmente uma fuga da realidade, mas um constante e inevitável acompanhamento de experiências reais, com as quais está em permanente interação
fantasia
inconsciente
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um bebê faminto e irritado , ao lhe ser oferecido o seio, em vez de aceita-lo, 	afasta-se dele e não quer mamar
nesse caso, o bebê pode ter tido a fantasia de ter 	atacado e destruído o seio, e sente que ele se tornou mau e que o está atacando 
	
portanto, o seio verdadeiro, quando volta a alimentar o bebê, não é sentido como um bom 	seio que alimenta, mas é deformado por essas fantasias em um perseguidor 	terrificante
exemplo 
de fantasia 
que influencia 
a realidade
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as fantasias terrificantes podem ser observadas no brincar e na fala das crianças; também podem persistir no inconsciente tanto em crianças quanto em adultos, dando origem a dificuldades na alimentação 
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Exemplo: 
o bebê que começa a sentir fome e que vence essa fome por uma alucinação onipotente de ter um seio bom que alimenta: sua situação será totalmente diferente se for alimentado logo, ou permanecendo longos períodos com fome 
se a fantasia influencia e altera a percepção e a interpretação da realidade, o contrário também é verdade: a realidade também exerce seu impacto sobre a fantasia inconsciente:
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se a frustração é intensa, ou se o bebê tem pouca capacidade para manter sua fantasia, a descarga motora ocorre, geralmente acompanhada pela desintegração do ego imaturo.
quando o seio é oferecido pela mãe ele será fundido com o seio fantasiado, e o sentimento do bebê será que sua própria bondade e a do objeto bom são fortes e duráveis
no caso do bebê dominado pela fome e a raiva, em sua fantasia a experiência de um objeto mau e perseguidor se tornará mais forte, assim, sua raiva será mais poderosa que o amor, e o objeto mau mais forte que o bom 
a fantasia também pode servir de defesa não só contra a realidade externa, mas também como defesa contra a realidade interna, contra a realidade de sua própria fome e raiva
o bebê, por meio da fantasia , pode sustentar seu desejo por algum tempo, até que a satisfação na realidade seja possível
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constituem fases do desenvolvimento 
podem ser consideradas como sub-divisões do estádio oral, sendo os primeiros 3 a
4 meses de vida ocupados pela posição esquizo-paranoide, e a segunda metade do 1º ano pela posição depressiva 
 posição esquizo-paranoide e depressiva
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na posição esquizo-paranoide 
a criança não toma conhecimento das “pessoas”, mantendo relacionamentos com objetos parciais, e pela prevalência dos processos de divisão (splitting) e a ansiedade paranóide
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posição 
esquizo-paranoide
nesta posição predomina a pulsão de morte 
impera a “lei da selva”: “pega, mata e come”
há o predomínio do objeto parcial, há um modo de relacionar-se chamado de “relação de objeto parcial” 
Klein, fala das tendências orais e sádico-anais como ligadas ao desejo de roubar e destruir a mãe, ao passo que , quando as identificações se dão na posição genital (posição depressiva) predomina o carácter simbólico, o desejo de cuidar e proteger o objeto amado (a mãe)
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desde a “posição oral”, a criança estabelece dentro de si a imago devoradora, decorrente de seu próprio desejo de incorporação, voltado contra si mesma 
esse movimento pulsional que retorna contra si mesmo, que mencionamos acima, constitui a “primeira camada identificatória do superego” , de modo que em relação ao “superego precoce” podemos dizer:
 - uma primeira dimensão do superego deriva da experiência de devorar-ser devorado” 
 - outras camadas se originam dos traços sádico-anais, uretrais e fálicos: 	risco de ser paralisado, controlado, queimado ou penetrado 
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o ego forma um mundo interno de figuras internalizadas, as quais, pelos processos de projeção e de introjeção, interagem com os objetos reais
a criança projeta sua agressividade sobre as figuras parentais e a característica aterradora do superego decorre de tal projeção 
posição 
esquizo-paranoide
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a projeção é um mecanismo usado para expressar os afetos da criança em todas as formas de interação com o ambiente
a criança distribui ódio e amor sobre o ambiente e as pessoas e logo introjeta esses afetos projetados
e por isso que o superego se constrói por intromissão dos objetos edipianos impregnados do sadismo infantil, ou seja, pela intromissão dos objetos sobre os quais os afetos tinham sido projetados 
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como resultado do sadismo para com seus objetos, o ego sofre de ansiedade paranóica 
trata-se de um medo originado pela projeção do ódio, logo o bebê passa a ter medo da perseguição das partes excluídas ou maltratadas, que agora o ameaçam 
posição 
esquizo-paranoide
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o ego sofre de ansiedade psicótica
terá que ir transformando as ansiedades psicóticas em neuróticas
 e o superego arcaico em um superego capaz de experimentar e suportar o sentimento de culpa, tendo a capacidade de levar o outro em consideração, a medida em que o desenvolvimento se dá 
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na fase “pré-genital”, isto é até os 6 meses de idade (fase esquizo paranoide) a criança não pode reconhecer os objetos como autônomos, separados e com desejo próprio dessa maneira esses objetos são vistos somente como algo a ser consumido, devorado, destruído, controlado e submetido ( ) 
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a inibição intelectual e a falta de curiosidade deve-se a que o sadismo e a pulsão de domínio não foram suficientemente tolerados e, por tanto, ao ser “reprimidos” e “recalcados” prematuramente, não puderam transformar-se, por meio da sublimação, em pulsão de saber 
posição esquizo-paranoide
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Dick
“ele praticamente não apresentava nenhum sinal de adaptação à realidade, nem de ter estabelecido relações emocionais com o seu ambiente. Esse menino, Dick, não demonstrava muitos afetos e era indiferente à presença ou ausência da mãe ou da babá. Desde o início, ele raramente exibia algum tipo de ansiedade e quando isso ocorria, era numa quantidade excepcionalmente baixa. Não possuía quase nenhum interesse (...), também não brincava e não tinha e repetia constantemente determinados ruídos. Quando falava, geralmente empregava nenhum contato com o seu ambiente. Na maior parte do tempo, limitava-se a juntar alguns sons de forma desconcatenada o seu paupérrimo vocabulário de forma incorreta. Não tratava apenas de uma incapacidade de se fazer entender: na verdade não tinha a menor vontade de fazer isso” 
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posição depressiva
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o começo da posição depressiva é marcado pelo reconhecimento da mãe como uma pessoa total; caracteriza-se pelo reconhecimento da mãe como objeto total e pela prevalência da integração, ambivalência, ansiedade depressiva e a culpa
posição depressiva
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surge nos primeiros seis meses de vida 
nesta posição, o ego é mais complexo, o bebê passa a ter medo de perder o objeto amado bom e, além das ansiedades persecutórias (paranóicas), começa a sentir culpa pela sua agressividade contra o objeto, assume uma nova posição é dizer, uma nova colocação perante o objeto
posição depressiva
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a reparação é um mecanismo de defesa próprio desta posição, pois visa devolver ao objeto a sua integridade ferida 
a reparação
aparece na análise de crianças, sob a forma de desenhos, do desejo de consertar brinquedos quebrados e a expressão clara de querer o bem-estar e à saúde das pessoas que amam 
posição depressiva
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predominam as defesas maníacas
as defesas maníacas expressam o desejo de anular todos os ataques sádicos realizados na posição esquizo- paranóide e devolver a vida e a integridade a todos os objetos atacados 
posição depressiva
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o ego se identifica com o objeto
as defesas maníacas vem a ser a anulação mágica dos ataques sádicos, são uma forma de se livrar da culpa e do medo de aniquilamento 
a defesa maníaca têm a onipotência para desfazer a morte, curando o sujeito de todos os ferimentos 
posição depressiva
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há na defesa maníaca sempre a tentativa de negar e anular o desespero e a culpa que vem do sentimento de ter destruído as coisas valiosas e necessárias para a própria sobrevivência e integridade do individuo
a defesa maníaca livra o sujeito dos ataques vindos de fora, provenientes dos objetos amados danificados pelos seus próprios ataques sádicos, predominantemente na posição paranóide 
posição depressiva
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posição depressiva
a angústia paranóide não desaparece totalmente, porém, encontra-se contrabalançada por sentimentos amorosos e pelo desejo de preservar o objeto vivo 
há ambivalência, mistura de amor e ódio 
como o bebe passa a ver o objeto como uma pessoa começa a sentir angustia depressiva, isto nada mais é que o medo de ter feito danos ao objeto amado e do qual o bebê depende, é o medo de que o objeto morra e desapareça 
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posição depressiva
o “valor de prazer” de certas partes do corpo da criança confere a elas um “significado simbólico-sexual”, o mesmo ocorre com o corpo materno, o que permite a ocorrência de uma equivalência simbólica 
a equivalência simbólica, baseada no prazer, já constitui um trabalho de construção de um mundo interno 
a construção de um mundo interno baseado no prazer-desprazer , cria os objetos internos “seio bom” e “seio mau” , constituintes do ego 
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posição depressiva
nesta posição se estabelece a “lei da cultura e do social” 
coincide com o reconhecimento do objeto total, das “tendências genitais”, é dizer, a presença de outro sujeito que passa a se constituir como pólo de subjetividade, diferente da criança
há um predomínio da pulsão de vida e um primeiro reconhecimento do objeto materno, o que marca o inicio do Complexo de Édipo 
o Complexo de Édipo se insinua por volta dos 6 messes de idade 
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posição depressiva
para entender o complexo de Édipo, temos que pensá-lo como uma estrutura de lugares cambiantes e uma dinâmica de inclusão-exclusão, presença-ausência 
entre os 6 e 9 meses a criança torna-se capaz de reconhecer a mãe e a aparição de um estranho em lugar dela, é suficiente para despertar angústia, relacionada “ao perigo de perda de objeto” 
neste sentido, Klein refere-se a uma situação triangular precoce 
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posição depressiva
os personagens do drama edípico precoce são: a mãe, a criança, e o estranho
a criança , seu ego começa a constituir-se de forma mais nítida porque pode perceber a mãe como objeto total
a mãe, que começa a ser reconhecida como alguém diferente
o estranho, cuja existência é dolorosamente descoberta justamente porque vem assinalar a ausência da mãe
 
 o estranho revela para a criança a objetividade da mãe, assim, quando ela se furta, porque se move por conta própria e não mais como continuação do corpo infantil, é que passa a ser desejada. Assim se instala a angústia da perda e a triangulação edípica
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 o édipo precoce é essa triangulação 
posição depressiva
criança-mãe-ausência
ausência 
criança
mãe
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posição depressiva
a medida em que continua o processo de integração, iniciado nesta posição depressiva, a ansiedade diminui, e a reparação, a sublimação e a criatividade tendem a substituir os mecanismos de defesa, tanto psicóticos quanto neuróticos 
o modo como as relações de objeto são integradas nesta posição depressiva permanece a base da estrutura da personalidade 
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posição depressiva
para M. Klein, a neurose infantil constitui uma defesa contra as ansiedades paranóides e depressivas subjacentes, bem como uma maneira de elabora-las 
a psicose maníaco-depressiva é um dos resultados patológicos mais graves da má travessia pela posição depressiva

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